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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

GRADUAÇÃO EM LETRAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS VERNÁCULAS
LINGUÍSTICA: FORMALISMO
PROF. YVANOWIK DANTAS VALÉRIO

Beividas, Waldir. A teoria da linguagem de Hjelmslev: uma epistemologia imanente


do conhecimento. Estudos Semióticos. [on-line] Disponível em:
http://revistas.usp.br/esse i. Editores Responsáveis: Ivã Carlos Lopes e José
Américo Bezerra Saraiva. Volume 11, Número 1, São Paulo, Julho de 2015, p. 1–10.
Acesso em: 18 jun. 2022.

Resenhado por Maria Clara Lima Mota.

Waldir Beividas, docente do Departamento de Linguística da Universidade de


São Paulo, em seu artigo “A teoria da linguagem de Hjelmslev: uma epistemologia
imanente do conhecimento” busca apresentar algumas das teses propostas por
Louis Hjelmslev, notável linguista dinamarquês, acerca da linguagem e a sua
aptidão para a compreensão do mundo, assim como, discutir as concepções
hjelmslevianas sobre a propriedade da imanência e sobre a língua natural. Além
disso, o autor pretende expor as contribuições de Hjelmslev para a construção de
uma teoria com metodologia descritiva das línguas naturais, conduzida de maneira
imanente à própria língua.
Inicialmente, o autor revela que o artigo foi elaborado como uma
“homenagem de reparação” a Louis Hjelmslev, em razão do desconhecimento e,
muitas vezes, indiferença quanto aos ensinamentos do mestre por parte de
linguistas do mundo inteiro. Beividas, no entanto, reconhece que seria utópico
concluir que o Résumé (1975[1943]), obra prima de Hjelmslev, com suas incontáveis
definições e regras, seria amplamente difundido entre as diversas classes de
linguística. Apesar disso, o autor insiste que o linguista dinamarquês foi elementar
para os avanços linguísticos, pois, através de sua obra, possibilitou a estruturação
de uma teoria, de caráter plenamente imanente, que usasse de uma metodologia
descritiva da língua natural.
Em seguida, é apresentada, de maneira densa e detalhada, uma
conceituação da noção de imanência, que segundo o autor, sempre estaria
destinada a ser um ponto de divergência entre a semiótica e outras teorias textuais,
e até mesmo sofrendo julgamentos dentro do próprio campo semiótico que, por
muitas vezes, considerou Hjelmslev a representação de um formalismo exagerado e
alheio às reivindicações da substância. Para Beividas, o conceito de imanência é
um “objeto anamórfico”, ou seja, a imanência se apresentaria clara e coerente
quando analisada através de seu ponto de vista específico, no entanto, quando
observada por outro ponto de vista, como o do realismo ingênuo ou o realismo das
ciências naturalistas, tal conceito se manifestaria deformado e dispensável.
Outrossim, destaca-se o empenho de Hjelmslev para subverter o método de
análise usado pelos linguistas de sua época, que estudava a língua a partir de
pontos de vista exteriores à própria língua, e o seu compromisso com um método
que fosse inerente à língua ou, como foi cunhada pelo mesmo, uma “linguística
linguística, ou linguística imanente” (1971b: 30). Nesse sentido, o linguista qualifica
as investigações da linguagem pelo exterior como uma “atitude transcendental”,
desse modo, a imanência se opõe à transcendência.
Portanto, Beividas conclui, engenhosamente, que se pode condensar dos
ensinamentos hjelmslevianos dos Prolegômenos uma reflexão, que possui o
compromisso de tentar conceitualizar a “unidade superior”, como denominou
Hjelmslev, essa unidade seria responsável por reger as propriedades da imanência
e da transcendência no desempenho geral e final do conhecimento humano em sua
universalidade. Ademais, o autor finaliza o texto propondo a postulação de um
semiotismo global imanente, que o mesmo batizou de “epistemologia imanente”, o
qual a teoria semiótica teria de defender diante das demais epistemologias que se
situam no âmbito do saber humano.

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