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A Forma de Renly

Sumario

00 – Prólogo
01 - O Homem que chegou
06 – O corpo que caiu
11 - A menina que afundou
16 - O Rapaz que o vi
21 - O tempo que morreu
Prologo
O círculo está fechado...
Alex abriu lentamente os olhos, com uma sensação de desconforto,
como se toda a angustia se acumulasse no seu estomago, ele tentou se
levantar da onde está, pois desnorteado, não se lembrava ao ser onde era tal
lugar cavernoso, quando um barulho, como de sapo que se arrastava pelo
chão, ele ouviu em sua direção, cada vez mais perto, varando o inexplicável, as
paredes de pedra, que pareciam o esmagar lentamente, e o som a cada vez se
tornava mais e mais insuportável, como uma marcha lenta que anunciava a sua
morte, Alex fechou seus olhos, e se encolheu ao fundo da cela. O som parou,
dedos, ou ao menos algo que pareciam dedos eram arrastados pelas grades
da cela, como que tomado por um horror ancestral, Alex abriu os seus olhos,
tomando de encontro os vários olhos da criatura, que parecia um ser saído da
mente mais nefasta que em outrora passou pela Terra, Alex congelou,
enquanto sentia a sua bile voltar pela garganta, a criatura então pus suas mãos
deformadas e asquerosas sobre as grades, empurrando fortemente, enquanto
sussurrava algo que Alex não entendia bem, a criatura se jogou ao chão,
agoniando de dor, enquanto urrava como um boi que saiba que iria para o
abatedouro
Hadga’sai asgoz foh...
A coisa dizia, enquanto, Alex a observava, ele se levantou fitando os olhos de
Alex, seus olhos negros que mais pareciam dois poços a muito esquecidos, a
qual um fazendeiro abandona pois já não há mais agua, Alex fechou os seus
olhos, fugindo do olhar da criatura, mas já não havia mais o que podia ser feito,
a criatura, novamente voltou a empurrar as grades da cela, com tamanha força
animalesca a qual nenhum outro ser humano, havia presenciado jamais,
enquanto as grades pouco a pouco, iam se desgrudando das grandes pedras
da qual a cela era feita, Alex abaixou os olhos, como um cão vagabundo
esperando a morte, então as grades se romperam, e a coisa entrou com o seu
corpo, que mais parecia um amontoado de carne podre viva, que andava, a
coisa abriu sua boca, ao menos Alex achava que aquela era sua boca, e
chegou perto de Alex, quando com um voz grotesca e desforme, como um
touro tentando balbuciar algo, disse:
O círculo, está fechado...
Alex sentiu o gosto do sangue em sua boca, um gosto metálico, que jamais
havia sentindo, em sua barriga, a criatura havia enterrado as suas mãos,
fazendo as vísceras escorressem por seu colo, o chamado da morte, era certo,
pensou Alex, ao ver o seu próprio interior, espalhado pelo chão, então ele
fechou os seus olhos, esperando pelo seu próprio destino, então ele ouviu um
coral a cantar como que celebrando a sua morte, então o nada, o vazio de
todas as coisas, como se o tempo não existisse e não houvesse nada senão
uma vaga lembrança de o quem era, e o que pretendia, Alex sentiu então um
calor, por todo o seu corpo, um Ser colossal, que tomada a forma de uma
mulher feita de luz apareceu em sua frente, e ao apontar o dedo para Alex tudo
parou imediatamente.

O Homem que chegou


Alex abriu violentamente os seus olhos, gotas de suor escoriam de sua
testa, ainda nauseado, ele sentiu a brisa salgada do mar juntamente com o
cheiro de madeira podre que vinha de todas as partes, ele abaixou a cabeça
tentando raciocinar o que houvera acontecido, Alex se levantou da cama,
tentando se equilibrar pois estava em movimento, as ondas do mar estavam
agitadas, ele rapidamente se vestiu e pegou a sua mala, ele girou a maçaneta,
e abriu a porta que levava para um corredor estreito, então Alex andou até o
convés da embarcação, e ao chegar, viu que o horizonte fora tomado por uma
nevoa espessa que impedia a vista da cidade, o único sinal que tinha era a luz
do farol da cidade, que mesmo ofuscado, brilhava em amarelo brilhante.
Então Alex foi em direção a extrema ponta do navio, ele por um estante parou
e relaxou os ombros, buscando em um dos bolsos do palito um pedaço de
papel, era uma carta ainda selada que não houvera coragem que abrir, mas
conhecia bem a caligrafia a qual havia presente no verso, lá está escrito;
- Cidade de Renly, vem assim que puder, Saint Clair, J.D.
Alex começou a suar frio, enquanto arrumava o chapéu, se preparando para
abriu a carta, um terror tomou conta de seu corpo, como se a nevoa se
tornasse mais densa e o engolisse à medida que rasgava o envelope, seus
olhos foram de encontro a carta, que parecia ter sido escrita as pressas, pois
Alex conhecia seu pai, ele não enviaria um carta tão desleixada a alguém, ele
era um professor renomado, P.H. em historia pela Universidade de Bristol, mas
mesmo assim algo não parecia encaixar, Alex passou a mão sobre o papel,
tentando sentir a mesma coisa que seu pai houvera sentido quando escreveu.
Na carta havia manchas d’agua, que pensou ser lagrimas ou suor, então Alex
começou a ler
“Caro Alex, meu primogênito, não sei como você está ou sequer se está vivo, e
mesmo que essa carta acabe perdida em algum lugar que sequer consigo
imaginar, preciso verdadeiramente escreve-la, mesmo que para mim mesmo,
meu foi um homem mal, mas quero me redimir a você, me perdoe, eu sei que
eu nunca fui um pai para você e para a sua irmã, enquanto sua mãe cuidava de
vocês eu me debruçava sobre volumes de doutrinas há muito esquecidas,
passando os meus dias perdido na minha biblioteca, e caso tu não poderes me
perdoar, entenderia. Porém, agora eu preciso da sua presença na Cidade de
Renly, os dias estão cada vez mais sombrios,
com essa nevoa infernal que tomou a cidade, e temo estar sendo observado,
eu sinto isso, a cada passo, eu os vejo, e receio não ter mais tempo, a quase
um ano viajei a essa cidade maldita, uma cidade que não estava nos mapas
mais recentes, talvez por seu difícil acesso, a intenção dessa estadia
prolongada é a busca de novas informações para a minha pesquisa, e eu
encontrei informações. A algum tempo, eu desci a uma caverna submersa,
abaixo da cidade, eu havia sonhado, uma ou duas vezes, com tal lugar então
ao decidir descer a caverna, e ao fazer muito me maravilhei com o que
encontrei e desde então bem melhor que eu te conte pessoalmente.”

Alex parou de ler, ele congelou, olhando para frente e tendo um deslumbre da
Nevoa que cobria Renly se dissipando levemente, a cidade era ancestral,
gótica e sublime, com torres altas e casas antigas, que lhe recordava à
arquitetura inglesa, não demorou mais para o barco chegar ao porto, enquanto
desvanecia ouviu alguém há gritar;
-Chegamos ao porto!
Então Alex voltou a lucidez, apertando com firme os olhos com as mãos para
ter certeza que não estivera sonhando, mas não... A sua frente estava a cidade
que possuía uma paleta cinzenta quase que monocromática, a qual uma nevoa
tomava conta, desceu Alex do Navio, que ao zarpar, pareceu desaparecer em
meio a nevoa. Alex começou a caminhar pelas ruas desérticas da cidade, já
era noite tenho só a iluminação dos poucos postes e a grande lua que brilhava
no céu, de relance Alex ainda olhava as janelas das casas, vez ou outra ainda
via as pessoas á observa-lo, chegando a praça central da cidade, nada
encontrou, nem mesmo alma viva, como a noite houvera tragado aqueles que
ali habitavam.
Então novamente puxou do bolso do palito a carta de seu pai, olhando de
onde viera tal carta, viu que havia um endereço, porém rapidamente Alex ouviu
o som de algo ou alguém passar, a coisa deu passos largos, e o som soava
com que pés descalços batendo do chão, então se colocando em alerta, Alex
começou a andar, ainda que sem rumo, mas a coisa o seguia, mesmo ele não
vendo a sua forma, pois a nevoa o encobria, Alex apertou o passo, tentando se
afastar da coisa mas de nada adiantou, então ele viu, uma placa onde dizia
- Hospedaria
Então violentamente ele se colocou a bater na porta, mas de nada adiantou,
ninguém veio a sua ajuda, ele rodou a maçaneta, mas a porta estava trancada,
então ele olhou para traz... Nada, apenas nevoa, e mesmo com o seu corpo
tomado por medo e ansiedade, juntou coragem do fundo se sua alma e disse;
- Vem, seja lá o que for, eu estou aqui, eu não fugirei.
Houve por um estante, um silencio ensurdecedor, a passagem nem mesmo
mexeu como e a nevoa tivesse parado no ar, então duas pisadas fortes no
chão, mas eram diferentes das primeiras, essa era robusta e grudenta, Alex
deu um passo para trás batendo as costas na porta, do centro da nevoa, algo
tomou a forma de algum repulsivo peixe, que se movia como homem, com a
aparência de semivivo, encarou Alex e nada fez, apenas ficando ali parado,
inerte, como se respirasse com dor, o cheiro putrefato de peixe começou a
tomar a rua, e a coisa saiu em direção ao porto.
A cabeça de Alex estava doendo e confuso foi para o meio da rua, onde caiu
de joelhos, seu corpo inteiro estava queimando e uma sensação pulsante
tomou conta do corpo de Alex, a sua visão parou e seu corpo parou de
responder, ele caiu ao chão convulsionando fortemente, coisa que apenas
tivera feito quando garoto, então Alex desmaiou, sozinho naquela rua.
Alex abriu os olhos, com uma faixa de luz adentrando o seu quarto,
refletindo em seus olhos, ele se sentou na cama, tentando lembrar o que tivera
feito no dia passado, mas não o lembrava, então ele tentou se levantar mas
suas pernas estavam bambas e ele se desequilibrou e caiu. Alex era
demasiadamente magra, com pernas e braços que pareciam galhos finos, e
com o cabelo sempre cortado, ele se levantou então e vestiu um macacão azul
e foi escovar os dentes, e pentear o cabelo no banheiro de seu quarto, ele
então voltou para o quarto e então buscou a porta de mogno de seu quarto e
abrindo foi correndo pelos longos corredores de sua casa, a casa era antiga e
bem construída, pelo que sabia Alex, a casa havia sido passada como herança
por seu avô materno. Então chegou Alex a cozinha de sua casa, lá está sua
mãe e sua irmã;
- Acordado tão cedo?
Perguntou a sua mãe
- Eu não consegui dormir
- Pois pegue um prato e sente com a sua irmã, eu já estou terminando o café
da manhã
Alex, puxou uma cadeira e sentou ao lado de sua irmã, ele a olhou com os
olhos ainda sonolentos, e ela retribuiu o olhar com um sorriso, sua irmã era
pequena e tímida, com cabelos loiros e ar europeu, sempre falando com seus
amigos imaginários e sorrindo um sorriso sem alguns dentes para Alex e sua
mãe, pois ela não saia de casa, a verdade é que ela tinha um grande
transtorno de ansiedade, que a impossibilitava de sair das dependências da
nossa casa, então acabará se tornando o seu melhor e único amigo.
Sua mãe então colocou sobre a mesa, bacon e ovos, frutas, e Alex se pois a
comer, mas a comida estava diferente das outras manhãs quase não se não
tivesse gosto mas Alex deu de ombros talvez fosse algo da sua cabeça,
terminando de comer já ia saindo da mesa, quando sentiu uma mão puxando a
alça de seu macacão, Alex parou bruscamente olhando para trás, era a mão de
sua irmã o segurando, ela disse com uma voz tímida e intimista;
- Vamos brincar lá fora
O seu rosto ficou corado e ela soltou o macacão, Alex então sorriu e deu a Liz
- Vamos
Então ela segurou a mão de Alex.
Alex junto de Liz, seguiram até a porta da casa, Liz está sorridente, enquanto
segurava a empolgação, Alex não costumava sair para fora de casa, sempre
trancado no seu quarto, lendo sobre casas e estruturas antigas, coisa que
possivelmente havia puxado de seu pai, mas hoje era diferente, então ele
decidiu variar um pouco a sua rotina;
- Vamos ao Salgueiro
Disse Alex para Liz
- Vamos!
Gritou Liz com empolgação, mas logo tampou a boca, pois o grito não tinha
sido intencional, então Alex riu, e Liz o vendo riu também, e eles continuaram a
andar, agora em direção ao Salgueiro. O Salgueiro foi por muito tempo a
relíquia da casa Sinclair, mas agora estava em decadência, porém ainda
mantinha a glória dos antigos tempos e a memória dos Primeiros.
Alex abriu a porta, vendo a luz do sol ofuscada pelas grandes nuvens no céu,
ele foi de encontro ao salgueiro, e lá estava, uma árvore centenária e milenar,
Liz, correu em direção a árvore, enquanto Alex mantinha seu passo calmo, Liz
rodopiava debaixo na grande árvore então ela parou, e foi em direção a seu
irmão, ela o abraçou, Alex ficou confuso mas aceitou o abraço, passando a
mão dos loiros cabelos de Liz, então ele sentou junto a árvore, e Liz deitou em
seu colo.
- Liz, você nunca imaginou o que existem além de nossa casa
- Eu imagino todos os dias, irmão
- Então porque não vamos embora
- Nós não podemos abandonar os nossos pais, o papai disse...
- O nosso pai não vai voltar mais, eu sei disso
Houve um silêncio no local, aonde só podia ser escutado o vento que soprava,
um semblante triste tomou o rosto de Liz enquanto ela tentava segurar o choro,
Alex manteve sua postura firme, ele não amava o seu pai, e de seu rosto que
era na maioria era inexpressivo, então o súbito silêncio foi interrompido;
- O mundo é grande demais para nós ficarmos aqui, como animais em uma
jaula, nossos somos os últimos de nosso nome, eu não vou ficar aqui parado
enquanto idiotas tomando o que é meu, eu quero estudar, eu quero viver mas
aqui, eu estou impossibilitado de fazer isso, venha comigo Irmã, vamos ser
felizes juntos, só nós dois.
Liz então enxugou as suas lágrimas e disse;
- Aonde você for eu vou também, você é meu irmão e vai me proteger.
Então os dois se levantaram e foram descendo para a margem do rio que
corria perto da casa, em meio a uma mata fechada
- Eu quero te mostrar uma coisa
Disse Alex para Liz, passando por galhos e folhas, ao meio daquele verde que
parecia não ter fim, havia um barco, os olhos de Liz brilhavam com o simples
barco branco com dois remos, um de cada lado, Alex então chegou mais perto
do Barco, e Liz o acompanhou, ele estendeu a sua mão para que ela pudesse
entrar no barco, e assim ela fez e então colocando o barco na água Alex
também entrou e começou a remar, mesmo com seus braços finos, e então
eles começaram a descer o sombrio rio, Liz olhava atenciosamente, a margem
do rio.
A medida que Liz e Alex, desciam o rio, mas fechada e sombria se
tornava a paisagem, com barulhos de animais vindo das margens do rio, então
perguntou Liz;
- Aonde, exatamente estamos indo?
- Para a nossa casa
Respondeu Alex
- Eu não sei se eu entendi
- Aquela não é a nossa verdade casa, a muito tempo, os nossos bisavôs
trocaram a nossa casa pela casa que nós moramos agora, e eu quero ver a
nossa verdade casa
Liz se encolheu no barco, assustada
- Como você sabe disso
- Uma vez eu subi no sótão da nossa casa e lá estava um diário detalhando a
casa, mas não dizia o porque deles se mudarem, e é isso que vamos descubrir

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