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Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Geografia, História e Documentação (IGHD)


História – Licenciatura
20211 - HID - Brasil: Debates e tendências historiográficas

Raphael Leão Ferreira

FICHAMENTO TEXTO II – A formação de uma consciência histórica


no Brasil (1838-1857).

Cuiabá
2021
Têm-se neste trabalho o fichamento do texto de número um apontado na
disciplina de Brasil: Debates e tendências historiográficas, sendo ele: A formação de
uma consciência histórica no Brasil (1838-1857), o qual está inserido na obra “História
da Historiografia Brasileira”.

Assunto (TEMA): A importância do IHGB na construção da primeira


historiografia brasileira durante o império.
Ficha nº 01
Referência Bibliográfica da obra:
FILHO, Ricardo Escosteguy. SALLES, João Carlos. A formação de uma
consciência histórica no Brasil (1838-1857). In. História da Historiografia
Brasileira. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2013. v. 01, p. 69-83.
Texto da Ficha:
Citação direta:
“Pimenta & Araújo consideram o contexto aberto a partir de 1831, com a
abdicação do primeiro imperador, como aquele da “nação como
metanarrativa historiográfica”. Essa “nova ordem”, segundo os autores,
“trazia a necessidade de construção de uma história nacional” (PIMENTA;
ARAÚJO, 2009, p.133). [...] Nas décadas de 1830 e 1840, contudo, ela ganha
mais consistência e encontra sua realização em dois acontecimentos: o
movimento literário em torno da fundação da revista Nitheroy e a fundação
do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), ambos na segunda
metade da década de 1830.”. p. 69.

“A década em que foi fundado o IHGB foi também aquela em que o Império
esteve mais perto de uma fragmentação. Mas foi também a década em que
começou a se desenhar a fórmula política e social que dirimiria os confrontos
e encaminharia à estabilização do país, com o regresso conservador.”. p. 71.

“A abertura da Regência foi também um momento de disputas entre


diferentes concepções de Império, que acabaram aumentando a tonalidade
daqueles conflitos, iniciados no Primeiro Reinado. Essas brigas eram entre
aqueles que consideravam necessário “espalhar” o poder pelo território
brasileiro, valorizando o federalismo e a participação dos cidadãos na vida
pública, e aqueles que mantinham os sonhos de uma monarquia centralizada,
poderosa, capaz de subjugar os poderes locais e única forma de integrar o
Brasil no conjunto de civilizações. Entre esses dois polos, outros projetos
mais ou menos radicais surgiam. A disputa entre essas duas grandes
concepções de Império marcará a fundação do IHGB.”. p.71.

“Para tanto, a criação do IHGB relaciona-se a um conjunto de propostas (as


quais incluíam, ainda, a fundação do Colégio Pedro II e a do Arquivo Público,
por exemplo) em busca de instituições que servissem, simultaneamente, à
tarefa de consolidar uma tradição histórica no Império e a formar um
consenso ao redor do projeto de Império que era elaborado nas fileiras
regressistas”. p. 72.

“Nesse sentido, o IHGB, criado em 1838, seria concebido como “o guardião


dos documentos necessários para a história e a geografia nacionais”. Sua
tarefa seria “difundir o conhecimento do país e, assim, contribuir para precisar
a sua identidade” (NEVES & MACHADO, 1999, p. 261). Uma identidade
nacional fundamentalmente monárquica.”. p. 72.

“O IHGB tornava-se centro articulador da memória histórica nacional. E as


concepções de História e de historiografia que ali dentro eram defendidas
acabaram tornando-se referência para os estudos históricos brasileiros nas
décadas seguintes. As principais obras historiográficas da segunda metade
do século XIX sairiam ligadas ao IHGB e, também por isso, acabariam
consideradas como os “primeiros estudos históricos” sobre o Brasil.”. p. 75.

“Essa identidade, buscada a partir da produção histórica do IHGB, constrói-


se não em oposição à antiga metrópole, mas como tentativa de inserir o Brasil
na continuidade da matriz civilizatória europeia. [...] Externamente, a
associação entre Império, nação e civilização, fundamental no caso brasileiro,
apontará os adversários, aqueles que ameaçam com a barbárie e a
fragmentação: as repúblicas latino-americanas. Em suma, a proposta inicial
do IHGB consiste na defesa de uma determinada matriz civilizatória de base
europeia como suporte para a identidade nacional brasileira a ser
construída.”. p. 77-78.

“Após a década de 1840, sob a figura do imperador (que aparecia, graças ao


Poder Moderador, como árbitro das “paixões” e das “disputas partidárias”,
conforme se dizia à época), os saquaremas delinearam a forma institucional
do Império e tiveram, nesse processo, o auxílio da atuação do IHGB e de sua
defesa da ideologia senhorial-escravista.”. p. 79.

“O trabalho de Martius, intitulado Como se deve escrever a História do Brasil,


aponta alguns caminhos que o autor considerava adequados para uma
correta escrita da História nacional. Segundo Martius, “qualquer um que se
encarregar de escrever a História do Brasil, paiz que tanto promette, jamais
deverá perder de vista quaes os elementos que ahi concorrerão para o
desenvolvimento do homem” (MARTIUS, 1843, apud GUIMARÃES, 2010, p.
63). Os principais destes elementos, na obra de Martius, são as três raças
que convergiram de modo particular para a formação humana no Brasil: “a de
cor de cobre ou americana, a branca ou caucasiana, e em fim a preta ou
ethiopica” (idem, p. 64). Foi a mistura dessas “três raças” que fundou o tipo
brasileiro, caminho sem igual na história da humanidade.”. p. 80-81.

“Martius aponta que, nessa mistura, o branco foi o elemento fundamental. Foi
o elemento português que “deu as condições e garantias moraes e physicas
para um reino independente”, e por isso se apresentava o português como “o
mais poderoso e essencial motor” do desenvolvimento humano brasileiro.”.
p. 81.

“Em Martius, o tráfico e as relações portuguesas na África ganham destaque


para a compreensão da formação histórica do povo brasileiro. Lamenta
Martius a escassez de documentação a respeito dessas relações, tratadas
em parte maior pelos ingleses e sem grande amplitude, a seu ver. Este ainda
seria assunto a ser estudado pelas gerações futuras, aponta o autor, a fim de
se alcançar um entendimento maior acerca do Império. Eis as linhas gerais
sobre as quais se ergue o trabalho de Martius. No parecer que justifica a
escolha do trabalho do autor no concurso, a comissão encarregada da
escolha aponta que as questões ali levantadas “são da mais alta importância
philosophica, e da mais difficil solução” (IHGB, 1847, apud Guimarães, 2010,
p.107). Tratava-se, segundo o parecer, de uma obra “onde todas as
exigências da história se acham satisfeitas”.” p. 83.

Tipo de fichamento: Fichamento resumo e citação direta

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