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2 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO
A HISTÓRIA DE UM
CRISTÃO
DIVORCIADO
1ª EDIÇÃO
Sinopse
Durante anos da minha vida, e talvez os mais perversos, sempre
pensava comigo o quanto seria bom ter um amigo ou um
conhecido, ou talvez nem tudo isso, para ao menos compartilhar a
sua história comigo, saber que eu não era o único, que existiam mais
pessoas no mesmo barco que eu e que sofria o tanto o quanto eu e
que pudesse me dar uma mão, ou talvez apenas o ouvido para
entender minhas angustias e realidades que passei a ter após uma
série de erros que cometi (e cometeram) comigo e que me levaram
à um casamento fracassado desde o começo, mas que fiquei 20
anos por conta dos meus Orgulhos, Co-dependências e
Religiosidades
Um pastor aqui, um irmão na fé ali, um amigo e as vezes até irmão
de sangue, mas todos religiosamente RELIGIOSOS à uma doutrina
fadada, pesada e que penalizava a mim e dificultava meu progresso
como um ser humano (profissional, espiritual e sentimental)
Como eu descobri essa série de erros? Como eu me enxerguei no
fundo do poço? Como eu fiz o movimento de sair desse poço? Como
eu dei a volta por cima, após ter passado por cima de tantos
pensamentos, atitudes, religiosidades e anomalias de um ser
humano totalmente moldado pelo sistema religioso arcaico?
Te convido a entrar numa viagem, onde o trem passara por lugares
obscuros, selvagens, turbulentos e insanos, e as vezes tranquilo, e
você terá o privilégio de ir na janelinha desse trem. Abrirei meu
coração e partilharei minha experiencia. Serei o seu amigo, ou
colega, bom aquele cara que eu pensei em ter um dia quando não
havia ninguém comigo, mas que agora me disponho a te dar minha
mão
Índice
1. Prefácio – Dan Peter 7
2. Introdução 9
3. Como tudo começou – Infância e adolescência 14
4. Caminhando para um lugar bem longe de mim 24
5. Juntos, mas felizes? 29
6. É a luz da saída do túnel ou um trem que vem vindo? 39
7. Do fundo do poço ao inferno 49
8. Viva, sol nasceu e é amarelo (será mesmo?) 85
9. Sim, o Sol é amarelo! 93
10. Uma ferramenta indispensável no meu caminho 96
11. Inventário – O solo sagrado – Dia “D” 98
12. A Limerência 101
13. Orgulho positivo 105
14. Se perdoe 107
15. Última estação, troque de linha e comece uma nova
viagem (a sua) 111
16. Inspirações e indicações 114
17. Bônus: Dinâmica do seu livro que começa aqui 118
18. Teste do Eneagrama 120
2. Introdução
Antes que você pense que esse livro seja um conselho pra você
tomar uma atitude, seja de divorciar ou de continuar seu casamento,
já vou avisando que não é. Ou que você pense que estou tentando
convencer alguém de manipular ou colocar coisas em sua cabeça
para ir contra qualquer princípio, seja ele moral, espiritual, religioso.
Também não é
Esse livro traz um depoimento emocionante da minha trajetória de
vida, e em especial, a história do meu casamento, onde somente eu
e talvez poucas pessoas puderam pisar no solo sagrado da minha
vida, coração e intimidade, para ajudar, mas que no final, toda e
qualquer atitude e movimento tiveram que partir absolutamente de
mim
Poderiam vir “os dez mil anjos” dizendo o que era pra ser feito de
verdade, se eu não estivesse pronto e disposto a fazer, todo
conselho seria em vão
Então, não pense que esse livro vai te colocar numa situação
confortável. A intenção principal desse livro é compartilhar minha
história e a partir daí, causar em você leitor, uma reflexão sobre as
suas atitudes, o que o faz feliz ou infeliz. Te lembrar que todo o
sentimento que você possui, é por inteira responsabilidade sua, sim,
você é o único responsável por tudo que acontece em sua vida, e que
se você quiser, pode ou não mudar todas as situações, sejam pra
melhor ou pra pior, você sempre decidirá isso
Falar de relacionamento conjugal, é entrar em um terreno
absolutamente sagrado, íntimo e pessoal, onde cada um tem sua
experiencia pessoal consigo, com o outro e com o conjunto que
forma o casal, além de filhos, família e amigos, que de alguma forma
fazem parte, não do relacionamento íntimo, mas das relações
próximas e que de alguma forma acabam interferindo
Sou o filho mais novo de uma família de onze irmãos, uma família
grande e com culturas nordestinas. Sou da Cidade de Bela Cruz, um
município que faz parte do litoral do Estado do Ceará (Brasil), onde
até os 6 anos fiquei ali, num bairro muito pobre da periferia, onde
meus pais tinham um pequeno comercio e lutavam para o sustento
da família
As lembranças que tenho dessa época são poucas e me esforcei
muito para lembrar de fatos que ficaram quase apagados na minha
memória
Por conta da correria dos meus pais pela manutenção familiar, meu
contato com meu pai sempre foi um pouco mais distante nessa
época. Já com a minha mãe a relação era mais próxima e afetiva, e
como eu era o caçula, tinha os privilégios e olhares dela e minha
irmã Ester, que sempre foi uma grande irmã e amiga, cuidadosa e
atenciosa, em todos as épocas da minha vida. Talvez essa minha
irmã tenha sido mais cuidadosa do que minha própria mãe, me
dando atenção e sempre me olhando praticamente como um filho
dela (talvez porque ela nunca teve um filho). Ela teve e ainda tem
esse olhar por mim, além de ser uma característica dela, de se
expressar com atitudes e gestos de amor para todos que se
aproximam dela, seja por um dia ou por anos
Bom, acabo de me surpreender aqui, percebi o quanto escrevi de
minha irmã, e da minha mãe quase nada, isso não significa que ela
não me deu carinho. Minha mãe sempre foi muito presente em
minha vida, porém com o olhar responsável de ter que me levar a
igreja, ser um cristão obediente, cuidar da minha fé em Deus e
buscar ser uma pessoa fiel à Ele
Aos seis anos vim morar no Rio de Janeiro, pois meu pai juntamente
com a tropa toda, vieram buscar uma vida melhor e digna. Coisa que
aconteceu com muita luta e trabalho, pois chegando no Rio, meu pai
foi trabalhar como feirante nas feiras de bairros do Rio onde
envolveu meus irmãos nessa atividade
Eu adorava ir à feira ajudar aos fins de semana e também ir ao Ceasa
(lugar onde os feirantes compravam seus produtos para
revenderem nas feiras). Sempre gostei de ajudar meu pai e irmãos
nos afazeres da feira, pois me sentia útil e feliz em estar com eles
Numa dessas idas ao Ceasa, meu irmão Paulo me pediu para
esperar ele enquanto ia fazer alguma coisa, e ali fiquei, olhando o
movimento frenético dos carregadores, caminhões, gritarias dos
vendedores e pessoas correndo pra lá e pra cá, quando de repente,
um desses carrinhos de puxar à mão, carregado com caixas de limão
exageradamente, não suportou o peso da carga e desprendeu uma
de suas das rodas. Todo o carregamento veio abaixo caindo tudo
para o lado onde eu estava. O acidente foi tão grave que uma das
pontas das caixas de limão pegou a minha boca arrancando 4 dentes
imediatamente com o choque
Ainda meio sem saber o que tinha acontecido, e com muitas dores,
acordei deitado no chão com várias pessoas em cima de mim,
procurando saber quem eu era, o que eu fazia ali e quem estava
comigo. Me lembro de dizer que estava com meu irmão e logo eles
saíram procurando Paulo. Fui levado para o hospital onde fizeram o
reimplante dos mesmos dentes que caíram
Esse episódio me trouxe traumas, não de dor física, mas
de bulling pelos meus colegas de escola e até família, pois além de
eu usar óculos por conta do estrabismo que tinha, agora eu tinha os
dentes que foram reimplantados de qualquer forma, tortos e que
me deixavam com a boca deformada e dicção comprometida
Nessa época (1984), não se falava de bulling e praticamente toda e
qualquer brincadeira de mal gosto era bem vinda, ou se faziam vista
grossa. Tínhamos de suportar os maiorais e sabichões que nos
Essa época eu tinha 11 anos e não pude concluir as últimas lições que
a professora tinha proposto me dar por conta de ter que ajudar meu
pai aos finais de semana na construção da nossa primeira casa
própria no Rio. Lembro-me que íamos e voltávamos a pé para essa
construção que ficava à mais de 8km, e quando estávamos muito
cansados, pegávamos um ônibus que demorava séculos pra chegar.
As vezes com as ferramentas de trabalho de construção em mãos
Esses anos foram bem difíceis, porque logo que a casa ficou em
ponto de podermos entrar pra dentro (sem terminar os
acabamentos) nos mudamos e mais uma vez meu sonho de tocar
na banda da igreja foi frustrado. Toquei por um período de 3 meses
e todos adoravam, pois a minha dedicação era tamanha que eu era
praticamente o Spalla (músico que substitui o maestro em muitas
ocasiões e preparos de uma orquestra) da banda marcial. Em um
desses ensaios, recebi um elogio do maestro pela minha disciplina e
velocidade que tinha aprendido a tocar quase todos os instrumentos
de sopro, e que não era comum para a idade de um menino de 11/12
anos. Estava feliz por ver que a música era uma ferramenta
poderosa em minhas mãos
Quando nos mudamos para essa casa, eu tinha 12 anos e não tinha
noção do que essa mudança iria causar em minha vida. Mas antes
de falar dessa mudança, quero dizer que logo que chegamos, fomos
ao culto da igreja e o louvor era precário, não tinha músicos bons,
era tudo muito amador e relaxado. Meu irmão Paulo era um dos
músicos que se esforçava e quando me viu sentado no
banco, me chamou pra assumir o contrabaixo. Eu que nunca tinha
pego um contrabaixo em minha vida, estava com ele nas minhas
mãos e em 5 minutos o culto iria começar. Pra minha surpresa e do
meu irmão que possivelmente estava ciente do que estava fazendo,
esses 5 minutos foram o suficiente para eu saber onde estavam as
notas, saber que a afinação era a mesma do violão (já que tinha um
em casa e eu tocava ele) e conhecer a escala
Desse dia em diante passei a integrar a equipe de louvor dessa nova
igreja, e tocava de tudo, guitarra, baixo e violão (acredite, não podia
noites maravilhosas, mas sempre preparadas por mim. Faz isso, faz
aquilo, sempre um pedido meu, quase uma solicitação burocrática,
e quase nenhum movimento espontâneo dela
Meus ombros deram uma pequena abaixada, um sentimento de
“será que fiz a coisa certa? Mas vamos lá, afinal, foi eu quem a tirei
de sua casa (ou ela foi “expulsa” pelo pai e veio parar aqui na minha
casa?)”. De alguma forma, éramos novos e pensava comigo “haverá
esse dia, será uma questão de tempo e ela irá se acostumar e me dar
o carinho e amor que mereço”
Mas os dias se passavam e os movimentos dela eram os mesmos
Comecei a entrar numa paranoia de querer ser notado, até ter a
patética ideia de começar a provocar umas “faltas de ar” como se
estivesse passando mal mesmo. Tenho vergonha de lembrar desses
dias, pois nem eu e muito menos Cristina entendera o que foi aquilo.
Mesmo assim, Cristina não me via com um olhar de carinho e a
demonstração de amor dela não era a que eu pensava que iria
receber de uma mulher que se dizia ser minha esposa
Ela não me amava? Não era amor? Era carência? Essas perguntas
sempre me incomodavam, eu queria uma resposta para tudo aquilo
Sempre falei pra ela que aprendemos a nos amar no decorrer dos
anos que se passariam, porem começamos um casamento com o
“pé esquerdo” (?) e não houveram interferência de ninguém para
nos orientar e muito menos fomos procurar ajuda
Naquela época (1997/1998), procurar um psicólogo ou
uma terapia de casal era quase nula. Primeiro porque não se falava
muito disso em nossas casas e segundo que nossos orgulhos e
religiosidades em que fomos condicionados não nos permitiram
abrir os nossos olhos para tal
Hoje penso o quanto teríamos poupados nossas vidas, dores e
sofrimentos se tivéssemos ao menos as informações que temos
hoje. Estou falando da internet, dos livros e todo o tipo de
cuidar, o movimento tem que ser somente seu e que se não fizer,
ninguém o fará, podem haver ajudas de outros, em te mostrar os
caminhos e se você quiser pode seguir ou não, mas que tem que ser
você, ah sim, isso não muda, tem que ser você
Nesta igreja que eu frequentava, não se falava de psicólogos,
terapias, ajuda clinica profissional, apenas se falava de Deus e das
coisas que tínhamos que fazer para termos uma vida saudável aqui
e que se pecasse ou “saísse dos trilhos” eu teria um preço a pagar
Me lembro de ter ido com Cristina em um retiro de casais em que
passamos 2 dias num hotel fazenda onde se pregou para casais
como se estivéssemos em um evento evangelístico e não para
casais. Não se falou das dificuldades de um casal, das falhas, dos
erros, dos acertos e de como trilhar um caminho saudável. E aí? O
que eu faço com esse monte de informação no meu casamento que
precisa de ajuda?
Cristina não permitia que ninguém nos aconselhasse, para ela era
importante mantermos a aparência de um casal feliz e que qualquer
dificuldade que passássemos, iriamos resolver entre nós apenas.
Porém, o que eu via por parte dela era um descaso, pois “todas” as
vezes que a chamei para uma conversa, daquelas que se chamam
de DRs (discutir a relação), ela sempre torcia o nariz e apenas me
ouvia com um comportamento de indiferença, com os braços
cruzados como uma menina fazendo birras quando toma bronca do
pai. Quando eu terminava, ela dizia: “Terminou? Posso ir?” e toda a
conversa ficava por isso mesmo, sem respostas e um diálogo
saudável. As vezes quando ela interagia ela dizia: “O tempo vai
responder” e não conseguia encarar uma conversa olho-no-olho.
Para ela, acho que era difícil qualquer conversa. Ela era do tipo que
preferia negar os problemas, pois de alguma forma ela não
suportava as críticas e por isso se calava, cabendo a mim ter que
adivinhar qual solução tomar dali em diante, já que não tinha a
participação dela
Em quase todas as conversas que tive com ela, perguntava: “me diz
você o que eu tenho que corrigir para ser uma pessoa melhor?” E ela
respondia: “não há nada de imperfeito em você, gosto de você do
jeito que você é”. Essa resposta me causava um certo
constrangimento, e passava a pensar mesmo se era eu o “eterno
insatisfeito”, pois a reclamação era apenas da minha parte
Uma coisa que me conquistava e me calava em Cristina era em sua
parceria e como ela era ajudadora no que diz respeito à trabalho.
Nunca foi de faltar e ia trabalhar mesmo doente. Nesta parte não há
o que dizer dela, uma mulher batalhadora e muito honesta. Uma
época em que ela saiu da loja que trabalhava, passou um tempo
desempregada e logo eu tive a ideia de fazermos uns lanches para
entrega no estilo “delivery”, e ela prontamente, “arregaçou as
mangas”. Estávamos sem poder financeiro de montarmos uma
lanchonete física, mas tínhamos condições de começarmos um
negócio a partir de casa e assim foi feito
Para que o negócio desse certo, precisávamos “panfletar” de casa
em casa e Cristina não hesitou e fez por uma semana, antes da
inauguração das entregas dos lanches, tanto que no dia que
começamos, tivemos que encerrar o expediente antes do previsto,
pois tínhamos vendido todo o estoque. Isso foi um sucesso e logo se
expandiu na nossa região, porem um episódio de ódio de um vizinho
desse prédio em que morávamos nos desmotivou
Calma, explicarei
Tínhamos 2 motoboys que faziam as entregas, porém, haviam
ocasiões que os pedidos eram tantos que eu tinha que ir com meu
carro para adiantar as entregas e manter no nível logístico previsto
Numa dessas entregas, fui com meu carro entregar e meu filho
Felipe que gostava de me acompanhar, mesmo pequenino, e
quando voltei pro estacionamento do meu prédio, fui recebido por
esse vizinho com ameaças e palavrões absurdamente indignos, me
constrangendo na frente de todos os vizinhos que olhavam de suas
janelas. O motivo: dizia ele que eu tinha fechado o carro dele dentro
Esse tipo de situação é tão delicada que pode colocar em risco toda
uma estrutura familiar que envolve filhos, casamento, família,
convívio, amigos, empregos, e tantas outras estruturas da vida e que
se não for exposta com honestidade e respeito (mesmo havendo
desrespeito de algum lado), remete-se à ruinas irreparáveis
Sai calado, não querendo brigas, pois a situação desse dia foi tão
tensa, que minha irmã “expulsou” Cristina da casa de meus pais,
dando a entender que o desequilíbrio vinha por parte dela, deixando
Cristina numa situação confortável para me confrontar mais tarde
Eu apenas queria sair da casa de meus pais, vendo eles tentando
interferir na briga, e eu, neguei, fui covarde e fugi, ao invés de
enfrentar a situação, colocando minha vida nas mãos de Cristina
para me acusar de mentiroso, falso e traidor, além de um homem
fraco e que não enfrentou e defendeu a própria esposa, já que
Camila me desmentiu na frente de todos. Penso hoje se seria isso
mesmo que deveria sentir naquele dia? Não é minha resposta de
hoje, mas na ocasião foi o contrário
Fomos para casa e de alguma forma expliquei para Cristina a terrível
falha de Camila. Mas o que Cristina viu nisso tudo foi a chance de se
safar da situação, que depois o tempo iria provar que algo estava
errado
A partir desse dia, Cristina passou a ter um comportamento horrível
proibindo meus filhos de frequentarem a casa de meus pais, em
especial quando Camila estivesse, e que ela nunca mais pisaria na
casa deles enquanto Camila morasse com eles, decretando dali em
diante uma briga e divisão mortal com Camila
Em casa não podia se pronunciar nem o nome de minha irmã, e aos
poucos, fui permitindo esse pensamento e atitude de Cristina entrar
em mim também, ao ponto de começar a não aceitar Camila em
minha vida
Meus filhos amavam a companhia dos meus pais, e principalmente
do meu pai, que quando via os netos, logo passava a se deitar no
chão para brincar e doar toda sua atenção a eles. Ele agia como uma
criança quando estava com os netos
Quando lembro desses longos dias, meu pensamento se
remete a um sentimento de raiva e frustação por causar esse dano
aos meus filhos e a mim, pois pagaram um preço que não eram
deles. A situação deveria ter sido resolvida, mesmo que depois
Na verdade, eu tentei. Teve um dia em que minha irmã passou no
portão da minha empresa e parou rapidamente pra falar alguma
coisa comigo, e aproveitei para perguntar o por que dela ter me
desmentido sobre o assunto e ela respondeu: “eu fui pega de
surpresa pela Cristina e não soube o que responder na hora e acabei
negando”
Essa explicação dela me frustrou muito, pois ela não se importou
comigo, com o meu casamento, minha família e estrutura de vida.
Expos algo ridículo e eu que paguei o preço, colocando em risco até
uma separação
Eu permiti com essa história, que abusassem psicologicamente de
mim, e a cada permissão que ia dando às pessoas, ia me perdendo
de mim. Nessa época estávamos sem ir à igreja. Eu havia saído da
igreja que era ministro de louvor e em vez em quando íamos à uma
igreja grande e que, por ter um grande público, não éramos
notados, e em especial eu que era musico, estava bem distante
Distante de Deus, distante de mim, distante dos meus pais, distante
da minha família, distante dos meus filhos, distante da minha
esposa, distante dos meus propósitos
Não mais me enxergava, a rotina da empresa me consumia, e
entrava num diário e mesmice de agenda que era decorado
As distancias mencionadas acima começaram a criar em mim um
caráter de ser bem duvidoso. Minha família e irmãos não me
ligavam mais, os encontros familiares foram diminuindo
ciúmes, mesmo ela nunca ter admitido ter sentido ciúmes de mim
durante todo o tempo que estivemos casados
Uma coisa que não mencionei aqui, era que Cristina se declarava
vingativa, literalmente. Ela inclusive falava sobre isso com um certo
orgulho, daqueles que você se admira por ser algo. Mas ter orgulho
por ser vingativo, é bem esquisito pra mim. Pois é, ela se orgulhava
por ser vingativa, como se a vingança fosse uma virtude na vida dela
Qualquer atitude minha fora de eixo por qualquer que fosse o erro
de comportamento, Cristina se vingava. Ela usava dos mais
perversos tipos de devolutiva. Na maioria das vezes a vingança dela
era o silencio. Muitas vezes, sem eu saber que tinha pisado na bola,
ela começava um silencio sutil, ia aumentando esse silencio ao
ponto de eu não conseguir identificar onde eu tinha errado, e cabia
a mim descobrir o que eu tinha feito, já que fazia parte de sua
vingança, não falar absolutamente nada. Somente após o prazo que
“ela” estabelecia, voltava a se comunicar comigo. Quando
voltávamos a nos falar, algumas vezes ela se explicava dizendo que
o tempo corrigiria tudo, que não precisava de conversas. Ela
realmente não gostava de falar sobre os problemas que um casal
enfrenta. Parece que pra ela conversar sobre o relacionamento era
algo que a incomodava, parece que ela se sentia fraca, do tipo de
pensamento daqueles que falam por aí: “seja forte e não perca a
pose”
Conversar sobre os problemas de relacionamento não tem nada a
ver em ser fraco. Penso que a pessoa que se passa por forte para
inibir e omitir suas dores emocionais, é que se parece fraco, por não
querer encarar os problemas. Achar que o tempo cura ou corrige
tudo é loucura, pois existem coisas que realmente precisamos expor
e agir, e Cristina, preferia usar o tempo como ferramenta de
correção para quase tudo, mas em especial, para as intrigas do
relacionamento que tínhamos
Cristina se fechava em um mundo egoísta e dali só saia quando se
sentisse recuperada e satisfeita de sua “vingança”. Parecia ser
O que ela não sabia era que eu, com a paranoia de achar que seria
traído naquele dia, tinha contratado um detetive para seguir seus
passos. Tenho vergonha desse ato, pois todo o seu comportamento
era tão imaturo, infantil e imoral. Mas precisava ter essa certeza, e
apenas com isso na mão teria a certeza de quem era Cristina a partir
daqueles comportamentos
Ela saiu, sem dizer pra onde ia, após uma série de pedidos meus pra
ela não ir pra essa tal balada, alimentando nela ainda mais o
sentimento de prazer. E fiquei em casa com os meninos, que
geralmente ficavam brincando nas áreas comuns do condomínio
onde morávamos
O detetive seguiu todos os seus passos. Não havia balada. Não havia
amigos. O que houve foi apenas uma volta no shopping da cidade e
milhares de voltas nas ruas da cidade carioca, com uma parada para
um suco num bar onde sempre acostumávamos comer, dando fim
à noite
Atitude infantil, imatura, desleal, desrespeitosa (com ela mesma) e
desumana, pois por ela não conseguir resolver as coisas com uma
boa conversa, preferia a vingança, se colocando no lugar de Deus
para cometer seus atos perversos ao ponto de se passar por uma
mulher que trai o seu marido (pois parecia que era isso que ela
queria demonstrar)
Quando ela chegou em casa, eu ainda estava acordado, pois não
dormi acompanhando os passos do detetive contratado, e fiquei
curioso para saber da boca dela, o que ela tinha feito, embora eu
poderia ir dormir tranquilo, já que a principal suspeita minha de
traição, não era real, apenas uma idealização minha, porém,
provocada por ela, com requintes de crueldade
Entrou, jogou-se no sofá, suspirando um ar de cansaço, como se a
balada estivesse sido exausta, dizendo: “preciso de um banho,
amanhã conversamos” – e eu apenas perguntei: “Você foi
mesmo pra essa balada?” e ela com o ar de poderosa, não quis
responder nem que sim, nem que não, apenas respondeu: “e o que
você acha?”
Uma fala intimidadora, provocativa e que coloca qualquer um pra
pensar como teria sido aquela noite na balada. Porém, o que eu
sabia estava comigo, eu sabia da verdade, mesmo que manipulado
através do detetive
Mandar um detetive seguir minha esposa foi um ato pra mim quase
que imperdoável naqueles dias. Hoje penso que se for pra mandar
seguir minha esposa, prefiro me divorciar 10 vezes, pois penso que
se não confio pra onde ela está indo, possivelmente não podemos
caminhar juntos. Porém, só consigo pensar isso hoje com o
raciocínio lógico de dias de dores e profundas tristezas de um
homem que sofreu as consequências de uma traição. Era o que eu
tinha a fazer na ocasião
A traição de um relacionamento começa quando não confiamos. O
ato sexual é uma consumação apenas carnal. O estrago emocional
começa a ser causado muito antes desse ato. É quando você faz
uma pergunta por falta de confiar do tipo: “Deixa eu ver se ele(a) vai
falar a verdade mesmo” ou “fala verdade pra mim”
Essas falas não combinam com um casal que se ama e que querem
uma vida digna. Quando se pronuncia essas palavras, me soa hoje
com tom alto e forte de desrespeito consigo e com o outro
A atitude de Cristina me fez a partir daquele dia, a repensar quem
dormia comigo: Uma pessoa que quer me ver mal
A partir daquele dia eu tinha as provas concretas nas minhas mãos.
Sim, sabia que Cristina não tinha ido a lugar nenhum que ela queria
que eu pensasse que tinha ido, porém, sem ela saber que eu sabia a
verdade, eu estava diante de uma pessoa que tinha o prazer de ver
o seu parceiro mal em pensar que teria havido uma traição, uma
relação com pessoas que eu nem mesmo sabiam quem eram
A dor em meu coração e até corpo (peito) eram tão profundas,
criando uma lacuna, um buraco negro entre Eu e Cristina, que talvez
supermercado, que a chamou para falar algo que ele queria ter
falado já fazia um tempo (conforme ela se explicaria mais tarde)
Mais uma vez eu me sentia traído, pois o celular de Cristina estava
rastreado por mim. Eu seguia os passos de Cristina praticamente de
15 em 15 minutos quando ela não estava por perto
Quando ela saiu para esse encontro, tinha dito que iria resolver
coisas da empresa, mas estava com uma fala nervosa, e eu já a
rastreava, não precisava de muito para eu descobrir suas mentiras,
e quando voltou, eu já sabia que não tinha ido no lugar que tinha dito
Quando ela voltou desse encontro, não tive coragem de dizer que
rastreava o seu celular e mencionei que ela tinha sido vista por uma
pessoa nesse estacionamento e que essa pessoa tinha me ligado
“delatando o encontro”. Surtei a ponto de segurar em suas mãos e
jogá-la no chão de uma sala da produtora. Minha chateação era
profunda, e estava completamente cego e surdo. Nesse dia, perdi
totalmente o controle emocional, a ponto de pedir para todos os
clientes e funcionários saírem da produtora, sem dar nenhuma
explicação
Liguei para o pastor imediatamente, revoltado com o que
acontecera, expondo tudo. Liguei também para irmã de Cristina
dizendo uma frase horrível: “venha buscar sua irmã morta, vou
matá-la”
Meu irmão Paulo, que era pastor, e que me ouvia muito e orava por
mim, pois ele já sabia desses comportamentos de Cristina, também
soube na mesma hora e ficou muito aflito em me ver do jeito que eu
estava
Assustei a todos com esse surto. Graças a Deus nada aconteceu de
violência com Cristina, mas a violência emocional ficaria em nossos
corações
Perdoei Cristina por ter ido se encontrar com esse sujeito, que disse
que foi apenas um encontro e que ele não falou o que ele disse que
queria falar para ela, mas que deu a entender que ele queria falar
algo sobre traição e possível encontro com ela
Quando eu falo que perdoei Cristina, falo que essa foi minha atitude
da boca pra fora, mas a verdade é que eu não tinha não, estava bem
magoado e triste e o correto seria eu sair desse casamento, que não
existia mais
Os dias se passaram, com muitas dores e ter que voltar as rotinas
nas nossas vidas não foram fáceis, pois muitos sabiam do ocorrido
Esse sujeito era casado e sua esposa comentara numa ligação que
me fez que não era primeira vez que ele tinha essa atitude. E agora,
como encarar a situação? Como continuar nessa igreja? Como eu
me manteria equilibrado mentalmente para ficar ali? O orgulho de
Cristina falou mais alto, e ela não quis sair de lá, ameaçando se eu
saísse de lá, ela também sairia da minha vida. E eu mais uma vez
aceitei e fiquei nessa igreja
Nada foi feito pelos líderes da igreja em relação à um
aconselhamento, até porque Cristina não permitia nenhuma
conversa a respeito. Nem mesmo em casa ela conversou a respeito.
Pra se ter uma ideia, Cristina ao menos se desculpou de seu ato
infeliz. Pelo contrário, ela achou alguma forma de se colocar acima
desse fato como heroína praticamente, pois o surto que eu causei,
foi usado como irresponsável, violento, loucura, inseguro e que eu
precisava de tratamento psicológico, usando isso como álibi para
tirar proveito e se sair bem e ilesa dessa situação
E essa era uma das condições de Cristina ficar comigo. Ela que
escolhera ficar e não que eu havia à perdoado. Percebem a
distorção aqui?
Eu estava errado em estar paranoico e nesse vicio cego de co-
dependencia? Sim estava. Mas isso tudo só foi se instalando em
mim por conta dos comportamentos perversos que eu me submeti
e permiti que Cristina fizesse comigo
Quando Cristina viu minha reação mais positiva e parecia não mais
depender dos abraços que eu sentia falta e que estava menos
apegado à ela, pois já se faziam alguns dias que eu não me
importava muito com ela, tratou de me falar: “quero ficar com você”
Acho que faziam anos que eu não ouvia essas palavras juntas saindo
da boca de Cristina. Se existisse um foguete que me levasse a lua e
voltasse em 5 segundos, eu estaria dentro dele naquele momento.
Fui as estrelas e voltei
Os dias seguintes foram de paz temporária, pois eu já me magoara
demais. Meu coração não batia bem. As frequências eram em geral
aceleradas, e tive que ir ao médico ver isso algumas vezes, pois me
preocupava a respeito dessa arritmia sem controle
Nesse meio tempo já tinha passado por uma 2ª psicóloga, e que não
trouxera tantos resultados. Na verdade, o que eu queria ouvir elas
não tinham pra me falar. O conselho era sempre o mesmo, e com
certeza o mais correto: “Cuide de você, ou vai morrer”
Essa última psicóloga inclusive chegou a me dizer que eu poderia ter
alguma experiencia sexual que não fosse a Cristina, ativando em
mim uma chave que todos temos o controle, basta você se controlar
ou não
Estávamos em 2016 e esse ano foi timidamente se esvaindo. entre
momentos de descontração e de tristeza, pois o vazio que eu sentia
já ocasionados pelos fatos que aconteciam, cada vez mais me
arremetiam para uma tristeza profunda e um vazio dentro de mim
mesmo. As vezes compensava com barganhas, indo à restaurantes
e barzinho, eu e Cristina, as vezes com os meninos. Em geral em
julho íamos passar uns dias em Campos do Jordão no Estado de São
Paulo, uma cidade cheia de romantismo e belezas (em geral
externas). Pois o que se ouve falar nos bastidores é que pessoas vão
para desfilar seus casacos de peles, carrões e um glamour
extravagante e excessivamente desnecessário
Ela não atendeu por uns 3 dias meus telefones e mensagens que
deixava. Possivelmente era uma forma de tortura que ela impunha
e que chegava com um peso aumentado por 10 em mim, pelo fato
de me sentir carente e codependente emocional dela
Anos mais tarde, descobriria o que seria co-dependência. Para
cada co-dependente existe um dependente. Neste caso um
alimenta o outro. No meu caso eu era o co-dependente e Cristina a
dependente emocional. Eu alimentava em Cristina e em seu ego, o
fato dela se sentir útil pra mim em todos os aspectos da minha vida
e ela alimentava em mim uma carência não me dando o que eu
queria (atenção e amor)
Quando chegamos em casa Cristina tinha ido para a praia com suas
irmãs um dia antes e voltaria apenas 2 dias depois. Nesse meio
tempo conversei com seus pais e pude expressar o quanto eu me
sentia mal com tudo que estava acontecendo. Mas eles também
eram um pouco frios em seus sentimentos. Parecia ser realmente
um comportamento de família. A família dela sempre teve um
orgulho exagerado em seus comportamentos. Me lembro do pai
dela me dizer uma vez que preferia morrer que pedir perdão para
uma pessoa em que eles tiveram uma desavença
Recentemente li o “Livro do Perdão” de Desmond Mpilo Tutu. Ele é
um arcebispo da Igreja Anglicana consagrado com o Prêmio Nobel
da Paz em 1984 por sua luta contra o Apartheid em seu país natal
O perdão é um benefício que só sente quem realmente o libera.
Muitas vezes o perdão é visto como um ato de humilhação, do tipo
“terei que me humilhar pra pedir perdão” ou “não vou pedir perdão
para aquele sujeito/a para não me humilhar”
Quando você perdoa o outro você está tirando um peso de si. Um
peso que você carrega e que apenas o perdão é capaz de tirar esse
peso
Lembro dos dias em que sofri com as acusações falsas feitas por
uma irmã minha, e o quanto aquilo me corroeu. Somente após
Quando Cristina chegou em casa após a volta da praia que fora com
suas irmãs, eu a abracei muito, estava carente emocionalmente,
totalmente vazio de mim e usava Cristina para suprir essas carências
físicas e emocionais. Uma forma de egoísmo e orgulho com certeza,
pois esse abuso de usar o outro para suprir minha carência é uma
forma de degradar o outro sutilmente e sem perceber, diminuir o
valor que essa pessoa representa pra você
Eu olhava para Cristina e mesmo ela ainda com os comportamentos
de poder sobre mim, percebia que nela existia um vazio também.
Era uma mulher frágil e que precisava de ajuda, porém infelizmente,
ela criou uma muralha como proteção em relação as falhas de
caráter que possuía e que ninguém conseguia ultrapassar. Eu, por
várias vezes tentava ainda que, com uma força que já não sabia de
onde tirar, resolver as nossas pendencias e situação. Mas Cristina se
mostrava cada vez mais inatingível e distante de querer resolver.
Tornara-se, na cabeça dela, autossuficiente para resolver suas
questões, sentimentos e atitudes, deixando claro que qualquer um
que se aproximasse dela, a única coisa que conseguiria arrancar de
lá era um braço cruzado de indiferença e um ombro levantado de
“TO NEM AI PRA O QUE VOCE PENSA”
Eu estava cansado de tanta pancada emocional, desprezo,
indiferença, falta de comunicação e desamor, que gradativamente,
sutilmente e quase que involuntariamente e sem perceber, comecei
a “tirar o pé” também
Lembro-me que comecei a ler muitos livros de autoajuda e ver
episódios no Youtube de coachings, terapeutas, psicólogos e tudo
que me levasse a entender o que se passara comigo
Pela primeira vez, comecei a perceber que o movimento teria que
ser dado através de mim, e com essa percepção, passei a buscar
informação a respeito de pessoas e casais que se
comportavam assim. Passei a estudar o meu comportamento e o
de Cristina e em pouco tempo, passei a perceber o quanto aquilo era
mal tanto para mim quanto para Cristina
do trabalho), ela me respondeu: “pra mim tanto faz você dormir aqui
ou não”
Bastou a combinação das falas: “Vá curtir o Carnaval” com “Tanto
faz você dormir aqui” e da terapeuta “vá ter rum caso extra conjugal”
para automaticamente uma chave virar na minha cabeça. Naquela
noite e nos próximos 6 meses, eu dormiria algumas vezes na
produtora, mesmo que apenas em um colchão, outros dias na casa
de meu irmão, que ficava próximo do bairro onde eu trabalhava, ou
na casa da Vivi
Vivi? Isso mesmo que você leu. Viviane era uma cliente linda,
modelo de passarela de profissão e que eu jamais me acharia capaz
de ficar com essa mulher. Pois, após ouvir todos os absurdos de
Cristina como: “você é um lixo” - “ninguém quer ficar com você” -
“prefiro as vezes morrer do que ter que saber que estou com você”,
achava mesmo que eu era tudo isso e não merecia algo bom
Passei a não mais investir em Cristina e literalmente, pensar como
um homem solteiro por um tempo e cai nas graças de Viviane. Uma
linda mulher, modelo, recém separada, e que levava uma vida
completamente livre.
Não me orgulho de nada disso, porém, esse fato me fez enxergar
muitas coisas que estavam a anos enterrados em mim, como
- saber que eu não era um lixo
- saber que alguém me queria sim
- saber que eu era interessante pra alguém
- que era capaz de ter outra mulher e que me valorizava
Não me orgulho, mas também, não me arrependo. Digo isso porque
se não fosse esse episódio, possivelmente eu poderia ainda estar
nesse casamento
Existe uma fala usada pela equipe de Hitller e que eles acreditavam,
e muito possível que seja verdade, que é: “a mentira de tanto ser
contada vira verdade”
O que quero dizer com isso é que, após anos ouvir tantas coisas ruins
a respeito de mim, passei a acreditar que eu era aquilo mesmo. Não
me lembro quando foi que esses pensamentos se instalaram em
mim, porém, me lembro do dia que eles saíram de mim, e foi no dia
em que cheguei a convidar Viviane para um almoço de negócios
(pois ela era da área de comunicação, onde eu atuei no mercado
corporativo de criação de jingles para comerciais de rádio e tv) Um
álibi para eu agir. Queria investir na mulher mais bonita que até
então estava presente naqueles momentos da minha vida
Viviane se entregou de corpo e alma e pela primeira vez na minha
vida, senti o gosto saboroso de ter uma mulher totalmente entregue
aos deleites de um homem. Esses dias foram importantes para o
processo que se viria
Se eu me culpo por ter traído Cristina? Não sinto remorso nenhum,
por incrível que pareça, até hoje, me sinto bem sobe esse assunto.
Lembro-me que chegava em casa e perguntava a Cristina: “e aí você
está sentindo falta de mim?” “quer que eu fique aqui?”, como uma
espécie de pedido de liberação de Cristina para eu cair na gandaia
com Viviane ou qualquer liberdade que eu achava que não tinha, e
ela sempre respondia: “não sinto sua falta e faça o que você quiser”.
Daí eu saia para fazer exatamente isso, o que eu queria
Os encontros com Viviane foram poucos no decorrer dos 6 meses
que me encontrava com ela, porem intensos e suficientes para dali
pra frente manter a chave virada. Após já estar um pouco cansado
e querer resolver minha vida, dei um basta nos encontros,
mantendo o contato com Vivi apenas para uma emergência
Depois dessa intensa agitação na minha vida, os meses seguintes
foram uma mesmice. O que me motivou em julho pela primeira vez
de eu sair de casa, vindo ficar um mês morando nos fundos da
produtora
Nessa época, não fiz absolutamente nada demais. Não me
encontrei com Viviane e apenas foquei em mim, começando a
pensamentos, leves hoje, e você vai poder sentir em minha fala essa
leveza sutil, possivelmente, daqui em diante
E se não tivesse feito essa proposta? E se eu naquele dia, tivesse
virado as costas e dissesse pra ela: “melhor pararmos por aqui”. E se
“EU” tivesse me dado a chance de escolher ao invés de ter feito a
pergunta a Cristina e ter deixado ela optar?
São perguntas fascinantes e que ainda penso no que mudaria, como
no filme “O efeito borboleta”, onde um simples fato que não
fazemos ideia que mudara o destino das pessoas causa um futuro
totalmente oposto ao previsto. Aliás, esse filme começa com a
seguinte frase: “O simples bater de asas de uma borboleta no
oriente, causa um tufão no ocidente”, daí a origem do nome do filme
De alguma forma, parecia que eu estava dando lugar à Deus em
minha vida depois de anos encarcerado em meus vícios e orgulhos
Essas férias me fizeram tanto bem, que passei a olhar pra mim como
um ser humano que pode ser amado sim, e esse amor deveria partir
em primeiro lugar de mim mesmo
A famosa frase de Cristo: “Ame o teu próximo como a ti mesmo”
começava a fazer sentido em minha vida
Como o parâmetro do amor ao próximo é exatamente o quanto eu
me amo, então possivelmente eu não me amava, logo, não amava
quem estava em minha vida e próximo de mim
Ora, pra você isso pode não ser novidade, mas pra mim era como
abrir um clarão e eu pela primeira vez, entender o sentido da palavra
amor. Passei por dias a raciocinar sobre o amor, mesmo depois de
retornar das férias
Pensava eu: “Amor não é um sentimento. Amor é um ato, um
movimento, um gesto, algo que eu faço pelo outro sem esperar a
devolução desse outro, e assim, sucessivamente o outro também o
fara, se estiver em amor”
pra ela, porem pra mim tudo já fazia sentido e “voltando ao eixo” de
onde ele nunca deveria ter saído
Inconformada com a falta de clareza do que estava acontecendo,
ela tratou de comprar as pesagens também para ela e pedir pra ir
junto comigo. Eu dei de ombros e disse que tudo bem. Estava tão
em paz comigo mesmo, que mesmo ela indo, não afetaria meus
propósitos de nova vida e qual fosse a decisão que eu tomaria após
aquele fim de semana que se viria. Sabia que daquele dia não
passaria
Eu sempre tive a estranha mania (ou não) de marcar datas, lugares
e acontecimentos com uma relevância a se fazer sentido, para
alcançar metas e objetivos, sempre fui assim. Mas isso é bom pra
mim e não discuto a respeito, acho até bom demais, pois me
comprometo com o marco que crio e em geral dá certo
O grande final de semana chegou e parti pra Porto Alegre com
Cristina me acompanhando
Ficamos hospedados em um albergue bem simples, porém
aconchegante e cheio de jovens, com uma energia bem
descontraída e positiva
Fizemos alguns passeios na cidade, museus, shoppings e a noite
fomos todos os dias para os barzinhos, pois o bairro onde estávamos
hospedados era o mais boêmio da cidade
Me lembro de fazer um passeio de barco na orla do Guaíba, onde
Cristina foi na janelinha e eu do lado dela olhando para aquele mar
e se passando um filme em minha cabeça, onde podia também
sentir, além de minha dor, a dor dela. Uma dor que infelizmente não
pude saber a intensidade e que ali não me interessava mais, mas que
tinha ciência que existia, mas que não cabia mais a mim se importar,
pois por anos tentei chamar sua atenção para essas causas, que
tinha perdido as forças. Estava convicto que as forças que restavam
em mim, se concentrariam em mim a partir de agora
O dia do meu aniversário foi o dia inclusive que voltaríamos pra casa.
Nada de anormal aconteceu. Cristina me deu um abraço muito leve
e me fez as felicitações. Eu ainda esperava mais dela, mas não quis
aumentar qualquer expectativa e aceitei o que veio dela do jeito que
veio mesmo. Recebi 3 ligações, uma de minha irmã, outra de uma
amiga da igreja muito querida e outra de meus filhos, umas 3
mensagens no whatsapp de algum parente e acho que foi só. Isso
me deixaria triste em qualquer outra época, porem aquele dia
estava me sentindo diferente e estava vivendo o meu dia como
deveria ter sido todos os outros: com dignidade
Ao chegar em casa, já cansado da viagem, fomos nos deitar sem
muita conversa. Cristina mesmo percebendo algo estranho no ar,
nunca falaria ou perguntaria de mim o porque dessa postura. Ela,
diferente de mim, conseguia com maestria, disfarçar suas
curiosidades para manter a sua muralha de mulher forte e que nada
a abalaria
Lembro-me de que naquela noite orar a Deus e pedir uma única
coisa: “Senhor me de sabedoria amanhã” e adormeci
Fiquei tão convicto que era ali que queria ficar que não pude resistir
e no dia seguinte, que era um domingo, fui logo para o culto sozinho
fisicamente, mas tomado por um Amor tão sublime que até hoje
não tenho palavras pra esses dias que se seguiram em minha vida
Logo quando sai de lá, soube do CR – outro ministério que tem essa
sigla CR (Celebrando a Recuperação). O CR é um tipo de AA
(alcóolicos anônimos). Um projeto que acolhe pessoas que tem seus
sentimentos estraçalhados pela vida, traumas emocionais, traumas
de infâncias, traumas de todos os tipos, e eu me identifiquei com
praticamente quase todos os traumas ali tratados pela equipe desse
maravilhoso ministério
Ali chegam pessoas de todos os tipos de situações. Em gerais com
muitos traumas emocionais e que não possuem acolhimentos em
suas igrejas e comunidades, por falta de “ouvidos” e por grande
parte, por excesso de religiosidade, que era onde eu mais me
encaixava
As salas são providas de um cuidado imenso de não sair dali o que é
partilhado. Um solo tão sagrado que impõe com naturalidade em
- Soberba;
- Manipulação;
- Atitudes premeditadas;
- Indiferenças;
- Ingenuidade excessiva;
- Barganhas emocionais;
- Insegurança;
- Excesso de Auto Confiança;
- Falta de assertividade;
- Mentira;
- Limerência (título dado ao codependente compulsivo)
12. A LIMERÊNCIA
Ah! Se eu tivesse
Quem bem me quisesse
Esse alguém me diria
Desiste, essa busca é inútil
Eu não desistia
Ele, ainda olhando para fora da janela do seu escritório, e talvez até
distraidamente olhando para os pássaros que não paravam de
cantar, comentou: “esse é você” voltando o olhar para a sala
procurando um livro em sua estante, talvez esperando uma reação
minha, mas me mantive calado. Daí ele continuou: “Você logo
estará em jornais se não for embora. Você está doente e não faz
ideia do quanto”
“Cristina pode ter te amado um dia, mas não conseguira mais. Suas
atitudes são obviamente claras de uma mulher frustrada e mal
amada, não por você, mas por ela mesma. Porém, você também é
uma pessoa mal amada por você, ambos são. Acredite, você
também não a ama mais. Está negando ai no seu coração, achando
que a ama, mas não. As condições de uma continuidade desse
- Paz de espirito;
- Amigos;
- Saúde física, mental e espiritual;
- Ser Humano (digno de êxitos e falhas);
- Ser humano (com o próximo)
- Olhar o belo da vida;
- Ser autêntico;
- Chorar e Rir
14. Se perdoe
Espero do fundo do meu coração, que você tenha uma vida digna
de ser vivida, e que lá na frente (ou agora mesmo) você olhe para o
seu passado, e mesmo com qualquer falha que vier em mente você
tenha o sentimento de: “Ser um filho amado de Deus”
Quero deixar aqui pra você, uma lista com sugestões de palestras
em vídeos, músicas e áudios em geral e que me ajudaram, de
alguma forma a me reencontrar, me desenvolver e finalmente partir
para uma vida mais saudável
Repito, é uma sugestão e você não é obrigado a seguir nada. Apenas
funcionou pra mim e quero compartilhar aqui com você
Sugiro que você ouça as músicas pensando em você. Dedique a
você
Sinta cada palavra como se a música fosse feita pra você
Músicas
Almir Sater – Tocando em frente
Elton John – Your Song (dedico aos meus filhos)
Felipe Valente – Canção de quem fica
Frejat – Amor pra recomeçar
João Alexandre – Sobre o amor
Lenine – Hoje eu quero sair só
Milton Nascimento – Caçador de mim
Paulo Nazareth – Hoje
Preto no Branco e Marcos Almeida – O Autor
Renato Russo – Mais uma vez
Titãs - Enquanto houver sol
Segundos
0:00 - Você lembrará de sua infância, e de como as coisas eram
leves pra você, sem cobranças e sem pesos, você era uma criança
feliz e que não havia nada mais legal no mundo do que brincar,
dormir e comer. Deixe fluir as lembranças
1:28 – Você cresceu um pouco mais e começou a ir pra escola, agora
você tem amigos lá e começa a ter seus amigos fora de casa
2:16 – Você descobre que gosta de alguém na escola, apaixonou-se
por alguém, que legal, a vida está sorrindo pra você e você pela
primeira vez sente o amor de um adolescente
3:16 – Você deixa se levar pela primeira paixão e pela primeira vez
dá seu primeiro beijo e descobre um novo sabor da vida
3:58 – Você está diante de uma nova fase, agora já indo pra escola
sozinho e descobre novas amizades, vai passear sem seus pais, e
pela primeira vez, você se dá conta que pode ficar sozinho
4:54 – Você agora já entrando na juventude, não é mais aquela
criança que recebia os cuidados dos pais, mas agora tem suas
responsabilidades e começa um novo ciclo na sua vida. Seu corpo é
forte e saudável e você se sente muito mais preparado para a vida
6:28 – Essa força que vem de dentro de você é muito maior que você
pensa, mas parece que existem medos em você. O que fazer? Como
reagir?
7:03 – Você é tomado por uma coragem, se levanta e vai encarar a
vida, afinal você estudou e se preparou pra isso, não há nada que o
impeça de viver. Você é uma pessoa abençoada por Deus e agora
pode ajudar pessoas e caminhar com elas (seu namorado/a ou
cônjuge, ou você mesmo/a)
8:18 – Você se lembra daquela criança lá de traz, que era feliz e só
pensava em brincar e se dá conta que a vida é feita de ciclos, e que
tudo tem um começo, meio e fim
TIPO 1 – ENEAGRAMA
TIPO 2 – ENEAGRAMA
1. Fico ressentido quando as pessoas não retribuem o bem que lhes faço.
2. Tenho facilidade de me adaptar a qualquer meio.
3. Lembro da minha infância como algo triste e enfadonho.
4. Lembro que na minha infância tive que “comprar” o amor dos adultos
através de bom comportamento.
5. Muitas pessoas se sentem próximas de mim.
6. Gosto de ajudar as pessoas que vejo em dificuldade ou em situação
embaraçosa.
7. Há muitas pessoas que dependem de minha ajuda e generosidade.
8. Coloco mais interesse em servir os outros do que em qualquer outra
coisa.
9. Necessito ser importante na vida de outras pessoas.
10. Gosto que os outros precisem de mim.
11. Muitas vezes me sinto sobrecarregado pela dependência dos outros
em relação a mim
12. Cumpro regularmente meus compromissos com os outros.
13. Sinto-me quase obrigado a ajudar outras pessoas, mesmo sem elas me
pedirem.
14. Frequentemente as pessoas se aproximam de mim, pedindo que as
conforte e aconselhe.
15. O mais importante da vida é amar e ser amado.
16. Acho que não tenho muitas necessidades.
17. Às vezes sinto que os outros não me valorizam de verdade pelo que
faço por eles.
18. Gosto de sentir-me próximo das pessoas.
19. Às vezes me sinto vítima dos outros, como se me utilizassem.
20.Comunico-me com meus amigos com mais frequência do que eles se
comunicam comigo.
21. Preocupam-me muito os problemas emocionais.
TIPO 3 – ENEAGRAMA
TIPO 4 – ENEAGRAMA
TIPO 5 – ENEAGRAMA
TIPO 6 – ENEAGRAMA
TIPO 7 – ENEAGRAMA
TIPO 8 – ENEAGRAMA
TIPO 9 – ENEAGRAMA