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2 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

A HISTÓRIA DE UM

CRISTÃO
DIVORCIADO

1ª EDIÇÃO

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3 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

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4 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

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5 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Sinopse
Durante anos da minha vida, e talvez os mais perversos, sempre
pensava comigo o quanto seria bom ter um amigo ou um
conhecido, ou talvez nem tudo isso, para ao menos compartilhar a
sua história comigo, saber que eu não era o único, que existiam mais
pessoas no mesmo barco que eu e que sofria o tanto o quanto eu e
que pudesse me dar uma mão, ou talvez apenas o ouvido para
entender minhas angustias e realidades que passei a ter após uma
série de erros que cometi (e cometeram) comigo e que me levaram
à um casamento fracassado desde o começo, mas que fiquei 20
anos por conta dos meus Orgulhos, Co-dependências e
Religiosidades
Um pastor aqui, um irmão na fé ali, um amigo e as vezes até irmão
de sangue, mas todos religiosamente RELIGIOSOS à uma doutrina
fadada, pesada e que penalizava a mim e dificultava meu progresso
como um ser humano (profissional, espiritual e sentimental)
Como eu descobri essa série de erros? Como eu me enxerguei no
fundo do poço? Como eu fiz o movimento de sair desse poço? Como
eu dei a volta por cima, após ter passado por cima de tantos
pensamentos, atitudes, religiosidades e anomalias de um ser
humano totalmente moldado pelo sistema religioso arcaico?
Te convido a entrar numa viagem, onde o trem passara por lugares
obscuros, selvagens, turbulentos e insanos, e as vezes tranquilo, e
você terá o privilégio de ir na janelinha desse trem. Abrirei meu
coração e partilharei minha experiencia. Serei o seu amigo, ou
colega, bom aquele cara que eu pensei em ter um dia quando não
havia ninguém comigo, mas que agora me disponho a te dar minha
mão

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6 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Índice
1. Prefácio – Dan Peter 7
2. Introdução 9
3. Como tudo começou – Infância e adolescência 14
4. Caminhando para um lugar bem longe de mim 24
5. Juntos, mas felizes? 29
6. É a luz da saída do túnel ou um trem que vem vindo? 39
7. Do fundo do poço ao inferno 49
8. Viva, sol nasceu e é amarelo (será mesmo?) 85
9. Sim, o Sol é amarelo! 93
10. Uma ferramenta indispensável no meu caminho 96
11. Inventário – O solo sagrado – Dia “D” 98
12. A Limerência 101
13. Orgulho positivo 105
14. Se perdoe 107
15. Última estação, troque de linha e comece uma nova
viagem (a sua) 111
16. Inspirações e indicações 114
17. Bônus: Dinâmica do seu livro que começa aqui 118
18. Teste do Eneagrama 120

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7 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

1. Prefácio – Dan Peter

Esse é um livro sobre esperança!


Esperança é o que você irá experimentar ao conhecer a história de
vida de George. A beleza das histórias de vida é que elas nos
mostram que não estamos sozinhos. Começamos a perceber que as
dores e angustias que sentimos fazem parte da vida de outras
pessoas também. E é um alívio saber disso
Mas a coisa mais maravilhosa é vermos que existe uma saída e que
mudar de vida é possível. Não precisamos ficar repetindo os
mesmos erros do passado. A bíblia ensina que Deus é um
especialista em transformar pessoas e a história do George,
comprova isso
Eu conheci o George no programa celebrando a recuperação que
ele menciona no livro. Fizemos juntos o grupo de passos, que
consiste de reuniões de partilhas e desabafos que acontecem nas
segundas-feiras à noite. Eu era o líder do grupo e durante 14 meses
caminhamos juntos em busca da transformação pessoal
E tudo começou com o primeiro passo fundamental: Parar com a
negação. O primeiro passo é admitirmos nossos problemas, feridas
e comportamentos destrutivos e que perdemos o controle sobre
eles. A história de vida do George revela como é difícil darmos esse
primeiro passo e admitirmos que precisamos da ajuda de Deus e das
pessoas
Geralmente só damos esse passo quando chegamos ao fundo do
poço. E o George relata como ele chegou, não apenas ao fundo do
poço, mas um pouco mais além, num sentimento de estar vivendo
num verdadeiro inferno
O mais incrível porém, é que ele não chegou lá por ser uma homem
mau, um louco ou por viver uma vida sem limites. Chegou lá por ser

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8 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

um codependente emocional e por causa de uma religiosidade


desequilibrada. Geralmente os codependentes são pessoas boas e
que se preocupam com os outros. Só que essa bondade vai se
desequilibrando e a pessoa começa a ter dificuldades para dizer não
e por limites. Por causa da “bondade desequilibrada” a pessoa deixa
os outros abusarem dela. E isso se torna uma bomba relógio
emocional que um dia explode!
Assim como ele, eu também sou um codependente emocional e
também sofri muito com as questões da religiosidade. Me
identifiquei com várias atitudes, comportamentos e crises que ele
relata ao longo de sua história e tenho certeza que você também se
identificará.
Se você sofre porque não consegue dizer não e porque tem uma
enorme necessidade de agradar as pessoas, leia esse livro. Se você
sofre por que outras pessoas fazem você de “gato e sapato” e você
não sabe como se libertar disso, leia esse livro. Se você sofre porque
está se sacrificando pelas pessoas, mas elas não valorizam seus
esforços, leia esse livro. Se você sofre porque, apesar de seus
esforços, você sente que seu cônjuge está cada vez mais distante de
você, leia esse livro.
Aqui você não encontrará apenas um amigo com o qual você se
identificará na dor. Aqui você encontrará a certeza de que é possível
sair do fundo do poço e começar uma nova fase de vida onde, como
ele diz, “sim, o sol é amarelo”!
Deixo com você um texto das escrituras que muito inspirou o
George: “Porque há esperança para a árvore que, se for cortada,
ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos. Se envelhecer na
terra a sua raiz, e o seu tronco morrer no pó, ao cheiro das águas
brotará, e dará ramos como uma planta”. (Jó 14:7-9)
Boa leitura!
Dan Peter

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9 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

2. Introdução

Antes que você pense que esse livro seja um conselho pra você
tomar uma atitude, seja de divorciar ou de continuar seu casamento,
já vou avisando que não é. Ou que você pense que estou tentando
convencer alguém de manipular ou colocar coisas em sua cabeça
para ir contra qualquer princípio, seja ele moral, espiritual, religioso.
Também não é
Esse livro traz um depoimento emocionante da minha trajetória de
vida, e em especial, a história do meu casamento, onde somente eu
e talvez poucas pessoas puderam pisar no solo sagrado da minha
vida, coração e intimidade, para ajudar, mas que no final, toda e
qualquer atitude e movimento tiveram que partir absolutamente de
mim
Poderiam vir “os dez mil anjos” dizendo o que era pra ser feito de
verdade, se eu não estivesse pronto e disposto a fazer, todo
conselho seria em vão
Então, não pense que esse livro vai te colocar numa situação
confortável. A intenção principal desse livro é compartilhar minha
história e a partir daí, causar em você leitor, uma reflexão sobre as
suas atitudes, o que o faz feliz ou infeliz. Te lembrar que todo o
sentimento que você possui, é por inteira responsabilidade sua, sim,
você é o único responsável por tudo que acontece em sua vida, e que
se você quiser, pode ou não mudar todas as situações, sejam pra
melhor ou pra pior, você sempre decidirá isso
Falar de relacionamento conjugal, é entrar em um terreno
absolutamente sagrado, íntimo e pessoal, onde cada um tem sua
experiencia pessoal consigo, com o outro e com o conjunto que
forma o casal, além de filhos, família e amigos, que de alguma forma
fazem parte, não do relacionamento íntimo, mas das relações
próximas e que de alguma forma acabam interferindo

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10 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

involuntariamente (ou não dependendo da situação), para o bem ou


para o mal
Cristão Divorciado é um título forte, chamativo, apelativo e talvez
pejorativo, se analisarmos a palavra “cristão” a grosso modo de
como ela sai da boca de alguém e chega aos nossos ouvidos. Tenho
quase certeza que todos aqui um dia já foi criticado e se sentiu mal
por pronunciar que era “cristão”, talvez por conta de uma sociedade
maldosa, maliciosa, cheia de preconceitos e que de alguma forma
quer denegrir a imagem do cristão, como se ele não fosse um ser
humano como qualquer outro, que erra, peca e está sujeito à todas
as situações que o mundo e cotidiano nos coloca. Mas se
analisarmos friamente a palavra “cristão” por vias religiosas,
saberemos que nós cristãos, estamos vivendo uma época em que
líderes de igrejas e “responsáveis por um rebanho” (lembrando mais
uma vez que eu sou responsável por mim e minhas atitudes) estão
cada vez mais perdidos em suas falas/atitudes, focando em primeiro
lugar aos seus interesses pessoais e das suas instituições e
organizações, deixando de lado o que Cristo tanto pregou: “O Amor”
Cristão Divorciado, traz uma linda história de vida e superação, traz
a minha história, e como ela desenrolou, após uma série de crenças
negativas e erradas, atitudes machista e orgulhosa, medos e
traumas, co-dependências e carenciais emocionais, baixa
autoestima, soberbas, manipulações, indiferenças, atitudes
premeditadas e barganhas vergonhosas, inseguranças e ciúmes,
falta de assertividade, falta de confiança em mim e em Deus, e
talvez uma certa ingenuidade, me colocaram em situações
horripilantes, indignas e desumanas
Como deixei que todos esses pecados listados acima me fizessem
um ser humano muito abaixo do que aquilo que o meu Pai queria de
mim? Ele queria que eu fosse o seu filho amado, que me sentisse
amado por Ele, que toda e qualquer circunstancias da vida, não me
afastasse do Seu Amor, mas que me aproximasse Dele e para Ele
deveria ter dado toda Honra e Glória, sim, parecia que era isso que
Ele queria pra mim. Mas e eu? O que eu queria de mim? O que eu

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11 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

estava disposto a fazer por mim? Infelizmente, não tive a sorte em


que muitas pessoas tem, logo ao identificar um problema e já
descobrir a solução, sim, isso é quase que ganhar na loteria, porque
evita muitos sofrimentos e dores
Demorou pra eu perceber que precisava de ajuda, mas quando “essa
ficha caiu”, mergulhei numa busca quase que insana, pois de alguma
forma, precisava me ver livre dessa relação toxica e abusiva. E até
ter a consciência de que a responsabilidade era toda minha,
demorou alguns anos, mas que foram anos que de alguma forma
me trouxeram experiencias positivas e que hoje, ainda com a
mesma consciência, me remetem ao pensamento de que devo
estar em alerta e saber quais são os gatilhos mentais que me
levaram, e ainda podem me levar, a esses comportamentos
Existe uma expressão que muita gente fala quando chega em
condições desumanas e de indignidade que é: “estou no fundo do
poço”. Porem o que vou relatar nesse livro, é que fui além desse
fundo, e o único lugar que me vejo abaixo do fundo do poço é nada
mais que o “inferno”. Sim, minha vida chegou nesse lugar, mesmo
sem muita gente saber, até mesmo eu não sabia que já estava lá,
mas quando me dei conta já tinha passado do atoleiro do poço para
o inferno
Se pedissem para descreverem o inferno, muita gente usaria a
figura de uma imagem cheia de fogo, gente gritando de dor, uma
agitação de pessoas inquietas e te perturbando. Mas o inferno que
visitei foi vazio, frio, solitário, escuro e sem cor, um lugar onde não
se vê gente, um lugar onde eu não ouvia som, um silencio que chega
a zumbir o ouvido, onde o medo, a insegurança, a indignidade e a
falta de paz em meu espirito me faziam pensar que dali eu não
sairia, que teria que se acostumar com o vazio e o cheiro de esgoto
que corria pelas narinas a ponto de causar dores. Quando você
realmente se dá conta de que ninguém virá para te buscar desse
inferno, bate aquela angustia e profundo sentimento de querer
desistir da vida, porem de alguma forma, encontramos forças para
“pensar”, pois nem ao menos gemer você consegue mais, de tantas

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12 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

lágrimas derramadas, quase que em vão. Essa força que você de


alguma forma arruma para pensar em uma oração e pedido de
socorro à Deus, chega na hora em que seu corpo, espirito e alma não
suportam mais um único passo nesse lugar. Daí numa noite dessas
sombrias e em que você já se acostumou com o frio, você sente uma
mão em suas costas dizendo: “Olha o sol que tenho pra você nesta
manhã”
Organizei a sequência desse livro a partir de uma ordem cronológica
temporal de acontecimentos, porem em alguns trechos dele, irei
voltar ou talvez adiantar (prever) os acontecimentos
Os nomes usados aqui serão trocados em respeito à privacidade de
todos os envolvidos, inclusive eu mesmo, porem te garanto que
todos eles são reais e humanos, passiveis de erros e acertos, que de
alguma forma entraram e saíram da minha vida, uns de forma sutil,
outros de forma drástica, porem eram o que tinham, não os culpo
por nada, apenas oro e emano um desejo de muita paz e que sejam
felizes, do fundo do meu coração. Não há nada melhor do que a paz
que conquistamos através de nossos esforços e atitudes, aliados ao
incrível Poder e Amor Transformador de Deus
Nos próximos capítulos, você irá adentrar numa viagem em que fara
comigo, lado a lado, e nessa viagem que faremos, não haverá
bilhete de volta, é somente de ida, porque a vida não volta, ela
segue, sempre seguiu, mesmo que você se sinta parado e estático
nas suas atitudes, sua vida segue, ela segue parada, mas segue.
Talvez não movimentar sua vida pra algo melhor seja a opção única
que você tem nesse momento, mas um dia você fara o movimento,
a não ser que a morte o impeça, pelo contrário, chegara o dia em
que a bonança ira chegar, o dia em que o mar estará calmo. Quando
esse dia chegar, você poderá olhar para traz, ver e rever os seus
passos, assim como farei com você aqui nessa viagem
Peço que se sinta à vontade comigo, seremos dois amigos nessa
viagem, se quiser parar algum momento para descansar e refletir
naquilo que o motivou a parar a leitura, fique à vontade. E pra

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13 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

terminar peço a você, que me acompanhara nessa viagem, o mais


puro e sincero respeito por minha história de vida, ela é linda e não
há nada que me faça achar o contrário. Quero sentir tanto respeito
por cada palavra aqui, que possivelmente, você se conseguir manter
essa postura, poderá me chamar de amigo, sim o amigo que eu um
dia procurei e não tive. Isso te permitirá ser um coadjuvante da
minha história, você vai perceber que se tornará meu amigo
Aperte o cinto, vamos para o primeiro trecho dessa linda e
inesquecível viagem

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14 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

3. Como tudo começou – Infância e


adolescência

Sou o filho mais novo de uma família de onze irmãos, uma família
grande e com culturas nordestinas. Sou da Cidade de Bela Cruz, um
município que faz parte do litoral do Estado do Ceará (Brasil), onde
até os 6 anos fiquei ali, num bairro muito pobre da periferia, onde
meus pais tinham um pequeno comercio e lutavam para o sustento
da família
As lembranças que tenho dessa época são poucas e me esforcei
muito para lembrar de fatos que ficaram quase apagados na minha
memória
Por conta da correria dos meus pais pela manutenção familiar, meu
contato com meu pai sempre foi um pouco mais distante nessa
época. Já com a minha mãe a relação era mais próxima e afetiva, e
como eu era o caçula, tinha os privilégios e olhares dela e minha
irmã Ester, que sempre foi uma grande irmã e amiga, cuidadosa e
atenciosa, em todos as épocas da minha vida. Talvez essa minha
irmã tenha sido mais cuidadosa do que minha própria mãe, me
dando atenção e sempre me olhando praticamente como um filho
dela (talvez porque ela nunca teve um filho). Ela teve e ainda tem
esse olhar por mim, além de ser uma característica dela, de se
expressar com atitudes e gestos de amor para todos que se
aproximam dela, seja por um dia ou por anos
Bom, acabo de me surpreender aqui, percebi o quanto escrevi de
minha irmã, e da minha mãe quase nada, isso não significa que ela
não me deu carinho. Minha mãe sempre foi muito presente em
minha vida, porém com o olhar responsável de ter que me levar a
igreja, ser um cristão obediente, cuidar da minha fé em Deus e
buscar ser uma pessoa fiel à Ele

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15 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Aos seis anos vim morar no Rio de Janeiro, pois meu pai juntamente
com a tropa toda, vieram buscar uma vida melhor e digna. Coisa que
aconteceu com muita luta e trabalho, pois chegando no Rio, meu pai
foi trabalhar como feirante nas feiras de bairros do Rio onde
envolveu meus irmãos nessa atividade
Eu adorava ir à feira ajudar aos fins de semana e também ir ao Ceasa
(lugar onde os feirantes compravam seus produtos para
revenderem nas feiras). Sempre gostei de ajudar meu pai e irmãos
nos afazeres da feira, pois me sentia útil e feliz em estar com eles
Numa dessas idas ao Ceasa, meu irmão Paulo me pediu para
esperar ele enquanto ia fazer alguma coisa, e ali fiquei, olhando o
movimento frenético dos carregadores, caminhões, gritarias dos
vendedores e pessoas correndo pra lá e pra cá, quando de repente,
um desses carrinhos de puxar à mão, carregado com caixas de limão
exageradamente, não suportou o peso da carga e desprendeu uma
de suas das rodas. Todo o carregamento veio abaixo caindo tudo
para o lado onde eu estava. O acidente foi tão grave que uma das
pontas das caixas de limão pegou a minha boca arrancando 4 dentes
imediatamente com o choque
Ainda meio sem saber o que tinha acontecido, e com muitas dores,
acordei deitado no chão com várias pessoas em cima de mim,
procurando saber quem eu era, o que eu fazia ali e quem estava
comigo. Me lembro de dizer que estava com meu irmão e logo eles
saíram procurando Paulo. Fui levado para o hospital onde fizeram o
reimplante dos mesmos dentes que caíram
Esse episódio me trouxe traumas, não de dor física, mas
de bulling pelos meus colegas de escola e até família, pois além de
eu usar óculos por conta do estrabismo que tinha, agora eu tinha os
dentes que foram reimplantados de qualquer forma, tortos e que
me deixavam com a boca deformada e dicção comprometida
Nessa época (1984), não se falava de bulling e praticamente toda e
qualquer brincadeira de mal gosto era bem vinda, ou se faziam vista
grossa. Tínhamos de suportar os maiorais e sabichões que nos

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16 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

oprimiam, enquanto uma outra turma ria e concordavam com esses


caras que possivelmente, não faziam ideia do mal que causavam.
Divertido? Por hora sim, mas sempre por parte do abusador,
deixando o abusado sempre abaixo da linha do respeito
Além de sofrer no mundo externo, na minha casa, tinha minha irmã
caçula Camila que também se aproveitou dos meus defeitos físicos
para tirar uma casquinha dessa zoação
A falta de atenção dos meus pais e meus irmãos mais velhos quanto
à essa questão era praticamente total. Me sentia exposto e o “feio”,
pois era tratado como o “vesgo banguelo” durante alguns anos da
minha vida
Numa ocasião do casamento de um irmão meu, que me pediram
para eu tirar os óculos para uma foto (os óculos corrigiam o
estrabismo) e ao tirar, todos gritaram e riram: “NOSSA ELE É
VESGO!!!” Esse episódio me trouxe tanta revolta e vergonha de
mim, que no mesmo dia me vinguei ficando com quase 100% do
dinheiro que arrecadaram dos pedaços da gravata do noivo.
Após essa foto, eu desapareci de cena, ficando chorando por alguns
minutos num canto de um quarto escuro, onde ali não fui visto por
ninguém além de Deus. E um detalhe importante mencionar aqui, o
dia desse casamento também foi o dia do meu aniversário, foi o
único dia em que não recebi os parabéns de ninguém em toda a
minha vida, pois todos nesse dia estavam ocupados e concentrados
no casamento do meu irmão
Foi um dia estranho e que infelizmente carrego comigo como um
dia triste e solitário, pois a falta de atenção das pessoas que me
amavam foi maior do que talvez qualquer outro dia da minha vida,
“até então”
Esses episódios e sentimentos que eu tinha, foram fatores
importantes para somatizar e trazer para anos mais tarde em minha
vida

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17 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Minha mãe me levava para o “Grupo de Oração”, onde senhoras


ficavam ajoelhadas por 2 a 3 longas horas, e que para mim parecia
que estava ajoelhado a anos, pois não podia me levantar e sentar
um pouco, tinha que acompanhar as orações de joelhos, enquanto
era vigiado pela minha mãe que em vez em quando dizia: “Você não
está orando, volte já”. Daí eu voltava a orar, uma oração decorada,
que por anos eu repeti e por causa dessa repetição, sei ela até hoje
Minha mãe me colocava para ler a bíblia e pedia para eu decorar
alguns versículos, dizia que era importante eu ter alguns versículos
decorados pois podia precisar recitá-los em algum momento de
apuro
Todos os dias, fazíamos o “Culto Doméstico” onde liamos a Bíblia, a
lição da Escola Dominical, as vezes algum louvor da Harpa Cristã e
sempre fechava com uma oração feita pelo meu pai, ou pela minha
mãe e raramente por algum dos meus irmãos
Via que tudo aquilo era decorado, as orações, a leitura da escola
dominical, e que parece que estávamos cumprindo um ritual em que
se não fizéssemos, o nosso dia seria de alguma forma amaldiçoado.
Pra mim, era essa sensação que eu tinha e mediante essas
informações que se implantavam na minha cabeça, achava que
Deus estava sempre de olho em mim e que me vigiava 24 horas por
dia, então eu precisava andar na linha ou estava enrascado com Ele
Um outro episódio que posso falar aqui, é que não podíamos ter
televisão na nossa casa, então toda a informação que tínhamos de
notícia e entretenimento que a TV trazia era feita pelo rádio. Tudo
por conta da religiosidade, pois “ter televisão era pecado”. Então,
essa ideia/desculpa foi usada por anos. Passei minha infância sem
saber o que era desenho animado, a não ser quando ia na casa de
alguém que tinha a TV. Às vezes, queria ir na casa dessas pessoas
apenas pra assistir um pouco os desenhos e programas infantis, pelo
contrário, tinha que me contentar com o rádio mesmo
Havia um programa que eu ouvia escondido dos meus pais
chamado “Maré Mansa”. Era o tipo de programa que trazia piadas e

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18 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

que ia ao ar apenas de segunda feira a noite, e que eu esperava


ansioso
Meu pai sempre foi muito envolvido com a igreja e sempre fez um
papel muito amoroso de aconselhar as pessoas e ajuda-las na sua
caminhada de fé e vida pessoal
Ele foi convidado para pastorear uma pequena igreja num bairro
vizinho ao nosso, e junto com ele foi a nossa família toda,
praticamente enchendo o salão da igreja. Quando chegamos nessa
igreja, percebemos que era uma igreja que tinha passado por um
descuido do último dirigente de lá. O salão era mal cuidado e
pingava água na cabeça das pessoas quando chovia, os bancos e
espaço físico estavam bem descuidados. Meu pai logo se
encarregou de cuidar de tudo isso, e logo a igreja estava parecendo
um “brinco de princesa”. Ele chamou naquela época um músico que
viria ser um divisor de águas pra mim (sem eu saber). Desde
pequeno, meus ouvidos sempre foram muito bem apurados e
percebia os sons com muita facilidade. Como meus irmãos tocavam
violão, logo eu aprendi por conta própria os acordes, além da flauta
doce que aprendi rapidamente a tocar várias melodias
Quando criança, eu dizia a todos que queria ser piloto de avião ou
músico. O destino se encarregou de confirmar a música em minha
vida. O gosto por voar e pelo avião continuam aqui, mas não mais
como profissão, e sim como admirador dessas máquinas
O Ismael foi um músico que entrou pra amizade da família e que
colaborou muito conosco naquela época. Ele já trabalhava em
gravadoras e produzia alguns artistas da época, coisa que era raro
em nosso meio, um contato assim. Logo eu me dediquei a ficar
grudado ao Ismael em todos os cultos, olhando seus dedos e como
ele encaixava cada acorde nos teclados
Em um domingo a tarde de ensaio do grupo de louvor, pedi pro
Ismael deixar eu tocar no seu teclado no intervalo do ensaio e pra
surpresa de todos, ele fez uma declaração que se cumpriria
futuramente: “Esse menino tem futuro”. Ouvir isso do Ismael pra

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19 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

mim foi sensacional, primeiro porque ele era autoridade no assunto,


segundo que era um sonho meu que estava guardado e que até
então, ninguém sabia muito a respeito
Passado algum tempo depois, ele me emprestou o teclado para
ficar uma semana comigo, e quase pirei, pois não queria ir pra
escola, não queria almoçar. Naqueles dias a única coisa que me fazia
valer a pena viver era estar na frente do teclado, sem exageros.
Quase queimei a fonte do instrumento por excesso do tempo de uso
Quando devolvi o teclado, já sabia todos os acordes maiores e
menores. Sabia as levadas rítmicas e dedilhados. E estava pronto
pra tocar na igreja, mas aí veio a notícia de que meu pai deixaria
aquela igreja. Não me entristeci, pelo contrário, passei a me dedicar
a estudar mais ainda, ao voltarmos pra igreja que já frequentava
antes. La tinha um maestro e uma banda de instrumentos de sopro
e que davam aulas de música para os interessados
Logo entrei para a classe de alunos iniciantes junto com pelo menos
mais uns 30 alunos, membros da igreja, e que no final de um ano, só
sobrou eu de aluno. As aulas eram aos sábados das 16h as 18h e logo
a galera deixaria seus sábados livres pra fazer o que bem entendiam,
ao invés de fazerem música.
O Maestro logo se chateou com essas desistências, mas antes de
me abandonar, deixou uma tutora responsável por continuar a me
dar as aulas. Essa professora me tratou com tanto carinho e respeito
que tenho tanto amor por ela que possivelmente ela não faz ideia
disso. Como o esforço e colaboração dela me ajudaram e me
transformou no profissional que sou hoje
Só tenho a agradecer a Deus por essa professora, pois as horas de
aulas dedicadas aos sábados à tarde apenas para um garoto tímido
e que mal se comunicava (esse era eu) foram muito importantes pra
os meus próximos 40... 50.... 60 .... 70.... 80..... 90..... anos de vida (ao
escrever esse livro tenho exatos 44)

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20 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Essa época eu tinha 11 anos e não pude concluir as últimas lições que
a professora tinha proposto me dar por conta de ter que ajudar meu
pai aos finais de semana na construção da nossa primeira casa
própria no Rio. Lembro-me que íamos e voltávamos a pé para essa
construção que ficava à mais de 8km, e quando estávamos muito
cansados, pegávamos um ônibus que demorava séculos pra chegar.
As vezes com as ferramentas de trabalho de construção em mãos
Esses anos foram bem difíceis, porque logo que a casa ficou em
ponto de podermos entrar pra dentro (sem terminar os
acabamentos) nos mudamos e mais uma vez meu sonho de tocar
na banda da igreja foi frustrado. Toquei por um período de 3 meses
e todos adoravam, pois a minha dedicação era tamanha que eu era
praticamente o Spalla (músico que substitui o maestro em muitas
ocasiões e preparos de uma orquestra) da banda marcial. Em um
desses ensaios, recebi um elogio do maestro pela minha disciplina e
velocidade que tinha aprendido a tocar quase todos os instrumentos
de sopro, e que não era comum para a idade de um menino de 11/12
anos. Estava feliz por ver que a música era uma ferramenta
poderosa em minhas mãos
Quando nos mudamos para essa casa, eu tinha 12 anos e não tinha
noção do que essa mudança iria causar em minha vida. Mas antes
de falar dessa mudança, quero dizer que logo que chegamos, fomos
ao culto da igreja e o louvor era precário, não tinha músicos bons,
era tudo muito amador e relaxado. Meu irmão Paulo era um dos
músicos que se esforçava e quando me viu sentado no
banco, me chamou pra assumir o contrabaixo. Eu que nunca tinha
pego um contrabaixo em minha vida, estava com ele nas minhas
mãos e em 5 minutos o culto iria começar. Pra minha surpresa e do
meu irmão que possivelmente estava ciente do que estava fazendo,
esses 5 minutos foram o suficiente para eu saber onde estavam as
notas, saber que a afinação era a mesma do violão (já que tinha um
em casa e eu tocava ele) e conhecer a escala
Desse dia em diante passei a integrar a equipe de louvor dessa nova
igreja, e tocava de tudo, guitarra, baixo e violão (acredite, não podia

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21 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

ter bateria porque na visão do ministério e lideres dessa


denominação, a bateria era um “instrumento mundano” – não sei o
que é isso até hoje)
Minha vida secular era bem ao contrário do que todos viam, ou que
pelo menos eu mostrava ser. Eu era um pouco rebelde e começava
a ter amizades na escola que me dava um certo “poder”, pois
comecei a ter uma postura de me impor para as coisas. O fato de eu
ser tímido me incomodava e me lembro do dia em que tive a
coragem de mandar um bilhete para uma menina de outra sala, sem
nunca ter conversado com ela, e pra resumir aqui o mico, ela jogou
o bilhete na minha cara na saída da escola e na frente de todos os
meus amigos
Esse episódio, pelo contrário do que a maioria pode imaginar do que
senti, me deu empoderamento, pois a partir dali, passei a me impor
e saber os potenciais que tinha como garoto (agora já com 14 anos)
Todos falavam da Martha, uma aluna linda da nossa classe e que
todos os meninos admiravam como a menina mais bela da sala, e
talvez até da escola, pois ela era elogiada por todos. Um dia, eu
deixei escapar em voz alta na sala, naqueles momentos em que
todos se calam e sobra a sua fala: “Eu não acho a Martha tão bonita
assim”. Já era, tinha falado, e não iria voltar atrás. Ela me olhou e a
minha reação foi levantar os ombros no sinal de: “conforme-se, essa
é minha opinião”
Inconformada, ela passou a me seguir e forçou uma amizade
comigo apenas para no final rolar uns beijos. Pronto, ela estava feliz
em saber que o único cara que não a achava bonita já tinha voltado
atrás e a beijado. Ela mesmo se encarregou de falar para todos da
sala que tinha rolado os tais beijos e logo meus amigos passaram a
me admirar questionando-me sobre o que eu tinha feito para ter
ficado com Martha. Esse episódio me trouxe muitas informações
precoces sobre as meninas/mulheres, além de um certo
empoderamento masculino que passou a fazer parte da minha vida

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22 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

No ano seguinte passei a estudar a noite em outra escola, pois havia


arrumado um emprego formal como Office-boy, e lembro de ter
voltado um dia na escola que deixei meus amigos no ano anterior e
quando todos me viram, logo correram pra vir falar comigo. Todos
me olhavam e me ouviam com as mãos no queixo, como se estivem
ouvindo um guru. Eu estava ciente que minha postura e jeito de falar
eram armas poderosas pra manipular o que eu queria (tendo as
informações formatadas em minha cabeça citadas acima). Apenas
um olhar as vezes já me davam todos os poderes que precisava para
ter o que eu queria. Nesse mesmo dia, a tal menina que jogara o
bilhete em minha cara na saída da escola, me convidou para
sairmos, e fui enfático em dar o troco engasgado: “Não tenho
interesse”. Coisas de adolescente
Nessa mesma época, estava já a pleno vapor nas atividades
musicais. Tinha recebido um convite para trabalhar como freelancer
numa gravadora de uma grande igreja, que me traria mais
experiencias musicais. Participei de alguns discos e gravei vários
cantores de nomes pequenos e que me trouxeram uma bagagem
musical impagável. Não aprenderia em escola de música ou
conservatório nenhum aquilo que estava praticando no meu dia-a-
dia
As compras dos meus primeiros equipamentos foram
bem complicado, pois o salário que recebia no emprego como
Office-Boy era muito pouco e equipamentos de áudio são muito
caros
Gravei um disco inteiro apenas usando fitas cassete em um 3 em 1
(som que tinha toca disco, AM/FM e toca fitas duplo-deck). Era
precário, mas tudo aquilo teria um valor inimaginável pro meu
futuro e eu nem sabia disso, até porque mesmo com a música sendo
muito presente em minha vida, eu ainda achava que seria piloto de
avião, por isso, não olhava com tanta fé pra musica
Lembro-me de sair de um culto muito especial com um final de
semana agitado na igreja (quando a igreja/templo fazia aniversário

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23 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

da sua inauguração, ficávamos um final de semana em festa, com


cultos e convidados especiais). E minha irmã Camila juntamente
com a minha mãe cochicharam: “ela está de olho nele” (referindo-
se a mim), pra me provocar uma reação de curiosidade. Não liguei e
fui dormir. Na verdade, nada estava me fazendo tão bem quanto a
música e não tinha interesse em gastar minhas energias naquilo que
não era atraído pelos meus próprios olhos

Porém, os comentários começaram a aumentar e logo percebi de


quem era a pessoa que todos estavam falando. Olha como ela olha
pra você, ela é uma bela menina, o que você acha? Minha mãe era a
principal incentivadora, e que logo se colocou à disposição daquela
garota que tinha uma mistura de inocência, ingenuidade e segredos.
Bom, segredos pra mim sempre foram uma coisa instigante e
logo comecei a despertar um interesse em me aproximar
Ela sempre esteve ali, sentada no banco dos adolescentes/jovens,
mas somente agora eu à via com outros olhos. Somente agora eu
tive um olhar pra essa menina que estava ficando cada vez mais na
minha cabeça. Estranho, logo eu que não estava a fim de nada, a
não ser a música. Estava com minha cabeça fixada numa pessoa,
uma menina, que quando me olhava, devorava meus pensamentos
e quase levava meu folego. Comecei a me aproximar aos poucos.
Sim, tomei coragem a dar um passo para a pessoa que mudaria o
destino da minha vida e história. Seu nome: Cristina. Opa, mas
como assim? A Cristina? Você é doido? Terá coragem de enfrentar
a fera que vem na frente dela? Como assim?
O tempo se encarregou de mostrar pra mim, mesmo eu não
querendo olhar, quem eram essas feras que vinham no combo

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24 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

4. Caminhando para um lugar bem longe de


mim

Já se passara 3 meses desde o dia em que tomei a decisão de falar


com Cristina, e começar um jogo adolescente de olhares, quando
vindo de um culto de uma igreja que fomos visitar a tarde, eu a pedi
em namoro. Embora ambos (era nítido) já estavam apaixonados, ela
ainda resolveu dizer que ia pensar e que iria me responder em uma
semana. Dizia precisar de um tempo pra pensar. “Ok, eu topo” –
disse para ela
E assim foi, na semana seguinte, eu tinha certeza absoluta que a
resposta era sim (sem ego inflado), e fomos para mais um culto,
dessa vez com a companhia do pai dela que dirigia a sua Kombi e
que de vez em quando, olhava para o espelho retrovisor para “vigiar”
a filha. É claro que ele tem razão (pensei eu), sem saber que esse
controle era algo que mudaria (possivelmente) a personalidade de
Cristina e rumo das coisas. Digo isso com um sentimento de
indignação, pois os anos que se passaram foram mostrando o que
um pai rígido e religioso era capaz de fazer (Cristina tinha 2 irmãs e
um irmão, sendo ela a segunda filha dos 4)
Não quero estender essa parte da minha vida, mas preciso pontuar
alguns acontecimentos aqui
Quando eu e Cristina começamos a namorar, eu tinha 17 anos e ela
14, a diferença de nossas idades eram de 3 anos e meio
Nossos pais eram muito amigos. Meu pai ia praticamente quase
todos os dias na venda do pai da Cristina para umas prosas (ele
possuía uma espécie de mercadinho, daqueles que tem um pouco
de tudo). Eles eram muitos amigos, porém com personalidades bem
opostas

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25 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Nossas mães eram mais parecidas, elas foram líderes do grupo de


oração na igreja que frequentava. Mas mantinham menos contato,
a não ser o compromisso religioso
Quando decidimos namorar e assumir publicamente, não
houveram oposições dos pais da Cristina e muito menos da minha
família, porém, por conta do controle visível do pai dela, eu
mantinha uma certa distância saudável, sempre que possível, pois o
medo de Cristina era visível quando ele estava por perto
Isso fez com que logo começassem nossos encontros às escondidas,
não por querer fazer algo errado, mas simplesmente para estarmos
longe do olhar julgador e controlador dele, e de alguma forma,
deixar Cristina menos tensa
A falta de contato mais humano e a intimidação dele, fez com que a
distância aumentasse e mal pude conhecer Cristina no seu dia-a-
dia, pois não haviam contatos mais íntimos. Um almoço em família,
um passeio de mãos dadas, nada disso era permitido ou viável pra
nós, tudo tinha que ser sobre o olhar dele. As únicas vezes que nos
encontrávamos eram nos cultos, saídas com o grupo de jovens nos
evangelismos que fazíamos, ensaios ou as escondidas (quando ela
faltava na sua escola as escondidas do pai)
Ele era o líder da Escola Bíblica Dominical, e tinha um bom discurso,
porem a prática em casa era oposta
Foram muitas as vezes que soube que Cristina e sua irmã não iriam
ao culto, pois ambas estavam “roxas” de surras dadas pelo pai. A
violência era constante. Cristina nunca se abriu comigo sobre esse
assunto e procurei respeitar, pois deveria ser dolorido pra ela ter que
falar isso do próprio pai
Terminamos algumas vezes, por conta dessa falta de contato. Eu
me sentia um pouco prezo para seguir um namoro tão controlado
pelo pai dela. Acabei conhecendo outras garotas que tinham uma
liberdade muito maior que Cristina, mas no final, meu coração

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26 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

apontava para ela, eu não tinha dúvida que um dia estaríamos


casados, e o tempo se encarregou de provar
Passaram-se 3 anos, eu com 21 anos e Cristina com 18, após muitas
idas e vindas minha e de Cristina, mais por conta do pai do que
necessariamente por nossa. Pois ele começou a grosseiramente
causar desconfortos e constrangimentos que me fizeram ficar
afastado de sua casa. Porém, sempre que possível, dávamos um
jeito de nos ver.
Numa noite de sexta feira, eu e Cristina resolvemos nos encontrar
em algum Shopping da cidade (as escondidas mais uma vez) após
já estarmos acostumados a driblar com facilidade o controle do pai
dela. Já de volta e estacionando o carro na garagem (morávamos
próximos) e dali ela iria a pé pra sua casa, sem eu é claro, para não
dar a cara a tapa. Quando eu recebi um BIP da minha irmã com a
mensagem: “corra pra cá com Cristina que o pai dela já está
sabendo que ela está com você e está muito bravo”
Não sabia como e nem me interessava saber como ele soube, mas
resolvi ligar o carro e leva-la até sua casa, não suportaria mais uma
surra que Cristina levaria por seu pai, quando antes mesmo de eu
frear o carro na calçada da sua casa, ele abriu a porta do meu carro
e arrancou Cristina de dentro. Eu também desci e era nítido o olhar
desesperador de Cristina, e dessa vez seria mais humilhante ainda,
pois eu estava em sua frente vendo aqueles abusos, ela se sentiu
humilhada e exposta
Eu o enfrentei dizendo para ele que se ele “encostasse a mão nela”
chamaria a polícia. Estava disposto a enfrentar, e ele “pareceu”
também estar, não dando ouvidos, começou o espancamento já
dentro de sua casa. Não pude entrar na casa para tentar defende-la,
pois ele havia trancado o portão, e com isso não pensei 2 vezes,
acionei a polícia e gritei alto pra ele ouvir: “chamei a polícia pra você”
e corri pra minha casa para pedir um apoio dos meus pais
Quando voltei (sem meus pais, pois se sentiram mal com a situação)
ele já não estava em casa e saiu para se esconder na casa de um

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27 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

amigo enquanto a polícia já na porta da casa dele, fazia um


interrogatório para mim, Cristina e sua mãe, que se manteve ali
também acuada e desesperada por tudo que estava acontecendo
Ninguém antes tinha interferido dessa forma. Talvez isso o
motivava a manter sua tradição violenta de tratar as pessoas, pois a
grosseria não acontecia só com Cristina e sua família. As vezes ele
extrapolava com alguém de fora também
Enquanto a polícia terminava o interrogatório e se organizava já
para ir embora com minha queixa, fiz uma proposta para Cristina
que mudaria o rumo das nossas vidas daquele dia em diante: “ou
casamos ou nunca mais nos vemos, não quero que você passe por
isso nunca mais”
E a resposta dela foi imediata: “vamos nos casar”
E aí pra resumir a história, 45 dias depois, estávamos na frente do
juiz, casando
Eu tinha um bom emprego e umas reservas, e pude alugar uma casa
(que era da minha irmã Irene) e mobiliar por completo, mesmo que
nas pressas
Nosso casamento foi simples, apenas no cartório, onde
compareceram meus pais, a mãe da Cristina e sua irmã mais nova,
duas irmãs minha e seus esposos (como testemunhas), o Juiz e o
escrivão
Cristina não quis avisar nem ao pai sobre o dia do casamento. Ela
não avisaria por dois motivos: estava extremamente magoada e não
queria estragar o dia, caso ele resolvesse fazer algo
Um detalhe de absoluta importância: Cristina casava-se grávida, e
descobriu isso poucos dias antes do casamento
Não avisamos ninguém desse fato e infelizmente narrarei agora o
fato mais triste da minha vida, pois ela decidiu abortar, não mais
pelo medo do seu pai, mas muito possível, para manter a aparência

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28 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

religiosa que fomos condicionados a nos aparecer, pelo menos eu


pensava isso. Falo isso com indignação profunda
Infelizmente, financiei o aborto, pois não era barato. E o preço viria,
ah sim, ele viria. Não tínhamos ideia que ele viria, mas veio, e com
ele um gosto de infelicidade e desamor
Lembro-me e estar na recepção da clínica, aguardando o
procedimento, quando lá vem Cristina no corredor, sendo
amparada pela enfermeira. O aborto é um ato violento não só para
o feto, mas para a mulher que o faz, pois é arrancado de si um ser
vivo que tem suas ligações desligadas ao corpo da mulher. Um ato
tão violento quanto arrancar os membros superiores e inferiores de
uma pessoa, tudo ao mesmo tempo. Ou algo ainda mais violento.
Dá pra ter uma ideia? Não, não dá
Não existem sobreviventes para relatar a ideia da dor, por isso,
quero aqui encerrar este capitulo, implorando o perdão de Deus, por
financiar tal ato e permitir que meu orgulho e descaso com o
próximo (esse ser celestial que apenas queria ser minha filha)
chegasse a ser colocado em prática
Se existe algo em minha vida que pudesse corrigir seria este fato.
Infelizmente não há o que fazer, apenas seguir a vida com essa
marca amarga e dolorosa que eu tenho que lembrar e saber que
mesmo assim, Deus me ama e que sou um filho amado Dele e que
para Ele, esse ser voltou sem nenhuma chance de defesa, não pode
ao menos chorar, de mãos atadas, voltou para os céus, onde foi
recebida com as maiores honrarias que um ser celestial possa ter
Perdão Senhor, perdão aos meus filhos aqui hoje comigo, perdão a
minha família, perdão por Cristina, que de alguma forma não pude
convence-la a não fazer esse ato ou ter o entendimento necessário
para não o fazer. Perdão a esse ser celestial que a mim foi me dado
a honra de ser pai, porem eu não tive a capacidade de enfrentar meu
orgulho e cegueira religiosa

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29 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

5. Juntos, mas felizes?

Após o casamento, fomos para nossa “lua de mel” de uma semana,


passeando pelo litoral carioca e algumas cidades do interior, sem
nada programado, pois não houve tempo para tal. Mas estávamos
aliviados e sabíamos que agora poderíamos seguir sem se esconder
de ninguém ou ter que prestar contas para alguém
Cristina, gravida, passou mal toda a viagem e assim que voltamos
fomos praticar o ato relatado no final do último capítulo
Eu trabalhava em uma empresa que me pagava um bom salário e
Cristina estava desempregada. Eu podia manter as despesas
apenas com o meu salário, e deixei Cristina a vontade de procurar
um emprego no ano seguinte (era novembro e não havia
necessidade ao nosso ver de uma correria). Aliás, ela precisava
terminar o ensino médio, pra se ter uma ideia de como éramos
novos. Pois ela estava em seu último ano escolar
Cristina terminou os estudos no mês seguinte e agora estava
totalmente livre para nossa vida conjugal (pensava eu) e logo passei
a me dedicar a nossas vidas e rotina. Chegava em casa do trabalho,
e lá estava Cristina me esperando, assistindo seus filmes prediletos
que ela alugava numa locadora do bairro, sentada no sofá e eu aqui
em pé na sua frente querendo ser recebido como uma esposa
recebe o marido quando chega do trabalho e, para minha surpresa
e frustação, Cristina nem tirava os olhos da TV
Ok, pensava eu, ela está tão à vontade que está vivendo livre agora
para ser ela. “Haverão dias que ela vai cair de queixo por mim” e
assim começou sutilmente a minha saga de co-
dependência emocional (sem fazer ideia na época o que era isso)
Mas os dias foram se passando e Cristina cada vez mais grudada no
sofá e em seus interesses. Eu chegava do meu trabalho e nada, havia
sim uma janta, mas ela já havia jantado e nem me esperado. Haviam

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30 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

noites maravilhosas, mas sempre preparadas por mim. Faz isso, faz
aquilo, sempre um pedido meu, quase uma solicitação burocrática,
e quase nenhum movimento espontâneo dela
Meus ombros deram uma pequena abaixada, um sentimento de
“será que fiz a coisa certa? Mas vamos lá, afinal, foi eu quem a tirei
de sua casa (ou ela foi “expulsa” pelo pai e veio parar aqui na minha
casa?)”. De alguma forma, éramos novos e pensava comigo “haverá
esse dia, será uma questão de tempo e ela irá se acostumar e me dar
o carinho e amor que mereço”
Mas os dias se passavam e os movimentos dela eram os mesmos
Comecei a entrar numa paranoia de querer ser notado, até ter a
patética ideia de começar a provocar umas “faltas de ar” como se
estivesse passando mal mesmo. Tenho vergonha de lembrar desses
dias, pois nem eu e muito menos Cristina entendera o que foi aquilo.
Mesmo assim, Cristina não me via com um olhar de carinho e a
demonstração de amor dela não era a que eu pensava que iria
receber de uma mulher que se dizia ser minha esposa
Ela não me amava? Não era amor? Era carência? Essas perguntas
sempre me incomodavam, eu queria uma resposta para tudo aquilo
Sempre falei pra ela que aprendemos a nos amar no decorrer dos
anos que se passariam, porem começamos um casamento com o
“pé esquerdo” (?) e não houveram interferência de ninguém para
nos orientar e muito menos fomos procurar ajuda
Naquela época (1997/1998), procurar um psicólogo ou
uma terapia de casal era quase nula. Primeiro porque não se falava
muito disso em nossas casas e segundo que nossos orgulhos e
religiosidades em que fomos condicionados não nos permitiram
abrir os nossos olhos para tal
Hoje penso o quanto teríamos poupados nossas vidas, dores e
sofrimentos se tivéssemos ao menos as informações que temos
hoje. Estou falando da internet, dos livros e todo o tipo de

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31 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

informação e material que nos é dado de graça hoje e que naquela


época, era caro e raro
No ano seguinte, tive a ideia de montarmos um negócio próprio, e
fomos procurar algo e logo optamos por assumir uma loja de
cosméticos do bairro vizinho que morávamos
E já vou confessar o meu pecado aqui: A compra desse negócio não
tinham a ver com a preocupação de futuro profissional, e sim, com
a minha co-dependência de estar próximo de Cristina
Havia algo errado em mim, uma falta de mim mesmo, uma carência
afetiva, uma necessidade de aprovação social, mas que eu achava
que era o outro que iria suprir
Quando não enxergamos isso como problemas nossos, temos a
tendência rápida de acharmos um culpado e é claro que eu iria
culpar Cristina, era cômodo e fácil, e logo passei a “cobrar” dela as
minhas carências
Aqui quero fazer uma observação importante e talvez sensata
Seria muito fácil julgar minhas carências e emoções negativas,
porem quando você se casa ou namora alguém que você realmente
gosta, é muito claro que você esperará algo de volta. Um afeto, um
cuidado, um carinho e um movimento no mínimo, é esperado do
outro quando se dá amor
O que não pode haver é uma comparação de quantidade. Eu dou
tanto e preciso receber tanto. Não, isso é mesquinho e barganha
Falo de você se sentir valorizado pelo aquilo que você representa
para o outro, com movimentos voluntários de ambos e sem a tal
barganha. Se não for assim, tudo que fizermos virará moeda de
troca, cobranças e abusos das partes ou da parte que pensa assim e
esse relacionamento estará fadado ao fracasso se eu não identificar
e procurar resolver definitivamente
Seguindo minha vida nessas condições, comecei a desenvolver,
mesmo que sutilmente, uma necessidade leve de ser notado,

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32 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

esperava uma reciprocidade. Ora, é saudável esperarmos algo bom


de quem estamos amando, e extremamente amargo o fato de não
haver, os danos podem levar a destinos horríveis e obscuros
Logo que assumimos a loja, percebi que o negócio não era tão
lucrativo assim como prometeram os antigos sócios e logo vieram
algumas dificuldades financeiras. E pra piorar, o bairro onde a loja
atendia, era uma periferia e infelizmente fomos assaltados a mão
armada algumas vezes
Começamos a diminuir nosso ritmo de gastos e não sobrava mais
nada a não ser o dinheiro pra se manter e pagar as contas, mas
mesmo assim, me sentia feliz e ainda esperançoso de melhores dias
A casa onde morávamos era alugada e a proprietária era minha
irmã. E com a chegada das dívidas e os negócios indo mal,
infelizmente fomos convidados a sair do imóvel após 3 meses de
atraso. Orientados pela imobiliária responsável a sair, pois
infelizmente minha irmã não quis negociação com os atrasos e
pediu a imobiliária que emitisse um aviso de despejo. Penso que isso
não seria necessário, mas não quis prolongar o assunto, já que
estava bem chateado com a decisão dela, tratei de entregar o
imóvel e procurar um outro que coubesse a loja e a nossa moradia,
e não foi difícil achar. Nos mudamos em condições bem precárias,
pois não havia dinheiro nem pra fazer a mudança, e um vizinho me
ajudou na mudança um dia e no outro dia fiz a mudança da loja que
ficava na mesma praça do imóvel (loja) anterior
Essa época foi a mais profunda em dividas que já passamos, isso
gerou uma certa união em mim e na Cristina, onde juntamos nossas
forças e concentramos nosso suor e trabalho pra quitar a todos com
dignidade e sair dessa situação
Nessa época, minha carreira musical estava deixada de lado, apenas
tocava em uma banda gospel que não fez muito sucesso, e logo
tratei de sair. Estávamos afastados da igreja e senti vontade de
voltar e procuramos uma igreja no bairro que me chamava a
atenção e ali ficamos por algum tempo

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33 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Assim que cheguei na igreja, já assumi o louvor, mas muito tímido,


não queria me envolver muito, mas não tinha jeito, o pessoal
acabava me levando na conversa e eu permitia e lá ia eu
Uma certa vez, um cliente da loja me ouviu tocando o teclado (pois
morávamos em cima da loja) e ele era um musico que atuava nas
noites sertaneja carioca e logo fizemos amizades. Ele me pediu para
dar umas aulas pra ele do instrumento, e para minha surpresa,
comecei a aumentar a turma de alunos, e logo já estava sendo uma
forma de melhorar nosso salário, já que a loja não ia tão bem
Comecei a me envolver com as bandas e duplas sertanejas da região
e a tocar em alguns lugares na cidade (por indicação desse meu
aluno) e logo percebi que poderia estar no caminho certo
Minha prospecção musical em 1999 tomou outro rumo e nos anos
de 2000 estava eu já regendo 5 corais de escolas da região, após
muitos estudos com amigos regentes e maestros que conheci
Ainda em 1999 descobrimos a gravides do Felipe e ficamos muito
empolgados, porem a partir da gravidez dela, resolvemos mudar
mais uma vez de ponto e irmos para um ponto melhor e maior, para
tentar alavancar a loja
Nos mudamos para a casa de meus pais e ficamos ali por um ano.
Meu filho Felipe nasceu, me trazendo um acalanto e um respirar
momentâneo e diferente no relacionamento naquela época
Vendemos a loja com algumas dividas. Cristina não ia muito na loja,
e eu estava disposto a me desfazer do negócio e começar do zero,
embora eu já estava me dedicando à regência de corais e a cada dia
que se passava, ganhava mais experiencias e só crescia como
musico profissional
Nos mudamos de novo para num bairro extremamente distante de
todos, na periferia de Belford Roxo. Agora Cristina já trabalhando
como vendedora de loja de vestuário e eu como musico e produtor
musical, trabalhando em alguns estúdios que me chamavam para
gravar. Estávamos nos recuperando financeiramente. Essa época

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34 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

foi barra pesada em questão de dificuldades financeiras, pois além


das dívidas que ficaram da loja, eu estava começando minha
carreira musical e Cristina num novo emprego, além do Felipe que
agora com um ano, precisava de nossos cuidados, mas estávamos
felizes, mesmo com as dificuldades financeiras, estávamos vendo
pela primeira vez um crescimento e com a expectativa mais positiva
A loja havia deixado uma marca e trauma em nós. Os assaltos que
sofremos foram violentos e por conta disso não queríamos voltar
tão cedo pra um negócio próprio
Mas e meu coração? Como estava se saindo como marido? Como
eu administrava a casa, família e casamento? Na verdade, nada
mudara nessa área. Cristina não era acostumada a dar carinhos e
atenção como eu esperava, até porque sua criação parecia ter sido
assim, e ao perceber isso, comecei a me adaptar e a aceitar as
condições quando assumi ser seu marido, mas ainda no fundo do
meu coração, esperava uma mudança da parte dela, e sempre
que possível, mas sempre mesmo, pontuava pra ela, e isso a deixava
muito irritada a ponto de me chamar de “o eterno insatisfeito”. De
alguma forma Cristina se esforçava sim para me dar o que eu queria,
ela só não se esforçava para saber “exatamente” o que eu queria ou
talvez nunca olhou pra isso como um problema. Com isso, meu
coração a cada dia que passava se entristecia e eu entrava numa
angustia profunda de querer ser visto e aprovado
Um dia falei pra ela: “haverá um dia em que eu não te cobrarei mais
nada, possivelmente esse dia eu não te amarei mais”. Palavras
fortes e que o tempo se encarregou de provar
Antes de nos mudar para esse apartamento distante, ainda na casa
do meus pais, fui procurar a igreja da mesma denominação que
íamos e logo achei, após um amigo me indicar um endereço.
Chegando lá, fomos muito bem recebidos, e novamente eu me
envolvi como musico, assumindo o louvor instrumental e regendo a
banda de louvor. Mas foi apenas por um ano. Logo veio a mudança

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35 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

pra esse bairro mais longe e não pudemos manter o compromisso


de irmos para essa igreja
Após estarmos já a seis meses nesse apartamento, as dívidas da loja
acabaram por total, e vieram mais convites para reger mais corais e
Cristina indo bem nas vendas da loja onde trabalhava
A convite do pastor da igreja que tínhamos deixado, voltamos para
o bairro onde sempre moramos e daí em diante a coisa só melhorou
em termos profissionais. Foram épocas de crescimento e
aprendizado
Eu estava a todo o vapor regendo os corais, ganhando um salário
razoavelmente bom para um musico iniciante e regente como eu.
Além de estar bem envolvido com o ministério de louvor da igreja,
Deus estava me abençoando e sentia a sua mão comigo, mesmo eu
em casa sofrendo as consequências de um marido amargurado e
infeliz. Não sentia reciprocidade por parte de Cristina, era algo frio
e distante por parte dela e por algumas vezes achava realmente que
ela não me amava, chegando a dizer pra ela essas palavras, e que
ela rebatia dizendo que amava sim e que eu que não percebia
Não procurei ajuda pra resolver isso em mim, na verdade, o meu
orgulho era tão grande que não achava que eu tinha problemas,
achava que era Cristina que não me dava o amor que eu merecia, e
ela sim, era o problema
Bom, poderia até ser mesmo que Cristina não fosse a mulher que eu
tanto esperei, mas porque eu também não me enxergava? Porque
não procurei ajuda? Seja com pais, amigos ou mesmo um
profissional
A verdade é que nunca percebi que eu tinha problemas profundos e
que precisava de ajuda, mas de alguma forma e sutil, negava-os e
empurrava-os para debaixo do tapete
Cresci ouvindo que para eu conseguir algo, tinha que me dedicar a
obra, ser um bom marido, um bom pai. E é claro que busquei tudo
isso, até porque é saudável. Só que quando se trata de você se

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36 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

cuidar, o movimento tem que ser somente seu e que se não fizer,
ninguém o fará, podem haver ajudas de outros, em te mostrar os
caminhos e se você quiser pode seguir ou não, mas que tem que ser
você, ah sim, isso não muda, tem que ser você
Nesta igreja que eu frequentava, não se falava de psicólogos,
terapias, ajuda clinica profissional, apenas se falava de Deus e das
coisas que tínhamos que fazer para termos uma vida saudável aqui
e que se pecasse ou “saísse dos trilhos” eu teria um preço a pagar
Me lembro de ter ido com Cristina em um retiro de casais em que
passamos 2 dias num hotel fazenda onde se pregou para casais
como se estivéssemos em um evento evangelístico e não para
casais. Não se falou das dificuldades de um casal, das falhas, dos
erros, dos acertos e de como trilhar um caminho saudável. E aí? O
que eu faço com esse monte de informação no meu casamento que
precisa de ajuda?
Cristina não permitia que ninguém nos aconselhasse, para ela era
importante mantermos a aparência de um casal feliz e que qualquer
dificuldade que passássemos, iriamos resolver entre nós apenas.
Porém, o que eu via por parte dela era um descaso, pois “todas” as
vezes que a chamei para uma conversa, daquelas que se chamam
de DRs (discutir a relação), ela sempre torcia o nariz e apenas me
ouvia com um comportamento de indiferença, com os braços
cruzados como uma menina fazendo birras quando toma bronca do
pai. Quando eu terminava, ela dizia: “Terminou? Posso ir?” e toda a
conversa ficava por isso mesmo, sem respostas e um diálogo
saudável. As vezes quando ela interagia ela dizia: “O tempo vai
responder” e não conseguia encarar uma conversa olho-no-olho.
Para ela, acho que era difícil qualquer conversa. Ela era do tipo que
preferia negar os problemas, pois de alguma forma ela não
suportava as críticas e por isso se calava, cabendo a mim ter que
adivinhar qual solução tomar dali em diante, já que não tinha a
participação dela

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37 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Em quase todas as conversas que tive com ela, perguntava: “me diz
você o que eu tenho que corrigir para ser uma pessoa melhor?” E ela
respondia: “não há nada de imperfeito em você, gosto de você do
jeito que você é”. Essa resposta me causava um certo
constrangimento, e passava a pensar mesmo se era eu o “eterno
insatisfeito”, pois a reclamação era apenas da minha parte
Uma coisa que me conquistava e me calava em Cristina era em sua
parceria e como ela era ajudadora no que diz respeito à trabalho.
Nunca foi de faltar e ia trabalhar mesmo doente. Nesta parte não há
o que dizer dela, uma mulher batalhadora e muito honesta. Uma
época em que ela saiu da loja que trabalhava, passou um tempo
desempregada e logo eu tive a ideia de fazermos uns lanches para
entrega no estilo “delivery”, e ela prontamente, “arregaçou as
mangas”. Estávamos sem poder financeiro de montarmos uma
lanchonete física, mas tínhamos condições de começarmos um
negócio a partir de casa e assim foi feito
Para que o negócio desse certo, precisávamos “panfletar” de casa
em casa e Cristina não hesitou e fez por uma semana, antes da
inauguração das entregas dos lanches, tanto que no dia que
começamos, tivemos que encerrar o expediente antes do previsto,
pois tínhamos vendido todo o estoque. Isso foi um sucesso e logo se
expandiu na nossa região, porem um episódio de ódio de um vizinho
desse prédio em que morávamos nos desmotivou
Calma, explicarei
Tínhamos 2 motoboys que faziam as entregas, porém, haviam
ocasiões que os pedidos eram tantos que eu tinha que ir com meu
carro para adiantar as entregas e manter no nível logístico previsto
Numa dessas entregas, fui com meu carro entregar e meu filho
Felipe que gostava de me acompanhar, mesmo pequenino, e
quando voltei pro estacionamento do meu prédio, fui recebido por
esse vizinho com ameaças e palavrões absurdamente indignos, me
constrangendo na frente de todos os vizinhos que olhavam de suas
janelas. O motivo: dizia ele que eu tinha fechado o carro dele dentro

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38 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

do estacionamento do prédio. Não haviam palavras de desculpas


que o fizesse parar e me insultou até ele mesmo não ter mais o que
falar, após eu perceber que ele queria mesmo era brigar, daí me
calei, fiquei apenas ouvindo, pois ele me segurava pelo colarinho da
minha camisa e não largou até terminar todos os insultos. E pra
piorar a situação, meu filho presenciou tudo. Isso me desmotivou
tanto que eu não queria nem mais fazer os lanches. Queria sumir
daquele lugar
Me lembro dos dias que se seguiram, ele pegava elevador junto
comigo e colava o seu corpo em mim e me olhava furioso como um
animal que quer atacar sua presa
Os vizinhos diziam que ele já tinha feito isso com várias pessoas. Se
defendia no poder do seu cargo. Parecia que ele era alguma coisa
na Policia Federal, e possivelmente, usava seu uniforme para agredir
e abusar do poder
Juntei esse episódio à um convite de um grande amigo meu de
montarmos uma produtora musical, e que após 3 meses desse
episódio, o fiz
Cai de cabeça para o novo empreendimento da minha vida, e a
partir dali, sem eu saber, começaria uma história profissional muito
abençoada e bonita, porém, uma vida pessoal e sentimental cada
vez mais se afundando poço a dentro
Encerro aqui este capitulo da minha vida para dar início à um
capitulo que narrará uma serie de acertos profissionais e erros
pessoais avassaladores e que mudarão o destino da minha
vida conjugal. Quer saber como? Vamos embarcar para mais uma
estação, mais sombria e triste, escura e vazia, sem muitas pessoas,
e que me levaram para além do fundo do poço, sozinho, solitário e
onde ninguém vai te visitar. É só você e Deus

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39 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

6. É a luz da saída do túnel ou


um trem que vem vindo?

O ano ainda é 2004 e partimos para uma empreitada profissional,


eu e meu amigo estávamos empolgados com a nova empresa que
nasceria. A mudança foi rápida e fomos morar nos fundos da
Produtora, já que a casa era bem grande e confortável. Pus um
ponto final na história do vizinho mal educado e fui viver minha vida
O primeiro ano da produtora foi desafiador e ao longo do ano, fui
ficando com o meu tempo integral à dedicação dela, saindo da
regência dos corais gradativamente que a produtora ia exigindo de
mim. Cristina saiu de seu emprego da loja no shopping que
trabalhava a meu pedido, para me ajudar na parte administrativa, e
juntamente com o meu amigo e agora sócio, tocamos o primeiro
ano, com muitos desafios
A sociedade com meu amigo durou um ano e meio, e acabamos
comprando a parte dele, e seguindo com a empresa agora só nossa
Cristina estava gravida do meu segundo filho, mas dessa vez, ela
aceitou mais a gravidez (acho que não mencionei que na primeira
gravidez, ela ficou com muito medo do parto e chorava muito por
temer por esse dia). Agora mais experiente e com condições
melhores para dar à luz ao nosso segundo filho, estávamos felizes e
parecia que ia tudo bem. Houve um momento de paz e
tranquilidade, embora meus sentimentos ainda eram vividos de
carência, mas de alguma forma, aquietei meu coração e agora
seguíamos sem tantas brigas e cobranças
Nosso filho Gustavo nasceu, lindo saudável e com muita saúde, e lá
estávamos nós, levando nossas vidas e rotinas, com muito trabalho
e dedicação

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40 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Tínhamos uma empregada doméstica, para que Cristina


conseguisse dar conta dos cuidados dos filhos e da administração
da empresa, embora eu estava ali, o tempo todo, mas minha
dedicação estava exclusivamente para a parte musical, que estava
indo a todo vapor e só crescia em número de clientes e parceiros
Cristina saia algumas vezes do dia para passear com o Gustavo no
carrinho de bebê ou para uma ida ao parque próximo da nossa casa,
ou para fazer banco, compras no mercado, tudo a pé, pois a
residência era próxima de praticamente tudo
Um certo dia, fui jantar com minha irmã Camila e pra minha
surpresa ela comentou: “um amigo meu encontrou Cristina na fila
do banco e disse que conversaram muito e trocaram olhares que
não eram tão seguros para uma jovem senhora casada”
Esse comentário me abalou muito, logo eu que me dedicava a ter
uma vida fiel e buscava de alguma forma ser visto por minha esposa,
agora me sentia apunhalado pelas costas. Mas mesmo assim, tratei
de resolver a situação, expondo para Cristina o que eu soube, e não
queria mentiras, acabei expondo também minha irmã, que estava
me alertando (acho que faria o mesmo se fosse alguém querido
meu, porém, tomaria medidas cautelosas de como contar para não
colocar em risco qualquer situação, o que no caso faltou de minha
irmã)
O resultado dessa história, dá início à um comportamento perverso
tanto da minha parte quanto de Cristina dali para frente de nossas
vidas
Cristina se sentiu ofendida pela minha irmã, e tratou também de
tirar satisfações com ela na casa de meus pais (Camila voltara a
morar com seus pais, pois estava recém separada). Naquele dia, a
minha casa caiu, pois minha irmã desconversou, dizendo que não foi
exatamente aquilo que tinha acontecido, me colocando em maus
lençóis com Cristina, dando direito a ela pensar que eu tinha
inventado a história

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41 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Esse tipo de situação é tão delicada que pode colocar em risco toda
uma estrutura familiar que envolve filhos, casamento, família,
convívio, amigos, empregos, e tantas outras estruturas da vida e que
se não for exposta com honestidade e respeito (mesmo havendo
desrespeito de algum lado), remete-se à ruinas irreparáveis
Sai calado, não querendo brigas, pois a situação desse dia foi tão
tensa, que minha irmã “expulsou” Cristina da casa de meus pais,
dando a entender que o desequilíbrio vinha por parte dela, deixando
Cristina numa situação confortável para me confrontar mais tarde
Eu apenas queria sair da casa de meus pais, vendo eles tentando
interferir na briga, e eu, neguei, fui covarde e fugi, ao invés de
enfrentar a situação, colocando minha vida nas mãos de Cristina
para me acusar de mentiroso, falso e traidor, além de um homem
fraco e que não enfrentou e defendeu a própria esposa, já que
Camila me desmentiu na frente de todos. Penso hoje se seria isso
mesmo que deveria sentir naquele dia? Não é minha resposta de
hoje, mas na ocasião foi o contrário
Fomos para casa e de alguma forma expliquei para Cristina a terrível
falha de Camila. Mas o que Cristina viu nisso tudo foi a chance de se
safar da situação, que depois o tempo iria provar que algo estava
errado
A partir desse dia, Cristina passou a ter um comportamento horrível
proibindo meus filhos de frequentarem a casa de meus pais, em
especial quando Camila estivesse, e que ela nunca mais pisaria na
casa deles enquanto Camila morasse com eles, decretando dali em
diante uma briga e divisão mortal com Camila
Em casa não podia se pronunciar nem o nome de minha irmã, e aos
poucos, fui permitindo esse pensamento e atitude de Cristina entrar
em mim também, ao ponto de começar a não aceitar Camila em
minha vida
Meus filhos amavam a companhia dos meus pais, e principalmente
do meu pai, que quando via os netos, logo passava a se deitar no

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42 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

chão para brincar e doar toda sua atenção a eles. Ele agia como uma
criança quando estava com os netos
Quando lembro desses longos dias, meu pensamento se
remete a um sentimento de raiva e frustação por causar esse dano
aos meus filhos e a mim, pois pagaram um preço que não eram
deles. A situação deveria ter sido resolvida, mesmo que depois
Na verdade, eu tentei. Teve um dia em que minha irmã passou no
portão da minha empresa e parou rapidamente pra falar alguma
coisa comigo, e aproveitei para perguntar o por que dela ter me
desmentido sobre o assunto e ela respondeu: “eu fui pega de
surpresa pela Cristina e não soube o que responder na hora e acabei
negando”
Essa explicação dela me frustrou muito, pois ela não se importou
comigo, com o meu casamento, minha família e estrutura de vida.
Expos algo ridículo e eu que paguei o preço, colocando em risco até
uma separação
Eu permiti com essa história, que abusassem psicologicamente de
mim, e a cada permissão que ia dando às pessoas, ia me perdendo
de mim. Nessa época estávamos sem ir à igreja. Eu havia saído da
igreja que era ministro de louvor e em vez em quando íamos à uma
igreja grande e que, por ter um grande público, não éramos
notados, e em especial eu que era musico, estava bem distante
Distante de Deus, distante de mim, distante dos meus pais, distante
da minha família, distante dos meus filhos, distante da minha
esposa, distante dos meus propósitos
Não mais me enxergava, a rotina da empresa me consumia, e
entrava num diário e mesmice de agenda que era decorado
As distancias mencionadas acima começaram a criar em mim um
caráter de ser bem duvidoso. Minha família e irmãos não me
ligavam mais, os encontros familiares foram diminuindo

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43 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Lembro-me de um dia estarmos em um aniversário de família, e


minha irmã chegou, cumprimentou meus filhos e a mim muito
timidamente, e tentou cumprimentar Cristina que tratou de não
estender a mão, deixando-a em situação embaraçosa. Parecia que
minha família tinha o hábito de não se desculpar e colocar a sujeira
pra debaixo do tapete. Isso não dá o direito de Cristina causar esse
constrangimento, mas também chega uma hora em que
amadurecemos e queremos resolver pendencias e falhas que
ficaram no passado, eu pelo menos penso assim, e se não o fizermos
mvamos carregar sempre uma dorzinha aqui e outra ali
Em 2009, um fato que me tirou o chão. O falecimento do meu pai
veio como uma bomba pra mim. Ele não estava doente e não sentia
nada, apenas era diabético, mas também cuidava com atenção. Foi
uma morte natural, deixando uma herança incalculável de amor e
de um pai que cuidou da família com tanto zelo, deixando um legado
para todos os filhos, netos e amigos a fora. Sua morte veio em uma
época em que o contato com ele foi menor. Eu o via em horários
programados, e para meus pais verem meus filhos, tinha que traze-
los na minha casa, pois não havia permissão de Cristina para a ida
deles na casa dos avós, por conta da sua rixa com minha irmã
O amor e cuidado do meu pai comigo foi sentido ao longo dos anos
que viriam, mais especificamente, quando no futuro a minha vida
ficaria pior e que sei que, sua presença nesses dias sombrios fariam-
me muito bem, pois o olhar dele para as coisas que ele podia
interferir como pai eram absurdamente carinhoso e acolhedor.
Minha admiração e respeito ao homem que dedicou sua vida para a
criação de 11 filhos, com muito sacrifício, amor e carinho, ele nos
deu toda educação que um pai pode dar

Nessa mesma época compramos nosso apartamento. Era em um


condomínio que se parecia mais um clube e era perto da casa dos
pais de Cristina, porem bem distante do nosso trabalho. Os meninos
passaram a ter uma vida melhor de criança, pois morando nos

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44 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

fundos da produtora eles não tinham muito opções de lazer, e agora


num condomínio cheio de opções, eles sumiam durante o dia e
voltavam para casa apenas para se alimentarem. Foi uma época
muito divertida e feliz, onde pudemos descansar por 30 dias de
férias ao encerrar o ano e ficarmos em casa literalmente, pois
tínhamos gasto muito com a mudança e adaptações da nova casa.

Os anos se passaram e um certo domingo triste e desmotivador de


ida para essa igreja grande, eu comentei com Cristina: “vamos ir no
culto hoje da nossa antiga igreja?” E ela não se opôs, pois eu sempre
pensava em voltar lá, mas de alguma forma me sentia mal, pois sai
de lá sem explicações e me sentia culpado por ter dado as costas a
todos lá que dependiam de mim no louvor. E me lembro como hoje
desse dia, virei o volante e troquei de caminho, me sentido super
motivado naquele instante de ter tomado a iniciativa de voltar lá
Meu coração palpitou, pois haviam tantos sonhos deixados para traz
lá. Era como se eu estivesse num estado eufórico de extrema
felicidade
Chegando lá, lembro-me que era um culto especial que eles faziam
de 6 em 6 meses e que a igreja e membros se arrumavam para este
dia com louvores especiais, corais, testemunhos e uma ceia especial
em memória da Cruz. Era um culto muito alegre e festivo. Porem ao
entrar no templo, nos deparamos com um louvor fraco, músicos
errando os solos, cantores desafinados e algo estranho pairava no
ar
Não demorou muito para o pastor nos notarem sentados e logo
anunciar nossa presença, nos chamando imediatamente lá para
frente juntamente com os demais visitantes que sempre iam lá no
palco receberem uma oração de boas-vindas da igreja
Ficamos muito gratos pela recepção e meu coração se alegrava
muito à Deus por estar ali de novo, com orgulho e coragem que tive
de enfrentar

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45 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

O pastor fez a pergunta: “Você está de volta?” E eu respondi em


bom e alto som: “SIMMMMMMM”. A igreja toda se alegrou e pra
mim aquele dia marcou minha volta para a igreja que tanto tinha me
abençoado
Nos dias seguintes eu me comportava como um novo convertido.
Não perdia o culto de quarta-feira (que era um culto de oração),
nunca eu tinha ido a um culto de oração com tanta empolgação, e
nessa época mais do que nunca eu me sentia à vontade em
conversar com Deus. Lembro-me de organizar toda a estrutura de
louvor da igreja, com aulas de música e apoio para todos os
membros da equipe
Estava flutuando e vendo minha vida melhorar e me sentia
motivado. Meu amigo e antigo sócio, era o líder de louvor e logo me
posicionou também para liderar o instrumental e vocal, pois eu era
professor de teclado, de canto e além disso maestro de corais, tinha
uma boa bagagem para ajudar em qualquer reestruturação musical
Infelizmente, o pastor que era responsável pelo louvor, parecia se
sentir incomodado com as pautas que eu levava, seja de inovação,
reestruturação e uma nova roupagem para o ministério. Suas
atitudes eram visíveis a todos e era uma coisa que incomodava
qualquer um que chegava para somar, pois ele de alguma forma
“podava” qualquer atitude que ameaçasse “seu cargo”
É estranho falar de ameaças, principalmente nessa área, mas quem
participa ou já participou de um ministério de louvor de uma igreja,
seja ela grande ou pequena, sabe exatamente do que estou falando.
Tenho a impressão que as pessoas deixam seus egos inflarem e
começarem se sentirem nos palcos de shows artísticos. E se
esquecem que o louvor é para Deus e não para o homem. Mas não
vou entrar nesse mérito. Isso renderia horas de resenhas (em geral
desgastantes)
Nessa época convidei Cristina a se empenhar novamente em
estudar o Violoncelo. Tinha comprado um pra ela exclusivamente
para ela estudar e tocarmos juntos, sem compromisso, mas por

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46 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

algum motivo ela tinha parado. Preparei as partituras com


facilidades, até porque Cristina nunca foi musical, ela tinha noções
de afinação, mas musicalmente falando, precisava de muito estudo.
Além do mais, o violoncelo está entre os 3 instrumentos mais difíceis
de se aprender, perdendo apenas para o piano e para o oboé
Fomos para o culto de santa ceia tocar nosso primeiro louvor
instrumental. Eu no piano e Cristina no violoncelo, lembro-me de
tocarmos “Mais perto quero estar’. Quem via aquela cena pensava
consigo: “que casal lindo, parece filme”, aliás chegamos a ouvir isso
de algumas pessoas
O que me motivou a chamar Cristina para esse projeto era mera co-
dependência, não era nada musical. Não era para colaborar com o
Reino, mas sim, para atender meus caprichos e carências de estar
ao lado dela. Precisava que ela dependesse de mim para alguma
coisa, e fazer esse projeto nos colocavam pertos um do outro,
embora trabalhávamos juntos, mas parecíamos dois estranhos
Lembro de ouvir de clientes: “Nossa não sabia que vocês eram
casados”, pra se ter uma ideia de como éramos distantes no
trabalho. Isso me incomodava, pois uma coisa que me orgulhava,
era de estar do lado de Cristina, tinha o prazer de dizer que ela era
minha esposa. Já ela, parecia gostar da ideia de as pessoas não
sabermos que éramos casados. Satisfazia o seu ego de alguma
forma, de separarmos o profissional do pessoal. Mas nosso negócio
não dependia de sermos discretos a chegar ao ponto de nunca
mencionar que éramos casados (quando falo disso, falo pela
Cristina, pois ela pedia para eu não mencionar isso, porém, como
me incomodava, eu não atendi o seu pedido, dando importância
para o meu desejo de divulgar pra quem eu quisesse que éramos
sim, casados)
As distancias de Cristina aumentavam e começavam me
incomodar, e por conta desses incômodos, comecei a buscar
informações na internet, de como chamar a atenção de uma

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47 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

mulher, passando horas nessas buscas em horários em que ela não


estava por perto
Tínhamos horários diferentes de trabalho. Eu geralmente
trabalhava pela parte da manhã, e ela ficava em casa cuidando das
crianças, escolas, e afazeres do lar, vindo na parte da tarde, onde ou
trabalhávamos juntos, ou eu voltaria para casa mais cedo
Isso se deu por alguns anos, e nesses intervalos do trabalho, passei
a buscar essas informações com uma certa insanidade e intenções
maliciosas
Comecei a perceber que existiam técnicas para tal, barganhas e
todo o tipo de jogo sujo de manipulações e intenções degradantes.
Falo isso porque quando eu conseguia o que queria de volta, vinha
com o gosto amargo de troca, de engano e barganha. Sabia que
aquilo ali não era natural. Que só tinha acontecido porque negociei
consciente comigo, mas inconsciente para o outro. É uma troca, e
no amor não se faz troca. No amor não há interesses. Ou há entrega
de verdade ou é mentiroso e enganador, e quem perde são as
pessoas que aceitam e permitem esse tipo de atitude
O que não sabia é que todo o movimento exagerado que estava
fazendo e desenvolvendo nesse investimento insano, era que
deixava Cristina mais fria e a cada dez movimentos de barganha que
eu fazia, apenas um viria em troca. Era tão insano e perverso que
passei a contar as devolutivas de Cristina
As barganhas começaram a aumentar. Comprei joias caras,
passeios, presentes, flores, quitutes, olhares, provocações. Tudo
isso e todo o tipo de recurso que poderia ser usado para trocar por
uma migalha de atenção. E o que eu tinha era isso mesmo, uma
migalha. Como um cachorrinho que fica ao redor da mesa de seu
dono esperando por um pedaço de alimento, eu ficaria ali por anos,
esperando um movimento de Cristina. E lembrando mais uma vez,
quando esse movimento vinha em forma de devolução, vinha com
o gosto amargo da barganha, como já mencionei

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48 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Um cero dia, após o retorno das atividades da empresa e férias de


final ano da produtora, fui a convite de alguns clientes e funcionários
para um Happy Hour. Logo eu, que nunca fazia algo assim, sempre
estava com a família, e em especial, por causa dessa busca de
aprovação. Após insistirem comigo, lá fui eu. Mal sabia que aquele
dia mudaria para sempre minha história e relacionamento, me
levando à um estado degradante de ser humano, permissões
abusivas e de extrema carência emocional e afetiva, indo ..........

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49 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

7. .....do fundo do poço ao inferno

Abri a porta de casa e a pergunta foi: “Onde você estava?” e


respondi: “fui num barzinho com alguns funcionários e clientes....
“quem mais estava?” “somente nós mesmos”, respondi eu ainda
tranquilo.... “tem certeza que não tinha mais alguém?”... ops.... ai
meu coração bateu um pouco mais forte..... e respondi sem hesitar:
“a aluna Nayara também estava” – a resposta dela foi a seguinte:
“OK” – o ok mais intimidador de todos que já ouvi. “Como ela sabia
que Nayara estava lá?” pensava eu
Quando estávamos no barzinho, os clientes tiraram fotos e
postaram nas suas redes sociais. Cristina não usava nessa época
nenhuma rede social, mas suas irmãs sim, e logo trataram de
informar que eu estava lá, e que Nayara tinha ido pra lá, a convite
dos clientes que à conheciam e que eram muito amigos
Nayara era uma ex-cliente que tinha um carisma gigantesco com
todos na produtora, ela chegava e fazia muito barulho. Era o tipo de
mulher que parava o trânsito, bonita e comunicativa
Isso incomodava Cristina, talvez pela forma que Nayara se sentia à
vontade quando ia na produtora e como todos os funcionários eram
homens, eles babavam de queixos caídos. Cristina afastava todas as
mulheres que entravam na produtora ou na nossa vida pessoal, que
eram lindas, atraentes e que de alguma forma, a beleza para ela era
ameaçadora para Cristina. Ela tinha o dom de criar uma barreira
apenas com o seu olhar. Bastava ela olhar para essas mulheres que
elas se sentiam ameaçadas. Como ela fazia isso? Não sei a resposta,
mas se você é mulher, deve de alguma forma já ter passado por isso,
ou sabe do que estou falando. Isso faz parte do mundo feminino,
não sei interferir ou opinar
O fato de eu não ter falado já na hora que Nayara estava no bar, faz
de qualquer suspeita uma prova de comportamento estranho da
minha parte, dando a entender uma omissão, pois Cristina sentia

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50 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

ciúmes, mesmo ela nunca ter admitido ter sentido ciúmes de mim
durante todo o tempo que estivemos casados
Uma coisa que não mencionei aqui, era que Cristina se declarava
vingativa, literalmente. Ela inclusive falava sobre isso com um certo
orgulho, daqueles que você se admira por ser algo. Mas ter orgulho
por ser vingativo, é bem esquisito pra mim. Pois é, ela se orgulhava
por ser vingativa, como se a vingança fosse uma virtude na vida dela
Qualquer atitude minha fora de eixo por qualquer que fosse o erro
de comportamento, Cristina se vingava. Ela usava dos mais
perversos tipos de devolutiva. Na maioria das vezes a vingança dela
era o silencio. Muitas vezes, sem eu saber que tinha pisado na bola,
ela começava um silencio sutil, ia aumentando esse silencio ao
ponto de eu não conseguir identificar onde eu tinha errado, e cabia
a mim descobrir o que eu tinha feito, já que fazia parte de sua
vingança, não falar absolutamente nada. Somente após o prazo que
“ela” estabelecia, voltava a se comunicar comigo. Quando
voltávamos a nos falar, algumas vezes ela se explicava dizendo que
o tempo corrigiria tudo, que não precisava de conversas. Ela
realmente não gostava de falar sobre os problemas que um casal
enfrenta. Parece que pra ela conversar sobre o relacionamento era
algo que a incomodava, parece que ela se sentia fraca, do tipo de
pensamento daqueles que falam por aí: “seja forte e não perca a
pose”
Conversar sobre os problemas de relacionamento não tem nada a
ver em ser fraco. Penso que a pessoa que se passa por forte para
inibir e omitir suas dores emocionais, é que se parece fraco, por não
querer encarar os problemas. Achar que o tempo cura ou corrige
tudo é loucura, pois existem coisas que realmente precisamos expor
e agir, e Cristina, preferia usar o tempo como ferramenta de
correção para quase tudo, mas em especial, para as intrigas do
relacionamento que tínhamos
Cristina se fechava em um mundo egoísta e dali só saia quando se
sentisse recuperada e satisfeita de sua “vingança”. Parecia ser

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51 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

prazeroso pra ela, de alguma forma me ver implorando para


conversarmos, até porque “todas”, mas todas mesmo, eu procurava
a conversa, para tentar entender e colocar um ponto final naqueles
dias silenciosos. Queria resolver de forma mais humana possível.
Cheguei ao ponto de falar algumas vezes pra ela: “você quer
continuar em silencio, ok, mas ao menos fala o por que a motivou
em ficar em silencio pra eu tentar corrigir”, mas tudo isso era pior,
porque quanto mais eu implorasse pra ela, mas eu alimentava o seu
terrível vicio de vingança. Como eu disse, parecia que era prazeroso
pra ela me ver mendigando por atenção
Fui percebendo que uma forma dela voltar a se comunicar comigo,
era eu ter que passar por várias etapas do “mendigo afetivo”.
Somente após algumas dessas sessões de tortura psicológica é que
eu percebia a “sua melhora” em voltar a realidade. Com isso, passei
a permitir, todas as vezes que isso acontecia, que eu passasse por
essas fases. Daí parece que meu corpo parecia até a se acostumar
com essas atitudes. Mas me perguntava muitas vezes: “até que
ponto vou suportar isso?”, e muitas vezes chorava muito as
escondidas para aliviar a dor que sentia no peito (dor física mesmo)
Minha respiração passou a ser ofegante quase que em tempo
integral, ao ponto de pessoas que ficavam próximos de mim se
sentirem incomodadas com essa respiração e perguntarem: “Você
está passando mal? Porque respira assim, com falta de ar?”. E essa
respiração me acompanhou por anos
Bom, voltando ao episódio do bar. Eu não fazia ideia naquele dia que
Nayara iria ao bar, na verdade ela nem era mais cliente assídua da
produtora, porem como ela tinha conhecido muitos clientes e se
dava muito bem com todos, esses clientes trataram de convida-la
para esse Happy-Hour. Com isso, pensei comigo: “me parece que
isso não será tão saudável”. Mas quando pensei isso, não era por
mim, e sim por Cristina, sabia que se ela soubesse, algo poderia não
ficar bem. Mas mesmo assim, não quis retroceder e fui com todos
para o tal bar, logo em seguida Nayara chegou. Eu não fiquei até o

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52 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

final, e por morar longe e ter de abrir a produtora no dia seguinte,


resolvi ir embora logo
Como já relatei, Cristina descobriu através da foto tirada no bar e
postada nas redes sociais no mesmo dia pelos clientes. Com essa
carta na manga, ela logo tratou de me torturar com a seguinte
proposta de vingança: “você saiu essa semana com seus amigos,
semana que vem será a minha vez de sair com os meus”
Pensando na lógica e visão de um casal normal, isso não seria
problema nenhum. Porém, vindo de uma mulher que se assume
vingativa, a devolução vem com um gosto bem mais amargo, ainda
mais sabendo exatamente onde cada atitude pode doer mais em
seu parceiro. Arquitetar e planejar atitudes que causam feridas no
outro com o propósito de denegrir, humilhar e causar todo o tipo de
dor emocional e desconforto, é muito desrespeito e desumano
Naquela semana, ela passou a insinuar que iria para uma balada
com uns amigos. Amigos esses que eu não sabia quem eram e que
iria se juntar a uma galera que também eram amigos da irmã dela,
todos solteiros e baladeiros e que nem ela sabia quem eram
também
Aquilo soou como tortura pra mim, e era exatamente isso que ela
queria, e lamentavelmente, quando ela partia para esse esquema de
vingança, eu sentia na carne, como se fosse facadas. Era muito claro
ver que eu estava triste pelas minhas reações e atitudes
demonstradas em meu rosto
Chegando no tal dia, que ela tratou de combinar e avisar pra mim
qual seria o dia, eu estava com a respiração totalmente ofegante e
ela com o sorriso atrás da orelha
Foi um sábado de trabalho tanto pra mim quanto pra ela. Porém,
após fecharmos a produtora, ela tratou de me levar em casa, pegar
uma roupa e apressadamente ir pra casa de sua irmã para se
trocarem e irem para a tal balada

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53 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

O que ela não sabia era que eu, com a paranoia de achar que seria
traído naquele dia, tinha contratado um detetive para seguir seus
passos. Tenho vergonha desse ato, pois todo o seu comportamento
era tão imaturo, infantil e imoral. Mas precisava ter essa certeza, e
apenas com isso na mão teria a certeza de quem era Cristina a partir
daqueles comportamentos
Ela saiu, sem dizer pra onde ia, após uma série de pedidos meus pra
ela não ir pra essa tal balada, alimentando nela ainda mais o
sentimento de prazer. E fiquei em casa com os meninos, que
geralmente ficavam brincando nas áreas comuns do condomínio
onde morávamos
O detetive seguiu todos os seus passos. Não havia balada. Não havia
amigos. O que houve foi apenas uma volta no shopping da cidade e
milhares de voltas nas ruas da cidade carioca, com uma parada para
um suco num bar onde sempre acostumávamos comer, dando fim
à noite
Atitude infantil, imatura, desleal, desrespeitosa (com ela mesma) e
desumana, pois por ela não conseguir resolver as coisas com uma
boa conversa, preferia a vingança, se colocando no lugar de Deus
para cometer seus atos perversos ao ponto de se passar por uma
mulher que trai o seu marido (pois parecia que era isso que ela
queria demonstrar)
Quando ela chegou em casa, eu ainda estava acordado, pois não
dormi acompanhando os passos do detetive contratado, e fiquei
curioso para saber da boca dela, o que ela tinha feito, embora eu
poderia ir dormir tranquilo, já que a principal suspeita minha de
traição, não era real, apenas uma idealização minha, porém,
provocada por ela, com requintes de crueldade
Entrou, jogou-se no sofá, suspirando um ar de cansaço, como se a
balada estivesse sido exausta, dizendo: “preciso de um banho,
amanhã conversamos” – e eu apenas perguntei: “Você foi
mesmo pra essa balada?” e ela com o ar de poderosa, não quis

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54 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

responder nem que sim, nem que não, apenas respondeu: “e o que
você acha?”
Uma fala intimidadora, provocativa e que coloca qualquer um pra
pensar como teria sido aquela noite na balada. Porém, o que eu
sabia estava comigo, eu sabia da verdade, mesmo que manipulado
através do detetive
Mandar um detetive seguir minha esposa foi um ato pra mim quase
que imperdoável naqueles dias. Hoje penso que se for pra mandar
seguir minha esposa, prefiro me divorciar 10 vezes, pois penso que
se não confio pra onde ela está indo, possivelmente não podemos
caminhar juntos. Porém, só consigo pensar isso hoje com o
raciocínio lógico de dias de dores e profundas tristezas de um
homem que sofreu as consequências de uma traição. Era o que eu
tinha a fazer na ocasião
A traição de um relacionamento começa quando não confiamos. O
ato sexual é uma consumação apenas carnal. O estrago emocional
começa a ser causado muito antes desse ato. É quando você faz
uma pergunta por falta de confiar do tipo: “Deixa eu ver se ele(a) vai
falar a verdade mesmo” ou “fala verdade pra mim”
Essas falas não combinam com um casal que se ama e que querem
uma vida digna. Quando se pronuncia essas palavras, me soa hoje
com tom alto e forte de desrespeito consigo e com o outro
A atitude de Cristina me fez a partir daquele dia, a repensar quem
dormia comigo: Uma pessoa que quer me ver mal
A partir daquele dia eu tinha as provas concretas nas minhas mãos.
Sim, sabia que Cristina não tinha ido a lugar nenhum que ela queria
que eu pensasse que tinha ido, porém, sem ela saber que eu sabia a
verdade, eu estava diante de uma pessoa que tinha o prazer de ver
o seu parceiro mal em pensar que teria havido uma traição, uma
relação com pessoas que eu nem mesmo sabiam quem eram
A dor em meu coração e até corpo (peito) eram tão profundas,
criando uma lacuna, um buraco negro entre Eu e Cristina, que talvez

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55 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

se eu soubesse dessas situações, jamais teria me aproximado dela lá


no dia em que eu à conheci. Mas o grande barato da vida é que não
temos controle nenhum do futuro, por isso, tinha sim, que passar
por isso
Os dias seguintes foram escuros e tristes. Me lembro de chorar por
dias copiosamente, as escondidas de todos e sem poder conversar
com nenhum amigo ou irmão. Aliás, uma coisa que preciso dizer
aqui, quando eu menciono amigo, é apenas por mencionar. Não
tínhamos amigos. Sim, não éramos um casal amigável. Não
costumávamos nos encontrar com amigos. Nem fazíamos
amizades ao ponto de um ir na casa do outro. De um ir jogar bola
com o outro, enquanto as mulheres iriam as compras, e tal.... Não,
isso nunca aconteceu durante todo o tempo em que estivemos
casados. Porque? Eu imagino que o comportamento que, tanto eu
quanto Cristina desenvolvemos, se encarregou de afastar as
pessoas da gente. Tínhamos colegas, íamos nas casas de um irmão
da igreja aqui, outro ali, mas sem intimidades e vínculos. Já a família
era mais presente, tanto a minha (embora a rixa entre Camila e
Cristina nunca se resolveu) quanto a dela
Passei a me isolar ainda mais de mim mesmo e Cristina, passou a se
colocar num lugar que não era dela, mas eu, por omissão de meus
sentimentos, falta de postura, orgulho, religiosidade e co-
dependência, deixei essa invasão acontecer, e não foi gradativa não,
foi rápida
Daí vieram ainda mais as desconfianças de que Cristina iria me trair
a qualquer momento. Bastava um olhar dela para qualquer homem
que cruzasse pelo seu caminho que eu já acionava o sinal de “perigo”
Passei então a barganhar a atenção de Cristina, comprando joias,
flores, roupas, viagens, saídas aos finais de semana para
restaurantes caros e fora do meu alcance financeiro
Queria aprovação social dela, queria ouvir algo dela, qualquer elogio
eram muito bem vindo, as migalhas eram poucas mais serviam para

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56 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

alimentar um homem faminto de si, sem noção do perigo que


estava correndo
Passei a não me olhar mais com o valor que eu tinha. Tudo passou a
ser uma obsessão e paranoia
Os ciúmes foram se instalando em mim. É claro, tudo a partir dos
comportamentos de Cristina levariam “qualquer homem que não se
respeitasse” a ter esses sentimentos. Ela também me parecia estar
obcecada em se parecer uma mulher atraente para outros homens,
parecia que Cristina nunca mais seria a mesma, ou talvez nunca foi
em nenhum momento
Num dia especial, em que estávamos apresentando um musical na
igreja com a equipe de louvor que eu liderava, se aproximou dela um
sujeito (que tinha o cargo de presbítero), pedindo para ela ajuda-lo
a filmar o evento. Logo ela se dispôs e realmente ajudou. Essa
pessoa, se aproximou da nossa vida, a ponto de se passar por
“amigo”. Ele também era líder dos adolescentes, e pedindo sempre
ajudas e elogiando nosso ministério de louvor (eu e Cristina sempre
tocávamos na igreja). Tudo parecia tão comum que eu não me
importei com essa aproximação
Após alguns meses, estávamos em uma viagem em comemoração
de nosso aniversário de casamento. Quando mencionei pra ela
“Fulano está se aproximando de você com muita intimidade, não
estou gostando”. Falei isso porque em algumas vezes esse
camarada começou a ir em nosso trabalho em horários em que eu
não estava, levava sempre um uns “presentinhos” desnecessários.
Na verdade, tudo era uma estratégia futura de investir em sua
fantasia imoral em que o tempo tratou de mostrar
Cristina não deu importância a minha fala, me chamando de louco,
ciumento e paranoico
Resumindo, 3 dias depois de termos voltados dessa viagem, Cristina
se encontrou com esse sujeito, em um estacionamento de

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57 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

supermercado, que a chamou para falar algo que ele queria ter
falado já fazia um tempo (conforme ela se explicaria mais tarde)
Mais uma vez eu me sentia traído, pois o celular de Cristina estava
rastreado por mim. Eu seguia os passos de Cristina praticamente de
15 em 15 minutos quando ela não estava por perto
Quando ela saiu para esse encontro, tinha dito que iria resolver
coisas da empresa, mas estava com uma fala nervosa, e eu já a
rastreava, não precisava de muito para eu descobrir suas mentiras,
e quando voltou, eu já sabia que não tinha ido no lugar que tinha dito
Quando ela voltou desse encontro, não tive coragem de dizer que
rastreava o seu celular e mencionei que ela tinha sido vista por uma
pessoa nesse estacionamento e que essa pessoa tinha me ligado
“delatando o encontro”. Surtei a ponto de segurar em suas mãos e
jogá-la no chão de uma sala da produtora. Minha chateação era
profunda, e estava completamente cego e surdo. Nesse dia, perdi
totalmente o controle emocional, a ponto de pedir para todos os
clientes e funcionários saírem da produtora, sem dar nenhuma
explicação
Liguei para o pastor imediatamente, revoltado com o que
acontecera, expondo tudo. Liguei também para irmã de Cristina
dizendo uma frase horrível: “venha buscar sua irmã morta, vou
matá-la”
Meu irmão Paulo, que era pastor, e que me ouvia muito e orava por
mim, pois ele já sabia desses comportamentos de Cristina, também
soube na mesma hora e ficou muito aflito em me ver do jeito que eu
estava
Assustei a todos com esse surto. Graças a Deus nada aconteceu de
violência com Cristina, mas a violência emocional ficaria em nossos
corações
Perdoei Cristina por ter ido se encontrar com esse sujeito, que disse
que foi apenas um encontro e que ele não falou o que ele disse que

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58 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

queria falar para ela, mas que deu a entender que ele queria falar
algo sobre traição e possível encontro com ela
Quando eu falo que perdoei Cristina, falo que essa foi minha atitude
da boca pra fora, mas a verdade é que eu não tinha não, estava bem
magoado e triste e o correto seria eu sair desse casamento, que não
existia mais
Os dias se passaram, com muitas dores e ter que voltar as rotinas
nas nossas vidas não foram fáceis, pois muitos sabiam do ocorrido
Esse sujeito era casado e sua esposa comentara numa ligação que
me fez que não era primeira vez que ele tinha essa atitude. E agora,
como encarar a situação? Como continuar nessa igreja? Como eu
me manteria equilibrado mentalmente para ficar ali? O orgulho de
Cristina falou mais alto, e ela não quis sair de lá, ameaçando se eu
saísse de lá, ela também sairia da minha vida. E eu mais uma vez
aceitei e fiquei nessa igreja
Nada foi feito pelos líderes da igreja em relação à um
aconselhamento, até porque Cristina não permitia nenhuma
conversa a respeito. Nem mesmo em casa ela conversou a respeito.
Pra se ter uma ideia, Cristina ao menos se desculpou de seu ato
infeliz. Pelo contrário, ela achou alguma forma de se colocar acima
desse fato como heroína praticamente, pois o surto que eu causei,
foi usado como irresponsável, violento, loucura, inseguro e que eu
precisava de tratamento psicológico, usando isso como álibi para
tirar proveito e se sair bem e ilesa dessa situação
E essa era uma das condições de Cristina ficar comigo. Ela que
escolhera ficar e não que eu havia à perdoado. Percebem a
distorção aqui?
Eu estava errado em estar paranoico e nesse vicio cego de co-
dependencia? Sim estava. Mas isso tudo só foi se instalando em
mim por conta dos comportamentos perversos que eu me submeti
e permiti que Cristina fizesse comigo

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59 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Eu fui buscar realmente ajuda. Procurei uma psicóloga. Era uma


mulher que enxergava em mim tantos problemas, que eu nunca
imaginava. As terapias serviram apenas para eu descobrir que tinha
muitos problemas comigo, mas o meu orgulho não permitiu que eu
corrigisse, pois queria ainda satisfazer meu ego e caprichos de um
carente emocional
Estava muito doente, tão doente que não enxergava nada em minha
frente a não ser Cristina
Um ano depois, outro episódio e suspeita de traição aconteceram
de novo e dessa vez era com cliente de nossa empresa
Eu estava indo para os cultos no período da noite nas semanas. Não
suportava mais ir à igreja todos os domingos e ver todos ali, então ia
nas semanas para livrar minha cara de enfrentar o tal presbítero que
continuava a subir no púlpito. Tinha vergonha mais de mim do que
necessariamente de me verem com um fracassado no casamento,
do tipo que perdoou a esposa. Aquele sentimento machista,
sejamos franco
E mais uma vez surtei, e dessa vez era em plena festa de natal. Na
verdade, eu tinha descoberto mensagens no celular de
Cristina dias antes da festa de natal que eram organizadas por ela
desde que mudamos para esse condomínio, pois o salão de festas
de lá eram suficientes para essa reunião de natal
Quando eu descobri as mensagens, as conversas já estavam bem
quentes e lá estava eu de novo metido em mais uma das traições de
Cristina, envolvido num erro que eu não tinha a ver
Mas me pergunto hoje, será que eu não tinha mesmo a ver? Pois era
permissivo. Permitirá no passado e quem garantia que não
aconteceria de novo?
E mais uma vez Cristina se safou dizendo que eu estava sendo
invasivo e que nada teria acontecido entre ela e o tal cliente, e que
ela iria me contar. Porem digo que não iria não, pois já se faziam 5
meses que se falavam no celular. O conteúdo das mensagens eram

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60 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

de elogios o tempo todo, porem justamente naquele dia que peguei


o celular dela, a mensagem era de uma proposta muito mais quente
e comprometedora e que enfim, não vou expor aqui, mas que teve
o consentimento dela, pois ela respondeu como se estivesse
gostando da ideia
Com a descoberta e agora ela sabendo que eu vi as mensagens e
sabia dos conteúdos e das traições virtuais, me fez a seguinte
proposta indecente: “eu não faço mais isso e você esquece o
assunto”
O que ela queria com essa ideia, era por pra debaixo do tapete a
sujeira que fizera comigo (e com ela mesma), pedindo pra eu me
calar e não tocar no assunto
Nesses dias estávamos começando nossas férias de fim de ano, um
período que iriamos ficar em casa até a festa de natal acontecer, pra
depois viajarmos no réveillon, como era de costume já a alguns anos
Novamente, eu entrei em parafuso, pois me mostrei mais uma vez
forte (será?) o suficiente para perdoa-la e ignorar meus
sentimentos. Lembro-me desses dias de eu sair do apartamento
onde morávamos e ficar caminhando por longas horas, as vezes
dentro do próprio condomínio, as vezes nas ruas do bairro.
Procurava ouvir áudios de autoajuda, coachings, opiniões das mais
diversas
Lembro-me de uma massagista/terapeuta, que eu fazia umas
massagens por sentir dores no corpo e que acabava sendo minha
confidente, ter me falado a seguinte frase: “você está esperando
pegar sua mulher literalmente na cama para ver que precisa sair
disso?” – me lembro que suas palavras ecoaram durante aqueles
dias enquanto eu me arrasava mais uma vez numa depressão
profunda e angustiante. Minha respiração agora além de ofegante,
era dolorosa, pois a cada respiro, sentia um aperto no peito daqueles
que você acha que vai morrer a qualquer momento

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61 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Lembro-me que desenvolvi algumas síndromes, e duas delas eram


de ao ouvir o toque do celular de Cristina, sentia um frio na barriga
igual aos sustos que levamos quando somos surpreendidos por algo
inesperado. Isso eram “todas as vezes” que o celular dela recebia
mensagens. E além do frio na barriga, uma forte aceleração nos
batimentos cardíacos no momento do “susto”, que ia aliviando aos
poucos depois
Outra síndrome, foi a Síndrome do Pensamento Acelerado,
descoberta e estudada pelo Dr Augusto Cury. Essa síndrome é uma
espécie de botão do cérebro que não desliga, mesmo quando você
está dormindo, e tudo o que você pensa é extremamente acelerado.
Nunca usei nenhum tipo de drogas, mas me sentia um drogado
nessa época. Minha cabeça pensava aceleradamente 24 por dia.
Quando acordava pela manhã, sentia um cansaço imenso, pois a
cérebro não desligava nunca
O que eu pensava? Essa síndrome, pelo menos comigo, não tinha
controle do pensamento, e tudo era extremamente acelerado, só
lembro disso. Orava a Deus pedindo para tirar isso de mim, até que
meu irmão Nivaldo pediu que eu procurasse um médico. Busquei
informação sobre o assunto e com a ajuda clínica, consegui sanar o
problema, mas que duraram uns 8 meses até a cura. Ambas as
síndromes na verdade, saíram de mim sem uma data específica,
apenas desapareceram com o tempo
A tal proposta de me calar diante do acontecido, feito pela Cristina,
me fez engolir a seco o que em 5 dias eu iria expor em mais um surto,
só que agora em plena festa de natal e com as duas famílias juntas
No dia 24 de dezembro de 2015, lá estávamos mais uma vez, no
salão de festas decorado com temas natalinos e Cristina teve a
“brilhante” ideia de tocarmos uma música para os convidados
Eu estava muito tenso com o passar das horas, pois estava
absolutamente revoltado com a proposta de Cristina não querer
conversar comigo e não me pedir desculpas, e me pedir silencio com
ela. Eu me via uma panela de pressão

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62 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Ela conseguia com maestria por um sorriso em sua face


absolutamente enganador com todos os convidados da festa.
Enganador pra mim, pois estava me sentindo um verdadeiro
boneco controlado por uma mulher que me desrespeitava já a
algum tempo/anos
Nesse dia, meus parentes foram chegando e eu aflito, parecia que
algo de ruim ia mesmo acontecer. Ela como uma dona de casa que
recebe seus amigos e parentes, para mais uma confraternização de
um casal que vive uma “vida de sonhos”. Porém, nem sempre era
assim, pois tanto na minha família quanto na dela, já se sabiam das
histórias de um ano atrás do tal presbítero
Fiz a introdução da música no piano para que ela entrasse com o
solo do violoncelo. Todos ao nosso redor olhando aquele momento.
Eram mais ou menos umas 30 pessoas presentes na festa. Enquanto
tocava, eu estava com o olhar longe e distante, e ela errava mais
notas do que um iniciante que não sabe nem segurar um
instrumento. Pra vergonha musical não ser maior, eu tratei de cobrir
todos os erros da música solando junto com ela. No final os
convidados não sabiam se aplaudiam ou se riam. Foi cômico e
esquisito aquilo
A música voltou a tocar no som que tínhamos instalado e todos
voltaram para seus lugares. Tratei de desligar o piano e recolher
rapidamente, e fui para a parte de fora, onde também tínhamos
locado um espaço gourmet para fazer as bebidas
Comecei a consumir todos os coquetéis que tinha preparado,
misturando o álcool com as frutas, combinação perfeita para o que
viria a acontecer em 10 minutos
Depois de ter virado algumas caipirinhas, fui até a cozinha checar às
escondidas o celular de Cristina, para ver se realmente ela tinha
mantido a palavra de bloquear o tal cliente que a havia “xavecado”
por meses, e para minha surpresa, realmente estava bloqueado, o
que eu não sabia era que tinha mais alguém xavecando ela, acredite,
pirei com todos os direitos que um bêbado traído tem

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63 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Minha irmã Ester me viu puxando Cristina pelos braços, arrancando-


a de dentro da cozinha levando-a para fora do salão indo até o
apartamento que ficava um pouco mais abaixo do condomínio
Não me lembro muito dessa ida até o apartamento, mas posso
imaginar que devo ter falado e ameaçado Cristina com todas as
minhas forças, tanto que Ester logo veio atrás, acompanhando de
longe o que estava acontecendo
A mãe de Cristina viu algo de errado e tratou de vir atrás também.
Quanto aos demais convidados, não faço ideia se viram ou não essa
minha “saída triunfal” da festa com Cristina sendo puxada por mim
com toda a pressa
Ainda na porta do apartamento que não conseguia abrir de
tremedeira, falei para Cristina: “O que significa isso? Sua
P.....” xingando à com todos os nomes que uma mulher desonrada
tem
A fúria era tão grande e descontrolada, que consegui esmagar o
celular dela em minhas mãos, e olha que era um big de um celular.
Ester já no corredor conseguiu abrir a porta, e Cristina aos prantos
pedindo que eu não fizesse nada com ela. Parecia que seus olhos
iam sair da face. Ela pressentia uma violência física, que graças a
Deus não aconteceu. Eu estava tão fora de mim que xingava Cristina
sem parar. Meu filho Gustavo entrou no apartamento junto com a
mãe de Cristina e se depararam comigo totalmente fora de
controle, gritando e xingando os mais terríveis palavrões
Não me importei com ninguém ali no meu apartamento, expus para
Ester e a mãe de Cristina do que se tratava, falei do cliente da escola.
Que mais uma vez Cristina estava com atitudes de traições. Cheguei
a pegar as roupas de Cristina e ameaçar jogar pela janela do
apartamento, pra se ter uma ideia da aberração que estava
causando
Atitudes essas que não me orgulho de nada, apenas as conto a vocês
para terem ideias de qual ponto pude chegar

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64 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

A festa acabou, todos foram convidados a se retirarem sem muitas


explicações, até porque eu nem quis subir no salão para esclarecer
nada. Pensava comigo mesmo: “é minha vida que está sendo
degradada, e vocês aqui festejando comigo o que? Não tem festa!
Festa se faz quando se está bem”
Arrasada mais uma vez com sua atitude egoísta e de estrema falta
de pudor perante as famílias ali presentes, além da minha, é claro.
Cristina se escondeu como Caim, indo dormir na produtora naquela
noite, mas as acusações iriam ficar para sempre em sua cabeça caso
ela não quisesse realmente resolver seu problema
Eu fiquei em choque com o ocorrido, fiquei com os meninos em
casa, mas não dormi. Não sabia o rumo de nada
Tínhamos programado uma viagem para as praias do Ceará, mais
uma vez pelo quarto reveillon seguido, mas o que eu queria mesmo
era uma mulher que me desse o mínimo de respeito, porém, não
tinha noção, ou pelo menos estava cego, de que o tal respeito que
eu tanto buscava, já existia, estava em mim, porem eu não usava
para nada, nem pra mim e nem pro outro
Fomos para a viagem, acredite, depois de tudo o que houve. Cristina
mais uma vez não se retratou, e seguiu a vida como se tudo estivesse
encaixado em seu perfeito lugar
Ela planejava mais uma vez uma vingança ainda mais amarga, e
começou as torturas de silencio misturada com o ódio
Conversava comigo o necessário e se trancou numa possível
investida de pensamentos do que fazer a partir dali, quando voltasse
para a vida normal
Ficamos na cidade praiana por longos 10 dias e que não aconteceu
nada de sobrenatural, apenas uma curtição de férias onde todos
sentiam um peso de culpa. Até as crianças estavam mais pesarosas,
pois o que presenciaram foi um pai surtado e uma mãe com atitudes
suspeitas. Suspeitas porque nenhum filho quer acreditar que sua
mãe é capaz de tal ato

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65 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Quando voltamos das feiras, Cristina falou: ”quero um tempo para


pensar se vale a pena mesmo estar nesse casamento”
Foram 3 meses onde Cristina se dedicou apenas cuidando da casa e
dos filhos, e nos finais de semana, passava grande parte do dia na
casa da sua irmã, vindo para casa apenas para dormir, e isso, quando
não resolvia dormir por lá mesmo
Eu fiquei anestesiado nessa época, e não dormia. A síndrome do
pensamento acelerado estava no auge. Além de não dormir, só
pensava besteiras e que Cristina me traía
Esse período da minha vida, não me comuniquei com ninguém,
minha família não quis interferir, até porque todo o conselho que eu
ouvia, eu não acatava e não seguia, então eles resolveram “tirar um
pouco o pé” para que eu colocasse o meu. Todos estavam cansados
das histórias que viam em mim e em minha casa. Até meus filhos se
afastaram, respeitando os limites apenas de pai e mãe

Nos finais de semana, ia para a igreja sem Cristina, e meus filhos


também não iam. Estava desolado e muito triste. Todos
perguntavam onde estavam e eu dizia: “não quiserem vir hoje” só
que era visível a minha dor e minha face entregava a todos que se
aproximavam que existia alguém ali deprimido
Lembro-me também de uns funcionários comentarem: “você anda
triste e muito pra baixo” – ouve um que comentou: “desculpas, mas
ficar do seu lado me deixa triste” e comentou que eu emanava uma
energia negativa. E é muito possível que isso acontecia mesmo
Em meados de março, próximo do meu aniversário, lembro-me de
combinar com um amigo de irmos em um culto na antiga “igrejona”
que já tinha frequentado com minha família. Estava buscando
respostas, e naqueles dias, estava tão pra baixo que mal conversara
com Cristina. E fui ao culto. Lá Deus falou muito comigo e voltei
muito feliz pra casa

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66 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Quando Cristina viu minha reação mais positiva e parecia não mais
depender dos abraços que eu sentia falta e que estava menos
apegado à ela, pois já se faziam alguns dias que eu não me
importava muito com ela, tratou de me falar: “quero ficar com você”
Acho que faziam anos que eu não ouvia essas palavras juntas saindo
da boca de Cristina. Se existisse um foguete que me levasse a lua e
voltasse em 5 segundos, eu estaria dentro dele naquele momento.
Fui as estrelas e voltei
Os dias seguintes foram de paz temporária, pois eu já me magoara
demais. Meu coração não batia bem. As frequências eram em geral
aceleradas, e tive que ir ao médico ver isso algumas vezes, pois me
preocupava a respeito dessa arritmia sem controle
Nesse meio tempo já tinha passado por uma 2ª psicóloga, e que não
trouxera tantos resultados. Na verdade, o que eu queria ouvir elas
não tinham pra me falar. O conselho era sempre o mesmo, e com
certeza o mais correto: “Cuide de você, ou vai morrer”
Essa última psicóloga inclusive chegou a me dizer que eu poderia ter
alguma experiencia sexual que não fosse a Cristina, ativando em
mim uma chave que todos temos o controle, basta você se controlar
ou não
Estávamos em 2016 e esse ano foi timidamente se esvaindo. entre
momentos de descontração e de tristeza, pois o vazio que eu sentia
já ocasionados pelos fatos que aconteciam, cada vez mais me
arremetiam para uma tristeza profunda e um vazio dentro de mim
mesmo. As vezes compensava com barganhas, indo à restaurantes
e barzinho, eu e Cristina, as vezes com os meninos. Em geral em
julho íamos passar uns dias em Campos do Jordão no Estado de São
Paulo, uma cidade cheia de romantismo e belezas (em geral
externas). Pois o que se ouve falar nos bastidores é que pessoas vão
para desfilar seus casacos de peles, carrões e um glamour
extravagante e excessivamente desnecessário

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67 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Já com o final de ano chegando e as férias também, Cristina tratou


de mais uma vez querer fazer a tal festa de natal em que todos os
anos fazíamos. Eu pedi para que ela não fizesse, pois o gosto dessa
festa tinha ido ralo abaixo. Não tínhamos tantos motivos para
realizar essa festa. Era hora de darmos espaço para as famílias
escolherem fazerem suas próprias festas. Mas Cristina não deu
ouvidos mais uma vez e tratou de organizar a festa, dessa vez sem
minha ajuda, me colocando totalmente de fora da organização.
Lembro-me de meu irmão Paulo me ligar dizendo que Cristina tinha
ido em sua casa levar um convite impresso convidando para a tal
festa. “Como assim? Nuca fizemos convite impresso, pra que essa
formalidade?” falei eu pra ele. E ele vendo meu desanimo já tratou
de dizer: “eu não vou não”. Isso só foi ainda mais motivador pra que
eu não assumisse a tal festa e já saberia o que faria. Também não
participaria!
Pra resumir, essa festa foi um fracasso, pois todos os parentes que
ela convidou da minha família tratei de desconvidá-los dizendo que
eu não estaria na festa e não os receberiam e que apenas Cristina
estaria. E assim o fiz. No dia de natal, fui para casa de minha irmã
Irene, onde passei o primeiro natal desde que casei, sem Cristina e
sem meus filhos. Foi estranho, mas foi libertador. Eu pela primeira
vez, tinha tomado uma atitude em anos, que sobressaia a de Cristina
O preço? Ah sim, já ia me esquecendo. Ela tratou de devolver não
indo na viagem para as praias do Ceará como eram de costumes e
que tínhamos agendando, como sempre fazíamos todos os anos
No caminho de ida (sempre íamos de carro), chorei os 1200km
rodados de RJ até o Estado do Ceará, sendo amparado pelos
meninos que diziam: “pai não chore, estamos aqui com você e serão
umas boas férias”. Parecia que um pesadelo iria se repetir de novo
Cristina quis dar a entender que estava livre de mim por 10 dias e
livre também para fazer o que queria. Lembro-me de ela não
atender o celular por várias vezes que eu ligava pra ela lá da praia.
Uma das vezes que ela atendeu e estava um barulho de burburinho

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68 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

de um barzinho, daqueles que tem som ao vivo e muita gente


falando, e ela tratou logo de dizer que estava com uns amigos e que
não podia falar muito. Depois soube pela mãe dela que era mentira,
que ela tinha feito aquilo justamente para me atingir. Sua mãe
nunca concordou com as atitudes dela e sempre dizia que queria
ajudar, porem Cristina nunca deu abertura para os pais falarem,
aconselharem e ajudarem a ela. Comentaram que ela dizia: “a vida
é minha e dela cuido eu”. Com essa fala, eles se sentiam mal em
querer falar sobre qualquer assunto que Cristina julgasse invasivo,
dai “tiravam o pé”
As férias já não tinham o mesmo colorido pra mim. Embora estava
com meus filhos e que era ali que devia me concentrar, não
conseguia, e para cada 1 hora que passava lá, 40 minutos era
pensando em Cristina
Lembro que para distrair, fazia caminhadas longas indo de uma
ponta da praia a outra, que levavam horas para concluir o trajeto.
Meus filhos ficavam em geral bem, mas percebiam em meu rosto o
quanto eu estava sofrendo
A dor da co-dependência e carência afetiva deixa marcas em tempo
real em nossa face. Quem vê já sabe de imediato que existe algo
errado com aquela pessoa, ainda mais eu que respirava errado, era
muito fácil identificar
De manhã, preparava o café dos meninos, ia num mercadinho
próximo de onde estávamos hospedado para preparar os lanches e
levar para praia e ficarmos lá o dia todo, sempre no mesmo lugar,
embaixo de uma arvore onde se disputava um espaço logo pela
manha
Eram sempre as mesmas famílias que ficavam naquela arvore, e um
dia se aproximaram de mim duas senhoras que formavam dois
casais. Os maridos sempre iam jogar frescobol, enquanto as
mulheres ficavam a cuidar das crianças e jogar conversa fora, e as
vezes participavam dos jogos também com seus maridos

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69 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Eu olhando tudo aquilo e não só estes casais, como outros também


e o quanto pareciam felizes. Sabia que não era sempre, tinha essa
noção, mas em geral, me pareciam que sabiam levar a vida com
mais harmonia e pensava comigo: “será que isso existe?” “será que
eles se sentem amados?” “porque não acontece comigo”. Com isso,
passava horas conversando com Deus e estudando estratégias de
como lidar com isso, como mudar isso, como sair disso, porem
sempre vi que errava de acordo o meu resultado de vida
Elas perguntaram: “onde está sua esposa? Estamos aqui a alguns
dias e percebemos que você sempre vem com seus filhos somente”.
Confesso que me bateu uma tristeza nesse momento, mas lembro
de ter respondido apenas: “ela não quis vir e ficou no Rio”. Daí ela
respondeu: “nossa que casal moderno, não sei se deixaria meu
marido vir para uma praia paradisíaca dessas, cheia de mulheres
lindas sozinho”. A vontade que eu tinha de responder era:
“realmente somos um casal moderno e super feliz” mas a verdade
era outra bem amarga e dessa vez deixei meu orgulho de lado e
respondi: “não estávamos bem e por isso ela resolveu ficar, não foi
uma atitude feliz por parte dela e possível nem por minha e acabei
aqui só eu e meus filhos”
O papo não se estendeu muito, logo chegaram os maridos e
trocamos cervejas e petiscos, e pela primeira vez em anos, tinha
feito uma amizade mesmo que temporal, e já me sentia um pouco
melhor. Ao cair da tarde, resolvemos voltar para a hospedagem e
para minha surpresa o que acontecera? Tinha conseguido ficar mais
de 5 horas sem ao menos me sentir mal com a distância de Cristina,
e que passei momento agradáveis com pessoas que nunca tinha
visto. Um sinal libertador e que começaria a me mostrar que algo
estava mudando em mim e eu nem fazia ideia
Os dias se passaram e eu não liguei tanto mais para Cristina, e
no reveillon, fomos para um restaurante super descolado, onde
houve uma festa com reserva antecipada. Não poupei esforços para
conseguir o melhor restaurante da região e a melhor mesa

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70 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Ao chegar nessa festa que estava cheio de gringos, na sua maioria


latinos e uma energia super positiva com música eletrônica,
comidas e bebidas à vontade. Sentado junto em nossa mesa
(dividíamos a mesa com várias pessoas), estavam 2 casais, um que
não paravam de se beijar e mal interagiram com a gente, um outro
falante e bem alcoolizados já, uma senhora argentina e sua linda
filha. Ops, eu falei linda filha? Isso mesmo, ela era linda e conversava
comigo como se me conhecesse a anos
A conversa rolaria muito mais quente, mas o constrangimento de
estar com meus filhos na mesa não deixou. Percebi o quanto eles
estavam de olho em mim e que de alguma forma estavam se
sentindo enciumados com aquela moça a vontade comigo
A verdade é que os argentinos em geral falam muito alto,
gesticulam muito e são muito brincalhões e falam se aproximando
muito das pessoas
Percebi que aquilo estava errado e os olhos dos meninos me
incomodaram. Não que eles estavam me vigiando (e teriam até esse
direito como filhos), mas o que mais me incomodou neles foi o olhar
meio triste, e com isso, fiquei constrangido pela situação que causei
neles e logo encerrei o papo que já estava cheio de pega mão aqui e
outra ali. Dei a desculpa que iria ver a queima de fogos à beira mar
e quando voltamos ela já estava com outro homem levando a
mesma postura de papo e comportamento
Eu não estava ali pra isso, fui pra me divertir com meus filhos e
então, nos servimos da ceia e já cansados voltamos para a
hospedagem
Ficamos mais 3 dias após o réveillon e resolvi voltar para casa.
Estava à 1200 km de distância de casa e a saudade apertava muito.
Não quis ficar, estava me sentido mal e o coração saindo pela boca,
com os batimentos cardíacos aumentando pela falta de contato
com Cristina

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71 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Ela não atendeu por uns 3 dias meus telefones e mensagens que
deixava. Possivelmente era uma forma de tortura que ela impunha
e que chegava com um peso aumentado por 10 em mim, pelo fato
de me sentir carente e codependente emocional dela
Anos mais tarde, descobriria o que seria co-dependência. Para
cada co-dependente existe um dependente. Neste caso um
alimenta o outro. No meu caso eu era o co-dependente e Cristina a
dependente emocional. Eu alimentava em Cristina e em seu ego, o
fato dela se sentir útil pra mim em todos os aspectos da minha vida
e ela alimentava em mim uma carência não me dando o que eu
queria (atenção e amor)
Quando chegamos em casa Cristina tinha ido para a praia com suas
irmãs um dia antes e voltaria apenas 2 dias depois. Nesse meio
tempo conversei com seus pais e pude expressar o quanto eu me
sentia mal com tudo que estava acontecendo. Mas eles também
eram um pouco frios em seus sentimentos. Parecia ser realmente
um comportamento de família. A família dela sempre teve um
orgulho exagerado em seus comportamentos. Me lembro do pai
dela me dizer uma vez que preferia morrer que pedir perdão para
uma pessoa em que eles tiveram uma desavença
Recentemente li o “Livro do Perdão” de Desmond Mpilo Tutu. Ele é
um arcebispo da Igreja Anglicana consagrado com o Prêmio Nobel
da Paz em 1984 por sua luta contra o Apartheid em seu país natal
O perdão é um benefício que só sente quem realmente o libera.
Muitas vezes o perdão é visto como um ato de humilhação, do tipo
“terei que me humilhar pra pedir perdão” ou “não vou pedir perdão
para aquele sujeito/a para não me humilhar”
Quando você perdoa o outro você está tirando um peso de si. Um
peso que você carrega e que apenas o perdão é capaz de tirar esse
peso
Lembro dos dias em que sofri com as acusações falsas feitas por
uma irmã minha, e o quanto aquilo me corroeu. Somente após

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72 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

alguns anos pude perceber que o perdão tiraria todo o peso.


Quando eu resolvi perdoar minha irmã, o sentimento de peso e raiva
sumiram de mim, e a partir daí pude desfrutar de uma vida mais
saudável sobre aquele assunto. A ferida estava lá como apenas uma
lembrança do que aconteceu, porem ela não doía mais. Perdoar não
é esquecer o ato cometido, e sim, você lembrar e não se sentir
culpado ou com raiva do assunto
Confesso que hoje minha vida é muito mais leve quando passei a
olhar para o perdão dessa forma. Ele é terapêutico e quando você
aprende a aplica-lo da forma correta, você é o maior beneficiado
Levaria um tempo pra eu aderir, entender e praticar da forma
correta o ato de perdoar, mas quando ele veio, ah esse sentimento
foi sensacional. Não há sentimento melhor do que você ter paz de
espirito. O perdão traz isso. Quando você tem essa paz, parece que
tudo em sua vida flui. Não quer dizer que você não terá mais
problemas, mas quer dizer que saberá enfrentar com muito mais
maturidade, respeito e amor próprio, confiança em si e em Deus e
uma coisa que me feriu muito e foi muito atingida em minha vida: a
minha dignidade
Sim, você se sentira uma pessoa digna e aprendera a colocar limites
em sua vida. Aprenderá a dizer “Não!”. Saberá o valor que esta
pequena palavra tem, e começará a usar com mais frequência
Aprenderá que a lógica em dizer não pro outro é dizer sim pra você,
e dizer sim pra você é dizer não pro outro
Simples assim
E isso não é egoísmo, orgulho, vaidade. Isso é respeito e amor
próprio. Desde que você passe a olhar esses limites. E eles também
devem ser seus. Você tem um limite e o outro também tem. Se
ninguém ultrapassar essas barreiras, sempre haverá respeito. Basta
apenas você estabelecer os seus valores e limites e já saberá até
onde pode ir ou podem ir, certo?

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73 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Quando Cristina chegou em casa após a volta da praia que fora com
suas irmãs, eu a abracei muito, estava carente emocionalmente,
totalmente vazio de mim e usava Cristina para suprir essas carências
físicas e emocionais. Uma forma de egoísmo e orgulho com certeza,
pois esse abuso de usar o outro para suprir minha carência é uma
forma de degradar o outro sutilmente e sem perceber, diminuir o
valor que essa pessoa representa pra você
Eu olhava para Cristina e mesmo ela ainda com os comportamentos
de poder sobre mim, percebia que nela existia um vazio também.
Era uma mulher frágil e que precisava de ajuda, porém infelizmente,
ela criou uma muralha como proteção em relação as falhas de
caráter que possuía e que ninguém conseguia ultrapassar. Eu, por
várias vezes tentava ainda que, com uma força que já não sabia de
onde tirar, resolver as nossas pendencias e situação. Mas Cristina se
mostrava cada vez mais inatingível e distante de querer resolver.
Tornara-se, na cabeça dela, autossuficiente para resolver suas
questões, sentimentos e atitudes, deixando claro que qualquer um
que se aproximasse dela, a única coisa que conseguiria arrancar de
lá era um braço cruzado de indiferença e um ombro levantado de
“TO NEM AI PRA O QUE VOCE PENSA”
Eu estava cansado de tanta pancada emocional, desprezo,
indiferença, falta de comunicação e desamor, que gradativamente,
sutilmente e quase que involuntariamente e sem perceber, comecei
a “tirar o pé” também
Lembro-me que comecei a ler muitos livros de autoajuda e ver
episódios no Youtube de coachings, terapeutas, psicólogos e tudo
que me levasse a entender o que se passara comigo
Pela primeira vez, comecei a perceber que o movimento teria que
ser dado através de mim, e com essa percepção, passei a buscar
informação a respeito de pessoas e casais que se
comportavam assim. Passei a estudar o meu comportamento e o
de Cristina e em pouco tempo, passei a perceber o quanto aquilo era
mal tanto para mim quanto para Cristina

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74 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Preciso aqui contar um episódio que teve peso para o futuro


Nessa mesma época, e as vésperas do feriado de carnaval de 2017
fui jogar boliche com meu filho Gustavo, meu irmão Nivaldo e minha
irmã Camila. Pela primeira vez, eu estava diante de Camila, após
anos sem nos falarmos num ambiente distraído
Como Cristina não estava por perto, fiquei à vontade, mas me
sentido mal por estar diante de minha irmã e meio que sem assunto,
sem graça e desconcertado, pois Gustavo estava comigo e não
podia naquele momento tocar em assuntos antigos para não haver
constrangimentos
Jogamos e nos divertimos naquela noite, achando eu que estaria
tudo bem, omitindo para Cristina quando voltei pra casa, sobre a
presença de Camila no boliche
Para minha surpresa, Cristina interrogou meu filho mais tarde que,
inocentemente e sem saber de brigas da mãe com a tia, delatou
inocentemente dizendo que Camila estava no evento do boliche
Bastou isso para Cristina se sentir no direito e cometer o ato que
traria ainda mais problemas para o casamento
Era estranho esse ódio mortal de Cristina. Cheguei ao ponto de
achar que Cristina queria ver o inferno inteiro, mas não queria ver
mais Camila. Hoje penso que era tão estranho esse
comportamento, que era possível sim dela se sentir culpada por
algo realmente que devia ter feito de errado e que Camila estava
realmente com razão no passado. Pra que tanta indignação? Porque
tanto ódio? Logo por Camila, minha irmã. Sempre pensei: “existem
ex-mulher, mas não existe ex-irmã”. Um dia voltaria sim pra falar
com Camila e acertar tudo. Jamais ficaria sem falar com ela, ainda
mais por ser um problema que não era meu, e sim, delas
De qualquer forma, Cristina ficou tão enfurecida com o fato de eu
ter omitido a presença de Camila no boliche e pelo fato de ter
voltado a nos falar que teve a infelicidade de dizer pra mim:

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75 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

“estamos no carnaval certo? Então pegue umas roupas e vá curtir


bem longe de mim”
Essas palavras soaram pra mim como frase do inferno. Como
poderia minha esposa querer que eu fosse curtir o carnaval e ainda
mais longe dela? Como alguém casado e que queira paz em sua vida
faria uma proposta dessas para seu cônjuge? Fiquei indignado e fui
para Petrópolis, com o Gustavinho e onde morava minha irmã Ester
Chegando lá, lembro-me de chorar muito nos ombros de Ester. Ela,
muito indignada e que sabia de todos os problemas que
passávamos, pois ela era a única pessoa que eu confiava e que podia
de alguma forma me ouvir e, mesmo que ela me desses vários
conselhos, eu não acatava nenhum
Ficamos lá por 4 dias. Fomos à alguns passeios nos arredores da
cidade. Eu muito arrasado ainda liguei pra Cristina e mandei
mensagens, mas ela não atendeu e nem respondeu a nenhuma
Algo passou a me perturbar muito. Essa fala de Cristina me dizendo
para ir curtir o Carnaval era como se ela me desse o famoso
“vale night”. Mas eu não queria usar o tal vale. Queria mesmo era
que Cristina se libertasse de todos esses problemas e parasse de agir
com tanta deslealdade e perversidade
Mesmo pensando isso, aquela frase solta de Cristina latejou em
minha cabeça por vários dias. E a proposta que um dia tinha ouvido
da minha segunda terapeuta, começou a fazer sentido. A de ter um
caso extra conjugal
Em meio a tantos “nãos” que comecei a ouvir e atitudes de Cristina,
insanamente voltadas para si, resolvi um dia fazer uma pergunta:
“você quer que eu fique aqui hoje?”. Era uma quinta feira e tinha
acabado de chegar do trabalho, com fome (Cristina quando fazia a
janta, não deixava mais nada para mim, desde o começo do ano, ela
limpava as panelas e guardava, cabendo a mim, sair pelo bairro a
procura de janta, mesmo depois das 22h – horário que eu chegava

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76 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

do trabalho), ela me respondeu: “pra mim tanto faz você dormir aqui
ou não”
Bastou a combinação das falas: “Vá curtir o Carnaval” com “Tanto
faz você dormir aqui” e da terapeuta “vá ter rum caso extra conjugal”
para automaticamente uma chave virar na minha cabeça. Naquela
noite e nos próximos 6 meses, eu dormiria algumas vezes na
produtora, mesmo que apenas em um colchão, outros dias na casa
de meu irmão, que ficava próximo do bairro onde eu trabalhava, ou
na casa da Vivi
Vivi? Isso mesmo que você leu. Viviane era uma cliente linda,
modelo de passarela de profissão e que eu jamais me acharia capaz
de ficar com essa mulher. Pois, após ouvir todos os absurdos de
Cristina como: “você é um lixo” - “ninguém quer ficar com você” -
“prefiro as vezes morrer do que ter que saber que estou com você”,
achava mesmo que eu era tudo isso e não merecia algo bom
Passei a não mais investir em Cristina e literalmente, pensar como
um homem solteiro por um tempo e cai nas graças de Viviane. Uma
linda mulher, modelo, recém separada, e que levava uma vida
completamente livre.
Não me orgulho de nada disso, porém, esse fato me fez enxergar
muitas coisas que estavam a anos enterrados em mim, como
- saber que eu não era um lixo
- saber que alguém me queria sim
- saber que eu era interessante pra alguém
- que era capaz de ter outra mulher e que me valorizava
Não me orgulho, mas também, não me arrependo. Digo isso porque
se não fosse esse episódio, possivelmente eu poderia ainda estar
nesse casamento
Existe uma fala usada pela equipe de Hitller e que eles acreditavam,
e muito possível que seja verdade, que é: “a mentira de tanto ser
contada vira verdade”

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77 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

O que quero dizer com isso é que, após anos ouvir tantas coisas ruins
a respeito de mim, passei a acreditar que eu era aquilo mesmo. Não
me lembro quando foi que esses pensamentos se instalaram em
mim, porém, me lembro do dia que eles saíram de mim, e foi no dia
em que cheguei a convidar Viviane para um almoço de negócios
(pois ela era da área de comunicação, onde eu atuei no mercado
corporativo de criação de jingles para comerciais de rádio e tv) Um
álibi para eu agir. Queria investir na mulher mais bonita que até
então estava presente naqueles momentos da minha vida
Viviane se entregou de corpo e alma e pela primeira vez na minha
vida, senti o gosto saboroso de ter uma mulher totalmente entregue
aos deleites de um homem. Esses dias foram importantes para o
processo que se viria
Se eu me culpo por ter traído Cristina? Não sinto remorso nenhum,
por incrível que pareça, até hoje, me sinto bem sobe esse assunto.
Lembro-me que chegava em casa e perguntava a Cristina: “e aí você
está sentindo falta de mim?” “quer que eu fique aqui?”, como uma
espécie de pedido de liberação de Cristina para eu cair na gandaia
com Viviane ou qualquer liberdade que eu achava que não tinha, e
ela sempre respondia: “não sinto sua falta e faça o que você quiser”.
Daí eu saia para fazer exatamente isso, o que eu queria
Os encontros com Viviane foram poucos no decorrer dos 6 meses
que me encontrava com ela, porem intensos e suficientes para dali
pra frente manter a chave virada. Após já estar um pouco cansado
e querer resolver minha vida, dei um basta nos encontros,
mantendo o contato com Vivi apenas para uma emergência
Depois dessa intensa agitação na minha vida, os meses seguintes
foram uma mesmice. O que me motivou em julho pela primeira vez
de eu sair de casa, vindo ficar um mês morando nos fundos da
produtora
Nessa época, não fiz absolutamente nada demais. Não me
encontrei com Viviane e apenas foquei em mim, começando a

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78 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

entender que eu era importante para as pessoas sim, mas se não


cuidasse de mim, nunca saberia da intensidade dessa importância
Estava muito cansado e convicto de que não era mais o mesmo, mas
faltavam ainda energia para manter minha decisão, e logo Cristina
pela primeira vez ajoelhou-se implorando que eu voltasse para casa
e que tudo seria diferente. Que ela estava disposta a ser a mulher
que eu sempre quis e que ela tinha de alguma forma deixado para
traz
Me vi novamente com sorte
Cristina pediu que eu fizesse uma lista de coisas que eu queria que
ela fosse ou fizesse. Olha aí, mais uma vez eu barganhando amor e
carinho
Na verdade, eu fiz uma lista, mas não me empolguei. Em outras
épocas, essa lista seria bem maior, mas ali, do jeito e momento que
eu me encontrava, resolvi ser modesto e diminui a lista, sem saber
na verdade o quer estava fazendo. Mas fiz
A promessa de Cristina ser essa grande transformação logo veio
abaixo, com minha interferência dizendo: ”não quero que você
cumpra uma lista, quero que você seja livre pra ser o que tiver de ser,
sem se moldar, pelo contrário, será uma mentira pra mim”
Ela se mostrou frustrada, mas de alguma forma sensata, acatando
a ideia e não se falou mais em lista ou barganhas dali pra frente
O ano já era 2017 e estávamos indo para mais um final de ano, e os
meus últimos 3 finais de anos teriam sido tensos conforme narrado
aqui. Mas o desanimo realmente tomava conta do casal que pela
primeira vez decidiu abrir mão da festa de natal, e apenas ir para
uma simples ceia de natal feita na casa dos pais de Cristina
Após essa ceia, arrumamos nossas malas e fomos para Paraty,
litoral sul de RJ e que nos lembravam tempos felizes em que, mesmo
com os perrengues financeiros que tínhamos e desajustes
emocionais, ainda éramos um casal que não havia essas histórias de

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79 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

traições virtuais e que mesmo com a minha carência afetiva, e


ouvindo de Cristina que eu era um “eterno carente”, ainda havia o
respeito da confiança que um casal pode dar a outro. Pelo menos
até aqueles dias, não se sabia de nada de Cristina e não quero nem
pensar aqui se houve ou não. A famosa frase: “o que os olhos não
veem, o coração não sente” faz sentido pelo menos aqui para dar
continuidade ao livro
Essas férias foram pra mim de reflexão total. Lembro-me de
acordar bem cedo e ir caminhar na praia sozinho. O local onde em
geral nos hospedávamos era distante do centro da cidade, e para
quem não conhece Paraty, digo que é um paraíso de praias desertas
Nessas caminhadas curativas e de extremo contato com Deus, pude
analisar e refletir que já não era mais o mesmo. Era um homem de
41 anos, pai de dois meninos que amava muito, profissional bem
sucedido, mas que não tinha nem um amigo, minha família estava
longe de mim e a pessoa que eu mais queria, tinha demonstrado pra
mim com todas as provas possíveis que alguém possa ter, que não
era mais feliz comigo (ou talvez nunca foi)
Sempre achei que eu e Cristina aprendemos a se amar depois que
casamos. Sim, seu pai nunca deixou que nos aproximasse a ponto
de nos apaixonar para se casar. Casamos por livre e espontânea
pressão, não por planejamento ou por querer. Até queríamos, mas
não nas condições que se deu, não houve tempo pra isso. Lembra
da proposta que fiz no dia à Cristina? “ou casamos agora, ou não nos
vemos mais”. Sim ela corria risco de vida por namorar comigo, ou
talvez por namorar com qualquer um que fosse seu namorado
naquela época
Mas agora, 20 anos depois desse dia, as coisas não eram mais as
mesmas. Às vezes me passa pela cabeça que nunca foram como eu
pensei de verdade. Penso as vezes que Cristina se casou comigo
para fugir dos espancamentos de seu pai, o que qualquer mulher
realmente faria. As vezes penso que Cristina sabia da gravidez e que
não queria encarar na casa de seus pais. Enfim, são apenas

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80 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

pensamentos, leves hoje, e você vai poder sentir em minha fala essa
leveza sutil, possivelmente, daqui em diante
E se não tivesse feito essa proposta? E se eu naquele dia, tivesse
virado as costas e dissesse pra ela: “melhor pararmos por aqui”. E se
“EU” tivesse me dado a chance de escolher ao invés de ter feito a
pergunta a Cristina e ter deixado ela optar?
São perguntas fascinantes e que ainda penso no que mudaria, como
no filme “O efeito borboleta”, onde um simples fato que não
fazemos ideia que mudara o destino das pessoas causa um futuro
totalmente oposto ao previsto. Aliás, esse filme começa com a
seguinte frase: “O simples bater de asas de uma borboleta no
oriente, causa um tufão no ocidente”, daí a origem do nome do filme
De alguma forma, parecia que eu estava dando lugar à Deus em
minha vida depois de anos encarcerado em meus vícios e orgulhos
Essas férias me fizeram tanto bem, que passei a olhar pra mim como
um ser humano que pode ser amado sim, e esse amor deveria partir
em primeiro lugar de mim mesmo
A famosa frase de Cristo: “Ame o teu próximo como a ti mesmo”
começava a fazer sentido em minha vida
Como o parâmetro do amor ao próximo é exatamente o quanto eu
me amo, então possivelmente eu não me amava, logo, não amava
quem estava em minha vida e próximo de mim
Ora, pra você isso pode não ser novidade, mas pra mim era como
abrir um clarão e eu pela primeira vez, entender o sentido da palavra
amor. Passei por dias a raciocinar sobre o amor, mesmo depois de
retornar das férias
Pensava eu: “Amor não é um sentimento. Amor é um ato, um
movimento, um gesto, algo que eu faço pelo outro sem esperar a
devolução desse outro, e assim, sucessivamente o outro também o
fara, se estiver em amor”

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81 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Lembro-me de uma história contada pelo


rabino Abrahan Twerski que quero compartilhar com você. Dizia o
rabino:

O amor é uma palavra que na nossa cultura quase


perdeu seu sentido.
Há uma história muito interessante do rabino de Kotzk.
Ele passou por um jovem que estava claramente
deliciando-se em um prato de peixe que comia. Ele disse
ao jovem:
“Por que você está comendo esse peixe?”
O jovem responde:
“Porque eu amo peixe!”
O rabino responde:
“Ah, você ama o peixe e por isso o tirou d’água, o matou
e o ferveu. Não me diga que ama o peixe. Você ama a si
mesmo. E porque o peixe é gostoso na sua opinião, você
o tirou da água, o matou e ferveu.”
Muito do que chamam de “amor” é “amor a peixe”.
E então um casal de jovens se apaixona, os jovens se
apaixonam, o que isto significa? Isso significa que ele
viu nessa mulher, alguém que ele creu que poderia
prover todas suas necessidades emocionais e físicas, e
ela sentiu que esse homem poderia fazer o mesmo. Isso
foi o amor. Mas ambos estão olhando para as próprias
necessidades. Não é amor pelo outro. A outra pessoa se
torna um veículo para a minha satisfação.
Muito do que chamam de “amor” é “amor a peixe”.
E um amor externo não é sobre o que vou receber, mas
o que vou dar.
Havia um professor de ética o rabino Dessler, que disse
que as pessoas cometem um erro grave ao pensar que
você dá aquelas que você ama. Mas a verdadeira
resposta é você ama aqueles a quem você dá. E seu
argumento é que se eu dou algo a você eu me investi em
você. E já que amor próprio é natural, todos amam a si

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82 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

mesmos, agora que parte de mim está em você, há uma


parte de mim em você que eu amo.
Então, o amor verdadeiro é um amor que “dá” não que
“recebe”.

Depois dessa narrativa tão esclarecedora, podemos realmente


pensar que o amor que está no outro é parte de nossa doação, e que
por estar lá, amamos o outro. Interessante e intrigante. Fique você
com suas conclusões a respeito. A ideia aqui foi apenas provocar em
você uma reflexão
Minha busca começou a ficar insana, conforme ia descobrindo essa
nova forma de ver a vida e perceber que existia uma luz no fim do
túnel
Passei a acreditar realmente no amor, porem agora com mais “pé
no chão” e com uma pitada de: “ainda tenho chances”. Chances que
eu precisava dar a mim, sem esperar do outro, mas que deveria ter
relevância e que precisava de alguma forma ser dado o primeiro
passo, o primeiro movimento
Ao voltar de férias, voltei pro trabalho e logo tratei de comprar uma
passagem para Porto Alegre. Estranhamente eu sonhava sempre
estar nessa cidade, sem nunca ter ido, e esse sonho se repetira no
mesmo dia em que resolvi comprar a passagem
Comprei a passagem na mesma data do meu aniversário que seria
em março e que seria num final de semana. Porem comprei só pra
mim. Queria ir sozinho, possivelmente para o meu último final de
semana de reflexão, com o pensamento no retorno de nunca mais
querer a vida que estava levando até então, mas sim, com o
sentimento de “pé fora da lama”
Não demorou para Cristina descobrir que tinha comprado as
passagens e logo ficar absurdamente desconfiada do que estava
acontecendo comigo. Algo estava realmente muito “fora do eixo”

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83 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

pra ela, porem pra mim tudo já fazia sentido e “voltando ao eixo” de
onde ele nunca deveria ter saído
Inconformada com a falta de clareza do que estava acontecendo,
ela tratou de comprar as pesagens também para ela e pedir pra ir
junto comigo. Eu dei de ombros e disse que tudo bem. Estava tão
em paz comigo mesmo, que mesmo ela indo, não afetaria meus
propósitos de nova vida e qual fosse a decisão que eu tomaria após
aquele fim de semana que se viria. Sabia que daquele dia não
passaria
Eu sempre tive a estranha mania (ou não) de marcar datas, lugares
e acontecimentos com uma relevância a se fazer sentido, para
alcançar metas e objetivos, sempre fui assim. Mas isso é bom pra
mim e não discuto a respeito, acho até bom demais, pois me
comprometo com o marco que crio e em geral dá certo
O grande final de semana chegou e parti pra Porto Alegre com
Cristina me acompanhando
Ficamos hospedados em um albergue bem simples, porém
aconchegante e cheio de jovens, com uma energia bem
descontraída e positiva
Fizemos alguns passeios na cidade, museus, shoppings e a noite
fomos todos os dias para os barzinhos, pois o bairro onde estávamos
hospedados era o mais boêmio da cidade
Me lembro de fazer um passeio de barco na orla do Guaíba, onde
Cristina foi na janelinha e eu do lado dela olhando para aquele mar
e se passando um filme em minha cabeça, onde podia também
sentir, além de minha dor, a dor dela. Uma dor que infelizmente não
pude saber a intensidade e que ali não me interessava mais, mas que
tinha ciência que existia, mas que não cabia mais a mim se importar,
pois por anos tentei chamar sua atenção para essas causas, que
tinha perdido as forças. Estava convicto que as forças que restavam
em mim, se concentrariam em mim a partir de agora

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84 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

O dia do meu aniversário foi o dia inclusive que voltaríamos pra casa.
Nada de anormal aconteceu. Cristina me deu um abraço muito leve
e me fez as felicitações. Eu ainda esperava mais dela, mas não quis
aumentar qualquer expectativa e aceitei o que veio dela do jeito que
veio mesmo. Recebi 3 ligações, uma de minha irmã, outra de uma
amiga da igreja muito querida e outra de meus filhos, umas 3
mensagens no whatsapp de algum parente e acho que foi só. Isso
me deixaria triste em qualquer outra época, porem aquele dia
estava me sentindo diferente e estava vivendo o meu dia como
deveria ter sido todos os outros: com dignidade
Ao chegar em casa, já cansado da viagem, fomos nos deitar sem
muita conversa. Cristina mesmo percebendo algo estranho no ar,
nunca falaria ou perguntaria de mim o porque dessa postura. Ela,
diferente de mim, conseguia com maestria, disfarçar suas
curiosidades para manter a sua muralha de mulher forte e que nada
a abalaria
Lembro-me de que naquela noite orar a Deus e pedir uma única
coisa: “Senhor me de sabedoria amanhã” e adormeci

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85 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

8. Viva, sol nasceu e é amarelo (será


mesmo?)

O dia após meu aniversário, estava muito ensolarado e lindo. Era o


dia em que eu tinha marcado em minha agenda mental de resolver
minha vida e assim, levantei da cama e parti para tal
No café da manhã, sentei ao lado de Cristina, que já estava na mesa
fazendo sua refeição matinal, e disse: “tenho duas coisas pra te
dizer: A primeira: Não vou mais na igreja que frequentamos, não
pertenço mais aquele ministério. e a segunda te conto a noite”
Naquele dia fui trabalhar pensando: “a primeira atitude eu dei conta
de falar, e a segunda, darei conta?”. Mesmo meio ainda sem saber
como falaria para Cristina, não tinha mais dúvidas, precisava acabar
aquela relação que por anos me prenderam e me fizeram um outro
homem. Claro que tudo, absolutamente tudo, foi permitido por
mim. Se eu era esse outro homem que nem eu mais reconhecia, era
por responsabilidade minha
Nesse mesmo dia, Cristina fora trabalhar também na escola e se
manteve firme em não me perguntar nada a respeito da segunda
coisa que eu falaria pra ela mais tarde, mantendo sua “inabalável
muralha de mulher forte”. A verdade é que Cristina sempre se
comportou assim, mantendo esse equilíbrio de “mulher forte e
poderosa”, ao ponto de achar que não precisar de ninguém para
nada em sua vida era mais importante que seus sentimentos reais
Ao chegar em casa, chamei-a para conversar numa área comum do
condomínio onde morávamos e disse: “não quero mais essa vida, e
quero me separar de você”, e ela sem hesitar ela disse num tom
firme e com um curto “ok”
Mas antes de subirmos e voltarmos parra dentro de casa, ela
percebeu algo realmente mudou em minha postura nos meses que
se passaram e percebia uma decisão minha muito forte e que

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86 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

possivelmente não era como das outras vezes e perguntou: “porque


decidiu isso?”, e eu respondi: “não há mais amor entre nós”, e ela
teve a infelicidade de soltar a fala: “porque não ficamos juntos, há
tantos casais que não se amam e ficam juntos!” e usou uma
comparação bem estranha e até cômica, apontando os casais de
TVs e artistas que ficam juntos as vezes por pura aparência
Com essa fala, pude perceber o quanto eu e ela éramos doentes e
que precisávamos de cuidados, porem caberia a cada um agora
buscar o seu
Ainda demorou 5 dias pra que eu saísse. Queria arrumar a produtora
onde seria o meu lar nos próximos dias e o espaço que eu usaria dali
pra frente para me acomodar e seguir, porem Cristina ainda daria
sua última cartada, colocando todos os meus pertences pessoais
dentro de sacos de lixos, alegando: “se você quer separar, que vá
logo”
Tomei as rédeas e mesmo que pra ela estivesse saindo com o
sentimento de “me sentir enxotado”, sai de cabeça erguida e não
quis discursões e muito menos “entrar na pilha” dela
Chegando na produtora, era uma sexta feira, e passei a manhã na
casa da minha mãe e Camila que morava com ela desde sua
separação, e contei: “estou fora do casamento”. Mesmo ainda
surpresos com minha atitude, pareciam que eles não acreditavam,
pois minha família desejava que eu resolvesse a situação por
definitivo, não que eles queriam a separação, mas queriam a
felicidade, e já que optei por sair, que eu fosse feliz assim, embora
alguns já não viam possibilidades depois de tantas feridas, além
das idas e vindas conturbadas
Liguei para meu advogado e logo pedi para que arrumasse toda a
papelada e entrasse em contato com Cristina. Ela não se opôs e
assinou os documentos, num divorcio que parecia estar fácil de
resolver, e depois de apenas uma reunião, onde presencialmente
acordamos os bens e assinamos amigavelmente

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87 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Eu, me sentindo liberto de tudo isso, ainda não conseguia acreditar


que estava livre e em vez em quando tinha pesadelos com os dias
que eu tinha quando estava casado e acordava com o coração à mil
e com o sentimento de como se estivesse ainda lá, casado. A ficha
demorou pra cair e eu ainda me sentia vinculado. Mas precisava
cuidar de mim, eram muitos problemas a serem corrigidos e eu nem
fazia conta de quantas mazelas tinham dentro de mim. Somente no
futuro bem próximo, saberia de tudo isso e sentiria o bom e leve
gosto do autoconhecimento
Uma noite de sábado, chamei Camila para irmos à uma igreja. Já se
fazia algum tempo que eu não ia e estava me sentindo sedento.
Pensava comigo: ou eu procuro uma igreja logo e me fixo, ou vou
“cair no mundão”
Não tinha pensado em nenhuma igreja, porém, Camila conhecia
várias e tinha muitos amigos que logo eu iria conhecer
Escolhemos uma igreja batista que fica na Barra da Tijuca, que eu
nunca tinha ouvido falar, pois estava muito preso na antiga igreja e
dali não tinha muita informação de outras
Lembro-me que quando entrei no templo pela primeira vez, e a
convite de Camila, era uma reunião voltada para jovens adultos e
em sua maioria divorciados
Trata-se de um ministério voltado para homens e mulheres adultos
e em sua maioria, já tinham sido casados e precisavam de apoio
moral e espiritual
Quando entrei, fui tomado por um sentimento tão acolhedor,
mesmo ninguém ter ido falar comigo, apenas me senti assim e logo
tomei uma rasteira dada pelo Pastor que comandava a reunião com
uma palavra confortante e animadora
Um sentimento inigualável e indescritível, que somente quem já
sentiu sabe do que estou falando. É um Amor que praticamente
você quase pega nas mãos, de tão real que Ele É

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88 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Após essa reunião, fomos convidados pela equipe líder desse


ministério a nos reunirmos em um espaço para uma pequena
confraternização e um bate papo, para que todos pudessem
interagir com os presentes, e para minha surpresa, fui acolhido e
recebido com tanto amor, cuidado e atenção das pessoas, tanto que
parecia que eu não queria mais sair dali. Se pudesse eu dormiria ali
e esperaria a próxima reunião
Fui para casa atônito e tomado por um sentimento de amor. Sim, eu
era um filho amado de Deus e que estava completamente perdido
e nu em um mundo que eu criei, cheio de frustações, mentiras,
desamor, indigno e perverso, mas que agora parecia que eu de
alguma forma, estava ela primeira vez, sentindo o Verdadeiro Amor,
sim, falo do Verdadeiro Amor de Deus

Fiquei tão convicto que era ali que queria ficar que não pude resistir
e no dia seguinte, que era um domingo, fui logo para o culto sozinho
fisicamente, mas tomado por um Amor tão sublime que até hoje
não tenho palavras pra esses dias que se seguiram em minha vida
Logo quando sai de lá, soube do CR – outro ministério que tem essa
sigla CR (Celebrando a Recuperação). O CR é um tipo de AA
(alcóolicos anônimos). Um projeto que acolhe pessoas que tem seus
sentimentos estraçalhados pela vida, traumas emocionais, traumas
de infâncias, traumas de todos os tipos, e eu me identifiquei com
praticamente quase todos os traumas ali tratados pela equipe desse
maravilhoso ministério
Ali chegam pessoas de todos os tipos de situações. Em gerais com
muitos traumas emocionais e que não possuem acolhimentos em
suas igrejas e comunidades, por falta de “ouvidos” e por grande
parte, por excesso de religiosidade, que era onde eu mais me
encaixava
As salas são providas de um cuidado imenso de não sair dali o que é
partilhado. Um solo tão sagrado que impõe com naturalidade em

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89 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

todos o sentimento de respeito e amor ao próximo, e que muitas


vezes estamos conhecendo naquele dia
Logo me identifiquei com a sala de “co-dependência emocional” e
ali fiquei por vários meses, ouvindo histórias muito parecidas com a
minha, inclusive uma que parecia exatamente eu. Daí pensava: “não
sou o único, isso é mais comum do que imaginava”
Fui acometido por uma ansiedade misturada com sede de cura, que
não via a hora de chegar os dias que tinham essas reuniões
Ao mesmo tempo que isso acontecia comigo, minha vida particular
e profissional estava indo muito bem, pois o Amor que eu senti por
mim agora refletia em todas as áreas da minha vida. Pude provar
realmente aquele versículo que mais uma vez vou citar aqui, porem
agora com propriedades curadoras e eficazes, descritas na Bíblia:
“Ame ao próximo como a ti mesmo”
O parâmetro de amor que devo sentir é exatamente o quanto eu me
amo e ai posso dar ao próximo e que involuntariamente volta em
amor e daí por diante, isso vira um ciclo natural de ida e volta, que a
medida que o tempo vai passando, isso vai criando uma semente
tão singular, única e exclusiva, mas que ao mesmo tempo, todos tem
dentro de si, só precisam aperfeiçoar
Minha casa, que era os fundos da produtora musical recebiam
amigos e familiares em pequenas festas e encontros que realizava
de acordo com o andar dos meus dias, sem pressão por nenhuma
parte. Apenas fluía
Num desses encontros, me lembro que tive uma conversa com
minha irmã Irene e seu esposo. Eles disseram que sempre
mantinham contato com Cristina, e que ela se mostrara abatida,
porém, olhando para si e cuidando com um olhar mais singular e
acolhedor para sua vida sentimental e espiritual
Irene comentou inclusive que ela participara de um encontro de
senhoras junto com Cristina. Ela estava solidária com Cristina, e que
era nítido a sua dedicação no cuidado em si

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90 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

O papo com meu cunhado também se estendeu noite a dentro, e de


alguma forma esse papo mexeu tanto comigo que procurei Cristina
para saber se estava tudo bem, indo numa pizzaria com ela e os
nossos filhos. Cristina estava sorridente e alegre, mas com um olhar
mais humano, calmo e de paz
Conversamos bastante e fiquei com um sentimento de culpa, por
ver os meninos ali e parecia que eles alimentavam a esperança de
verem os pais juntos novamente (é óbvio). Nunca tinha visto ela
assim. Infelizmente estava viciado em tratar as coisas com Cristina
com tanto desamor a mim que infelizmente mais uma vez, tive a
recaída de propor um possível reatamento de casamento, mesmo
com o divórcio decretado no fórum da cidade
Resumindo, tive a recaída de voltar. Cancelei o divórcio que já estava
concluído, assinado e já tinha dado por encerrado no Fórum, porém,
ainda no prazo de desistência
Acredite, voltei por cinco dias. Esses dias vieram pra minha vida para
definitivamente conhecer por completo quem era Cristina e o que
por traz de toda essa pessoa que merece, assim como todos nós, ser
amada e respeitada. O movimento teria que partir dela para sentir
o Verdadeiro Amor de Deus
Nesses “cinco dias”, eu estava totalmente focado em minha
recuperação de identidade. Praticamente obcecado por cura.
Passava horas por dia, lendo a bíblia, livros e tudo que dizia respeito
às curas emocionais e espirituais
Minha família estava completamente arrasada por
minha decisão de voltar, exceto minha irmã Irene que colaborou
para este retorno, incentivando a mim e a Cristina
Esse retorno foi um tanto ingênuo de minha parte (mais uma vez)
Ao voltar, Cristina perguntou se nesse período eu tinha ficado com
alguma mulher, pois dizia ela ter sentido algo em seu corpo que eu
teria transmitido pra ela. Já tinham se passado 3 meses que
estávamos separados

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91 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Eu num primeiro momento neguei, mas preocupado com o que


Cristina comentara a respeito de saúde sexual, fiquei bem
preocupado e logo assumi que tinha sim conhecido uma mulher e
que tínhamos tido relação sexual, porém com todos os cuidados de
um casal recém conhecido
Ela fez de tudo para saber quem era a pessoa, usando a
manipulação: “Como é que vamos ficar juntos se eu não sei quem é
essa pessoa?” Daí pensei comigo, mais ingenuamente ainda:
“parece que ela quer realmente ficar comigo, apenas quer zerar
tudo e seguir”
Mas, ao falar pra ela quem era a pessoa, ela imediatamente tratou
de ligar para o ex-marido da mulher que eu ficara e “entregar” uma
possível traição por parte da mulher (que já estava separada
também)
Pedi muito para que ela não fizesse isso e que pensasse direito no
que estava fazendo, e por um vacilo, acho eu, ela definitivamente
soltou a frase que eu demorara anos para entender: “agora todos
vão saber quem traiu quem”, assumindo sutilmente uma possível
traição do passado, mas que nunca tinha falado/assumido por parte
dela
Os dias que se passaram foram de horrores e de insultos verbais,
que não cabe colocar nesse livro, porém, foram palavras de absurdo
baixo calão
Dias antes desse episódio acontecer, eu tinha combinado de ir com
toda a família (já que tínhamos voltado) para a praia que sempre
íamos na Bahia
Esses dias foram os piores e melhores da minha vida. Piores por ver
e ouvir tantos absurdos de uma única pessoa. Melhores por saber
que dali pra frente, definitivamente e mesmo sem saber, eu tinha
feito uma opção em sair, porém, como um ser humano digno e de
cabeça erguida, e por mais de uma vez, estaria ciente de que já
experimentara o Amor Verdadeiro de Deus

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92 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Lembro de pegar minhas coisas assim que voltamos da viagem e


desde esse dia, nunca mais pus o pé lá e até o dia de hoje (que
escrevo exatamente estas linhas e quase 3 anos depois), não vi mais
a Cristina. Ela optou por um “desaparecimento físico” e eu respeitei.
Infelizmente dali em diante Cristina usaria todas as suas garras para
ainda provocar um divórcio agora litigioso e vingativo, me acusando
de traições por conta do episódio com a mulher que eu me
relacionei
Ela relutou para assinar o divórcio e deu de ombros por várias vezes
nas ligações que meu advogado tentou fazer para um acordo, mas
que no final acabou optando por assinar um acordo, após uns 5
meses
Quanto a mim nesses dias, passei por um mês de muita dor. Do dia
5 (quinto dia e último que vivi com Cristina) até o dia 31 de julho de
2018, data limite em que eu estabelecia de prazo para mim e para
Cristina se arrepender (acredite), foram dias de muitos choros e
lagrimas derramadas em meu quarto juntamente com Gustavinho,
que infelizmente sofreu insultos de Cristina por acreditar que não
houve traição da minha parte, pois “o pai estava separado de você
mãe” (dizia ele). Foram dias de lagrimas curadoras e que foram
recolhidas por Deus, pois dali em diante o que viria no futuro e até
hoje, como tem sido, apenas cresci e subi absurdamente vários
degraus da vida
Encerro esse capitulo com as seguintes palavras, do
sábio Arly Cravo (Coaching) e que mesmo sem conhece-lo
pessoalmente, sou grato pelos vídeos maravilhosos que posta no
Youtube
“Mas vale um rio de lágrimas derramado pela perca de um grande
amor do que uma única lagrima derramada pela perca da
dignidade”

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93 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

9. Sim, o Sol é amarelo!

Sentado na sala com mais 12 pessoas guerreiras (homens), porem


cheias de dores, lá estava eu, para minha saga de tratamento
emocional, descobrindo a partir dali quase todas as mazelas que
faziam de mim um homem de caráter duvidoso e sem
personalidade nenhuma
Era o Grupo de Passos. Um grupo que o ministério do CR cria
anualmente e que pessoas que querem e conseguem aprofundar
em sua cura e busca de uma vida mais digna começam a trilharem
juntas
Esse grupo tem um poder curador gigantesco através da fala das
partilhas, que incluem o falar e o ouvir, de elevarem o ser humano
que se deixa curar, para níveis de superação jamais vistos por quem
ali se deixa curar. E é claro que eu não preciso falar sobre a
intervenção amorosa do Espirito Santo de Deus, que com
delicadeza, entra em nosso íntimo e sagrado solo, com curativos
preciosos e praticamente definitivos, se você permitir
Assumir minhas mazelas, pecados, atitudes, mal caráter e todas as
doenças que me remeteram ao quem eu sou, fazem de mim um
homem falho e que preciso totalmente do meu Poder Superior que
é Deus, para me ajudar a guiar meus passos, criando um caminho
definitivo para a cura, porem sempre com um olhar atento de que
posso à qualquer momento, me desviar desse caminho, afinal de
contas, não estou no céu. Ainda estou na terra, e sou muito propicio
a querer alimentar meus velhos vícios que listarei aqui, conforme
anotei um dia de reflexão juntamente com esse grupo:
- Co-dependência;
- Orgulho;
- Carência afetiva e emocional;

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94 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

- Soberba;
- Manipulação;
- Atitudes premeditadas;
- Indiferenças;
- Ingenuidade excessiva;
- Barganhas emocionais;
- Insegurança;
- Excesso de Auto Confiança;
- Falta de assertividade;
- Mentira;
- Limerência (título dado ao codependente compulsivo)

Lista essa, que incentivo a você, meu amigo(a), a fazer e passar a


fazer parte de sua rotina diária de um olhar de amor para todas elas.
Assim como os faço todos os dias
São palavras pesadas, sim eu sei disso, mas esse sou eu, e porque
irei olhar com julgo? Se esse sou eu, devo aceitar (primeira lição do
grupo de passos) e a partir daí, traçar juntamente com amigos,
irmãos e lógico o meu Poder Superior (Deus), uma estratégia de:
1º Amor
2º Cuidado
3º Busca de cura
4º Atenção para não cair na tentação
5º Se cair, saber que está tudo bem

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95 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

6º Entender que mesmo sabendo o mal caráter que sou, o


importante é que Sou Um Filho Amado de Deus, porém, estou
caminhando para um futuro glorioso com Ele

Nesse grupo de passos, conhecemos muitas histórias, rimos,


choramos, ficamos perplexo por nem imaginar que fulano é assim,
que ciclano faz isso ou aquilo, que eu sou isso ou aquilo. É tanta
estranheza em tudo o que ouvimos e partilhamos, que há horas que
parece que vamos vomitar de tanta descarga emocional negativa,
porém, aos poucos e sem saber e sentir, uma cura vai entrando em
nosso corpo, mente e espirito e a cada dia que passa é como
estivéssemos em um SPA, onde saímos mais leve, grama por
grama, centímetro por centímetro

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96 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

10. Uma ferramenta indispensável no


meu caminho
Assim que cheguei nessa nova igreja, tratei de me enturmar
rapidamente e logo conheci um pastor que me acolheu para alguns
encontros pessoais em seu gabinete
Agendamos alguns aconselhamentos pastorais, e ele me recebeu
com muito amor e carinho, me ouvindo e acolhendo cada palavra
minha e que retratavam o meu caráter, até então. Logo ele
confirmou o que eu já sabia e que precisava de cuidados especiais.
Me deu duas “pílulas”: uma era o estudo do ENEAGRAMA e outro
seriam terapias feitas pelo Carlos Gomes, meu atual psicólogo e que
por consequência, amigo
Sobre o Eneagrama, descobri que era o tipo 2. Ops, mas você não
sabe o que é Eneagrama?
Bom, já vou avisando. Caso queira saber, ou melhor, se aprofundar,
precisa tirar suas máscaras e encarar a realidade mais pura e nua
sobre sua personalidade
No meu caso, houve um pouco de religiosidade, pois quando o
pastor me apresentou o Eneagrama, logo pensei comigo: “nossa,
mas que negócio mais exotérico e místico é esse?!”. E pode ser esse
seu pensamento também. Porém, com o passar dos dias e após
muita busca, pude perceber o quão maravilhoso é essa ferramenta
de autoconhecimento, reforma humana e íntima e que estuda com
perfeição cada personalidade que ali se encontra
Se você tiver seu coração aberto realmente para mudar para
melhor, pode ter certeza que o Eneagrama irá fazer de você uma
pessoa muito melhor do que você possa imaginar
Um estudo milenar e que, infelizmente, não é divulgado e que
poucos conhecem, porém, você tem a chance agora de usá-lo ou
não. Você escolhe

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97 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Recentemente e após muitas reformas aqui dentro de mim, percebi


que minha personalidade agora é outra, e isso é super viável, pois
para mim provou que houveram mudanças, e é nítido e claro pra eu
te dizer que foram para melhores
O Eneagrama aponta para uma personalidade que você se encaixa
de acordo com seus pensamentos e comportamentos como ser
humano. Esse apontamento é feito depois que você faz um teste de
várias perguntas, e de acordo com suas respostas, te levam à sua
personalidade
Estes testes estão disponíveis na internet, e você pode faze-los
quando bem entender, se quiser. Eles apontam para 9
personalidade. E uma delas você irá com certeza, se encaixar. Mas
procure ser muito fiel às respostas, pelo contrário, continuará a se
enganar, e neste caso, de nada adiantará você usar esta ferramenta
E o mais incrível é que as mudanças que o Eneagrama causou em
mim, me refizeram um novo EU, ou me colocaram no lugar de onde
eu nunca deveria ter saído. E sabe qual é esse lugar?
Bom, pra você entender melhor, quando refiz o teste,
recentemente, percebi que minha personalidade tinha mudado, e
isso é muito possível, pois se eu procurei por tratamentos e
mudanças de hábitos e comportamentos, logo num período de
médio prazo, poderia ter realmente um novo EU
Acredite! Senti o gosto da vida que tinha quando estava com 21
anos. E porque 21? Porque foram onde começaram, sutilmente,
meus problemas e desvios de caráter como ser humano. E como
explicar isso? Bom, infelizmente não consegui até o momento,
expor em palavras, só sei te dizer que é maravilhoso e tem um gosto
muito especial. Se você quiser experimentar, vá em frente. Tem
todo o meu apoio!!!
Ah, e a propósito eu dispus no final desse livro, o exato teste que fiz
com o pastor que me apresentou a ferramenta ok?

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98 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

11. Inventário – O solo sagrado – Dia “D”

Durante a temporada em que fiz o Grupo de Passos na minha igreja,


fomos convidados pela direção do CR (Celebrando a Recuperação)
para um Retiro de Inventário
Trata-se de um final de semana em que você se dedica e se
concentra exclusivamente à sua vida e curas pessoais, perdões
impossíveis e traumas intocáveis
Fomos, nesse ano para um convento de freiras em São Paulo, onde
cada pessoa foi acolhida em quartos independentes, sem celular,
televisão ou qualquer contato com o mundo externo
Ao chegar no local, os organizadores do evento te dão as
coordenadas de como serão esses dias e o que você irá enfrentar
Pra te falar a verdade, fiquei um pouco tenso, pois nunca tinha
pensando na hipótese de rever o meu passado e olhar para coisas,
que até então pareciam não fazerem diferença pra mim
Mas o contrário aconteceu
Por questões de privacidade, respeito e saber que o projeto trata de
solos sagrados de quem ali entra, não posso detalhar nada do que
acontece e como acontece
Para mim, visitar o solo da minha infância (zero a 5 anos) era quase
impossível, pois achava que não iria lembrar e que não existiam
nada de importante nessa fase. Uma negação tão inconsciente da
minha parte que, depois de muito relutar com a minha mente, e
pedir muito em oração naquele dia, pude lembrar de um fato que
mudaria pra sempre a minha história de perdão
Ao adentrar nessa fase no meu inventário de vida, fui
arremetido à lembranças de abusos sexuais quando criança, e que
estavam apagados e ocultos de mim

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99 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Estranhamente não sei porque isso se apagou da minha vida.


Mesmo sabendo que as atitudes do abusador não foram saudáveis,
eu não sentia nenhum trauma sobre esse episódio, foi apenas uma
lembrança, porém, essa lembrança veio com um curativo especial,
pois retratavam para mim que as feridas que o abusador também
tinham, acredite, eram exatamente as mesmas. Olha que ciclo de
situações idênticas e como uma sequência de erros podem causar
dores em alguém. Não posso sentir a dor do meu abusador e nem
ele a minha, porém, é claro que ambos sofreram as consequências
desse ciclo. Ainda me faltam poucas respostas sobre esse assunto e
ciclo de erros, pois de alguma forma me sinto curado
Neste Inventário em que você coloca pra fora esse tipo de assunto e
vê que alguns contatos são inviáveis, você é convidado para um
momento chamado: “Perdão Impossível”
Trata-se do perdão onde você não tem condições de estar frente a
frente com a pessoa envolvida, por motivos de morte, distancia,
risco de vida ou mesmo, por achar que tocar nessa ferida o
problema pode agravar para a outra pessoa envolvida, ou mesmo
pra você
Sinto que o meu abusador, de alguma forma, não está preparado
para tocar nesse assunto, por questões de constrangimento, por
isso, possivelmente não haverá contatos que aproximem esse
assunto, até porque a pessoa é da família
Essa pessoa, depois de anos, já esteve em minha casa. Durante todo
o momento em que ela esteve, não conseguia me olhar nos olhos, e
quando ela trocava o olhar comigo, ela rapidamente desviava os
olhos, ou mesmo fechava os olhos, num sinal claro de incomodo e
constrangimento. Eu respeitei esse espaço e sinto que, até o
momento, não há chances de aproximação
Aprendi nesse final de semana que existem perdões que você o
sentirá invadindo a sua vida, tratando e reparando por completo
todo o erro e trauma causado, porém, não haverá mais o contato

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100 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

como antes. Haverá respeito, amor, cuidado com o espaço e um


aprendizado com tudo, mas não contato humano
Essa é uma lição silenciosa onde apenas os envolvidos entendem o
perdão que também é silencioso e respeitoso, desde que o deixam
entrar

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101 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

12. A LIMERÊNCIA

Tive a honra e privilégio de conhecer pessoalmente o Pr. Carlos


Barcelos, autor de várias publicações, incluindo os livros: “É dolorido
ser eu” e “Quero minha vida de volta” e que me recebeu em seu
gabinete para um bate papo humano
Pra mim as 2 horas que ele se dispôs a me ouvir e me ajudar tiveram
tanto peso que não há dinheiro no mundo que pague esse amor por
ele dispensado a mim. Mesmo sem me conhecer, me acolheu e
recebeu como se fosse seu filho, tirei esse dia apenas para isso indo
até São Paulo apenas para esse encontro, e olha que moro na cidade
do Rio de Janeiro
Ao relatar tudo o que estava acontecendo comigo, ele se assustou e
disse: “você tem limerência”
Possivelmente, assim como eu, você nunca tenha ouvido falar dessa
“doença”, mas limerência é o estado avançado e crítico de um
codependente emocional
Ele se assustou quando disse a ele que eu tinha voltado para Cristina
(estava na semana dos 5 dias relatados aqui). Inclusive, esse dia que
eu conheci o Pr. Carlos Barcelos, era o 5º e último dia de minha
estadia com Cristina, sendo coincidentemente, o dia real de ponto
final em toda a história do casamento
Lembro dele perguntar pra mim com sua voz suave, calma e
amorosa: “Você conhece a música Ronda cantada por Maria
Bethânia?) – eu disse: “me recordo” então ele retrucou: “toque no
seu celular, vamos ouvir”
O silencio tomou conta da sala e apenas os pássaros fora da sua sala
cantavam e começávamos a ouvir uma letra que nunca tinha
reparado com o olhar que ele me mostrou
E então, Maria Bethânia acabou com o silêncio da sala e cantou:

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102 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

De noite eu rondo a cidade


A lhe procurar, sem encontrar
No meio de olhares espio
Em todos os bares
Você, não está

Volto prá casa abatida


Desencantada da vida
O sonho, alegria me dá
Nele, você está

Ah! Se eu tivesse
Quem bem me quisesse
Esse alguém me diria
Desiste, essa busca é inútil
Eu não desistia

Porém, com perfeita paciência


Sigo a te buscar
Hei de encontrar
Bebendo com outras mulheres
Rolando um dadinho
Jogando bilhar

E nesse dia, então


Vai dar na primeira edição
Cena de sangue num bar
Da avenida São João

Ele, ainda olhando para fora da janela do seu escritório, e talvez até
distraidamente olhando para os pássaros que não paravam de
cantar, comentou: “esse é você” voltando o olhar para a sala
procurando um livro em sua estante, talvez esperando uma reação
minha, mas me mantive calado. Daí ele continuou: “Você logo
estará em jornais se não for embora. Você está doente e não faz
ideia do quanto”

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103 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Sentando-se em sua poltrona confortável, respirou fundo e falou:


“tenho orgulho de ter conhecido você. Estou escrevendo um livro
exatamente sobre limerência e nunca tive tanta informação e
conteúdo em uma só pessoa, obrigado”
Eu ainda sem palavras, parecia estar completamente confuso e por
um momento me senti atordoado sem conseguir raciocinar direito,
respondi em voz baixa, embargada e quase reprimida por um nó na
garganta: “por favor, me ajude”
Essas palavras são tão lindas e especiais para mim que me surgem
ideias e horas de escritas, só de pensar nessa pequena frase
Ele se levantou e começou a ler um texto em inglês pra ele mesmo
(o livro que achara na estante era americano). Depois se virou pra
mim e disse: “esse estudo ainda é recente, mas tende a se
expandir se pessoas como você se abrirem para um real
tratamento. Você o quer?”
Eu disse “claro que quero”, respeitando o tempo que tinha que era
pouco. Não queria questionar mais nada, apenas ouvir o que ele
teria pra mim
Ele disse: “possivelmente você não precisará vir aqui de novo, mas
se precisar ok”
Nesse momento peguei meu celular e liguei o gravador de áudio,
queria ter tudo em mente e logo começou seu discurso a respeito.
Ouvindo aqui o áudio de novo, ele encerrou a reunião daquela
manhã de sexta-feira com as seguintes palavras:

“Cristina pode ter te amado um dia, mas não conseguira mais. Suas
atitudes são obviamente claras de uma mulher frustrada e mal
amada, não por você, mas por ela mesma. Porém, você também é
uma pessoa mal amada por você, ambos são. Acredite, você
também não a ama mais. Está negando ai no seu coração, achando
que a ama, mas não. As condições de uma continuidade desse

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104 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

casamento já não existem, o que vai facilitar para ambos. Façam o


movimento, cuidem-se e amem-se”

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105 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

13. Orgulho positivo

Como eu estava me saindo em mnha jornada pessoal? Ah essa aqui


eu terei um orgulho positivo de contar
Logo após o período que estabeleci de prazo com Cristina e que
resultaram no real e definitivo divórcio, passei a me envolver com
muitas pessoas e que hoje são grandes amigos
Lembro-me do dia em que pedi ao pastor do ministério dos jovens
adultos, que ao final da palestra queria convidá-los a fazerem uma
trilha comigo. A trilha marcaria definitivamente o meu início de
progresso. Sempre fui motivado a criar marcas em toda a minha
vida, e agora não seria diferente, pelo contrário, deveria ser em alto
estilo e com uma galera de energia positiva
Para minha surpresa, foram comigo nessa trilha mais de 50 pessoas.
Fizemos várias trilhas depois dessa, eu, Gustavinho que sempre me
acompanhava e minha nova família de amigos e parceiros que dali
em diante, seguiriam comigo em vários outros passeios, viagens,
baladas, encontros e tudo que uma grande turma de amigos pode
proporcionar
E por falar em lista, aqui vai uma nova lista, agora muito mais
saudável, e que já estou desfrutando:
- Amor;
- Respeito à vida, a mim e ao próximo;
- Ser o pai amável que sempre quis ser (sem cobranças);
- Ser o filho amado que sempre quis ser (sem cobranças);
- Ser o amigo e irmão que sempre quis ser (sem cobranças)
- Dignidade;
- Paciência;

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106 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

- Paz de espirito;
- Amigos;
- Saúde física, mental e espiritual;
- Ser Humano (digno de êxitos e falhas);
- Ser humano (com o próximo)
- Olhar o belo da vida;
- Ser autêntico;
- Chorar e Rir

............ e a lista só aumenta com o decorrer do dia

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107 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

14. Se perdoe

Olhar para o passado e analisar as minhas atitudes de permissões


que dei para pessoas, onde houveram abusos e invasões, incluindo
as minhas próprias atitudes de desamor para comigo e para com o
próximo. Sem julgar, sem discriminar, apenas olhar e pensar hoje
como uma pessoa em tratamento e que vive um dia de cada vez
para ser uma pessoa melhor, para mim e consequentemente para o
próximo
O olhar de um pai para o filho, mesmo que ele o veja errando,
tropeçando e muitas vezes, ignorando a sua presença, com
indiferenças, arrogâncias e desprezos, ainda é de amor
Quem é pai sabe do que estou falando. Imagina o Nosso Pai, que
com tanto Amor nos formou e nos permitiu viver um período nessa
terra, para desfrutar do sabor da vida, do cheiro das plantas, do
toque de alguém, de ouvir uma música, de ter o paladar de um
sorvete, de nos sentirmos amados por Ele
O amor que tenho ao olhar para TODAS as minhas atitudes do
passado me colocam num lugar muito especial, pois é desse lugar
que olho para TUDO e com carinho e amor à essas atitudes penso:
“É o que eu tinha para ser e para dar”
Mesmo sabendo hoje, que naquela época, pude ter agido com
desafeto e falta de amor comigo e com o próximo, ainda tive a
chance de hoje reparar isso comigo e ainda com o próximo
Há coisas na vida em que não podemos voltar atrás e refazer, mas
podemos ir no passado e acariciar o tal feito e dizer para ele: ” Isso
foi tudo o que eu tinha pra fazer e tinha pra dar, me perdoe”
Se perdoe

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108 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Quando você olha para o seu passado e lembra de fatos que o


machucaram e feriram seus sentimentos e coração, você deve saber
que a responsabilidade foi sua de ter sentido isso
Há dores que são causadas por um movimento e atitude errada do
outro, porém, o que iremos sentir dali para frente, é total
responsabilidade nossa, cabendo a nós administrar o tempo que
isso doe ou que de repente, nem doe nem um segundo
E como administrar algo que parece que não temos controle?

Aprendi uma coisa, depois de dar muito “murro em ponta de facas”,


que tudo que envolve a mim eu consigo ter total controle
O que não posso fazer é achar que posso mudar o outro, interferir
em suas atitudes. Isso é querer interferir no livre arbítrio do outro, e
neste caso, isso torna-se impraticável, já que o livre arbítrio é uma
ferramenta que Deus deu ao homem e que somente Ele pode
interferir, e mesmo assim, Ele ainda não o faz, prefere deixar seus
filhos livres para escolher entre o bem e o mal, o sim e o não
Então, olhar para minhas atitudes e comportamentos, até mesmo
atuais, e perdoar a mim, pelo que eu fiz, torna super viável o perdão
para com o próximo
Perdoar é um ato que você não concede ao próximo, e sim a você
mesmo
Quando alguém te machuca e te magoa, você passa a sentir raiva,
ódio, tristeza, medo, e por aí vai. E aí você pensa: “estou chateado e
triste com essa pessoa, nunca vou perdoa-lo!!!”
Repare que o sentimento que te assola é teu, você está chateado e
triste e ainda diz: “nunca vou perdoa-lo” isso é o mesmo que dizer:
“nunca vou deixar esse sentimento sair”
E é isso que a falta de perdão faz em você
Você passa a prender em você, não a pessoa que te magoou, mas o
sentimento que a atitude dela causou em você, e pensamos que

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109 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

manter essa pessoa/sentimento nos traz algum benefício do tipo:


“não perdoar a pessoa é como se você devolvesse ou se vingasse
dela”
Só que isso é um autoengano terrível. Basta você pensar no
problema que seu coração acelera, seus batimentos e respiração já
ficam altos, você libera toxinas em seu corpo físico que o deixam as
vezes tão mal, e sem saber você está destruindo o seu dia, o seu
corpo, sua semana e quando vai ver, perdeu horas, dias e meses. Se
somar o quanto você se dedica a pensar nisso, a conta vai pesar
Minha sugestão é que você regresse ao seu passado, visite sem
armas, sem julgar, sem culpas, provido apenas de amor
Tente olhar, não para o outro que te magoou, mas para você que
ficou lá atrás, enquanto e geralmente, esse outro muitas vezes,
seguiu sua vida, sem saber o dano que causou em você
Se você pensar o tempo inteiro no outro todas as vezes que se sentir
assim, irá para um caminho mais longe do perdão, enquanto se você
olhar para você, com a atitude de amor e bondade, irá em direção
do caminho do perdão
Olhar com respeito à sua própria vida e pedir licença pra você
mesmo, indo visitar seus passados e histórias vividas, sabendo que
aquele lugar é um território sagrado e que ali só pisará de novo
quem você permitir
Chegara o dia em que você lembrará desses atos (que te
magoavam) sem sentimentos, sem o rancor, sem culpas, sem
magoas, sem julgamentos, apenas lembrará e saberá que foi errado
o que fizeram com você, ou o que você fez, mas que agora nada
dessas lembranças te fazem sofrer e sentir qualquer sentimento
negativo, pelo contrário, você olha pra aquilo tudo e sentirá amor.
Sim amor
Quando esse dia chegar, você sentira uma paz tão grande que
possivelmente não conseguira descrever, porem saberá

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110 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Isso é o perdão, esse sentimento que você sentiu é o perdão


Quando isso acontecera? Não tem data nem hora
O perdão é sutil, ele entra sem avisar, pois sabe que ali há um ser
humano que tanto o deseja. Ele entrará com os cuidados
necessários, trará aromas especiais ao seu coração, curativos para
as feridas, falara baixinho ao seu ouvido: “Você é meu filho amado”
Sabe de quem estou falando né?

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111 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

15. Última estação, troque de linha e


comece uma nova viagem (a sua)

Usarei este último capítulo para minhas considerações finais. Não


se trata de regras. Entenda que somos amigos, e que amigos dão as
mãos para atravessarem riachos, rios, mares, oceanos, com ventos
turbulentos e calmos, então por favor, segura minha mão e me
ajude também a atravessarmos juntos e quem sabe um dia, nos
encontremos e fazemos a mesma viagem, só que dessa vez, eu
quero ir na janelinha e serei o ouvinte, o que acha?
Quero ser seu amigo, mas para isso, preciso te falar algumas coisas.
Coisas que os amigos de verdade falam para outro. E uma das coisas
que mais fizeram diferença em minha trajetória, foi ter a sabedoria
de ver o quanto meus amigos conseguiam falar a verdade pra mim
Ouvir a verdade é muitas vezes, dolorosa, e existem aquelas pessoas
que ainda não estão preparadas para ouvir essas verdades, ou
mesmo, não querem ouvir
Por orgulho, por vaidade, por egoísmo, por negação e outras
mazelas que nos acometem, não permitimos que a verdade entre e
comece a criar um novo caráter de “ser humano saudável e
merecedor de uma vida real e digna”
Enquanto essas pessoas agirem e pensarem desse jeito,
dificilmente conseguirão se perdoar, se permitirem serem quem
são de verdade, ainda mais numa sociedade em que vivemos onde
aparências e estereótipos estão cada vez mais em evidencia e a
verdade humana mais sufocada
Quando falo da verdade humana, falo do seu verdadeiro EU. O que
te faz ser o que você é sem mascaras pro outro e para si mesmo
As verdades estão aí dentro de você. Não existe pessoa no mundo
mais habilitada do que você para saber suas verdades

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112 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

As vezes mentimos para nós mesmos, inventando situações,


critérios, regras e simulando pensamentos que começam a nos
moldar para aquilo que realmente não somos
Se eu tivesse alguém para me dizer tudo isso lá atrás, sem armas de
religiosidades, mas apenas a verdade, e junto com isso, se tivesse
sabedoria e discernimento para saber qual atitude tomar, no dia em
que propus casamento para Cristina, poderia ter sido tudo diferente
Mas você pensa que eu me arrependo de tê-la conhecido ou ter me
casado com ela? Claro que não. Me arrependo das coisas que fiz de
errado, isso com certeza, mas propor pra ela o casamento, seria o
que qualquer ser humano do bem faria
Ninguém está isento de erros
Todos nós erramos e acertamos todos os dias
Porem a cada dia que se passa em minha vida, procuro usar todos
os recursos que tenho, sem me cobrar, porém com metas, para um
crescimento como ser humano
Ainda estou no caminho, mas tenho certeza de cada dia que vivo
hoje, posso olhar para traz e ver que estou construindo dias
melhores
Eu desejo o mesmo a você meu amigo (a)
Que Deus possa sempre ser o seu amigo. Que Ele possa mostrar a
você uma vida de paz e muito amor, mas que no final das contas,
você faça o movimento para esse sentido
Que você possa também encontrar Deus nas pessoas, pois somos a
imagem e semelhança Dele e para Ele um dia voltaremos
Espero que minha história faça algum sentido pra você
Espero que durante essa viagem que fizemos, você tenha refletido
em sua vida e finalmente, e de alguma forma, achou um jeito de
colocar as peças nos seus devidos lugares, arrumando a sua casa
(sua vida), com amor, respeito, carinho e olhar de bondade

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113 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Espero do fundo do meu coração, que você tenha uma vida digna
de ser vivida, e que lá na frente (ou agora mesmo) você olhe para o
seu passado, e mesmo com qualquer falha que vier em mente você
tenha o sentimento de: “Ser um filho amado de Deus”

“Porque há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda


se renovará, e não cessarão os seus renovos.
Se envelhecer na terra a sua raiz, e o seu tronco morrer no pó,
Ao cheiro das águas brotará, e dará ramos como uma planta”
Jó 14: 7 – 9

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114 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

16. Inspirações e indicações

Quero deixar aqui pra você, uma lista com sugestões de palestras
em vídeos, músicas e áudios em geral e que me ajudaram, de
alguma forma a me reencontrar, me desenvolver e finalmente partir
para uma vida mais saudável
Repito, é uma sugestão e você não é obrigado a seguir nada. Apenas
funcionou pra mim e quero compartilhar aqui com você
Sugiro que você ouça as músicas pensando em você. Dedique a
você
Sinta cada palavra como se a música fosse feita pra você

Músicas
Almir Sater – Tocando em frente
Elton John – Your Song (dedico aos meus filhos)
Felipe Valente – Canção de quem fica
Frejat – Amor pra recomeçar
João Alexandre – Sobre o amor
Lenine – Hoje eu quero sair só
Milton Nascimento – Caçador de mim
Paulo Nazareth – Hoje
Preto no Branco e Marcos Almeida – O Autor
Renato Russo – Mais uma vez
Titãs - Enquanto houver sol

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115 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Coachings que me ajudaram muito, e tenho a honra de colocar aqui,


seus nomes (todos com canais no Youtube)
Ana Paula Ramos – Experiencia de vida, autoconhecimento e
aconselhamento
Arly Cravo – vários vídeos sobre postura humana e como lidar com
as diferenças
Celebrando a Recuperação – vários vídeos
Diego Menin - vídeo: Não insista, deixe ir
Felipe Marx – Coaching para homens
Jean Charles – autoconhecimento e aconselhamento
Louise Hay – vídeo: Aprendendo a se amar
Lucia Kratz - conhecimento sobre o Eneagrama
Marcos Meda - conhecimento sobre o Eneagrama
Silvio Matos – vários vídeos, humor e experiencia de vida
Tiago Rodrigo - vários vídeos – Inclusive: Boca fechada

Livros que recomendo sua leitura


Apaixone-se por você – Wanderley Oliveira
É dolorido ser eu – Carlos Barcelos
Hades – Homens que amam demais - Taty Ades
O ego é seu inimigo – Ryan Holiday
O impostor que vive em mim – Brennan Manning
Quero minha vida de volta – Carlos Barcelos

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116 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Vivendo além dos seus sentimentos – Joyce Meyer

Aconselho que você filtre as informações quando o assunto for


“divorcio”. Nas redes sociais existem opiniões diversas, porem a
grande maioria, com bons conteúdos e argumentos
Encontre um hobby. A leitura pra mim é um deles, além de
aumentar seu poder de conhecimento e cultura, você se sente mais
preparado para a vida, de acordo o estilo que você escolher a ler
De qualquer forma, a leitura também te ajuda a ser uma pessoa
mais empática, porque você passa a ter muitos argumentos nas
rodas de conversas, isso faz de você uma pessoa especial, pois
poderá colaborar com várias pessoas, se esse for um dos seus dons
Acredite, todos os canais que indiquei acima foi consumido por mim
por completo, não teve um único vídeo que eu deixei de ver (ouvir),
e ainda os faço até hoje
Adoro caminhar pelas ruas, num parque. Sempre acompanhado de
um bom fone de ouvido para aproveitar e ouvir músicas e palestras
que me inspiram
Em geral eu acordo cedo e faço exercícios físicos. A caminhada além
de ser prazerosa, te coloca em forma e seu corpo agradece
Aproveite para sentir a solitude, ser sua companhia, perceberá o
quanto é bom ficar com você
Se você acorda cedo pra ir pro trabalho e usa o fim de semana para
acordar tarde, tente um final de semana acordar cedo pra você
também, afinal de contas, você acorda cedo pros outros e porque
não pra si? Mas um dia acorde bem tarde, fique na cama, assista seu
filme ou serie predileto, ligue o som mais alto e cante. Faça um belo
café da manhã, depois a tarde, tente queimar esse café, fazendo
uma caminhada pelo seu bairro, cumprimentando as pessoas.
Procure um dia não levar o celular, ouça o som da sua vida real, sem
fone de ouvido

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117 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Se você tiver um espirito mais aventureiro, arrisque cair na estrada


para lugares que você ainda não visitou
Mas se você for mais caseiro, experimente novos pratos feitos por
você, mesmo que nunca tenha arriscado na cozinha. Será no
mínimo divertido, e acredite, se você se dedicar poderá se
surpreender, foi comigo assim
Crie uma rotina e hábitos saudáveis
Vá ao médico e procure cuidar do seu corpo e da sua mente. Não
importa se você está se sentindo bem, procure um médico e faça
um checkup
Tire um dia por mês para ficar sem o celular, depois tente fazer isso
com mais frequências se você conseguir (eu tenho problemas com
isso)
E por último (aqui pelo menos), crie uma lista de coisas que você
considere importante em sua vida e cole na geladeira. Não se
importe se vão olhar, tenha orgulho da lista e comprometa-se a
realizar a lista no seu tempo e sem cobranças
Pode ser um passeio, uma compra, uma visita à um velho amigo,
uma ligação, umas férias

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118 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

17. Bônus: Dinâmica do seu livro que


começa aqui

Vou aqui encorajá-lo a começar a escrever algo sobre você. Mas só


se você quiser, é claro
Para que a dinâmica dê certo você tem que ser fiel aos passos que
te darei
Para isso você precisará de uns 15 minutos (total), de papel, caneta,
celular, fone de ouvido e um local onde você esteja sozinho e sem
interferência humana (dê preferência para seu quarto e num
momento que terá certeza de que ninguém o atrapalhará, se
possível, comunique as pessoas)
Irei provocar seus sentimentos, sentidos auditivos e emocionais
com uma trilha sonora muito linda
Procure no Youtube a música de Alan Silvestri (compositor, maestro
e criador de trilhas sonoras maravilhosas) – tema do
filme Forrest Gump (Forrest Gump Theme – Alan Silvestri)
Marcarei os pontos na música a serem observado por você
Você terá que ouvir a música inteira 2 vezes, sendo a primeira vez
apenas ouvir e relaxar, sentindo os sons apenas
Já na segunda vez, deixará fluir em você o que o som causou de
recordação, lembranças e sentimentos
Há alguns que não contêm as lágrimas e choram, eu sou um deles.
Se for também seu caso, melhor ainda. O som é curador. Deixe as
lágrimas correrem seu rosto, pois é um sinal de que Deus está aí com
você
Vamos pra lição:

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119 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

Segundos
0:00 - Você lembrará de sua infância, e de como as coisas eram
leves pra você, sem cobranças e sem pesos, você era uma criança
feliz e que não havia nada mais legal no mundo do que brincar,
dormir e comer. Deixe fluir as lembranças
1:28 – Você cresceu um pouco mais e começou a ir pra escola, agora
você tem amigos lá e começa a ter seus amigos fora de casa
2:16 – Você descobre que gosta de alguém na escola, apaixonou-se
por alguém, que legal, a vida está sorrindo pra você e você pela
primeira vez sente o amor de um adolescente
3:16 – Você deixa se levar pela primeira paixão e pela primeira vez
dá seu primeiro beijo e descobre um novo sabor da vida
3:58 – Você está diante de uma nova fase, agora já indo pra escola
sozinho e descobre novas amizades, vai passear sem seus pais, e
pela primeira vez, você se dá conta que pode ficar sozinho
4:54 – Você agora já entrando na juventude, não é mais aquela
criança que recebia os cuidados dos pais, mas agora tem suas
responsabilidades e começa um novo ciclo na sua vida. Seu corpo é
forte e saudável e você se sente muito mais preparado para a vida
6:28 – Essa força que vem de dentro de você é muito maior que você
pensa, mas parece que existem medos em você. O que fazer? Como
reagir?
7:03 – Você é tomado por uma coragem, se levanta e vai encarar a
vida, afinal você estudou e se preparou pra isso, não há nada que o
impeça de viver. Você é uma pessoa abençoada por Deus e agora
pode ajudar pessoas e caminhar com elas (seu namorado/a ou
cônjuge, ou você mesmo/a)
8:18 – Você se lembra daquela criança lá de traz, que era feliz e só
pensava em brincar e se dá conta que a vida é feita de ciclos, e que
tudo tem um começo, meio e fim

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120 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

18. Teste do Eneagrama

Se você quiser saber a respeito de sua personalidade, marque as


questões abaixo que tem a ver com você. Seja honesto
O resultado do seu eneatipo é aquele que recebeu o maior número
de marcações
Após você saber seu eneatipo, terá em mãos uma ferramenta
poderosa de autoconhecimento e cura interior, daí se quiser é só
mergulhar em saber as respeito do seu eneatipo nas redes sociais,
livros e vídeos
Em geral, as pessoas que disseminam esta ferramenta em livros e
redes sociais são muito respeitosas e fazem seus discursos com
respeito e amor ao próximo
A propósito, esse foi exatamente o mesmo teste que fiz um dia com
o pastor que menciono aqui no livro

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121 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

TIPO 1 – ENEAGRAMA

1. Sinto-me bem em ambientes onde há organização e planejamento.


2. Percebo facilmente como algo poderia ser mais perfeito.
3. Normalmente, acho que tenho razão.
4. Lembro que na minha infância cobravam que eu fosse bom, que me
esforçasse, que me comportasse bem.
5. Esforço-me muito para corrigir minhas falhas.
6. Odeio gastar mal o dinheiro.
7. Frequentemente me chateiam as coisas que não caminham como
deviam caminhar.
8. Sinto uma crítica interna muito forte.
9. Com frequência me chateio comigo mesmo por não fazer melhor as
coisas.
10. Frequentemente, um defeito pequeno é suficiente para por em
questão todo o trabalho.
11. Custa-me estar alegre e relaxar.
12. Para mim é importante agir corretamente.
13. As críticas dos outros me magoam muito.
14. Sinto que me preocupo mais com as coisas que as outras pessoas.
15. Sinto a obrigação de ser honesto e honrado.
16. Muitas vezes sinto-me puritano.
17. Sinto-me irritado quando alguma coisa não está bem.
18. Sinto que o tempo passa rápido demais e que fica muita coisa por fazer,
e isso me angustia.
19. Sinto necessidade de ser responsável pela maneira como administro
meu tempo.
20.Sinto tendência a ser uma pessoa escrupulosa.
21. Identifico-me facilmente com os lutadores contra o mal.
22.Tenho a sensação de que devo ser perfeito para que os outros me
amem e me aprovem.

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122 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

23. Sinto-me quase obrigado a melhorar a mim mesmo e ao que faço.


24.Com frequência me sinto frustrado porque nem eu nem os outros
somos como deveríamos.
25. Parece que vejo tudo em termos de correto ou errado, bom ou mau.

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123 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

TIPO 2 – ENEAGRAMA

1. Fico ressentido quando as pessoas não retribuem o bem que lhes faço.
2. Tenho facilidade de me adaptar a qualquer meio.
3. Lembro da minha infância como algo triste e enfadonho.
4. Lembro que na minha infância tive que “comprar” o amor dos adultos
através de bom comportamento.
5. Muitas pessoas se sentem próximas de mim.
6. Gosto de ajudar as pessoas que vejo em dificuldade ou em situação
embaraçosa.
7. Há muitas pessoas que dependem de minha ajuda e generosidade.
8. Coloco mais interesse em servir os outros do que em qualquer outra
coisa.
9. Necessito ser importante na vida de outras pessoas.
10. Gosto que os outros precisem de mim.
11. Muitas vezes me sinto sobrecarregado pela dependência dos outros
em relação a mim
12. Cumpro regularmente meus compromissos com os outros.
13. Sinto-me quase obrigado a ajudar outras pessoas, mesmo sem elas me
pedirem.
14. Frequentemente as pessoas se aproximam de mim, pedindo que as
conforte e aconselhe.
15. O mais importante da vida é amar e ser amado.
16. Acho que não tenho muitas necessidades.
17. Às vezes sinto que os outros não me valorizam de verdade pelo que
faço por eles.
18. Gosto de sentir-me próximo das pessoas.
19. Às vezes me sinto vítima dos outros, como se me utilizassem.
20.Comunico-me com meus amigos com mais frequência do que eles se
comunicam comigo.
21. Preocupam-me muito os problemas emocionais.

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124 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

22.Acho que mereço estar em primeiro plano na vida de algumas pessoas,


por tudo o que tenho feito por elas.
23. Vejo-me como uma pessoa educadora.
24.Quando tenho tempo livre, dedico-me frequentemente a ajudar os
outros.
25. Gosto de cuidar dos outros.

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125 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

TIPO 3 – ENEAGRAMA

1. Lembro que em criança era apreciado pelo que fazia.


2. Vejo-me como uma pessoa dinâmica, otimista e capaz de resolver
qualquer problema.
3. Sinto necessidade de preencher a minha vida com muitas atividades.
4. Preocupa-me muito a hipótese de não ser aceito pelos outros.
5. Gosto que me elogiem.
6. Para mim a palavra “êxito” significa muito.
7. Para mim é muito importante projetar uma imagem vitoriosa.
8. Gosto de trabalhar em equipe e de ser um bom elemento dela.
9. Identifico-me com a eficiência, a precisão e o profissionalismo.
10. Parece-me natural ser capaz de organizar as coisas e terminá-las.
11. Gosto de ter objetivos claros e saber em que ponto eu me encontro, no
caminho até esses objetivos.
12. Gosto de esquemas de processo, gráficos e outros indicadores acerca
de meu desenvolvimento.
13. As outras pessoas me invejam porque consigo fazer muitas coisas.
14. Gosto de agir.
15. Em geral, prefiro estar implicado no desenvolvimento de uma ação do
que ficar observando de fora.
16. As primeiras impressões são muito importantes para mim.
17. Para mim, não é problema tomar decisões.
18. Para conseguir êxito, às vezes é preciso passar por cima (deixar de lado)
as próprias normas.
19. Quando olho para o meu passado, consigo recordar mais facilmente o
que fiz de bom do que fiz de mau.
20.Odeio quando me dizem que o que estou fazendo não caminha bem.
21. Tenho tendência para ser uma pessoa positiva e empreendedora.
22.Sinto-me bem como assessor de um projeto.
23. Identifico-me tanto com o meu trabalho ou papel que me esqueço até
de quem eu sou.

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126 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

24.Acredito que a aparência é importante.


25. Acredito que preciso ter sucesso em muitas coisas para que os outros
me apreciem.

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127 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

TIPO 4 – ENEAGRAMA

1. Da minha infância, lembro de uma experiência dolorosa de perda ou


abandono.
2. Vejo-me como uma pessoa especial, diferente dos outros.
3. Sinto ansiedade quando quero conseguir uma coisa e perco o interesse
quando consigo.
4. Facilmente sinto inveja e ciúme.
5. Não gosto de coisas comuns, triviais, normais.
6. Parece-me que os outros não compreendem meus sentimentos.
7. A maioria das pessoas não aprecia a autentica beleza da vida.
8. Esforço-me por parecer simples e natural.
9. Acho que a maioria das pessoas não tem sentimentos tão profundos
como os meus.
10. O simbolismo é algo que me atrai.
11. Sinto uma nostalgia quase compulsiva do meu passado.
12. Preocupo-me com o sofrimento, a perda e a morte.
13. Gosto de fazer as coisas bem-feitas e com classe.
14. Gosto muito de teatro e crio fantasia como se estivesse em cena.
15. As formas e o bom gosto são importantes para mim.
16. Não gosto de passar por ser uma pessoa vulgar ou comum.
17. O meu meio ambiente é muito importante para mim.
18. Sinto que o fim dos relacionamentos me afeta mais do que às outras
pessoas.
19. Às vezes me assusta o fato de minha resposta sentimental normal não
ser suficiente.
20.Tenho a sensação de que me aproprio facilmente da maioria dos
sentimentos de um grupo, de tal maneira que frequentemente eu
perco o sentido de onde acabam meus próprios sentimentos e onde
começam os dos outros.
21. As artes e a expressão artística são muito importantes para mim como
meio para canalizar minhas emoções.
22.Identifico-me com a figura do “palhaço trágico”, sorrindo através das
lágrimas.

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128 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

23. Acusam-me de ser distante.


24.Percebo na minha vida muitos altos e baixos. Ou estou muito animado
ou estou “na fossa”. Quando me encontro no meio-termo, não me sinto
vivo.
25. As pessoas me acusam de ser excessivamente dramático, mas na
realidade não entendem meus sentimentos.

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129 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

TIPO 5 – ENEAGRAMA

1. Lembro que na infância as pessoas se intrometiam demais na minha


vida.
2. Sinto que na infância recebi pouco carinho e proximidade das pessoas.
3. Gosto de ser independente dos outros.
4. Não me sinto bem em ambientes que exigem muito relacionamento
com as pessoas.
5. Fico em baixo-astral quando estou em situações embaraçosas ou
quando alguém me pergunta como me sinto.
6. Mantenho-me com o que tenho e procuro recolher elementos de que
possa vir a necessitar um dia.
7. Não sei muito bem como participar de conversas mais voltadas para o
interior.
8. Do ponto de vista intelectual, gosto de sintetizar e reunir ideias
diferentes.
9. Consigo guardar meus sentimentos só para mim.
10. Custa-me alcançar ou pedir aquilo de que preciso.
11. Preciso de muito espaço e de muito tempo só para mim.
12. Sei deixar a iniciativa para os outros.
13. Frequentemente eu me sinto por trás e observo os outros em vez de
me envolver na ação.
14. Tenho a sensação de que sou mais calado que a maioria.
15. As pessoas me perguntam frequentemente o que penso.
16. Tenho tendência para ser solitário.
17. Sinto tendência a ser mesquinho com meu tempo, meu dinheiro e meu
eu.
18. Se surgem problemas, primeiro estudo por minha conta e depois
discuto com os outros.
19. Procuro resolver meus problemas pensando.
20.Gosto de ver as coisas em perspectiva, retrocedendo e incluindo tudo.
Se deixar algo de fora, me acuso por ser tão simplista e ingênuo.
21. É muito fácil para eu tirar conclusões.

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130 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

22.Quando estou chateado comigo e com os outros, penso em mim e


neles como “loucos”, “idiotas” e “estúpidos”.
23. Meu tom de voz é muito suave e frequentemente me pedem para falar
mais alto. Isso me irrita.
24.Tendo a ser mais receptor que doador.
25. Chateia-me extraordinariamente não receber o valor de meu trabalho.

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131 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

TIPO 6 – ENEAGRAMA

1. Lembro que na minha infância não sentia autoridades bem definidas.


2. Desde pequeno me lembro de desconfiar de quem estava investindo
em qualquer autoridade.
3. Não gosto de êxito e, do meu passado, lembro mais facilmente das
coisas negativas que dos sucessos.
4. Sinto que sou uma pessoa tímida.
5. Gosto de pertencer a um grupo e de trabalhar em equipe.
6. Antes de tomar uma decisão, obtenho todas as informações possíveis
para estar seguro de que estou preparado.
7. Para mim é muito importante a lealdade ao grupo.
8. Sinto muitas dúvidas.
9. Basicamente sou uma pessoa moderada.
10. Sem leis definidas, é difícil dizer o que as pessoas têm que fazer.
11. Sei atuar com sentido de dever e responsabilidade.
12. É muito difícil para eu ir contra o estabelecido pela autoridade.
13. Penso durante muito tempo, porque preciso explorar exaustivamente
as diversas opções.
14. Pergunto-me frequentemente se tenho valor suficiente para fazer
aquilo que preciso fazer.
15. Gosto de estar muito seguro antes de atuar.
16. A prudência é uma atitude muito importante para mim.
17. Com frequência me encontro avaliando os outros com relação à
possibilidade de serem ou não uma ameaça para mim.
18. Gosto que seja bem definido o que devo fazer.
19. Parece-me que sinto o perigo e a ameaça mais que os outros.
20.Sinto tendência a dividir o mundo em grupos e preocupo-me de que
lado as pessoas estão.
21. Tenho consciência das contradições e sou muito sensível a elas.
22.Prefiro que as coisas tenham o seu princípio e o seu fim estabelecido e
que fiquem abertas na sua realização.

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132 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

23. Com frequência fantasio sobre mim mesmo, como se ocupasse um


lugar de “herói”.
24.Tenho a sensação de que sempre estou lutando contra meus medos.
25. Sinto que me preocupo mais que os outros em defender a mim mesmo
e em defender as minhas posições.

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133 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

TIPO 7 – ENEAGRAMA

1. Recordo minha infância como uma etapa feliz.


2. Vivo de maneira alegre e radiante.
3. Entrego-me a muitos planos e diversos prazeres.
4. Procuro manter meu alto-astral, buscando aventuras e experiências
fortes.
5. Gosto de manter aberta todas as opções.
6. Frequentemente me pego planejando o futuro com opções
agradáveis.
7. Consigo curtir quase tudo o que há na vida.
8. Parece que sou menos perspicaz que as outras pessoas a respeito dos
outros e das suas intenções.
9. Gosto que os outros me vejam contente.
10. Sei fixar-me no lado bom da vida e deixar de lado os aspectos
negativos.
11. As coisas sempre funcionam da melhor maneira possível.
12. Gostaria que os outros estivessem sempre bem dispostos.
13. Gosto de contar histórias.
14. As pessoas acham que sou a “alma” das reuniões.
15. Gosto de quase tudo o que encontro.
16. Minha teoria é que se algo PE bom, mais é melhor.
17. Vejo-me como uma pessoa brincalhona e infantil.
18. Gosto de animar as pessoas.
19. Gosto de considerar as ramificações cósmicas dos fatos, a importância
universal de tudo o que ocorre.
20.Sei passar de uma coisa a outra, em vez de aprofundar uma só.
21. Não acredito que seja bom ficar triste por muito tempo.
22.Gosto de fazer coisas “bonitas”.
23. Gosto de saborear a vida.
24.Consigo ser muito entusiasta perante o futuro.
25. Na maior parte do tempo evito dedicar-me a problemas graves.

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134 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

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135 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

TIPO 8 – ENEAGRAMA

1. Desde criança tive a impressão de que o mundo castiga as tendências


macias e por isso é importante ser duro.
2. Lembro que na infância me incentivaram a ser forte, a não dar uma de
fraco.
3. Sinto prazer em quebrar regras.
4. Costumo estabelecer contatos com as pessoas provocando-as.
5. Não tenho medo de me confrontar com os outros e faço isso
facilmente.
6. Percebo facilmente onde reside o poder num grupo.
7. Sinto-me muito bem, mantendo o que quero e lutando por isso.
8. Percebo facilmente os pontos fracos dos outros e os ataco se me
provocarem.
9. Sei como fazer as coisas.
10. Sinto-me à vontade no exercício do poder.
11. Vejo-me como uma pessoa direta e positiva.
12. Acredito que sou uma pessoa do “mundo”.
13. Gosto de movimentar-me, de espaço livre, de aventura.
14. Tenho dificuldade para expressar meu lado terno, agradável, suave,
“feminino”.
15. É fácil expressar minha insatisfação.
16. Chateio-me facilmente.
17. Acredito que sou um bom trabalhador.
18. Para mim a justiça e a injustiça são questões-chave.
19. Protejo os que estão sob minha autoridade ou jurisdição.
20.Acredito que os outros criam seus próprios problemas.
21. Em geral não me ocupo muito com a introspecção nem com a
autoanálise.
22.Acredito que não sou conformista.

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136 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

23. Não gosto de estar isolado, fechado.


24.Não gosto que digam que me adapte.
25. Custa-me deixar que as coisas sigam seu curso.

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137 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

TIPO 9 – ENEAGRAMA

1. Percebo-me como uma pessoa indecisa e com dificuldade de tomar


decisões.
2. Lembro que na infância me sentia desconsiderado pelos outros, cujas
necessidades apareciam como mais importantes que as minhas.
3. Sinto dificuldade em distinguir o essencial do secundário.
4. Facilmente me sinto cansado.
5. Não me esforço muito em mostrar aos outros meus talentos.
6. Quase sempre estou calmo e tranqüilo
7. Acho que a maioria das pessoas se preocupa demasiado com as
coisas.
8. Não vale a pena preocupar-se muito com as coisas.
9. Não recordo a última vez que dormi mal.
10. Gosto de ter tempo para não fazer nada.
11. Sou uma pessoa extremamente tratável,
12. Não há nada tão urgente que não possa esperar até amanhã.
13. Ainda que haja algumas diferenças, tenho a impressão de que a
maioria das pessoas se parece muito.
14. Em geral, não sinto grande entusiasmo pelas coisas.
15. Minha atitude é: “Não esquente”.
16. Preciso de estimulo externo para mover-me.
17. Odeio gastar a minha energia inutilmente.
18. Odeio que me perturbem.
19. Posso ser um árbitro imparcial, porque para mim as duas partes são
igualmente boas.
20.Sinto tendência a dar importância às coisas, para que os outros
se tranqüilizem.
21. Geralmente opto por aquilo que me oferece menos resistência.
22. Prezo-me de ser uma pessoa estável.

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138 A HISTÓRIA DE UM CRISTÃO DIVORCIADO

23. Custa-me escutar e prestar atenção.


24. Não acredito que eu seja o único importante.
25. Concordo com esta frase: Por que estar de pé quando se pode estar
sentado e por que estar sentado quando se pode estar deitado?

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