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INSTITUTO PARANAENSE DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E


EXTENSÃO RURAL - EMATER

DIAGNÓSTICO DE MICROBACIA DO RIBEIRÃO


PARACATU – MANANCIAL DE ABASTECIMENTO DE
ÁGUA DA CIDADE DE NOVA ESPERANÇA-PR

Autores: Ailton Donizete Silvério


José Antonio de Andrade
José Francisco Lopes Júnior
Colaboradores: Prof. Dr. Paulo Nakashima e
Alunos do Departamento de Geografia da UEM

NOVA ESPERANÇA
Estado do Paraná
Julho - 2010
2

INSTITUTO PARANAENSE DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E


EXTENSÃO RURAL - EMATER

DIAGNÓSTICO DE MICROBACIA DO RIBEIRÃO


PARACATU – MANANCIAL DE ABASTECIMENTO DE
ÁGUA DA CIDADE DE NOVA ESPERANÇA-PR

Autores: Ailton Donizete Silvério


José Antonio de Andrade
José Francisco Lopes Júnior
Colaboradores: Prof. Dr. Paulo Nakashima e
Alunos do Departamento de Geografia da UEM

“Diagnóstico apresentado ao Comitê


Gestor do manancial Paracatu, como parte
dos estudos para elaboração do Plano de
Gestão dos Recursos Hídricos da
Microbacia do ribeirão Paracatu”.

NOVA ESPERANÇA
Estado do Paraná
Julho - 2010
A comunidade de Nova Esperança que dependem da água do Manancial do
ribeirão Paracatu, que possam usufruir de um meio ambiente mais saudável.

DEDICAMOS
xiv

AGRADECIMENTOS

Ao bom Deus, a Graça de estarmos simplesmente vivos, e de poder ter chegado


até aqui.
A Prefeita Municipal Maria Ângela Silveira Benatti,
Ao Vice-Prefeito Municipal Edgar Moser Jùnior,
Ao Promotor de Justiça Nivaldo Bazoti,
Ao Professor Doutor do Departamento de Geografia da Universidade Estadual de
Maringá, Dr. Paulo Nakashima, que teve importância fundamental nos momentos mais
decisivos do diagnóstico, cujas valiosas orientações permitiram a conclusão deste
trabalho.
Aos alunos do Curso de Bacharelado em Geografia da Universidade Estadual de
Maringá, que, de alguma forma, contribuíram para realização deste trabalho.
A VIAPAR, pela ajuda fundamental.
Ao Gerente da EMATER Romualdo Carlos Faccin, pelo apoio na realização do
Estudo.
xv

BIOGRAFIA

AILTON DONIZETE SILVÉRIO:


No ano de 1992, concluiu o Curso de Engenharia Agronômica pela Escola
Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista, na cidade de Paraguaçu Paulista – São
Paulo.
Trabalha desde 1985, no Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão
Rural – EMATER.
Em 2008, concluiu o curso de Planejamento e Gerenciamento Urbano e Rural,
em nível de Especialização, pela Universidade Estadual de Maringá – UEM, na cidade
de Maringá – Paraná.

JOSÉ ANTONIO DE ANDRADE:


No ano de 1996, concluiu o Curso de Geografia na Faculdade Estadual de
Educação, Ciências e Letras de Paranavaí - FAFIPA, na cidade de Paranavaí – Paraná.
Trabalha desde abril de 1985, no Instituto Paranaense de Assistência Técnica e
Extensão Rural – EMATER.
No ano de 2005, submeteu-se a banca examinadora para a defesa da Dissertação
de Mestrado em Geografia, no Programa de Pós-Graduação em Geografia, na
Universidade Estadual de Maringá – Paraná.

JOSÉ FRANCISCO LOPES JÚNIOR:


No ano de 1986, concluiu o Curso de Zootecnia na Universidade Estadual de
Maringá – UEM, na cidade de Maringá – Paraná.
Trabalha desde fevereiro de 1988, no Instituto Paranaense de Assistência Técnica
e Extensão Rural – EMATER.
No mês de março de 2010, submeteu-se a banca examinadora para a defesa da
Dissertação de Mestrado, no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, área de
concentração Produção Animal, na Universidade Estadual de Maringá, realizando
estudos na área de Bovinocultura de Leite.
xvi

ÍNDICE
xvii

LISTA DE TABELAS

LISTA DE FIGURAS

FIGURAS DO APÊNDICE
xviii

RESUMO

O manancial do ribeirão Paracatu faz parte da microbacia do ribeirão Paracatu e


abriga à barragem da SANEPAR, único reservatório do sistema de abastecimento de
água do município de Nova Esperança, estado do Paraná. Este reservatório é
responsável por abastecer 100% da população, cerca de 30000 habitantes. A área do
manancial abrange os municípios de Nova Esperança e Presidente Castelo Branco. Já a
microbacia do ribeirão Paracatu abrange além dos municípios já mencionados, também
o município de Atalaia.
Esta é uma área de grande importância para o abastecimento público do município
de Nova Esperança. O ribeirão Paracatu possui uma vazão de 200 litros/segundo e uma
potencialidade máxima de 17.280 m3/dia. Apesar da quantidade de água produzida na
sub-bacia e utilizada para abastecimento ser suficiente (3.200 m3/dia), a barragem da
SANEPAR, sofre com graves problemas de assoreamento. A qualidade da água deste
reservatório e os usos dos solos existentes em sua microbacia hidrográfica são, portanto,
determinantes para a manutenção da boa qualidade da água proveniente desta
microbacia e das condições necessárias para seu tratamento na Estação de Tratamento
da SANEPAR.
O crescimento populacional e a falta de saneamento ambiental adequado nessa
região, associados ao desenvolvimento dos setores da indústria e prestação de serviços,
são os grandes desafios colocados para o poder público e para o Comitê Gestor do
ribeirão Paracatu. Espera-se que o conjunto de informações apresentado no presente
diagnóstico possa subsidiar as ações de planejamento e gestão desta área, de forma a
enfrentar os problemas apontados, levar mais qualidade de vida aos moradores de Nova
Esperança e garantir a produção de água em quantidade e com qualidade para o
abastecimento público de seus habitantes.

Palavras-chave:
1. INTRODUÇÃO

A água é fundamental para a manutenção da vida no planeta, é um bem precioso


indispensável a todas as atividades humanas. A água é um patrimônio de todos e todos
devem reconhecer o seu valor; cada um de nós tem o dever de economizá-la e de utilizá-
la com cuidado. Nela, surgiram as primeiras formas de vida, e a partir dessas,
originaram-se as formas de vidas terrestres, as quais somente conseguiram sobreviver
na medida em que puderam desenvolver mecanismos fisiológicos que lhes permitiram
retirar água do meio e retê-la em seus próprios organismos. A evolução dos seres vivos
sempre foi dependente da água. Alterar a qualidade da água é prejudicar a vida do
homem e dos outros seres vivos.
No Brasil, embora a água seja considerada recurso abundante existe áreas muito
carentes a ponto de transformá-la em um bem limitado às necessidades do homem.
Normalmente, a sua escassez é muito mais grave em regiões onde o desenvolvimento
ocorreu de forma desordenada, provocando a deterioração das águas disponíveis, devido
ao lançamento indiscriminado de esgotos domésticos, despejos industriais, agrotóxicos
e outros poluentes (MOITA & CUDO, 1991).
Num país dotado de abundância de recursos naturais, com a maior biodiversidade
e quantidade de água do planeta, constata-se a inexistência de uma conscientização
ambiental. A água sempre foi vista como bem infinito, pois, afinal, o rio mais caudaloso
do mundo encontra-se em território brasileiro; só que, tanto o Poder Público como as
empresas privadas sobrecarregam nossos rios com os seus dejetos industriais, sua
poluição danosa e ruinosa, que não mata somente a água, mas todos os seres vivos, seus
habitantes, sem contar com os danos que acarretam às inúmeras famílias que vivem em
seu entorno e retiram dos cursos d’água seu sustento.
A escassez da água tornou-se nessas últimas décadas um assunto de
sustentabilidade ambiental, devido em especial, à crescente redução de sua
disponibilidade qualitativa e quantitativa. Atualmente, de forma alarmante, o mundo
padece com a constatação da finitude da água, este tão importante e essencial bem, fonte
de vida neste nosso planeta. Há dados alarmantes, prevê-se que, “em 2025, a população
do planeta tingirá oito bilhões de habitantes. Com isso, a demanda pelo precioso líquido
aumentará, e os conflitos decorrentes de sua falta serão agravados.” Ainda, segundo a
WWF, temos que no ano de 2050, a falta de água será grave em pelo menos 60 países.
Assim, também a população de nosso país, sofrerá os efeitos do baixo volume dos
20

nossos rios, em virtude de grandes estiagens, da utilização inconseqüente dos recursos


hídricos e da falta de uma política eficiente.
A disponibilidade dos recursos hídricos, bem como, seus usos múltiplos e os
conflitos gerados por esses usos, representam atualmente um dos grandes desafios para
a sociedade. A crescente necessidade de água potável, para o abastecimento humano,
considerado o uso mais nobre, e de água de boa qualidade para o desenvolvimento
econômico, constitui um problema de dimensões ecológicas, culturais, sociais e de
políticas de gestão pública. Definindo deste modo, os recursos hídricos como recurso de
caráter estratégico (HUNKA, 2006).
Segundo TUNDISI (1999), alterações na quantidade, distribuição e qualidade dos
recursos hídricos ameaçam a sobrevivência humana e as demais espécies do planeta,
estando o desenvolvimento econômico e social dos países fundamentados na
disponibilidade de água de boa qualidade e na capacidade de sua conservação e
proteção.
A qualidade da água de uma microbacia pode ser influenciada por diversos fatores
e, dentre eles, estão o clima, a cobertura vegetal, a topografia, a geologia, bem como o
tipo, o uso e o manejo do solo da bacia hidrográfica (VAZHEMIN, 1972; PEREIRA,
1997). Segundo ARCOVA et al. (1998), os vários processos que controlam a qualidade
da água de determinado manancial fazem parte de um frágil equilíbrio, motivo pelo qual
alterações de ordem física, química ou climática, na bacia hidrográfica, podem
modificar a sua qualidade.
A adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento é de aceitação
internacional, não apenas porque ela representa uma unidade física bem caracterizada,
tanto do ponto de vista de integração como da funcionalidade de seus elementos, mas
também porque toda área de terra, por menor que seja se integra a uma bacia
(PISSARRA, 1998).
Para alguns estudiosos a água de qualidade será um recurso escasso no futuro,
para outros, estará sempre disponível, porém nem todos terão acesso a ela facilmente.
Neste estudo, os recursos hídricos da sub-bacia do ribeirão Paracatu são tidos como
limitado e são fundamentais no desenvolvimento econômico e social do município.
À frente de todos esses problemas ambientais, cumpre à sociedade o dever de
criar outras condições nas quais se possam fazer dos usos dos recursos hídricos, com
menor impacto ao meio ambiente, mas que não prejudique o crescimento econômico e
social. Para isso, são imprescindíveis novos valores para a solução ou pelo menos para a
21

minimização dos problemas ambientais, através de planos de gestão desses recursos


ambientais, neste caso, a gestão dos recursos hídricos. No entanto, para se realizar uma
gestão eficaz, inicialmente, é necessário realizar um diagnóstico da área que se deseja
gerenciar, verificando a melhor forma de utilização dos seus recursos do ponto de vista
ambiental e econômico.
A bacia Hidrográfica de acordo com a Lei 9.433/97 é definida como a unidade
territorial para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos. A área de
estudo é a sub-bacia do ribeirão Paracatu, uma microbacia de domínio intermunicipal,
localizada na Bacia Hidrográfica do rio Pirapó. Comparada a outras sub-bacias da
região possui uma pequena dimensão, contudo, já apresenta usos dos recursos hídricos
que demandam considerável consumo. Dessa forma, surgiu o interesse em investigar
quem são os usuários que se utilizam desses recursos e de que forma o fazem,
considerando também os aspectos socioambientais na microbacia.
22

2. OBJETIVOS

2.1 - Objetivo Geral


Realizar um diagnóstico dos múltiplos usos dos recursos hídricos na microbacia
do ribeirão Paracatu, enfatizando os aspectos legais, ambientais e sócio-econômicos da
microbacia e identificando os principais conflitos gerados por esses usos.

2.2 - Objetivos Específicos:


Desenvolver o monitoramento socioambiental participativo, processo que
compreende produção e atualização constante dos diagnósticos socioambientais
participativos, realização de seminários para proposição de ações de recuperação e
conservação, acompanhamento e proposição de políticas públicas, promoção de
campanhas e ações de mobilização da sociedade.
Disponibilizar para a população um conjunto de informações atualizadas sobre a
situação da microbacia do ribeirão Paracatu (fonte de água), área estratégica para o
abastecimento dos habitantes do município de Nova Esperança/PR.
Definir o divisor topográfico da microbacia;
Caracterizar os aspectos físicos e sócio-econômicos da sub-bacia.
Confeccionar um mapa de uso e ocupação do solo da área.
Caracterizar os recursos superficiais e subterrâneos da sub-bacia, assim como sua
disponibilidade e demanda hídrica.
Realizar um inventário do uso hídrico na sub-bacia do ribeirão Paracatu.
Identificar os principais conflitos de uso e os impactos ambientais decorrentes
desses usos, na sub-bacia do ribeirão Paracatu.
23

3. ASPECTOS INSTITUCIONAIS E LEGAIS DOS SISTEMAS DE


GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

3.2 - Política Nacional de Recursos Hídricos


A Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997 institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Ela
apresenta como um dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos1, os
Planos de Recursos Hídricos, planos diretores que visam a fundamentar e orientar a
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos
Recursos Hídricos2, e que serão elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o
País3.
Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) acompanhar a
execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e determinar as
providências necessárias ao cumprimento de suas metas4. Neste sentido, em 30 de
janeiro de 2006, o CNRH, na sua XVII Reunião Extraordinária, aprovou o PNRH e a
proposta de resolução de aprovação do mesmo.
Por meio da resolução nº 58, de 30 de janeiro de 2006, publicada no Diário Oficial
da União em 08 de março de 2006, o CNRH aprovou o Plano Nacional de Recursos
Hídricos composto dos seguintes volumes5:

I - Panorama e Estado dos Recursos Hídricos do Brasil;


II - Águas para o Futuro: Cenários para 2020;
III - Diretrizes; e
IV - Programas Nacionais e Metas.

1
Lei nº 9.433/97 – Art. 5º.
2
Lei nº 9.433/97 – Art. 6º.
3
Lei nº 9.433/97 – Art. 8º.
4
Lei nº 9.433/97 – Art. 35, IX, redação dada pela Lei nº 9.984/2000.
5
Resolução CNRH nº 58, - Art. 1º.
24

Esta resolução define que o detalhamento operativo dos programas e metas


contidos no volume IV deverá ser coordenado pela Secretaria de Recursos Hídricos do
Ministério do Meio Ambiente e submetido à aprovação do Conselho Nacional de
Recursos Hídricos até 31 de dezembro de 20076.
Por meio da Resolução nº 80, de 10 de dezembro de 2007, o CNRH aprovou o
detalhamento operativo dos Programas I, II, III, IV, V, VI e VII do Plano Nacional de
Recursos Hídricos, contidos no Volume IV - Programas Nacionais e Metas. O
detalhamento operativo dos Programas VIII a XIII foi aprovado na reunião do CNRH
realizada em março de 2009.

3.2 - Política Estadual de Recursos Hídricos


A Lei estadual nº 12.726, de 26 de novembro de 1999 institui a Política de
Recursos Hídricos do estado do Paraná e define como seus instrumentos7:

• O Plano Estadual de Recursos Hídricos;


• O Plano de Bacia Hidrográfica;
• O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos
preponderantes da água;
• A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
• A cobrança pelo direito de uso de recursos hídricos; e
• O Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos.

Esta Lei estabelece que o Estado deve elaborar, com base nos planejamentos
efetuados nas bacias hidrográficas, o Plano Estadual de Recursos Hídricos
(PLERH/PR), o qual conterá:
• os objetivos a serem alcançados;
• as diretrizes e critérios para o gerenciamento de recursos hídricos;
• a indicação de alternativas de aproveitamento e controle de recursos hídricos;

6
Resolução CNRH nº 58, - Art. 1º, Parágrafo único.
7
Lei Estadual nº 12.726 - Art. 6º.
25

• a programação de investimentos em ações relativas à utilização, à recuperação, à


conservação e à proteção dos recursos hídricos; e
• os programas de desenvolvimento institucional, tecnológico e gerencial, de
valorização profissional e de comunicação social, no campo dos recursos hídricos8.

Ainda que o PLERH/PR tenha vigência e horizonte de planejamento compatíveis


com o período de implementação dos Planos de Bacia Hidrográfica, o seu capítulo
referente ao diagnóstico de situação dos recursos hídricos do Estado deverá ser
atualizado segundo periodicidade ou conveniência estabelecidas pelo Conselho Estadual
de Recursos Hídricos9 (CERH/PR).
É importante salientar que o PLERH/PR encontra-se em elaboração, com prazo
para a sua finalização em 2009.
A Lei Estadual nº 12.726, de 1999, também estabelece que o Plano de Bacia
Hidrográfica é de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o
período de implantação de seus programas, projetos, ações e atividades e terá o seguinte
conteúdo mínimo10:

• diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;


• análise de cenários alternativos de crescimento demográfico, de evolução de
atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo;
• balanço entre disponibilidade e demandas futuras dos recursos hídricos, em
quantidade e qualidade, com identificações de conflitos potenciais;
• metas de racionalização de uso, adequação da oferta, melhoria da qualidade dos
recursos hídricos disponíveis, proteção e valorização dos ecossistemas aquáticos;
• medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem
implantados, para o atendimento de metas previstas;
• divisão dos cursos de água em trechos de rio, com indicação da vazão outorgável
em cada trecho;
• prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos;
diretrizes e critérios para cobrança pelos direitos de uso dos recursos hídricos; e

8
Lei Estadual nº 12.726 – Art. 7º.
9
Lei Estadual nº 12.726 – Art. 7º, § 2º.
10
Lei Estadual nº 12.726 - Art. 9º.
26

• propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à


proteção dos recursos hídricos e dos ecossistemas aquáticos.

Esta Lei também define que o enquadramento dos corpos de água deve ser
realizado de acordo com classes, segundo os usos preponderantes, e deverá11:

● ser compatível com os objetivos e metas de qualidade ambiental definidos pelo


respectivo Plano de Bacia Hidrográfica;
● ser factível frente à disponibilidade social de inversão, sinalizada pelo quadro de
fontes de recursos previsto no respectivo Plano de Bacia Hidrográfica; e
● objetivar padrões de qualidade das águas compatíveis com os usos a que forem
destinadas, subsidiando o processo de concessão de outorga de direitos de uso dos
recursos hídricos.

Lista quais são os usos que estão sujeitos à outorga pelo Poder Público12 e cita que
independem de outorga pelo Poder Público as acumulações, derivações, captações e
lançamentos considerados insignificantes, estabelecidos pelo Poder Executivo estadual
com base nas proposições dos Comitês, incluindo-se dentre os usos insignificantes os
poços destinados ao consumo familiar de proprietários e de pequenos núcleos
populacionais dispersos no meio rural13.
Ressalta que toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas
nos Planos de Bacia Hidrográfica14 e à disponibilidade de água, definindo que haverá
disponibilidade hídrica quando a vazão no curso de água for superior à respectiva vazão
outorgável, no trecho da captação ou do lançamento e em todos os trechos localizados a
jusante15.

11
Lei Estadual nº 12.726 – Art. 10.
12
Lei Estadual nº 12.726 – Art. 13.
13
Lei Estadual nº 12.726 – Art. 13, § 1º.
14
Lei Estadual nº 12.726 – Art. 14.
15
Lei Estadual 12.726 – Art. 16, caput e § 2º.
27

Ainda a Lei Estadual nº 12.726, de 1999, define que o direito de uso de recursos
hídricos sujeito à outorga será objeto de cobrança16 e que no cálculo do valor a ser
cobrado pelo direito de uso de recursos hídricos, devem ser observados os seguintes
fatores17:

● a classe de uso preponderante em que esteja enquadrado o corpo de água


objeto do uso;
● as características e o porte da utilização;
● as prioridades regionais;
● as funções social, econômica e ecológica da água;
● a época da retirada;
● o uso consuntivo;
● a vazão e o padrão qualitativo de devolução da água, observados os limites de
emissão estabelecidos pela legislação em vigor;
● a disponibilidade e o grau de regularização da oferta hídrica local;
● as proporcionalidades da vazão outorgada e do uso consuntivo em relação à
vazão outorgável;
● o grau de impermeabilização do solo em áreas urbanas, sempre que esta alterar
significativamente o regime hidrológico e o controle de cheias;
● custos diferenciados para diferentes usos e usuários da água;
● princípio de progressividade face ao consumo; e
● outros fatores, estabelecidos a critério do Conselho Estadual de Recursos
Hídricos (CERH/PR).

Deve-se ressaltar que esta Lei ainda destaca que os fatores referidos acima serão
utilizados, para efeito de cálculo, de forma isolada, simultânea, combinada ou
cumulativa18.

16
Lei Estadual nº 12.726 – Art. 19.
17
Lei Estadual nº 12.726 – Art. 20, I a XIII.
18
Lei Estadual nº12.726 – Art. 20, § 1º.
28

E que regulamento específico desta matéria estabelecerá formas de bonificação e


incentivo a usuários que procedam ao tratamento de seus efluentes, lançando-os ao
corpo receptor com qualidade superior àquela da captação, bem como aos usuários,
inclusive municípios, que desenvolvam práticas conservacionistas de uso e manejo do
solo e da água, bem como de proteção a mananciais superficiais ou subterrâneos19.
Esta Lei apresenta como princípios básicos para o funcionamento do Sistema
Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos20:

● descentralização da obtenção e produção de dados e informações;


● coordenação unificada do sistema; e
● acesso aos dados e informações garantido a toda sociedade.

A Lei Estadual nº 12.726 estabelece como objetivos do Sistema Estadual de


Informações sobre Recursos Hídricos21:

● reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação


qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos do Estado do Paraná, sem prejuízo de
informações sócio-econômicas relevantes para o seu gerenciamento;
● atualizar, permanentemente, as informações sobre disponibilidade e demanda de
recursos hídricos e sobre ecossistemas aquáticos em todo o território do Estado;
● fornecer subsídios para a elaboração de Plano de Bacia Hidrográfica; e
● apoiar as ações e atividades de gerenciamento de recursos hídricos no Estado do
Paraná.

Define que compõem o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos


(SEGRH/PR)22:

19
Lei Estadual nº 12.726 – Art. 20, § 4º.
20
Lei Estadual nº 12.726 – Art. 24.
21
Lei Estadual nº 12.726 – Art. 25.
22
Lei Estadual nº 12.726 – Art. 33.
29

• órgão deliberativo e normativo central do Sistema: o Conselho Estadual de


Recursos Hídricos (CERH/PR);
● órgão executivo gestor e coordenador central do Sistema: a Secretaria de Estado
do Meio Ambiente e Recursos Hídricos;
● órgãos regionais e setoriais deliberativos e normativos de bacia hidrográfica do
Estado: os Comitês de Bacia Hidrográfica; e
● unidades executivas descentralizadas: as Agências de Água e os consórcios e
associações a elas equiparadas, nos termos desta lei.

Estabelece que as Agências de Água devem atuar como unidades executivas


descentralizadas, prestando apoio aos respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica e
respondendo pelo planejamento e pela formulação do Plano de Bacia Hidrográfica,
bem como pelo suporte administrativo, técnico e financeiro, inclusive pela cobrança
dos direitos de uso dos recursos hídricos na sua área de atuação23 e que compete aos
Comitês de Bacia Hidrográfica na sua área territorial de atuação24, dentre outros:

● aprovar o Plano de Bacia Hidrográfica em sua área territorial de atuação,


encaminhando-o ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CRH/PR, e, quando
couber, Comitê de Bacia de maior abrangência territorial, em cuja área de atuação
estiver inserida;
● submeter, obrigatoriamente, os Planos de Bacia Hidrográfica à audiência
pública;
● acompanhar a execução do Plano de Bacia Hidrográfica e sugerir as
providências necessárias ao cumprimento de suas metas;
● zelar pela compatibilização e integração entre o Plano de Bacia Hidrográfica e
os planos setoriais de esgotamento sanitário, de resíduos sólidos e de drenagem,
referentes ás áreas urbanas inseridas em sua área territorial de atuação, inclusive para
efeitos de vinculação com o processo de concessão de outorgas relativas ás respectivas
intervenções setoriais.

23
Lei Estadual nº 12.726 – Art. 37.
24
Lei Estadual nº 12.726 – Art. 40 e Decreto Estadual nº 2.315 – Art. 4º
30

● zelar pela compatibilização e integração entre o Plano de Bacia Hidrográfica e


as práticas de cultivo e de manejo do solo agrícola, bem como interagir com entidades
de fomento e de assistência ao setor rural, com vistas à promoção de técnicas adequadas
de cultivo e de manejo do solo, compatíveis com objetivos de redução do carreamento
de sólidos e de insumos, evitando o comprometimento quantitativo e qualitativo das
disponibilidades hídricas;
● propor critérios e normas gerais para a outorga dos direitos de uso dos recursos
hídricos;
● propor à autoridade competente do Poder Executivo Estadual, os represamentos,
derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes, para efeito de isenção
da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo com os
domínios destes;
● propor ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH/PR), a probabilidade
associada à vazão outorgável;
● aprovar proposição de mecanismos de cobrança pelos direitos de uso de
recursos hídricos e dos valores a serem cobrados; e
● estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de
interesse comum ou coletivo.

A Resolução CNRH nº 17, de 29 de maio de 2001, estabelece critérios gerais para


a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas.
Esta Resolução define que os Planos de Recursos Hídricos das Bacias
Hidrográficas serão elaborados pelas competentes Agências de Água, supervisionados e
aprovados pelos respectivos Comitês de Bacia e que deverão levar em consideração os
planos, programas, projetos e demais estudos relacionados a recursos hídricos existentes
na área de abrangência das respectivas bacias25.
Ela ainda cita que os diversos estudos elaborados, referentes ao Plano de Recursos
Hídricos, serão amplamente divulgados e apresentados na forma de consultas públicas,
convocadas com esta finalidade pelo Comitê de Bacia Hidrográfica. Ainda que a
participação da sociedade nas etapas de elaboração do Plano ocorra por meio de
consultas públicas, encontros técnicos e oficinas de trabalho, visando possibilitar a

25
Resolução CNRH nº 17/2001 - Art. 2º.
31

discussão das alternativas de solução dos problemas, fortalecendo a interação entre a


equipe técnica, usuários de água, órgãos de governo e sociedade civil, de forma a
incorporar contribuições ao Plano. Cabe salientar que durante a elaboração do Plano,
serão disponibilizados pelo Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos,
sínteses dos diversos estudos ou documentos produzidos26.
Tal Resolução estabelece que os Planos de Recursos Hídricos devem estabelecer
metas e indicar soluções de curto, médio e longo prazo, com horizonte de planejamento
compatível com seus programas e projetos, devendo ser de caráter dinâmico, de modo a
permitir a sua atualização, articulando-se com os planejamentos setoriais e regionais,
e definindo indicadores que permitam sua avaliação contínua27, e que, no seu conteúdo
mínimo, deverão ser constituídos por diagnósticos e prognósticos, alternativas de
compatibilização, metas, estratégias, programas e projetos, contemplando os recursos
hídricos superficiais e subterrâneos28.
Na elaboração do diagnóstico e prognóstico, deverão ser observados os seguintes
itens:

● avaliação quantitativa e qualitativa da disponibilidade hídrica da bacia


hidrográfica, de forma a subsidiar o gerenciamento dos recursos hídricos, em especial o
enquadramento dos corpos de água, as prioridades para outorga de direito de uso e a
definição de diretrizes e critérios para a cobrança;
• avaliação do quadro atual e potencial de demanda hídrica da bacia, em função da
análise das necessidades relativas aos diferentes usos setoriais e das perspectivas de
evolução dessas demandas, estimadas com base na análise das políticas, planos ou
intenções setoriais de uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos; e
• avaliação ambiental e sócio-econômica da bacia, identificando e integrando os
elementos básicos que permitirão a compreensão da estrutura de organização da
sociedade e a identificação dos atores e segmentos setoriais estratégicos, os quais
deverão ser envolvidos no processo de mobilização social para a elaboração do Plano e
na gestão dos recursos hídricos.

26
Resolução CNRH nº 17/2001 – Art. 6º, caput e § 1º.
27
Resolução CNRH nº 17/2001 – Art. 7º.
28
Resolução CNRH nº 17/2001 – Art. 8º.
32

Na elaboração das alternativas de compatibilização, serão considerados os


seguintes aspectos:

● prioridades de uso dos recursos hídricos;


● disponibilidades e demandas hídricas da bacia, associando alternativas de
intervenção e de mitigação dos problemas, de forma a serem estabelecidos os possíveis
cenários; e
● alternativas técnicas e institucionais para articulação dos interesses internos com
os externos à bacia, visando minimizar possíveis conflitos de interesse.

No estabelecimento das metas, estratégias, programas e projetos, deverá ser


incorporado o elenco de ações necessárias à sua implementação, visando minimizar os
problemas relacionados aos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, otimizando o
seu uso múltiplo e integrado, compreendendo os seguintes tópicos:

● identificação de prioridades das ações, possíveis órgãos ou entidades executoras


ou intervenientes, avaliação de custos, fontes de recursos e estabelecimento de prazos
de execução;
• proposta para adequação e/ou estruturação do Sistema de Gerenciamento de
Recursos Hídricos da bacia; e
● programa para a implementação dos instrumentos de gestão previstos na Lei n°
9.433, de 1997, contemplando os seguintes aspectos:

✓ os limites e critérios de outorga para os usos dos recursos hídricos;


✓ as diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso da água;
✓ a proposta de enquadramento dos corpos d'água;
✓ a sistemática de implementação do Sistema de Informações da bacia; e
✓ ações de educação ambiental consoantes com a Política Nacional de
Educação Ambiental, estabelecida pela Lei nº 9.795, de 27 de abril de
1999.
33

3.3 - Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGRH/PR)


A Lei estadual 12.726 no Art. 33 define que compõem o Sistema Estadual de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGRH/PR):

• Órgão deliberativo e normativo central do Sistema: o Conselho Estadual


de Recursos Hídricos (CERH/PR);
• Órgão executivo gestor e coordenador central do Sistema: a Secretaria de
Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos;
• Órgãos regionais e setoriais deliberativos e normativos de bacia
hidrográfica do Estado: os Comitês de Bacia Hidrográfica;
• Unidades executivas descentralizadas: as Agências de Água e os
consórcios e associações a elas equiparadas, nos termos desta lei.

O Conselho Estadual de Recursos Hídricos foi regulamentado pelo Decreto N.º
2.314 de 18 de julho de 2000. O CERH/PR é órgão colegiado com funções de caráter
deliberativo e normativo central integrante do
Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SEGRH/PR, com
jurisdição sobre recursos hídricos de domínio do Estado ou de domínio da União cuja
gestão a ele tenha sido delegada, nos termos do Parágrafo único do Art. 5º da Lei
Estadual n.º 12.726, de 26 de novembro de 1999.
Entre as muitas atribuições do CERH destaca-se o exame e aprovação da proposta
do Plano Estadual de Recursos Hídricos, ad-referendum do Poder Legislativo Estadual,
nos termos do § 4º do Art. 7º da Lei Estadual n.º 12.726/99, o acompanhamento da
execução do Plano Estadual de Recursos Hídricos, estabelecer a periodicidade ou
conveniência de sua atualização, em particular do capítulo referente ao diagnóstico de
situação dos recursos hídricos no Estado do Paraná, e determinar as providências
necessárias ao cumprimento de suas metas.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, designada
inicialmente no texto da Lei 12.726 como órgão executivo gestor e coordenador central
do Sistema Estadual de Recursos Hídricos, teve delegadas à Superintendência de
Recursos Hídricos e Saneamento – SUDERHSA as competências relacionadas com a
formulação e a execução da Política Estadual de Recursos Hídricos, dispostas pelo Art.
39 na Lei 12.726/99. A SUDERHSA, órgão gestor de recursos hídricos, assume as
34

atribuições de Agencia de Bacia Hidrográfica através do Decreto Estadual nº1.651 de


04 de agosto de 2003 publicado no Diário Oficial nº 6.533 (ROORDA, 2005).
Os Comitês das Bacias estaduais são previstos na Lei 12.726/99, e foram
regulamentados pelo Decreto Estadual 2.315/2000.
Complementarmente, o estado do Paraná possui alguns dispositivos legais que são
importantes como auxilio ao processo de gestão de recursos hídricos, como a Resolução
Nº 001/07 da SEMA, que dispõe sobre o licenciamento ambiental e estabelece
condições e padrões ambientais para empreendimentos de saneamento; e a Resolução
Nº 002/2007 da SEMA, que dispõe sobre as metas progressivas para empreendimentos
de saneamento. Além destes instrumentos legais a Superintendência de
Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental editou a Portaria Nº
019/2007, que estabelece as normas e procedimentos administrativos para a análise
técnica de requerimentos de Outorga Prévia (OP) e de Outorga de Direito de Uso de
Recursos Hídricos (OD) para empreendimentos de saneamento básico.

3.4 - Plano Diretor Municipal de Nova Esperança


A Legislação de Proteção aos Recursos Hídricos do Município, constante do
Plano Diretor Municipal, baseia-se pelas seguintes leis:
Lei Nacional nº. 9.433/97
Lei Estadual nº. 12.726/99

3.5 - PGAIM
O Programa de Gestão Ambiental Integrada em Microbacias Hidrográficas -
PGAIM busca atender às diretrizes da Política de Desenvolvimento do Estado e integrar
as ações e investimentos governamentais e, principalmente, aprimorar a gestão
ambiental e de recursos hídricos, de acordo a orientação com políticas e programas
nacionais e estaduais, como a Política Nacional e Estadual de Recursos Hídricos.
Esta nova política pública de governo deverá considerar necessariamente uma
visão holística, sistêmica e integrada de sustentabilidade, com a integração de outros
programas setoriais, tendo como pressuposto o planejamento e a implementação através
de ações integradas do Estado, formando parcerias com a sociedade civil.
A atividade de diagnóstico, na microbacia estudada foi grandemente facilitada e
melhor qualificada, com o emprego das ferramentas de geoprocessamento e
35

sensoriamento remoto. Com o auxílio destas ferramentas, as informações que deveriam


ser levadas em conta nas diferentes etapas de intervenção em uma microbacia, no que
diz respeito à hidrografia, relevo (declividade, forma da encosta e comprimento da
encosta), litologia, pedologia e uso atual do solo puderam ser mais bem analisados. Tais
ferramentas permitiram ainda a superposição e a intercessão de duas ou mais
informações, o que proporcionou a geração de novas informações como a identificação
de áreas que apresentem conflito no seu uso. A utilização dos recursos que melhoram a
visibilidade das informações, bem como a possibilidade de a partir do cruzamento
destas informações, promover o surgimento de particularidades não visíveis nas
informações cruzadas, ampliam as oportunidades de acerto na proposição de ações de
manejo e conservação da água e solo da microbacia.
O diagnóstico incluiu as atividades de levantamento de campo e integração de
dados para análise de quatro grandes aspectos: meio físico, passivos ambientais, infra-
estrutura e características sócio-ambientais.
O diagnóstico revela o cenário atual e sua tendência, com a identificação dos
problemas e/ou dificuldades, áreas e pontos críticos para o desenvolvimento das ações.

3.6 - Comitê
A microbacia ribeirão Paracatu possui um Comitê de Microbacia já instalado. O
Comitê Gestor da microbacia do ribeirão Paracatu foi formado por iniciativa do
Ministério Público, por se tratar de assunto pertinente ao Inquérito civil público nº
03/2004. Aos 27 dias do mês de setembro de 2005, no Tribunal do Júri do Fórum do
município e Comarca de Nova Esperança (PR), foi realizada a 1ª. Reunião do Comitê,
na qual foi criada um Grupo Técnico Gestor do Manancial Paracatu.
As principais funções de um Comitê são: racionalizar o uso, a quantidade de água
disponível para cada categoria de consumidor, financiar projetos de saneamento, de
educação ambiental, e apoiar e prestar assistência aos municípios integrantes de uma
mesma bacia no que tange à gestão dos recursos hídricos. Além disso, constitui o fórum
de negociação para solucionar os conflitos entre usuários de uma mesma bacia.
Evidencia-se, desse modo, a ampliação do quadro da gestão que inclui interações entre
um leque variado de agentes.
36

4 - METODOLOGIA

A elaboração do diagnóstico da microbacia hidrográfica do ribeirão Paracatu


buscou a integração de várias formas de dados (primários e secundários), através da
utilização de tecnologia de precisão como instrumento de apoio.
Neste contexto, os dados foram levantados a partir de:
a) Documentos existentes na Prefeitura Municipal de Nova Esperança (plano
diretor municipal), e nos diversos órgãos ligados ao setor agropecuário do
município (planos municipais, relatórios, dados do EMATER, IBGE,
SANEPAR);
b) Imagem de satélite do SPOT (no formato digital);
c) Mapa de levantamento e reconhecimento dos solos do Estado do Paraná
(obtido em formato digital do ministério da agricultura);
d) Mapa de hidrografia (obtenção no formato digital junto a SUDERSHA);
e) Mapa político (obtido em formato digital da SEMA);
f) Georeferenciamento das áreas com atividades de risco ambiental, uso do solo,
Áreas de Preservação Permanente, Reservas Florestais Legais, estradas
federais, estaduais e municipais, com o uso de GPS de navegação;
Inicialmente delimitou-se a microbacia através de seus interflúvios, com o auxílio
de Imagem de Satélite SPOT de julho de 2005, com resolução de 30 m.
Após a delimitação buscou-se o levantamento de material para a produção da
revisão de literatura e sobre a gestão dos recursos hídricos nos municípios que
compõem a sub-bacia do ribeirão Paracatu, mediante as leis federais e estaduais
(Paraná) relacionadas aos Recursos Hídricos, a Política nacional de Meio Ambiente,
constituição Federal, assim como, os aspectos institucionais do comitê gestor que possui
influência na sub-bacia. Os dados foram adquiridos em instituições de ensino e pesquisa
(Universidade Estadual de Maringá e FANP), nos órgãos públicos em nível federal,
estadual e municipal (EMATER, Prefeitura Municipal de Nova Esperança, SANEPAR)
e internet.
Para compreender a organização do espaço da microbacia do ribeirão Paracatu,
realizou-se um levantamento geoambiental (geossistema) e sócio-econômico (sistema
humano), levantado por meio de entrevistas (questionários), geoprocessamento e
trabalhos de campo.
37

O levantamento geoambiental caracterizou os recursos naturais (clima, geologia,


geomorfologia, solos, vegetação, hidrografia) existentes na área de estudo. Tomando
por base trabalhos como SILVÉRIO (2009).
O Levantamento sócio-econômico definiu os aspectos da população e as
atividades econômicas desenvolvidas na área, utilizando-se de referencias
bibliográficas, dados quantitativos levantados através de questionários (Apêndice) e um
mapa de uso e ocupação do solo. Este mapa foi confeccionado, com as mesmas bases
cartográficas da confecção do mapa de localização, para a classificação da Imagem de
Satélite, utilizou-se o programa ArcView, versão 3.2. Com este mapa pode-se realizar
uma quantificação areal das atividades presentes na sub-bacia, divididas em áreas de:
antropismo, cobertura vegetal, solos expostos e corpos d´água. Os tipos de uso e
ocupação foram específicos, devido à boa resolução da Imagem, complementações
foram realizadas com levantamentos em campo.
Os dados sobre as potencialidades e disponibilidades dos recursos hídricos na sub-
bacia foram disponibilizados pela SANEPAR, através de seu Plano Estadual de
Recursos Hídricos.
Após a análise do material, outras informações e complementações foram
adquiridas em campo, realizando-se as complementações do diagnóstico geoambiental,
sócio-econômico e de uso e ocupação do solo, com auxílio do Sistema de
Posicionamento Global – GPS, de levantamento fotográfico e entrevistas com
proprietários e empregados das propriedades rurais.
Os questionários foram aplicados com a participação dos alunos de bacharelado
em Geografia, da UEM, no período de Estágio dos alunos. Com o material dos
questionários foi produzido o relatório: PARACATU. Aplicou-se um total de XX
questionário distribuído em todas as propriedades rurais localizadas na sub-bacia do
ribeirão Paracatu.
O Inventário Hídrico identificou as atividades e os usuários que se utilizam dos
recursos hídricos da sub-bacia, bem como, os usos múltiplos e a existência de outorgas,
possibilitando conhecer os pequenos e grandes usuários na área. Os levantamentos
foram realizados SUDERSHA e, na Prefeitura Municipal de Nova Esperança,
responsáveis pela gestão dos recursos hídricos, em nível estadual e municipal – e por
meio de pesquisa de campo.
Para compreender a espacialidade dos usos dos recursos hídricos, as outorgas e os
conflitos gerados por esses usos, criou-se um mapa de uso dos recursos hídricos da
38

bacia e outro dos tipos de captação dos recursos hídricos, utilizando técnicas do
programa ArcView. As informações contidas nesses mapas foram adquiridas no
PGAIM e em campo com auxílio do GPS.
Produziu-se uma tabela contendo os dados das outorgas expedidas pela
SUDERSHA na área estudada e um quadro síntese apontando os principais conflitos
dos usos dos recursos hídricos encontrados na sub-bacia.
39

5 - MEIO FÍSICO
A caracterização do meio físico da microbacia hidrográfica, com intuito de
levantar todas as áreas críticas do ponto de vista da manutenção da água, é condição
básica para um planejamento bem sucedido da conservação e produção de água.
Segundo Pereira (1973), citado por Lima (1986), a conservação da água não pode ser
conseguida independentemente da conservação dos outros recursos naturais.

5.1 - Localização da Microbacia Hidrográfica


A bacia hidrográfica de acordo com a Lei 9.433/97 é definida como a unidade
territorial para a implementação da Política nacional de Recursos Hídricos.
A microbacia hidrográfica do ribeirão Paracatu (MBHRP) está localizado na
Bacia do Rio Pirapó.
A Figura 1 mostra a localização geográfica da microbacia hidrográfica do ribeirão
Paracatu.
380000 384000 388000
MICROBACIA DO RIBEIRÃO PARACATU

LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA

7440000
7440000

Y
#

Y
#

Y
#

7436000
7436000

Nova Esperança
Y
Y
#

Y
#
LEGENDA:
Y
#

Y
#
Y
#
Y
#
Nascentes
Y
#

Y
#
Y
#
Y Sede Municipal
Y
#
Reservatórios Existentes
Hidrografia

7432000
7432000

Sistema Viário
Y
# Mancha Urbana
N
Limite de Abrangência da Microbacia

W E Bacia do Pirapó
Bacia do Baixo Ivaí
S Bacia do Paranapanema IV

1000 0 1000 20 00 3000 M eters


FONTE: EM A TER, 2010
BAS E CA RTO GR ÁFICA : SEM A , 2007
ELA BO RA ÇÃ O: EM ATER , 2010
380000 384000 388000

FIGURA 1 – Mapa de localização geográfica da MBHRP


A microbacia hidrográfica do ribeirão Paracatu é uma microbacia intermunicipal.
Sua área geográfica compreende áreas dos municípios de Nova Esperança, Atalaia e
Presidente Castelo Branco, pertencentes à microrregião de Astorga, parte integrante da
mesorregião Norte Central Paranaense.
A Figura 2 apresenta a delimitação da MBHRP e os municípios que dela fazem
parte.
360000 375000 390000

MICROBACIA DO RIBEIRÃO PARACATU

7455000
7455000
MUNICÍPIOS ENVOLVIDOS

7440000
7440000

Atalaia
Y
#
Y

Y
#

Y
#

Nova Esperança
Y Y
#
Y
#
Y
#
Y
#
##
YY
Y
# Y
#
Y
#

Y
#

LEGENDA:

Y
#
Nascentes
Presidente Castelo Branco

7425000
7425000

Y
Y Sedes Municipais

Hidrografia
Municípios Envolvidos
N
Limite de Abrangência da Microbacia
W E Região Norte Central Paranaense

S
3 0 3 6 9 Kilometers FONTE: EM A TER, 2010
BAS E CA RTO GR ÁFICA : SEM A , 2007
ELA BO RA ÇÃ O: EM ATER , 2010
360000 375000 390000

FIGURA 2 – Delimitação da MBHRP e municípios envolvidos


A Tabela 1 apresenta os três municípios que fazem parte da MBHRP, nela é
possível verificar a porcentagem da área de cada município pertencente à mesma.

TABELA 1 – Municípios na microbacia do ribeirão Paracatu


Nº Município Área total do município % da área na
(ha) microbacia
1 Atalaia 13765,20 7.6310
2 Nova Esperança 40219,06 9.7219
3 Presidente Castelo Branco 15534,66 0.3466
Fonte: EMATER, 2010

Ao se analisar a área dos municípios pertencentes à MBHP, nota-se que um destes


três municípios, ou seja, Presidente Castelo Branco apresenta uma área inferior a 0,5%
da área da microbacia e que a área desse município aparece na delimitação da
microbacia conforme a escala da base cartográfica. Mesmo sem apresentar aglomerado
populacional nem rede hidrográfica representativa, optou-se por inserir este município
no diagnóstico, o qual dará enfoque aos três municípios com área na microbacia.
A microbacia dista 468 km da capital. É transpassada por três rodovias asfaltadas.
As rodovias que transpassam a microbacia são: BR 376 (para Paranavaí, a noroeste,
para Maringá a sudeste), PR 463 (para Presidente Prudente/SP, a nordeste), PR 218
(para Atalaia, a nordeste). Existem ainda estradas não pavimentadas, e carreadores na
sua área geográfica.

5.2 – Caracterização fisiográfica


A caracterização fisiográfica de uma bacia hidrográfica consiste na descrição
sucinta dos fatores topográficos, geológicos, geomorfológicos e de ocupação do solo
intervenientes na geração de escoamentos e na determinação de coeficientes definidores
da forma, drenagem, declividade da bacia, entre outros. A fim de entender as inter-
relações existentes entre esses fatores de forma e os processos hidrológicos de uma
bacia hidrográfica, torna-se necessário expressar as características da bacia em termos
quantitativos.
Para entender o funcionamento de uma bacia hidrográfica, torna-se necessário
expressar quantitativamente importantes parâmetros fisiográficos (área, fator de forma,
coeficiente de compacidade, altitude média, densidade de drenagem, número de canais,
44

direção e comprimento do escoamento superficial, comprimento da bacia, comprimento


dos canais, padrão de drenagem, orientação, sinuosidade do curso d’água, dentre
outros). Cabe ressaltar, pois, que nenhum destes parâmetros fisiográficos deve ser
entendido como capaz de simplificar a complexidade dinâmica da bacia hidrográfica, a
qual, inclusive, tem magnitude temporal.

5.2.1 - Área de drenagem (A)


A área de drenagem de uma microbacia é a área plana, em projeção horizontal. O
limite superior é o divisor de água (divisor topográfico) e a delimitação inferior é a
saída da microbacia (confluência). A área de uma microbacia é o elemento básico para
cálculo das outras características fisiográficas (CHRISTOFOLETTI, 1980).
A área de uma bacia normalmente é representada pela letra “A”, que expressa em
km2 (quilometro quadrado) ou ha (hectarres). Este parâmetro é considerado
fundamental para definir a potencialidade hídrica da bacia hidrográfica, por que seu
valor multiplicado pela lâmina da chuva precipitada define o volume de água recebida
pela bacia (TUCCI, 2000).
Na determinação da área de drenagem (A), utilizou-se como ferramenta o SIG
(Sistema de Informação Geográfica). Através do software ArcView 3.2, a partir do qual
delineou-se, em imagem georreferenciada (SPOT, 2005), o divisor topográfico da
microbacia, obtendo-se, assim, a área juntamente com o perímetro da microbacia
(Figura 3).
380000 384000 388000
MICROBACIA DO RIBEIRÃO PARACATU

ÁREA DE DRENAGEM

7440000
7440000

LEGENDA:

7436000
7436000

Area de drenagem

Hidrografia

Image Imagem georreferenciada (SPOT, 2005)

7432000
N
7432000

W E

S
1 0 1 2 3 4 Kilometers

FONTE: EM A TER, 2010


BAS E CA RTO GR ÁFICA : SEM A , 2007
ELA BO RA ÇÃ O: EM ATER , 2010
380000 384000 388000

FIGURA 03 – Área de drenagem da microbacia do ribeirão Paracatu


O valor da área de drenagem (A), e o perímetro (P) foram obtidos diretamente do
aplicatico (ArcView 3.2) e verificado os seguintes valores:

A = 51,50 Km2
P = 34,28 Km

5.2.2 - Forma da microbacia


A forma superficial de uma bacia hidrográfica reveste-se de importância devido a
sua interrelação com a variável tempo de concentração. Esta variável é definida como o
tempo, a partir da precipitação, necessário para que toda a bacia contribua na seção em
estudo ou, em outras palavras, tempo que leva a água dos limites da bacia para chegar à
saída da mesma.
Em geral, as bacias hidrográficas dos grandes rios apresentam a forma de uma
pêra ou de um leque. As pequenas bacias, por sua vez, variam muito no formato,
dependendo da estrutura geológica do terreno.
Cabe destacar que existem vários índices utilizados para determinar a forma das
bacias. Dentre eles, o coeficiente de compacidade que se relaciona com um círculo e o
fator de forma com um retângulo. “Esses índices são importantes no estudo comparativo
das bacias e permitem, em alguns casos, tirar algumas conclusões sobre as vazões”
(GARCEZ & ALVAREZ, 1998).

5.2.2.1 - Coeficiente de Compacidade ou Índice de Compacidade (Kc)


A relação do perímetro de uma bacia hidrográfica e a circunferência do círculo de
área igual a da respectiva bacia constitui o Índice de Compacidade. Desde que outros
fatores não interfiram, valores menores do índice de compacidade indicam maior
potencialidade de produção de picos de enchentes elevados (GARCEZ & ALVAREZ,
1998).
Este coeficiente é um número adimensional que varia com a forma da bacia,
independentemente de seu tamanho. Quanto mais irregular for à bacia, tanto maior será
o Coeficiente de Compacidade.

P
Kc = 0,28 x
Raiz (A)

Onde: P = perímetro em km e A = área da bacia em km2


47

Para a microbacia do ribeirão Paracatu:

P = 34,28 km

A = 51,50 Km2

34,28
Kc = 0,28 x
7,18
Kc = 0,28 x 4,78

Kc = 1,34

Um coeficiente mínimo igual a UM corresponderia à bacia circular; portanto,


inexistindo outros fatores, quanto maior o Kc menos propensa à enchente é a
microbacia.

5.2.2.2 - Fator de Forma ou Índice de conformação (Kf)


É o índice que reflete a relação entre a área de uma bacia hidrográfica (A) e o
quadrado de seu comprimento axial (L2), medido ao longo do curso de água, da
desembocadura ou seção de referência à cabeceira mais distante, no divisor de águas.
No Índice de Conformação, quanto maior o seu valor, maior a potencialidade de
ocorrência de picos de enchentes elevados (GARCEZ & ALVAREZ, 1998). Uma bacia
com um fator de forma baixo é menos sujeita à enchentes que outra de mesmo tamanho,
porém, com maior fator de forma. Isso se deve ao fato de que numa bacia estreita e
longa, com fator de forma baixo, há menos possibilidade de ocorrência de chuvas
intensas cobrindo simultaneamente toda sua extensão; e também, a contribuição dos
tributários atinge o curso d’água principal em vários pontos ao longo do mesmo,
afastando-se, portanto, da condição ideal da bacia circular, na qual a concentração de
todo o deflúvio da bacia se dá num só ponto.

A
Kf =
L2

Onde: A = área da bacia (Km2) e L = é o comprimento da bacia (Km)


48

Para a microbacia do ribeirão Paracatu:

A = 51,50 Km2

L = 12,38 Km
51,50
Kf =
153,26
Kf = 0,34

Este índice indica a menor tendência para enchentes da microbacia. Isto se deve
ao fato de que, a microbacia é estreita e longa (Kf baixo), havendo menor possibilidade
de ocorrência de chuvas intensas cobrindo simultaneamente toda a sua extensão.

5.2.3 - Sistema de Drenagem


O sistema de drenagem de uma bacia é constituído pelo rio principal e seus
tributários. O estudo das ramificações e do desenvolvimento do sistema é importante,
pois indica a maior ou menor velocidade com que a água deixa a bacia hidrográfica.

5.2.3.1 - Ordem dos cursos d’ água


A classificação dos rios quanto à ordem reflete no grau de ramificação ou
bifurcação dentro de uma bacia. Os cursos d’água maiores possuem seus tributários, que
por sua vez possuem outros até que se chegue aos minúsculos cursos d’água da
extremidade.
As correntes formadoras, isto é, os canais que não possuem tributários são
considerados de primeira ordem. Quando dois canais de primeira ordem se unem é
formado um segmento de segunda ordem. A união de dois rios de mesma ordem resulta
em um rio de ordem imediatamente superior; quando dois rios de ordem diferentes se
unem forma um rio com a ordem maior dos dois (Figura 4)
380000 384000 388000
MICROBACIA DO RIBEIRÃO PARACATU

ORDEM DOS CURSOS D'ÁGUA

7440000
7440000

1
#
Y

1 1
3 LEGENDA:
#
Y

#
Y
Area de drenagem

7436000
7436000

1 Y
# Nascentes

Ordem dos cursos d'água


#
Y
1 1
1 #
Y
1
#
Y
#
Y
Y# 1
#
1
Y 1 2
#
Y 1 2 #
Y
2
#
3 3
Y
1

7432000
N
7432000

#
Y
W E

S
1 0 1 2 3 4 Kilometers

FONTE: EM A TER, 2010


BAS E CA RTO GR ÁFICA : SEM A , 2007
ELA BO RA ÇÃ O: EM ATER , 2010
380000 384000 388000

FIGURA 4 – Ordem dos cursos d’água da microbacia do ribeirão Paracatu


A microbacia apresentou-se como sendo de ordem 3, ou seja, o ribeirão Paracatu é
de poucas ramificações.

5.2.3.2 - Densidade de drenagem (Dd)


É um índice importante, pois reflete a influência da geologia, topografia, do solo e
da vegetação da bacia hidrográfica, e está relacionado com o tempo gasto para a saída
do escoamento superficial da bacia.
A densidade de drenagem correlaciona o comprimento total dos canais de
escoamento com a área da bacia hidrográfica. O cálculo da densidade de drenagem é
importante na análise das bacias hidrográficas porque apresenta relação inversa com o
comprimento dos rios. À medida que aumenta o valor numérico da densidade há
diminuição quase proporcional do tamanho dos componentes fluviais das bacias de
drenagem (CHRISTOFOLETTI, 1980).
De acordo com GARCEZ & ALVAREZ (1998), se existir um número bastante
grande de cursos de água numa bacia, relativamente a sua área, o deflúvio atinge
rapidamente os rios, e, assim sendo, haverá provavelmente picos de enchentes altos e
deflúvios de estiagem baixos.
A densidade de drenagem depende do clima e das características físicas da bacia
hidrográfica. O clima atua tanto diretamente, através do regime e da vazão dos cursos
d’água, como indiretamente, com influência sobre a vegetação.
Embora existam poucas informações sobre a densidade de drenagem de bacias
hidrográficas, pode-se afirmar que este índice varia de 0,5 km/km2, para bacias com
drenagem pobre, a 3,5km/km2 ou mais, para bacias excepcionalmente bem drenadas.

L
Dd =
A

Onde: A = área da bacia (Km2) e L = comprimento total dos cursos d'água na


microbacia (Km)

Para a microbacia do ribeirão Paracatu:

A = 51,50 Km2

L = 28,08 Km
51

28,08
Dd =
51,50
Dd = 0,55 Km/Km2

Pelos cálculos apresentados acima, pode-se concluir que a MHRP é classificada


como sendo uma microbacia de baixa capacidade de drenagem. Valores baixos de
densidade de drenagem estão geralmente associados a regiões de rochas permeáveis e
de regime pluviométrico carcterizado por chuvas de baixa intensidade.

5.2.3.3 - Densidade de cursos d’água (Dr)


É a relação existente entre o número de cursos de água ou de rios e a área da bacia
hidrográfica. Seu cálculo reveste-se de importância porque representa o comportamento
hidrográfico de determinada área, em um de seus aspectos fundamentais: a capacidade
de gerar novos cursos de água (CHRISTOFOLETTI, 1980).
De acordo com RESCK (1992), a densidade de cursos d’água pode ser
classificada em baixa, média e alta.

N
Dr =
A

Onde: Dr = é a densidade de rios; N = é o número total de rios ou cursos de água e


A= é a área da bacia
Para a microbacia do ribeirão Paracatu:

A = 51,50 Km2

N = 13,00
13,00
Dr =
51,50
Dr = 0,2524 Cursos d’água/Km2

A densidade dos cursos d’água da microbacia do ribeirão Paracatu é baixa 0,2524


cursos/Km2, ou seja, menos de um curso d’água por Km2.
52

5.2.3.4 - Extensão média do escoamento superficial (l)


Representa a distância média percorrida pelas enxurradas entre o interflúvio e o
canal permanente, correspondendo a uma das variáveis independentes mais importantes,
que afeta tanto o desenvolvimento hidrológico como o fisiográfico das bacias de
drenagem (CHRISTOFOLETTI, 1980).

A
l =
4L

Onde: L = é o comprimento do rio principal e A= é a área da bacia


Para a microbacia do ribeirão Paracatu:

A = 51,50 Km2

L = 13,73 Km
51,50
l =
54,91
l = 0,9378 Km

Como l = 0,94 Km, ou seja, um valor considerável como baixo, a água precipitada
percorre um distância pequena até atingir os cursos d’água, fator este, benéfico por
haver puçá perda de água por evaporação.

5.2.3.5 - Sinuosidade do curso d’água (Sin)


A sinuosidade de um determinado curso d’água pode ser mensurada mediante a
relação entre o comprimento do rio principal e o comprimento do talvegue, sendo fator
controlador da velocidade do escoamento.

L
Sin =
Lt

Onde: L = é o comprimento do rio principal e Lt= e o comprimento do talvegue.

Para a microbacia do ribeirão Paracatu:

Lt = 11,69 Km
53

L = 13,73 Km
13,73
Sin =
11,69
Sin = 1,17

Como Sin = 1,17, ou seja, próxima da unidade (UM), o ribeirão é pouco sinuoso,
e a água precipitada percorre o ribeirão relativamente rápido, fator negativo para
escoamento da microbacia.

5.3 - Clima
A sub-bacia do ribeirão Paracatu (SBHP) situa-se no norte do paralelo de 23º e
45’ de latitude sul e está sob a influência do tipo climático Cfa (mesotérmico úmido sem
estação seca e temperatura média do mês mais quente superior a 22ºC).
Na área ocorrem geadas no período de inverno, principalmente nos vales e
depressões, podendo ocorrer ainda geadas tardias.
Os ventos dominantes provêem dos quadrantes nordeste e leste.
A análise descritiva da precipitação pluviométrica na área de abrangência da
SBHP dos últimos sete anos é apresentada na Tabela 2.

TABELA 2 – Análise descritiva das precipitações pluviométricas, distribuídas nos


últimos sete anos.
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Soma (anual) 1723 2067 1825 1152 846 1162 1765
Média (mensal) 143,58 172,25 152,08 96,00 70,50 96,83 147,08
Mediana (mensal) 105,50 127,50 98,00 98,00 68,00 99,50 145,00
Mínimo (mensal) 20,00 0,00 10,00 13,00 0,00 21,00 19,00
Máximo (mensal) 477,00 464,00 704,00 230,00 169,00 179,00 287,00
DESVPADP 121,21 130,45 185,27 67,50 61,73 49,21 88,66
CV% 84,41 75,73 121,82 70,31 87,56 50,81 60,28
FONTE: BRATAC
ELABORAÇÃO: EMATER, 2010

Um coeficiente de variação superior a 50% sugere alta dispersão o que indica


heterogeneidade dos dados. Quanto maior for este valor, menos representativa será a
média. Por outro lado, quanto mais próximo de zero, mais homogêneo é o conjunto de
54

dados e mais representativa será sua média. A presença de dados altos ou baixos
provoca assimetria na distribuição das freqüências. Desta maneira, as médias se
deslocam na direção dos valores altos impedindo-as de serem medidas preferíveis de
tendência central.

5.4 - Geologia
A sub-bacia do ribeirão Paracatu localiza-se no Terceiro Planalto Paranaense –
Bloco do Planalto de Apucarana (MAACK, 1968) e compreende apenas uma unidade
litológica: o arenito da Formação Caiuá.
A Formação Caiuá está presente na totalidade da microbacia e a exposição do
arenito ocorre desde a nascente até sua foz no ribeirão Caxangá. As características
litológicas da Formação Caiuá na área de estudo são descirtas pelo IPT (1981) da
seguinte forma:
• Litologicamente a Formação Caiuá é constituída essencialmente por
arenitos médios a finos, com coloração arroxeada típica fornecida por
película ferruginosa que envolve os grãos.
• Uma das características mais distintivas destes arenitos além de sua
coloração típica corresponde à marcante estratificação cruzada e de grande
porte, apresentando-se sob a forma tabular, por vezes acanalada.

[...] Quanto à granulometria, predominam arenitos médios,


e subordinadamente arenitos finos e grossos; arenitos muito finos
são de ocorrência muito rara. [...] De maneira geral os arenitos da
Formação Caiuá são moderadamente bem selecionados, sendo
que cada um dos estratos e laminas dominam grãos do mesmo
tamanho. [...] Quanto à mineralogia observa-se a predominância
de grãos de quartzo atingindo cerca de 70 a 90% do total.
Secundariamente ocorre feldspato de 10 a 20%, calcedônia de 5 a
10% e opacos de 10 a 15%, aproximadamente (IPT, 1981,
Relatório 15377, p. 40 a 44).

A Formação Caiuá situa-se estratigraficamente acima da Formação Serra Geral, e


abaixo dos arenitos da Formação Santo Anastácio e é caracterizada como iconofósseis.
Sendo assim a idade dos seus depósitos pode ser estimada a partir da relação com
depósitos de outras formações, como a sobrejacente Formação Adamantina que tem
seus fósseis datados do Cretáceo Superior, e da Formação Santo Anastácio que foi base
55

para Formação Adamantina. Desta forma estima-se que a Formação Caiuá tenha idade
correspondente ao Cretáceo Médio. Quanto à origem têm-se evidências de ambientes
tanto de deposição eólica como fluvial embora estudos mais aprofundados sejam
necessários.

5.5 – Relevo
O relevo onde esta localizada a bacia hidrográfica do Ribeirão Paracatu, no
município de Nova Esperança, faz parte da bacia hidrográfica do rio Pirapó, sendo que
seus divisores de água ao sudoeste estão juntos ao interflúvio da bacia hidrográfica do
rio Ivaí. É sustentado pelos arenitos ali formados e representado predominantemente por
colinas amplas, com topos extensos e retilíneos, separadas entre si por vales mais ou
menos profundos, pouco sinuosos porém bem encaixados, com declividade variando de
suavemente ondulado a ondulado, em geral, a maior parte da área apresenta uma
paisagem composta por relevo de morfologia uniforme.
No topo das vertentes, onde se localizam as vias regionais e locais de tráfego e
locomoção, o relevo se apresenta desdobrado em grandes patamares, essa morfologia
cria pequena alternância entre segmentos de declividades fracas e segmentos de
declividades mais fortes ao longo das vertentes. Assim observa-se nos setores de alta a
média vertente, segmentos de declividades entre 3 e 8%, podendo acontecer nas áreas
de topo segmentos praticamente planos (declividades de 1 a 3%). Já nos setores de
média a baixa vertente, em função do entalhe dos tributários de primeira ordem do
ribeirão Paracatu, ocorre mais freqüentemente a alternância de segmentos de
declividades fracas, entre 3 e 8%, com segmentos de declividades mais fortes, entre 8 e
12% e, eventualmente, superiores a 12%.
As altitudes de modo geral, variam de 400 metros nas áreas próximas a junção
do ribeirão Paracatu com o ribeirão Caxangá, a aproximadamente 580 metros no
interflúvio onde se localiza o trevo de acesso a Nova Esperança, na área de influencia da
principal nascente do ribeirão Paracatu.
O relevo tem sua importância na formação e evolução dos solos, principalmente
por ser a declividade responsável pela maior ou menor penetração das águas das chuvas,
pois quanto mais acentuada for à declividade maior será a velocidade da água que
escorre, dificultando sua penetração e favorecendo a erosão.
56

5.5.1 - Declividade
A declividade relaciona-se com a velocidade em que se dá o escoamento
superficial, afetando, portanto, o tempo que leva a água da chuva para concentrar-se nos
leitos fluviais que constituem a rede de drenagem das bacias, sendo que os picos de
enchente, infiltração e susceptibilidade para erosão dos solos dependem da rapidez com
que ocorre o escoamento sobre os terrenos da bacia (VILLELA; MATTOS, 1975).

5.5.2 - Altitude
A variação de altitude associa-se com a precipitação, evaporação e transpiração,
conseqüentemente sobre o deflúvio médio. Grandes variações de altitude numa bacia
acarretam diferenças significativas na temperatura média, a qual, por sua vez, causa
variações na evapotranspiração. Mais significativas, porém, são as possíveis variações
de precipitação anual com a elevação.

5.5.3 - Amplitude altimétrica


É a variação entre a altitude máxima e a altitude mínima.
A microbacia apresenta relevo pouco movimentado, variando de praticamente
plano a ondulado, ocorrendo ainda em menor escala áreas de relevo forte ondulado.
A Figura 3 apresenta a variação de altitude.
380000 384000 388000

MICROBACIA DO RIBEIRÃO PARACATU

ALTIMETRIA

7440000
7440000

Y
#

Y
#

Y
#

7436000
7436000

Legenda:
Y
#

Y
#
Classes de Altimetria
Y
#

Y
#
400 a 440
Y
#
Y
# 440 a 460
Y
#
Y
#
460 a 480
Y
# 480 a 500
500 a 520
520 a 540

7432000
7432000

540 a 560
560 a 580
Y
#

N 580 a 600
Hidrografia
W E Limite de Abrangência da Microbacia
Y
#
Nascentes
S

900 0 900 180 0 270 0 Met ers FONTE: EM A TER, 2010


BAS E CA RTO GR ÁFICA : SEM A , 2007
ELA BO RA ÇÃ O: EM ATER , 2010
380000 384000 388000

FIGURA 3 – Altimetria da área da microbacia Paracatu


Deve-se destacar que há uma variação de altitude na microbacia, variando de 577
m na cabeceira a 400 m em sua foz. A região mais alta esta localizada na área Urbana,
enquanto a mais baixa localiza-se junto à foz com o ribeirão Caxangá.

5.6 - Pedologia
O ribeirão Paracatu percorre uma região fisiográfica do relevo paranaense o
terceiro planalto paranaense.
Do ponto de vista da cobertura pedológica, a bacia hidrográfica do ribeirão
Paracatu apresenta quatro tipos de solos (Figura 5) descritos a seguir com base no
Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999). Os limites das classes
mapeadas foram baseados na carta de solos do IAPAR/EMBRABA em escala 1:25.000
e confirmados através de levantamento dos solos em campo. Nos trabalhos de campo
procurou-se observar e corrigir possíveis distorções dos vários mapas de solos
publicados sobre esta bacia hidrográfica, procurando elaborar um mapa de solos cuja
distribuição espacial das classes seja mais adequada à realidade observada. No entanto
somente foi possível fazer a classificação dos solos até o 2º nível categórico de
classificação devido as limitantes ocorridos durante os trabalhos realizados para esse
fim, como por exemplo, a falta de testes laboratoriais para determinar a porcentagem de
saturação das bases e a granulométrica dos solos.
380000 384000 388000

MICROBACIA DO RIBEIRÃO PARACATU

PEDOLOGIA

7440000
7440000

Y
#

Y
#

Y
#

7436000
7436000

Y
#

Y
#

Y
#

Y
#

Y
#
Y
#
LEGENDA
Y
#
Y
#

Y
#
Nascentes
Y
#

Hidrografia

7432000
7432000

Grupos de Solos
ARGISSOLO VERMELHO
Y
#
N
GLEISSOLO HÁPLICO INDISCRIMINADO
LATOSSOLO VERMELHO
W E
NITOSSOLO VERMELHO
S

900 0 900 1800 2700 M eters


FONTE: EM B R AP A, 1999
BAS E CA RTO GR ÁFICA : SEM A , 2007
ELA BO RA ÇÃ O: NA KASH IM A et al., 2010

380000 384000 388000

FIGURA 5 – Grupos de solos da área da microbacia Paracatu


Com base neste mapa foram calculadas as áreas e as porcentagens dos grupos de
solos, conforme exibido na Tabela 3.

TABELA 3 – Grupos de solos, área em hectares e porcentagem da área na microbacia


do Ribeirão Paracatu.
GRUPOS DE SOLOS Área (ha) % da Área
NITOSSOLO VERMELHO 5,01 0,10
GLEISSOLO HÁPLICO INDISCRIMINADO 43,39 0,84
LATOSSOLO VERMELHO 3484,21 67,66
ARGISSOLO VERMELHO 1616,75 31,40
TOTAL 5149,36 100,00
FONTE: EMBRAPA, 1999
ELABORAÇÃO: EMATER, 2010

De acordo com a referida classificação, na microbacia predominam os grupos


Latossolo e Argissolo. Possuem origem arenítica e são oriundos do grupo Caiuá.

5.6.1 - LATOSSOLO VERMELHO


Presentes nos divisores de água da bacia hidrográfica, em áreas de superfícies
mais aplainadas, ocorrem da alta para média vertente, com declividades variando entre
3% a 8 %. São solos derivados do arenito Caiuá. Possuem características morfológicas
homogêneas ao longo do perfil, com pequena diferenciação entre os horizontes.
Apresentam espessura superior a 3 metros, refletindo num grande volume de solo a ser
explorado pelas raízes.
Apresenta baixa fertilidade natural, o que requer uso maior de fertilizantes e
corretivos. Necessitam também de adubação orgânica para elevar sua capacidade de
retenção de água e nutrientes. Na bacia hidrográfica do Paracatu, é basicamente
utilizado com o cultivo da cana de açúcar, com pequenas áreas recobertas com
pastagens, principalmente nas propriedades de porte maior localizadas na área. Podem
se apresentar como Distróficos na alta vertente e como Eutróficos nas porções mais
baixas da vertente, no entanto ainda não foi possível chegar a esse nível de
classificação,

5.6.2 - ARGISSOLO VERMELHO


Ocupam o terço inferior das vertentes, prolongando para as áreas de vales mais
encaixados já próximos ao ribeirão Paracatu e seus afluentes, podendo se apresentar
Distróficos nas áreas de proximidade com os vales do ribeirão ou Eutróficos próximos
61

às áreas de contato com o Latossolo, No entanto não foi possível chegar a esse nível
classificação por limitações logísticas ocorridas no projeto de pesquisa. Nos trabalhos
de campo foi possível observar que estes solos possuem espessura superior a 2 metros.
Percebeu-se visível contraste de cor e textura entre os horizontes A e B t (o A se
apresenta mais arenoso e o Bt mais argiloso). Estes detalhes são resultantes da migração
de argila do horizonte A para o Bt, criando uma diferença de textura entre esses
horizontes. A transição entre estes horizontes é clara ou gradual. A permeabilidade é
sensivelmente mais rápida no horizonte A do que no Bt. São formados
predominantemente pelos materiais resultantes da intemperização dos arenitos da
Formação Caiuá.
Apresenta média fertilidade natural, sendo bastante suscetível a erosão, em razão
da baixa capacidade de agregação das partículas do horizonte superficial, condicionado
pelos baixos teores de argila e matéria orgânica. Mesmo corrigidas as deficiências
químicas, através de corretivos e fertilizantes, exigem ainda práticas conservacionistas
intensivas de controle à erosão para o seu aproveitamento com agricultura, o que o torna
mais indicado para pastagens, no entanto boa parte destes solos está ocupada no
momento com a cana de açúcar, cujas práticas de manejo e conservação apresentam
problemas devido à construção de curvas de nível em espaçamento inadequado, e
remoção constante do solo nos processos de aração profunda para reforma do canavial,
quando o maquinário pesado expõe o horizonte textural pouco permeável, o que vem
desencadeando processos erosivos associados ao escoamento superficial, que tem
alterado os locais de origem das nascentes de toda a bacia hidrográfica.

5.6.3 - GLEISSOLOS HÁPLICO indiscriminado


O Gleissolo esta presente em praticamente toda a extensão da bacia hidrográfica,
desde a confluência das 2 primeiras nascentes (1 e 2) até a foz do Paracatu, na junção
deste ribeirão com o ribeirão Caxangá. Os gleissolos normalmente se caracterizam por
serem solos encharcados, com presença de material orgânica no horizonte A, seguido
em profundidade por um horizonte chamado Glei, que se apresentam nesta bacia em
cores acinzentadas, por causa do excesso de água. A textura é geralmente argilosa.
Apresentam boa fertilidade, mas precisam ser drenadas para o uso agrícola, no entanto
nesta bacia hidrográfica seu uso não é recomendado devido estar localizado dentro da
área considerada de preservação permanente (APPs).
62

5.6.4 - NITOSSOLO VERMELHO


Na bacia hidrográfica, ocorre em pequena área na porção inferior da vertente, já
próximo ao fundo do vale do ribeirão Paracatu, próximo a confluência com o ribeirão
Caxangá, tendo o basalto como rocha matriz, composto por uma estreita faixa de 20 a
30 metros de largura por 300 metros de comprimento ao longo do ribeirão, sua presença
nesta bacia ficou evidenciada por apresentar textura argilosa no horizonte A, e muito
argilosa no horizonte B, caracterizando um gradiente textural de baixa intensidade, e
pela presença de rochas eruptivas básicas no leito do ribeirão Paracatu próximo à
confluência com o Caxangá.
A ocupação atual deste solo se dá com lavouras temporárias, soja e milho
safrinha, e devido à alta fertilidade natural, este solo é capaz de manter-se produtivo por
muitos anos, no entanto, para sustentar alta produtividade por longo tempo, torna-se
necessário a adoção de práticas adequadas de controle à erosão, além de adubação e
manutenção, principalmente a base de fósforo, mineral do qual apresenta deficiência.

5.6.5 - Síntese da distribuição dos solos


Na microbacia hidrográfica observam-se, uma grande correlação entre a geologia,
o relevo e a distribuição dos principais tipos de solos que ocorrem na área, que pode ser
sintetizado da seguinte maneira:
Nas áreas onde ocorre o arenito Caiuá, nos topos e altas vertentes predominam
Latossolos, e nos setores de média e baixa vertente ocorrem os Argissolos geralmente
junto aos nichos de nascentes (cabeceiras de drenagem) e na caixa de drenagem do
ribeirão Paracatu ocorre o Gleissolo háplico indiscriminado, com exceção de pequena
área encontrada próxima da confluência do ribeirão Paracatu o ribeirão Caxangá onde
há a formação de solos originados do basalto. Nesta porção mais rebaixada do terreno,
onde ocorre o basalto como substrato, o Argissolo transiciona para o Nitossolo
Vermelho

5.7 - Hidrogeologia
Na microbacia do ribeirão Paracatu ocorre apenas uma Unidade Aqüífera, a
Unidade Caiuá. O aqüífero Caiuá consiste em um meio poroso constituído
litologicamente por rochas sedimentares cretáceas, pós-basálticas da Bacia Sedimentar
do Paraná. A Formação Caiuá abrange toda a área da microbacia, correspondendo a
63

51,50 km2. Essa unidade apresenta características litológicas relativamente homogêneas,


sem grandes quantidades de argilas oferecendo condições para que o aqüífero Caiuá
seja considerado livre, decorrente da homogeneidade e da permeabilidade,
representando de suma importância na disponibilidade hídrica da microbacia.
Admite-se para esta unidade um potencial hidrogeológico de 4,2 L/s/km2.
A Figura 5 apresenta a unidade aqüífera da MBHP
380000 384000 388000
MICROBACIA DO RIBEIRÃO PARACATU

HIDROGEOLOGIA

7440000
7440000

#
Y

#
Y

#
Y

7436000
7436000

#
Y
#
Y
#
Y
#
Y
Y
#
Y
# LEGENDA:
# #
Y
Y

#
Y Y
# Nascentes

Reservatórios Existentes

7432000
7432000

# N Hidrografia
Y

Limite de Abrangência da Microbacia


W E
Unidade Aquifera CAIUÁ
S

90 0 0 900 1800 2700 M eters


FONTE: S UDER HS A, 2007
BAS E CA RTO GR ÁFICA : SEM A , 2007
ELA BO RA ÇÃ O: EM ATER , 2010
380000 384000 388000

FIGURA 5 – Hidrogeologia da microbacia do ribeirão Paracatu


5.8 - Hidrografia
A microbacia localiza-se na parte sudeste do município de Nova Esperança. Ela
faz limite a oeste com a Bacia Hidrográfica do Rio Ivaí; ao sul e leste com a microbacia
hidrográfica do ribeirão Jacupiranga; ao norte com a microbacia hidrográfica do ribeirão
Caxangá.
Esta microbacia possui um comprimento médio de 12,38 km e uma largura média
de 4,21 km.
A microbacia é composta por um ribeirão principal (ribeirão Paracatu) e doze
tributários. Seu nome significa “rio bom” em tupi antigo. A nascente do ribeirão
Paracatu localiza-se na parte sudoeste da microbacia, no município de Nova esperança.
Seu curso principal desenvolve-se na direção nordeste, desde a nascente, até a sua foz,
confluência com o ribeirão Caxangá, pela margem direita.
No ribeirão Paracatu está situado o reservatório de captação de água da
Companhia do Saneamento do Estado do Paraná (SANEPAR), concessionária do
serviço público de abastecimento de água de Nova Esperança (Figura 6).
FIGURA 6 – Reservatório de captação de água da SANEPAR.
O ribeirão Paracatu possui uma vazão de 200 litros/segundo e uma potencialidade
máxima 17.280 m³/dia. O volume atual de captação é de 3.200 m³/dia sendo que o
volume máximo de captação possível pelo sistema implantado é de 4.800 m³/dia.
Nesses termos, o sistema de captação implantado é capaz de suprir uma população de
até 40.000 pessoas (PDM, 2005).
É importante destacar que a nascente do ribeirão Paracatu está a 524 m de
altitude. A foz do ribeirão Paracatu no ribeirão Caxangá encontra-se numa altitude
inferior a 414 m e perfaz uma queda total de 110 m, percorrendo uma distância de
aproximadamente 13,73 km.
A Tabela 4 apresenta os tributários das margens direita e esquerda do ribeirão
Paracatu, com a respectiva extensão.

TABELA 4 – Tributários das margens direita e esquerda do ribeirão Paracatu


Margem Nome do Curso d'água Comprimento (m)
Direita Córrego 01 282,02
Esquerda Córrego 02 109,26
Esquerda Córrego 03 585,76
Direita Córrego 04 2130,92
Direita Córrego 05 719,77
Esquerda Córrego 06 857,13
Direita Córrego 07 568,06
Direita Córrego 08 1649,26
Direita Córrego 09 3136,54
Direita Córrego 10 1235,90
Direita Córrego 11 251,33
Direita Córrego 12 2823,94
FONTE: EMATER, 2010.

Levando-se em consideração as condições climáticas e a natureza do solo, os


cursos d’água apresentam-se como cursos d’água perenes.
Caracteriza-se como sendo uma microbacia hidrográfica assimétrica, com maior
desenvolvimento de tributários na margem direita (Figura 7).
380000 384000 388000

MICROBACIA DO RIBEIRÃO PARACATU

HIDROGRAFIA

7440000
7440000

#
Y

#
Y

#
Y

7436000
7436000

#
Y
#
Y
#
Y
#
Y
Y#
#
Y
# #
Y
Y
LEGENDA:
#
Y
#
Y Nascentes
Reservatórios Existentes

7432000
7432000

#
Hidrografia
Y N
Córrego
Ribeirao Paracatu
W E
Limite de Abrangência da Microbacia
S

900 0 900 180 0 270 0 Met ers FONTE: EM A TER, 2010


BAS E CA RTO GR ÁFICA : SEM A , 2007
ELA BO RA ÇÃ O: EM ATER , 2010
380000 384000 388000

FIGURA 7 – Hidrografia da microbacia do ribeirão Paracatu


6 - MEIO BIÓTICO

6.1 - Vegetação
A vegetação natural presente na microbacia está ligada diretamente com as
condições climáticas e do relevo sendo classificada como remanescente da Floresta
Estacional Semidecidual, conhecida como Floresta Pluvial (Figura 7).
FIGURA 7 – Mapa da cobertura vegetal original
Maack (1981) ressalta que, quando as matas da Floresta Estacional Semidecidual
estavam presentes em grandes extensões do Terceiro Planalto Paranaense, em especial a
região, Norte do Paraná, o clima existente era mais úmido, a mata mantinha uma
umidade relativa do ar mais elevada. Com o avanço da colonização e o progresso da
região, houve um desmatamento quase total da área, tornando o clima local e
microclima mais seco.
Quase toda a cobertura florestal nativa da microbacia, foi extraída para dar lugar
ao plantio de agricultura permanente, agricultura temporária, pastagens artificiais,
reflorestamento com exóticas e à ocupação urbana (Figura 8).
FIGURA 8 – Cobertura vegetal original, 1980
A extração e o beneficiamento da madeira constituíram-se, no início da
colonização, importantes atividades econômicas e influenciaram, sobremaneira, o tipo
de habitação encontrado nos municípios da microbacia.
Com a eliminação da floresta original, são raros os remanescentes que podem
retratar a exuberância daquela associação vegetal, nos dias atuais. A microbacia possui
em algumas áreas de sua superfície, fragmentos florestais que, embora alterado por
cortes seletivos, guarda ainda características da floresta original.
A área e percentagem de vegetação natural, e a percentagem sobre a área da
microbacia dos principais tipos vegetacionais, são apresentados na Tabela 4.

TABELA 4 – Tipos vegationais encontrados na microbacia do ribeirão Paracatu.


Descrição Área (ha) Área (%) % da Área da
Microbacia
Floresta nativa 412,02 70,95 8,00
Floresta ripária 168,73 29,05 3,28
580,75 100,00 11,28
FONTE: EMATER, 2010

Os dados da Tabela 4 mostra a quase total eliminação da vegetação natural da


microbacia. Apenas 11,28% da microbacia é ocupada por florestas.
Através da Figura 9 é possível observar a delimitação de ocupação das áreas de
vegetação natural.
380000 384000 388000
MICROBACIA DO RIBEIRÃO PARACATU

COBERTURA VEGETAL

7440000
7440000

Y
#
12

11
Y
#

13
Y
#

7436000
7436000

LEGENDA:
07
Y
#
10
Y
#
08
Y
#
#
Y Nascentes
09
Y
#
04
#
Y

01
03 #
Y
06
Y
#
Reservatórios Existentes
#
Y

02
Y
# Hidrografia

Limite de Abrangência da Microbacia

7432000
7432000

05
N Vegetação natural
Y
#

Floresta nativa
W E
Floresta ripária

S
1000 0 1000 2000 3000 M eters
FONTE: EM A TER, 2010
BAS E CA RTO GR ÁFICA : SEM A , 2007
ELA BO RA ÇÃ O: EM ATER , 2010
380000 384000 388000

FIGURA 9 – Mapa de ocupação da vegetação natural, na microbacia do ribeirão Paracatu


A microbacia apresenta situações variadas quanto à localização, e ao
dimensionamento da cobertura florestal ao longo do ribeirão, córregos e nascentes, onde
na maioria das vezes, a Floresta encontra-se acima do limite permitido (30 metros para
os cursos d’água e 50 metros para as nascentes), sendo considerada para efeito do
estudo: Floresta Estacional Semidecidual; já em menor ocorrência, em alguns pontos da
microbacia, apresenta a fragmentação florestal, levando ao isolamento dos
remanescentes da floresta original.
Pelos dados levantados no estudo, na maior parte da microbacia, as áreas de
florestas ripárias estão protegidas, atendendo a legislação ambiental vigente (BRASIL
LEI 4771, 15/09/65). Não se deve, todavia, concluir que a mera presença da floresta
ripária seja suficiente para sanar todos os problemas da poluição decorrente do uso
antrópico na microbacia, a menos que outras medidas complementares de manejo
adequado de uso do solo sejam tomadas.
A função hidrológica da vegetação ripária compreende sua influência em uma
série de fatores importantes para a manutenção da estabilidade da microbacia, tais
como: processo de geração do escoamento direto de uma chuva, atenuação do pico das
cheias, dissipação de energia do escoamento superficial pela rugosidade das margens,
equilíbrio térmico da água, estabilidade das margens e barrancas, ciclagem de
nutrientes, controle da sedimentação, etc., desta forma influenciando, indiretamente, a
qualidade da água e o habitat de peixes e de outras formas de vida aquática.
A Figura 10 apresenta a localização das nascentes com necessidade de
recuperação.
380000 384000 388000
MICROBACIA DO RIBEIRÃO PARACATU

NASCENTES

7440000
7440000

Y
#

12

Y
#

11
Y
#
13

7436000
7436000

07 Y
#
Y
#

Y
#
10
08
04 Y
#

#
Y
Y
# 09
01 Y
#
03 Y
#
06
02 Y
#
LEGENDA:

Y
# Nascentes

7432000
7432000

N Nascentes com necessidade de recuperação


Y
#

05 Reservatórios Existentes

W E Hidrografia

Limite de Abrangência da Microbacia


S
1000 0 1000 2000 3000 M eters
FONTE: EM A TER, 2010
BAS E CA RTO GR ÁFICA : SEM A , 2007
ELA BO RA ÇÃ O: EM ATER , 2010
380000 384000 388000

FIGURA 10 – Mapa de localização geográfica das nascentes com necessidade de recuperação


A Tabela 5 mostra o déficit em hectares da floresta ripária nas nascentes da
microbacia do ribeirão Paracatu.

TABELA 5 – Déficit em hectares de floresta ripária nas nascentes da microbacia do


ribeirão Paracatu.
Nascente (nº) Uso do Solo (Classes) Área (ha)
03 Pastagem 0,3392
04 Pastagem 0,2810
05 Agricultura 0,2862
06 Agricultura 0,1955
07 Pastagem 0,0230
08 Agricultura 0,2111
09 Agricultura 0,2446
11 Reflorestamento 0,2287
12 Reflorestamento 0,1697
Total 1,9790
FONTE: EMATER, 2010.

Atualmente o uso do solo nas áreas de floresta ripária é insignificante (0,04% da


área da microbacia), predominando a agricultura (47,37%), a pastagem (32,50%) e
reflorestamento (20,13%). O ribeirão Paracatu e seus tributários apresentam-se em toda
a sua extensão protegidos por florestas ripárias existentes e em recuperação.

6.2 - Fauna Terrestre


A fauna paranaense é variada e foi outrora bastante rica. Atualmente, devido à
ocupação das terras e ao desmatamento, aos animais sobraram reduzidas áreas de
refúgio. Além disso, a penetração do homem pelas matas e campos, vem contribuindo
para a rápida extinção de várias espécies da fauna.
A fauna que ocorre na região da microbacia é caracterizada por espécies de
pequeno porte, como a capivara, gambá, gato-do-mato, cachorro-do-mato, cutia e
algumas espécies de símios. Entre os ofídeos encontra-se no ambiente do microbacia a
jararacuçú, a falsa-coral e as jararacas. Também se encontram lagartos e tatus. Referente
à fauna aquática da microbacia, encontra-se na água doce, principalmente o lambari,
entre outros de pequeno porte.
Entre as aves da região podemos encontrar perdizes, pica-paus, rolas, inambus,
jacuguaçus e sabiás.
78

A microbacia do ribeirão Paracatu por se encontrar situada em uma região com


predominância de pastagens e culturas, principalmente da cana, a qual sofre queimadas
periódicas, propicia uma fuga permanente dos animais da região. Também por sua
cobertura florestal, que ocupa pouca área da microbacia e pela existência de estradas
que percorrem o interior desta, a mesma não representa um local de refúgio seguro para
a fauna.
Quanto à fauna da microbacia estudos mais aprofundados de levantamento e
acompanhamento das populações deverão ser feitos.
79

7 - MEIO SÓCIO-ECONÔMICO
A análise do meio sócio-econômico apresenta uma descrição da forma como
ocorreu a ocupação dos municípios que fazem parte da microbacia do ribeirão Paracatu
(MHRP), o perfil dos municípios, além dos aspectos sócio-econômicos e sua dimensão
econômica.
É importante ressaltar que a análise deste diagnóstico abrange três municípios,
conforme comentado no item 3.1, e que os limites político-administrativos dos
municípios não coincidem com os limites territoriais da microbacia.

7.1 - Processo histórico de ocupação


O Município de Nova Esperança, bem como grande parte das cidades da região
norte e noroeste do Estado do Paraná tiveram sua colonização realizada pela Companhia
de Terras Norte do Paraná (CNTP), de capital inglês.
No início de 1925, essa Companhia adquiriu do Governo do Estado do Paraná
uma grande área de terras totalizando 450.000 alqueires. Para essa imensa a área
recoberta de uma densa floresta subtropical idealizou um projeto imobiliário para
posterior venda de terras para cultivo.
O projeto da companhia inglesa incluía também a criação de mais de uma centena
de cidades para apoio ao meio rural.
A forma encontrada pela CTNP para a colonização era a conexão através de
estradas dessas futuras cidades aos núcleos urbanos já existentes, especialmente os
localizados em São Paulo.
A abertura de estradas cumpria o papel de interligar assentamentos populacionais
e também permitir o escoamento das safras agrícolas da região.
O surgimento de Nova Esperança dá-se dentro desse contexto de colonização e
vendas de terras idealizadas pelos ingleses.
O sucesso do projeto colonizador da companhia inglesa em muito se deveu ao
desenvolvimento da cultura cafeeira pós anos 30 no norte do Paraná.
Devido aos lucros auferidos com a atividade cafeeira, a partir de 1948, intensifica-
se a abertura de vias no assentamento populacional da Capelinha, para receber o fluxo
de imigrantes de todas as partes do Brasil e fora dele, atraídos pela riqueza oferecida
pelo café.
A história registra que viajantes fizeram as primeiras incursões na área em 1926
com a abertura de um “picadão” através da mata virgem, margeando o rio Biguá por
80

determinação de uma empresa de levantamentos topográficos que partiu de Presidente


Prudente, no Estado de São Paulo, com o objetivo de abrir picadas que davam acesso
aos campos de Guarapuava. Não se conhecem os motivos que levaram essa empresa a
abandonar os trabalhos, possivelmente alguma divergência com a CTNP, fez com que
alguns funcionários ficassem “ilhados”, em decorrência do excesso de chuvas.
Resolveram, então, construir no ponto final da picada, às margens do rio Biguá, uma
capelinha.
O primeiro morador da localidade construiu sua casa, mas não permaneceu muito
tempo no local, as adversidades que o sertão inóspito apresentava, fizeram com que
fosse embora abandonando sua casa. Logo depois, chegou uma nova família que passou
a ocupar a casa abandonada e transformando-a em hospedaria, que atendia a tropeiros e
boiadeiros que por ali passavam.
A partir daí novas famílias chegaram à região, consolidando o processo de
ocupação que se estendeu não só na zona urbana, mas também na zona rural.
Entre 1943 e 1950 essas terras pertenciam ao município de Mandaguari. A
história registra que no primeiro movimento, com os ideais de colonização do lugar,
deu-se em Janeiro de 1950.
Em 12 de outubro de 1950, foi proposta à Assembléia Legislativa do Estado do
Paraná a criação do município de Capelinha.
Por causa da extensa área que compreendia o município de Mandaguari, teve-se o
desmembramento e a criação do município de Nova Esperança, através da Lei Estadual
nº 790, de 14 de novembro de 1951, que então passou a responder pela jurisdição de
oito patrimônios, entre eles Atalaia e Iroí (Presidente Castelo Branco).
Em 14 de dezembro de 1952, foi instalada oficialmente a nova unidade
administrativa com a posse do primeiro prefeito eleito e a instalação da câmara de
vereadores.
Em 14 de Dezembro de 1953, pela Lei Estadual nº 1.524, o patrimônio de Atalaia
foi elevado à condição de Distrito Administrativo de Nova Esperança. A Lei Estadual nº
4.245, de 25 de julho de 1960, criou o município, com desmembramento de Nova
Esperança (e instalado oficialmente em 15 de novembro de 1961)
Presidente Castelo Branco foi criado através da Lei Estadual nº 4.992, de 21 de
dezembro de 1964 (e instalado oficialmente em 29 de novembro de 1965),
desmembrado de Nova Esperança
81

7.2 - Perfil dos municípios da Microbacia


A dinâmica demográfica dos municípios que integram a microbacia do ribeirão
Paracatu reflete a realidade vivida por muitos outros municípios da Mesorregião Norte
Central Paranaense, que experimentou um acelerado crescimento populacional até a
década de 70, um forte êxodo rural nos anos 80 e um brusco decréscimo populacional a
partir de então.
O Censo de 2000 apresentou uma tendência rumo à urbanização dos três
municípios integrantes da MHRP. A contagem realizada em 2007 confirmou esta
tendência. A distribuição da população no Censo 2000, e na contagem realizada em
2007, para os municípios pertencentes à MHRP, é apresentada nas Tabelas 6 e 7,
respectivamente.

TABELA 6 – População Censitária urbana, rural dos municípios da MHRP


Municípios Urbana Rural Total
Atalaia 3.327 688 4.015
Nova Esperança 21.785 3.944 25.729
Presidente Castelo Branco 3.247 1.058 4.305
FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2000.

TABELA 7 – População Contagem urbana, rural dos municípios da MHRP


Municípios Urbana Rural Total
Atalaia 3.024 603 3.627
Nova Esperança 22.682 3.037 25.719
Presidente Castelo Branco 3.533 1.141 4.674
FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2007.

7.3 - Aspectos Sócio-Econômicos


Na última década, ocorreu uma intensa modernização da base produtiva
paranaense e uma conseqüente concentração em alguns Pólos Regionais, o que acabou
por estabelecer algumas disparidades (reveladas por indicadores econômicos e sociais).
Assim sendo, os municípios que compõem a MHRP também foram afetados pela
dinâmica modernizadora.
Com a presente análise, ainda que sintetizada, buscou-se através de algumas
informações e de indicadores como analfabetismo, saúde, renda per capita e taxa de
82

pobreza apresentar o perfil sócio-econômico dos municípios da MHRP (IPARDES,


2006).

7.3.1 - Analfabetismo
Do conjunto dos municípios da MHRP, todos apresentam mais de 11% da
população de 15 anos ou mais na condição de não alfabetizada, sendo que Presidente
Castelo Branco apresenta o pior índice. Nenhum dos municípios da MHP apresenta
índices iguais ou inferiores à média do Estado (9,50). A Tabela 8 exibe a distribuição da
taxa de analfabetismo através de faixa etária.

TABELA 8 – Taxa de analfabetismo segundo faixa etária – 2000


MUNICÍPIOS
FAIXA ETÁRIA Atalaia Nova Esperança Presidente Castelo Branco
(anos)
TAXA (%)
De 15 ou mais 13,3 11,5 15,6
De 15 a 19 0,5 1,7 0,8
De 20 a 24 2,1 2,4 4,5
De 25 a 29 4,4 3,9 6,3
De 30 a 39 5,8 5,5 8,2
De 40 a 49 14,0 11,0 16,0
De 50 e mais 33,0 28,0 42,0
FONTE: IBGE - Censo Demográfico, 2000

7.3.2 - Saúde
A saúde é considerada um dos fatores mais importantes na composição do IDH.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) uma média de 10 óbitos por
mil nascidos vivos pode ser considerada como “aceitável. Na MHRP as taxas de
mortalidade infantil são relativamente altas, com exceção do município de Atalaia que
apresentou taxa de mortalidade igual a zero (Tabela 9).
A Tabela 9 apresenta o coeficiente de mortalidade infantil (mil nascidos vivos) e
mortalidade geral (mil habitantes), dos municípios que fazem parte da MHRP.
83

TABELA 9 – Coeficiente de mortalidade – 2008


MUNICÍPIOS
INDICADORES Atalaia Nova Presidente
Esperança Castelo Branco
Mortalidade Infantil (mil nascidos vivos) - 14,24 26,32
Mortalidade Geral (mil habitantes) 5,98 7,12 6,56
FONTE: SESA-PR

Os serviços de saneamento estão diretamente relacionados com a questão de


saúde pública, os quais englobam a oferta de água, esgotamento sanitário e a coleta de
lixo. A realização ou não destes serviços pode ser considerada como um indicador das
desigualdades e diferenças sociais, pois dimensionam o grau de acesso da população a
esses serviços.
Na MHRP a abrangência do atendimento de água potável através de rede alcança,
como no resto de quase todo o Estado, cerca de 95%. No entanto a cobertura de coleta e
tratamento de esgoto é muito inferior, variando entre os municípios (Tabela 11). Já, a
coleta dos resíduos sólidos é relativamente homogênea nos municípios da microbacia,
sendo que, a maioria deles possui cobertura de aproximadamente 94%.

TABELA 10 – Abastecimento de água, pela SANEPAR, segundo as categorias - 2009


MUNICÍPIOS
Atalaia Nova Esperança Presidente Castelo Branco

CATEGORIA UNIDADES ATENDIDAS


Residenciais 1156 7556 -
Comerciais 94 748 -
Industriais 6 80 -
Utilidade pública 7 57 -
Poder público 34 86 -
TOTAL 1297 8527 -
FONTE: SANEPAR

Cabe aqui destacar que o município de Presidente Castelo Branco, é atendido


pela SAMAE (Serviço Municipal de abastecimento de água), não sendo possível obter
dados do número de unidades atendidas.
84

TABELA 11 – Atendimento de Esgoto, pela SANEPAR – 2009


MUNICÍPIOS
Atalaia Nova Esperança Presidente Castelo Branco
Unidades Atendidas - 4360 -
FONTE: SANEPAR

Os municípios de Atalaia e Presidente Castelo Branco não possuem atendimento


de esgoto.

7.3.3 - Renda per capita


Considerada o componente que expressa situações de maior heterogeneidade entre
os municípios e de maior precariedade nas condições do desenvolvimento humano.
Nenhum dos municípios possibilita a realização de renda num patamar superior à média
estadual (R$ 321,38). A Tabela 12 exibe os dados de renda per capita para os
municípios que compõem a MHRP para o ano 2000.

TABELA 12 - Renda per capita – 2000


MUNICÍPIOS
Atalaia Nova Presidente Castelo
Esperança Branco
INFORMAÇÃO ÍNDICE
Renda per capita (R$ 1,00) 231,46 253,69 195,35
FONTE: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil - PNUD, IPEA, FJP

7.3.4 - Taxa de pobreza


Outra forma de evidenciar o grau de desigualdade/diferenças é a partir da taxa de
pobreza. Quando comparado com todo o Estado, os municípios da MHP apresentam
este indicador em patamares desfavoráveis. Entre os três municípios, dois apresentam o
indicador taxa de pobreza inferior a média do Paraná (20,87). A Tabela 13 exibe os
dados da taxa de pobreza para os municípios que compõem a MHRP para o ano 2000.
85

TABELA 13 – Taxa de Pobreza -2000


Municípios
INFORMAÇÃO
Atalaia Nova Presidente
Esperança Castelo
Branco
Pessoas em Situação de pobreza (nº) 808 4986 1118
Famílias em Situação de Pobreza (nº) 237 1307 295
Taxa de Pobreza (%) 19,06 17,02 23,09
FONTE: IBGE; IPARDES
NOTA: Pessoas em situação de pobreza é a população calculada em função da renda familiar per
capita de até 1/2 salário mínimo. Os dados referentes a Situação de Pobreza são provenientes dos
microdados do Censo Demográfico (IBGE) e das Tabulações especiais feitas pelo Ipardes.

A construção do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) permite expor as


dificuldades e desigualdades de forma abrangente e comparativa. IDH-M é elaborado
com base nos indicadores de educação (alfabetização e taxa de freqüência escolar),
longevidade e renda da população. Esse conjunto de indicadores compõe os índices:
IDH-E (educação), IDH_L (longevidade) e IDH-R (renda), cuja média aritmética
simples resulta no IDH_M. De um modo geral os componentes do IDH se dão em um
mesmo sentido, revelando tendências das situações de educação, saúde e renda.
Esses índices variam de 0 (zero) a 1 (um), sendo 1 (um) a posição correspondente
aos melhores valores. No caso do IDH, o 0 (zero) representa nenhum desenvolvimento
humano; municípios com IDH até 0,499 têm desenvolvimento humano considerado
baixo; os países com índices entre 0,500 e 0,799 são considerados de médio
desenvolvimento humano; e aqueles com IDH igual ou superior a 0,800 têm o
desenvolvimento humano considerado alto.
Cabe destacar que o IDH dos municípios que integram a MHRP, não
apresentaram uma situação acima da média do Estado (0,787).
A Tabela 14 exibe os indicadores sócio-econômicos para os municípios da
microbacia.
86

TABELA 14 – Índice de Desenvolvimento Humano dos municípios integrantes da


MHP - 2000
MUNICÍPIOS
Atalaia Nova Presidente
INFORMAÇÃO Esperança Castelo Branco
ÍNDICE
Esperança de vida ao nascer (anos) 70,48 66,75 69,58
Taxa de alfabetização de adultos (%) 86,67 88,5 84,44
Taxa bruta de freqüência escolar (%) 83,29 77,97 80,55
Renda per capita (R$ 1,00) 231,46 253,69 195,35
Longevidade (IDH-L) 0,758 0,696 0,743
Educação (IDH_E) 0,855 0,850 0,831
Renda (IDH_R) 0,682 0,697 0,653
IDH-M 0,765 0,748 0,742
Classificação na unidade da federação 104 167 190
Classificação nacional 1.460 1.927 2.100
FONTE: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil – PNUD, IPEA, FJP

7.4 - Dimensão Econômica


A dimensão econômica objetiva promover o crescimento estável da renda e a
ampliação do emprego, em quantidade e qualidade.

7.4.1 - Agropecuária
A atividade agropecuária é composta por lavoura permanente, lavoura temporária,
pecuária, horticultura, silvicultura, investimentos em formação de matas plantadas e
lavouras permanentes, indústria rural, produção do pessoal residente no estabelecimento
rural e serviços auxiliares da agropecuária.
87

TABELA 15 – Estabelecimentos agropecuários segundo as atividades econômicas


MUNICÍPIOS
Atalaia Nova Presidente
ATIVIDADES ECONÔMICAS Esperança Castelo Branco
ESTABELECIMENTOS
Horticultura e floricultura 15 20 3
Lavoura permanente 39 83 42
Lavoura temporária 142 108 70
Pecuária e criação de outros animais 168 586 141
Produção florestal de florestas nativas 0 1 0
Produção florestal de florestas plantadas 3 7 3
Produção de sementes e mudas 0 1 0
TOTAL 367 806 259
FONTE: IBGE – Censo Agropecuário, 2006

TABELA 16 – Estabelecimentos agropecuários segundo a condição do produtor.


MUNICÍPIOS
Atalaia Nova Presidente
ATIVIDADES ECONÔMICAS Esperança Castelo Branco
ESTABELECIMENTOS
Arrendatário 53 47 17
Ocupante 1 2 2
Parceiro 4 54 4
Proprietário 309 701 236
Produtor sem área 0 2 0
TOTAL 367 806 259
FONTE: IBGE – Censo Agropecuário, 2006
88

TABELA 17 – Produção agrícola.


MUNICÍPIOS
Atalaia Nova Presidente
PRODUTOS Esperança Castelo Branco
PRODUÇÃO (t)
Abacate 5 5
Abacaxi (mil frutos) 30
Amendoim 18 4
Arroz 22
Aveia 170 9 40
Borracha (látex líquido) 0 36 75
Café (em Côco) 50 138 24
Cana-de-açúcar 164383 558 498264
Caqui 2 10 6
Feijão 7 14 16
Laranja 1885 40960 10240
Limão 10 30
Mandioca 9000 66279 6000
Manga 30 18
Melancia 1040 35
Milho 12294 9000 1649
Soja 11689 5625 2676
Tangerina 50
Tomate 40 40 40
Trigo 304 153
Urucum (semente) 3
Uva 320
FONTE: IBGE – Produção Agrícola Municipal, 2008.
NOTA: Dados estimados

Os municípios integrantes da MHRP apresentam uma pauta agrícola diversificada.


A soja, o milho e a cana-de-açúcar sobressaem na estrutura produtiva da agricultura
local, observando-se, em paralelo, forte avanço de outras atividades, como a produção
de mandioca e fruticultura.
A pecuária tem grande importância no contexto dos municípios integrantes da
microbacia do ribeirão Paracatu. A Tabela 16 apresenta o efetivo da pecuária e aves no
ano de 2008.
89

TABELA 18 – Efetivo de pecuária e aves - 2008


MUNICÍPIOS
Atalaia Nova Presidente
EFETIVOS Esperança Castelo
Branco
NÚMERO
Rebanho de bovinos 8850 29000 7000
Rebanho de eqüinos 213 750
Galináceos * 156000 817000 212500
Rebanho de ovinos 250 2000 850
Rebanho de suínos 1080 4000 910
Rebanho de asininos 5
Rebanho de bubalinos 9
Rebanho de caprinos 75 307 200
Rebanho de muares 30 150
Rebanho de vacas ordenhadas 1000 3100 765
FONTE: IBGE – Produção da Pecuária Municipal, 2008
* Galinhas, galos, frangos (as) e pintos

A Tabela 17 apresenta o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) dos


municípios integrantes da MHRP, desde quando este indicador começou a ser medido
no Estado do Paraná.

TABELA 19 - Valor em R$(1,00) do valor bruto da produção total (VBP) dos


municípios, da microbacia do ribeirão Paracatu - Período de 1997 a
2009
Ano Atalaia Nova Esperança Presidente
Castelo Branco
1997 6.968.384,94 27.116.897,47 7.818.883,25
1998 7.967.710,84 26.523.560,18 9.778.761,75
1999 9.902.330,58 32.048.645,01 8.047.432,01
2000 8.419.304,97 32.150.318,53 9.562.440,38
2001 12.163.527,47 37.342.909,14 15.281.703,45
2002 16.721.932,54 52.749.423,26 18.631.708,86
2003 26.764.635,38 64.337.608,62 23.590.276,28
2004 20.649.512,09 63.039.294,08 20.700.756,69
2005 21.481.173,91 57.645.912,79 23.744.933,23
2006 16.619.108,01 58.746.491,40 34.509.234,74
2007 27.200.883,93 75.415.735,44 34.765.686,09
2008 34.817.353,70 82.730.255,08 35.980.549,43
2009 27.651.369,13 70.268.904,15 31.959.228,04
FONTE: SEAB – Departamento de Economia Rural
90

O Valor Bruto da Produção Agropecuária é a soma de todo o faturamento bruto


obtido com a produção e comercialização dos produtos agropecuários do município.
Nos municípios integrantes da microbacia, o somatório desse valor atingiu
R$129.879,50 milhões, que representou 0,42% do VBP de todo o Paraná.

7.4.2 - Indústria
A indústria é constituída por extrativismo mineral, indústria de transformação,
construção civil e serviços industriais de utilidade pública.
O valor da transformação industrial da MHRP atingiu R$ xxx em XXX. Na
estrutura industrial da MHRP predominam os segmentos de alimentos e bebidas e ....,
responsáveis por aproximadamente XX% do valor de transformação da industria local.

7.4.3 - Serviços
A prestação de serviços é formada por comércio, alojamento e alimentação,
transportes, comunicações, serviços financeiros, atividades imobiliárias e serviços
prestados às empresas, administração pública e demais serviços (IBGE, 2004)
O valor adicionado do setor de serviços na MHRP totalizou R$ ... em XXXX,
com grande participação dos ramos de comércio, administração pública e atividade
imobiliárias.

TABELA 20 – Produto Interno Bruto (PIB) per capitas


Ano Atalaia Nova Presidente
Esperança Castelo Branco
2002 6.801,00 5.352,00 4.472,00
2003 9.117,00 6.355,00 5.632,00
2004 8.693,00 6.698,00 5.893,00
2005 8.786,00 7.180,00 5.476,00
2006 9.150,00 8.332,00 6.252,00
2007 10.798,00 9.163,00 6.774,00
FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; Instituto Paranaense de Desenvolvimento
Econômico e Social - IPARDES

7.5 - Consumo de Energia Elétrica na Microbacia


O conjunto de municípios da MHRP consomem cerca de XX% do consumo de
energia elétrica do Estado. A Tabela 16 apresenta os dados do consumo de energia
elétrica para o ano 2007.
91

7.6 - Extração Mineral


A mineração é uma atividade desenvolvida pelo homem desde os primórdios,
quando fazia uso de ferramentas de pedra e posteriormente de metais extraídos de
maneira rudimentar. Atualmente a prospecção e a lavra da maioria das substancias
minerais, exceto as de uso imediato na construção civil, requer mais tecnologia e o
custo tem se tornado mais elevado, diminuindo assim a possibilidade de lavra
garimpeira desordenada. Do ponto de vista legal existe uma série de exigências no
âmbito Federal e Estadual, as quais visam o ordenamento da atividade e principalmente
a sustentabilidade ambiental.
A legislação mineral brasileira é regida pela Lei n° 227, de 1967 (Código de
Mineração), alterado pela Lei nº 9.314 de 1996, cuja aplicação e fiscalização é atribuída
ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Este também regula a
pesquisa e a lavra das águas minerais, termais, gasosas, de mesa ou destinadas a fins
balneários. A fiscalização da qualidade do produto na fonte, classificação das águas e
sua comercialização, instalação ou funcionamento de estâncias hidrominerais obedecem
ao disposto na Lei n° 7.841, de 1945 (Código de Águas Minerais).
A Constituição Brasileira de 1988 em seu Artigo 176 estabelece que as jazidas,
em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica
constituem propriedade distinta do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e
pertence à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra. Desta
forma o proprietário da terra é tratado como superficiário e não tem a preferência para
explorar o sub-solo, exceto para substâncias de uso imediato na construção civil,
cabendo ao mesmo uma compensação estipulada na legislação mineral. Ainda de
acordo com a Constituição Federal de 1988, entende-se que águas subterrâneas são de
dominialidade dos Estados e do Distrito Federal e existe uma distinção clara entre as
águas subterrâneas e recursos minerais do subsolo, os quais são de competência da
União. Desta maneira as captações de águas minerais, termais, de mesa ou destinadas a
fins balneários, são subterrâneas e, portanto tratadas também pela Lei Federal nº
9.433/97 e pela Estadual nº 12.726/99, de Recursos Hídricos, sendo fiscalizadas e
outorgadas pela SUDERHSA.
As jazidas minerais podem ser exploradas nos regimes de Autorização de
Pesquisa/Concessão de Lavra, Licenciamento Mineral, Lavra Garimpeira, Registro de
Extração e Monopólio, este último destinado ao petróleo, gás e urânio.
92

A área de abrangência da MHRP não possui nenhum processo de titulação


mineral em tramitação no DNPM.
Quanto a questão ambiental decorrente da atividade de mineração, foi verificado o
aspecto relativo a extração de areia efetuada em apenas um local: Área de captação de
água da SANEPAR no leito do ribeirão Paracatu. Observou-se que a lavra foi realizada
através de pequenas dragas para retirar o sedimento ativo do leito do ribeirão. Neste
caso foi observado embalagens de óleo abandonadas no local, erosões e desmatamento
na área (Figura 8, 9, 10, 11, 12 e 13).

FIGURA 8 - FIGURA 9 -

FIGURA 10 - FIGURA 11
93

FIGURA 12 - FIGURA 13 -
94

8 - USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

É de suma importância o levantamento do uso e ocupação do solo para se


entender as formas de organização espacial de uma microbacia.
Foi possível efetuar as classificações com baixa margem de erro, pois para
aumentar a precisão, além da utilização de imagem de satélite, se optou pela técnica
manual de campo com a utilização de GPS de navegação que embora seja
extremamente trabalhosa e demorada, possui margem de erro quase nula.
O uso e ocupação atual do solo na área de estudo, é apresentado na Figura 8.

380000 384000 388000

MICROBACIA DO RIBEIRÃO PARACATU

USO ATUAL DO SOLO

7440000
7440000

LEGENDA:

#
Y #
Y Nascentes

Hidrografia
#
Y
Uso Atual do Solo
Amoreira
#
Y
Áreas urbanizadas
7436000
7436000

Avicultura de Postura
Café
Cana de açúcar
#
Y
#
Y Eucalipto
#
Y
#
Y
Floresta nativa
#
Y
#
Y
#
Y
Floresta ripária
#
Y
Hidrografia
#
Y
Laranja
Mandioca
7432000
7432000

Milho
#
Y
N Pastagem
Reservatório
W E Sistema viário
Uva
S

100 0 0 100 0 200 0 300 0 Met ers


FONTE: EM A TER, 2010
BAS E CA RTO GR ÁFICA : SEM A , 2007
ELA BO RA ÇÃ O, EM ATER , 2010
380000 384000 388000

FIGURA 8 – Mapa de uso e ocupação atual do solo da microbacia do ribeirão Paracatu

Analisando o mapa da área de estudo, pode-se perceber a ação antropogênica na


microbacia do ribeirão Paracatu, onde predomina o uso agropecuário. Além da
expressiva redução nas áreas naturais, chama a atenção a expansão da área urbana do
município de Nova Esperança, que se estende para a área em estudo. Como
conseqüência tem-se o assoreamento dos canais fluviais, pois a exposição dos solos para
urbanização e práticas agrícolas, abre caminho para os processos erosivos e para o
transporte de materiais, que são drenados até o depósito final nos canais de drenagem
dos cursos d’água.
95

Os problemas ambientais causados pelas atividades antrópicas tem alterado ou


destruído as paisagens em larga escala, levando algumas espécies animais e mesmo
comunidades inteiras a extinção local, principalmente devido ao uso e ocupação do solo
de forma inadequada. A paisagem da microbacia foi alterada significativamente com a
construção de parques industriais na cabeceira da nascente da microbacia. A
implantação de atividades agropecuárias, industriais e de prestação de serviço na bacia
de drenagem, podem provocar impactos de natureza química (utilização de insumos e
defensivos agrícolas e efluentes gerados pela industrias), causando impactos negativos
sobre o ecossistema aquático.
A microbacia do ribeirão Paracatu possui nascente localizada no perímetro urbano
e apresenta fragilidade ambiental devido ao tipo de uso e ocupação do solo que,
atualmente, é de natureza urbana e rural. Os pontos mais críticos da microbacia são suas
nascentes, localizadas na área urbana e a presença de uma rodovia federal (BR 376), e
de uma rodovia estadual (PR 463) que, em caso de acidentes com cargas perigosas,
pode comprometer o abastecimento de água do município de Nova Esperança
Para simplificar a análise, em termos quantitativos, realizou-se um agrupamento
das classes de uso do solo, de modo a homogeneizá-las e facilitar a comparação dos
dados (Figura 9).

380000 384000 388000

MICROBACIA DO RIBEIRÃO PARACATU

CLASSES DE USO DO SOLO


7440000
7440000

#
Y

#
Y

#
Y
7436000
7436000

LEGENDA:

#
Y Nascentes
#
Y
#
Y
Hidrografia
#
Y
#
Y Classes de Uso do Solo
#
Y
#
Y
#
Y
#
Y Agricultura

#
Avicultura
Y
Corpos d´água
Fruticultura
7432000
7432000

Pastagem
#
Y Reflorestamento
N
Sistema viário
W E Urbanização
Vegetação natural
S

100 0 0 100 0 200 0 300 0 Met ers


FONTE: EM A TER, 2010
BAS E CA RTO GR ÁFICA : SEM A , 2007
ELA BO RA ÇÃ O, EM ATER , 2010
380000 384000 388000

FIGURA 8 – Mapa de uso e ocupação atual do solo da microbacia do ribeirão Paracatu


96

Foram caracterizadas na microbacia nove classes de uso do solo. A classe de uso


predominante da microbacia hidrográfica do ribeirão Paracatu é a agricultura,
correspondendo a 53,736% da parea em estudo.
As demais classes de uso do solo com suas respectivas áreas estão apresentadas na
Tabela 21.

TABELA 21 – Classes de Uso do Solo identificadas e quantificadas na microbacia do


ribeirão Paracatu
Classes de Uso do Solo Área (ha) Área (%)
Agricultura 2766,92 53,73
Avicultura 2,56 0,05
Corpos d'água 5,72 0,11
Fruticultura 13,83 0,27
Pastagem 1235,32 23,99
Reflorestamento 379,79 7,38
Sistema viário 64,10 1,24
Urbanização 100,45 1,95
Vegetação natural 580,67 11,28
Total 5149,37 100,00
Fonte: EMATER, 2010

Apesar da predominância de solos arenosos com baixa fertilidade, a microbacia


apresenta um alto índice de uso da terra por agricultura, apresentando em determinados
momentos, uma alta representatividade de solo exposto durante o preparo do solo para o
plantio de culturas agrícolas.
O preparo do solo na área de agricultura, ocupada em sua maior parte com cultivo
de cana de açúcar, é feito pelo sistema convencional (aração e gradagem pesada).
Em boa parte das propriedades, o plantio das culturas agrícolas é realizado com a
adoção de práticas de conservação do solo (construção de terraços e plantio em nível).
Mesmo assim erosões são observadas em toda a sua extensão.
Deve-se destacar que a cultura da cana-de-açúcar foi a que mais contribuíu para a
significativa taxa da classe agricultura na micobacia (Tabela 22).
97

TABELA 22 – Agricultura
Agricultura Área (ha) Área (%) % da área da
microbacia

Amoreira 19,37 0,70 0,38


Café 10,23 0,37 0,20
Cana de açúcar 2524,89 91,25 49,03
Mandioca 32,10 1,16 0,62
Milho 180,33 6,52 3,50
FONTE: EMATER, 2010.

A pastagem ocupa 23,99% da área em estudo. Esta cobertura vegetal, quando bem
cuidada, proporciona o recobrimento da superfície do solo durante todo ano, reduzindo
a velocidade do escorrimento superficial. Entretanto pelas observações de campo
(FIGURA) foi possível observar áreas mal manejadas, altamente compactadas e com
lotações animais muito altos, levando à superutilização da forragem disponível na
pastagem, deixando o solo descoberto e sem proteção contra a ação erosiva das chuvas e
dos ventos, diminuindo significativamente, a infiltração e afetando diretamente a vazão
das nascentes.
A área coberta pela vegetação natural, que correspondem as florestas primárias
ou secundárias e às matas ciliares primárias ou secundárias, ocupam 11,28% da área
total. As florestas, encontraram-se fragmentadas e localizadas nas margens da mata
ciliar e em alguns pontos na centro das propriedades. Este fato é preocupante uma vez
que o Código Florestal (1965) exige, para a região, um mínimo de 20% de cada
propriedade como área de Reserva Legal, isso sem considerar as Áreas de Preservação
permanente.
As florestas têm ação regularizadora nas vazões dos cursos d’água, mas não
aumentam o valor médio das vazões. Em climas secos, a vegetação pode até mesmo
diminuí-lo em virtude do aumento da evaporação.
Os plantios de eucalipto (reflorestamento) representam 7,38% da área da
microbacia hidrográfica. Além disso, verificou-se que a classe reflorestamento aparece
em quase toda a extensão da microbacia.
Parte da sede urbana do município de Nova Esperança está localizada na parte
mais alta da microbacia. Levando em consideração que esta parte da cidade não possui
sistema de coleta e tratamento de esgoto, esta microbacia é prejudicada pelos efluentes
urbanos.

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