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A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS – Pr. José Carlos Marion – Igreja "Siga a Jesus".

São Paulo, 27/10/2013

A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS

DESCRIÇÃO DOS SOFRIMENTOS DE CRISTO (Relato médico pelo Dr. Barbet, médico
francês)
Sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze anos vivi em companhia de
cadáveres e durante a minha carreira estudei anatomia a fundo. Posso, portanto, escrever sem
presunção a respeito de morte, como a de Jesus.
NO GETSÊMANI (Lucas 22.44)
Jesus entrou em agonia no Getsêmani e seu suor tornou-se como gotas de sangue a
escorrer pela terra. O único evangelista que relato o fato é um médico, Lucas. E o faz com a
descrição de um clínico. O suar sangue, ou "hematidrose", é um fenômeno raríssimo. É produzido
em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um
abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo.
O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens
devem ter esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares
que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor, se concentra sobre a pele e,
então, escorre por todo o corpo até a terra.
A FLAGELAÇÃO E A COROA DE ESPINHOS (Lucas 23.1-25, João 19.1-17)
Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a
Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede e então ordena a
flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio.
A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de
chumbo e de pequenos ossos. Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado e de diferentes
estaturas. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de microscópicas hemorragias
do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em
um sobressalto de dor. As forças de esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em
uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto
pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue.
Depois, o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que os de acácia, os
algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram
no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo).
A CAMINHADA ATÉ O CALVÁRIO (Lucas 23.26-32)
Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o entrega para
ser crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da cruz; pesa uns 50
quilos. A estaca vertical já está plantada sobre o Calvário. Jesus caminha com os pés descalços
pelas ruas de terreno irregular, cheias de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O
percurso é de cerca de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro, frequentemente cai
sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai por terra, a viga
lhe escapa, escorrega e lhe esfola o dorso.
Finalmente, para ganhar tempo, os soldados escolhem um homem na multidão, Simão, que
vinha do campo, e põe-lhe a estaca sobre suas costas para que a levasse após Jesus.
A CRUCIFICAÇÃO (Lucas 23.33-49, João 19.18-37)
Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas sua
túnica está colada nas chagas e tirá-la produz dor atroz. Quem já tirou uma atadura de gaze de uma
grande ferida percebe do que se trata. Cada fio de tecido adere à carne viva; ao levarem a túnica,
se laceram as terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um
puxão violento. Há um risco de toda aquela dor provocar uma síncope, mas ainda não é o fim. O
sangue começa a escorrer.
Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pó e pedregulhos. Depositam-
no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo
na madeira para facilitar a penetração dos pregos. Os carrascos pegam um prego (um longo prego
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pontudo e quadrado), apoiam-no sobre o pulso de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o
plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. O nervo
mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante,
agudíssima que se difundiu pelos dedos e espalhou-se pelos ombros, atingindo o cérebro.
A dor mais insuportável que um homem pode provar, ou seja, aquela produzida pela lesão
dos grandes troncos nervosos, provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. O
nervo é destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego:
quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino
esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores
dilacerantes. Um suplício que durará horas.
O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus, colocando-o
primeiro sentado e depois em pé; consequentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam na
estaca vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca vertical.
Os ombros da vítima esfregam dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes
da grande coroa de espinhos penetram o crânio. A cabeça de Jesus inclina-se para frente, uma vez
que o diâmetro da coroa o impede de apoiar-se na madeira. Cada vez que o mártir levanta a
cabeça, recomeçam as pontadas agudas de dor. Pregam-lhe os pés.
AS HORAS NA CRUZ
Jesus tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A
boca está semiaberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não
pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estendeu sobre a ponta de uma vara uma esponja
embebida em bebida ácida em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz.
Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem
em uma contração que vai se acentuado: os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos
se curvam. É como acontece a alguém ferido de tétano. A isto que os médicos chamam tetania,
quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis; em
seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço e os respiratórios.
A respiração se faz, pouco a pouco, mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não
consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático
em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num violeta
purpúreo e, enfim, em cianótico. Jesus é envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não
podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita.
Mas o que acontece? Lentamente, com um esforço sobre-humano, Jesus toma um ponto de
apoio sobre o prego dos pés. Esforça-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços.
Os músculos do tórax se distendem. A respiração torna-se mais ampla e profunda, os pulmões se
esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial. Por que este esforço? Porque Jesus quer falar: "Pai,
perdoa-lhes porque não sabem o que fazem". Logo em seguida o corpo começa a afrouxar-se de
novo e a asfixia recomeça.
Foram transmitidas sete frases pronunciadas por Ele na cruz: cada vez que queria falar,
deveria elevar-se tendo como apoio o prego dos pés. Que tortura!
Atraídas pelo sangue que escorre e pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor
do seu corpo, mas Ele não pode enxotá-las.
Pouco depois, o céu escurece, o sol se esconde; de repente a temperatura diminui. Logo
serão três da tarde. Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos
medianos, lhe arrancam um lamento: "Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes?". Jesus dá
seu último suspiro: "Está tudo consumado!", e em seguida, "Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito". E morre, no meu lugar e no seu. Não façamos dessa morte, que trouxe nova vida a todos
nós, uma morte sem nexo. Está em você, dentro de você, o Espírito de Jesus?

O médico francês, Dr. Barbet, fez um minucioso estudo sobre as agonias sofridas
por Jesus antes de sua morte, seu sofrimento em nosso lugar, conforme lemos acima.

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Na época de Jesus existia três tipos de morte. Um tipo era chamado de "morte
gloriosa", quando um soldado romano, com sua espada, matava instantaneamente
alguém e esta pessoa não passava por sofrimentos. Outro tipo era chamado de "morte
afrontosa", por apedrejamento, praticada especialmente pela religião judaica contra
aqueles que, segundo seu entendimento, afrontavam o nome de Deus. O terceiro tipo era
chamado de "morte maldita", criada pelos romanos, um costume pagão, que era a morte
de cruz. Muitas pessoas foram crucificadas naqueles tempos. Essa morte era destinada
aos inimigos do governo, traidores, ladrões e criminosos da pior espécie. Jesus teve esse
tipo de morte.

“… porquanto o que for pendurado no madeiro é maldito de Deus…” (Dt 21:23).

“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar…” (Gl
3:13).

Davi, mil anos antes de Jesus, teve uma visão impressionante do sofrimento de
Cristo. Ele viu que as mãos e os pés de Jesus seriam traspassados (Salmos 22).

No Getsêmani, segundo o estudo médico, para suar grandes gotas de sangue


Jesus deveria estar passando por um grande pavor. Podemos imaginar que esse pavor
seria pela dor física que ele sabia que iria passar, mas entendemos que não. Na cruz, por
duas vezes lhe foi oferecido líquidos para beber. O primeiro foi vinho com mirra, que
Jesus não bebeu. Era uma espécie de anestésico que eles davam para aliviar um pouco a
dor de quem era crucificado. O segundo foi vinagre, que Jesus bebeu. Se ele estivesse
com pavor devido à dor física que iria passar teria aceitado o anestésico que lhe foi
oferecido. Mas ele quis passar aquela dor como nosso substituto, pela troca que ele fez
conosco levando os nossos pecados para que fossemos livres e perdoados.

Por que, então, ele suou gotas de sangue? Creio que isso está ligado à frase que
ele disse: "Meu Deus, por que me desamparastes?" (Sl 22:1, Mt 27:46). Jesus antecipou
que se sentiria sozinho, abandonado pelo Pai. Sua natureza divina nunca poderia separá-
lo de Deus, mas sua natureza humana ("filho do Homem") se separaria de Deus por um
período. Assim, seu grande pavor era pelo momento de, pela primeira vez, sair da
comunhão, da dependência, da cobertura de seu Pai. Naquele momento ele estava
sofrendo pelo momento que iria se separar do Pai para levar sobre si os nossos pecados.

A Bíblia diz que a ira de Deus se manifesta contra o pecado (Rm 1:18, Ef 5:6, etc.).
Desta forma, Deus teria de "descarregar" e aplacar Sua ira sobre o pecado da
humanidade que, naquele momento, estava todo sobre Jesus. Assim, além de estar
separado do Pai, também estava aplacando toda a ira de Deus contra o pecado. Por isso
ele sentiu pavor e orou várias vezes: "Pai, se possível passa de mim este cálice!" (Mt
26:39,42), mas ele decidiu que iria fazer a vontade do Pai até o fim.

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No Getsêmani Jesus derramou pela primeira vez o seu sangue, em favor da sua
obediência; ele foi 100% obediente ao Pai. Isso foi uma lição para nós, pois nossa carne
rejeita a obediência; não gostamos de obedecer a ninguém e reagimos contra. Mas o
sangue de Jesus foi derramado para aplacar nossa carne e nos conduzir ao caminho da
obediência. Quando focamos isso, ficamos mais aliviados, mais maleáveis, mais sujeitos
à obediência porque entendemos que Jesus pagou um preço muito alto em nosso lugar.
Após sua prisão, Jesus foi amarrado e açoitado com uma espécie de chicote
constituído de tiras múltiplas de couro com pequenas bolas de chumbo e ossos presos a
elas. Dois carrascos o golpearam com estes chicotes fazendo jorrar imensa quantidade
de sangue de seu corpo. Estudos mostram que o comum era aplicar 40 chibatadas, e
muitas pessoas não resistiam e já morriam naquele momento. Mas Jesus suportou. O
sangue derramado naquele momento é o relatado por Isaías (53:5): "...pelas suas
pisaduras fomos sarados". Essas pisaduras são exatamente as dilacerações da pele, as
feridas produzidas pelos chicotes. Esse sangue foi derramado pela nossa cura física.
Pedro diz (1 Pedro 2:4) que "...pelas suas chagas fostes sarados". Não foi um simples
derramamento de sangue, mas foi um preço muito alto, quase insuportável para Jesus.

Em seguida veio um novo sangramento, quando a coroa de espinhos foi encravada


na cabeça de Jesus. A partir do pecado do homem e sua separação de Deus, uma das
maldições que entrou sobre o homem foram os espinhos ("cardos", Gn 3:18). Então, no
momento que Jesus recebeu a coroa de espinhos, estava recebendo a nossa maldição,
tornando-se maldito em nosso lugar. Assim, não precisamos temer as maldições pois
Jesus já se fez maldito por nós, já derramou seu sangue levando todas elas sobre si (Gl
3:13). Precisamos, então, crer que esse sangue, da coroa de espinhos, já foi derramado
para que toda e qualquer maldição que possa ter sido herdada, adquirida ou atribuída não
prevalecem mais sobre nós. Quando percebemos que nossa vida está amarrada,
bloqueada, podemos olhar para esse sangue dos espinhos e crer para a libertação.

Em seus estudos, o Dr. Barbet explica que Jesus não teria forças para carregar a
parte horizontal de cruz, de aproximadamente 50 kg, e que haveria a necessidade de um
sistema de cordas que o puxasse e ajudasse a levar aquele madeiro até o local da
crucificação. Muito sangue foi derramado por todo aquele trajeto de aproximadamente
600 metros. Quando lhe tiraram a túnica, por estar colada à carne de seu corpo, mais
sangue foi derramado. Em seguida começou a crucificação de Jesus. A partir daquele
momento todo o sangue derramado foi pelo perdão dos nossos pecados, para a nossa
salvação. A Palavra nos ensina que "...sem derramamento de sangue não há remissão de
pecados" (Hb 9:22).

As horas que antecederam sua morte foram as mais terríveis que alguém já passou
nessa planeta, não somente pela dor física, mas pela dor do abandono e desprezo de seu
Pai.
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Ele foi crucificado com a coroa de espinhos e todas as vezes que havia algum
solavanco, os espinhos mais lhe penetravam o crânio. Jesus teve sede e foi-lhe oferecido
vinagre; ele bebeu e morreu (Jo 19:28-30). Aquela era uma sede de morte. Quando
sentimos sede, segundo a medicina, é sintoma de morte. Assim, tomamos água para
quebrar esse sintoma. Para Jesus, não faria diferença nenhuma beber ou não, pois ele
tinha pouco tempo de vida. Beber vinagre era pior ainda, mas, por que ele bebeu? Isso
tem um grande significado espiritual.

Vinagre é o vinho azedo, um vinho bom que estragou. Jesus tomou o vinho
estragado. Todas as vezes que tomamos a Ceia lembramos que estamos bebendo o
sangue de Cristo, um vinho muito bom, puro e perfeito. Mas o vinagre que Jesus tomou
representa o nosso sangue, estragado. Jesus fez uma troca conosco. Ele tomou o nosso
sangue ou vinho estragado, o vinagre, e nos deu um vinho perfeito, puro, a vida eterna.

Precisamos entender que não estamos falando de uma pessoa qualquer, mas de
alguém é o Senhor dos céus e da terra, o Príncipe da vida, alguém pelo qual todas as
pessoas e coisas subsistem (Jo 17:2, At 3:15). "Todas as coisas foram feitas por
intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez" (Jo 1:3). Mas imaginemos aquele
momento que ele estava passando: esvaindo-se em sangue vivo, todas as partes feridas
de seu corpo, sangue coagulado, enxames de moscas rodeando-o sem poder afastá-las,
dores insuportáveis pelo imenso sofrimento. Mas esse era o caminho que o Pai lhe havia
preparado desde antes da fundação do mundo (Hb 9:26), um caminho de sacrifício e
morte em nosso lugar.

Em seguida, mesmo em meio à asfixia em que se encontrava, em meio à


dificuldade em engolir o ar para falar, Jesus se esforça para proferir as frases relatadas
nas Escrituras. Seu último brado foi: "Está tudo consumado! Pai, nas tuas mãos entrego o
meu espírito!". A Bíblia relata que quando ele disse isso, "...o véu do santuário rasgou-se
em duas partes, de alto a baixo" (Mr 15:38). Ou seja, a cortina que separava as pessoas
do lugar santíssimo no santuário foi rasgada, dando acesso a qualquer pessoa para entrar
na presença de Deus.

Quando ele diz "está consumado", estava dizendo que uma velha raça estava
morrendo naquele momento (adâmica, pecaminosa) e uma nova raça estava sendo
criada, uma raça com perspectiva de vida eterna. Por que "com perspectiva"? Porque nós
precisamos querer isso, dizer "sim" para Jesus, para essa nova vida.

Ao entregarmos a vida para Jesus é importante uma confissão pública, dizer "sim"
diante de todos, porque essa confissão é uma aliança, um compromisso, e toda aliança
deve ser pública, conhecida e reconhecida.

"Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o
ressuscitou dentre os mortos, serás salvo." (Rm 10:9)
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Quando olhamos Jesus diante de tudo que lemos no texto acima, diante desta
troca que ele fez conosco, é importante que o confessemos publicamente para que o
"está consumado" tenha uma marca em nossas vidas. A partir desta confissão fazemos
parte da nova Aliança que foi concretizada naquele exato momento da sua morte: "Está
consumado – meu trabalho foi completo, minha obra foi perfeita, eu fiz tudo o que meu
Pai quis!"

Com a boca confessamos que queremos essa Aliança, esse Pacto, que a obra de
Jesus foi por nós, é para nós. Se temos uma aliança com Deus é relevante confessarmos
diariamente para as pessoas as grandezas, os benefícios, os frutos dessa aliança, e o
seu maior fruto é a vida eterna! Alcançamos vida, perdão, regeneração, cura, libertação,
santificação por causa do sangue de Jesus.

Assim, temos um sangue que foi derramado para nos fazer obedientes, um sangue
que foi derramado para nos curar, um sangue que foi derramado para tirar nossas
maldições e um sangue que foi derramado para perdoar nossos pecados.

Que o Senhor nos faça enxergar e confessar essas verdades, que confessemos
diariamente essa Aliança que Deus fez conosco e que nós fizemos com Ele, e que
sejamos instrumentos para levar esta verdade a todas as pessoas!

CEIA DO SENHOR

1) A Ceia nos lembra que fizemos uma troca: demos sangue venoso, corrompido,
estragado para Jesus - ele bebeu vinagre, o vinho estragado, azedo. Em troca, ele
derramou seu sangue incorruptível, sem pecado, perfeito - o vinho bom, o melhor vinho.

Com este sangue perfeito ele nos comprou (Apocalipse 5:9), nos redimiu, pagou
nossos pecados, nos deu vida eterna.

Porém, ele diz que é para continuarmos bebendo o vinho bom, a sua vida, o seu
sangue (João 6:53-57). Como isto pode acontecer? Ele nos convida para a Ceia ("Eu
recebi do Senhor o que também vos entreguei...", 1 Coríntios 11:23), para comer e beber
em memória dele. Assim, quando ceiamos podemos lembrar que:

a) Ao beber do cálice eu recebo o sangue dele em meu espírito que me faz


obediente, submisso, totalmente entregue à sua vontade. Jesus já derramou no
Getsêmani este sangue. Agora eu bebo dele;

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b) Ao beber do cálice eu recebo o sangue dele em meu corpo que me traz cura
física, pois Jesus levou as minhas dores e enfermidades (Mateus 8:17). Jesus já
derramou o seu sangue quando açoitado publicamente, e pelas suas pisaduras fomos
sarados;

c) Ao beber do cálice eu recebo o sangue dele em minha alma que me cobre


contra toda a maldição. Desde a minha concepção até o dia de hoje nenhuma maldição
me alcançará, nenhuma palavra negativa, lembranças de coisas malignas ou feitiçarias
me atingirão. Jesus já derramou seu sangue quando recebeu a coroa de espinhos na
cabeça (se fez maldição por mim). Estamos livres, agora, da crueldade deste mundo;

d) Ao beber do cálice eu lembro que todos os meus pecados estão perdoados. Ao


derramar seu sangue na cruz, Jesus pede ao Pai que perdoe os nossos pecados (Lucas
23:34). Estou reconciliado com o Pai. Dessa forma, posso participar da partilha com
muitos irmãos que igualmente estão reconciliados com Deus Pai, comendo o mesmo pão,
sentados na mesma mesa.

2) Ao comer do pão lembramos que “...o pão que partimos é a comunhão do corpo de
Cristo, pois, embora sendo muitos, somos um pão, um só corpo...” (1 Coríntios 10:16-17).

O Plano de Deus é unir todos os povos do mundo em Jesus Cristo e criar um só


povo: “...profetizou que Jesus estava para morrer pela nação, e não somente pela nação,
mas também para reunir em um só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos” (João
11:51-52).

Ao comermos lembramos que temos aliança com os irmãos que estão à mesa
conosco. Mas não só com eles, como também com a Igreja do Senhor, com as
denominações cristãs espalhadas na face da terra, a noiva de Cristo.

Isto significa discernir o corpo (1 Coríntios 11:28-32), significa falar sim para o
clamor de Jesus (João 17:21,23). Isto é preservar a unidade do Espírito (Efésios 4:3),
abandonar as contendas, aceitar uns aos outros a despeito de suas falhas e escrúpulos,
como Cristo os recebeu.

Neste ato eu acolho no meu coração os irmãos espalhados na face da terra pois
estou discernindo o corpo de Cristo! Amém!

(transcrição e compilação – Luiz Roberto Cascaldi)

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