Aula 1

Lei 11.340/06 - Lei Maria da Penha:

Disposições preliminares (art.1 ao 4):

-Coibir e prevenir:

-Violação de direitos humanos:

-Destinatário: Sempre a mulher que vítima da violência doméstica ou

familiar, até em caso de homoafetiva.

-É compromisso de combater Família, sociedade e poder público:

-Interpretação da lei: deve-se entender como Fins sociais / condições

peculiares da mulher vítima.

Âmbito de aplicação (arts. 5 e 6):

-UD(Unidade doméstica): com ou sem vínculo familiar (inclusive as

esporadicamente agregadas como empregada doméstica)

-F (Família em sentido amplo): são ou se consideram aparentados (laços

naturais, afinidade ou vontade expressa) – “natureza do parentesco”.

- RIA Relação Íntima de Afeto : (conviva ou tenha

convivido, independentemente de coabitação) Obs! Namoro efêmero
(muito recente) não se aplica.

-Independe de Gênero sexual: pode ser homem ou mulher.

Formas de Violência (art. 7): tanto por ação ou por omissão.

- Física

- Psicológica

- Sexual

- Patrimonial

- Moral (Calúnia, Difamação e Injúria): crimes contra honra.

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Medias de Assistência/Prevenção (art 8):

Conjunto articulado de ações (União, Estados, DF, Municípios, ações

não governamentais): englobando capacitação permanente.

Integração operacional – Poder Judiciário, MP, DP: áreas de interesse

social (segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e
habitação).

Estudos, pesquisas, estatísticas: Utilizado na prevenção

Meios de comunicação social – coibir papéis estereotipados: Tirar a

ideia da mulher frágil.

Atendimento policial especializado:

Campanhas educativas:

Convênios e parcerias com entidades não-governamentais:

Programas educacionais (valores éticos) e currículos escolares:

Medidas de Assistência(Interventivas) / Situação de

Violência (Art. 9º)

Onde já esta presente a violência.

Atuação Articulada: Por meio de LOAS (Lei Orgânica da Assistência

Social), SUS (Sistema Único de Saúde), SUSP (Sistema Único de Segurança
Pública), outras normas de proteção.

Violência sexual: contracepção de emergência, profilaxia

(medicina preventivo) de DST e AIDS.

Ressarcimento dos custos para o agressor com o SUS e da

“tornozeleira eletrônica”: sem importar ônus ao patrimônio da mulher e
dos dependentes.

Prioridade para matrícula ou transferência escolar dos dependentes,

em caso de vítima de violência doméstica (dados sigilosos).
Medidas Judiciais:

a) determinar, por prazo certo, a inclusão no cadastro de programas

assistenciais(de todos os entes federados);

b) acesso prioritário à remoção, quando servidora pública;

c) manutenção do vínculo trabalhista, por até 6 meses (Obs: Jurisprudência

STJ mulher tem direito há Benefício Previdenciário por motivo de Doença)

d) encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso (ações cíveis

relacionadas – divórcio, separação judicial, anulação de casamento,
dissolução de união estável);

Atendimento pela Autoridade Policial (art. 10):

-Atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto,

prestado preferencialmente por servidores do sexo feminino previamente
capacitados.

- Atendimento especializado: Estados e DF – criação de
DEAMs(Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher), Núcleos
Investigativos de Feminicídios e de equipes especializadas de atendimento e
investigação.

Regras para Inquirição(indagação/averiguação) da

Autoridade Policial (art. 10-A)

-Salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional;

-Contato da mulher, de seus familiares ou testemunhas com o

agressor e pessoas a eles relacionadas(família/amigos): EM
NENHUMA HIPÓTESE

-Não revitimização: Evitando mais  inquirição. ex: contar o fato para

polícia depois ao Ministério Público.

-Em recinto especialmente projetado.(delegacia).

-Quando for o caso, a inquirição será intermediado por profissional

especializado:
ex: mulher chega traumatizada e não consegue contar e é chamado um
psicologo.

-Registro do depoimento em meio eletrônico ou magnético: Para que

não haja revitimização.
Providências do Atendimento Policial (art. 11):

Algo imediato

-Proteção policial, quando necessário, comunicação imediata ao MP e ao

Juiz.

-Encaminhamento ao hospital/posto de saúde e ao IML(para exame de

corpo e delito).

-Transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro

(risco de vida) ex: casa da mulher, casa de familiar.

-Se necessário, acompanhar p/ assegurar a retirada de seus pertences do

local da ocorrência ou do domicílio familiar.

-Informar direitos e serviços disponíveis (inclusive o de assistência

judiciária).
Obs: Juiz: Encaminha à vítima a Defensoria Pública (por meio de ofício à
defensoria),

Policial/Delegado: Informa a vítima que ela tem Direito à Defensoria

Pública.

-Autoridade policial pode REQUISITAR os serviços públicos necessários à

defesa da mulher e de seus dependentes

Procedimentos da Polícia (art. 12)

Atuação mais cartorária, mais investigativo.

-Ouvir, lavrar BO e tomar representação (é a manifestação de vontade do

ofendido ou de seu representante legal, no sentido de ser instaurada a ação
penal) a termo, se apresentada;

-Colher todas as provas;

-Remeter, no prazo de 48h em expediente APARTADO ao Juiz com o

pedido da ofendida, para concessão das Medidas Protetivas de
Urgência(MPU);

-Determinar exame de corpo de delito e outros exames periciais.

-Ouvir agressor e testemunhas;

-Identificação do agressor, juntando folha de antecedentes criminais;

-Verificar se o agressor possuir registro de porte ou posse de arma de

fogo→ juntar informação aos autos / notificar a ocorrência à instituição
responsável pelo concessão do registro ou da emissão do porte. 

-Remeter, no prazo legal, os autos do IP(Inquérito Policial) ao Juiz e ao MP.

Pedido da Ofendida, Medidas Protetivas de Urgência (MPUs) –

Requisitos (art.12, §1º):
Cunho cautelar

-Qualificação da ofendida e do agressor;

-Nome e idade dos dependentes;

-Descrição sucinta dos fatos e das MPUs solicitadas.

-Informação sobre a condição de a ofendida ser PcD e se da violência

resultou deficiência ou agravamento.

-Anexar BO e cópia de tosos os documentos disponíveis em posse da

ofendida.

-Anexar BO e cópia de tosos os documentos disponíveis em posse da

ofendida

-Laudos ou prontuários médicos são admitidos como meios de prova.

Afastamento do Agressor (Risco Atual e Iminente) – art. 12-C:

-Pela autoridade judicial.

-Pelo delegado, quando o Município não for sede de comarca.

-Pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não

houver delegado disponível no momento.

Obs: Quando feito por Delegado e Policial  → Juiz deve

ser comunicado no prazo máximo de 24h e decidirá também
em 24h pela manutenção ou revogação da medida aplicada, dando
ciência concomitante ao MP.

Procedimentos/Disposições Gerais (arts. 13 a 17):

-Aplicação subsidiária do CPP, CPC, ECA, Estatuto do Idoso e Estatuto
da Pessoa com Deficiência. (causas cíveis e criminais).

-Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher : Vara

especializada.

a)Órgãos da Justiça ordinária

b)Competência cível e criminal

c)Podem ser criados: União (DF e Territórios) e pelos Estados.

d)Atos processuais podem se realizar em horários noturnos.

-Ofendida pode propor ação de divórcio ou dissolução da união

estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher.

-Caso a violência doméstica e familiar contra a mulher se inicie após o

ajuizamento da ação divórcio ou dissolução de união estável → a ação
ganha preferência no juízo onde estiver.

-Competência cível (opção da ofendida)

a)seu domicílio ou residência;

b)lugar do fato;

c)domicílio do agressor.

-APPCR(Ação Penal Pública Condicionadas a Representação): só será

admitida a renúncia à representação perante o juiz,
em audiência especialmente designada com tal finalidade, ANTES
DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA e ouvido o Ministério Público

-Não se aplica a lei 9.099/95 (JECRIM)

Obs: Lesão Corporal Leve e Lesão Corporal Culposa→ Ação Penal Publica

Incondicionada

-Vedadas → pena de cesta básica / outras de prestação pecuniária /

pagamento isolado de multa

Medidas Protetivas de Urgência(MPUs)-(arts. 18 a

21):

Recebido o expediente com o pedido da ofendida, no prazo de 48h, o Juiz

vai:

a) Decidir sobre as MPUs

b) Encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária (inclusive

para ações de família relacionadas)

c) Comunicar ao MP

d) Determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob posse do

agressor.

Medidas Protetivas de Urgência:

-Concedidas pelo Juiz, a requerimento do MP ou da ofendida;

-Concessão inaudita altera pars (MP pode não ser ouvido

previamente, mas será prontamente comunicado)

-As MPUs podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, podendo ser

substituídas a qualquer tempo;

-A requerimento do MP ou da ofendida, ouvido o MP → conceder novas

MPUs ou rever as já concedidas

-Prisão Preventiva do Agressor em qualquer fase do IP ou da

Instrução → decretada pelo Juiz, de ofício, a requerimento do MP ou por
representação da autoridade policial (art. 20).

-Notificação da ofendida → atos processuais relativos ao agressor,

especialmente dos pertinentes ao ingresso e saída da prisão (sem
prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público);

-A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao

agressor.

MPUs que obrigam o agressor (art. 22):

-Suspensão da posse ou restrição do porte de armas:

com comunicação ao órgão competente; [se for o caso, fica o superior

imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação
judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou
de desobediência, conforme o caso].

-Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a

ofendida;
-Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores: ouvida
a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;

-Prestação de alimentos provisionais ou provisórios.

PROIBIÇÃO de:
-aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o
limite mínimo de distância;

-contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio

de comunicação;

-frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade

física e psicológica da ofendida;

MPUs de proteção à ofendida (concedidas pelo Juiz) -

arts. 23 a 24:

-Encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção ou de

atendimento;

-Determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao

respectivo domicílio, após afastamento do agressor;

-Determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos

relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;

-Determinar a separação de corpos;

-Determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de

educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles
para essa instituição, independentemente da existência de vaga.

Proteção patrimonial (bens da sociedade conjugal):

-Restituição de bens indevidamente subtraídos

-Proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra,

venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização
judicial; (Juiz deve oficiar ao cartório)

-Suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; (Juiz

deve oficiar ao cartório)

-Prestação de caução(garantia) provisória, mediante depósito judicial,

por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica
e familiar contra a ofendida;
Crime de Descumprimento à MPU:

Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de

urgência previstas nesta Lei:

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.

-Independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as

medidas.

-Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial

poderá conceder fiança.

-Não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis.

Atuação do MP (arts. 25 a 26):

-Parte / Fiscal da Lei

-Quando necessário, requisitar força policial e serviços públicos de

apoio;

-Fiscalizar estabelecimentos públicos e particulares de atendimento às

vítimas de Violência doméstica;

-Cadastrar os casos de Violência doméstica;

Outras Disposições:

-Atuação de equipe multidisciplinar; (art. 29)

-Enquanto não criados os Juizados de VDFcM, as varas

criminais acumularão as competências cível e criminal; (art. 33)

-Registro das MPUs: Banco de dados mantido pelo CNJ, garantido acesso
(fiscalização e efetividade) ao MP, DP, órgãos de segurança pública e
assistência social. (art. 38-A)