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Administração

Ambiental
Prof. Flávio de Andrade
Prof. Sandro Sabino

2013
Copyright © UNIASSELV 2013

Elaboração:
Prof. Flávio de Andrade
Prof. Sandro Sabino

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

344.046
A553a Andrade, Flávio de
Administração ambiental / Flávio de Andrade; Sandro Sabino.
Indaial : Uniasselvi, 2013.

262 p. : il

ISBN 978-85-7830- 699-1

1. Proteção ambiental.
2. Administração ambiental.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Apresentação
Prezado(a) acadêmico(a)!

Na sociedade moderna, é comum vermos e experimentarmos a convivência


do ser humano com empresas que, de muitos modos, afetam o meio ambien-
te: uso físico de áreas em que se instalam, uso de matérias-primas e insumos
de produção, consumo de água, energia e combustíveis, geração de resíduos
sólidos e despejos industriais, emissão de poluentes na atmosfera...

Diante de todos esses impactos, ocorre a necessidade de constante aprimo-


ramento da imagem da empresa, através da melhoria do seu desempenho
ambiental, tendo em vista uma maior satisfação dos clientes, a conquista de
novos mercados, a redução de custos e de riscos, a obtenção de certificações
diversas, a garantia de um ambiente saudável para as gerações futuras...

Para a conquista desse desempenho é importante a implantação, dentro da


empresa, de novos modelos de gestão, cuja base deveria estar assentada na
responsabilidade ambiental, aliando, ao mesmo tempo, lucro, responsabili-
dade econômica e social.

Trata-se da administração ambiental, cujo assunto será tratado no presente


Caderno de Estudos. Nosso intuito é abordar as questões ambientais ineren-
tes à administração de uma empresa, buscando capacitar você a analisar e
criticar o impacto do termo “meio ambiente” sobre as empresas e a sociedade.

Esperamos que este estudo possa oferecer a você, acadêmico(a), parte do


aporte necessário ao desempenho da sua tarefa enquanto gestor ambiental.

Prof. Flávio de Andrade


Prof. Sandro Sabino

III
IV
UNI

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades
em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o


material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato
mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS.......................................... 1

TÓPICO 1: CONCEITOS FUNDAMENTAIS..................................................................................... 3


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 OBJETIVOS E FINALIDADE.............................................................................................................. 3
3 FUNDAMENTOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL....................................... 6
4 NECESSIDADE E IMPORTÂNCIA DA ADMINISTRAÇÃO
AMBIENTAL PARA A EMPRESA...................................................................................................... 8
5 FINALIDADES BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL E EMPRESARIAL.......... 9
6 O QUE É AMBIENTE........................................................................................................................... 10
6.1 CONCEITO DE MEIO AMBIENTE.............................................................................................. 10
6.2 AMBIENTE DA ORGANIZAÇÃO................................................................................................ 11
6.3 AMBIENTE DA TAREFA............................................................................................................... 12
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 13
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 14

TÓPICO 2: QUESTÕES BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL................................ 15


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 15
2 CONCEITOS DE POLUIÇÃO............................................................................................................. 15
3 A INDUSTRIALIZAÇÃO E A URBANIZAÇÃO........................................................................... 16
4 EMPRESA E MEIO AMBIENTE........................................................................................................ 20
5 PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO.......................................................................................................... 21
6 CONCILIANDO AS NECESSIDADES DA ORGANIZAÇÃO
COM AS QUESTÕES AMBIENTAIS................................................................................................ 22
7 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL........................................................................................ 23
8 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS...................... 23
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 29
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 30

TÓPICO 3: EMPRESA E MEIO AMBIENTE....................................................................................... 31


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 31
2 A ADMINISTRAÇÃO VERDE........................................................................................................... 31
3 APRENDER A SE COMUNICAR: A PRIMEIRA URGÊNCIA.................................................... 32
4 ENTENDER O MEIO AMBIENTE..................................................................................................... 33
5 COMPREENDER O MEIO AMBIENTE PARA PRESERVAR...................................................... 34
5.1 FERRAMENTAS DA QUALIDADE APLICADAS
À ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL..................................................................................... 36
5.1.1 PDCA – Planejar – Executar – Verificar – Atuar.................................................................. 36
5.1.2 O que é o 5W2H e como ele é utilizado?.............................................................................. 38
5.1.3 Diagrama causa e efeito.......................................................................................................... 39
5.1.4 Diagrama de Pareto................................................................................................................. 40
5.1.5 Folhas de verificação.............................................................................................................. 43
5.1.6 Fluxogramas............................................................................................................................ 44
6 CAPITAL X MEIO AMBIENTE.......................................................................................................... 47

VII
7 MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO................................................................................................ 48
7.1 A EMPRESA TRADICIONAL........................................................................................................ 48
7.2 O MODELO DE CONFLITO.......................................................................................................... 49
7.3 O MODELO DO MUNDO REAL................................................................................................... 49
8 A ESTRATÉGIA VERDE...................................................................................................................... 50
8.1 IDENTIFICAÇÃO DE PRIORIDADES......................................................................................... 51
8.2 DIAGNÓSTICO................................................................................................................................ 52
8.3 PLANOS DE AÇÃO......................................................................................................................... 52
8.4 SÍNTESE............................................................................................................................................. 53
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 54
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 56
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 57

TÓPICO 4: PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM AMBIENTAL E


MARKETING VERDE ADOTADO PELAS ORGANIZAÇÕES .....................59
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 59
2 OBJETIVOS E RESULTADOS DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS.............................. 59
3 CONCEITOS, NORMAS E OBJETIVOS DA ROTULAGEM AMBIENTAL.......... 65
4 MARKETING VERDE NAS ORGANIZAÇÕES.................................................................. 72
4.1 MARKETING VERDE X GREENWASHING (LAVAGEM VERDE).......................... 81
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 86
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 88

UNIDADE 2 – ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL............................................................ 89

TÓPICO 1: ÉTICA..................................................................................................................................... 91
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 91
2 ÉTICA, MORAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL.................................................................... 91
3 O QUE É ÉTICA?.................................................................................................................................. 93
4 O QUE É UM CÓDIGO DE ÉTICA?................................................................................................. 96
4.1 CÓDIGO DE ÉTICA OU GUIA DE CONDUTA.......................................................................... 112
5 VANTAGENS DOS CÓDIGOS DE ÉTICA..................................................................................... 113
6 ÉTICA NOS NEGÓCIOS.................................................................................................................... 114
6.1 TODAS AS PESSOAS QUEREM SER ÉTICAS. E AS EMPRESAS?.......................................... 115
6.2 DOIS GRANDES DESAFIOS.......................................................................................................... 115
6.3 GESTÃO DA ÉTICA........................................................................................................................ 116
6.4 O EMPRESÁRIO ÉTICO NO SEU DIA A DIA............................................................................. 117
7 CONFRONTO DE DUAS ÉTICAS: ÉTICA DO CAPITAL X ÉTICA DO SOCIAL................ 118
8 A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL............................................................................... 118
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 120
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 121

TÓPICO 2: RESPONSABILIDADE SOCIAL...................................................................................... 123


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 123
2 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL........................................ 123
3 O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL?.................................................................................... 125
4 RESPONSABILIDADE SOCIAL PARA QUEM?........................................................................... 126
5 BALANÇO SOCIAL............................................................................................................................. 127
5.1 O QUE É?........................................................................................................................................... 127
5.2 HISTÓRICO....................................................................................................................................... 127
5.3 POR QUE FAZER?............................................................................................................................ 128
5.4 OS BENEFICIÁRIOS........................................................................................................................ 129

VIII
6 TENDÊNCIAS E DESAFIOS PARA A RESPONSABILIDA
DE SOCIAL NOS NEGÓCIOS........................................................................................................... 130
7 DA RESPONSABILIDADE SOCIAL PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL.................... 130
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 135
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 136

TÓPICO 3: IMPACTO DAS DECISÕES EMPRESARIAIS NA


SOCIEDADE E NO MEIO AMBIENTE.......................................................................... 137
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 137
2 AS RELAÇÕES DA EMPRESA COM A SOCIEDADE.................................................................. 137
3 O QUE É UMA EMPRESA SOCIAL E AMBIENTALMENTE RESPONSÁVEL?..................... 138
4 IMPACTO DAS EMPRESAS NA SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE....................................... 142
4.1 IMPACTOS BENÉFICOS................................................................................................................. 143
4.2 IMPACTOS NEGATIVOS................................................................................................................ 143
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 152
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 160
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 161

UNIDADE 3 – GERENCIAMENTO AMBIENTAL............................................................................ 163

TÓPICO 1: O PROCESSO DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL............................................... 165


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 165
2 DIRETRIZES EM GERENCIAMENTO AMBIENTAL................................................................... 166
3 ATENDIMENTO LEGAL.................................................................................................................... 167
4 ESTRATÉGIAS...................................................................................................................................... 168
5 ISO 14001 E GERENCIAMENTO AMBIENTAL............................................................................ 170
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 172
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 173

TÓPICO 2: GERENCIAMENTO DE CRISES AMBIENTAIS.......................................................... 175


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 175
2 O QUE FAZER QUANDO TUDO DÁ ERRADO?......................................................................... 176
3 PLANOS DE EMERGÊNCIA OU CONTINGÊNCIAS.................................................................. 177
3.1 PLANO DE CONTINGÊNCIAS..................................................................................................... 178
3.2 GERENCIAMENTO DO PLANO.................................................................................................. 179
4 INVESTIGAÇÃO DE CAUSAS E EFEITOS................................................................................... 181
5 COMUNICAÇÃO COM A COMUNIDADE, MÍDIA E ÓRGÃOS DE FISCALIZAÇÃO..... 182
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 183
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 184

TÓPICO 3: MODELOS DE GESTÃO................................................................................................... 185


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 185
2 MODELO DE GESTÃO AMBIENTAL............................................................................................. 186
2.1 CICLO PDCA................................................................................................................................... 186
2.2 IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL............................................ 187
2.2.1 O que diz a NBR ISO 14004.................................................................................................... 189
2.3 ESTABELECIMENTO DA POLÍTICA AMBIENTAL.................................................................. 190
2.3.1 O que diz a NBR ISO 14001.................................................................................................... 192
2.4 PRINCÍPIOS E ELEMENTOS DE UM SGA.................................................................................. 193
2.4.1 O que diz a NBR ISO 14004.................................................................................................... 193
2.4.1.1 Planejamento................................................................................................................ 194
2.4.1.2 Implementação............................................................................................................. 206

IX
2.4.1.3 Medição e avaliação.................................................................................................... 209
2.4.1.4 Análise crítica e melhoria........................................................................................... 209
3 MODELO DE GESTÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL................................................... 210
3.1 ANÁLISE CRÍTICA INICIAL......................................................................................................... 212
3.2 ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DE IMPLANTAÇÃO DA
GESTÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL............................................................................. 213
3.3 ESTRUTURAÇÃO DAS EQUIPES DE TRABALHO QUE PARTICIPARÃO DA
IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO........................................................................ 215
3.4 CAPACITAÇÃO (TREINAMENTO) DAS EQUIPES DE TRABALHO.................................... 216
3.5 ESTRUTURAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DA RESPONSABILIDADE
SOCIAL E SUA EFETIVA IMPLEMENTAÇÃO........................................................................... 216
3.6 ELEMENTOS NORMATIVOS E SUA INTERPRETAÇÃO........................................................ 218
3.7 DEFINIÇÕES..................................................................................................................................... 220
3.7.1 Empresa..................................................................................................................................... 220
3.7.2 Fornecedor................................................................................................................................ 221
3.7.3 Subcontratado.......................................................................................................................... 221
3.7.4 Ação de reparação................................................................................................................... 221
3.7.5 Ação corretiva........................................................................................................................... 221
3.7.6 Parte interessada...................................................................................................................... 221
3.7.7 Criança...................................................................................................................................... 221
3.7.8 Trabalhador jovem.................................................................................................................. 221
3.7.9 Trabalhador infantil................................................................................................................ 222
3.7.10 Trabalho forçado.................................................................................................................... 222
3.7.11 Reparação de crianças........................................................................................................... 222
4 REQUISITOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL....................................................................... 222
4.1 TRABALHO INFANTIL................................................................................................................. 223
4.2 TRABALHO FORÇADO................................................................................................................ 223
4.3 SAÚDE E SEGURANÇA................................................................................................................ 224
4.4 LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO & DIREITO À NEGOCIAÇÃO COLETIVA....................... 224
4.5 DISCRIMINAÇÃO.......................................................................................................................... 225
4.6 PRÁTICAS DISCIPLINARES......................................................................................................... 225
4.7 HORÁRIO DE TRABALHO........................................................................................................... 225
4.8 REMUNERAÇÃO............................................................................................................................. 226
4.9 SISTEMAS DE GESTÃO.................................................................................................................. 226
4.9.1 Política....................................................................................................................................... 226
4.9.2 Análise crítica pela alta administração................................................................................ 227
4.9.3 Representantes da empresa.................................................................................................... 227
4.9.4 Planejamento e implementação............................................................................................. 227
4.9.5 Controle de fornecedores....................................................................................................... 228
4.9.6 Tratando das preocupações e tomando ação corretiva...................................................... 228
4.9.7 Comunicação externa.............................................................................................................. 229
4.9.8 Acesso para verificação........................................................................................................... 229
4.9.9 Registros.................................................................................................................................... 229
5 SISTEMAS E PROCESSOS PARA MELHORIA CONTÍNUA DE
DESEMPENHO ENERGÉTICO (NORMA ABNT NBR ISO 50001:2011 -
SISTEMA DE GESTÃO DE ENERGIA)............................................................................................. 229
6 GESTÃO DE RISCOS, PRINCÍPIOS E DIRETRIZES - ABNT NBR ISO 31000......................... 238
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 243
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 245
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 246

X
TÓPICO 4: INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO............................................................... 247
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 247
2 MODELOS DE SISTEMAS DE GESTÃO INTEGRADOS........................................................... 247
3 IMPLEMENTAR INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO................................................. 248
4 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DE INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS....................... 249
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 250
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 253
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 255
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 257

XI
XII
UNIDADE 1

INTRODUÇÃO E CONCEITOS
FUNDAMENTAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você estará apto(a) a:

• apresentar um conceito de meio ambiente;

• apontar objetivos e finalidades da administração ambiental;

• descrever as relações existentes entre industrialização, urbanização e meio


ambiente;

• relacionar a importância da preservação ambiental ao crescimento da empresa;

• identificar estratégias para viabilizar a administração ambiental no âmbito


empresarial.

• conhecer as práticas sustentáveis adotadas pelas organizações.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um deles,
você encontrará atividades que o(a) auxiliarão a fixar os conhecimentos
desenvolvidos.

TÓPICO 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS

TÓPICO 2 – QUESTÕES BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL

TÓPICO 3 – EMPRESA E MEIO AMBIENTE

TÓPICO 4 – PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM AMBIENTAL E


MARKETING VERDE ADOTADO PELAS ORGANIZAÇÕES

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

CONCEITOS FUNDAMENTAIS

1 INTRODUÇÃO
Iniciamos os estudos de uma disciplina que demonstrará a importância do
meio ambiente, mas, não somente com boas intenções, visto que, mesmo a melhor
das intenções pode acarretar resultados infrutíferos se não houver organização,
planejamento e disciplina.

Nesse ínterim é que abordaremos a administração ambiental, como maneira


de organizar e, de maneira coerente, demonstrar sua utilização na rotina diária de
uma organização.

Esse tópico tratará dos conceitos fundamentais da disciplina, os quais,


durante todo o seu transcurso, estarão presentes de modo direto e indireto, visto
serem de primordial importância para a compreensão do conteúdo.

UNI

Caro(a) acadêmico(a)! O desafio foi lançado. Começaremos neste momento a


abordagem da metodologia de temas ambientais importantes sobre como a administração
ambiental pode aperfeiçoar a preservação ambiental nas empresas e comunidades.

2 OBJETIVOS E FINALIDADE

Com o avanço da tecnologia, o ser humano obteve uma capacidade sem


precedentes na história de destruição do meio ambiente.

Possuímos meios cada vez mais modernos e ágeis de produção, mas, nem
sempre esses meios são “ambientalmente corretos”. Em contrapartida, também
temos tecnologias de controle da poluição em franco processo de desenvolvimento.
Por que, então, não conseguimos resolver esse impasse?

3
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Temos situações negativas - geração de poluição, de consumo de recursos


naturais, degradação de ambientes. Também temos tecnologias que nos permitem
reduzir e praticamente eliminar essas situações. Então, o que está faltando?

Talvez, um pouco de planejamento, organização, controle do processo. Em


resumo: precisamos administrar nossa situação. Nesse ponto é que surge nossa
disciplina “administração ambiental”. Mas, o que é administração ambiental?

Para sobreviver em um mercado tão competitivo e exigente, as organizações


devem considerar as questões ambientais, identificando os aspectos ambientais
de seus processos, e administrá-las da mesma forma como administram outros
aspectos (produção, qualidade e pessoas).

As questões ambientais que não são administradas pelas organizações


acabam influenciando seus resultados de diversas formas:

 consumidores e/ou clientes conscientes que buscam comprar produtos e/ou


serviços de empresas que preservam o meio ambiente;

 indenizações e multas para aquelas empresas que causam impactos ambientais, por
falta de controle de seus processos;

 custo de produção elevado devido à falta de processos ecoeficientes.

Essas influências e fatores afetam direta ou indiretamente o custo dos


produtos ou serviços fornecidos. E qual deve ser a atitude dos empresários e
administradores com as questões ambientais que envolvem todas as organizações?

A solução dos problemas ambientais, ou sua minimização, exige uma


nova atitude dos empresários e administradores, que devem passar
a considerar o meio ambiente em suas decisões e adotar concepções
administrativas e tecnológicas que contribuam para ampliar a
capacidade de suporte da terra. (BARBIERI, 2011, p.103).

Mas de que forma surgiram os problemas ambientais nas empresas, que


precisam ser administrados?

Com o avanço da tecnologia, o ser humano obteve uma capacidade de


destruição sem precedentes na história. Possuímos meios cada vez mais modernos
e ágeis de produção, mas nem sempre esses meios são “ambientalmente corretos”.
Em contrapartida, também temos tecnologias de controle da poluição em franco
processo de desenvolvimento. Por que, então, não conseguimos resolver esse
impasse?

Temos situações negativas – geração de poluição, de consumo de recursos


naturais, degradação de ambientes. Também temos tecnologias que nos permitem
reduzir e praticamente eliminar essas situações. Então, o que está faltando?

4
TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Talvez um pouco de planejamento, organização, controle do processo. Em


resumo: precisamos administrar nossa situação. Nesse ponto é que surge nossa
disciplina “administração ambiental”. Mas, o que é administração ambiental?

Para uma melhor compreensão de administração ambiental, precisamos


antes entender o conceito de administração. Mas, o que é administração?

Conforme Park (1997, p.1), “Administração tem a função de coordenar


pessoas e recursos, com vistas a cumprir seus objetivos e metas”.

QUADRO 1 – FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO E TÓPICOS CORRELATOS

O QUE (WHAT) FAZER


Planejamento POR QUE (WHY) FAZER
COMO (HOW) FAZER
QUEM (WHO) VAI FAZER
Organização ONDE (WHERE) FAZER
QUANDO (WHEN) FAZER
EFICIÊNCIA E EFICÁCIA
Direção LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO
COMANDO EFICAZ
COMPARAÇÃO COM OS PADRÕES
Controle CORREÇÃO DE RUMOS
SUBSÍDIOS AO APERFEIÇOAMENTO
FONTE: Costa Neto e Canuto (2010, p. 45)

Conforme verificamos no quadro anterior, as funções da administração


exigem uma série de ações organizadas, visando sempre a resultados. Essas
funções podem ser aplicadas na administração ambiental em qualquer tipo de
organização.

O que é administração ambiental?

Administração ambiental ou simplesmente gestão ambiental, será


aqui entendida como diretrizes e as atividades administrativas e
operacionais, tais como planejamento, direção, controle, alocação de
recursos e outras realizadas com objetivo de obter efeitos positivos
sobre o meio ambiente, tanto reduzindo, eliminando ou compensando
os danos ou problemas causados pelas ações humanas, tanto evitando
que eles surjam. (BARBIERI, 2011, p. 190).

Como vimos, os conceitos de administração e administração ambiental


têm algo em comum: planejamento, direção e controle, visando obter resultados,
através de pessoas e recursos. No entanto, na administração ambiental, o foco é
a preservação do meio ambiente, através de instrumentos e/ou ferramentas, que
serão apresentados no Tópico 3, da respectiva unidade, que trata de ferramentas

5
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

da qualidade aplicadas na administração ambiental e em modelos de gestão


ambiental na Unidade 3, Tópico 3, do Caderno de Estudos.

Importante entender que alguns fatores motivam as organizações a investir


na administração ambiental, e esses motivos estão representados na figura a seguir:

FIGURA 1 – FATORES MOTIVACIONAIS PARA A PROTEÇÃO AMBIENTAL DE UMA ORGANIZAÇÃO

FONTE: Donaire,1995

Demais objetivos e resultados da administração ambiental serão


apresentados no Tópico 4, da respectiva unidade, quando abordaremos práticas
sustentáveis, rotulagem ambiental e marketing verde adotado pelas organizações.

3 FUNDAMENTOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL


O que é um fundamento? Quando você inicia a construção de uma casa,
qual a primeira etapa a ser realizada? É o fundamento. Em seguida, erguem-se as
paredes, dando continuidade à construção, ou seja, fundamento é a base na qual
está alicerçada a casa. Na administração ambiental o conceito é essencialmente o
mesmo.

O fundamento da administração ambiental é a base, ou seja, os motivos


que levam uma empresa a adotar as práticas ambientais corretas. Esses motivos
podem ser: ideológicos, administrativos, comerciais, legais ou outros. Porém,

6
TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS

independentemente de quais forem, eles foram a força motriz que levaram uma
organização a adotar essa prática.

As causas variam de uma organização para outra. Mas, podemos resumi-


los em alguns itens básicos:

• As matérias-primas (recursos naturais) utilizadas na empresa nos processos


de transformação estão cada vez mais escassas e caras. Por exemplo, água, ar,
madeira, entre outros, já não são mais bens “livres/grátis”. Certas empresas,
conforme o tipo de produto/serviço, necessitam de localização que disponha de
recursos naturais com qualidade e em grande quantidade, podendo esse fator ser
determinante para a instalação ou permanente da mesma, em uma localidade.

• O crescimento da população, principalmente nas grandes regiões metropolitanas


e nos países em desenvolvimento, tem grande influência sobre o meio ambiente
de suas localidades.

• A legislação ambiental está cada vez mais rígida, obrigando uma maior
preocupação ambiental.

• A cobrança da comunidade local, através da população vizinha, ONGs,


associações comunitárias, órgãos de imprensa em nível nacional e internacional.

• No que se refere às seguradoras e agentes financeiros, em países desenvolvidos


essa prática é muito comum. Empresas ambientalmente corretas conseguem
redução nas apólices de seguros, taxa de financiamento e outros benefícios.

• Clientes que estão cada vez mais exigentes, não querendo associar suas marcas
a de empresas que não tenham um histórico ambiental saudável. Em países
desenvolvidos, a questão ambiental é decisiva para conclusão de negócios.

• Investidores e acionistas conscientes da responsabilidade ambiental preferem


investir em empresas ambientalmente corretas.

UNI

Relembre do exemplo do EXXON Valdez, cujo desastre ambiental no Alasca quase


faliu a maior companhia de petróleo do mundo na década de 1980.

7
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

• O consumo de itens produzidos de maneira ambientalmente correta aumenta


no mundo todo. Os consumidores, em certos países, dispensam produtos ou
serviços que causam danos ambientais.

Esses fundamentos relacionados não são definitivos, mas são uma


amostra das principais razões que justificam uma empresa a adotar um modelo
administrativo ambientalmente correto.

4 NECESSIDADE E IMPORTÂNCIA DA ADMINISTRAÇÃO


AMBIENTAL PARA A EMPRESA
Devemos frisar que uma empresa é a única responsável por adotar uma
estrutura administrativa ambientalmente correta. Porém, após sua implantação, a
mesma passa a ser “lei”, que deverá ser cumprida integralmente, sob pena de ela
entrar em descrédito, não atingindo o foco principal, que é a preservação do meio
ambiente.

Pelo que abordamos até o momento, qual seria, então, a necessidade


e importância da administração ambiental para a empresa? Preservar o meio
ambiente? Mas será somente isso?

Uma empresa, mesmo sendo ambientalmente correta, precisa de “lucro”.


Sem ele não teremos recursos para investimentos ambientais. Sem lucro, uma
empresa deixará de existir, ou seja, o lucro significa a sobrevivência da empresa.

Então, a administração ambiental visará conciliar e dosar a medida de certas


práticas administrativas que resultem em proteção ao meio ambiente, mantendo a
empresa lucrando e ativa no mercado.

Uma empresa sem enfoque ambiental está cometendo um erro estratégico


enorme, possivelmente decretando futuramente sua extinção. Conforme
verificamos a cada dia, a população está cada vez mais consciente e atuante na
questão ambiental, procurando empresas que forneçam produtos e serviços
ambientalmente corretos. Não é um modismo, pois essa tendência será cada vez
mais forte e predominante. Então, uma empresa com uma posição oposta com
certeza não existirá no futuro.

Portanto, a questão, além de preservação ambiental, também é sobrevivência


empresarial, manutenção de empregos, distribuição de riqueza e responsabilidade
social.

8
TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS

FIGURA 2 – PRESSÕES PARA PRÁTICAS AMBIENTAIS NAS EMPRESAS

FONTE: Disponível em: <www.geocities.com>. Acesso em: 7 nov. 2008.

ATENCAO

Lembre-se da Figura 2, que apresenta os principais agentes de pressão para que


uma empresa adote práticas ambientais em sua administração. Isso será necessário para o
andamento futuro dos nossos trabalhos.

5 FINALIDADES BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO


AMBIENTAL E EMPRESARIAL
As finalidades básicas da administração ambiental de uma empresa devem
estar alinhadas com as suas metas, atividades e responsabilidades empresariais.
Elas não devem ser gerenciadas isoladamente, mas em conjunto, mesmo que exista
uma tendência de considerar um mais importante do que o outro.

Podemos dividir essas responsabilidades empresariais em:

• responsabilidade ambiental;

• responsabilidade econômica;

9
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

• responsabilidade social.

Dentro da responsabilidade ambiental temos como finalidades básicas:

• O máximo de rendimento com o mínimo de utilização dos recursos naturais.

• Buscar a compatibilidade ambiental dos processos produtivos e dos seus


produtos ou serviços. Com isso, busca-se a preservação do meio ambiente.

• Apresentar o desempenho ambiental compatível com as metas traçadas.

• Designar investimentos para áreas com oportunidades de melhorias ambientais.

6 O QUE É AMBIENTE
Primeiramente, o que é um ambiente? Qual sua definição?

Podemos definir ambiente como um conjunto de substâncias, circunstâncias


ou condições em que existe determinado objeto ou em que ocorre determinada
ação.

Porém, o termo ambiente aplica-se a vários campos de trabalho:

• Na ecologia e meio ambiente, destaque aos aspectos naturais, incluindo a luz, o


ar, a água, o solo ou os outros seres vivos e suas inter-relações.

• Na política, sociedade, econômica, estética, filosófica.

• Na área de administração, cujo ambiente externo é o entorno de um sistema


administrativo (ambiente da organização) e o componente individual desses
sistema é o ambiente interno (ambiente do trabalho ou tarefa).

6.1 CONCEITO DE MEIO AMBIENTE


O que realmente significa meio ambiente? Qual seu conceito?

Bem, o conceito de meio ambiente, tal qual como conhecemos atualmente,


não foi criado repentinamente, mas foi uma evolução ao longo do tempo, baseado
em ciências e conceitos preexistentes.

Inicialmente, todas as questões ambientais eram tratadas pela Ecologia, que


era definida como o estudo do lugar em que se vive, com ênfase sobre a totalidade
ou padrão de relações entre os organismos e o seu ambiente. Derivada do grego

10
TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS

oikos = casa e logos = estudo, ecologia significa o estudo do meio ambiente em que
vivemos e sua relação e interação com todos os seres vivos.

[...] A palavra ecologia foi definida pela primeira vez em 1866, por
Ernst Heinrich Haeckel [...] Segundo ele, a ecologia era ciência capaz
de compreender a relação do organismo com o seu ambiente.[...] Assim
a ecologia pode ser definida como: o estudo científico da distribuição
e abundância de organismos e das interações que determinam a
distribuição e abundância. (TOWNSED; BEGON; HARPER, 2010, p.16).

Com o surgimento dos estudos ambientais, criou-se o conceito de meio


ambiente. Inicialmente, o mesmo relacionava-se apenas às condições naturais.
Porém, após a Rio-92, o fator humano foi incorporado ao conceito de meio ambiente,
incluindo os problemas decorrentes das atividades humanas relacionadas à
questão ambiental.

Hoje, a definição clássica de meio ambiente foi alterada para uma visão
mais abrangente. Conforme o art. 3º, I, da Lei nº 6.938/81, o meio ambiente é
definido como “[...]o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.” Posteriormente,
na Constituição Federal de 1988, meio ambiente foi dividido em físico ou natural,
cultural, artificial e do trabalho.

O meio ambiente físico ou natural é constituído pela flora, fauna, solo,


água, atmosfera etc., incluindo os ecossistemas (art. 225, §1º, I, VII). Meio ambiente
cultural constitui-se pelo patrimônio cultural, artístico, arqueológico, paisagístico,
manifestações culturais, populares etc. (art. 215, §1º e §2º). Meio ambiente artificial é
o conjunto de edificações particulares ou públicas, principalmente na zona urbana
(art. 182, art. 21, XX e art. 5º, XXIII) e meio ambiente do trabalho é o conjunto
de condições existentes no local de trabalho, relativas à qualidade de vida do
trabalhador (art. 7º, XXXIII e art. 200).
 
Portanto, o homem passou a integrar plenamente o meio ambiente no
caminho para a preservação dos recursos naturais e desenvolvimento sustentável.

6.2 AMBIENTE DA ORGANIZAÇÃO


Como vimos, meio ambiente não significa apenas a natureza. Engloba
também os aspectos sociais, econômicos, culturais e políticos de uma instituição
pública ou privada.

Na administração, ambiente da organização é o entorno de um sistema


administrativo, ou seja, o ambiente externo de uma empresa.

Então, o ambiente da organização é o conjunto de todos os setores que


constituem a empresa. Portanto, cada setor, apesar de possuir características

11
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

peculiares de trabalho, contribui para a preservação ambiental e para o


cumprimento das metas estabelecidas, sendo os responsáveis pelo sucesso ou não
dos programas ambientais estabelecidos pela administração.

6.3 AMBIENTE DA TAREFA


Numa organização, o ambiente da tarefa refere-se às condições sociais ou
psicológicas que afetam as funções dos seus membros.

O ambiente da tarefa pode ser definido como sendo o conjunto de bens,


instrumentos e meios de natureza material e imaterial, em face do qual o ser
humano exerce atividades laborais (art. 200, VIII da CF). Representa o complexo
de fatores físicos, climáticos ou quaisquer outros que, interligados ou não, estão
presentes e envolvem o local de trabalho da pessoa.

Vimos, nesse primeiro tópico, os fundamentos básicos da administração


ambiental e a importância do meio ambiente no contexto das organizações. No
próximo tópico, vamos nos aprofundar ainda mais no assunto, verificando a
relação empresa, industrialização, meio ambiente e administração ambiental.

12
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você teve oportunidade de estudar os
seguintes itens referentes à administração ambiental:

• Objetivos, finalidades e fundamentos da administração ambiental.

• A necessidade e sua importância para uma organização nos dias atuais.

• Os conceitos de ambiente e seus desdobramentos:

• ambiente da organização;

• ambiente da tarefa e;

• meio ambiente.

13
AUTOATIVIDADE

Concluímos o primeiro tópico. Você teve contato com os conceitos da


administração ambiental e sua importância. Neste sentido, sugiro que você
elabore um texto sobre os principais problemas ambientais que estão ocorrendo
no mundo atual e suas consequências para o equilíbrio dos ecossistemas.
Escolher apenas um tema dos apresentados a seguir:

• Desmatamento

• Efeito estufa

• Buraco na camada de ozônio

• Crescimento populacional

• Resíduos sólidos

• Contaminação de recursos hídricos

• Desertificação

• Mudanças climáticas

14
UNIDADE 1
TÓPICO 2

QUESTÕES BÁSICAS DA
ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL

1 INTRODUÇÃO
Nesse tópico abordaremos questões básicas da administração ambiental,
como poluição e sua geração, nas indústrias e nas cidades, o impacto do crescimento
populacional sobre o meio ambiente e as relações entre empresa e meio ambiente.

Sendo assim, conheceremos alguns pontos importantes, bem como as inter-


relações existentes em comunidade, empresa e meio ambiente.

2 CONCEITOS DE POLUIÇÃO
Toda atividade humana tem como consequência o consumo de matéria-
prima e geração de resíduos. Esses resíduos, normalmente, são descartados no
meio ambiente. Tal descarte gera um impacto negativo nas localidades que o
recebem, sendo conhecido como poluição.

Todos já ouviram ou leram sobre esse tema, mas exatamente o que é


poluição? Conforme estabelece a Lei nº 6.938/1981 - Lei da Política Nacional de
Meio Ambiente, “poluição é a degradação da qualidade ambiental, resultante de
atividades que, direta ou indiretamente:
 
• prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 

• criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 

• afetem desfavoravelmente a biota; 

• afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 

• lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais


estabelecidos.“

15
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Portanto, poluição é um impacto ambiental, que pode ser negativo ou


positivo, mas, no caso da poluição, ele sempre será negativo. Podemos considerar
um impacto ambiental como sendo qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio ambiente, cuja causa pode estar em qualquer
forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta
ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as
atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio
ambiente; a qualidade dos recursos ambientais.

DICAS

Para aprofundar seus conhecimentos sobre as principais fontes de poluição,


inicialmente consulte os seguintes sites:
<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/areas_degradadas/saneamento_e_poluicao.html>
e <http://www.cetesb.sp.gov.br/ar/Informa??es-B?sicas/21-Poluentes>.
Caso desejar, poderá também consultar literaturas correlatas sobre o tema.

TUROS
ESTUDOS FU

Você verá, mais tarde, a importância desses elementos no transcorrer de nossos estudos.

3 A INDUSTRIALIZAÇÃO E A URBANIZAÇÃO
A primeira Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente, realizada
em Estocolmo em junho de 1972, colocou a questão ambiental em foco, reunindo,
pela primeira vez, representantes de governos, para discutir a necessidade de
tomar medidas efetivas de controle dos fatores que causam degradação ambiental.

Nesse evento popularizou-se a frase da então primeira ministra da Índia,


Indira Ghandi: “A pobreza é a maior das poluições”. Foi nesse contexto que os
países do Sul afirmaram que a solução da poluição não era brecar o desenvolvimento
e, sim, orientar o desenvolvimento para preservar o meio ambiente e os recursos
não renováveis.

O crescimento da população mundial e a migração para os grandes


centros urbanos criaram uma situação de impacto ambiental em nível mundial.
Consequentemente, a atividade industrial cresceu para atender à demanda por
produtos industrializados, carros, roupas, alimentos, remédios, lazer, água,
combustíveis, etc.
16
TÓPICO 2 | QUESTÕES BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL

Esse aumento populacional e industrial está consumindo os recursos


naturais num ritmo que não permite a sua autorregeneração. Exemplo disso,
temos a atual crise do aumento de preços dos alimentos. Nunca tivemos uma
área cultivada tão grande no mundo, também nunca a produção de alimentos foi
tão grande, a eficiência das culturas agrícolas está cada vez maior. Então, como
justificar a falta de alimentos e o aumento dos preços?

Primeiramente, é a distribuição de alimentos, muitas vezes nos locais


em que são cultivados e industrializados, não sendo este, às vezes, o local de
maior consumo. Muitos países em vias de desenvolvimento e subdesenvolvidos
têm como atividade econômica principal o setor agrícola, mas, como principal
fonte de recursos financeiros, eles acabam exportando sua produção para países
desenvolvidos, ficando somente o excedente para o mercado interno.

Segundo, o destino desses alimentos. Um exemplo típico é a questão dos


biocombustíveis. Nos EUA, a geração de etanol utiliza como matéria-prima o
milho. Como a lucratividade é maior na produção de álcool do que em produtos
alimentares, os produtores de milho estão destinando suas safras para o setor de
álcool. Com isso, o preço do milho subiu no setor alimentar, elevando os custos em
toda a cadeia alimentar.

A preocupação ambiental para encontrar substitutos aos combustíveis


fósseis está gerando, em contrapartida, falta de alimentos para a população
mundial, ou seja, faltou visão, faltou administração ambiental.

FIGURA 3 – CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL DE 1950 - 2100

FONTE: Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (1987) – ONU

17
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

O gráfico da figura anterior mostra como a situação é preocupante,


pois os países considerados desenvolvidos possuem uma taxa de crescimento
populacional estável. Normalmente, esses países possuem recursos financeiros e
poucos recursos naturais para se autossustentar. Exemplo típico - Japão e Europa.
Os EUA possuem recursos naturais abundantes, entretanto, seu ritmo de consumo
é tão acelerado que ele busca recursos em outros países.

Segundo a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento


– ONU (1987), essa situação faz com que os países menos desenvolvidos exportem
a produção para os países desenvolvidos, a maioria das vezes não levando em
consideração processos ambientalmente corretos, por diversos motivos: são caros,
não detêm tecnologia, não possuem legislação ambiental e etc.

O aumento da população causa impactos ambientais, elevando o consumo


de recursos naturais e agravando a emissão de gases de efeito estufa. Veja o que
dizem os pesquisadores americanos.

AUMENTO DA POPULAÇÃO AGRAVA A EMISSÃO DE GASES DE


EFEITO ESTUFA
PESQUISADORES AMERICANOS INDICAM QUE A CADA AUMENTO DE
1% DA POPULAÇÃO, A EMISSÃO DE GASES CRESCE EM MAIS DE 1%

A superpopulação é um dos fatores que pressionam o meio ambiente,


ao aumentar o consumo de recursos naturais. Uma nova pesquisa, porém,
indica que o impacto do crescimento populacional pode ser maior do que se
imaginava. "Olhando para a maioria das nações durante as últimas décadas,
nós descobrimos que para cada 1% de aumento da população, nós atingimos
um pouco mais de 1% no aumento de emissões", afirma Thomas Dietz,
pesquisador da Universidade do Estado de Michigan.

Dietz e seu colega Eugene Rosa, da Universidade do Estado de


Washington, publicaram no último domingo um artigo na revista Nature
Climate Change detalhando esse fenômeno. No trabalho, eles analisaram
de forma crítica os vários fatores que vêm sendo considerados  suspeitos
dos causadores da mudança climática, principalmente o crescimento da
população mundial.

No final do ano passado, a ONU divulgou que a população


mundial chegou a 7 bilhões. As projeções são de que, até o final do
século, esse número cresça para 10 bilhões. De acordo com Dietz, "[...] isso
inquestionavelmente vai aumentar o impacto que nós causamos no planeta".

Segundo os autores, até pouco tempo atrás o debate de mudanças


climáticas estava focado em se ela foi provocada pela atividade humana.
Recentemente, o debate mudou para que tipos de atividades estão criando
esse efeito.

18
TÓPICO 2 | QUESTÕES BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL

"Nenhum fator age de forma independente do outro", diz Dietz,


professor de sociologia e política e ciência do meio ambiente. "O efeito
do tamanho da população depende do consumo, os efeitos de consumo
dependem de quantas pessoas estão consumindo e em que nível".

Tecnologia a favor do meio ambiente - O estudo analisou e levou


em conta parâmetros como o nível de consumo, a prosperidade dos países
e o aumento da população. Muitos acreditam que a mudança climática está
relacionada com o desenvolvimento de um Estado: as nações mais prósperas
usam mais recursos e então geram mais emissões.

Os autores indicam que, por outro lado, cidadãos de nações mais


prósperas costumam ter mais consciência social e geralmente estão mais
dispostos a trabalhar e pagar por um ambiente mais limpo.

"O aumento do uso de eletricidade gerada por fontes renováveis


que não emitem gases do efeito estufa, por exemplo, pode parcialmente ou
completamente compensar a tendência do aumento de emissões gerado pelo
crescimento de prosperidade", afirma Dietz.

De acordo com o estudo, o crescimento esperado para as próximas


décadas em termos de economia e de número da população tende a elevar as
emissões substancialmente.

A única salvação, para os autores, é o aprimoramento tecnológico e


mudanças na forma que o homem usa os recursos. "Estas alterações terão de
ser enormes, porque elas devem contrabalancear os aumentos substanciais da
população, especialmente com o aumento da prosperidade", afirma Dietz.

FONTE: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/aumento-da-populacao-agrava-a-


emissao-de-gases-de-efeito-estufa>. Acesso em: 10 out. 2012.

NOTA

Caro(a) acadêmico(a), para aprofundar seus conhecimentos, sugerimos uma


pesquisa sobre o tema: crescimento populacional e falta de alimentos.

19
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

4 EMPRESA E MEIO AMBIENTE


Desde o início de nossa história, a interação entre a atividade humana e o
seu meio ambiente foi fator dominante na moldagem de um pelo outro.

Quando esta atividade, por força da sua organização, passa a ser


denominada uma empresa, ela se torna, inevitavelmente, um elo essencial na
cadeia de equilíbrio do meio ambiente como um todo.

Vale a pena ler o texto disponível no site <www.pactomataatlantica.org.br>


e refletir sobre a importância da Mata Atlântica para humanidade.

A FLORESTA E SUA HISTÓRIA

A Mata Atlântica é um dos cinco hotspots de biodiversidade mais


importantes da Terra e a maior Reserva da Biosfera designada pela UNESCO,
representando uma das regiões prioritárias para conservação a nível mundial.
Séculos atrás, a floresta se estendia por mais de 130 milhões de hectares ao
longo da costa leste brasileira, abrangendo trechos do norte da Argentina
e leste do Paraguai. Hoje, no Brasil, restam apenas 7% da Mata Atlântica
em bom estado de conservação, distribuídos em fragmentos isolados
acima de 1.000 hectares cada. Os últimos remanescentes desta exuberante
floresta abrigam uma riqueza de diversidade biológica comparável à célebre
Amazônia. Nos locais onde ela sobrevive, a Mata Atlântica apresenta uma
das paisagens mais espetaculares da Terra, como a deslumbrante costa do
Rio de Janeiro.

O desmatamento da Mata Atlântica teve início nos séculos XVI e


XVII quando valiosas madeiras nobres, ideais para a construção naval e
indústria moveleira, eram enviadas para a Europa. Entretanto, a maior
parte do desmatamento ocorreu nos últimos cem anos. Hoje, algumas áreas
de florestas ainda estão sendo derrubadas para o plantio de soja, cana-de-
açúcar, pínus e eucaliptos, além da pecuária e do comércio ilegal de madeira.

A expansão das cidades e o desenvolvimento do litoral transformaram


a vasta floresta na região mais densamente habitada e industrializada da
América Latina. Apenas no Brasil, 70% da população, mais de 130 milhões de
pessoas, residem na Mata Atlântica. Preservar o que resta da Mata Atlântica é
uma prioridade de conservação global e um desafio urgente.

FONTE: Disponível em: <http://www.pactomataatlantica.org.br/floresta-sua-historia.aspx?lang=pt-


br>. Acesso em: 15 out. 2012.

20
TÓPICO 2 | QUESTÕES BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL

A preservação das grandes florestas depende do homem. A destruição das


florestas também depende do homem. A diferença está na responsabilidade e na
competência administrativa.

A degradação, ponto central da maioria das preocupações ambientais,


refere-se a quatro grandes categorias de poluidores:

• INDÚSTRIA: ela produz resíduos sólidos, efluentes líquidos, emissões


atmosféricas que provocam acidentes que, geralmente, deterioram de maneira
permanente os locais.

• SERVIÇOS: eles produzem resíduos sólidos (meios de transportes,


computadores, meios de comunicação), efluentes líquidos (turismo de verão) e
emissões atmosféricas (autoestrada).

• DISTRIBUIÇÃO: ela produz resíduos sólidos (as embalagens e os objetos


usados), acidentes (incêndios de armazéns com emissões atmosféricas), efluentes
líquidos (limpeza) e fumaça (incineração).

• RESIDENCIAL: produzem resíduos sólidos, efluentes líquidos, emissões


atmosféricas e descarte de montanhas de produtos consumidos.

Entretanto, existe um novo tipo de indústria – a INDÚSTRIA DO MEIO


AMBIENTE –, que procura minimizar o impacto causado pela atividade humana
no meio ambiente. Ela foi criada a partir da conscientização generalizada da
década de oitenta e está se estruturando, no mundo inteiro. Temos três setores:

• as indústrias de reciclagem e limpeza;

• a engenharia das tecnologias limpas;

• a indústria de medida de controle.

5 PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO
Com o advento da geração da poluição pelas instituições criadas pelo
homem, inicialmente, tivemos a necessidade de destinar esses resíduos para algum
local que não interferisse na rotina diária de nossas vidas. Com isso, criaram-se
os aterros sanitários, processos, práticas, materiais ou produtos que evitem ou
reduzam a poluição, os quais podem incluir a reciclagem, tratamento, mudanças
no processo, mecanismos de controle, o uso eficiente de recursos e de substituição
de materiais.

21
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

UNI

Para aprofundar seus conhecimentos e detalhes da implantação de programa


de prevenção ambiental, consulte o site: <http://www.cetesb.sp.gov.br/tecnologia-ambiental/
Produ??o-e-Consumo-Sustent?vel/11-Documentos>.

6 CONCILIANDO AS NECESSIDADES DA ORGANIZAÇÃO


COM AS QUESTÕES AMBIENTAIS
As empresas, como tudo no mundo evoluiu, também se modernizaram, e
assim, também, a maneira de administrá-las. Sabe-se que a busca do lucro sempre
fez parte das intenções das empresas. Esta busca frenética pelo lucro, entretanto,
tornou as empresas míopes em relação a noções fundamentais de sobrevivência.

As preocupações ambientais surgiram na década de setenta e ganharam


força a partir da década de oitenta, forçando as indústrias a conciliar seu
desenvolvimento com a proteção ambiental. Inicialmente, muitas empresas
ficaram preocupadas, não compreendendo essa questão.

Sobre estes aspectos, sabe-se que, para qualquer empresa se estabelecer,


precisa da autorização do poder público.

Hoje, a comunidade tem poder para impedir a implantação de um


empreendimento num processo de licenciamento ambiental, com base nas leis
brasileiras, podendo solicitar também o fechamento de uma empresa em operação
que esteja transgredindo a legislação ambiental.

Assim, as empresas precisam entender que sua missão é atender a uma


demanda, em primeiro lugar, a sociedade. A sociedade precisa de empresas,
produtos, serviços, mas também de qualidade de vida e responsabilidade
ambiental.

UNI

Agora que você já viu o conceito de poluição, prevenção de poluição e as


necessidades das empresas em relação ao meio ambiente, podemos abordar como deveremos
proceder para alcançarmos o desenvolvimento sustentável. É o que faremos na sequência.

22
TÓPICO 2 | QUESTÕES BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL

7 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Em poucas palavras, é o desenvolvimento “limpo”, sem altos custos
ambientais. A conscientização de que o crescimento econômico não poderia mais
se desenvolver a qualquer custo e de que o planeta sofria de uma crise ambiental
crônica - motivada por modelos de desenvolvimento que desconsideravam
totalmente o meio ambiente - foi assumida pela primeira vez em Estocolmo, na
Suécia, em 1972.

O Desenvolvimento Sustentável é um modelo que visa manter o


crescimento das empresas, levando em consideração as variáveis éticas, sociais,
políticas, respeitando o meio ambiente, sem perder o foco financeiro dos negócios,
agindo com pró-atividade e atuando de forma responsável. Evita desperdícios de
investimentos, recursos naturais e humanos, surgimento de passivos desnecessários,
autuações e ações de responsabilidade civil, administrativa e criminal. Com isso,
direciona a Instituição para um futuro sólido, sem o risco do comprometimento da
sua imagem e do negócio.

O conceito de sustentabilidade atinge as dimensões econômicas, ambientais


e sociais, tornando-se um grande desafio na prática.

A grande surpresa é que o meio empresarial respondeu de maneira melhor


que a própria sociedade civil, que enfrenta dificuldades em modificar seus hábitos
de consumo. Contudo, a conclusão é simples: o Desenvolvimento Sustentável é
uma obrigação e não uma escolha perante um futuro digno para o nosso planeta.
Para Donaire, o conceito de desenvolvimento sustentável tem três
vertentes principais: crescimento econômico, equidade social e equilíbrio
ecológico. Segundo o autor, a tecnologia deverá ser orientada para metas
de equilíbrio com a natureza. Sob esta ótica, o conceito de desenvolvimento
apresenta pontos básicos que devem considerar, de maneira harmônica,
crescimento econômico, maior percepção com os resultados sociais
decorrentes e equilíbrio ecológico. (DONAIRE,1995 apud MOTA, 2000).

Sob esta ótica, o conceito de desenvolvimento apresenta pontos básicos,


que devem considerar de maneira harmônica crescimento econômico, maior
percepção com os resultados sociais decorrentes e equilíbrio ecológico na utilização
dos recursos naturais.

8 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE DAS


EMPRESAS BRASILEIRAS
Os indicadores de sustentabilidade tornaram-se importante instrumento
para demonstrar o quanto as empresas adotam práticas sociais, ambientais e
econômicas sustentáveis. Indicadores são fundamentais para toda organização
que deseja monitorar suas ações, mensurar seus resultados e buscar melhorias em
seus processos, visando à sustentabilidade.

23
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Indicadores são formas de representação quantificáveis usadas para medir


a qualidade relativa de um produto, serviço, item, operação, processo ou sistema.
(PRAZERES, 1996 apud BLAUTH, 2006).

Para entender a situação das empresas brasileiras sobre questões de


sustentabilidade, veja a seguir pesquisas com indicadores que retratam a real
situação das empresas no Brasil.

QUASE 60% DAS EMPRESAS DO PAÍS JÁ ADOTAM PRÁTICAS


SUSTENTÁVEIS

Levantamento da Amcham revela que 57% das empresas localizadas


no Brasil investem em iniciativas deste tipo

Por Eliane Quinalia


 
SÃO PAULO – As empresas brasileiras estão adotando cada vez mais
práticas sustentáveis. Ao menos é isso o que aponta um recente levantamento
da Amcham-SP.

De acordo com o estudo divulgado durante a entrega do Prêmio


ECO 2011, quase 60% das companhias localizadas no país relataram já
ter incorporado às suas operações algum tipo de ação sustentável. “Essa
consciência cada vez maior por parte dos empresários é o que realmente
move a sustentabilidade adiante”, declarou o CEO da Amcham, Gabriel
Rico, ao apresentar os destaques da sondagem.

Demais empresas

Já para as demais empresas, a sustentabilidade é considerada


relevante, mas sua integração ao negócio ainda é incipiente, afinal, somente
17% analisam a possibilidade de implementar projetos nessa área e 14%
desenvolvem ações sociais e ambientais com foco em comunidades – do
entorno ou não –.

O estudo revela ainda que 12% realizam iniciativas sustentáveis não


integradas ao negócio, em que declaram sentir a necessidade dessa integração.

Ações adotadas

Entre as principais, destacam-se principalmente, por exemplo, aquelas


que visam reduzir os impactos ambientais causados por tais empresas,
com 18% dos votos, a ética corporativa (17%) e a incorporação do tema aos
sistemas de gestão (10%). A preocupação com clientes e gestores, entretanto,
costuma aparecer na sequência, com 10% dos votos, sendo seguida pela
governança corporativa (9%) e pelos relatórios de sustentabilidade, com 8%.

Os reais motivos

Mas engana-se quem imaginar que o envolvimento de uma empresa


com tal prática costuma ocorrer unicamente para fins ecológicos.

24
TÓPICO 2 | QUESTÕES BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL

Segundo o próprio estudo, a maioria dos empresários consultados


é categórica ao afirmar que a sustentabilidade traz vantagens comerciais,
especialmente no que diz respeito à imagem.

A afirmação foi feita por 32% dos executivos entrevistados. Já outros


26%, no entanto, defendem a melhoria do capital humano e o aprendizado
organizacional como principais valores agregados do negócio.

Outros itens apontados pelo levantamento foram o aperfeiçoamento


da gestão, mencionado por 18% dos profissionais, a minimização dos riscos
(7%) e o aumento nas vendas e margens (4%).

Pesquisa

A pesquisa avaliou a opinião de 76 executivos de empresas associadas


de variados portes e setores da economia entre os dias 4 e 25 de novembro.

FONTE: Disponível em: <http://www.infomoney.com.br/negocios/noticia/2276303/quase-das-


empresas-pais-adotam-praticas-sustentaveis>. Acesso em: 10 jan. 2013.

Segundo Tachizawa (2010, p. 405), “Indicadores de Desenvolvimento


Humano Organizacional – IDHO –, como proposta alternativa de instrumento
de monitoramento da sustentabilidade empresarial, servem como diagnóstico
de sustentabilidade, possibilitando verificar ações socioambientais no universo
empresarial de empresas brasileiras”.

Foram pesquisados e analisados os fatores de influência da sustentabilidade


através de pesquisa com as maiores organizações do ramo industrial, comercial e
de prestação de serviços que atuam na economia nacional (critério da publicação,
Melhores e Maiores 2009 da revista Exame).

QUADRO 2 – AÇÕES SOCIOAMBIENTAIS

Discriminação Serviços Industrial Comercial


Educação 36,4 % 44,7 % 25,5 %
Meio Ambiente 11,9 % 75,8 % 43,1%
Saúde 37,8 % 22,3 % 35,4 %
Ações Comunitárias 44, 3% 31, 1% 49, 8%
FONTE: Tachizawa (2010, p. 407)

Conforme Tachizawa (2010), as respostas evidenciaram uma preponderância


de ações de proteção ambiental nas empresas industriais (75,8%). Nas demais
empresas, serviços (11,9%) e comerciais (43,1%), notou-se menor ênfase com
relação ao meio ambiente. Outras ações sociais e comunitárias se distribuíram
equilibradamente, com ligeiro destaque aos setores comerciais e de serviços.

O tema sustentabilidade faz parte da agenda das empresas conforme


pesquisa realizada pelo Ibope Ambiental, apresentando os seguintes resultados:

25
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

• cerca de metade das empresas já possui áreas estruturadas e políticas com


metas e ações planejadas dedicadas exclusivamente à sustentabilidade;

• para cada 10 empresas, 6 declaram ter um plano estratégico de


sustentabilidade em suas organizações;

• o desenvolvimento das empresas em relação à sustentabilidade revela que


o maior motivo que leva as empresas a investir em processos sustentáveis
são os aspectos externos às organizações (pressões do mercado, de clientes,
da sociedade civil, atender exigências de regulamentação etc.);

• 70% afirmam que seus clientes já buscaram informações sobre o engajamento


da empresa no tema, sendo uma tendência que deverá se acentuar nos
próximos anos;

• a relação custo-benefício será impactada pela incorporação de valores e


práticas relacionadas à sustentabilidade.

FONTE: Disponível em: <http://www4.ibope.com.br/ambiental>. Acesso em: 15 out. 2012.

Apesar das práticas sustentáveis das empresas, as organizações não


demonstram preocupação para a falta de recursos naturais em curto prazo,
conforme demonstra a pesquisa pela consultoria britânica. Leia a seguir.

PESQUISA DA CONSULTORIA BRITÂNICA CARBON TRUST COM 475


EXECUTIVOS NOS EUA, BRASIL, CHINA, COREIA DO SUL E REINO
UNIDO MOSTRA QUE A MAIORIA DAS COMPANHIAS IGNORA O
PROBLEMA NO CURTO PRAZO

26
TÓPICO 2 | QUESTÕES BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL

FONTE: Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/empresas-


falta-recursos-naturais-negocios-sustentabilidade-729490.shtml>. Acesso em: 15 out. 2012.

27
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Todas as pesquisas apresentadas indicam que as organizações estão


desenvolvendo ações de sustentabilidade influenciadas por pressões externas.
Essas ações ambientais são mais aplicadas pelas indústrias, devido ao maior
risco de impactos ambientais dos processos industriais. De maneira geral, as
organizações possuem conhecimento sobre o tema e entendem que não basta ter
ações sustentáveis, devem utilizar indicadores para divulgar seus resultados.

A partir dos indicadores de sustentabilidade, empresas de todos os tipos


e porte podem utilizar essas informações para estabelecerem ações em seus
planejamentos estratégicos e ações internas para melhorar o desempenho de
sustentabilidade.

Há uma forte tendência das empresas de utilizarem indicadores à medida


que as pressões dos stakeholders aumentam, visando demonstrar melhorias de
desempenho de sustentabilidade. No Tópico 4, da respectiva unidade, serão
apresentados práticas de sustentabilidade em complemento a este assunto.

NOTA

O termo stakeholders, em inglês, significa “stake”, interesse; e “holder”, aquele que


possui. Na prática são todos aqueles que influenciam uma empresa. São os interessados pelos
projetos, gerenciamento, mercado e produtos de uma empresa.
São os colaboradores, funcionários, clientes, consumidores, planejadores, acionistas,
fornecedores, governo e demais instituições que direta ou indiretamente interfiram nas
atividades gerenciais e de resultado de uma organização.
É qualquer indivíduo ou entidade que afete as atividades de uma empresa. O termo foi
inaugurado pelo filósofo Robert Edward Freeman, que defendia a ideia da interferência dos
stakeholders como fundamental no planejamento estratégico.
FONTE: REBOUÇAS, Fernando. Disponível em: <http://www.infoescola.com/administracao_/
stakeholders/>. Acesso em: 6 out. 2012.

28
RESUMO DO TÓPICO 2
Nesse tópico, caro(a) acadêmico(a), você teve oportunidade de estudar os
seguintes itens referentes à administração ambiental:

 Conceito de poluição, que se refere a toda degradação ambiental causada por


atividades humanas, bem como, maneiras de prevenção desta poluição.

 Oimpacto da industrialização e do crescimento urbano e populacional sobre o


meio ambiente.

 A relação entre as empresas e o meio ambiente.

 A conciliação entre as necessidades de uma organização empresarial e as


questões ambientais.

 O conceito de desenvolvimento sustentável e sua importância.

 Conhecer indicadores de sustentabilidade das empresas brasileiras.

29
AUTOATIVIDADE

Você deve ter notado que o tema do Tópico 2 nos direciona - a partir do conceito
da poluição, da responsabilidade que a sociedade possui na geração, redução e
tratamento dos poluentes - ao desenvolvimento sustentável.

Nesses termos, sugerimos que realize uma pesquisa sobre os principais


acidentes ambientais ocorridos no século XX e quais foram as principais falhas
que os causaram, conforme lista a seguir.

 Minamata, Japão, anos 50 => A indústria química Chisso despeja 460


toneladas de materiais poluentes na Baía de Yatsushiro.

 Ontário, Canadá, 1982 => Chuvas ácidas, queima de combustíveis em


território norte-americano, mortandade de peixes em 147 lagos.

 Cubatão, São Paulo, 1984 => Rompimento de oleoduto da Petrobrás,


incêndio, favela de Socó, uma das áreas mais poluídas do planeta.

 Bhopal, Índia, 1984 => Vazamento de isocianeto de metila em fábrica de


pesticidas da Union Carbide mata mais de 2000 pessoas.

 Chernobyl, antiga URSS, 1985 => Explosão destrói um reator da usina


atômica, lançando 100 milhões de curies de radiação na atmosfera.

 Basileia,Suíça, 1986 => Incêndio em indústria química da Sandoz atira no


Reno 30 toneladas de pesticidas e outros produtos tóxicos.

 Alasca,EUA, 1989 => Petroleiro Exxon Valdez bate em recife e derrama 41,5
milhões de litros de petróleo no estreito de P. Willian.

 Rio de Janeiro (RJ), Araucária (PR), 2000 => Rompimento de dutos


transportadores de óleo, comprometendo a baía de Guanabara e o rio
Barigui, afluente do Rio Iguaçu.

 Golfo do México, 2010 => Explosão na plataforma de petróleo da BP no Golfo


do México provocou a morte de 11 pessoas, além de jogar no mar mais de 4
milhões de barris de óleo, no pior desastre ambiental da história dos Estados
Unidos.

30
UNIDADE 1
TÓPICO 3

EMPRESA E MEIO AMBIENTE

1 INTRODUÇÃO
Nesse tópico abordaremos a inter-relação da empresa com o meio ambiente,
seus impactos, o entendimento do meio ambiente, a importância da comunicação
na organização para a preservação e como podemos utilizar todos esses itens para
maximizar a eficiência da administração ambiental na empresa.

2 A ADMINISTRAÇÃO VERDE
De tantos confrontos entre empresas e o meio ambiente, esquecemos
que, na realidade, ambos estão integrados em um único ecossistema. Procurem
relembrar a definição de meio ambiente. E este deve ser administrado de maneira
responsável.

Atualmente, um dos setores que mais se desenvolvem é o da biotecnologia,


para a qual uma das primeiras técnicas, a fermentação, foi aprendida no estado
natural, há alguns milhares de anos. O próprio tema biotecnologia denota a
aplicação de técnicas biológicas em escala industrial. Então, temos demonstrada
nesse simples exemplo a integração da organização industrial com o meio ambiente.

Esse compartilhamento de ferramentas, métodos e conhecimento não só


se refere aos aspectos técnicos, mas também financeiros, comerciais, de recursos
humanos, administrativos e de pesquisa e desenvolvimento.

A razão básica que explica a hesitação por parte dos empresários em aceitar
o fator ambiental em sua administração é devida ao fato de que os mesmos não
possuem uma mentalidade de que o meio ambiente interage com a administração
rotineira de uma empresa. Essa realidade não é facilmente assimilada por pessoas
que, normalmente, gerenciam atividades voltadas apenas para resultados
financeiros.

Por conseguinte, em sua lógica, considera-se o tema meio ambiente


problema dos outros, adotando uma postura, com frequência, defensiva.

Então, é necessária a transformação da questão ambiental em um valor da


organização. Essa transformação dependerá de ações da Alta Administração e de
suas gerências. Os exemplos que elas darão sobre a importância do meio ambiente
31
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

provocarão consequências no resto da organização. O comparecimento em


reuniões para especificar a prioridade das agendas indicará se, realmente, a causa
ambiental é importante. A omissão dessa questão nas reuniões ou sua inclusão
ocasional podem sugerir baixa prioridade. As chefias e os subordinados captarão
esse comportamento e agirão de acordo com essa percepção.

É bom não esquecer que os colaboradores dessa empresa serão os


responsáveis por garantir a imagem ambiental da empresa internamente e
disseminar isto junto à comunidade local em que vivem. Da mesma maneira, os
empresários e a Alta Administração têm importante papel na transmissão dessa
imagem para o mundo exterior da empresa, à sociedade, ao governo e aos órgãos
de controle ambiental.

3 APRENDER A SE COMUNICAR: A PRIMEIRA URGÊNCIA


O primeiro obstáculo que o empresário tem em matéria de administração
ambiental é o da comunicação, seja ela interna ou externa.

Embora o empresário tenha certeza de que possui um produto


ambientalmente correto, o mesmo não dispõe das ferramentas necessárias para
transmitir essas informações ao público interno e externo.

Faltam-lhe argumentos que demonstrem a eficácia de seu trabalho,


com relação aos aspectos ambientais gerados, ao funcionamento do sistema de
administração ambiental, às responsabilidades de cada indivíduo dentro da
empresa.

Para elucidar essa questão, a melhor maneira é a exposição simples e direta,


demonstrando a realidade da situação da forma mais honesta e aberta possível.

Mesmo assim, a comunicação pode ser ou não conclusiva. Em questões


ambientais, podemos ter situações complexas de serem abordadas e solucionadas.
Como exemplo disso, existe a situação da energia nuclear. A seguir, veja um
diálogo hipotético entre um representante da Comissão Nacional de Energia
Nuclear (CNEN) e ativistas ambientais:

• CNEN – A energia nuclear é a mais limpa de todas as energias.

• Ativistas – Hiroshima!

• CNEN – O controle pacífico do setor nuclear assegurará à humanidade uma


fonte de energia inesgotável.

• Ativistas – Nagasaki!

32
TÓPICO 3 | EMPRESA E MEIO AMBIENTE

• CNEN – Os procedimentos de controle que foram implantados são excelentes e


eliminam a hipótese de qualquer tipo de acidente.

• Ativistas – Chernobyl!

• CNEN – Mas afinal, o que vocês querem?

• Ativistas – Queremos energia limpa!

• CNEN – Mas, a energia nuclear é a mais limpa de todas as energias.

• Ativistas – Hiroshima!

Esse embate prosseguirá interminavelmente, pois, apesar deles estarem


conversando, não existe comunicação. Ambos têm pontos relevantes sobre
a questão, mas a intransigência faz com que a comunicação não prossiga e a
negociação emperre.

Realmente, a energia nuclear é a energia mais limpa criada até hoje, também
a energia nuclear é potencialmente poluidora para as regiões em que estas usinas
estão instaladas.

Porém, também o são: centrais hidroelétricas, termoelétricas, manipulação


genética, agrotóxicos, pragas ambientais por desequilíbrios nos ecossistemas etc. A
quantidade de situações potencialmente danosas e impactantes ao meio ambiente
é grande. A diferença está na administração má ou incompetente de cada situação.

Então, em questão de comunicação ambiental, temos que possuir


argumentos, clareza, simplicidade, objetividade, honestidade, mas ter a capacidade
de conciliar posições conflitantes.

4 ENTENDER O MEIO AMBIENTE


O meio ambiente foi, é e será sempre alterado pela atividade humana. Em
todos os tempos, a atividade humana planificou, moldou e administrou a natureza.

O que muda, a partir de agora, é a responsabilidade pela maneira com que


administraremos essa utilização.

A empresa deve assumir as consequências de sua má ou boa administração


dos recursos naturais e, para isso, ela deverá definir objetivos, estratégias e um
modo de administração responsável. A administração ambiental empresarial
não é, de jeito nenhum, a consequência de uma vontade de dominar, destruir ou
antagonizar.

Trata-se da consequência lógica da responsabilidade coletiva econômica,


que é, atualmente, a de todos os envolvidos no equilíbrio ambiental do planeta.
33
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

5 COMPREENDER O MEIO AMBIENTE PARA PRESERVAR


O assunto meio ambiente, por mais discutido que seja, ainda não é muito
claro para a maioria das pessoas. É muito comum pensar que meio ambiente se
resume à flora e à fauna, sem fazer a ligação entre elas, as pessoas e as indústrias.

Para preservar o meio ambiente é necessário compreender o contexto


relacionado ao assunto. Veja, a seguir, alguns exemplos aplicados pelas empresas
no sentido de obter uma visão melhor das questões ambientais.

A Renault, a Mercedes-Benz e a Audi-Volkswagen decidiram que os


técnicos em equipamentos que eles escolherão no futuro deverão ser capazes de
reciclar os componentes da sucata dos carros, cuja recuperação ficará a cargo das
suas redes de revendedores respectivos.

A Shell, a Petrobras, a ESPN e outras grandes companhias de petróleo


possuem departamentos de desenvolvimento, buscando soluções alternativas
para reduzir o impacto ambiental de suas atividades.

Nas relações entre a indústria e o meio ambiente, todos os especialistas


concordam com, pelo menos, um ponto: há soluções técnicas para os problemas de
meio ambiente provocados pela indústria.

Uma pesquisa recente feita com trinta mil executivos da área industrial, na
Europa, aponta que 80% deles consideram que os problemas do meio ambiente
sejam importantes ou muito importantes.

Então, por que muitas empresas se adaptam com tamanha lentidão no que
se refere à tomada de medidas para preservação do meio ambiente? Talvez porque
as empresas são administradas, em parte, por uma geração de administradores
que não possui nenhum tipo de cultura do meio ambiente.

O engenheiro encarregado de criar uma estrada fará como ele aprendeu, indo
do ponto A ao ponto B, levando, eventualmente, em consideração as exigências e
pressões políticas e cronogramas de prazo e recursos financeiros. Onde ele poderia
ter aprendido a integrar a estrada ao equilíbrio do meio ambiente local? Será que
então é necessário retirar toda a sua responsabilidade e a sua liberdade de decisão?

O que falta ao nosso engenheiro, assim como a muitos dirigentes, é o


conhecimento de três campos essenciais.

• Saber explicar a necessidade em matéria de defesa ou melhoria do meio


ambiente

O meio ambiente é um sistema interativo complexo, que deveria ser estudado


através de uma abordagem interdisciplinar. Mas, para tanto, é necessário que as
autoridades possam expressar as suas necessidades aos especialistas encarregados
de aplicar as suas decisões.
34
TÓPICO 3 | EMPRESA E MEIO AMBIENTE

Sem uma formação elementar sobre os problemas do meio ambiente, os


nossos governantes estão, na melhor das hipóteses, capacitados para aplicar o bom
senso do cidadão comum e, na pior das hipóteses, preparados para negar o fator
ambiental.

• Dispor de ferramentas de gestão ambiental

Existem diversas ferramentas disponíveis para fazer uma boa administração


ambiental, mas é necessário, antes de aplicá-las, conhecê-las e analisar qual é a mais
adequada, levando em consideração todos os aspectos de acordo com cada tipo de
empresa. Ainda neste tópico, vamos conhecer algumas ferramentas da qualidade
que podem ser utilizadas para fazer gestão ambiental. Na Unidade 3, Tópico 1,
vamos conhecer o processo de gerenciamento ambiental em complemento a este
assunto.

• Saber administrar o meio ambiente que ele contribui para criar

Ninguém tem o monopólio do meio ambiente. Isto é válido tanto para o


empresário, o gerente, um representante do poder público ou um ativista ambiental.
Vale dizer, também, que as decisões tomadas por cada um deles, geralmente,
comprometem toda a comunidade e moldam o meio ambiente por várias gerações.

O mínimo que se pode pedir aos responsáveis políticos e empresários é


que sejam capazes de negociar as suas decisões, aprendam a viver com o meio
ambiente e tomem consciência de que ele tornou-se uma prioridade absoluta.

E
IMPORTANT

Essa compreensão do meio ambiente é de fundamental importância para


implantação de qualquer prática de preservação ambiental.

35
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

5.1 FERRAMENTAS DA QUALIDADE APLICADAS À


ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL
Para administrar qualquer tipo de organização de forma eficiente na busca
de resultados, é necessário conhecer e aplicar algumas ferramentas de gestão que
são utilizadas desde o século XX pelas empresas e ainda muito utilizadas pelas
organizações atualmente em todo o planeta.

Vamos verificar a aplicabilidade de algumas ferramentas da qualidade na


administração ambiental.

5.1.1 PDCA – Planejar – Executar – Verificar – Atuar


A ferramenta da qualidade muito utilizada por muitas empresas em
Sistemas de Gestão da Qualidade, Sistema de Gestão Ambiental NBR ISO 14001
e Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional (OSHAS 18001) é o ciclo
PDCA, de Shewhart-Deming, que visa à melhoria contínua.

QUADRO 3 – CICLO PDCA

FONTE: Adaptado de: Blauth (2006)

Segundo Blauth (2006, p. 206-207), em cada etapa do ciclo ocorrem as seguintes


ações:

Etapa Planejar – P

Nessa etapa ocorre:

• diagnóstico da situação atual;

• determinação da situação desejada;

• determinação daquilo que deve ser feito para sair da situação atual e chegar à
situação desejada;

36
TÓPICO 3 | EMPRESA E MEIO AMBIENTE

• plano de ação para eliminar o problema.

Etapa Executar – D

Nessa etapa ocorre:

• implementar o plano de ação;

• registrar os resultados e observar os fatos significativos para o sucesso do plano


de ação.

Etapa Verificar – C

Nessa etapa ocorre:

• comparar os resultados alcançados com a situação desejada;

• investigar as causas caso o resultado não tenha alcançado o previsto no plano;

• registrar outros efeitos secundários indesejados não previstos que surgiram


durante a implementação do plano de ação.

Etapa Atuar – A

Nessa etapa ocorre:

• atuar conforme resultados;

• caso a situação desejada tenha sido alcançada, iniciar novo Ciclo PDCA visando
sempre melhorar ainda mais os resultados;

• caso a situação desejada não tenha sido alcançada, estabelecer novos planos de
ação visando eliminar a lacuna e feitos secundários indesejados.

A ferramenta PDCA possibilita fazer a administração ambiental de


qualquer tipo de organização. Essa ferramenta pode ser utilizada mesmo que a
empresa não tenha adotado um sistema de gestão ambiental com base na norma
NBR ISO 14001.

Para fazer uma administração ambiental eficiente todo gestor necessita


fazer um planejamento e para isso precisa conhecer bem a empresa, seus processos
e os aspectos ambientais relacionados. Um diagnóstico ambiental inicial é um
instrumento importante, pois possibilitará uma avaliação mais aprofundada da
empresa e o gestor poderá planejar ações com base na avaliação realizada.

37
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

UNI

Caro(a) acadêmico(a), vamos estudar na Unidade 3 a formatação de um


diagnóstico inicial e a aplicação do PDCA, visando à implantação da NBR ISO 14001.

A partir de um diagnóstico ambiental inicial, a empresa poderá estabelecer


ações para melhorias ambientais em seus processos. Para estabelecer essas ações,
a empresa poderá adotar a ferramenta 5W2H.

5.1.2 O que é o 5W2H e como ele é utilizado?

Segundo Blauth (2006, p. 61-62), 5W2H é “[...] uma forma muito utilizada
para estabelecer planos de ação. É uma relação padronizada de perguntas a serem
respondidas por quem está elaborando o plano de ação”. Nada mais é do que uma
ferramenta para orientar a execução de atividades.

Para exemplificar o uso dessa ferramenta na administração ambiental,


vamos aplicá-la em uma ação ambiental na empresa supostamente levantada em
um diagnóstico ambiental inicial.

Exemplo: Plano de ação para melhoria na separação de resíduos nas áreas


avaliadas. Obs.: Foram identificadas muitas lixeiras com resíduos misturados
durante a avaliação de diagnóstico ambiental inicial.

QUADRO 4 – PLANO DE AÇÃO

5W2H
Plano de ação para a correta separação de resíduos nas
What? O quê?
lixeiras pelos funcionários
Possibilitar a destinação correta dos resíduos para os
devidos aterros industriais ou sanitários, reciclagem ou
Why? Por quê?
reaproveitamento, evitando desperdícios de recursos e
impactos ambientais
Equipe de meio ambiente capacita supervisores
Who? Quem? das áreas que fazem educação ambiental em suas
respectivas áreas
30 dias para capacitar supervisores – 30 dias para
When? Quando?
capacitar demais funcionários
Nas áreas operacionais da empresa XX, priorizando
Where? Onde? os locais com maior incidência de resíduos misturados
conforme comprova o diagnóstico

38
TÓPICO 3 | EMPRESA E MEIO AMBIENTE

Treinamento de 30 minutos em sala sobre a correta


How? Como? separação de resíduos e a importância do processo de
coleta seletiva
Horas-homens trabalhadas da equipe SGA, supervisores
e funcionários capacitados. Custo com tempo gasto
How much?
de cada pessoa envolvida no treinamento e/ou custo
Quanto custa?
com redução ou parada de produção para execução do
treinamento definido no item How? Como?
FONTE: Os autores

A ferramenta 5W2H poderá ser aplicada para tratamento de não


conformidades e/ou melhorias ambientais levantadas em diagnóstico ambiental,
conforme verificamos no exemplo do quadro anterior.

5.1.3 Diagrama causa e efeito


Foi desenvolvido em 1943 por Ishikawa no Japão para explicar como vários
fatores poderiam ser comuns entre si e estar relacionados. Também é conhecido por
diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe, sendo considerado uma representação
gráfica que permite a organização das informações possibilitando a identificação
das possíveis causas de um determinado problema ou efeito.

“O diagrama de causa e efeito é uma técnica visual que integra os resultados


(efeitos) com os fatores (causas) que contribuem para ocorrência” (PRAZERES,
1996 apud BLAUTH, 2006, p. 95).

FIGURA 4 – DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO – ESPINHA DE PEIXE

FONTE: Disponível em: <http://condominial.blogspot.com.br/2012/05/gestor-condominial.html>.


Acesso em: 20 out. 2012.

Essa ferramenta poderá ser utilizada no planejamento de ações para identificar


ou resolver problemas ambientais encontrados em diagnóstico ambiental inicial.
39
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Exemplo:

FIGURA 5 – DIAGRAMA CAUSA E EFEITO – PROBLEMA: ALTO CONSUMO DE COMBUSTÍVEL


Diagrama Causa e Efeito: Problema
Método Carro
Dirigir muito
Ajuste ingnição
Desconhecimento do rápido
Manutenção
manual do proprietário do motor
Não escutar Sempre Velas
o motor atrasado
Calibração incorreta
Ajuste marcha
Rádio alto lenta Falta de calibração
Impaciência
Problema de audição Pressãopneus
Ajuste
Uso incorreto carburador
das marchas ALTO CONSUMO
DE
Pouco treinamento Combustível fora COMBUSTÍVEL
de especificação
Direção Falta de óleo
imprópria Falta de manual Óleo incorreto
Falta de
atenção Manutenção Lubrificação
inadequada inadequada

Falta de
conhecimento
Motorista Material
FONTE: Disponível em: <http://www.guaraparivirtual.com.br/colunista.asp?varid=4&varcod=12>.
Acesso em: 20 out. 2012.

O alto consumo de combustível é um problema que gera um impacto


ambiental (redução dos recursos naturais e emissões atmosféricas). Durante um
diagnóstico ambiental geralmente é identificado somente o problema em que,
posteriormente com o relatório da avaliação, a empresa poderá usar a ferramenta
causa efeito para identificar as possíveis causas e tomar as devidas ações.

5.1.4 Diagrama de Pareto


É uma ferramenta da qualidade muito utilizada para estabelecer uma
ordenação de causas de perdas que devem ser sanadas, permitindo uma melhor
visualização das prioridades, bem como o estabelecimento de ações e metas.

Veja, a seguir, a aplicação do recurso do Diagrama de Pareto.

Zafenate Desidério

Diagrama de Pareto é um recurso gráfico utilizado para estabelecer


uma ordenação nas causas de perdas que devem ser sanadas, e é originário
dos estudos de um economista italiano chamado Pareto.

40
TÓPICO 3 | EMPRESA E MEIO AMBIENTE

O diagrama de Pareto tem o objetivo de compreender a relação ação/


benefício, ou seja, prioriza a ação que trará o melhor resultado. O diagrama é
composto por um gráfico de barras que ordena as frequências das ocorrências
em ordem decrescente, e permite a localização de problemas vitais e a
eliminação de futuras perdas. O diagrama é uma das sete ferramentas básicas
da qualidade e baseia-se no princípio de que a maioria das perdas tem poucas
causas ou que poucas causas são vitais, a maioria é trivial.

Para o Diagrama ser aplicado, é importante seguir seis passos básicos:

1 determinar o objetivo do diagrama, ou seja, que tipo de perda você quer investigar;

2 definir o aspecto do tipo de perda, ou seja, como os dados serão classificados;

3 em uma tabela, ou folha de verificação, organizar os dados com as categorias


do aspecto definido;

4 fazer os cálculos de frequência e agrupar as categorias que ocorrem com


baixa frequência sob a denominação outros, calcular também o total e a
porcentagem de cada item sobre o total e o acumulado;

5 traçar o diagrama.

FONTE: Disponível em: <http://www.significados.com.br/diagrama-de-pareto/>. Acesso em: 21 dez. 2012.

Para desenvolver um gráfico de Pareto utilize o Microsoft Excel ou similar.


A seguir você conhecerá a tabela para coleta de dados e o Gráfico de Pareto
detalhado, explicando sua função.

TABELA DE COLETA DE DADOS

A tabela de coleta de dados tem como função realizar o registro de


cada falha que está sendo controlada para gerar o Gráfico de Pareto, para isso
identifiquei cada campo.

• A - Descrição da falha: Neste campo você deve inserir o nome dado à falha
identificada nos processos controlados, lembrando que este mesmo nome

41
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

deve estar identificado em fichas de identificação na peça para impedir


que peças boas se misturem com peças com defeitos, utilize um ficha de
produto não conforme para o mesmo.

• B - Total: Nesta coluna deveremos registrar o total de peças para cada falha,
no exemplo acima temos para a falha de rebarbas 445 peças rejeitadas por
esta não conformidade. [A não conformidade, no caso, é a rebarba, pois não
atende os padrões estabelecidos pela empresa, por isso foram rejeitadas.]

• C - % por falha: Nesta coluna temos a soma do total de peças rejeitadas por cada
falha (B) dividido pelo total de peças rejeitadas no geral (D) neste exemplo a
fórmula é = C5/$C$15 para a falha de rebarbas, onde esta me gerou 40% de rejeição.

• D - % Acumulado: Na coluna segue o resultado da soma de uma falha para


a seguinte, gerando o total acumulado.

• E - Total de peças rejeitadas: Neste campo fica a soma de toda a coluna C,


gerando o total de todas as peças rejeitadas.

Dica: Quando você utilizar esta tabela, lançado a descrição da falha (A)
e o total (B), o cálculo é realizado automaticamente, gerando após o Gráfico
que veremos logo a seguir.

O Gráfico de Pareto abaixo é gerado após você preencher a tabela de


coleta de dados, na qual você consegue identificar o percentual de cada falha,
mas de modo gráfico você conseguirá interpretar e traduzir a prioridade de
ação para cada problema.

• A - Este eixo lhe auxilia na comparação do problema mais crítico identificado


no processo que foi realizado na coleta de dados, neste caso conseguimos
ver que o item rebarbas tem o nível mais crítico e o item sem usinagem é a
falha com menor frequência de rejeição.

• B - Coluna gerada conforme dados lançados na tabela de coleta de dados,


identificando estatisticamente a criticidade de cada falha.

42
TÓPICO 3 | EMPRESA E MEIO AMBIENTE

• C - Identificação da coluna.

• D - Linha que é gerada pelo % acumulado.

• E - Legendas do Gráfico de Pareto.

• F - Percentual acumulado.

Pronto, veja como é simples esta metodologia do Gráfico de Pareto,


onde você deve seguir 3 passos para a conclusão deste trabalho, sendo eles:

• a. coleta de dados;

• b. preenchimento da tabela de coleta de dados;

• c. tomada de ação corretiva sobre a falha mais crítica.

FONTE: Disponível em: <http://www.qualidadebrasil.com.br/noticia/qualidade_criando_um_


grafico_pareto>. Acesso em: 22 dez. 2012.

Através do Diagrama de Pareto é possível visualizar os problemas e definir


uma ordem de prioridade de acordo com o grau de importância de cada falha,
devendo direcionar a ação sobre a mais crítica.

Na administração ambiental o diagrama poderá ser utilizado para demonstrar


o percentual de cada problema ambiental encontrado, possibilitando ao gestor
estabelecer prioridades de acordo com o nível de importância de cada situação.

5.1.5 Folhas de verificação


Segundo Blauth (2006, p. 73-74), “Folha de verificação é um formulário
utilizado para facilitar e organizar a coleta e registros de dados”.

Na área ambiental o formulário é muito útil em auditorias ambientais,


inspeções e avaliação ambiental. Devido à grande quantidade de informações que
é verificada durante um trabalho de avaliação ambiental, a folha de verificação
facilitará na busca de evidências de conformidades e não conformidades.

Veja parte de um modelo de folha de verificação utilizado durante uma


avaliação ambiental inicial ou em auditorias ambientais:

Lista de verificação - resíduos

a) Existe um levantamento atualizado de resíduos? (origem, classificação,


quantificação)?

b) Os coletores de resíduos estão adequados nas áreas e atendem as necessidades


(coletor por tipo de resíduo) e são suficientes?

c) As pessoas recebem orientação para a utilização dos coletores que permita a


utilização adequada?
43
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

d) Existe local apropriado para o armazenamento de resíduos sólidos


(impermeabilização, separação, identificação de dispositivos para evitar a
contaminação do solo e o carreamento de resíduos para drenagem pluvial)?

e) Como são as condições de armazenamento de produtos ou resíduos perigosos?


Obedecem às normas de segurança pertinentes?

f) Qual o destino de lâmpadas fluorescentes usadas, pilhas, baterias, pneus? É


adequado?

g) O destino de óleos, estopas, embalagens, sucatas contaminados com óleo é


adequado?

h) Os resíduos atendem a legislação de resíduos?

A lista de verificação poderá ser ampliada ou adaptada de acordo com o que


se quer avaliar e ainda ser criadas outras listas de verificação para efluentes, emissões
atmosféricas, ruídos em áreas habitadas e atendimento à legislação ambiental etc.

5.1.6 Fluxogramas
Segundo Blauth (2006, p. 65), “[...] fluxograma é uma representação gráfica
visual por meio de um conjunto de figuras esquemáticas padronizadas que
representam as partes de um processo – atividades, pontos de medição e pontos
de decisão – em sequência cronológica de realização”.

FIGURA 6 – SÍMBOLOS DO FLUXOGRAMA

44
TÓPICO 3 | EMPRESA E MEIO AMBIENTE

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

FONTE: Disponível em: <http://www.forumdaqualidade.com.br/viewtopic.php?f=12&t=879>. Acesso em: 2 jan. 2013.

Vamos ver, a seguir, um modelo de fluxograma utilizado na prática.

FIGURA 7 – FLUXOGRAMA DE IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS, ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS

FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABf7MAG/ferramentas-gestao-


qualidade-fluxograma>. Acesso em: 2 jan. 2013.

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TÓPICO 3 | EMPRESA E MEIO AMBIENTE

Através da representação gráfica apresentada na figura anterior, é possível


compreender o processo de identificação de riscos, aspectos e impactos ambientais
ou documentos entre os elementos que participam no processo em causa.

O fluxograma deve ser utilizado para:

• mapear fluxo e identificar possíveis desvios no processo, que pode afetar o


produto ou serviço;

• para acompanhar os passos de um processo e verificar a relação entre cada


operação ou processo;

• para identificar possíveis melhorias e oportunidade de mudanças nos processos.

Outras ferramentas da qualidade também são utilizadas na administração


ambiental, como: histogramas, gráficos de dispersão, cartas de controle etc.

6 CAPITAL X MEIO AMBIENTE


A conclusão de tudo que vimos até agora é que, tanto os objetivos
econômicos, como os objetivos ambientais, deveriam estar interligados.

Se há somente um meio ambiente, se o problema é administrá-lo de


maneira responsável, basta aprender a fazê-lo, principalmente porque as técnicas
para resolver os problemas ambientais já existem.

A relação de forças entre as empresas e o meio ambiente está oscilando. Do


início da Revolução Industrial até meados dos anos oitenta, tínhamos uma visão
extremamente capitalista. Em geral, essas empresas foram concebidas sem muita
preocupação com o meio ambiente (que acreditávamos ser infinitamente vasto).

De meados dos anos oitenta até o início do século XXI, progressivamente,


o mundo vem adotando uma postura extremamente ambientalista, em alguns
casos até violenta, destruição de plantações de grãos geneticamente modificados,
invasão e depuração de empresas particulares e órgãos públicos, ou seja, partimos
de um extremo ao outro, quando, na realidade, o que precisamos encontrar é
o caminho do meio, conforme vimos anteriormente, talvez, neste caso, seja o
desenvolvimento sustentável.

É por isso que, agora, temos que assumir a responsabilidade pelo


ecossistema mundial, que empresários, ambientalistas, governos, ONG´s,
deveriam diagnosticar a real situação, avaliar e criar uma estratégia coesa para
uma administração ambiental correta.

Na luta de “Capital x Meio Ambiente” não há vencedores, pois todos saem


perdedores. Pelo contrário, deveríamos transformar essa contraposição em uma
única caminhada de “Capital + Meio Ambiente”.
47
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

7 MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO
A seguir, veremos que os modelos de administração dividem-se em: A
Empresa Tradicional, O Modelo de Conflito, O modelo do Mundo Real.

7.1 A EMPRESA TRADICIONAL


Para os modelos nos quais se baseiam os métodos e ferramentas de
administração tradicionais, as empresas são mal adaptadas à aceitação da
responsabilidade em relação ao meio ambiente.

A razão desta incapacidade de adaptação é que esses modelos se baseiam


essencialmente na filosofia de que uma empresa é um conjunto coerente de
indivíduos e grupos com uma única identidade – a da empresa – e um único
objetivo – o da empresa.

Percebe-se, deste modo, que a organização é um bloco monolítico, tendo um


único e singular objetivo econômico, lucro, que utiliza todas as forças e recursos de
que dispõe para atingi-lo, arrasando tudo por onde passa, inclusive e se necessário
for, o equilíbrio da natureza e meio ambiente.

De maneira esquemática, o modelo da empresa tradicional é uma pirâmide


com uma extensa base, trabalhando em prol da cúpula, ou seja, do empresário.

FIGURA 8 – O MODELO DA EMPRESA TRADICIONAL

FONTE: Backer (2002)

Como o objetivo desta organização é o de atingir a qualquer preço a sua


meta lucrativa, torna-se evidente que, mais cedo ou mais tarde, ele será uma
ameaça para o meio ambiente.

Isso explica a necessidade de uma legislação ambiental repressiva, de


maneira a coibir e anular a capacidade de destruição do meio ambiente.

48
TÓPICO 3 | EMPRESA E MEIO AMBIENTE

7.2 O MODELO DE CONFLITO


Como já verificamos, a empresa não é um sistema que possa ou deva
ser separado do resto do meio ambiente. Muito pelo contrário, ela é o lugar
de convergência e o local em que ocorrem os conflitos entre grupos e pessoas
com interesses, que, aparentemente, são opostos, mas que, na realidade,
se complementam: desenvolvimento tecnológico, crescimento econômico,
desenvolvimento social, distribuição de renda, preservação do meio, entre outros.

Para cada um desses grupos, com um objetivo específico, existem afinidades


e sentimentos de identidades em relação à empresa, a outras organizações, a
grupos ou valores sociais que são perfeitamente contraditórios.

Portanto, cabe ao administrador realizar seu papel fundamental,


administrar e conciliar os pontos conflitantes e atingir a real meta da organização.

7.3 O MODELO DO MUNDO REAL


A empresa, cujo modelo tradicional é representada por uma pirâmide,
tendo como objetivo final o lucro financeiro, em detrimento de qualquer outra
aspiração, nos dias atuais está destinada ao esquecimento.

A empresa do mundo real, aquela que deverá ser realidade para o nosso
presente e futuro, é um conjunto de grupos e pessoas com múltiplos objetivos
complementares, comparável a um emaranhado de tendências que deverão ser
organizadas para formar uma força coesa, cujo objetivo é o desenvolvimento
sustentável.

O aparecimento do fator ambiental na vida da empresa obriga, mais do que


nunca, o administrador a considerar a sua competência e os seus objetivos como
uma arbitragem permanente entre os interesses e os objetivos dos grupos e dos
indivíduos que são ou se sentem diretamente ou mesmo indiretamente ligados à
empresa.

A negociação dos objetivos da empresa, incluindo os objetivos em relação


ao meio ambiente, não é somente feita entre a empresa e o mundo externo, mas
com a comunidade, fornecedores, clientes e outras partes interessadas que estão
em constante relacionamento com a empresa.

49
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

FIGURA 9 – INTEGRAÇÃO DA EMPRESA COM O MUNDO REAL

FONTE: Backer (2002)

A integração das empresas com o mundo real visualizada na figura anterior


demonstra relação entre todos os grupos, pessoas e o meio ambiente. No entanto,
no mundo real, isto é, na prática, o entendimento do assunto ainda é superficial por
grande parte dos administradores. Além disso, os objetivos de cada pessoa e grupos
envolvidos buscam interesses que conflitam entre as partes, dificultando a mudança
do modelo tradicional para o modelo ideal, isto é, modelo do mundo real apresentado.

8 A ESTRATÉGIA VERDE
Nenhuma estratégia tem sentido se não for adaptada ao campo de batalha.
Ao fixar as fronteiras da ação da empresa além do perímetro econômico-social, a
estratégia ecológica obriga o administrador a estabelecer um mapa do campo no
qual a ação irá desenvolver-se.

Este campo, ainda que tenha a empresa como centro, tem um relevo que,
raramente, depende unicamente das forças internas da empresa.

Entretanto, como em qualquer outra estratégia, é necessário identificar,


para cada um dos setores da empresa:

• os objetivos;

• a estratégia;

• as ferramentas e a intendência.

Levando-se em consideração os setores da empresa, o quadro sinóptico da


estratégia ecológica apresenta tarefas de gestão ambiental que os responsáveis da
empresa terão que assumir.
50
TÓPICO 3 | EMPRESA E MEIO AMBIENTE

Poder-se-ia, então, afirmar que a criação de uma estratégia ambiental tem


quatro fases:

• identificação de prioridades: o que é mais importante? o que deve ser priorizado?


como identificar prioridades?;

• diagnóstico: avaliação para definição de prioridades e planos de ação tomando


como base um diagnóstico ambiental;

• planos de ação: com base no diagnóstico e prioridades definidas, define-se o


plano de ação utilizando a ferramenta 5W2H;

• síntese: toda a estratégia ambiental deve ser documentada visando manter registros
das evidências das ações, possibilitando o acompanhamento das melhorias e
divulgação dos resultados.

TUROS
ESTUDOS FU

Você verá, mais tarde, que estes elementos serão de fundamental importância
para elaboração de projetos de preservação ambiental.

8.1 IDENTIFICAÇÃO DE PRIORIDADES


O empresário mais bem intencionado para com o meio ambiente, quando
herda uma situação existente ou quando está imerso em problemas de criação de uma
nova atividade, nem sempre é capaz de dar toda a atenção e tomar decisões em todas
as frentes, ao mesmo tempo.

Então, ele precisa realizar um levantamento das prioridades das situações


de emergência e evitar que a empresa se precipite sobre o primeiro problema que
aparecer.

Esta fase permite uma análise lúcida dos pontos fortes e fracos da empresa,
identificar os campos nos quais devem ser feitos esforços para chegar à altura da
necessidade de uma estratégia ecológica global e também identificar os pontos
em que a empresa pode, com razão, fazer valer os seus sucessos em matéria de
integração e responsabilidade dentro do sistema.

Esta fase também deve permitir a criação de um calendário e um orçamento,


e também a relação de assistentes, ou consultores, que ficarão encarregados da
elaboração dos planos setoriais.

51
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Esses grupos de assistentes ficarão encarregados, cada um em seu setor,


da elaboração do diagnóstico específico por setor e também do plano ambiental
correspondente.

TUROS
ESTUDOS FU

Nos estudos da Unidade 3, Tópico 3, você verá a metodologia de avaliação para


definição de prioridades aplicáveis a modelos de gestão ambiental.

8.2 DIAGNÓSTICO
Tente criar, para cada um dos setores analisados, a partir de suas experiências,
um conjunto de tabelas de análise aplicáveis à maioria dos setores industriais.

Se a adaptação parece aqui e ali indispensável, acho que persiste a constância


de uma análise possível de cada departamento, de cada setor industrial, baseada
no tipo de escalas.

O diagnóstico, sobretudo quando é guiado por escalas de análise, é fundamental


para termos um raio-X do departamento, do setor industrial, da empresa.

As tabelas serão as ferramentas que formarão a base para a discussão sobre


o meio ambiente, a distribuição de responsabilidades e o papel da empresa no
meio ambiente.

TUROS
ESTUDOS FU

Podem-se utilizar algumas ferramentas da qualidade para fins de diagnóstico,


estudadas anteriormente neste mesmo tópico, como: diagrama causa/efeito e folhas de
verificação, que serão complementados com outros instrumentos nos estudos da Unidade 3.

8.3 PLANOS DE AÇÃO


Os planos de ação que serão elaborados pelos diferentes setores da
empresa deverão complementar-se e, num primeiro momento, poderão parecer
contraditórios e desconexos, mas com uma administração correta poderão ser
implementados em uma ordem cronológica que os torne coesos.

52
TÓPICO 3 | EMPRESA E MEIO AMBIENTE

Como exemplo, podemos supor a criação de um plano de ação para uma


hipotética empresa do setor automobilístico. Nesta empresa, abriremos alguns
planos de ação, sendo eles:

• Cumprir todas as legislações ambientais vigentes e pertinentes ao setor.

• Criar uma equipe de desenvolvimento de um “motor limpo”, com baixa geração


de emissões atmosféricas.

• Anunciar uma política ambiental que leve em consideração todas as atividades


individuais e coletivas da empresa.

• Estruturar equipe para análise e implantação da legislação ambiental, assim


como acompanhar o trâmite das legislações para, quando as mesmas estiverem
sendo apreciadas, antecipar medidas que possam impactar em nossos processos.

• Desenvolver uma linha de fabricação com emissão zero de resíduos sólidos,


efluentes líquidos e emissões atmosféricas.

A princípio, torna-se evidente que a estratégia da empresa não poderá adotar


todos os planos traçados inicialmente. O mérito da administração ambiental será
o de existirem e poderem ser implantados, quando chegar o momento adequado.

Para aplicação dos planos de ação, tomando como base um diagnóstico


ambiental, a ferramenta da qualidade 5W2H abordada no Tópico 3, Quadro 4,
é muito útil e utilizada pelos gestores ambientais para o estabelecimento de um
planejamento estratégico ambiental.

Vimos nesta unidade, Tópico 3, a ferramenta da qualidade 5W2H que


exemplifica na prática o que é um plano de ação.

8.4 SÍNTESE
A concretização dessa estratégia deverá ser formalizada, pode ser um livro,
um manual, uma política. O importante é que deverão ser descritos de forma
clara e simples os objetivos, problemas e sucessos da empresa, em matéria de
administração ambiental.

Com o prosseguimento dos trabalhos, devem ser gerados relatórios de


desempenho para apresentar ao Comitê da Alta Administração, à empresa, à
comunidade, tornando suas conquistas públicas, tornando-as mais do que uma
ferramenta publicitária, adquirindo credibilidade.

Esse material não deve ser apenas um material promocional, mas, sim,
uma apresentação da maneira mais honesta possível dos esforços da empresa em
questões ambientais.

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

LEITURA COMPLEMENTAR

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E COMPETITIVIDADE

Ivan Lira de Carvalho

Em um modelo de organização política que prestigia a livre iniciativa,


pondo-a como uma das pilastras fundamentais da República Federativa do Brasil
(Constituição Federal, artigo 1º, inciso IV), é curial que sejam ofertados mecanismos
de proteção para que a atividade empresarial seja exercida com chances de sucesso.
Entretanto, não se pode pensar em um Estado absenteísta, pois, conforme já foi
por mim consignado em escrito anterior, não se pode desconhecer “que entre o
puro liberalismo dos meios de produção e consumo pregados por ADAM SMITH no
Século Dezoito e o Estado Social idealizado por KARL MARX, tem preponderância,
hoje em dia, o que LÉON DIGUIT chamou de “Estado do Bem-Estar”.

Pois bem. O liberalismo que dá tônica à ordem constitucional vigente, e


nesta está incluída, por óbvio, a ordem econômica, não pode ser exercido sem
contemplar outras balizas importantes, que asseguram - ou pelo menos pretendem
assegurar - o chamado Estado Democrático de Direito. Assim é que a atividade
econômica se submete a vários limites, conforme será adiante analisado, e dentre
estes está a sujeição ao princípio do desenvolvimento sustentável.

CRISTIANE DERANI informa que a expressão desenvolvimento sustentável,


dentro da perspectiva de conservação dos recursos naturais, foi usada oficialmente
como princípio diretor para o planejamento do desenvolvimento econômico pela
WCED (World Commission on Environment and Development), em 1987, segundo a
qual “desenvolvimento é sustentável quando satisfaz as necessidades presentes
sem comprometer a habilidade das futuras gerações em satisfazer suas próprias
necessidades”. Ao comentar o chamado Informe Brundtland, um estudo de
alternativas para o meio ambiente e o desenvolvimento, elaborado sob a encomenda
da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 1983, CRISTIANE
DERANI destaca que o resultado desse ensaio comporta a seguinte norma de
conduta: “modificar a natureza através de sua apropriação ou através de emissões,
somente quando for para a manutenção da vida humana ou para a proteção de
outro valor básico, ou quando for justificada a capacidade de se apropriar dos
meios sem danificar a sua reprodução. Donde se conclui que a sustentabilidade é
um princípio válido para todos os recursos renováveis.”.

Dando uma feição mais capitalista à expressão desenvolvimento sustentável,


o professor norte-americano DENNIS C. KINLAW prefere chamar desempenho
sustentável à atuação das empresas que estão em sintonia com as modernas
preocupações do equacionamento das questões ligadas à produção de bens e
serviços com a preservação da qualidade de vida no nosso planeta. Registrando
que no mundo inteiro as empresas estão cada vez mais responsáveis pelos seus
efeitos ambientais, quer dizer, “estão se tornando verdes”, KINLAW lembra a
“receita” de MAURICE STRONG, Secretário-Geral da Conferência das Nações

54
TÓPICO 3 | EMPRESA E MEIO AMBIENTE

Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92): “As empresas


eficientes estão na dianteira do movimento rumo ao desenvolvimento sustentável.
As organizações que estão na liderança de uma nova geração de oportunidades
criada pela transição rumo ao desenvolvimento sustentável serão as mais bem-
sucedidas em termos de lucro e interesses de seus acionistas. As organizações
defensivas, que continuam enfrentando as batalhas de ontem, ficarão à margem e
serão tragadas pela contramaré da onda do futuro”.

Destacando a sua preocupação com os desafios apresentados à área


empresarial com as intervenções - por vezes desastradas e desastrosas - do
homem no meio ambiente, KINLAW lista as pressões a responder. Dentre estas, a
observância à lei, propondo o enquadramento das atividades empresariais às normas
traçadas pelo Estado para a preservação ambiental; os custos punitivos, advindos
da aplicação de multas ou de condenações reparatórias; a culpabilidade pessoal e a
possibilidade de prisão dos responsáveis pelos erros da empresa na área ambiental;
a efetiva participação controladora das organizações ativistas ambientais, a exemplo
do Greenpeace; a cidadania despertada, com o crescimento de heróis e de causas locais
e a aceitação social de movimentos como o “Not in my back yard” (Não no meu
quintal); o advento de códigos internacionais pró-desempenho ambiental; o crescente
número de investidores ambientalmente conscientes; o refinamento da preferência do
consumidor e outras pressões importantes.

A preocupação com um respeitável posicionamento das empresas perante


a sociedade consumidora e crítica vai além dos livros. Por exemplo: o Foro
Empresarial, organização não-governamental que tem por fito a congregação
de ideias calcadas no livre-mercado, fez publicar na sua home page as sugestões
de ação na área de desenvolvimento econômico sustentável, a saber: “examinar
a responsabilidade do setor privado na preservação do meio ambiente no
hemisfério e a necessidade de maior conscientização do segmento empresarial
com relação à importância do desenvolvimento sustentável; examinar as
divergências e convergências das legislações nacionais sobre meio ambiente e
seus impactos sobre o comércio na região e elaborar sugestões para um processo
de harmonização das legislações nacionais que evite transformá-las em barreiras
ao comércio; enfocar a importância do desenvolvimento de recursos humanos da
região, em nível condizente com as necessidades da economia globalizada. Isto
requer forte compromisso com uma estrutura social sadia e habilitada às funções
do mundo moderno. Indicar mecanismos de trabalho conjunto com os governos,
principalmente nas áreas de educação, saúde e previdência social.”.

Dos tópicos ora comentados pode advir a conclusão de que a empresa


moderna tem que estar afinada com os anseios sociais, que são cada dia mais
presentes em termos ambientais. A permanência de uma empresa no mercado
passa, inexoravelmente, pela sua capacidade gerencial em adequá-la a esses
desafios.
FONTE: Adaptado de: CARVALHO, Ivan Lira de. Desenvolvimento sustentável e criatividade. In: A
Empresa e o Meio Ambiente. Disponível em: <www.jfrn.gov.br/docs/doutrina172.doc>. Acesso
em: 18 nov. 2008.

55
RESUMO DO TÓPICO 3
Ao final deste tópico, caro(a) acadêmico(a), você pôde estudar os seguintes
conteúdos relacionados à administração ambiental:

• A importância da administração ambiental para uma organização.

• Que a comunicação é a base para o bom entendimento do meio ambiente.

• A importância de conhecer bem o meio ambiente para preservar.

• As relações de capital x meio ambiente devem ser cooperativas e não


concorrentes.

• Os modelos de empresas existentes no passado e o atual.

• Modelos de estratégias ambientais que uma empresa pode adotar.

56
AUTOATIVIDADE

Como maneira de compreender melhor o impacto que a atividade industrial


pode causar ao meio ambiente, recomendamos assistir ao vídeo ou ler o livro
“Uma Verdade Inconveniente” (An Inconvenient Truth), do ex-vice-presidente
americano Al Gore.

FONTE: www.climatecrisis.net

FICHA TÉCNICA

Título Original: An Inconvenient Truth


Gênero: Documentário
Tempo de Duração: 100 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2006
Site Oficial: www.climatecrisis.net
Estúdio: Lawrence Bender Productions / Participant Productions
Distribuição: Paramount Classics / UIP
Direção: Davis Guggenheim
Produção: Lawrence Bender, Scott Burns, Laurie Lennard e Scott Z. Burns
Música: Michael Brook e Melissa Etheridge
Edição: Jay Lash Cassidy e Dan Swietlik

SINOPSE

O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore apresenta uma análise da


questão do aquecimento global, mostrando os mitos e equívocos existentes em
torno do tema e também possíveis saídas para que o planeta não passe por uma
catástrofe climática nas próximas décadas.
57
58
UNIDADE 1
TÓPICO 4

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM


AMBIENTAL E MARKETING VERDE ADOTADO
PELAS ORGANIZAÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a), neste tópico vamos estudar os objetivos e resultados
das práticas sustentáveis adotados pelas empresas. Trataremos também de
conceitos e normas sobre rotulagem ambiental e marketing verde adotado pelas
organizações.

Organizações de todos os tipos e portes adotam algum tipo de prática


ambiental de acordo com as exigências dos stakeholders. As empresas de modo geral,
conforme suas necessidades, precisam ter processos sustentáveis e demonstrar
para as partes interessadas suas ações de sustentabilidade, através do Marketing
Verde, isto é, agir internamente de forma sustentável, apresentando os resultados
para os interessados, “stakeholders”.

2 OBJETIVOS E RESULTADOS DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS


Os objetivos das práticas sustentáveis são definidos de acordo com os
resultados que se desejam alcançar. Cada empresa possui particularidades e
interesses que a direcionam para práticas sustentáveis diferentes uma das outras.
Algumas empresas decidem adotar normas NBR ISO 14001 como método para
buscar práticas sustentáveis. Outras definem adotar algum tipo de rotulagem
ambiental ou selo verde, entre outras comprovações de práticas sustentáveis.

Nos tópicos seguintes vamos estudar alguns meios utilizados pelas


organizações para práticas sustentáveis, mas, antes, vamos fazer a leitura de
artigos referentes a empresas e práticas sustentáveis.

59
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

EMPRESA VERDE: UM DIFERENCIAL PARA SEUS NEGÓCIOS E


CONSUMIDORES

Por Timothy Altaffer, Consultor da Axialent Brasil

Vivemos a época em que as limitações de recursos naturais começam


a aparecer. Estimativas do Instituto Internacional para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento revelam que, considerando os níveis atuais de produção, as
reservas de cobre da Terra poderão se esgotar em 28 anos, as de prata em 17 e
as de estanho em 37 anos. A escassez de água também começa a se tornar um
problema: segundo projeções dos estudiosos, no ano de 2030 um em cada três
seres humanos não terá água suficiente para consumo próprio – ou correrá o
risco de morrer, caso beba a água que estiver disponível.

Com tal cenário, fica ainda mais perceptível a movimentação de


empresas para se tornarem “sustentáveis”: organizações que não forem
consideradas “ecoeficientes” terão dificuldades em competir quando os
recursos se tornarem mais escassos. O meio ambiente entrou definitivamente
na pauta de negócios. Empresas de todos os setores sabem que só há um
caminho para se adaptar aos novos tempos: inovar para transformar a crise
ambiental em vantagem competitiva.

Essa tendência se acentuou recentemente, quando a consciência


ambiental se tornou tópico comum nas conversas do mundo corporativo. De
certo modo, a sustentabilidade começa a ser também um tema importante
para os consumidores e clientes, que têm a preferência por produtos que não
prejudiquem o meio ambiente ou que ajudam a comunidade ao redor de sua
fábrica. Não ter o posicionamento verde é um risco grande para a empresa,
que pode perder muitos consumidores.

Desta forma, muitas empresas tentam se reposicionar para se adequar


aos desejos e expectativas dos clientes. A competitividade entre companhias
para provar quem é o mais verde, quem é mais consciente, também aumentou.
Além da imagem positiva para seu público, as empresas estão apurando seu
senso de ética e começam a perceber a necessidade de existir responsabilidade
filantrópica na relação com o mercado.

Algumas instituições já possuem em sua cultura a sustentabilidade.


Isso facilita todo o processo de consciência na empresa, pois a companhia foi
formada dessa maneira, isso já está em sua raiz. Infelizmente tal princípio é
raro: na empreitada de ser conhecido como verde, a maioria das companhias
decide tomar o caminho mais superficial e menos eficaz. Estas empresas
acreditam que, por meio de palestras com a participação de colaboradores
e comunicados ao mercado com mensagens de sustentabilidade, já são
suficientes para torná-las conhecidas como conscientes. Mas o exercício dessas
atividades não vão tornar a companhia “verde”. A ideia de sustentabilidade
deve estar no coração da empresa.

60
TÓPICO 4 | PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM AMBIENTAL E MARKETING VERDE ADOTADO PELAS ORGANIZAÇÕES

Para se tornar sustentável de verdade, para ter o princípio em seus


pilares, as companhias devem possuir executivos conscientes, que reconheçam
as mudanças que o planeta está enfrentando: o líder que traça as estratégias
da empresa para o futuro, baseado no sucesso do passado, transforma a
companhia em um fracasso. Incorporar a filosofia verde implica trazer esse
pensamento para as questões mais profundas da condução de negócio. Os
processos organizacionais, decisões da alta liderança, de alocação de recursos
e o envolvimento das pessoas em projetos internos devem ocorrer com a
sustentabilidade em mente e ser alinhados com o discurso da empresa.

Se a conscientização for profunda e contínua, a organização consegue


implantar em sua cultura a sustentabilidade. Se for um programa superficial,
dentro de pouco tempo, a antiga mentalidade pode retornar e os velhos hábitos
de consumo exagerado e falta de consciência também. A companhia não pode
se esquecer de seus stakeholders e transmitir a mensagem a todos: deve haver
uma nova cultura de se relacionar com clientes, comunidade e colaboradores.

O responsável pelo projeto deve definir quais são os valores individuais


e da empresa, e começar a trabalhar com essa cultura. No entanto, não será
simples: as companhias terão que percorrer um longo caminho para se igualar
a instituições que já foram criadas com a cultura verde. Muitos negócios
terão que redefinir suas principais vantagens competitivas num mundo com
recursos restritos. Outros encontrarão novos potenciais de mercado.

O conceito deve se tornar um hábito. O termo “verde” não deve estar


apenas relacionado à preservação do meio ambiente, mas também com a
proteção da comunidade. A sustentabilidade precisa ser vista e trabalhada
como sendo a integração de todas as cadeias de atuação da sociedade em
sintonia com a natureza. Só assim, todos juntos, podemos atingir um propósito
maior: manter a qualidade de vida no planeta.

FONTE: Disponível em: <http://rmai.com.br/v4/Read/777/empresa-verde-um-diferencial-para-


seus-negocios-e-consumidores.aspx>. Acesso em: 2 out. 2012.

Podemos verificar no texto que as limitações de recursos naturais influenciam


indiretamente as empresas a adotarem práticas sustentáveis, pois terão dificuldades
em competir quando os recursos se tornarem mais escassos. Pode-se evidenciar
também que as exigências de clientes e consumidores têm levado as empresas a
demonstrarem que são mais sustentáveis, gerando uma competição entre elas.
Empresas que não adotarem um posicionamento sustentável correm o risco de
perder espaço no mercado tão competitivo e exigente conforme vimos no texto.

A Rio + 20 foi um marco importante de debates sobre sustentabilidade


envolvendo empresas, governos e a sociedade. Veja, a seguir, o que diz a representante
Marina Grossi, presidente executiva do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro
para o Desenvolvimento Sustentável).

61
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

RUMO À SUSTENTABILIDADE

Por Marina Grossi (*)

A Rio+20 foi um marco da consolidação das empresas no palco principal


do debate sobre sustentabilidade, ao lado dos governos e da sociedade. É uma
conquista histórica, principalmente quando se leva em consideração que há 20
anos, na Rio 92, o setor empresarial era considerado um vilão. No entanto, esse
reconhecimento ainda não alcançou a sociedade como um todo, principalmente
os jovens, como se pôde ver na Cúpula dos Povos, em que as empresas ainda
eram encaradas como forças negativas contra a sustentabilidade. Aproximar
empresas e sociedade e fazer com que as pessoas queiram estar perto do setor
empresarial, não só para fiscalizar, mas também para ajudar a construir o caminho
para a  sustentabilidade, é um dos desafios desse período pós-conferência.
Mais de 300 compromissos individuais de empresas foram registrados no site
da ONU por meio da parceria entre o Conselho Empresarial Mundial para o
Desenvolvimento Sustentável (WBCSD, na sigla em inglês) e o Pacto Global.
Outras se comprometeram com as plataformas transformadoras das Nações
Unidas, como a Energia Sustentável para Todos, o Desafio de Fome Zero, a
Plataforma da Indústria Verde e o Instituto Global de Crescimento Verde.

Grandes corporações, instituições de investidores e governos desenharam


um arcabouço para negócios inclusivos e cinco bolsas de valores mundiais,
com 4.600 empresas, assumiram compromisso público para a promoção de
investimentos sustentáveis. No setor agrícola, 16 empresas lançaram princípios
voluntários de boas práticas e políticas para a agricultura sustentável; 45
executivos enviaram um comunicado para os governos visando à melhor gestão
dos recursos hídricos; 400 executivos aderiram aos Princípios de Empoderamento
das Mulheres; 26 universidades endossaram a Declaração do Ensino Superior,
que visa incorporar a  sustentabilidade  no ensino, pesquisa e gestão. Também
merecem destaque os 10 compromissos assumidos pela Rede Brasileira do Pacto
Global, com a adesão de aproximadamente 200 executivos; e a criação do Centro
Mundial de  Desenvolvimento Sustentável  Rio+ (Centro Rio+), uma ação do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e Ministério do
Meio Ambiente, com o apoio de dezenas de entidades, incluindo o CEBDS.

O caminho será lento se empresas, sociedade e governos trilharem


percursos separados. Por isso, a contribuição do  CEBDS  na  Rio+20  foi o  Visão
Brasil 2050, um documento que convida todos esses atores a buscar o melhor
caminho. É uma plataforma de diálogo que, a partir de nove temas, apresenta o
que deve ser feito para que o país se torne um país sustentável até 2050. Um país
que terá combatido a corrupção, terá saneamento básico, educação de qualidade,
será destaque em inovação e que até 2020 terá conseguido dar valor real aos seus
produtos e serviços. Bastar ter vontade de fazer diferente.

*Marina Grossi  é presidente executiva do CEBDS (Conselho


Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável)

FONTE: Disponível em: <http://www.cebds.org.br/rumo-sustentabilidade/>. Acesso em: 12 jan. 2013.

62
TÓPICO 4 | PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM AMBIENTAL E MARKETING VERDE ADOTADO PELAS ORGANIZAÇÕES

Novamente podemos verificar no texto a importância, os compromissos e


os grandes desafios das empresas rumo à sustentabilidade.

Mas afinal, como alcançar a sustentabilidade?, como agir de forma


sustentável?, quais objetivos e resultados de práticas sustentáveis?. Veja, a seguir,
o artigo sobre essas questões.

O FUTURO A GENTE FAZ AGORA


UM PROBLEMA QUE LEVANTA MUITAS QUESTÕES EXIGE MÚLTIPLAS
RESPOSTAS
PLANETA SUSTENTÁVEL

Por Caco de Paula, jornalista e publisher do Planeta Sustentável

Atender às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades


de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades. Esta é uma
das definições mais abrangentes de sustentabilidade.

Para ser sustentável, qualquer empreendimento humano deve ser


ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e
culturalmente aceito. Mas esses conceitos, que parecem óbvios, simples sinais
de bom senso, infelizmente ainda estão longe da prática cotidiana de muitas
pessoas, grupos, empresas e governos. Tanto que um movimento mundial pela
sustentabilidade surge como resposta ao seu contrário: a insustentabilidade
provocada pelo que é ecologicamente errado, economicamente inviável,
socialmente injusto, culturalmente inaceitável.

Para agir de forma sustentável, devemos ter visão de longo prazo,


consciência de que nossas relações sociais e nosso estilo de vida impactam
diretamente a realidade à nossa volta - e que devemos ter solidariedade
com nossos descendentes. Para que isso aconteça de fato, é preciso entender
a construção da sustentabilidade como um desafio de muitas faces. Só assim
conseguiremos encontrar as múltiplas respostas que o problema impõe. É
exatamente essa a missão do projeto Planeta Sustentável, que se destina a
estimular o debate, reconhecer boas práticas e difundir conhecimento. A face
mais visível desse desafio está ligada ao ambiente, principalmente por causa da
emergência do aquecimento global, hoje, mais do que um alerta, dramático sinal
das consequências causadas pelo que fizemos e pelo que deixamos de fazer.

Sustentabilidade é um tema em construção. Há muito o que aprender


a respeito. Mas já sabemos que tem a ver com atos de nosso cotidiano. Desde
estilo de vida e consumo de cada um de nós, até a forma como lidamos ou
deixamos de lidar com o lixo que produzimos. Tem a ver com a maneira como
usamos os recursos e energias disponíveis. Tem muito a ver com nossa atitude
em cada momento de nossas vidas.

Nem sempre, é claro, problemas e soluções estão diretamente nas mãos


de cada um de nós. Mas, de alguma maneira, ainda que indireta, podemos

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

influir em decisões que dependem de políticos que elegemos ou deixamos


que fossem eleitos, ou de empresas que são mantidas por quem compra seus
produtos. É nessas esferas, político-econômicas, que estão grandes decisões
a respeito de modelos de desenvolvimento, políticas de saúde, projetos de
educação. Hoje, cada vez mais, as pessoas entendem os problemas da biosfera
e passam a pensar globalmente. Isso é ótimo. Mas não é tudo. É preciso também
pensar e agir localmente. Procurar ter mais influência no que acontece em
nossa própria cidade. Saber o que e como pode ser feito em soluções para a
casa e a cidade.

O Planeta Sustentável tem a participação de dezenas de revistas e sites da


Editora Abril e conta com um conselho consultivo, composto por especialistas
de diversas áreas, além de representantes de empresas patrocinadoras (veja
nos Canais Especiais) interessadas na difusão de conhecimentos. Em sua
primeira fase de um ano, o projeto prevê a realização de fóruns de discussão e
de produção de conteúdo capaz de informar e qualificar as ações. E, para isso,
se propõe a manter um constante debate, com a participação de uma série de
organizações convidadas.

Algum sábio já disse que é melhor resolver os problemas quando eles


ainda são pequenos. Em muitos dos desafios que temos de enfrentar para
conseguir uma vida mais sustentável, talvez já tenhamos perdido algumas
oportunidades de enfrentar problemas ainda pequenos. Mas é sábio lidar
com eles antes que cresçam ainda mais. Para isso, é preciso enxergá-los
imediatamente, ver quais são as soluções possíveis e buscá-las. Essa é a nossa
missão - e o convite para que você participe da construção de algo a ser legado
às próximas gerações: um planeta sustentável.

FONTE: Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/sustentabilidade/conteudo_226382.


shtmlCaco de Paula>. Acesso em: 24 fev. 2013.

Os meios para alcançar a sustentabilidade são diferenciados, mas as


empresas, de modo geral, pretendem com essas práticas a preservação do meio
ambiente, responsabilidade social e econômica.

As pessoas têm papel importante no processo de sustentabilidade, mudando


o estilo de vida em relação ao meio ambiente, tendo um consumo sustentável,
participando das ações ambientais movidas pelo governo e empresas.

Os objetivos gerais e resultados esperados por todos são: atender às


necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as futuras
gerações atenderem às suas próprias necessidades.

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TÓPICO 4 | PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM AMBIENTAL E MARKETING VERDE ADOTADO PELAS ORGANIZAÇÕES

3 CONCEITOS, NORMAS E OBJETIVOS DA ROTULAGEM


AMBIENTAL
Existe uma grande variedade de rótulos e declarações de desempenho
ambiental, quer voluntários quer obrigatórios.

Conforme Tachizawa (2010, p. 77), “Os Programas de rotulagem ambiental


adotados em diferentes países são criados com base em análise de ciclo de vida
e conferidos por instituições independentes, sejam governamentais, sejam não
governamentais”.

Os primeiros rótulos foram adotados na década de 40 do século XX


nos produtos tóxicos com advertências acerca de sua composição e uso. Mas a
disseminação dos processos de certificação e rótulos ambientais datam da década
de 70 do século passado devido a vários acidentes ambientais.

Veja o que diz a NBR ISO 14020 e NBR ISO 14024 sobre rotulagem ambiental:

Segundo a norma NBR ISO 14020, rotulagem ambiental é um conjunto


de instrumentos informativos que procura estimular a procura de produtos
e serviços com baixos impactos ambientais através da disponibilização de
informação relevante sobre os seus desempenhos ambientais.

A Organização Internacional de Normalização (ISO) determinou


um conjunto de critérios para avaliar os esquemas de rotulagem ambiental,
conhecida pela série ISO 14020. De acordo com a classificação ISO existem três
tipos voluntários de esquemas de rótulos ambientais:

Tipo I: Rótulos ambientais certificados


Tipo II: Autodeclarações
Tipo III: Declarações Ambientais do Produto, EPDs

FONTE: Disponível em: <http://www.startipp.gr/toolkit3_pt.htm>. Acesso em: 13 jan. 2013.

A NBR ISO 14024 estabelece quinze princípios e práticas para a rotulagem


ecológica

Esta Norma estabelece os princípios e procedimentos para o


desenvolvimento de programas de rotulagem ambiental do tipo l, incluindo
a seleção de categorias de produtos, critérios ambientais dos produtos
e características funcionais dos produtos, e para avaliar e demonstrar
sua conformidade. Esta Norma também estabelece os procedimentos de
certificação para a concessão do rótulo.

FONTE: Disponível em: <http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=1255>. Acesso em: 13


jan. 2013.

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

UNI

Caro(a) acadêmico(a), você pode aprofundar os estudos sobre o assunto nos sites
pesquisados.

Mas afinal, quais são os principais selos? Quais são os principais selos
ecológicos no mercado? Veja, a seguir, um texto publicado sobre o assunto.

EXISTEM MAIS DE 30 CERTIFICADORAS VERDES NO PAÍS, MAS ESSA


DIVERSIDADE DE SELOS PODE CONFUNDIR

Por *Yuri Vasconcelos, Elisa Correa, Liane Alves e Priscilla Santos

Existem mais de 30 certificadoras “verdes” no país, mas, segundo


Lisa Gunn, coordenadora executiva do Instituto de Defesa do Consumidor
(Idec), essa diversidade de selos pode confundir. “O consumidor deve ficar
atento para distinguir entre uma certificação conferida por um organismo
independente e os selos autodeclaratórios, que são colocados nos produtos
pelos próprios fabricantes”, diz. Confira abaixo os principais selos ecológicos
do mercado conferidos por certificadoras terceirizadas.

ISO 14001

O que certifica: sistema de gestão ambiental de empresas e


empreendimentos de qualquer setor.

Como é: em sua operação, a empresa deve levar em conta o uso racional


de recursos naturais, a proteção de florestas e a preservação da biodiversidade,
entre outros quesitos. No Brasil, quem confere essa certificação é a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Ao contrário das demais certificações,
não há um selo visível em produtos. Para saber se uma empresa tem o ISO 14001,
deve-se consultar seu site ou centro de atendimento ao cliente. <www.abnt.org>

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TÓPICO 4 | PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM AMBIENTAL E MARKETING VERDE ADOTADO PELAS ORGANIZAÇÕES

Procel

O que certifica: equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos.

Como é: o selo do Programa Nacional de Conservação de Energia


Elétrica indica os produtos que apresentam os melhores níveis de
eficiência energética dentro de cada categoria. Os equipamentos passam
por rigorosos testes feitos em laboratórios credenciados no programa.
<www.eletrobras.gov.br/procel>

FSC (Forest Stewardship Council)

O que certifica: áreas e produtos florestais, como toras de madeira,


móveis, lenha, papel, nozes e sementes. Como é: atesta que o produto vem
de um processo produtivo ecologicamente adequado, socialmente justo e
economicamente viável. Dez princípios devem ser atendidos, entre eles a
obediência às leis ambientais, o respeito aos direitos dos povos indígenas e a
regularização fundiária. <www.fsc.org.br>

Outro selo dessa categoria: Ceflor

LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental)

O que certifica: prédios e outras edificações.

Como é: concedido a edificações que minimizam impactos ambientais,


tanto na fase de construção quanto na de uso. Materiais renováveis, implantação

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

de sistemas que economizem energia elétrica, água e gás e controle da poluição


durante a construção são alguns dos critérios. <www.usgbc.org/leed>

Rainforest Alliance Certified

O que certifica: produtos agrícolas como frutas, café, cacau e chás. Como
é: trata-se de uma certificação socioambiental. Comprova que os produtores
respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo.
Com grande aceitação na Europa e nos EUA, é auditado no Brasil pelo Instituto
de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora). <www.imaflora.org>

ECOCERT

O que certifica: alimentos orgânicos e cosméticos naturais ou orgânicos.

Como: os alimentos processados devem conter um mínimo de 95% de


ingredientes orgânicos para serem certificados. Para ganhar um selo de cosmético
orgânico, um produto deve ter ao menos 95% de ingredientes vegetais e 95%
destes ingredientes devem ser orgânicos certificados – no caso de cosméticos
naturais, 50% dos insumos vegetais devem ser orgânicos. O selo Ecocert é um
só (este ao lado). Mas, por contrato com a certificadora, o fabricante é obrigado a
identificar no rótulo se o produto é orgânico ou natural. <www.ecocert.com.br>

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TÓPICO 4 | PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM AMBIENTAL E MARKETING VERDE ADOTADO PELAS ORGANIZAÇÕES

IBD (Instituto Biodinâmico)

O que certifica: alimentos, cosméticos e algodão orgânicos.

Como é: além de cumprir os requisitos básicos para a produção


orgânica (como fazer rotação de culturas e não usar agrotóxicos), garante
que a fabricação daquele produto obedece ao Código Florestal Brasileiro e às
leis trabalhistas. Os produtos industrializados devem ter ao menos 95% de
ingredientes orgânicos certificados – a água e o sal são desconsiderados nesse
cálculo tanto para cosméticos quanto para alimentos. <www.ibd.com.br>

Outros selos dessa categoria: Ecocert (leia acima), Demeter, CMO


(Certificadora Mokiti Okada) e IMO (Institute for Marketecology).

FONTE: Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento conteudo


_298573.shtml>. Acesso em: 13 jan. 2013.

O QUE É RÓTULO ECOLÓGICO

O Rótulo Ecológico ABNT é um programa de rotulagem


ambiental (Ecolabelling), que é uma metodologia voluntária de certificação e
rotulagem de desempenho ambiental de produtos ou serviços que vem sendo
praticada ao redor do mundo.

É um importante mecanismo de implementação de políticas


ambientais dirigido aos consumidores, auxiliando-os na escolha de produtos
menos agressivos ao meio ambiente. É também um instrumento de marketing
para as organizações que investem nesta área e querem oferecer produtos
diferenciados no mercado.

A atribuição do Rótulo Ecológico (Selo Verde) é similar a uma premiação,


uma vez que os critérios são elaborados visando à excelência ambiental
para a promoção e melhoria dos produtos e processos de forma a atender às
preferências dos consumidores.

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Em contraste com outros símbolos “verdes” ou declarações feitas por


fabricantes ou fornecedores de serviços, um rótulo ambiental é concedido
por uma entidade de terceira parte, de forma imparcial, para determinados
produtos ou serviços que são avaliados com base em critérios múltiplos
previamente definidos.

BENEFÍCIOS 

• o mercado consumidor está cada vez mais preocupado em adquirir


produtos produzidos de forma ecologicamente correta;

• o rótulo ecológico ABNT é uma garantia de que o produto/serviço da empresa


tem menor impacto ambiental do que seu similar que não tem o rótulo;

• garante ao mercado que a sua empresa está preocupada com as próximas


gerações;

• preservação do meio ambiente;

• redução de desperdícios (reciclagem);

• aumento da receita (venda de refugos para reciclagem);

• visibilidade da empresa no mercado;

• diferenciação no mercado;

• aumento das possibilidades de exportação.

FONTE: Adaptado de: <http://www.abntonline.com.br/rotulo/Abnt.aspx>. Acesso em: 8 jan. 2013.

Leia agora as perguntas frequentes sobre Rótulo Ecológico.

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TÓPICO 4 | PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM AMBIENTAL E MARKETING VERDE ADOTADO PELAS ORGANIZAÇÕES

1. Que tipo de empresa pode solicitar a concessão do Rótulo Ecológico?

Em princípio, qualquer empresa pode solicitar a concessão do Rótulo


Ecológico ABNT. Entretanto, todas as solicitações estão sujeitas a uma análise
técnica de viabilidade.

2. Que tipo de produto/serviço pode ser rotulado?

Em princípio, qualquer produto/serviço pode receber o Rótulo


Ecológico ABNT. Entretanto, todas as solicitações estão sujeitas a uma análise
técnica de viabilidade.

3. Em quanto tempo a empresa pode obter a concessão do Rótulo Ecológico?

Caso já existam critérios para o produto/serviço em questão e a


empresa já esteja adequada aos critérios, o processo de certificação leva de 45
a 60 [dias], em média. Caso seja necessário desenvolver critérios, o processo
completo pode levar de 4 a 6 meses.

4. O que a empresa precisa para solicitar a concessão do Rótulo Ecológico?

A empresa deve preencher o Questionário de Avaliação Preliminar,


disponível no seguinte endereço eletrônico: http://www.abntonline.com.
br/rotulo/Cadastro.aspx. De posse do questionário preenchido a ABNT irá
elaborar uma proposta técnico-comercial.

5. Preciso certificar todos os produtos da empresa ou apenas uma linha deles?

A empresa pode optar pela certificação de apenas uma linha de


produtos.

6. Existe a necessidade de estar em conformidade com a Norma ABNT NBR


14024 para obter a concessão do Rótulo Ecológico?

Não. A empresa deve se adequar ao Procedimento Específico para a


certificação do seu produto/serviço.

7. O que significa GEN?

GEN significa Global Ecolabelling Network. O GEN é uma organização


não governamental que desenvolve e promove a rotulagem ambiental de
produtos e serviços ao redor do mundo. Esta organização concentra informações
referentes a critérios ambientais estabelecidos pelo mundo, sendo utilizada
como fonte de pesquisa para o desenvolvimento dos critérios da ABNT.

8. O que o Rótulo Ecológico pode trazer de benefícios para a minha empresa?

• Garante ao mercado que a sua empresa está preocupada com as próximas


gerações.
• Redução de desperdícios (reciclagem).
• Visibilidade/diferenciação da empresa no mercado.
• Aumento das possibilidades de exportação.

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

• Marketing, considerando que o rótulo ecológico ABNT é uma garantia de


que o produto/serviço da empresa tem menor impacto ambiental do que
seu similar que não tem o rótulo.

9. Qual o custo da obtenção do Rótulo Ecológico ABNT?

O custo varia de acordo com diversos fatores tais como: tamanho da


empresa, quantidade de sites que fabricam o produto, tipo de produto a ser
certificado, quantidade de produtos diferentes a serem certificados, entre outros.

10. Onde pode ser utilizado o logo do Rótulo Ecológico, após a concessão da
certificação?

O logo do Rótulo pode ser colocado no próprio produto ou na sua


embalagem. Para a certificação de serviço pode ser divulgado em sites,
panfletos, entre outros meios de comunicação.

11. Um produto com o Rótulo Ecológico atende aos requisitos das construções
sustentáveis?

Os produtos que obtêm o Rótulo Ecológico ABNT comprovam ter


menor impacto ambiental que seus similares existentes no mercado, ao longo
de todo seu ciclo de vida. Portanto apresentam as características necessárias
para atender a requisitos gerais de sustentabilidade.

12. Existem níveis de certificação de Rotulagem Ambiental?

O programa de rotulagem ambiental da ABNT não estabelece níveis


de certificação.

FONTE: Disponível em: <http://www.abntonline.com.br/rotulo/faq.html>. Acesso em: 8 jan. 2013.

Como você pode perceber, existe uma grande variedade de rótulos e


declarações de desempenho ambiental, quer voluntários quer obrigatórios. Cabe
aos administradores verificar a sua importância e definir qual o mais adequado
que atende os objetivos da empresa em que atua.

Caro(a) acadêmico(a), consulte o site ABNT <http://www.abntonline.com.


br/rotulo/Abnt.aspx> e aprofunde seus conhecimentos sobre os critérios e os
detalhes de todos os produtos que obtiveram o RÓTULO ECOLÓGICO ABNT.

4 MARKETING VERDE NAS ORGANIZAÇÕES


Como vimos nos tópicos anteriores, a preocupação com as questões de
sustentabilidade movimenta o mercado globalizado. Veja, a seguir, artigo sobre
marketing ambiental.

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TÓPICO 4 | PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM AMBIENTAL E MARKETING VERDE ADOTADO PELAS ORGANIZAÇÕES

O MARKETING AMBIENTAL TAMBÉM CONHECIDO COMO


MARKETING VERDE, ECOLOGICAMENTE CORRETO OU
ECOMARKETING

O marketing ambiental pode ser assimilado pelas empresas como uma


ferramenta estratégica. Para viabilizar este objetivo é necessário desenvolver uma
cultura de comunicação capaz de integrar conteúdos de vários departamentos
técnicos ligados ao meio ambiente e qualidade de vida. É responsável em dar
forma à política ambiental da empresa, auxiliando a otimizar e a implementar
seu aperfeiçoamento integrado a um Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

Trata-se de uma ferramenta capaz de projetar e sustentar a imagem


da empresa, difundindo-a com uma nova visão de mercado, destacando
sua diferenciação ecologicamente correta com a sociedade, fornecedores,
funcionários e com o mercado. O marketing ambiental é também conhecido
como marketing verde, ecologicamente correto ou ecomarketing. Extrapola
a mera publicidade ou divulgação dos produtos ou serviços oferecidos por
empresas que querem veicular na mídia e no meio profissional ou para o
consumidor a aplicação de métodos ambientalmente corretos aplicados ao seu
gerenciamento interno ou na produção ou prestação de serviços.

O marketing verde é uma verdadeira e ampla adoção de políticas


ambientais que vão do início, desde a coleta da matéria-prima até sua
disposição; é a compreensão gerencial ampla, dotada de métodos abrangentes
e envolventes. Envolve a área de recursos humanos, ciência e tecnologia,
educação, tudo enfim que estiver envolvido com a produção ou a prestação
de serviços. Será uma necessidade empresarial. A empresa poluidora
ou eticamente incorreta sob o ponto de vista ambiental será expurgada
gradativamente pelos consumidores.

O marketing ambiental não se limita à promoção de produtos que tenham


alguns atributos verdes (tais como recicláveis e produtos que não destruam
a camada de ozônio). Isso porque, para posicionar-se como ambientalmente
responsável, a empresa deve, antes de mais nada, organizar-se para ser uma
empresa ambientalmente responsável em todas as suas atividades. Para
isso, todos os funcionários devem estar conscientes de que a empresa não
pode ter nenhuma falha em seu comportamento ambiental, pois é muito
difícil e demorado o processo de reconstrução da imagem de uma empresa
previamente retratada na mídia como ambientalmente irresponsável. Além
disso, a empresa deve adotar um comportamento proativo, ou seja, deve estar
sempre aperfeiçoando seu comportamento ambiental, pois as expectativas
da população quanto ao verde está em constante mudança e os objetivos que
as empresas devem buscar atingir, em termos de emissões atmosféricas, por
exemplo, são ideais (emissão zero de partículas poluentes). Por isso, para
atingir tais objetivos, as empresas devem traçar metas cada vez mais rígidas.

Alguns (bons) motivos para que a sua empresa adote um programa


de marketing ambiental

1. Funcionários e acionistas sentem-se melhor por estarem associados


a uma empresa ambientalmente responsável, e essa satisfação pode até mesmo
resultar em aumento de produtividade da empresa.

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

2. Redução de custos - Ocorre à medida que a poluição representa


materiais mal aproveitados devolvidos ao meio ambiente, ou seja, a maior parte
da poluição resulta de processos ineficientes, que não aproveitam completamente
os materiais utilizados. Além disso, a simples auditoria ambiental pode
identificar custos desnecessários que a empresa pode eliminar.

3. Facilidades na obtenção de recursos - Bancos e, principalmente,


organizações de desenvolvimento (como o BNDES e o BID) oferecem linhas
de crédito específicas para projetos ligados ao meio ambiente com melhores
condições, tais como maior prazo de carência e menores taxas de juros. Além
disso, a maior parte dos bancos analisa a performance ambiental das empresas no
momento de conceder financiamentos. Dessa forma, empresas mais agressivas
ao meio ambiente podem precisar pagar juros mais altos ou até mesmo ver
negado seu pedido de financiamento.

4. Pressão governamental - Os diversos governos no mundo, através


de legislação, vêm buscando punir, através de multas e proibições, práticas
das empresas que tenham impactos ambientais significativos. A legislação
vem sendo cada vez mais rigorosa na busca pelo "Impacto Ambiental Zero".
O governo ainda pode atuar através de suas compras, ou seja, proibindo
a aquisição, por parte de suas empresas e órgãos, de produtos que afetem
significativamente o ambiente físico e estimulando a consumo de produtos
"ecologicamente corretos".

5. Pressão das ONGs - As diversas ONGs pressionam empresas através


de campanhas veiculadas na imprensa e lobby com legisladores. Empresa
sob a mira de uma das principais ONGs será bombardeada na imprensa e
provavelmente passará a ser percebida pela população como ambientalmente
irresponsável, o que representa forte publicidade negativa.

Alguns termos ligados ao marketing ambiental

Auditoria ambiental: análise dos processos e produtos da empresa


para avaliar seus impactos ambientais.

Certificação ambiental: certificados conferidos por organizações


independentes que garantem que a empresa certificada mantém em
funcionamento um sistema de garantia da qualidade ambiental. A certificação
ambiental mais importante é a da série ISO 14000.
Ciclo de vida: período que abrange todas as diversas fases da "vida"
de um produto, que se inicia com a obtenção da matéria-prima até o momento
em que ele é descartado, passando pelo seu processo de produção, embalagem
e transporte, entre outros.

Impacto ambiental: efeito de degradação do meio ambiente causado


por um produto (seja em sua fabricação, utilização, embalagem ou descarte)
ou empresa.

Marketing verde: é representado pelos esforços das organizações em


satisfazer às expectativas dos consumidores por produtos que determinem
menores impactos ambientais ao longo de seu ciclo de vida (produção,

74
TÓPICO 4 | PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM AMBIENTAL E MARKETING VERDE ADOTADO PELAS ORGANIZAÇÕES

embalagem, consumo, descarte...) e a divulgação desses esforços de modo a


gerar maior consumo desses produtos e maiores lucros para as empresas.

ONGs: Organizações Não Governamentais, empresas independentes,


sem vínculo com entidades oficiais.

Rotulagem ambiental: são os chamados "selos verdes", conferidos por


organizações independentes, assegurando a qualidade ambiental de produtos.

Quando a questão do marketing ambiental é aplicável a empresas que


comercializam bens e/ou serviços relacionados ao controle ambiental, tudo
anteriormente exposto deve ser tratado pensando que o seu cliente comprador
dispõe de um mínimo de cultura ambiental crescente e conhecimentos técnicos
suficientes para diferenciar o que é um simples argumento de propaganda,
uma apologia, o que, dependendo do caso, pode até resultar em dúvidas ou
desqualificações.

Hoje, as equipes envolvidas na compra ou contratação conseguem


avaliar e diferenciar, não somente aquilo que é mostrado e até demonstrado
no produto ou serviço, os conhecimentos culturais dos contratos diretos, assim
como verificar o engajamento e conhecimento da empresa na problemática e
soluções ambientais no contexto global, questões essas cada vez mais relevantes.

FONTE: <www.amda.org.br>. Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/


artigos/marketing_ambiental.html?query=Marketing+Ambiental>. Acesso em: 13 jan. 2013.

Veja, a seguir, artigo sobre marketing verde e aprofunde ainda mais seus
conhecimentos.

À medida que a humanidade vai tomando consciência de seu papel


social, muito se tem questionado acerca da responsabilidade social de algumas
empresas, perante o impacto ambiental negativo decorrente das atividades
produtivas e mercadológicas. O processo de industrialização percorrido pelas
nações ao longo dos últimos séculos trouxe, de um lado, diversos benefícios
econômicos e, de outro, sérias consequências ambientais. Se é permitido à
humanidade usufruir, nesta era virtual, do conforto proporcionado por uma
vasta gama de produtos e serviços, não se pode esquecer que muitos destes
benefícios tiveram um custo ambiental bastante elevado. Nos últimos anos,
os governos de diversos países, em parceria com a iniciativa privada, têm se
mobilizado em busca de soluções para o conflito desenvolvimento econômico
e preservação ambiental. O chamado desenvolvimento sustentável ainda está
longe de ser alcançado pelos países e suas organizações, tendo em vista os
inúmeros problemas ambientais decorrentes das atividades produtivas tais
como: efeito estufa, chuva ácida, lixo nuclear, poluição atmosférica e aquática,
entre outros. Exatamente por isto é preciso repensar a atividade produtiva
e mercadológica, a fim de que se possam encontrar soluções viáveis para o
conflito capital e natureza e também conciliar os interesses de governos,

75
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

empresas e sociedade neste processo. E um dos recursos mercadológicos, que,


a princípio, permite que as organizações sejam lucrativas e ao mesmo tempo
ambientalmente responsáveis é a implantação do chamado marketing verde.

O MARKETING ECOLÓGICO E A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

O termo marketing verde, ecológico ou ambiental, surgiu nos anos setenta,


quando a AMA (American Marketing Association) realizou um workshop com a
intenção de discutir o impacto do marketing sobre o meio ambiente. Após esse
evento o marketing ecológico foi assim definido: “O estudo dos aspectos positivos
e negativos das atividades de marketing em relação à poluição, ao esgotamento
de energia e ao esgotamento dos recursos não renováveis”. Posteriormente, o
marketing ambiental também foi discutido por Kotler que o definiu como sendo:
“[...] um movimento das empresas para criar e colocar no mercado produtos
ambientalmente responsáveis em relação ao meio ambiente”. Polonsky, autor
de várias obras sobre o tema, propõe um conceito para o marketing verde, que
ele próprio considera como sendo o conceito mais abrangente: “Marketing
verde ou ambiental consiste em todas as atividades desenvolvidas para gerar e
facilitar quaisquer trocas com a intenção de satisfazer os desejos e necessidades
dos consumidores, desde que a satisfação de tais desejos e necessidades ocorra
com o mínimo de impacto negativo sobre o meio ambiente”.

O marketing ecológico consiste, portanto, na prática de todas aquelas


atividades inerentes ao marketing, porém incorporando a preocupação
ambiental e contribuindo para a conscientização ambiental por parte do
mercado consumidor.

Ao adotar o marketing verde, a organização deve informar a seus


consumidores acerca das vantagens de se adquirir produtos e serviços
ambientalmente responsáveis, de forma a estimular (onde já exista) e despertar
(onde ainda não exista) o desejo do mercado por esta categoria de produtos. O
marketing moderno consiste em criar e ofertar produtos e serviços capazes de
satisfazer os desejos e necessidades dos consumidores. No marketing verde, os
consumidores desejam encontrar a qualidade ambiental nos produtos e serviços
que adquirem. Percebemos, assim, que nenhum esforço por parte das empresas tem
sentido, se os consumidores insistirem em continuar consumindo determinados
bens que agridam a natureza. Por exemplo, uma indústria têxtil pode substituir
peles de ursos, ovelhas, tigres e outras espécies por fibras sintéticas; mas se o
desejo dos consumidores for o de continuar adquirindo vestimentas feitas a partir
da pele destes animais, o esforço da organização, por mais bem intencionado que
seja, não causará nenhum impacto positivo sobre a demanda.

A PRESERVAÇÃO DAS ESPÉCIES E SEUS HABITATS NATURAIS

Apesar da importância da flora e da fauna para gerar produtos que


atendam às necessidades dos consumidores, sabemos que muitas espécies estão
em processo de extinção e, portanto, precisam ser poupadas. A preservação

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TÓPICO 4 | PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM AMBIENTAL E MARKETING VERDE ADOTADO PELAS ORGANIZAÇÕES

de espécies animais e vegetais, quando o marketing verde é adotado por


uma empresa, pode ocorrer de duas formas. A primeira é quando durante
o processo produtivo a empresa não causou danos a estas espécies ou pelo
menos procurou minimizá-los. Podemos citar como exemplo a L’ácqua di Fiori,
empresa do setor de cosméticos, que garante que seus produtos não são testados
em animais. A segunda forma é quando uma empresa realiza ou patrocina
um projeto com o objetivo de salvaguardar determinada espécie animal em
extinção ou recuperar determinada área ambientalmente degradada. Neste
caso, não há necessidade de a empresa, que desenvolveu a ação ambiental
corretiva, ser a própria empresa responsável pela degradação ou uma
empresa cujas atividades possam impactar negativamente o meio ambiente.
Tal ação pode ser promovida por qualquer empresa, independentemente do
setor econômico do qual ela faça parte, como é o caso do Unibanco com o
programa Unibanco Ecologia, responsável por patrocinar projetos ecológicos.
Contudo, algumas ações ecológicas, em nível de fortalecimento da imagem
institucional, costumam surtir mais efeito quando são realizadas por empresas
cujas atividades estão diretamente relacionadas ao meio ambiente. Exemplo
disto é a MBR (Minerações Brasileiras Reunidas) com a recuperação da
Praça da Liberdade em Belo Horizonte. O fato de a empresa ter literalmente
destruído a Serra do Curral deixou-a numa posição desfavorável em relação
à sua imagem no mercado; como pode ser confirmado com as comunidades
adjacentes à área onde a empresa minera. Entretanto, parte desta credibilidade
corporativa perante a opinião pública foi resgatada após a recuperação da
praça, sendo que o trabalho foi muito bem desenvolvido e apreciado pela
maioria da população que teve este importante espaço público revitalizado.
Contudo, uma questão problemática referente ao patrocínio de projetos, e
que não pode deixar de ser considerada, é que assim como ocorre nas outras
formas de marketing institucional como o marketing esportivo e o cultural, em
que a organização somente patrocina o atleta ou o artista que já tem uma certa
projeção no mercado, no marketing verde costuma ocorrer o mesmo. Muitas
empresas dão prioridade a projetos ecológicos que têm como alvo áreas que
possuem forte imageabilidade e destaque na cidade, como os chamados
cartões-postais, quando nem sempre estas áreas são as prioritárias. Não é raro
constatar a existência de outras áreas, cujo estado de degradação se encontra em
nível muito mais avançado e, portanto, necessitando urgentemente de serem
recuperadas. Porém, se forem áreas periféricas e de pouco destaque dificilmente
despertarão a atenção das empresas. Aliás, as áreas periféricas, devido à maior
concentração de miséria, geralmente são as mais ambientalmente degradadas.
Neste caso, o problema ambiental torna-se difícil de ser resolvido, porque o
Poder Público, que, na verdade, é o responsável por gerir o meio ambiente,
promove ações paliativas e sem continuidade. Além destes problemas que
envolvem o patrocínio de projetos, existem alguns feitos ecológicos realizados
por algumas empresas, que não passam de cumprimento a determinadas
penalidades, aplicadas exatamente pelo fato de elas terem agredido o meio
ambiente. Exemplo disto é o de uma empresa que devastou uma área proibida
na capital mineira e por isso foi penalizada pela PBH, tendo que refazer o

77
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

plantio das mudas arrancadas por toda a cidade. Para aqueles que transitam
por Belo Horizonte e não sabem do que está por trás das inúmeras árvores,
que exibem a marca da empresa em suas redes de proteção, pode parecer
que esta se preocupou com a natureza e com a qualidade de vida de seus
consumidores, quando, na realidade, o que ocorreu foi o contrário. Este é um
exemplo de penalidade que acabou se transformando numa ferramenta da
propaganda verde. E assim como o marketing não se resume em propaganda
(ao contrário do que muitos pensam), o marketing verde também não está
restrito à propaganda ecológica. No marketing verde, o ideal é que as empresas
adotem a chamada comunicação de atitude, ou seja, divulguem o que elas
realmente têm desenvolvido em prol do meio ambiente e não o que existe
de belo na natureza para ser explorado em mera campanha publicitária. A
despeito disto, muitas empresas associam suas marcas a imagens ecológicas
como: matas, cachoeiras, pássaros, montanhas etc. sem nada contribuírem
para a preservação destes ecossistemas. Tais empresas não estão realizando, de
fato, o marketing ecológico, pois suas ações se restringem à mera propaganda.
Além disto, as ações de marketing ambiental devem estar integradas às ações
de marketing social e de marketing de relacionamento, porque o marketing
verde propõe uma abordagem integrada das relações da empresa com seus
públicos internos e externos, buscando assim a satisfação de todos: empresas,
consumidores e meio ambiente.

A PRESERVAÇÃO DOS RECURSOS ESCASSOS

Se formos analisar o conceito de escassez na ótica econômica,


percebemos que, de um lado, temos os recursos naturais que são limitados
e, de outro, as necessidades humanas, que são ilimitadas. Como os recursos
são escassos, torna-se uma condição indispensável ao pleno desenvolvimento
econômico de um país a maximização da eficiência produtiva através da
correta alocação destes recursos para satisfazer as demandas sociais, que, como
já vimos, estão em constante evolução. Contudo, sabemos que, exatamente
por estes recursos serem escassos, eles devem ser racionalmente utilizados
de modo que não se esgotem rapidamente, o que prejudicaria a própria
capacidade econômica e também as condições que geram e preservam a vida
no planeta. Assim, quando uma empresa adquire consciência preservacionista
e resolve implantar o marketing verde, ela muda sua postura face às questões
ambientais, pois entende que qualquer ação desenvolvida hoje no sentido de
preservar os recursos escassos trará no futuro, além de benefícios à natureza e
à sociedade, vantagens à própria organização. Entre estas vantagens, podemos
citar algumas, somente para efeito de exemplificação: redução dos custos de
produção através da utilização de materiais e resíduos reciclados; redução
de desperdícios; redução dos custos incorridos em multas pelo desrespeito
a algumas normas ambientais; aumento de competitividade no mercado
podendo, inclusive, canalizar o montante economizado a longo prazo para
investimentos em outras atividades.

78
TÓPICO 4 | PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM AMBIENTAL E MARKETING VERDE ADOTADO PELAS ORGANIZAÇÕES

A INCORPORAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS AOS


PRODUTOS

A incorporação de características ambientais aos produtos é uma tarefa


que envolve, em alguns casos, mudanças drásticas no processo produtivo,
visando ao abandono de tudo aquilo que possa comprometer a qualidade
ambiental do que está sendo produzido. O controle do processo produtivo
no marketing ecológico envolve a análise de todo o ciclo de vida dos produtos,
desde sua produção, embalagem, transporte e consumo até sua utilização e
posterior descarte. Isto significa que durante todas as etapas do ciclo de vida
de um produto, seus impactos ambientalmente negativos foram avaliados e
corrigidos para que ele se tornasse não somente mais saudável para o consumo,
como também menos agressivo ao meio ambiente. Para isso, são controladas
as formas como as matérias-primas são extraídas da natureza e as formas
como elas são trabalhadas no processo produtivo, tendo em vista a redução
da emissão de poluentes para o meio ambiente. O produto final também deve
ter qualidade ambiental agregada, sendo um produto não poluente e que,
além de não provocar danos à saúde das pessoas, quando de sua utilização,
também não provocará efeitos ambientais negativos, quando de seu descarte.
Enfim, o marketing ecológico envolve a adoção de diversas práticas
preservacionistas, por parte das organizações, visando à eliminação ou, pelo
menos, redução dos danos ecológicos em todas as fases do ciclo de vida dos
produtos.

A COMUNICAÇÃO VERDE DAS EMPRESAS

O objetivo principal da comunicação verde é mostrar ao consumidor


que um artigo ecologicamente correto é também mais saudável para o
consumo, a partir do momento em que, reduzindo-se os danos ambientais,
a qualidade de vida das pessoas, indiretamente, sofre melhorias. Ou seja, no
marketing verde, a empresa divulga o que tem feito em prol do meio ambiente e,
desse modo, procura sensibilizar o consumidor para que ele também participe
deste processo, já que a responsabilidade de preservar os recursos escassos é
de todos.

Vejamos alguns exemplos de mensagens informativas e educativas


que os fabricantes poderiam incluir nos rótulos de seus produtos: “Esta
embalagem é biodegradável. Apesar disso, você deve descartá-la em um local
adequado...” “Não jogue sua latinha no chão, pois ela pode ser reciclada.
Procure em sua cidade um posto de coleta...” “Você sabia que o vidro é 100 %
reciclável? Se você deseja contribuir para a coletiva seletiva de lixo, procure em
sua cidade...” “Nosso produto não contém CFCs. Saiba aqui o que o CFC pode
causar ao meio ambiente e à sua saúde...” “Veja o que acontece com a natureza
toda vez que você joga lixo no chão...” “Nossas lâmpadas foram fabricadas...
Saiba mais como economizar energia...” “Nosso produto possui um rótulo

79
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

ecológico. Isto significa que ele foi desenvolvido...” “Esta embalagem é de fato
degradável. Isto quer dizer que...”

Num país como o Brasil, marcado por uma baixa distribuição de renda
e por diversos planos econômicos malsucedidos, que deixaram o mercado
em situação instável, os consumidores ainda têm orientado seus hábitos de
consumo de acordo com a melhor relação custo-benefício que um artigo pode
trazer. Pesquisas indicam que as motivações consumistas em nosso contexto
sócio-econômico ainda não abarcam completamente a qualidade ambiental
dos produtos – quando comparadas ao fator “preço” –, apesar de uma pequena
parcela do mercado já começar a se preocupar com a questão ambiental. Assim
torna-se difícil transplantar certos conceitos como o do Green Marketing para a
nossa cultura, sendo de extrema importância esclarecer que o maior lucro do
marketing ambiental vem a longo prazo, com a adoção da referida comunicação
de atitude. Nesta a imagem das empresas será fortalecida perante um mercado
que já tem consciência das questões ecológicas.

Não basta os fabricantes serem verdes, se o consumidor final ainda


estiver limitado pelo fator renda no momento da aquisição dos produtos. O
mercado para os produtos ecológicos ainda é constituído por uma elite que
se preocupa com a natureza e com a saúde ao mesmo tempo em que possui
condições financeiras para optar por empresas e produtos ambientalmente
responsáveis. Assim, tentar usar a comunicação de marketing verde de forma
persuasiva constitui um equívoco, pois seu caráter é muito mais de educação
ambiental do que mero estímulo à compra imediata.

No Brasil, o lucro através da venda de produtos com ecoqualidade


será uma consequência da mudança de valores por parte das organizações
e seus mercados. A educação ambiental assume um importante papel como
uma ferramenta do marketing verde capaz de fazer o mercado internalizar
mensagens de conteúdo informativo e participar do processo de construção
das relações de troca do futuro, onde produtos existirão não somente
para satisfazer as necessidades e expectativas humanas, mas também as
necessidades da natureza em todas as suas formas.

Alessandra Teixeira, professora, consultora e pesquisadora nas


áreas de marketing, turismo e gestão ambiental integrada. Mestre em Gestão
Sustentável do Turismo e Hospitalidade pela UIB (Universidade das Ilhas
Baleares, Palma de Mallorca, Espanha). Especialista em Marketing pela UFMG,
com pesquisa voltada para o tema “Gestão ambiental e marketing ambiental”.
Artigo original da autora: The Environmental Management Systems
as a Tool of the Green Marketing. Conferência de Marketing e Administração
do BALAS (Business Association for Latin American Studies), Caracas, VE, 14
abr. 2000.

FONTE: Disponível em: <http://www.marketing.com.br/index.php?option=com content&view=artic


le&id=121&joscclean=1&comment_id=669>. Acesso em: 6 out. 2012.

80
TÓPICO 4 | PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM AMBIENTAL E MARKETING VERDE ADOTADO PELAS ORGANIZAÇÕES

UNI

Imageabilidade, segundo Lynch (1999), é a característica que um objeto possui que


lhe confere uma alta probabilidade de evocar uma imagem forte em qualquer observador dado,
criando imagens mentais claramente identificadas, altamente estruturadas e extremamente
úteis ao ambiente. Essa característica também pode ser chamada de legibilidade ou visibilidade.
Desta forma, as imagens ficam retidas na memória do observador (pregnância) e lhe fornecem
um senso de orientação, permitindo, entre outras coisas, uma locomoção mais fácil e rápida,
facilitando a sua apropriação do ambiente.

FONTE: Disponível em: <http://www.fau.ufrj.br/prolugar/arq_pdf/dissertacoes/Dissert_


Michael%20D%20Hosken%202005/14%20-%20MDHA%20-%203%20-%20MATERIAIS%20E%20
M%90TODOS.pdf>.

Vimos que o marketing verde ou ambiental é uma ferramenta estratégica


utilizada pelas empresas para projetar e sustentar a imagem de uma organização
sustentável.

4.1 MARKETING VERDE X GREENWASHING (LAVAGEM VERDE)


Falamos no estudo anterior sobre marketing verde, agora vamos tratar do
greenwashing, ou "lavagem verde", em português. Veja, a seguir, artigo que trata
do assunto.

O QUE SIGNIFICA GREENWASHING

Publicado em 15 de junho de 2010

Segundo a Wikipédia, greenwashing (traduzido como branqueamento


ecológico) ou greenwash (traduzido como lavagem verde) é um termo utilizado
para designar um procedimento de marketing utilizado por uma organização
(empresa, governo etc.) com o objetivo de dar à opinião pública uma imagem
ecologicamente responsável dos seus serviços ou produtos, ou mesmo da
própria organização.

81
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

O interessante é que, em inglês, o termo greenwash é uma mistura de


dois termos: green e whitewash. Green, como já vimos, significa verde e whitewash
é uma espécie de tinta branca barata aplicada na fachada de casas. Por isso
essa expressão é usada por ambientalistas para se referir às propagandas
corporativas que tentam mascarar um desempenho ambiental fraco por parte
da empresa.

Informações enganosas difundidas por algumas empresas e


organizações podem confundir consumidores e gerar ceticismo, o que
pode significar uma ameaça à conscientização ambiental. Esse processo de
desinformação anula os esforços de varejistas e fabricantes que procuram,
conscientemente, melhorar seu desempenho. É claro que muitas empresas
estão verdadeiramente melhorando o seu desempenho ambiental de maneira
ética e estão fazendo isso apenas com os melhores motivos. Mas outros veem
nessa ferramenta de marketing novas possibilidades de lucros e exageram em
seu discurso verde. Vem crescendo o número de denúncias contra empresas
que aplicam o golpe de empresa verde. Fazem parte dessa estatística desde
microempresas até grandes organizações.

Por isso, qualquer profissional das áreas de design, publicidade,


marketing e vendas precisa se assegurar de que seus produtos e campanhas
passem no teste do greenwash, para não cair em discursos vazios.

Há uma definição mais completa para o conceito em um artigo de


Thiago Araújo, publicado no Ambiente Brasil.

Greenwashing é um termo em língua inglesa usado quando uma


empresa, organização não governamental (ONG), ou mesmo o próprio
governo, propaga práticas ambientais positivas e, na verdade, possui
atuação contrária aos interesses e bens ambientais. Trata-se do uso de ideias
ambientais para construção de uma imagem pública positiva de “amigo do
meio ambiente” que, porém, não é condizente com a real gestão, negativa e
causadora de degradação ambiental.

Isso não quer dizer que as empresas não podem divulgar o que estão
fazendo pelo meio ambiente, mas sim que devem agir de modo transparente.
Um produto que consome menos energia ou emite menos gases poluentes não
pode ser intitulado como “ecológico” se o seu processo produtivo também
não foi adaptado para diminuir as agressões à natureza.

Um estudo da empresa americana Terra Choice Environmental


Marketing, citado na revista Business do Bem e também no Ambiente Brasil,
apontou os seis pecados cometidos pelo “greenwashing” ao fazer propaganda
das qualidades de um produto. Fique de olho na hora das compras:

1 Malefícios escondidos

82
TÓPICO 4 | PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM AMBIENTAL E MARKETING VERDE ADOTADO PELAS ORGANIZAÇÕES

2 Falta de provas (certificações duvidosas, por exemplo)

3 Promessa vaga (informações chamativas como “100% verde” sem


explicações sobre o que realmente significam)

4 Dois demônios (produtos “ecológicos”, mas que naturalmente trazem


malefícios, como cigarros orgânicos)

5 Irrelevância

6 Mentira (qualidades falsas)

FONTE: PROJETO jogo limpo. Disponível em: <http://www.funverde.org.br/blog/archives/6886>.


Acesso em: 13 jan. 2013.

Podemos verificar no artigo que a prática greenwashing é uma forma de


marketing que as empresas utilizam para demonstrar à opinião pública uma
imagem ecologicamente responsável dos seus serviços ou produtos, ou mesmo da
própria organização, que não condiz com a realidade. 

Veja, a seguir, pesquisa sobre a situação do Brasil em relação à prática de


greenwashing.

BRASIL É O PAÍS QUE MENOS PRATICA GREENWASHING

Mônica Nunes/Débora Spitzcovsky


Planeta Sustentável - 16/06/2010

Pesquisa sobre greenwashing, realizada pela Market Analysis, mostrou


que os produtos brasileiros são os que usam menos apelos em suas embalagens
para dar ao consumidor uma falsa impressão de preocupação ambiental.
Ainda assim, a prática é frequente no país: 90% de todos os produtos nacionais
analisados pela pesquisa possuem algum tipo de apelo ecológico.

Os consumidores do mundo inteiro andam mais preocupados com o


impacto dos produtos que consomem e, no Brasil, não é diferente. Nosso país
chegou a ficar em segundo lugar no ranking das nações mais preocupadas
com consumo consciente, na pesquisa Greendex 2009, realizada pela National
Geographic Society (saiba mais em Brasil é o segundo país em consumo
sustentável).

Para ganhar a simpatia dos consumidores, muitas empresas estão divulgando


por aí suas ações de responsabilidade socioambiental, mas, segundo o relatório

83
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Monitor de Responsabilidade Social Corporativa, publicado anualmente pelo


instituto de pesquisas Market Analysis, apenas 6% das companhias divulgam
os resultados reais de suas iniciativas sustentáveis, o que significa que muitas
empresas andam praticando “greenwashing”, ou seja, passando uma imagem
ecologicamente responsável que não condiz com a realidade.

Nesse cenário, para saber exatamente quais companhias estão querendo


enganar os consumidores com apelos ecológicos, a Market Analysis realizou
uma nova pesquisa, a Greenwashing no Brasil, para mapear e quantificar os
produtos nacionais que, de alguma maneira, tentam iludir o consumidor em suas
embalagens. O estudo cruzou dados com iniciativas semelhantes – promovidas
nos EUA, Canadá, Inglaterra e Austrália, pela consultora internacional Terra
Choice – e apontou que o Brasil é o país que possui menos apelos ecológicos
nos rótulos de seus produtos: nossa média é de 1,8 apelo por artigo analisado,
enquanto os EUA lideram o ranking, com 2,3 apelos por produto. 

Além disso, a pesquisa mostrou que o Brasil é o país que apresenta


o maior número de produtos sem qualquer tipo de “greenwashing”:
foram 87, dos 500 itens analisados. Ainda assim, 90% dos artigos
nacionais avaliados  pela iniciativa  contêm, pelo menos, um apelo
ecológico em suas embalagens, sendo que a maioria desses produtos
é lançada no mercado pelo segmento de cosméticos e higiene pessoal. 

OS SETE PECADOS NAS EMBALAGENS

Para avaliar os produtos brasileiros, a Market Analysis usou os mesmos


critérios da canadense Terra Choice: os Seven Sins of Greenwashing, que
classificam os tais apelos ecológicos em sete categorias. 

São elas:

– custo ambiental camuflado: refere-se aos rótulos que destacam uma qualidade
ambiental do produto para camuflar outras características insustentáveis
que, juntas, têm um custo ambiental muito maior;

– falta de prova: analisa as declarações vagas nas embalagens dos produtos,


como “ambientalmente correto”, que não especificam os fatos em que são
baseadas;

– incerteza: refere-se a expressões que provocam dúvida no consumidor, como


o termo “material reciclado”, que não indica, exatamente, a porcentagem do
produto que foi feita do reaproveitamento de materiais;

– culto a falsos rótulos: condena as embalagens que, a partir de palavras ou


imagens, querem passar a falsa ideia de endosso de entidades de renome,
como a FSC;

84
TÓPICO 4 | PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, ROTULAGEM AMBIENTAL E MARKETING VERDE ADOTADO PELAS ORGANIZAÇÕES

– irrelevância: refere-se aos rótulos de produtos que indicam uma qualidade


que, na verdade, possui benefício ambiental quase nulo;

– mentira: indica embalagens que contêm declarações totalmente falsas e

– menos pior: refere-se a produtos que, por mais que tenham qualidades
ambientais, só trazem malefícios para o consumidor e para o meio ambiente,
como o cigarro orgânico.

No Brasil, o “pecado” mais presente nos rótulos dos produtos é o da


incerteza: 46% das embalagens nacionais provocam, propositalmente ou não,
algum tipo de dúvida no consumidor, enquanto nos demais países, o pecado do
custo ambiental camuflado é mais frequente.

Para diminuir o número de vítimas do greenwashing, os pesquisadores


da Market Analysis dão uma dica aos consumidores: é preciso procurar, sempre,
nos rótulos dos produtos, os selos oficiais das entidades comprometidas com a
responsabilidade socioambiental. Entre elas: o Procel, de economia de energia,
e o FSC, que atesta os produtos que não contribuem para o desmatamento das
florestas (para saber mais, leia a reportagem Como os selos verdes podem
ajudar?). 

FONTE: Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/


greenwashing-brasil-marketing-propaganda-verde-produtos-570487.shtml>. Acesso em: 2 jan. 2013.

Caro(a) acadêmico(a), você pode ampliar seus conhecimentos assistindo


ao vídeo sobre: Estudo sobre Maquiagem Verde, ou greenwashing, que investigou
501 produtos no Brasil. Está disponível no site <http://globotv.globo.com/globo-
news/cidades-e-solucoes/v/estudo-sobre-maquiagem-verde-ou-greenwashing-
investigou-501-produtos-no-brasil/1847755>. Pode também acessar o site e verificar
o estudo no Brasil sobre greenwashing.

85
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você viu que:

• Os objetivos das práticas sustentáveis são definidos de acordo com os resultados


que se deseja alcançar. Cada empresa tem suas particularidades e interesses que
a direcionam para práticas sustentáveis diferentes uma das outras.

• As limitações de recursos naturais influenciam as empresas a adotarem


práticas sustentáveis, pois terão dificuldades em competir quando os recursos
se tornarem mais escassos. Pode-se evidenciar também que as exigências de
clientes e consumidores têm levado as empresas a demonstrarem que são mais
sustentáveis, gerando uma competição entre elas.

• Os meios para alcançar a sustentabilidade são diferenciados, mas as empresas,


de modo geral, pretendem com essas práticas a preservação do meio ambiente,
responsabilidade social e econômica.

• As pessoas têm papel importante no processo de sustentabilidade, mudando


o estilo de vida em relação ao meio ambiente, tendo um consumo sustentável,
participando das ações ambientais movidas pelo governo e empresas.

• Os programas de rotulagem ambiental adotados em diferentes países são


criados com base em análise de ciclo de vida e conferidos por instituições
independentes, sejam governamentais, sejam não governamentais.

• Segundo a norma NBR ISO 14020, rotulagem ambiental é um conjunto de


instrumentos informativos que procura estimular a procura de produtos
e serviços com baixos impactos ambientais através da disponibilização de
informação relevante sobre os seus desempenhos ambientais.

• A NBR ISO 14024 estabelece os princípios e procedimentos para o desenvolvimento


de programas de rotulagem ambiental do tipo l, incluindo a seleção de categorias
de produtos, critérios ambientais dos produtos e características funcionais dos
produtos, e para avaliar e demonstrar sua conformidade. Esta Norma também
estabelece os procedimentos de certificação para a concessão do rótulo.

• O marketing verde ou ambiental é uma ferramenta estratégica utilizada pelas


empresas para projetar e sustentar a imagem de uma organização sustentável.
Trata-se de uma ferramenta capaz de projetar e sustentar a imagem da empresa,
difundindo-a com uma nova visão de mercado, destacando sua diferenciação
ecologicamente correta com a sociedade, fornecedores, funcionários e com o
mercado.

86
• Greenwashing é uma forma de marketing que as empresas utilizam para
demonstrar à opinião pública uma imagem ecologicamente responsável dos
seus serviços ou produtos, ou mesmo da própria organização, que não condiz
com a realidade. 

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AUTOATIVIDADE

Faça uma pesquisa na internet sobre práticas sustentáveis de empresas


instaladas no Brasil e compartilhe o resultado com os demais acadêmicos no
próximo encontro presencial.
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UNIDADE 2

ÉTICA E RESPONSABILIDADE
SOCIAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você estará apto(a) a:

• combinar os conceitos de ética, moral e responsabilidade social;

• discutir o conceito de responsabilidade social no tocante ao papel das em-


presas;

• abordar as relações das empresas com a sociedade e o meio ambiente, bem


como os impactos das suas decisões;

• conceituar responsabilidade social e ambiental de uma empresa.

• identificar o surgimento e evolução da responsabilidade social no Brasil.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você
encontrará atividades que o(a) auxiliarão no aprimoramento dos conheci-
mentos.

TÓPICO 1 – ÉTICA

TÓPICO 2 – RESPONSABILIDADE SOCIAL

TÓPICO 3 – IMPACTO DAS DECISÕES EMPRESARIAIS NA SOCIEDADE


E NO MEIO AMBIENTE

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90
UNIDADE 2
TÓPICO 1

ÉTICA

1 INTRODUÇÃO
Nesse tópico apresentaremos a noção de ética e sua relação com a
responsabilidade social. Vocês tomarão consciência de que a ética, atualmente,
é inseparável da noção de responsabilidade social para qualquer organização
idônea.

O próprio fato de se considerar que uma organização tem determinadas


responsabilidades com seus interlocutores envolve uma ética empresarial e um
compromisso de responsabilidade com esses.

2 ÉTICA, MORAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Atualmente, muito se tem falado sobre ética, moral e responsabilidade social,
mas falta uma explicação mais clara e sistemática do que realmente significam esses
termos.

As “responsabilidades éticas correspondem a atividades, práticas, políticas e


comportamentos esperados (no sentido positivo) ou proibidos (no sentido negativo)
por membros da sociedade, apesar de não codificados em leis” (VELOSO, 2006, p. 5
apud GARCIA, 2007).

Os motivos podem ser diversos, mas, sem o devido comprometimento, fere-


se o primeiro item do nosso estudo, a Ética, pois uma organização que tenta implantar
e passar a imagem de uma empresa ética, moral e responsável socialmente, sem
realmente ter a menor intenção de prosseguir nesse caminho, não possui ética.

Parece correto afirmar que, hoje, as organizações precisam não somente estar
atentas às responsabilidades econômicas e legais, mas também às responsabilidades
éticas, morais e sociais.
A responsabilidade ética corresponde às atividades práticas, políticas e
comportamentos esperados ou proibidos, pela organização ou membros da mesma.

Essas responsabilidades éticas correspondem a valores morais específicos.


Valores morais dizem respeito a crenças pessoais sobre comportamentos eticamente
corretos ou incorretos, tanto da parte do próprio indivíduo quanto com relação
aos outros. Dessa maneira, valores morais e éticos se complementam. A moral

91
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

pode ser definida como um conjunto de valores e regras de comportamento que a


coletividade adota por julgar correta ou desejável. Ela abrange um ideal imaginário
de comportamentos que são bem vistos, como o politicamente correto, o que é bem
e mal, o permitido e o proibido, o certo e o errado, a virtude e o vício. A ética é
mais sistematizada e rígida, a moral é menos rígida e sofre influência do ambiente,
organização, grupo social, nacionalidade, cultura e do próprio indivíduo.

Resumidamente, valores morais de uma organização definem o que é ser


ético para si; daí em diante, elaboram-se rígidos códigos de ética que devem ser
seguidos, sob pena de ferirem os valores morais preestabelecidos.

Segundo Dias (2010), quando se trata de Responsabilidade Social

[...] são estratégias pensadas para orientar as ações das empresas em


consonância com as necessidades sociais, de modo que a empresa
garanta, além do lucro e da satisfação de seus clientes, o bem-estar da
sociedade. A empresa está inserida nela e seus negócios dependerão
de seu desenvolvimento e, portanto, esse envolvimento deverá ser
duradouro. É um comprometimento (TOLDO, 2002, p. 84 apud DIAS,
2010, p. 154).

Então, como podemos conciliar ética e moral com a meta obstinada de obter
o almejado lucro que as empresas tanto desejam?

Portanto, para Chiavenato (2002, p. 594):

A responsabilidade social está voltada para a atitude e comportamento da


organização em face das exigências sociais da sociedade em consequência
das suas atividades. Ocorre quando, depois de cumpridas as prescrições
de leis e de contratos, constitui uma resposta da organização às
necessidades da sociedade.

Dias (2010) afirma que a responsabilidade social é um dos aspectos mais


visíveis do movimento gerado em torno da questão ambiental nos últimos anos,
tanto de indivíduos quanto de organizações. Isso tudo tem levado as organizações a
adotarem práticas que extrapolam os deveres básicos do cidadão e das organizações.
Essas ações, em sua maioria, são voluntárias e implicam comprometimento maior
que uma simples adesão formal em virtude de obrigações advindas da legislação.

Para isso, a responsabilidade social é mais importante do que nunca. A ética


afeta desde os lucros, a credibilidade das organizações até a sua sobrevivência.
As organizações terão que aprender a equacionar a necessidade de obter
lucros, obedecer às leis, ter um comportamento ético e envolver-se em atividades
filantrópicas nas comunidades em que estão inseridas, adotando medidas como as
maneiras como são concebidos e comercializados produtos e serviços, as tecnologias
utilizadas, mudanças de padrões de qualidade, enfim, uma reestruturação global da
estrutura organizacional da empresa.

92
TÓPICO 1 | ÉTICA

A responsabilidade social é a característica que melhor define a nova ética.


Em resumo, está se tornando unanimidade que os negócios de uma empresa
devem ser feitos de maneira ética, obedecendo a valores morais, de acordo com
comportamentos universalmente aceitos como apropriados.

ATENCAO

Grave os quatro pontos que caracterizam uma organização como socialmente


responsável.

Dessa maneira, as atitudes e atividades de uma organização precisam


caracterizar-se por:

• Preocupação com atitudes éticas e moralmente corretas que afetam todos os


envolvidos.

• Promoção de valores e comportamentos morais que respeitem os padrões


universais de direitos humanos, de cidadania e participação na sociedade.

• Respeito ao meio ambiente e contribuição para sua sustentabilidade em todo o


mundo.

• Maior envolvimento nas comunidades em que se insere a organização,


contribuindo para o desenvolvimento econômico e humano dos indivíduos ou
atuando diretamente na área social, em parceria com governos ou isoladamente.

3 O QUE É ÉTICA?
Ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é
um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso
ético, uma espécie de “consciência moral”, avaliando e julgando constantemente
suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.

93
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Com relação à palavra ética, acompanhe o artigo sobre o sentido da palavra:

O QUE É ÉTICA *

A origem da palavra ética vem do grego ethos, que quer dizer o modo
de ser, o caráter. Os romanos traduziram o ethos grego para o latim mos (ou no
plural mores), que quer dizer costume, de onde vem a palavra moral.

Tanto ethos (caráter) como mos (costume) indicam um tipo de


comportamento propriamente humano que não é natural, o homem não nasce
com ele como se fosse um instinto, mas que é "adquirido ou conquistado por
hábito" (VÁZQUEZ). Portanto, ética e moral, pela própria etimologia, dizem
respeito a uma realidade humana que é construída histórica e socialmente a
partir das relações coletivas dos seres humanos nas sociedades onde nascem
e vivem.

No nosso dia a dia não fazemos distinção entre ética e moral, usamos
as duas palavras como sinônimos. Mas os estudiosos da questão fazem
uma distinção entre as duas palavras. Assim, a moral é definida como o
conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes, valores que norteiam
o comportamento do indivíduo no seu grupo social. A moral é normativa.
Enquanto a ética é definida como a teoria, o conhecimento ou a ciência do
comportamento moral, que busca explicar, compreender, justificar e criticar a
moral ou as morais de uma sociedade. A ética é filosófica e científica.

"Nenhum homem é uma ilha". Esta famosa frase do filósofo


inglês, Thomas Morus, ajuda-nos a compreender que a vida humana
é convívio. Para o ser humano viver é conviver. É justamente na
convivência, na vida social e comunitária, que o ser humano se descobre e
se realiza enquanto um ser moral e ético. É na relação com o outro que
surgem os problemas e as indagações morais: o que devo fazer? Como agir
em determinada situação? Como comportar-me perante o outro? Diante da
corrupção e das injustiças, o que fazer?

Portanto, constantemente no nosso cotidiano encontramos situações


que nos colocam problemas morais. São problemas práticos e concretos da
nossa vida em sociedade, ou seja, problemas que dizem respeito às nossas
decisões, escolhas, ações e comportamentos – os quais exigem uma avaliação,
um julgamento, um juízo de valor entre o que socialmente é considerado bom
ou mau, justo ou injusto, certo ou errado, pela moral vigente. O problema é
que não costumamos refletir e buscar os "porquês" de nossas escolhas, dos
comportamentos, dos valores. Agimos por força do hábito, dos costumes e
da tradição, tendendo a naturalizar a realidade social, política, econômica e
cultural. Com isto, perdemos nossa capacidade crítica diante da realidade. Em
outras palavras, não costumamos fazer ética, pois não fazemos a crítica, nem
buscamos compreender e explicitar a nossa realidade moral.

94
TÓPICO 1 | ÉTICA

No Brasil, encontramos vários exemplos para o que afirmamos acima.


Historicamente marcada pelas injustiças socioeconômicas, pelo preconceito
racial e sexual, pela exploração da mão de obra infantil, pelo "jeitinho" e a
"lei de Gerson" etc. etc. A realidade brasileira nos coloca diante de problemas
éticos bastante sérios. Contudo, já estamos por demais acostumados com
nossas misérias de toda ordem. Naturalizamos a injustiça e consideramos
normal conviver lado a lado com as mansões e os barracos, as crianças e os
mendigos nas ruas; achamos inteligente e esperto levar vantagem em tudo e
tendemos a considerar como sendo otário quem procura ser honesto.

Na vida pública, exemplos é o que não faltam na nossa


história recente: "anões do orçamento", impeachment de presidente
por corrupção, compras de parlamentares para a reeleição, os
medicamentos, máfia do crime organizado, desvio do Fundef etc. etc. Não sem
motivos fala-se numa crise ética, já que tal realidade não pode ser reduzida tão
somente ao campo político-econômico. Envolve questões de valor, de convivência,
de consciência, de justiça. Envolve vidas humanas. Onde há vida humana em
jogo, impõe-se necessariamente um problema ético. O homem, enquanto ser
ético, enxerga o seu semelhante, não lhe é indiferente. O apelo que o outro me
lança é de ser tratado como gente e não como coisa ou bicho. Neste sentido, a Ética
vem denunciar toda realidade onde o ser humano é coisificado e animalizado,
ou seja, onde o ser humano concreto é desrespeitado na sua condição humana.

*Enciclopédia Digital Direitos Humanos II* - <www.dhnet.org.br>

FONTE: Disponível em: <http://www.eticapublica.furg.br/index.php?option=com content&view=arti


cle&id=26&Itemid=23>. Acesso em: 19 jan. 2013.

Em suma, a palavra ética está relacionada com o modo de ser, o caráter, a


moral, baseando-se em comportamentos humanos que podem ser individuais ou
em grupos.

De acordo com Daft (1999, p. 83):

Ética pode ser mais claramente entendida quando comparada com


comportamentos governados por leis ou livre escolha. O comportamento
humano se enquadra em três categorias. A primeira é o código de leis,
no qual os valores ou padrões são escritos dentro de um sistema legal e
cumpridos nos tribunais. Nesta área, os legisladores estabelecem que as
pessoas e organizações devem comportar-se de certo modo, tais como
tirar carteira para dirigir ou pagar impostos. O domínio da livre escolha
se refere ao comportamento sobre o qual a lei não diz nada e para o
qual o indivíduo ou associação goza de completa liberdade. A liberdade
religiosa individual ou a escolha da quantidade de lava-louças a serem
fabricadas por uma empresa são exemplos de livre escolha.

Assim, ética é o código de princípios e valores morais que governam o


comportamento de uma pessoa ou um grupo quanto ao que é certo ou errado.

95
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Ao iniciar um trabalho que envolve a ética como objeto de estudo,


consideramos importante, como ponto de partida, estudar o conceito de ética,
estabelecendo seu campo de aplicação e fazendo uma pequena abordagem das
doutrinas éticas que consideramos mais importantes para o nosso trabalho.

A ética seria, então, uma espécie de teoria sobre a prática moral, uma
reflexão teórica que analisa e critica os fundamentos e princípios que regem um
determinado sistema moral. Abbagnano, entre outras considerações, diz que a
ética é, “em geral, a ciência da conduta” (ABBAGNANO, 1998, p. 360), e Vásquez
(1995, p.12) amplia a definição afirmando que “a ética é a teoria ou ciência do
comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é ciência de uma forma
específica de comportamento humano.”

4 O QUE É UM CÓDIGO DE ÉTICA?


Códigos de ética são conjuntos de normas de conduta que procuram
oferecer diretrizes para a tomada de decisões e estabelecer a diferença entre o certo
e o errado em uma organização.

Conforme Schermerhorn Junior (1999, p. 77):

Códigos de ética formais – diretrizes escritas oficiais sobre como se


comportar em situações capazes de criar dilemas éticos – são encontrados
em profissões como engenharia, medicina, direito e contabilidade
pública. Os códigos tentam assegurar que o comportamento dos
indivíduos seja coerente com as normas históricas e compartilhadas
pelo grupo profissional.

Veja, a seguir, exemplos de códigos de ética aplicados por grandes empresas


e conselhos de profissionais no Brasil.

PRINCÍPIOS ÉTICOS DO SISTEMA PETROBRAS

I. O respeito à vida e a todos os seres humanos, a integridade, a verdade,


a honestidade, a justiça, a equidade, a lealdade institucional, a
responsabilidade, o zelo, o mérito, a transparência, a legalidade, a
impessoalidade, a coerência entre o discurso e a prática são os princípios
éticos que norteiam as ações do Sistema Petrobras.

II. O respeito à vida em todas as suas formas, manifestações e situações é o


principio ético fundamental e norteia o cuidado com a qualidade de vida, a
saúde, o meio ambiente e a segurança no Sistema Petrobras.

III. A honestidade, a integridade, a justiça, a equidade, a verdade, a coerência


entre o discurso e a prática referenciam as relações do Sistema Petrobras
com pessoas e instituições, e se manifestam no respeito às diferenças e

96
TÓPICO 1 | ÉTICA

diversidades de condição étnica, religiosa, social, cultural, linguística,


política, estética, etária, física, mental e psíquica, de gênero, de orientação
sexual e outras.

IV. A lealdade ao Sistema Petrobras se manifesta como responsabilidade,


zelo e disciplina no trabalho e no trato com todos os seres humanos e
com os bens materiais e imateriais do Sistema, no cumprimento da sua
Missão, Visão e Valores, em condutas compatíveis com a efetivação de sua
Estratégia Corporativa, com espírito empreendedor e comprometido com
a superação de desafios.

V. A transparência se manifesta como respeito ao interesse público e de todas


as partes interessadas e se realiza de modo compatível com os direitos
de privacidade pessoal e com a Política de Segurança da Informação do
Sistema Petrobras.

VI. O mérito é o critério decisivo para todas as formas de reconhecimento,


recompensa, avaliação e investimento em pessoas, sendo o favorecimento
e o nepotismo inaceitáveis no Sistema Petrobras.

VII. A legalidade e a impessoalidade são princípios constitucionais que


preservam a ordem jurídica e determinam a distinção entre interesses
pessoais e profissionais na conduta dos membros dos Conselhos de
Administração, dos Conselhos Fiscais e das Diretorias Executivas e dos
empregados do Sistema Petrobras.

VIII. O Sistema Petrobras compromete-se com o respeito e a valorização


das pessoas em sua diversidade e dignidade, em relações de trabalho
justas, numa ambiência saudável, com confiança mútua, cooperação e
solidariedade.

IX. O Sistema Petrobras desenvolve as atividades de seu negócio reconhecendo


e valorizando os interesses e direitos de todas as partes interessadas.

X. O Sistema Petrobras atua proativamente em busca de níveis crescentes de


competitividade, excelência e rentabilidade, com responsabilidade social
e ambiental, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do Brasil e
dos países onde atua.

XI. O Sistema Petrobras busca a excelência em qualidade, segurança, meio ambiente,


saúde e recursos humanos, e para isso promove a educação, capacitação e
comprometimento dos empregados, envolvendo as partes interessadas.

XII. O Sistema Petrobras reconhece e respeita as particularidades legais, sociais


e culturais dos diversos ambientes, regiões e países em que atua, adotando
sempre o critério de máxima realização dos direitos, cumprimento da lei,
das normas e dos procedimentos internos.
FONTE: Disponível em: <http://www.br.com.br/wps/portal/portalconteudo/acompanhia codigode
etica/!ut/p/c5/04>. Acesso em: 27 jan. 2013.
97
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Veja parte dos princípios éticos da organização Bradesco:

VALORES E PRINCÍPIOS ÉTICOS – ORGANIZAÇÃO BRADESCO

Todos os Colaboradores da Organização Bradesco devem seguir os


padrões éticos pelos quais são incentivados e responsabilizados, regidos pelos
valores e princípios abaixo:

Valores

a) Cliente como razão da existência da Organização.


b) Transparência em todos os relacionamentos internos e externos.
c) Respeito à concorrência.
d) Crença no valor e na capacidade de desenvolvimento das pessoas.
e) Respeito à dignidade e diversidade do ser humano.
f) Responsabilidade socioambiental, com promoção e incentivo de ações para
o desenvolvimento sustentável.
g) Compromisso com a melhoria contínua da qualidade do atendimento, de
produtos e de serviços.

Princípios

Integridade

Integridade significa a qualidade de inteireza, de conduta reta e


imparcial, cuja natureza de ação nos dá uma imagem de honestidade. Significa
também o respeito integral às leis do país e às normas que regem as atividades
de nosso setor e de nossa Organização.

Conflito de Interesses

O conflito de interesses ocorre quando existe a possibilidade de


confronto direto ou indireto entre os interesses pessoais de colaboradores
e os da Organização, que possam comprometer ou influenciar de maneira
indevida o desempenho de suas atribuições e responsabilidades. O interesse
é caracterizado por toda e qualquer vantagem material em favor próprio ou
de terceiros (parentes, amigos etc.) com os quais temos ou tivemos relações
pessoais, comerciais ou políticas. Diante desses conflitos, o colaborador
deverá posicionar seu superior imediato para que este tome a decisão cabível,
sempre zelando pelo patrimônio da Organização, de seus clientes, acionistas,
investidores e demais partes relacionadas.

Devemos recusar presentes, vantagens pecuniárias ou materiais, de


quem quer que sejam, que possam representar relacionamento impróprio ou
prejuízo financeiro ou de reputação para a Organização.

98
TÓPICO 1 | ÉTICA

Equidade

Equidade pressupõe o conceito de uma justiça fundada na igualdade


de direitos, ou seja, é uma justiça natural com disposição para reconhecer
imparcialmente o direito de cada um.

Esse princípio se materializa pela preservação da individualidade


e privacidade, não admitindo a prática de quaisquer atos discriminatórios,
tais como origem, condição social, posição hierárquica, grau de escolaridade,
religião, crença ou filosofia de vida, deficiência, cor, raça, sexo, estado civil,
situação familiar, ideologia política ou associação com entidades de classe.

Compromisso com a Informação

Uma Organização comprometida com a informação é a que vai além


das obrigações legais e estatutárias. É aquela que é aberta à comunicação, ao
diálogo e à busca de soluções para os problemas que afetam seus clientes,
acionistas, investidores, colaboradores, os seus negócios, o meio ambiente e,
enfim, toda a sociedade.

a) Informação privilegiada

Considera-se informação privilegiada aquela informação relativa a atos


ou fatos relevantes até que sejam divulgados aos órgãos reguladores, às Bolsas
de Valores ou outras entidades similares e, simultaneamente, aos acionistas e
investidores em geral, por meio de ampla disseminação e publicação dessas
informações pelos órgãos da imprensa.

Com base nisso, os colaboradores, que em função de suas atividades


tenham acesso à “informação privilegiada”, devem cumprir rigorosamente as
políticas de divulgação de ato ou fato relevante e de negociação de valores
mobiliários de emissão do Banco Bradesco S.A., aprovadas pelo Conselho de
Administração do Banco.

b) Proteção dos ativos de informação

Na utilização de ativos de informação, como as bases de dados,


arquivos, documentações, manuais, materiais de treinamento, procedimentos
operacionais e de suporte, planos de continuidade de negócios etc., sejam eles
tangíveis ou intangíveis, intelectuais, eletrônicos ou de investimentos, devemos:

I) respeitar a propriedade intelectual, própria e de terceiros que estejam em


nosso poder, sempre atentando para a ética e para a legislação aplicável.
Todos os dados, informações, materiais e inventos desenvolvidos
internamente em função da relação de trabalho são de uso exclusivo e de
propriedade da Organização;

99
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

II) estabelecer efetivo programa de proteção dos ativos de informação da


Organização e de terceiros, mediante a adoção da Política Corporativa de
Segurança da Informação, sustentada por diretrizes de segurança, normas,
procedimentos corporativos e melhores práticas adotadas pelo mercado;

III) respeitar e salvaguardar o sigilo dos dados e informações que nos são
confiados, com o compromisso de protegê-los e tratá-los, garantindo sua
integridade, confidencialidade e disponibilidade; e

IV) mitigar os riscos inerentes aos ativos de informação, empreendendo ações


de conscientização em Segurança da Informação, voltadas a todos os
abrangidos pelo presente Código.

c) Exatidão das informações e dos relatórios da Organização

Temos o dever de manter todos os registros e relatórios de maneira


adequada e em conformidade com as leis aplicáveis. Todas as informações
constantes de nossos relatórios devem ser consignadas de maneira precisa
e completa, dotadas do grau de detalhamento necessário que reflita a
transparência das operações das Empresas integrantes da Organização.

As demonstrações financeiras serão sempre elaboradas em consonância


com a lei e com os princípios fundamentais de contabilidade, de maneira a
representar adequadamente a situação financeira da Organização.

Valorização das pessoas

a) Deveres para o exercício de cargo ou função

I) consciência da responsabilidade de nossas funções e de que não devemos


utilizá-las em benefício próprio ou de terceiros;

II) o mérito como principal fator de avaliação dos funcionários da Organização;

III) respeito e proteção à privacidade e confidencialidade das informações dos


colaboradores.

b) Ambiente de Trabalho

Faz parte da cultura organizacional:

I) propiciar oportunidades de crescimento profissional; e

II) proporcionar ambiente seguro e saudável, com liberdade de expressão e


respeito à integridade e privacidade das pessoas; e

100
TÓPICO 1 | ÉTICA

III) coibir qualquer ato de assédio, não admitindo a sua prática nas relações
de trabalho.

Relacionamentos Construtivos

a) Clientes

Sem conduta ética como fundamento, não há relação cliente-empresa


que pretenda ser duradoura, especialmente num mercado competitivo.

Por isso, devemos identificar as necessidades dos clientes, para poder


satisfazê-las, em consonância com os objetivos de segurança, qualidade e
rentabilidade, usando, além da cortesia e presteza, os seguintes padrões de
conduta:

I) transparência nas operações realizadas;


II) receptividade e tratamento adequado das sugestões e críticas recebidas;
III) atendimento eficaz; e
IV) confidencialidade das informações recebidas em razão de relações
comerciais.

b) Acionistas e investidores

No relacionamento com acionistas e investidores é nosso dever


observar fielmente as diretrizes constantes nas políticas de divulgação de ato
ou fato relevante e de negociação de valores mobiliários de emissão do Banco
Bradesco S.A., aprovadas pelo Conselho de Administração do Banco.

Tanto a distribuição de resultados quanto a divulgação de informações


deverão ser feitas de forma absolutamente simétrica, sem criar privilégios.

c) Fornecedores de produtos e serviços e parceiros de negócios

Devemos contratar fornecedores e estabelecer relações de negócios


com parceiros que operem com padrões éticos compatíveis com os nossos,
mediante rigoroso processo de seleção, e não transacionar com aqueles que,
comprovadamente, desrespeitem disposições de nosso Código.

d) Órgãos governamentais e reguladores

Devemos coibir qualquer concessão de vantagem ou privilégio a


agentes públicos.

Devemos zelar pelo cumprimento de nossas políticas, normas e rígidos


controles de prevenção e combate à lavagem de dinheiro, ao financiamento

101
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

ao terrorismo e a atos ilícitos de qualquer natureza, em estrito cumprimento


das leis aplicáveis ao assunto e consoante as melhores práticas nacionais ou
internacionais, nos locais onde forem aplicáveis.

e) Imprensa

Nosso relacionamento deve ser pautado pela transparência,


credibilidade e confiança, observando sempre os valores éticos em nossa
estratégia de marketing. Nossos representantes, quando autorizados a se
manifestar em nome da Organização, devem expressar sempre o ponto de
vista institucional.

f) Comunidades e meio ambiente

Devemos apoiar e fomentar iniciativas para a formação e valorização


da cidadania, erradicação da pobreza e redução das desigualdades sociais,
por meio de ações e projetos prioritariamente voltados à educação.

Devemos repudiar qualquer forma de exploração das pessoas pelo


trabalho, quer seja ele compulsório, forçado ou escravo e, em especial, o
infantil.

Na criação de produtos e serviços, assim como na concessão de


crédito, devemos observar o princípio da responsabilidade socioambiental,
com o objetivo de minimizar qualquer impacto negativo, direto ou indireto,
nas condições de vida das comunidades e no meio ambiente.

Devemos ter o firme compromisso de praticar, incentivar e valorizar a


preservação ambiental, buscando convergir os objetivos empresariais para os
anseios e interesses da comunidade em que atuamos, sempre em linha com o
desenvolvimento sustentável.

É fundamental envidar esforços para a preservação dos ecossistemas,


principalmente os não renováveis, otimizando no nosso dia a dia o uso dos
recursos naturais.

Para tanto, assumimos, voluntariamente, os seguintes compromissos


perante os acordos internacionais:

Princípios do Equador

São um conjunto de regras e critérios definidos pelo International


Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial, que
determina uma série de análises socioambientais para o financiamento de
empreendimentos constituídos sob a modalidade de project finance.

102
TÓPICO 1 | ÉTICA

Pacto Global (Global Compact)

O Pacto Global é uma iniciativa desenvolvida pela Organização das


Nações Unidas (ONU), com o objetivo de mobilizar a comunidade empresarial
internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de valores
fundamentais e internacionalmente aceitos nas áreas de direitos humanos,
relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção, cujos princípios
estão refletidos neste Código de Conduta Ética.

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) fazem parte do


Projeto do Milênio das Nações Unidas, que é uma causa humanitária global,
para tornar o mundo mais solidário e mais justo, sendo eles:

1. Erradicar a extrema pobreza e a fome.


2. Atingir o ensino básico universal.
3. Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres.
4. Reduzir a mortalidade infantil.
5. Melhorar a saúde materna.
6. Combater o HIV/ AIDS, a malária e outras doenças.
7. Garantir a sustentabilidade ambiental.
8. Estabelecer uma Parceria Mundial para o desenvolvimento.

g) Associações e entidades de classe

Devemos reconhecer o importante papel das associações e entidades


de classe legalmente constituídas, por intermédio de suas iniciativas e práticas,
sempre dispostos a dialogar em qualquer situação que envolva a Organização,
objetivando uma solução mutuamente satisfatória.

h) Atividades político-partidárias

A Organização não tem restrições a que os colaboradores exerçam seus


direitos político-partidários, desde que em caráter estritamente pessoal e sem
prejuízo para suas atividades profissionais.

Liderança Responsável

É de responsabilidade dos funcionários com função de liderança


trabalhar para o sucesso de cada membro da equipe. Para isso devemos:

a) Estimular as lideranças a promover o relacionamento entre os


diversos níveis hierárquicos dentro da Organização, criando no ambiente
de trabalho, mediante a observância da Política de Gerenciamento dos

103
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Recursos Humanos, uma atmosfera adequada ao exercício de atribuições e


desenvolvimento profissional e pessoal, propiciando a melhoria dos resultados
organizacionais.

b) Incentivar os funcionários a estabelecer um equilíbrio apropriado


entre o trabalho, a família e a sociedade em geral, de modo a manter seu bem-
estar profissional, pessoal e social.

c) Estimular iniciativas de preservação da saúde e segurança no trabalho.

FONTE: Disponível em: <http://www.bradescori.com.br/site/conteudo/interna/default3.


aspx?secaoId=594>. Acesso em: 27 jan. 2013.

Caro(a) acadêmico(a), vimos apenas parte do código de ética da organização


Bradesco, você pode consultar no site indicado o código de conduta de ética
completo.

Veja o código de ética dos profissionais da Engenharia, da Arquitetura, da


Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia.

NOVO CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL

As Entidades Nacionais repres-


entativas dos profissionais da Engenharia,
da Arquitetura, da Agronomia, da Geo-
logia, da Geografia e da Meteorologia
pactuam e proclamam o presente
Código de Ética Profissional.

Brasília, 6 de novembro de 2002.

1 - Preâmbulo

Art. 1º - O Código de Ética Profissional enuncia os fundamentos éticos e as


condutas necessárias à boa e honesta prática das profissões da Engenharia,
da Arquitetura, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia
e relaciona direitos e deveres correlatos de seus profissionais.

Art. 2º - Os preceitos deste Código de Ética Profissional têm alcance sobre


os profissionais em geral, quaisquer que sejam seus níveis de formação,
modalidades ou especializações.

104
TÓPICO 1 | ÉTICA

Art. 3º - As modalidades e especializações profissionais poderão estabelecer,


em consonância com este Código de Ética Profissional, preceitos próprios
de conduta atinentes às suas peculiaridades e especificidades.

2 - Da identidade das profissões e dos profissionais

Art. 4º - As profissões são caracterizadas por seus perfis próprios, pelo saber
científico e tecnológico que incorporam, pelas expressões artísticas que
utilizam e pelos resultados sociais, econômicos e ambientais do trabalho
que realizam.

Art. 5º - Os profissionais são os detentores do saber especializado de suas


profissões e os sujeitos proativos do desenvolvimento.

Art. 6º - O objetivo das profissões e a ação dos profissionais voltam-se para


o bem-estar e o desenvolvimento do homem, em seu ambiente e em suas
diversas dimensões: como indivíduo, família, comunidade, sociedade,
nação e humanidade; nas suas raízes históricas, nas gerações atual e futura.

Art. 7º - As entidades, instituições e conselhos integrantes da organização


profissional são igualmente permeados pelos preceitos éticos das profissões
e participantes solidários em sua permanente construção, adoção,
divulgação, preservação e aplicação.

3 - Dos princípios éticos

Art. 8º - A prática da profissão é fundada nos seguintes princípios éticos nos


quais o profissional deve pautar sua conduta:

Do objetivo da profissão

I - A profissão é bem social da humanidade e o profissional é o agente capaz de


exercê-la, tendo como objetivos maiores a preservação e o desenvolvimento
harmônico do ser humano, de seu ambiente e de seus valores;

Da natureza da profissão

II - A profissão é bem cultural da humanidade construído permanentemente


pelos conhecimentos técnicos e científicos e pela criação artística,
manifestando-se pela prática tecnológica, colocado a serviço da melhoria
da qualidade de vida do homem;

Da honradez da profissão

III - A profissão é alto título de honra e sua prática exige conduta honesta,
digna e cidadã;

105
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Da eficácia profissional

IV - A profissão realiza-se pelo cumprimento responsável e competente


dos compromissos profissionais, munindo-se de técnicas adequadas,
assegurando os resultados propostos e a qualidade satisfatória nos serviços
e produtos e observando a segurança nos seus procedimentos;

Do relacionamento profissional

V - A profissão é praticada através do relacionamento honesto, justo e com


espírito progressista dos profissionais para com os gestores, ordenadores,
destinatários, beneficiários e colaboradores de seus serviços, com igualdade
de tratamento entre os profissionais e com lealdade na competição;

Da intervenção profissional sobre o meio

VI - A profissão é exercida com base nos preceitos do desenvolvimento


sustentável na intervenção sobre os ambientes natural e construído e da
incolumidade das pessoas, de seus bens e de seus valores;

Da liberdade e segurança profissionais

VII - A profissão é de livre exercício aos qualificados, sendo a segurança de


sua prática de interesse coletivo.

4 - Dos deveres

Art. 9º - No exercício da profissão são deveres do profissional:

I - ante o ser humano e seus valores:

a. oferecer seu saber para o bem da humanidade;


b. harmonizar os interesses pessoais aos coletivos;
c. contribuir para a preservação da incolumidade pública;
d. divulgar os conhecimentos científicos, artísticos e tecnológicos inerentes à
profissão;

II - Ante a profissão:

a. identificar-se e dedicar-se com zelo à profissão;


b. conservar e desenvolver a cultura da profissão;
c. preservar o bom conceito e o apreço social da profissão;
d. desempenhar sua profissão ou função nos limites de suas atribuições e de
sua capacidade pessoal de realização;
e. empenhar-se com os organismos profissionais no sentido da consolidação
da cidadania e da solidariedade profissional e da coibição das transgressões
éticas;

106
TÓPICO 1 | ÉTICA

III - Nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores:

a. dispensar tratamento justo a terceiros, observando o princípio da equidade;


b. resguardar o sigilo profissional quando do interesse de seu cliente ou
empregador, salvo em havendo a obrigação legal da divulgação ou da
informação;
c. fornecer informação certa, precisa e objetiva em publicidade e propaganda
pessoal;
d. atuar com imparcialidade e impessoalidade em atos arbitrais e periciais;
e. considerar o direito de escolha do destinatário dos serviços, ofertando-lhe,
sempre que possível, alternativas viáveis e adequadas às demandas em
suas propostas;
f. alertar sobre os riscos e responsabilidades relativos às prescrições técnicas e
às consequências presumíveis de sua inobservância;
g. adequar sua forma de expressão técnica às necessidades do cliente e às
normas vigentes aplicáveis;

IV - Nas relações com os demais profissionais:

a. atuar com lealdade no mercado de trabalho, observando o princípio da


igualdade de condições;
b. manter-se informado sobre as normas que regulamentam o exercício da
profissão;
c. preservar e defender os direitos profissionais;

V - Ante o meio:

a. orientar o exercício das atividades profissionais pelos preceitos do


desenvolvimento sustentável;
b. atender, quando da elaboração de projetos, execução de obras ou criação de
novos produtos, aos princípios e recomendações de conservação de energia
e de minimização dos impactos ambientais;
c. considerar em todos os planos, projetos e serviços as diretrizes e disposições
concernentes à preservação e ao desenvolvimento dos patrimônios sócio-
cultural e ambiental.

5 - Das condutas vedadas

Art. 10 - No exercício da profissão são condutas vedadas ao profissional:

I - Ante o ser humano e seus valores:

a. descumprir voluntária e injustificadamente com os deveres do ofício;


b. usar de privilégio profissional ou faculdade decorrente de função de forma
abusiva, para fins discriminatórios ou para auferir vantagens pessoais;

107
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

c. prestar de má-fé orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer


ato profissional que possa resultar em dano às pessoas ou a seus bens
patrimoniais;

II - Ante a profissão:

a. aceitar trabalho, contrato, emprego, função ou tarefa para os quais não


tenha efetiva qualificação;
b. utilizar indevida ou abusivamente do privilégio de exclusividade de direito
profissional;
c. omitir ou ocultar fato de seu conhecimento que transgrida à ética profissional;

III - Nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores:

a. formular proposta de salários inferiores ao mínimo profissional legal;


b. apresentar proposta de honorários com valores vis ou extorsivos ou
desrespeitando tabelas de honorários mínimos aplicáveis;
c. usar de artifícios ou expedientes enganosos para a obtenção de vantagens
indevidas, ganhos marginais ou conquista de contratos;
d. usar de artifícios ou expedientes enganosos que impeçam o legítimo
acesso dos colaboradores às devidas promoções ou ao desenvolvimento
profissional;
e. descuidar com as medidas de segurança e saúde do trabalho sob sua
coordenação;
f. suspender serviços contratados, de forma injustificada e sem prévia
comunicação;
g. impor ritmo de trabalho excessivo ou exercer pressão psicológica ou assédio
moral sobre os colaboradores;

IV - Nas relações com os demais profissionais:

a. intervir em trabalho de outro profissional sem a devida autorização de seu


titular, salvo no exercício do dever legal;
b. referir-se preconceituosamente a outro profissional ou profissão;
c. agir discriminatoriamente em detrimento de outro profissional ou profissão;
d. atentar contra a liberdade do exercício da profissão ou contra os direitos de
outro profissional;

V - Ante o meio:

a. prestar de má-fé orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer ato


profissional que possa resultar em dano ao ambiente natural, à saúde
humana ou ao patrimônio cultural.

108
TÓPICO 1 | ÉTICA

6 - Dos direitos

Art. 11 - São reconhecidos os direitos coletivos universais inerentes às


profissões, suas modalidades e especializações, destacadamente:

a. à livre associação e organização em corporações profissionais;


b. ao gozo da exclusividade do exercício profissional;
c. ao reconhecimento legal;
d. à representação institucional.

Art. 12 - São reconhecidos os direitos individuais universais inerentes


aos profissionais, facultados para o pleno exercício de sua profissão,
destacadamente:

a. à liberdade de escolha de especialização;


b. à liberdade de escolha de métodos, procedimentos e formas de expressão;
c. ao uso do título profissional;
d. à exclusividade do ato de ofício a que se dedicar;
e. à justa remuneração proporcional à sua capacidade e dedicação e aos graus
de complexidade, risco, experiência e especialização requeridos por sua
tarefa;
f. ao provimento de meios e condições de trabalho dignos, eficazes e seguros;
g. à recusa ou interrupção de trabalho, contrato, emprego, função ou tarefa
quando julgar incompatível com sua titulação, capacidade ou dignidade
pessoais;
h. à proteção do seu título, de seus contratos e de seu trabalho;
i. à proteção da propriedade intelectual sobre sua criação;
j. à competição honesta no mercado de trabalho;
k. à liberdade de associar-se a corporações profissionais;
l. à propriedade de seu acervo técnico profissional.

7 - Da infração ética

Art. 13 - Constitui-se infração ética todo ato cometido pelo profissional que
atente contra os princípios éticos, descumpra os deveres do ofício, pratique
condutas expressamente vedadas ou lese direitos reconhecidos de outrem.

Art. 14 - A tipificação da infração ética para efeito de processo disciplinar será


estabelecida, a partir das disposições deste Código de Ética Profissional, na
forma que a lei determinar.

Disponível em: <www.crea-sc.org.br/portal/lib/download.php?id=16>. Acesso em: 24 mar. 2013.

Veja parte do código de ética médica do Conselho Federal de Medicina.

109
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Comissão Permanente de Estudos do Código de Ética (COPECE)

Veja parte do código de ética médica do Conselho Federal de Medicina.

CAPÍTULO I

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

I - A Medicina  é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da


coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza.

II - O alvo de toda a atenção do médico  é a saúde do ser humano, em benefício


da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade
profissional.

III - Para exercer a Medicina com honra e dignidade, o médico necessita ter boas
condições de trabalho e ser remunerado de forma justa.
IV - Ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da
Medicina, bem como pelo prestígio e bom conceito da profissão.

V - Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar


o melhor do progresso científico em benefício do paciente.

VI - O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre em


seu benefício. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento
físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e
acobertar tentativa contra sua dignidade e integridade.

VII - O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a
prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem
não deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso
de urgência ou emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à
saúde do paciente.

VIII - O médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum pretexto,


renunciar à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições
ou imposições que possam prejudicar a eficiência e a correção de seu
trabalho.

IX - A Medicina não pode, em nenhuma circunstância ou forma, ser exercida


como comércio.

X - O trabalho do médico não pode ser explorado por terceiros com objetivos
de lucro, finalidade política ou religiosa.

110
TÓPICO 1 | ÉTICA

XI - O médico guardará sigilo a respeito das informações de que detenha


conhecimento no desempenho de suas funções, com exceção dos casos
previstos em lei.

XII - O médico empenhar-se-á pela melhor adequação do trabalho ao ser humano,


pela eliminação e pelo controle dos riscos à saúde inerentes às atividades
laborais.

XIII - O médico comunicará às autoridades competentes quaisquer formas de


deterioração do ecossistema, prejudiciais à saúde e à vida.

XIV - O médico empenhar-se-á em melhorar os padrões dos serviços médicos e


em assumir sua responsabilidade em relação à saúde pública, à educação
sanitária e à legislação referente à saúde.

XV - O médico será solidário com os movimentos de defesa da dignidade


profissional, seja por remuneração digna e justa, seja por condições de
trabalho compatíveis com o exercício ético-profissional da Medicina e
seu aprimoramento técnico-científico.
XVI - Nenhuma disposição estatutária ou regimental de hospital ou de
instituição, pública ou privada, limitará a escolha, pelo médico, dos meios
cientificamente reconhecidos a serem praticados para o estabelecimento
do diagnóstico e da execução do tratamento, salvo quando em benefício
do paciente.

XVII - As relações do médico com os demais profissionais devem basear-se no


respeito mútuo, na liberdade e na independência de cada um, buscando
sempre o interesse e o bem-estar do paciente.

XVIII - O médico terá, para com os colegas, respeito, consideração e


solidariedade, sem se eximir de denunciar atos que contrariem os
postulados éticos.

XIX - O médico se responsabilizará, em caráter pessoal e nunca presumido,


pelos seus atos profissionais, resultantes de relação particular de
confiança e executados com diligência, competência e prudência.

XX - A natureza personalíssima da atuação profissional do médico não


caracteriza relação de consumo.

XXI - No processo de tomada de decisões profissionais, de acordo com seus


ditames de consciência e as previsões legais, o médico aceitará as
escolhas de seus pacientes, relativas aos procedimentos diagnósticos
e terapêuticos por eles expressos, desde que adequadas ao caso e
cientificamente reconhecidas.

111
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

XXII - Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico evitará a realização


de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e propiciará
aos pacientes sob sua atenção todos os cuidados paliativos apropriados.

XXIII - Quando envolvido na produção de conhecimento científico, o médico


agirá com isenção e independência, visando ao maior benefício para os
pacientes e a sociedade.

XXIV - Sempre que participar de pesquisas envolvendo seres humanos ou


qualquer animal, o médico respeitará as normas éticas nacionais, bem
como protegerá a vulnerabilidade dos sujeitos da pesquisa.

XXV - Na aplicação dos conhecimentos criados pelas novas tecnologias,


considerando-se suas repercussões tanto nas gerações presentes
quanto nas futuras, o médico zelará para que as pessoas não sejam
discriminadas por nenhuma razão vinculada à herança genética,
protegendo-as em sua dignidade, identidade e integridade.

FONTE: Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/novocodigo/integra_1.asp>. Acesso em:


27 jan. 2013.

Caro(a) acadêmico(a), vimos apenas parte do código de ética do conselho


federal de Medicina, você pode consultar no site pesquisado o código completo.

Os códigos de ética apresentados têm algo em comum: o respeito à vida


e a todos os seres humanos, a integridade, a verdade, a honestidade, a justiça,
a equidade, a lealdade, a responsabilidade, a transparência, a legalidade, a
impessoalidade. A coerência entre o discurso e a prática são os princípios éticos
que devem nortear as ações de qualquer organização ou classe de profissionais
que se julga ética.

4.1 CÓDIGO DE ÉTICA OU GUIA DE CONDUTA


Veja, a seguir, uma publicação sobre código de ética.

CÓDIGO DE ÉTICA

Maria do Carmo Whitaker*


Maria Cecilia Coutinho de Arruda*

O código de ética é um instrumento de realização dos princípios, visão e


missão da empresa. Serve para orientar as ações de seus colaboradores e explicitar
a postura social da empresa em face dos diferentes públicos com os quais interage.
É da máxima importância que seu conteúdo seja refletido nas atitudes das pessoas

112
TÓPICO 1 | ÉTICA

a que se dirige e encontre respaldo na alta administração da empresa que, tanto


quanto o último empregado contratado, tem a responsabilidade de vivenciá-lo.

Para definir sua ética, sua forma de atuar no mercado, cada empresa
precisa saber o que deseja fazer e o que espera de cada um dos funcionários. As
empresas, assim como as pessoas, têm características próprias e singulares. Por
essa razão os códigos de ética devem ser concebidos por cada empresa que deseja
dispor desse instrumento. Códigos de ética de outras empresas podem servir de
referência, mas não servem para expressar a vontade e a cultura da empresa, que
pretende implantá-lo.

O próprio processo de implantação do código de ética cria um mecanismo


de sensibilização de todos os interessados, pela reflexão e troca de ideias que supõe.

FONTE: Disponível em: http://www.eticaempresarial.com.br/site pg.asp?codigo=297&pag=2&subca


t=2&tit=2&m=1&mdata=sim&ordenacao=DESC&mcat=2&nomecat=n&pagina=detalhe_
artigo&tit_pagina=C%D3DIGO%20DE%20%C9TICA>. Acesso em: 21 jan. 2013

O código de ética deve ser concebido pela própria empresa, expressando sua
cultura. Serve para orientar as ações de seus colaboradores e explicitar a postura da
empresa em face dos diferentes públicos com os quais interage. É um instrumento
que serve de inspiração para as pessoas que  aderem a ele e se comprometem
com seu conteúdo. É imperioso que haja consistência e coerência entre o que está
disposto no código de ética e o que se vive na organização. Se o código de conduta
de fato cumprir o seu papel, sem dúvida significará um diferencial que agregará
valor à empresa.

E
IMPORTANT

Agora que você possui a definição sobre ética, o que é um código de ética, você
precisa saber quais são as vantagens da ética nos negócios. É exatamente o que faremos na
sequência.

5 VANTAGENS DOS CÓDIGOS DE ÉTICA


As empresas estão implantando códigos de ética por vários motivos. Segue
uma relação dos principais:

• Fornecer critérios ou diretrizes para que as pessoas se sintam seguras ao


adotarem maneiras éticas de se conduzir.

• Garantir homogeneidade na maneira de encaminhar questões específicas.

113
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

• Aumentar a integração entre os funcionários da empresa.

• Favorecer ótimo ambiente de trabalho que desencadeia a boa qualidade da


produção, alto rendimento e, por via de consequência, ampliação dos negócios
e maior lucro.

• Criar nos colaboradores maior sensibilidade que lhes permita procurar o bem-
estar dos clientes e fornecedores e, em consequência, sua satisfação.

• Estimular o comprometimento de todos os envolvidos na elaboração do


documento.

• Proteger interesses públicos e de profissionais que contribuem para a


organização.

• Facilitar o desenvolvimento da competitividade saudável entre concorrentes.

• Consolidar a lealdade e a fidelidade do cliente.

• Atrair clientes, fornecedores, colaboradores e parceiros que se conduzem dentro


de elevados padrões éticos.

• Agregar valor e fortalecer a  imagem da empresa.

• Garantir a sustentabilidade da empresa.

Escrito por Maria do Carmo Whitaker e publicado originalmente no livro


“Ética na Vida das Empresas - Depoimentos e Experiências”, o artigo defende que
o código de ética é um facilitador para se aliar lucros, produtividade, qualidade e
eficiência de produtos e serviços, além de outros valores intangíveis que advêm das
pessoas que as integram às empresas, tais como honestidade, justiça, cooperação,
compreensão. (WHITAKER, 2007).

6 ÉTICA NOS NEGÓCIOS


Os líderes empresariais perceberam que a ética passou a ser um fator
de competitividade. Por isso, é crescente a preocupação, entre os empresários
brasileiros, com a adoção de padrões éticos para suas organizações. Sem dúvida, os
integrantes dessas organizações serão analisados através do comportamento e das
ações por eles praticadas, tendo como base um conjunto de princípios e valores.

114
TÓPICO 1 | ÉTICA

Da mesma maneira que o indivíduo é analisado pelos seus atos, as empresas


(que são formadas por indivíduos) passaram a ter sua conduta mais controlada
e analisada, sobretudo após a edição de leis que visam à defesa de interesses
coletivos (WHITAKER, 2007).

6.1 TODAS AS PESSOAS QUEREM SER ÉTICAS. E AS


EMPRESAS?
De modo muito simples e resumido, pode-se afirmar que é ético aquele
que, livremente, com a consciência bem formada, responsabilidade e reta intenção,
aplica a inteligência na procura da verdade e a vontade na busca do bem, em todas
as circunstâncias. Nessa definição está a referência, o parâmetro da pessoa ética e
pode-se afirmar, com toda segurança, que existem muitas pessoas que se esforçam
para atingir essa meta.

A fonte da Ética é a própria realidade humana, o ambiente em que se vive.


Desta maneira, o ambiente de trabalho, no qual se passa grande parte do dia, se
desenvolve em uma sucessão de escolhas para tomadas de decisões e de práticas
de virtudes, que nada mais são do que os valores transformados em ação. 

A credibilidade de uma instituição é o reflexo da prática efetiva de valores


como a integridade, honestidade, transparência, qualidade do produto, eficiência
do serviço, respeito ao consumidor, entre outros. Conclui-se, portanto, que,
quando se fala em empresa ética, faz-se referência às pessoas que nela trabalham,
se são éticas e buscam a excelência. Que os princípios e valores eleitos pelos seus
fundadores e que impregnam a cultura da organização são éticos. Que os seus
colaboradores, desde a alta administração até o último contratado, zelam pela
conduta ética, e procuram exercer a liberdade com responsabilidade, tanto no seu
relacionamento interno, como com o público externo.

Em resumo, as pessoas são éticas; a empresa é uma pessoa jurídica,


porém constituída de pessoas. Então, a conduta desses refletirá na empresa que
representam (WITAKER, 2007).

6.2 DOIS GRANDES DESAFIOS


Na ética, distinguem-se dois grandes planos de ação que são propostos
como desafios às organizações:

115
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

• Primeiro, em termos de projeção de seus valores para o exterior, fala-se em


empresa cidadã, no sentido de respeito ao meio ambiente, incentivo ao trabalho
voluntário, realização de algum benefício para a comunidade, responsabilidade
social, sustentabilidade etc.

• Segundo, sob a perspectiva de seu público mais próximo, como executivos,


acionistas, empregados, colaboradores, fornecedores, envidam-se esforços
para a criação de um sistema que assegure um modo ético de operar, sempre
respeitando os princípios gerais da organização e os princípios do direito e da
moral (WITAKER, 2007).

E
IMPORTANT

Esses dois elementos são de fundamental importância para elaboração de um


código de ética.

São muito pesados os ônus impostos às empresas que, despreocupadas


com a ética, enfrentam situações que, muitas vezes, em apenas um dia, destroem
uma imagem que consumiu anos para ser conquistada. Multas elevadas, quebra
da rotina, empregados desmotivados, fraude interna, perda da confiança na
reputação da empresa, são exemplos desses ônus.

Daí o motivo de muitas empresas terem adotado elevados padrões


pessoais de conduta para seleção de seus empregados, cientes de que, atualmente,
a integridade nos negócios exige profissionais altamente capazes de conciliar
princípios pessoais e valores empresariais.

6.3 GESTÃO DA ÉTICA


Ao lidar com pessoas, é imprescindível considerar a dignidade da pessoa,
facilitando e promovendo o seu crescimento integral. Não se pode considerar as
pessoas como simples elementos de produção e geração de lucros, que estão a
serviço da empresa. Ao contrário, a empresa ética torna-se um instrumento do
desenvolvimento econômico, a serviço da mulher e do homem integral, um campo
riquíssimo de aperfeiçoamento da pessoa.

O empresário ético, que tem visão de futuro, investe na formação de


seus colaboradores e conquista o seu comprometimento; lança desafios para que
cresçam e se superem (WITAKER, 2007).

116
TÓPICO 1 | ÉTICA

Por essa razão, muitas empresas de respeito empreendem um esforço


organizado, a fim de encorajar a conduta ética entre seus empregados. Para
tanto, implantam códigos de ética, reciclam o aprendizado de seus executivos
e colaboradores, idealizam programas de treinamento, criam comitês de ética,
capacitam líderes que percorrem os estabelecimentos da organização incentivando
o desenvolvimento de um clima ético. Nessa perspectiva, servem-se de
consultores externos que os assessoram na elaboração de códigos de conduta e no
desenvolvimento do clima ético, sensibilizando seus integrantes, mediante cursos
e palestras, participando ativamente de treinamentos, procurando adequar tudo à
legislação e aos critérios oferecidos por instituições internacionais de renome.

6.4 O EMPRESÁRIO ÉTICO NO SEU DIA A DIA


Após inúmeras conversas e entrevistas com empresários que privilegiam a
ética, foi possível identificar os seguintes itens em suas condutas:

• Certificam-se de que sua consciência foi bem formada.

• Seguem a voz de sua consciência.

• Não transigem com seus princípios.

• Agem com liberdade e responsabilidade.

• Cercam-se de bons assessores.

• Desenvolvem suas próprias competências e estabelecem planos estratégicos.

• Aglutinam e mobilizam pessoas, estimulam iniciativas e novas ideias.

• Conquistam a confiança de seus colaboradores e investem no seu treinamento.

• Respeitam as pessoas, valorizando a dignidade de cada colaborador,


cliente, fornecedor, concorrente e todas as demais pessoas de seu círculo de
relacionamento (WITAKER, 2007).

Pode-se concluir, portanto, que o código de ética é um facilitador para


se aliar lucros, resultados, produtividade, qualidade e eficiência de produtos e
serviços, além de outros valores típicos de empresa, com valores intangíveis que
advêm das pessoas que a integram, tais como: honestidade, justiça, cooperação,
tenacidade, compreensão, exigência, prudência, determinação, entre outros.

117
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

7 CONFRONTO DE DUAS ÉTICAS: ÉTICA DO


CAPITAL X ÉTICA DO SOCIAL
A principal característica da Ética do Capital é o lucro a qualquer custo,
seja no meio empresarial, profissional ou pessoal. A necessidade de se obter
resultados financeiros leva à competição em todos os meios, tornando as pessoas
menos solidárias, mais individuais e consumistas.

As consequências dessa prática levam a desigualdades, problemas sociais e


ambientais, aumentando a corrupção e comprometendo a ética em todos os meios.

O lucro em si, deixa de ser simples consequência do esforço e criatividade


da organização, e se torna a meta em si mesmo. A busca do lucro e a necessidade
de seu acúmulo contribuem para institucionalizar a competição como prática
dominante. Lucro é o objetivo principal e preferencial que surge como uma
necessidade de sobrevivência.

O lucro gera e é retroalimentado pela tríade poder-consumo-dinheiro,


que são os mecanismos geradores de competitividade do mercado. Tudo é feito
em função do mercado.
Resumindo, tais consequências implantam um sistema de perversidades
que criam um quadro de violência contra o meio ambiente e as causas sociais.

Para legitimar esse novo sistema, surgiu uma nova ética, exaltando a
técnica, a competitividade, o consumo e o mercado.

8 A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL


Em contrapartida, na ética do capital, temos a Ética da Responsabilidade
Social, dentro da qual organizações modernas e conscientes estão atuando no
espírito da cidadania empresarial.

Vimos anteriormente que a Ética do Capital apresenta pontos negativos


em comparação com a Ética da Responsabilidade Social. A Ética da RS representa
comportamentos sociais responsáveis, a solidariedade, o pensamento coletivo e
tem como consequências dessa prática a igualdade, menos problemas sociais e
ambientais, fortalecendo a ética em todos os meios.

A nova ética da responsabilidade social veio para superar os efeitos


perversos da ética anterior, do domínio do lucro, dinheiro e consumismo. Essa
mudança de panorama ocorre da seguinte maneira:

118
TÓPICO 1 | ÉTICA

QUADRO 5 – ÉTICA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL X ÉTICA DO CAPITAL

ÉTICA RESPONSABILIDADE
ÉTICA DO CAPITAL
SOCIAL
Promove associativismo Promove Individualismo
Ênfase na solidariedade Ênfase na competitividade
Prevalece o debate civilizatório Prevalece o discurso único do mercado
Priorização dos problemas sociais Banalização dos problemas sociais
Adoção de comportamentos éticos Adoção de comportamentos antiéticos
Gera participação Gera alienação
Enobrecimento e revigoramento do
Deterioração do trabalho
trabalho
Exaltação do caráter das pessoas Contaminação do caráter das pessoas
Redução das desigualdades Ampliação das desigualdades
FONTE: Melo Neto; Froes (2004)

Conforme verificamos acima, as éticas são antagônicas. Precisamos, então,


encontrar a forma de subsistência da melhor ética ou fusão de ambas, pois, sem
recursos, uma organização não terá condições de praticar ações de caráter social.

NOTA

Caro(a) acadêmico(a), para aprofundar os seus conhecimentos, sugerimos a leitura


dos textos sobre ética, constantes dos seguintes sites:
<www.sun.com/emrkt/boardroom/newsletter/brazil/0907expertinsight.html>.
<www.fafibe.br/revistaonline/arquivos/wellington_responsabilidade_social_etica_nos_
negocios.pdf>.

No próximo tópico, vamos estudar um pouco mais sobre responsabilidade


social em complemento ao assunto estudado nesse tópico.

119
RESUMO DO TÓPICO 1
Nesse tópico, caro(a) acadêmico(a), você pôde estudar os seguintes itens
referentes à administração ambiental:

• Foram abordadas noções de ética, valores morais e cultura em relação à


responsabilidade social. A partir disso, oferecemos algumas indicações sobre
como pensar a responsabilidade social, tomando a ética como ponto de partida.

• Os pontos apresentados mostram que ser socialmente responsável nos negócios


vem se tornando imprescindível para as empresas.

• É cada vez maior a importância da relação entre a ética do capital e a ética do


social, que cada vez mais essas éticas estarão entrelaçadas e precisarão conviver
em harmonia.

120
AUTOATIVIDADE

Realize uma pesquisa sobre os códigos de ética existentes no Brasil. Trace um


comparativo entre os mesmos. Utilize, no máximo, cinco códigos. Ex: Código
de ética dos profissionais liberais, médicos, professores, servidores públicos,
advogados e outros.

121
122
UNIDADE 2 TÓPICO 2

RESPONSABILIDADE SOCIAL

1 INTRODUÇÃO
Nesse tópico, trataremos do tema responsabilidade social. Mas, exatamente,
o que é responsabilidade social?

Muito se tem falado nos últimos tempos sobre essa questão, mas,
exatamente, por que ela se tornou tão importante?

Talvez, por causa do aumento da complexidade dos negócios, em


decorrência da globalização e da velocidade das inovações tecnológicas, talvez
devido ao aumento da conscientização empresarial, verificando que as empresas
também possuem um papel social para diminuir a crescente disparidade e
desigualdade na nossa sociedade atual.

Seja qual for o motivo, todos estão obrigando as empresas atuais a repensar
suas estratégias, buscando novas maneiras de obter lucro, porém, potencializando
o desenvolvimento econômico, social e ambiental.

2 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE RESPONSABILIDADE


SOCIAL
A ideia de uma responsabilidade social das empresas não é nova. Já em
1920, Henry Ford defendia que as empresas tinham de participar no bem-estar
coletivo. Também não é uma ideia que ressurgiu agora, como uma moda. É um
valor que foi crescendo, evoluindo, tomando corpo até adquirir uma dimensão
universal.

De qualquer maneira, as origens e os exemplos de uma política socialmente


responsável por parte das empresas vêm de longe e estão, por vezes, ligados a
credos religiosos. O primeiro fundo de investimento socialmente responsável tem
também origem religiosa. Denominado Pioneer Fund, foi lançado em 1928, pela
Igreja Evangelista Americana, e opunha-se ao consumo do álcool e do tabaco.

Em 1908, ainda nos Estados Unidos, o Conselho Federal das Igrejas lança
um documento que ainda hoje, um século mais tarde, se mantém atual. Nesse

123
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

documento, o conselho manifesta-se a favor de direitos iguais e de justiça para


todos, sem discriminação, da abolição do trabalho infantil, do fim da exploração
dos trabalhadores, de uma diminuição progressiva das horas de trabalho, da
proteção dos trabalhadores contra os perigos ligados às máquinas e contra as
doenças profissionais, entre outros.

NOTA

Este conteúdo está disponível em: <http://br.monografias.com/trabalhos3/


responsabilidade-social-na-empresa/responsabilidade-social-na-empresa2.shtml>. Acesso
em: 21 jan. 2013.

Até aqui referimos apenas iniciativas tomadas por empresas e por


instituições, mas o desenvolvimento do conceito de Responsabilidade Social teve,
por outro lado, a pressão dos consumidores, a exigência por parte das comunidades
de uma nova postura das empresas, que, muitas vezes, chega a ser confundida
com a luta pelos direitos cívicos.

Mas é no final dos anos sessenta que os movimentos dos consumidores,


exigindo uma nova postura das empresas, tomam posição de uma maneira mais
sistemática e generalizada. Foi o início da Responsabilidade Social das empresas,
tal como a entendemos hoje, é o momento de as empresas assumirem essa
responsabilidade de modo mais concentrado e de surgirem os primeiros esboços
de relatórios de Responsabilidade Social.

No final dos anos sessenta/setenta, a emergência dos movimentos


ambientalistas e a crise petrolífera fizeram dos recursos naturais, da energia e do
ambiente em geral, temas de importância política, econômica e social.

A partir daí, o crescimento tem continuado a pequenos passos, mas de


maneira sistemática e tendo como base orientações internacionais. A implantação
do conceito dentro das empresas é ainda variável, mas, a nível das grandes
multinacionais, podemos, hoje, verificar que quase todas realizam o seu relatório
de Responsabilidade Social, no qual expressam os seus compromissos em relação
ao ambiente, aos colaboradores e à comunidade.

Esta ação das multinacionais tem contribuído e estimulado para a


implementação de políticas socialmente responsáveis. Quando uma empresa abre
uma fábrica em outro país, está, de algum modo, exportando para esse mesmo país
a sua cultura. Frequentemente, é possível encontrar nas multinacionais traduções
dos seus códigos de boas práticas, na língua do país em que estão implantadas, e
dos seus procedimentos definidos em nível mundial.

124
TÓPICO 2 | RESPONSABILIDADE SOCIAL

Em 2001, a Comissão Europeia lançou o Livro Verde para a Responsabilidade


Social e incentivou as empresas cotadas em Bolsa, que integram um mínimo de 500
trabalhadores, a publicar os seus relatórios anuais de maneira tripartida, ou seja,
tendo em atenção os critérios sociais, ambientais e econômicos. Esta medida foi já
adotada pela França.

A Comissão apelou ainda para que, até 2004, em todos os estados membros,
sejam desenvolvidos diretrizes e critérios comuns para a elaboração generalizada,
por parte das empresas, de relatórios de Responsabilidade Social.

Hoje em dia temos novos conceitos, como Sustentabilidade Social,


Desenvolvimento Sustentável, mas todos tiveram origem na Responsabilidade
Social. Porém, estes novos conceitos confundem-se entre si, de tão entranhados que
são, pois exigem por parte das empresas que levem em conta não só os aspectos
econômicos, mas também os aspectos sociais e ambientais.

NOTA

A responsabilidade social, assim como o conceito da mesma, não é algo estático,


está em contínuo processo de evolução, conforme será abordado nos próximos itens.

3 O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL?


A expressão “responsabilidade social” suscita uma série de interpretações.
Para alguns, representa a ideia de responsabilidade ou obrigação legal; para outros,
é um dever que impõe às empresas padrões muito mais altos de comportamento
que os do cidadão comum. Há outros que traduzem como prática social, papel
social ou função social. Há ainda a visão de comportamento eticamente responsável
ou uma contribuição caridosa.

Bowen (1957) definiu responsabilidade social como “a obrigação dos


homens de negócios de adotar orientações, tomar decisões e seguir linhas de ação
que sejam compatíveis com os fins e valores da sociedade”.

Biroui (apud ASHLEY, 2003) definiu como “responsabilidade daquele que


é chamado a responder pelos atos face à sociedade ou à opinião pública [...] na
medida em que tais atos assumam dimensões ou consequências sociais.”

125
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Mas, então, o que é realmente responsabilidade social? Concluímos,


na realidade, que responsabilidade social é o somatório de todas as definições
apresentadas acima, em que a responsabilidade é o compromisso que a empresa
tem com o desenvolvimento, bem-estar e melhoramento da qualidade de vida
dos empregados, familiares e comunidade em geral.

TUROS
ESTUDOS FU

Grave a definição de responsabilidade, mais tarde será elemento de apoio ao texto


e distinção para novos conceitos.

4 RESPONSABILIDADE SOCIAL PARA QUEM?


Segundo Bowen, há cinco tipos de públicos beneficiados pela
responsabilidade social: funcionários, clientes, fornecedores, competidores, entre
outros, com os quais a empresa mantém relacionamentos de qualquer natureza,
ou seja, responsabilidade social engloba o público interno e externo, que possui
um relacionamento de qualquer nível e espécie com a empresa em questão e não
se restringe somente à área social, ou privilegia uma categoria em particular,
conforme demonstrado na figura a seguir.

FIGURA 10 – VETORES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

FONTE: Ashley (2003)

126
TÓPICO 2 | RESPONSABILIDADE SOCIAL

5 BALANÇO SOCIAL
A seguir, veja o que é balanço social, o histórico, por que fazer e os benefícios.

5.1 O QUE É?
O balanço social é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa,
reunindo um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais
dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à
comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar e multiplicar o
exercício da responsabilidade social corporativa.

No balanço social, a empresa mostra o que faz por seus profissionais,


dependentes, colaboradores e comunidade, dando transparência às atividades que
buscam melhorar a qualidade de vida para todos. Sua função principal é tornar
pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores vínculos entre
a empresa, a sociedade e o meio ambiente.

O balanço social é uma ferramenta que, quando construída por múltiplos


profissionais, tem a capacidade de explicitar e medir a preocupação da empresa
com as pessoas e a vida no planeta.

NOTA

Este conteúdo está disponível em: <http://www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.


exe/sys/start.htm?sid=2>. Acesso em: 21 jan. 2013.

5.2 HISTÓRICO
Nos anos 60, nos EUA e na Europa, o repúdio da população à Guerra do
Vietnã deu início a um movimento de boicote à aquisição de produtos e ações de
algumas empresas ligadas ao conflito. A sociedade exigia uma nova postura ética
e diversas empresas passaram a prestar contas de suas ações e objetivos sociais.
A elaboração e divulgação anual de relatórios com informações de caráter social
resultaram no que hoje se chama de balanço social.

127
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

No Brasil a ideia começou a ser discutida na década de 70. Contudo,


apenas nos anos 80 surgiram os primeiros balanços sociais de empresas. A partir
da década de 90, corporações de diferentes setores passaram a publicar o balanço
social anualmente.

NOTA

Este conteúdo está disponível em: <http://www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.


exe/sys/start.htm?sid=2>. Acesso em: 21 jan. 2013.

5.3 POR QUE FAZER?


O balanço social tornou-se um importante instrumento de divulgação
utilizado pelas organizações para explicitar todas as ações sociais realizadas
anualmente. Veja a seguir outras justificativas da importância do balanço do social,
em complemento ao assunto abordado:

• Porque é ético... justo, bom e responsável já é um bem em si mesmo.

• Porque agrega valor... o balanço social traz um diferencial para a imagem


da empresa que vem sendo cada vez mais valorizado por investidores e
consumidores no Brasil e no mundo.

• Porque diminui os riscos... num mundo globalizado, em que as informações


sobre empresas circulam através dos mercados internacionais em minutos,
uma conduta ética e transparente tem que fazer parte da estratégia de qualquer
organização nos dias de hoje.

• Porque é um moderno instrumento de gestão... o balanço social é uma valiosa


ferramenta para a empresa gerir, medir e divulgar o exercício da responsabilidade
social em seus empreendimentos.

• Porque é instrumento de avaliação... os analistas de mercado, investidores e


órgãos de financiamento (como BNDES, BID e IFC) já incluem o balanço social
na lista dos documentos necessários para se conhecer e avaliar os riscos e as
projeções de uma empresa.

• Porque é inovador e transformador... realizar e publicar balanço social


anualmente é mudar a antiga visão, indiferente à satisfação e ao bem-estar
dos funcionários e clientes, para uma visão moderna, em que os objetivos da
empresa incorporam as práticas de responsabilidade social e ambiental.

128
TÓPICO 2 | RESPONSABILIDADE SOCIAL

NOTA

Este conteúdo está disponível em: <http://www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.


exe/sys/start.htm?sid=2>. Acesso em: 21 jan. 2013.

5.4 OS BENEFICIÁRIOS
O balanço social favorece a todos os grupos que interagem com a empresa.
Aos dirigentes fornece informações úteis à tomada de decisões relativas aos
programas sociais que a empresa desenvolve. Seu processo de realização estimula
a participação dos funcionários e funcionárias na escolha das ações e projetos
sociais, gerando um grau mais elevado de comunicação interna e integração nas
relações entre dirigentes e o corpo funcional.

Aos fornecedores e investidores, informa como a empresa encara suas


responsabilidades em relação aos recursos humanos e à natureza, o que é um bom
indicador da maneira como a empresa é administrada.

Para os consumidores, dá uma ideia de qual é a postura dos dirigentes


e a qualidade do produto ou serviço oferecido, demonstrando o caminho que a
empresa escolheu para construir sua marca. E ao Estado ajuda na identificação e
na formulação de políticas públicas. Enfim, como disse Betinho, “o balanço social
não tem donos, só beneficiários”.

NOTA

Este conteúdo está disponível em: <http://www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.


exe/sys/start.htm?sid=2>. Acesso em: 21 jan. 2013.

DICAS

Como sugestão, leia:


• Ética e cidadania, um livro de Herbert José de Souza (Betinho), da Editora Moderna;
• Cidadania corporativa: a gestão da ética nas empresas. Disponível em: <http://www.socialtec.
org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=149:cidadania-corporativa-a-gestao-
da-etica-nas-empresas&catid=25:responsabilidade-social&Itemid=2>.

129
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

6 TENDÊNCIAS E DESAFIOS PARA A RESPONSABILIDADE


SOCIAL NOS NEGÓCIOS
Muito debatida no meio empresarial, a responsabilidade social vem se
tornando, em muitos casos, um referencial de excelência para o mundo
dos negócios, sob a perspectiva de um modelo de desenvolvimento
sustentável, que resulta da harmonia entre as dimensões econômica,
social e ambiental.
Esse novo modelo de gestão desencadeou uma série de iniciativas,
discussões e atitudes que deslocaram o foco da exploração para a
preservação, impondo aos humanos o desafio de tornar a vida no
planeta não apenas viável no presente, mas também no futuro.
No âmbito empresarial, a responsabilidade social é o conceito que alinha
o comportamento das organizações às perspectivas da sustentabilidade.
E é seguindo essa tendência que a Responsabilidade Social Corporativa
(RSC) ou Empresarial (RSE) evolui a cada dia, acompanhando a
mudança do pensamento social sobre a manutenção da vida.
Consumidores mais exigentes, empresas comprometidas com valores
éticos universais, como o respeito aos direitos humanos, compõem
uma combinação que vem transformando sociedades e desafiando as
empresas na melhoria contínua em questão de padrões de produção e
consumo que inviabilizam a vida no planeta.
No que tange ao desenvolvimento das práticas voltadas à
responsabilidade social corporativa, estas têm sido, significativamente,
influenciadas pela evolução da normalização em sistemas da gestão
empresarial que, por sua vez, vem possibilitando avaliar a conformidade
do Sistema da Gestão da Responsabilidade Social - SGRS. (SORATTO
ET AL., 2006, p.1).

Podemos resumir que, num futuro próximo, empresas que não adotarem
sistemas de responsabilidade social serão marginalizadas no mercado, pondo em
risco até sua própria sobrevivência. Então, visto ser essa tendência irreversível, resta
aos empresários um único caminho - a implantação de um SGRS ou a estagnação
econômico-socioambiental de seu negócio até sua inexistência.

7 DA RESPONSABILIDADE SOCIAL PARA


A SUSTENTABILIDADE SOCIAL
O conceito de sustentabilidade empresarial estava associado à questão
da preservação ambiental. Uma empresa era socialmente sustentável, ou melhor,
ambientalmente sustentável, se praticasse ações de desenvolvimento e preservação
do seu capital natural, ou seja, sustentabilidade era basicamente sinônimo de meio
ambiente.

A sustentabilidade era uma dimensão da gestão ambiental e não social.


Uma empresa socialmente sustentável era ecologicamente responsável.

130
TÓPICO 2 | RESPONSABILIDADE SOCIAL

O que então impactou para mudança desse raciocínio? Foi principalmente o


equilíbrio social, ou melhor, o desequilíbrio social como questão central, conforme
demonstrado na figura 7.

FIGURA 11 – NOVAS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

FONTE: Melo Neto; Froes (2004)

Então, de uma visão estreita de responsabilidade empresarial centrada


no meio ambiente, evolui-se para um termo mais amplo, conhecido como
sustentabilidade, centrada no crescimento econômico, equilíbrio social e também
na proteção ambiental. De acordo com este novo modelo, a empresa socialmente
responsável e sustentável é aquela que atua nas três dimensões.

Portanto, as empresas que adotam esse novo modelo devem criar e


aprimorar novos mecanismos de gestão.

A seguir, veja o artigo sobre sustentabilidade social.

SUSTENTABILIDADE SOCIAL TAMBÉM É FUNDAMENTAL

Raquel Nunes

Nunca se falou tanto em sustentabilidade e em meio ambiente


como nos dias de hoje. E é mesmo importante que as pessoas compreendam
que a importância de se conservar os recursos naturais e levar uma vida
mais condizente com a capacidade de produção e renovação dos recursos

131
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

planetários é nossa única chance de continuarmos ainda por um longo tempo


por aqui. Contudo, o que muitos esquecem é de que nada adianta um meio
ambiente cuidado e vigiado, bem como empreendimentos voltados para a
preservação ambiental e para a sustentabilidade, se não forem observadas
a manutenção e o oferecimento das condições mais básicas de vida para as
populações inseridas no contexto desse mesmo meio ambiente.

Para isso, a necessidade de ampliar-se a sustentabilidade ambiental,


para que alcançasse também as pessoas, deu surgimento ao termo
sustentabilidade social. Sim, porque da mesma forma que é necessário
preservar os recursos ambientais de uma determinada região, é necessário
que as pessoas que nela vivem o façam de forma completa e satisfatória.
Desta forma, os habitantes locais serão muito mais facilmente permeáveis às
ideias conservacionistas e se dedicarão com muito mais afinco à conservação
e à evolução de comportamentos e tradições mais responsáveis em relação ao
meio ambiente que as cerca. Pois onde há miséria, carências de toda espécie,
pobreza extrema e a falta das mais básicas condições de vida, é impossível
exigir-se, ou sequer sonhar, que as pessoas envolvidas nesse mar de carências
se preocupem com a preservação do que quer que seja. Afinal de contas,
ninguém pode se preocupar com o perigo de extinção do pássaro “negro de
quatro olhos”, enquanto morre de fome à míngua e o pássaro dá um “caldo
gostoso”.

Por isso, todo o planejamento para tornar um determinado


empreendimento sustentável deve, antes de qualquer coisa, levar em
consideração a aplicação da sustentabilidade social. Perceber a importância
desse fator e desse imperativo é a diferença entre o sucesso e o fracasso de
quaisquer políticas ambientais que se desejem implantar. E compreender o
quão difícil é preocupar-se com o ambiente e com a conservação da natureza
enquanto se morre de fome, caminha-se no esgoto e bebe-se da água
mais poluída possível, é a chave para o sucesso desses projetos. Assim, a
sustentabilidade social deve preceder qualquer outra prática.

No entanto, nem sempre é assim que acontece. Muitos governos


e empresas jogam determinações para serem cumpridas de “cima para
baixo” e sem entender a realidade que aflige determinado grupo humano.
Um exemplo bem claro disso é o que ocorre na Amazônia. Proíbem-se as
madeireiras e se deseja combater a exploração ilegal do lugar. Contudo, não
se criam oportunidades de emprego e renda nas cidades que estão às margens
da floresta e, muito menos, nas que estão localizadas dentro dessas áreas. O
resultado é líquido e certo: entre morrer de fome e deixar a floresta vicejar ou
aceitar o emprego na madeireira, botar as árvores abaixo e ir dormir todos os
dias com a barriga cheia e aquecida, qual opção você escolheria? E é exatamente
o que ocorre por lá. O povo inverteu a “ordem natural das coisas” e aliou-
se aos criminosos, pois eles são a sua única fonte de renda e de sustento no

132
TÓPICO 2 | RESPONSABILIDADE SOCIAL

meio da selva. Quando chegam os órgãos governamentais de meio ambiente e


combatem as madeireiras, eles é que são considerados os inimigos.

Se os preceitos de sustentabilidade social tivessem sido aplicados por


lá, a história com toda a certeza seria muito diferente e o governo federal teria
o apoio quase total dos moradores e habitantes daquela região.

Essa é a importância e a relevância que deve ser dada e a urgência


com que esse conceito deve ser debatido e introduzido o mais rapidamente
possível em todas as deliberações que tenham o tema sustentabilidade como
pauta.
Sustentabilidade social é e sempre será o início de qualquer projeto
de sustentabilidade econômica ou ambiental que se preze.

FONTE: Disponível em: <http://www.ecologiaurbana.com.br/sustentabilidade/sustentabilidade-


social-tambem-e-fundamental/>. Acesso em: 27 jan. 2013.

A figura a seguir apresenta as dimensões do novo modelo de


responsabilidade e sustentabilidade social:

FIGURA 12 – MODELO DE RESPONSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE SOCIAL

FONTE: Melo Neto; Froes (2004)

133
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Portanto, uma empresa socialmente responsável e sustentável atua nestas


três dimensões: na preservação ambiental, no fomento ao desenvolvimento
econômico e na promoção da igualdade social.

Durante o estudo sobre a responsabilidade social, verifica-se a relevante


importância das organizações sobre as questões sociais, ambientais e econômicas.
Uma empresa responsável também é uma empresa ética, isto é, idônea, na forma
como se relaciona com a sociedade, incluindo seus funcionários.

A partir do exposto, verifica-se que as questões sociais são de fundamental


importância para qualquer estrutura empresarial. Atualmente, há uma mudança na
cultura das empresas, que passam a se preocupar, cada vez mais, com a cidadania
que está se transformando em agentes de renovação no mundo dos negócios.

Com isso, percebe-se a preocupação que existe hoje por parte das empresas
através da divulgação do seu balanço social, que evidencia os investimentos nas
questões socioambientais.

134
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você teve oportunidade de estudar os
seguintes itens referentes à administração ambiental:

• A questão da responsabilidade social pode ser vista sob vários ângulos, como
um conceito que está em evolução e que, portanto, necessita ser consolidado na
sociedade.

• Ao longo do tópico, vimos o termo responsabilidade social nos negócios e suas


variantes, responsabilidade empresarial, responsabilidade social das empresas.
Existem, ainda, outras não citadas, como responsabilidade corporativa.
Entretanto, todas as terminologias possuem o mesmo significado, ou seja, a
responsabilidade da empresa com a sociedade, através das diversas relações
estabelecidas entre ambas as partes.

135
AUTOATIVIDADE

Realize uma pesquisa sobre programas de responsabilidade social de melhor


resultado no Brasil. Faça uma análise crítica, apresentando pontos fortes e fracos
dos mesmos. Ex.: Boticário, Bradesco, Gessy Lever, Vale, Petrobras, Banco do
Brasil, Johnson & Johnson etc.

136
UNIDADE 2
TÓPICO 3

IMPACTO DAS DECISÕES EMPRESARIAIS NA


SOCIEDADE E NO MEIO AMBIENTE

1 INTRODUÇÃO
Relembrando nosso conceito de meio ambiente, abordado na Unidade 1,
Tópico 1: meio ambiente não é somente fauna, flora ou recursos naturais, mas
também todo integrante que nele esteja inserido, ou seja, seres humanos e suas
atividades.

Nesse tópico abordaremos justamente como as empresas impactam


na sociedade e no meio ambiente, de maneira negativa e positiva, com suas
consequências e tratativas que deveremos adotar.

2 AS RELAÇÕES DA EMPRESA COM A SOCIEDADE


A empresa é o principal agente de transformação da sociedade, e vem
assumindo novos papéis a cada dia. Verificamos que o Estado não tem sido bem-
sucedido na diminuição das desigualdades sociais e na solução de um processo
crescente de exclusão, não simplesmente econômico, mas das possibilidades de
acesso a novas formas de trabalho, a novas maneiras de buscar o conhecimento, à
criação de uma sociedade mais justa.

Um dos desafios maiores da empresa, talvez, seja vencer a aparente


contradição entre a sobrevivência e o crescimento, sem descuidar a humanização do
trabalho e o resgate da dignidade da pessoa humana. Para a empresa, é importante
ser reconhecida como uma empresa ética e socialmente responsável, seja no plano
interno como na sociedade em que está inserida.

A empresa atual tem que ser socialmente responsável. Isso ela o faz,
também, gerando empregos, distribuindo riqueza, diminuindo a desigualdade
social e distribuição, assumindo, então, um papel de liderança na transformação da
sociedade atual para um futuro mais justo e equilibrado.

137
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

3 O QUE É UMA EMPRESA SOCIAL E AMBIENTALMENTE


RESPONSÁVEL?
Segundo o Portal Responsabilidade Social, a busca da responsabilidade
social corporativa tem, de modo geral, as seguintes características:

• É plural. Empresas não devem satisfações apenas aos seus acionistas. Muito
pelo contrário. O mercado deve agora prestar contas aos funcionários, à mídia,
ao governo, ao setor não governamental e ambiental e, por fim, às comunidades
com que opera. Empresas só têm a ganhar na inclusão de novos parceiros
sociais em seus processos decisórios. Um diálogo mais participativo não apenas
representa uma mudança de comportamento da empresa, mas também significa
maior legitimidade social.

• É distributiva. A responsabilidade social nos negócios é um conceito que se aplica


a toda a cadeia produtiva. Não somente o produto final deve ser avaliado por
fatores ambientais ou sociais, mas o conceito é de interesse comum e, portanto,
deve ser difundido ao longo de todo e qualquer processo produtivo. Assim
como consumidores, empresas também são responsáveis por seus fornecedores
e devem fazer valer seus códigos de ética aos produtos e serviços usados ao
longo de seus processos produtivos.

• É sustentável. Responsabilidade social anda de mãos dadas com o conceito de


desenvolvimento sustentável. Uma atitude responsável, em relação ao ambiente
e à sociedade, não só garante a não escassez de recursos, mas também amplia
o conceito a uma escala mais ampla. O desenvolvimento sustentável não só
se refere ao ambiente, mas, por via do fortalecimento de parcerias duráveis,
promove a imagem da empresa como um todo e por fim leva ao crescimento
orientado. Uma postura sustentável é por natureza preventiva e possibilita a
prevenção de riscos futuros, como impactos ambientais ou processos judiciais. 

• É transparente. A globalização traz consigo demandas por transparência. Não


mais nos bastam os livros contábeis. Empresas são gradualmente obrigadas a
divulgar sua performance social e ambiental, os impactos de suas atividades e as
medidas tomadas para prevenção ou compensação de acidentes. Nesse sentido,
empresas serão obrigadas a publicar relatórios anuais, onde sua performance é
aferida nas mais diferentes modalidades possíveis. Muitas empresas já o fazem
em caráter voluntário, mas muitos preveem que relatórios socioambientais
serão compulsórios num futuro próximo.

FONTE: Disponível em: <http://www.responsabilidadesocial.com/institucional/institucional_view.


php?id=1>. Acesso em: 27 jan. 2013.

A dimensão socioambiental envolve muitas outras atividades, não apenas


uso de papel reciclado em produtos e embalagens. Como exemplo, tem-se o uso
de tecnologia limpa, implantação da gestão ambiental, política ambiental e outros
procedimentos.

138
TÓPICO 3 | IMPACTO DAS DECISÕES EMPRESARIAIS NA SOCIEDADE E NO MEIO AMBIENTE

A filantropia é apenas uma ação que se insere no contexto mais amplo


da responsabilidade social. Muitos especialistas não a consideram ação de
responsabilidade social, mas um estágio de pré-responsabilidade social. A
responsabilidade social exige da empresa uma gestão efetiva da sua força de
trabalho, do ambiente de trabalho e da qualidade de vida no trabalho. Vai muito
além do ajuste da jornada de trabalho às necessidades pessoais.

QUADRO 6 – OS MANDAMENTOS DA ÉTICA SOCIAL

SUA EMPRESA É SOCIALMENTE RESPONSÁVEL SE ELA FOR


1. Ecológica 5. Saudável
2. Filantrópica 6. Educativa
3. Flexível 7. Comunitária
4. Interessada 8. Íntegra
FONTE: BSR - Business for Social Responsibility

O interesse da empresa por seus funcionários é apenas um dos indicadores


da sua responsabilidade social. Não basta fazer pesquisas somente para conhecer
os problemas dos funcionários, mas é necessário também pesquisar os problemas
de seus familiares e dos prestadores de serviço.

A ênfase na saúde dos funcionários extrapola questões como redução de


peso e colesterol baixo, e engloba outras questões relacionadas à saúde mental,
ocupacional e à segurança no trabalho.

No campo da educação, o escopo é ainda maior - compreende ações de


formação, treinamento e capacitação profissional, tanto para funcionários e seus
dependentes, quanto para clientes, fornecedores e demais parceiros, além da
sociedade e da comunidade.

Em suas relações com a comunidade, a empresa socialmente responsável


não se limita a ceder suas instalações para a prática esportiva e para atividades
de cunho social e cultural dos alunos das escolas das redondezas. A amplitude
é muito maior: ações de inserção social, ações de fomento do desenvolvimento
social, ações de apoio social.

A integridade é a base ética do comportamento da empresa socialmente


responsável. É talvez a dimensão de maior amplitude. Envolve a ética não somente
aplicada aos negócios (não lança mão de propaganda enganosa, vendas casadas
e demais práticas de marketing desonesto), mas também em todo o ambiente
organizacional.

As empresas socialmente responsáveis destacam-se pelo seu padrão de


comportamento social, econômico, cultural, político e ambiental.

139
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

O paradigma empresarial moderno é definido, atualmente, como cidadania


empresarial, cujas principais características são:

• alto comprometimento com a comunidade;

• atua em parceria com o governo, demais empresas e entidades em programas e


projetos sociais;

• apresenta progressão de investimentos nas áreas sociais;

• viabiliza projetos sociais independentemente dos benefícios fiscais existentes;

• realiza ações sociais, cujo principal objetivo não é o marketing, mas um


comprometimento efetivo com a comunidade;

• seus funcionários, conscientes da responsabilidade social da empresa, atuam


como voluntários em campanhas e projetos sociais;

• os valores e princípios empresariais, além da missão e visão estratégica,


incorporam responsabilidades diversas, envolvendo o seu relacionamento com
o governo, clientes, fornecedores, comunidade, sociedade, acionistas e demais
parceiros.

NOTA

Este conteúdo está disponível em: <http://socibras.com.br/responsabilidadesocial/>.


Acesso em: 27 jan. 2013.

E
IMPORTANT

As características que definem a cidadania empresarial são o resumo das ações


que empresas socialmente responsáveis devem praticar para serem consideradas atuantes
nessa área.

A empresa socialmente responsável torna-se cidadã porque dissemina


novos valores que restauram a solidariedade social, a coesão social e o compromisso
social, com a equidade, a dignidade, a liberdade, a democracia e melhoria da
qualidade vida de todos os que vivem na sociedade.

140
TÓPICO 3 | IMPACTO DAS DECISÕES EMPRESARIAIS NA SOCIEDADE E NO MEIO AMBIENTE

Com essa nova postura de responsabilidade social, as empresas passam por


profundas mudanças em todos os campos, assim como nas questões ambientais.
As decisões relacionadas ao meio ambiente tornaram-se importantes a ponto de
influenciar nas práticas estratégicas das organizações.

O que é uma empresa socialmente responsável no campo ambiental? O que


vem a ser esta nova postura empresarial que caracteriza as relações da empresa
com seu meio ambiente?

Tal postura fundamenta-se nos seguintes parâmetros:

• bom relacionamento com as comunidades;

• bom relacionamento com os organismos ambientais;

• estabelecimento de uma política ambiental;

• eficiente sistema de gestão ambiental;

• garantia de segurança dos empregados e das comunidades vizinhas;

• uso de tecnologia limpa;

• elevados investimentos em proteção ambiental;

• definição de um compromisso ambiental;

• associação das ações ambientais com os princípios estabelecidos na Carta para


o Desenvolvimento Sustentável;

• a questão ambiental como valor do negócio;

• atuação ambiental com base na Agenda 21 local;

• contribuição para o desenvolvimento sustentável dos municípios circunvizinhos.

E
IMPORTANT

Da mesma maneira que no campo social, as posturas ambientais que caracterizam


as empresas ambientalmente responsáveis são o resumo de ações que as mesmas devem
praticar para serem consideradas atuantes nessa área.

141
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Além disso, a empresa deve implementar o seu sistema de gestão ambiental


com base em três critérios básicos: realização de ações de treinamento e capacitação
de recursos humanos; integração das ações de preservação ambiental com as ações
de saúde e segurança industrial e certificação ambiental com base nas normas NBR
ISO 14000 e Norma Britânica BS 8800.

Portanto, uma empresa socialmente responsável no campo da preservação


ambiental destaca-se pela sua excelência em política e gestão ambiental; pela sua
atuação como agente de fomento do desenvolvimento sustentável local e regional,
de preservação da saúde, da segurança e da qualidade de vida de seus empregados
e da comunidade situada ao seu redor; e pela inserção da questão ambiental como
valor de sua gestão e como compromisso, sob a forma de missão e visão do seu
desempenho empresarial.

4 IMPACTO DAS EMPRESAS NA SOCIEDADE E MEIO


AMBIENTE
Apesar do aumento crescente dos investimentos sociais, no Brasil e no
mundo, é possível afirmar que a comunidade empresarial está dividida em dois
segmentos.

No primeiro, estão as empresas que privilegiam as atividades diretamente


ligadas à rentabilidade dos seus negócios. Tais empresas creem que cumprem
com a função social gerando empregos e pagando impostos. Elas veem iniciativas
no campo social como responsabilidade do Estado, e, portanto uma função
incompatível com os valores e natureza do mundo dos negócios.

No segundo, estão as empresas que veem a responsabilidade e a


sustentabilidade social como funções estratégicas destas organizações.

Ambos os modelos diferem em um aspecto essencial. No primeiro caso, o


exercício da responsabilidade social não é visto como parte integrante do portfólio
de negócios da empresa; no segundo caso, a prática de ações socioambientais é
vista como instrumento de gestão na procura da sustentabilidade.

Como observamos, há uma grande polêmica em torno da extensão do


exercício da responsabilidade social das empresas. Algumas firmas, atentas às
necessidades do meio ambiente, acreditam que a função social das empresas é
uma resposta a exigências de ordem moral, prática e baseada na realidade.

142
TÓPICO 3 | IMPACTO DAS DECISÕES EMPRESARIAIS NA SOCIEDADE E NO MEIO AMBIENTE

4.1 IMPACTOS BENÉFICOS


Os impactos benéficos das empresas estão ligados a ações do tipo: construção
de equipamentos não poluentes, tecnologias limpas e reaproveitamento de
resíduos. Com isso, as empresas desenvolvem e reconstroem o seu capital natural.

Ao investirem no social, através de ações internas e externas (projetos


sociais próprios e de terceiros) e abraçarem uma ou mais causas sociais, as empresas
desenvolvem e reconstroem o seu capital social.

Ao procederem dessa maneira, sustam o processo de deterioração crescente


do seu capital natural e social, ou simplesmente não deixam tal fato ocorrer. E,
assim, garantem a sustentabilidade do seu negócio, consolidam a sua imagem e a
ação de empresa socialmente responsável e sustentável.

4.2 IMPACTOS NEGATIVOS


Aos impactos negativos, as empresas possuem uma obrigação moral de
remediá-los. Por que é uma obrigação moral?

Porque as atividades empresariais contribuem significativamente para


a deterioração do capital natural e social, como demonstrado na figura 9. Suas
atividades, em muitos casos, causam danos irreparáveis ao meio ambiente
(deterioração do capital natural) e, ao demitirem pessoas e utilizarem práticas
trabalhistas não recomendáveis, também causam deterioração do capital social.

É uma resposta prática, pois demanda das empresas conhecimento


aprimorado de gestão social voltada para resultados de curto, médio e longo prazo.

E é uma resposta empresarial baseada na realidade, porque compreende


desafios urgentes e lida com obstáculos e limitações as mais diversas.

A figura a seguir apresenta o quadro referencial dos danos causados


pelas empresas e que justificam a sua atuação social como contrapartida. É o
que denomina-se “base legitimadora das ações sociais”, cujos elementos estão
demonstrados na figura.

143
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

FIGURA 13 – DANOS CAUSADOS PELAS EMPRESAS (A BASE LEGITIMADORA DAS


AÇÕES SOCIAIS)

FONTE: Melo Neto; Froes (2004)

Verificamos que responsabilidade social e ética nos negócios vai além


do cumprimento da legislação, isto é, cumprir a lei é uma obrigação básica
das empresas. Acredita-se que as organizações que divulgam suas ações
socioambientais já ultrapassaram esse nível e estão buscando fazer mais que suas
obrigações. Existem, porém, muitas dificuldades por parte das empresas para
cumprir o básico, conforme vamos verificar na publicação da sondagem especial
sobre o meio ambiente, legislação e as indústrias.

A INDÚSTRIA E O MEIO AMBIENTE

Confrontadas com uma lista de seis opções, os problemas mais assinalados


foram a demora na análise nos pedidos de licença e os custos dos
investimentos necessários para atender às exigências requeridas pelo
órgão ambiental responsável.

144
TÓPICO 3 | IMPACTO DAS DECISÕES EMPRESARIAIS NA SOCIEDADE E NO MEIO AMBIENTE

As indústrias brasileiras estão conscientes da necessidade de adotarem


práticas de gestão ambiental e pretendem ampliar seus investimentos
destinados à proteção do meio ambiente. Não obstante, a grande maioria
das empresas vem enfrentando dificuldades na relação com os órgãos
ambientais face à necessidade de se cumprir exigências ambientais por vezes
inadequadas sob o ponto de vista da aplicabilidade técnica e dos aspectos de
sustentabilidade econômica.

Das questões abordadas nesta Sondagem Especial, voltadas para


aferir o processo de licenciamento ambiental e a relação empresa e órgãos
público da gestão ambiental, destacam-se: os problemas relativos aos
prazos para análise e deliberação das licenças, os custos elevados de todo
o processo e o grande número de requisitos solicitados. Adicionalmente, a
Sondagem investiga o comportamento da empresa frente aos procedimentos
da autogestão ambiental e os investimentos em proteção do meio ambiente
realizados em 2003 e previstos para 2004.

Licenciamento Ambiental

A grande maioria das empresas consultadas que já requisitaram


licenciamento ambiental (74,5% das grandes e 71,3% das pequenas e médias)
enfrentou alguma dificuldade para obtê-lo. Confrontadas com uma lista de
seis opções, os problemas mais assinalados foram a demora na análise nos
pedidos de licença e os custos dos investimentos necessários para atender às
exigências requeridas pelo órgão ambiental responsável. Esses problemas
foram selecionados, respectivamente, por 45% e 43,5% das empresas. As
dificuldades apontadas já haviam sido detectadas em pesquisa anterior
realizada pela CNI, em 1998, na qual esses problemas também foram os mais
assinalados pelas empresas.

Nesta Sondagem, a Região Sudeste apresentou o maior percentual de


indústrias que declararam ter tido problemas no processo de licenciamento
(78,3%), o que pode se justificar pela existência de órgãos públicos de
gestão ambiental mais bem estruturados e atuantes. Já as indústrias da
Região Centro-Oeste foram as que menos relataram dificuldades, embora o
percentual continue elevado (63,6%).

A Sondagem mostra que os setores industriais que mais registraram


dificuldades em obter o licenciamento ambiental são: borracha (88,2%),
papel e papelão (81,5%) e minerais não metálicos (78,4%). A indústria de
produtos farmacêuticos apresentou o menor percentual de empresas que
identificaram obstáculos (44,4%), o que pode ser justificado pelo fato de esse
segmento já ter, em 1998, um percentual elevado de empresas com sistema de
gestão ambiental implementado, como identificado na sondagem anterior.

145
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

O percentual de empresas consultadas que "nunca precisou requerer


uma licença ambiental" não é desprezível: 16% do total da amostra. Tal
resultado pode ser explicado pelo fato de que apenas os empreendimentos
considerados efetiva ou potencialmente poluidores são obrigados a requerer
o licenciamento ambiental.

O maior percentual de empresas que já requisitaram licenças


ambientais (91,4%) encontra-se na Região Norte, enquanto a Região Sudeste
apresenta o menor (78,2%). Entre os elementos que podem explicar esta
diferença, vale ressaltar o fato de que no Sudeste já foram implementados ou
estão em implementação marcos regulatórios específicos que simplificam e
modernizam os procedimentos de obtenção da licença ambiental.

 Relação das Empresas com os Órgãos Ambientais

Entre as empresas de grande porte, 62,4% responderam ter


enfrentado problemas com os órgãos ambientais. No caso das pequenas
e médias empresas, esse percentual foi um pouco menor: 58,9%. Os
requisitos exagerados de regulamentação ambiental e o alto custo para
o seu cumprimento foram apontados como os principais causadores dos
problemas. O terceiro item de desgaste identificado foi a complexidade da
regulamentação ambiental.

146
TÓPICO 3 | IMPACTO DAS DECISÕES EMPRESARIAIS NA SOCIEDADE E NO MEIO AMBIENTE

A região geográfica do país que registrou a maior proporção de


indústrias com dificuldade na relação com os órgãos ambientais foi a Norte,
com um percentual de 66,7%. No outro extremo, tem-se a Região Nordeste
cujo percentual foi de 52,8%. Tais resultados devem-se, provavelmente, às
características das principais atividades industriais desenvolvidas na região,
bem como as estruturas dos órgãos ambientais ali existentes e a qualidade da
implementação dos marcos regulatórios.

Os setores de madeira (72,2%), química (70,3%) e minerais não


metálicos (70,1%) foram os que apresentaram maior incidência de empresas
que enfrentaram problemas na relação com os órgãos ambientais. O setor
farmacêutico, novamente, aparece identificado como aquele que apresentou
o menor número de empresas com esta dificuldade (33,3%).
 
Gestão Ambiental

A Sondagem sinaliza que a questão ambiental está cada vez mais


integrada ao planejamento das empresas. Cerca de 80% das empresas
pesquisadas realizaram procedimentos gerenciais associados à gestão
ambiental, sendo que as indústrias de grande porte adotaram tais medidas
em proporção maior do que as de pequeno e médio porte (87,7% e 72,2%,
respectivamente).

Observando-se a atuação das empresas por região geográfica,


percebe-se que as localizadas na Região Norte são aquelas que mais
adotaram procedimentos gerenciais de gestão ambiental (83,8%). As
empresas da Região Centro-Oeste apresentaram o menor percentual de
empreendimentos que adotam tais procedimentos (71,4%). Isso confirma o
quadro identificado na Sondagem de 1998, que já apontava para o fato de
que essas iniciativas poderiam estar relacionadas às características setoriais
e de porte das indústrias predominantes na região.

147
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Os setores de bebidas (91,7%), farmacêutico (85,7%), química (84,7%),


produtos alimentares (84,2%), minerais não metálicos (82,5%), madeira
(82,1%) e material de transporte (81%) destacaram-se como os que mais
implementaram medidas gerenciais associadas à gestão ambiental. O setor
de vestuário e calçados foi o que apresentou o menor índice de atuação
relacionada à gestão ambiental (58,8%).

Indagadas sobre as principais razões para a adoção destes


procedimentos, por meio de um conjunto de 12 opções, as empresas
elegeram a necessidade de atender aos regulamentos ambientais, a busca de
conformidade perante a política social da empresa e as exigências requeridas
para o licenciamento ambiental como fatores mais importantes do que as
motivações associadas à redução de custos. Destaca-se que a segunda razão
mais assinalada - conformidade à política social da empresa - confere maior
possibilidade de continuidade da ação ambiental.

148
TÓPICO 3 | IMPACTO DAS DECISÕES EMPRESARIAIS NA SOCIEDADE E NO MEIO AMBIENTE

Pode-se sugerir, a partir da Sondagem, que as indústrias estão


procurando minimizar, por meio da gestão ambiental estratégica, os eventuais
conflitos advindos do processo de licenciamento ambiental e as dificuldades
encontradas nas relações administrativas com os órgãos ambientais.

 Investimentos em Proteção Ambiental

Em relação aos investimentos realizados pelas empresas com o


objetivo de proteger o meio ambiente, a Sondagem revelou que, em média,
73% das indústrias destinaram recursos para esta finalidade em 2003. No
ano corrente, o mesmo percentual de empresas pretende investir nesta área.
Esse dado reafirma o fato de que o empresariado nacional está efetivamente
compromissado com a proteção ambiental.

Analisando os investimentos desagregados por região, verifica-


se que, em 2003, a Região Norte foi a que registrou o maior percentual
de empresas que investiram em proteção ambiental (79,2%). O número
significativo de indústria do setor de madeira na Região Norte - atividade
que apresenta substanciais possibilidades de impacto ambiental - justifica a
maior preocupação das empresas da região em investir na proteção do meio
ambiente. O previsto para 2004 é que a Região Norte permaneça como a que
localiza o maior número relativo de empresas que investem em proteção
ambiental (82,5%) e a Região Centro-Oeste passe a ser aquela que concentra
o menor número relativo (62,7%).

As empresas de vestuário e calçados foram as que menos investiram


em proteção ambiental no ano passado (apenas 40% das empresas), enquanto
o setor de bebidas foi o que apresentou o maior número relativo de empresas
que investiram nesta área (94,7%). Em 2004, a expectativa é de que aquele setor
permaneça como o que possui menos empresas que investem em proteção
ambiental (apenas 40,5%), e de que o setor de madeira passe a apresentar o
maior número relativo de empresas investindo nesta área (80,7%).

Em 2003, das empresas que investiram em proteção ambiental,


58,5% destinaram até 2% dos seus investimentos totais para esta finalidade,
enquanto 8,5% investiram mais de 10% dos seus investimentos totais em
proteção do meio ambiente. Para 2004, porém, apesar da expectativa quanto
ao número relativo de empresas que investirão em proteção ambiental ser
praticamente igual ao observado em 2003, espera-se que o percentual relativo
aos investimentos totais das empresas destinados para esta finalidade seja
um pouco maior.

A expectativa é de que, neste ano, o percentual de empresas que


destinam até 2% dos investimentos para proteção ambiental caia para 54,5%.
Já o percentual de empresas que destinam mais de 10% para esta iniciativa

149
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

deve subir para 10,6%. Estes fatores são mais uma demonstração da crescente
importância dada pelas indústrias à prática do desenvolvimento sustentável.

As indústrias de produtos farmacêuticos, papel e papelão e a de


couros e peles, no item investimento, destacam-se em 2003, confirmando
tendência apontada na Sondagem de 1998. Estes setores tiveram 23,5%,
19% e 15,4%, respectivamente, das empresas que investiram em proteção
ambiental, destinando mais de 10% dos seus investimentos totais para tal
finalidade. Em 2004, o previsto é que os setores de papel e papelão, química,
couros e peles destaquem-se com, respectivamente, 27,3%, 20,4% e 20% das
suas empresas que investirão em proteção ambiental, direcionando mais de
10% dos seus investimentos totais a este objetivo.

Considerações Finais

Os principais resultados obtidos mostram que o setor industrial vem


enfrentando problemas nas relações com os órgãos ambientais e dificuldades
para obter o licenciamento ambiental. Esses resultados confirmam as
tendências e comportamentos, já verificados em pesquisas anteriores
realizadas pela CNI.
Mais especificamente quanto ao processo de licenciamento ambiental,
a principal dificuldade identificada pelas empresas pesquisadas é a demora na
análise dos pedidos e, consequentemente, na emissão da licença. Isso reflete
a existência de procedimentos relativamente burocráticos, não sistêmicos
e desarticulados para a obtenção da licença. No que diz respeito à relação
entre as indústrias e os órgãos ambientais, os requisitos da regulamentação
ambiental, por vezes inadequados e até excessivos, foram identificados como
os maiores causadores de desgaste.

150
TÓPICO 3 | IMPACTO DAS DECISÕES EMPRESARIAIS NA SOCIEDADE E NO MEIO AMBIENTE

Nesse contexto, podem-se identificar algumas iniciativas visando


ao equacionamento das questões aqui observadas: (i) melhor definição
quanto às competências dos órgãos que compõem o Sistema Nacional do
Meio Ambiente - SISNAMA; (ii) simplificação do processo de licenciamento
ambiental; (iii) implementação de uma política de informação/informatização
dos órgãos ambientais, com vistas à maior transparência, automação e
sistematização, sobretudo quanto aos processos de licenciamento; e (iv)
padronização das decisões.

Concluindo, a análise desta Sondagem Especial permite inferir


que ainda há muito a se fazer e avançar tanto na iniciativa pública como
privada. As respostas às questões aqui apontadas passam pela busca de
maior agilidade, qualidade e eficiência do SISNAMA, sem comprometer o
desenvolvimento econômico e social brasileiro.

A Sondagem Especial sobre Meio Ambiente foi realizada em conjunto


com a Sondagem Industrial. Ela contou com a participação de 1.007 pequenas
e médias empresas e 211 grandes de todo o território nacional.

FONTE: Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/artigos/a_industria_e_o_


meio_ambiente.html>. Acesso em: 27 jan. 2013.

Pode-se observar nos estudos da unidade, que as empresas estão dispostas


a praticar ações responsáveis que condizem com a ética nos negócios, incluindo,
além do atendimento à legislação, ações de responsabilidade social. No entanto,
podemos evidenciar, na publicação anterior, que as dificuldades para atender a
legislação são encontradas já nos processos de licenciamentos que, devido à demora
dos órgãos públicos no retorno de demandas das empresas, acabam prejudicando
o processo de desenvolvimento social, econômico e ambiental. Por outro lado,
também existem aquelas empresas que, de todas as formas, tentam burlar as
obrigações ambientais básicas e ainda buscam demonstrar que são socialmente
responsáveis perante a sociedade, negligenciando os princípios básicos de uma
empresa responsável e ética, que no mínimo cumpre a legislação.

Na Unidade 3, vamos aprofundar os estudos sobre os processos internos


das empresas.

151
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

LEITURA COMPLEMENTAR

A RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS

Mário Augusto dos Santos

Um dos traços mais marcantes da recente evolução da economia mundial


tem sido a integração dos mercados e a queda das barreiras comerciais. Para grande
parte das empresas, isso significou a inserção, muitas vezes forçada, na competição
em escala global. Em curto espaço de tempo, elas viram-se compelidas a mudar
radicalmente suas estratégias de negócio e padrões gerenciais para enfrentar
desafios e aproveitar as oportunidades decorrentes da ampliação de seus mercados
potenciais, do surgimento de novos concorrentes e novas demandas da sociedade.

Esse novo contexto apresentou como desafio para as empresas a busca por
níveis progressivamente maiores de competitividade e produtividade e introduziu
nestas a preocupação com a legitimidade social de suas atuações.

Em resposta a esse desafio, as empresas passaram a investir em qualidade,


primeiramente centrando a atenção nos produtos, depois evoluindo para a
abordagem dos processos e culminando no tratamento abrangente das relações
entre a atividade empresarial, os empregados, os fornecedores, os consumidores, a
sociedade e o meio ambiente.

Assim, dentro desse novo contexto, a gestão empresarial que possua como
referência apenas os interesses dos acionistas revela- se insuficiente. Tal gestão deve
ser balizada pelos interesses e contribuições dos stakeholders.

Isso faz com que a busca de excelência empresarial passe a ter como objetivos
a sustentabilidade econômica, social e ambiental, ou seja, corresponda à ideia do
Triple Bottom Line, que será melhor explicada no decorrer deste trabalho.

A atuação baseada em princípios éticos elevados e na busca de qualidade nas


relações é manifestação de responsabilidade social. Empregamos o termo stakeholder
ao invés de “grupos de interesses” ou “partes interessadas” por ser mais abrangente,
pois incorpora todos os membros da cadeia produtiva, as comunidades, as ONGs, o
setor público, e outras firmas e indivíduos formadores de opinião, e não tem tradução
em português. Além disso, o termo está consagrado na literatura especializada.

A adoção de padrões de conduta ética que valorizem o ser humano, a sociedade


e o meio ambiente é exigência cada vez mais presente no contexto empresarial. Mas o
que caracterizaria a empresa como socialmente responsável? De forma simples, pode-
se dizer que a empresa é socialmente responsável quando vai além da obrigação de
respeitar as leis, pagar impostos e observar as condições adequadas de segurança e
saúde para os trabalhadores, e faz isso por acreditar que assim será uma empresa
melhor e estará contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa. Com
esta performance, a empresa, além de agregar valor à sua imagem, conquistando, com

152
TÓPICO 3 | IMPACTO DAS DECISÕES EMPRESARIAIS NA SOCIEDADE E NO MEIO AMBIENTE

isso, uma maior fatia do mercado consumidor, também aumenta sua capacidade de
recrutar e manter em seus quadros os melhores profissionais.

No campo prático, a empresa demonstra sua responsabilidade social ao


comprometer-se com programas sociais voltados para o futuro da comunidade e
da sociedade. Outrossim, o investimento em processos produtivos compatíveis com
a preservação ambiental e a preocupação com o uso racional dos recursos naturais
também têm importante valor simbólico, por serem de interesse da empresa e da
coletividade.

No Brasil, o movimento de valorização da responsabilidade social


empresarial ganhou forte impulso na década de 90, através da ação de entidades não
governamentais, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas para a questão.
A partir de então, as empresas brasileiras têm buscado uma adequação à prática
vigente, sendo grande o número de empresas que, atualmente, procuram oferecer
empregos a deficientes físicos e outras atitudes responsáveis, já que estas empresas
visam obter certificados de padrões de qualidade e de adequação ambiental, as
chamadas certificações ISO e, mais recentemente, como forma de comprovar sua
observância quanto à responsabilidade social, as certificações sociais, tipo SA (Social
Accountability) 8000.

Apresentamos as características de uma empresa considerada socialmente


responsável. Faz-se mister agora uma análise mais detalhada acerca das políticas e
práticas a serem adotadas e respeitadas pelas empresas nos mais variados aspectos,
de modo que estas internalizem, efetivamente, os princípios da responsabilidade
social. E é justamente isso o que iremos agora examinar.

Valores e princípios éticos formam a base da cultura de uma empresa,


orientando sua conduta e fundamentando sua missão social. A noção de
responsabilidade social empresarial decorre da compreensão de que a ação das
empresas deve, necessariamente, procurar trazer benefícios para os parceiros e para o
meio ambiente, além de retorno para os investidores. A adoção de uma postura clara
e transparente no que diz respeito aos objetivos e compromissos éticos da empresa
fortalece a legitimidade social de suas atividades, refletindo-se positivamente no
conjunto de suas relações.

Com relação a este aspecto, podemos destacar as seguintes implicações:

a) Compromissos éticos – o código de ética ou de compromisso social é


um instrumento de realização da visão e da missão da empresa, orienta suas ações
e explicita sua postura social a todos com quem mantém relações. Dessa forma, o
comprometimento da alta gestão com sua disseminação e cumprimento são as bases
de sustentação da empresa socialmente responsável.

b) Atuação dos stakeholders – o envolvimento dos parceiros na definição


das estratégias de negócios da empresa gera compromisso mútuo com as metas
estabelecidas. Ele será tanto mais eficaz quanto sejam assegurados canais de
comunicação que viabilizem o diálogo estruturado.
153
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

c) Balanço social - o registro das ações voltadas para a responsabilidade social


permite avaliar seus resultados e direcionar os recursos para o futuro. O Balanço
Social da empresa deve explicitar as iniciativas de caráter social, resultados atingidos
e investimentos realizados, o que será abordado detalhadamente mais adiante.

A empresa socialmente responsável não se limita a respeitar os direitos


dos trabalhadores, consolidados na legislação trabalhista, ainda que isso seja um
pressuposto indispensável. Deve, também, ir além e investir no desenvolvimento
pessoal e profissional de seus empregados, bem como na melhoria das condições de
trabalho e no estreitamento dessas relações.

Ademais, deve estar atenta para o respeito às culturas locais, revelado por um
relacionamento ético e responsável com as minorias e instituições que representam
seus interesses.

Tal política interna pressupõe os seguintes princípios:

a) Participação nos lucros e resultados – o justo reconhecimento da


contribuição dos funcionários para os resultados da empresa é um poderoso
instrumento de envolvimento e compromisso com o sucesso dos negócios. Os
programas de participação acionária e de bonificação relacionada ao desempenho
são componentes importantes dos programas de gestão participativa, e como tais
incentivam o envolvimento dos empregados na solução dos problemas da empresa.
Esta prática também favorece o desenvolvimento pessoal e profissional dos mesmos.

b) Compromisso com o futuro das crianças – para ser reconhecida como


socialmente responsável, a empresa não deve utilizar-se, direta ou indiretamente, do
trabalho infantil (de menores de 14 anos), conforme determina a legislação brasileira.
Por outro lado, é positiva a iniciativa de empregar menores entre 14 e 16 anos como
aprendizes.

c) Valorização da diversidade – a empresa não deve permitir qualquer tipo


de discriminação em termos de recrutamento, acesso a treinamento, remuneração,
avaliação ou promoção de seus empregados. Devem ser oferecidas oportunidades
iguais a pessoas com diferenças relativas a sexo, raça, idade, origem, orientação
sexual, religião, deficiência física, condições de saúde, etc.

d) Comportamento frente a demissões – as demissões de pessoal não


devem ser utilizadas como primeiro recurso de redução de custos. Quando forem
inevitáveis, a empresa deve realizá-las com responsabilidade, estabelecendo critérios
para executá-las (empregados temporários, facilidade de recolocação, idade do
empregado, etc.) e assegurando os benefícios que estiverem a seu alcance.

e) Compromisso com o desenvolvimento profissional e a empregabilidade


– cabe à empresa comprometer-se com o investimento na capacitação e
desenvolvimento profissional de seus empregados, oferecendo apoio a projetos de
geração de empregos e fortalecimento da empregabilidade para a comunidade com
que se relaciona.
154
TÓPICO 3 | IMPACTO DAS DECISÕES EMPRESARIAIS NA SOCIEDADE E NO MEIO AMBIENTE

f) Preparação para aposentadoria – a empresa socialmente responsável tem


forte compromisso com o futuro de seus funcionários. Assim, deve criar mecanismos
de complementação previdenciária, visando reduzir o impacto da aposentadoria no
nível de renda, e estimular a participação dos aposentados em seus projetos sociais.

A empresa relaciona-se com o meio ambiente causando impactos de diferentes


tipos e intensidades. Dessa maneira, uma empresa ambientalmente responsável
procura minimizar os impactos negativos e ampliar os positivos. Deve, portanto,
agir visando a manutenção e melhoria das condições ambientais, minimizando
ações próprias potencialmente agressivas ao meio ambiente e disseminando em
outras empresas as práticas e conhecimentos adquiridos nesse sentido.

Entre os parâmetros a serem seguidos com relação a este aspecto, destaco:

a) Conhecimento sobre o impacto no meio ambiente – um critério


importante para uma empresa consciente de sua responsabilidade ambiental é um
relacionamento ético e dinâmico com os órgãos de fiscalização, com vistas à melhoria
do sistema de proteção ambiental, pois a conscientização ambiental é base para uma
atuação pró-ativa na defesa do meio ambiente. E, como tal, deve ser acompanhada
pela disseminação dos conhecimentos e intenções de proteção e prevenção ambiental
para toda a empresa, cadeia produtiva e comunidade.

b) Minimização de entradas e saídas do processo produtivo – uma das


formas de atuação ambientalmente responsável da empresa é o cuidado com as
entradas de seu processo produtivo, estando entre os principais parâmetros, comuns
a todas as empresas, a utilização racional de energia, água e insumos necessários à
produção e prestação de serviços.

c) Responsabilidade sobre o ciclo de vida dos produtos e serviços – dentre


as principais saídas do processo produtivo estão as mercadorias, suas embalagens e
os materiais não utilizados, convertidos em potenciais agentes poluidores do ar, da
água e do solo. Assim, são aspectos importantes na redução do impacto ambiental
o desenvolvimento e a utilização de insumos, produtos e embalagens recicláveis ou
biodegradáveis e a redução da poluição gerada.

d) Educação ambiental – cabe à empresa ambientalmente responsável


apoiar e desenvolver campanhas, projetos e programas educativos voltados aos
seus empregados, à comunidade e a públicos mais amplos e também envolver-se em
iniciativas de fortalecimento da educação ambiental no âmbito da sociedade como
um todo.

A empresa que tem compromisso com a responsabilidade social envolve-


se com seus fornecedores e parceiros, cumprindo os contratos estabelecidos e
trabalhando pelo aprimoramento de suas relações de parceria. Cabe à empresa
transmitir os valores de seu código de conduta a todos os participantes de sua cadeia
de fornecedores. Deve, também, conscientizar-se de seu papel no fortalecimento
dessa cadeia, atuando no desenvolvimento dos elos mais fracos e na valorização da
livre concorrência.
155
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Com relação a este aspecto, duas são as mais importantes implicações:

a) Critério de seleção de fornecedores – a empresa deve incentivar


seus fornecedores a aderir aos compromissos que ela adota perante a sociedade.
Também deve utilizar critérios voltados à responsabilidade social na escolha de seus
fornecedores, exigindo, por exemplo, certos padrões de conduta nas relações com os
trabalhadores ou com o meio ambiente.

b) Apoio ao desenvolvimento de fornecedores – a empresa pode auxiliar no


desenvolvimento de pequenas empresas ou cooperativas, priorizando-as na escolha
de seus fornecedores e ajudando-as a desenvolverem seus processos produtivos e
de gestão. Esta pode também oferecer treinamento aos fornecedores, transferindo a
estes conhecimentos técnicos, valores éticos e de responsabilidade social.

A responsabilidade social em relação aos clientes e consumidores exige da


empresa um investimento permanente no desenvolvimento de produtos e serviços
confiáveis, que minimizem os riscos de danos à saúde dos usuários e das pessoas em
geral. Dessa forma, informações detalhadas devem estar incluídas nas embalagens
e deve ser assegurado ao cliente um suporte antes, durante e após o consumo, de
modo a satisfazer suas necessidades.

Disso derivam as seguintes práticas:

a) Política de marketing e comunicação – a empresa é um produtor de cultura


e influencia o comportamento da sociedade. Por isso, suas campanhas publicitárias
devem ter uma dimensão educativa, evitando a criação de expectativas que
extrapolem o que é efetivamente oferecido pelo produto ou serviço, não devendo,
de forma alguma, constranger nem causar desconforto a quem recebê-las, e também
informando os riscos potenciais dos produtos ou serviços oferecidos.

A comunidade em que a empresa está inserida fornece-lhe infraestrutura


e capital social, contribuindo, decisivamente, para a viabilização de seus negócios.
Dessa forma, o investimento por parte da empresa em ações que tragam benefícios
para a comunidade é uma contrapartida justa, além de reverter em ganhos para o
ambiente interno e na percepção que os clientes possuem da própria empresa. Também
o respeito aos costumes e cultura locais e o empenho na educação e na disseminação
dos valores sociais devem fazer parte de uma política de envolvimento comunitário
da empresa, resultado da compreensão de seu papel de agente de melhorias sociais.
Segundo esta ideia, as políticas de responsabilidade social imprescindíveis seriam:

a) Mecanismos de apoio a projetos sociais – a destinação de verbas e


recursos a projetos sociais terá resultados mais efetivos na medida em que esteja
baseada numa política estruturada da empresa. Um aspecto relevante é a garantia
de continuidade das ações, que pode ser reforçada pela criação de um instituto,
fundação ou fundo social.

156
TÓPICO 3 | IMPACTO DAS DECISÕES EMPRESARIAIS NA SOCIEDADE E NO MEIO AMBIENTE

b) Estratégias de atuação na área social – a atuação social da empresa pode


ser potencializada pela adoção de estratégias que valorizem a qualidade dos projetos
sociais beneficiados, a multiplicação de experiências bem-sucedidas, a criação de
redes de atendimento e o fortalecimento das políticas públicas da área social.

c) Reconhecimento e apoio ao trabalho voluntário dos empregados – o


trabalho voluntário tem sido considerado um fator de motivação e satisfação das
pessoas em seu ambiente profissional. Assim, a empresa pode incentivar essa
atividade, liberando seus funcionários em parte do horário de expediente para estes
ajudarem organizações da comunidade ou incentivando aqueles que participam de
projetos de caráter social.

A empresa deve relacionar-se de forma ética e responsável com os poderes


públicos, cumprindo leis e mantendo interações dinâmicas com seus representantes,
visando a constante melhoria das condições sociais e políticas do país. Tal
comportamento ético pressupõe que as relações entre a empresa e os governos
sejam transparentes à sociedade, acionistas, empregados, clientes, fornecedores e
distribuidores. Com isso, cabe à empresa responsável manter uma atuação política
coerente com seus princípios éticos e que evidencie seu alinhamento com os
interesses da sociedade.

Para tanto, a empresa socialmente responsável deve observar os seguintes


aspectos:

a) Práticas anticorrupção e propina – o compromisso formal com o combate


à corrupção e propina explicita a posição contrária da empresa ao recebimento e
oferta, aos parceiros comerciais ou a representantes do governo, de qualquer quantia
em dinheiro ou coisa de valor, além do determinado por contrato.

b) Contribuição a campanhas políticas – a transparência nos critérios e nas


doações a candidatos ou partidos políticos é um importante fator de preservação
do caráter ético da empresa. A empresa pode ser, também, um espaço de
desenvolvimento da cidadania, viabilizando a realização de debates democráticos
que atendam aos interesses de seus funcionários.

c) Liderança social – cabe à empresa socialmente responsável buscar


participar de associações, sindicatos e fóruns empresariais, impulsionando a
elaboração conjunta de propostas de interesse público e caráter social.

O Balanço Social é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa


,reunindo um conjunto de informação sobre os projetos, benefícios e ações sociais
dirigidos aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à
comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar e multiplicar o
exercício da responsabilidade social corporativa.

157
UNIDADE 2 | ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Tudo começou em 1993. O sociólogo Herbert de Souza, mais conhecido


como Betinho, lançou um desafio que envolveu a sociedade. Através da ONG que
fundou, o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), cobrou das
empresas uma comunicação mais transparente a governos e grupos de interesse
sobre a maneira pela qual encaram sua responsabilidade pública.
No Balanço Social a empresa mostra o que faz por seus profissionais,
dependentes, colaboradores e comunidade, dando transparência às atividades que
busquem melhorar a qualidade de vida para todos. Assim, a principal função do
Balanço Social é tornar pública a responsabilidade social empresarial, construindo
maiores vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente.
Podemos enumerar várias razões que justifiquem a necessidade da existência
de um Balanço Social por parte das empresas. Em primeiro lugar, o Balanço Social
agrega valor à empresa, na medida em que traz um diferencial para a imagem da
empresa, diferencial este que vem sendo cada vez mais valorizado por investidores
e consumidores no Brasil e no mundo.

Segundo, por ser um moderno instrumento de gestão e avaliação, dado que


funciona como uma valiosa ferramenta para a empresa gerir, medir e divulgar o
exercício da responsabilidade social em seus empreendimentos e também pelo fato
de muitos analistas de mercado, investidores e órgãos de financiamento incluírem o
Balanço Social na lista de documentos necessários para se conhecer e avaliar os riscos
e projeções de uma empresa. Por último, por ser algo inovador e transformador,
ou seja, realizar e publicar o Balanço Social anualmente é mudar a visão antiga,
indiferente à satisfação e ao bem-estar dos funcionários e clientes, para uma moderna
visão em que os objetivos da empresa incorporem as práticas de responsabilidade
social e ambiental.

Além do mais, o Balanço Social também favorece, da seguinte forma, a todos


os grupos que interagem com a empresa: aos dirigentes fornece informações úteis
à tomada de decisões relativas aos programas sociais que a empresa desenvolve e
seu processo de realização estimula a participação dos funcionários na escolha das
ações e projetos sociais, gerando um grau mais elevado de comunicação interna
e integração nas relações entre dirigentes e o corpo funcional; aos fornecedores e
investidores informa como a empresa encara suas responsabilidades em relação
aos recursos humanos e ao meio ambiente, o que é um bom indicador de como a
empresa é administrada; aos consumidores dá uma ideia de qual é a postura dos
dirigentes e a qualidade do produto ou serviço oferecido, demonstrando o caminho
que a empresa escolheu para construir sua marca; e, finalmente, ao Estado ajuda na
identificação e na formulação de políticas públicas essenciais à sociedade.

Como nem sempre correlacionar fatores financeiros com fatos sociais é uma
tarefa de fácil execução, torna-se necessária a adoção de um modelo único e simples
a ser utilizado na elaboração do Balanço Social de uma determinada empresa. Dessa
forma, por entender que a simplicidade é a garantia do envolvimento do maior
número de empresas, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE),
em parceria com diversos representantes de empresas públicas e privadas, a partir
de inúmeras reuniões e debates com vários setores da sociedade, desenvolveu um

158
TÓPICO 3 | IMPACTO DAS DECISÕES EMPRESARIAIS NA SOCIEDADE E NO MEIO AMBIENTE

modelo que tem a vantagem de estimular todas as empresas a divulgar seu Balanço
Social, independentemente do tamanho ou setor de atuação das mesmas. Isso se
tornou necessário, na medida em que, se a forma de apresentação das informações
não seguir um padrão, torna-se difícil uma avaliação adequada da função social da
empresa ao longo dos anos.
FONTE: Adaptado de: SANTOS, Mário Augusto dos. A responsabilidade social das empresas. In:
Empresas, meio ambiente e responsabilidade social – um olhar sobre o Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro, 2003. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia) - Instituto de Economia, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 2003, p. 10-20.

159
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você teve oportunidade de estudar
itens importantes acerca da administração ambiental, tais como:

• Abordamos as interações das empresas com a sociedade, seus impactos


econômicos, sociais e ambientais.

• As obrigações morais que as empresas possuem com a comunidade e a


importância de uma postura ética e responsável perante a sociedade.

160
AUTOATIVIDADE

Assista ao filme Roger & Eu, de Michael Moore – 1989.

Esse foi o primeiro filme de Michael Moore, através do qual ele tentou,
incansavelmente, o que todo trabalhador sempre sonhou fazer: falar com
quem manda.

A cidade de Flint, no estado de Michigan, EUA, sempre girou em


torno do parque industrial da General Motors, lá instalado. Por isso, a decisão
da empresa de remover a fábrica de lá, em meados da década de 80, trouxe
desemprego e pobreza à região.

Esse filme narra a jornada de Moore, cidadão de Flint, para encontrar o


presidente da GM, Roger Smith, e convencê-lo a visitar a cidade.

Faça uma análise e elabore um resumo do filme.

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162
UNIDADE 3

GERENCIAMENTO
AMBIENTAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você estará apto(a) a:

• descrever o processo de gerenciamento ambiental de uma empresa;

• traçar estratégias e diretrizes que permitam que uma empresa possa im-
plementar um processo de gerenciamento ambiental;

• apresentar modelos de gerenciamento ambiental, responsabilidade so-


cial, sistemas de gestão de energia e sistemas de gestão de riscos;

• descrever estratégias para a organização de um sistema de Administração


Ambiental.

• demonstrar a integração de sistemas de gestão.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um deles,
você encontrará atividades que o(a) auxiliarão no aprimoramento dos co-
nhecimentos.

TÓPICO 1 – O PROCESSO DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL

TÓPICO 2 – GERENCIAMENTO DE CRISES AMBIENTAIS

TÓPICO 3 – MODELOS DE GESTÃO

TÓPICO 4 – INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO

163
164
UNIDADE 3
TÓPICO 1

O PROCESSO DE
GERENCIAMENTO AMBIENTAL

1 INTRODUÇÃO
Tudo o que o homem realiza no mundo tem que levar em consideração
compromissos com o meio ambiente. Atualmente, as grandes empresas procuram
zelar pelo seu bom nome, adotando, como princípio inabalável, o compromisso
total com a questão ambiental. A regra é praticamente geral. Tornou-se quase uma
imposição - buscar a excelência no trato da questão ambiental, pois disso, também,
dependerá sua sobrevivência no mercado.

Já no Brasil, a regra ainda não vale tanto, visto que muitos ainda não
alcançaram a percepção da necessidade de cuidar do meio ambiente, principalmente
devido aos custos inerentes e também porque a consciência ecológica ainda não é
tão difundida.

Vez por outra, iniciativas interessantes à preservação são adotadas, mas,


estranhamente, da mesma maneira com que aparecem, somem repentinamente
de cena, evidenciando que surgiram no meio do caminho novas prioridades, ou
mesmo, que a espontaneidade da iniciativa não era tão sincera ou que simplesmente
visava o cumprimento de uma cobrança de um órgão fiscalizador.

Evidente é que isso não ocorreria se houvesse um absoluto envolvimento


na empresa, da sua direção e de seus empregados, concordando todos com as leis
e regulamentos e evitando posturas defensivas que só conduzem às discussões
desgastantes e inócuas.

As atividades produtivas deveriam, entre outros aspectos, ser baseadas


em posturas pró-ativas, visando à preservação ambiental, buscando-se todos os
meios possíveis para não esconder a verdade dos fatos e atacando-se realmente, de
frente, os problemas, à medida que forem surgindo.

Então, ao entrarmos na última unidade deste caderno, abordaremos


justamente os princípios de gerenciamento ambiental que devemos implantar em
uma empresa para reverter o quadro anteriormente citado. Um bom estudo!

165
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

2 DIRETRIZES EM GERENCIAMENTO AMBIENTAL


Todo gerenciamento ambiental deve buscar, no mínimo, o controle de
aspectos e impactos ambientais, visando à prevenção da poluição, ao atendimento
da legislação e à melhoria contínua de seus processos, tornando-os mais
sustentáveis. Dessa forma, as diretrizes de um gerenciamento ambiental começam
com a definição de políticas ambientais para alcançar esses objetivos básicos. Mas
o que é uma política ambiental?

A ABNT – NBR ISO 14001 – (2004, p. 3) define Política Ambiental como “[...]
intenções e princípios gerais de uma organização em relação ao seu desempenho
ambiental, conforme formalmente expresso pela alta administração”.

ATENCAO

Na Unidade 3, vamos ver o que diz a ABNT - NBR ISO 14001 - sobre a política
ambiental.

Importante ressaltar que, mesmo aquelas empresas que não adotam


a NBR ISO 14001:2004 como norma para gestão ambiental e utilizam outras
formas de gerenciamento ambiental, suas políticas acabam sendo definidas pela
alta administração, tendo intenções e princípios adequados aos seus produtos
e serviços, inclusive o comprometimento com a prevenção, atendimento aos
requisitos legais. Geralmente documentam suas políticas e as comunicam a todos,
deixando-as à disposição do público.

O gerenciamento ambiental deve buscar implantar, entre outros princípios:

• educar, treinar e motivar os empregados, tendo como alvo a melhoria contínua


da performance ambiental;

• continuamente, conduzir pesquisas em todas as fases da produção, a fim de


minimizar os impactos ambientais;

• desenvolver planos de emergência para situações de risco ambiental, treinar e


reciclar todo o pessoal envolvido, inclusive o público vizinho;

• promover continuamente o diálogo com os empregados e o público próximo e


longínquo;

166
TÓPICO 1 | O PROCESSO DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL

• promover auditorias internas e avaliações regulares, através de auditorias


externas e monitoramentos, não fazendo mistério acerca dos resultados.

NOTA

Este conteúdo está disponível em: <http://www.ambientalms.com.br/


download/O_GERENCIAMENTO_AMBIENTAL.pdf>. Acesso em: 4 fev. 2013.

ATENCAO

Especial importância nos estudos deveria ser dada aos princípios de implantação
do gerenciamento ambiental.

Os critérios devem, sempre que possível, utilizar como referência programas


de sucesso nacional e internacional bem-sucedidos, mas adaptando-se à realidade
da organização em questão.

Pelo exposto, isso não é tão complicado. A questão é só começar, mesmo


que passo a passo.

3 ATENDIMENTO LEGAL
Todo sistema de gerenciamento ambiental tem como uma de suas
premissas básicas o cumprimento da legislação ambiental, recomendando, então,
que a organização seja capaz de demonstrar que ela tenha avaliado o atendimento
aos requisitos legais identificados, incluindo autorizações ou licenças aplicáveis.
Para isso, a organização necessita identificar os requisitos legais que são aplicáveis
aos seus aspectos ambientais.

Estes podem incluir:

• requisitos legais nacionais e internacionais;

• requisitos legais estaduais/municipais/departamentais;

• requisitos legais do governo local.

167
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Exemplos de outros requisitos que uma organização pode subscrever incluem, se


aplicável:

• acordos com autoridades públicas;

• acordos com clientes;

• diretrizes de natureza não regulamentar;

• princípios voluntários ou códigos de prática;

• etiquetagem ambiental voluntária ou compromissos de administração do


produto;

• requisitos de associações de classe;

• acordos com grupos comunitários ou organizações não governamentais;

• compromissos públicos da organização ou de sua matriz;

• requisitos corporativos/da empresa.

A determinação de como os requisitos legais e outros se aplicam aos


aspectos ambientais de uma organização é usualmente realizada no processo de
identificação desses mesmos requisitos. Portanto, não se faz necessário ter um
procedimento em separado ou adicional para fazer esta determinação.

E
IMPORTANT

Atenção aos requisitos legais! Pesquise a definição de aspecto ambiental e impacto


ambiental, pois isso será importante para o entendimento desse item.

4 ESTRATÉGIAS

A estratégia ambiental moderna pressupõe a adoção da Produção


Limpa e da Ecoinovação, que são as bases do Gerenciamento Ambiental de Alto
Desempenho.

168
TÓPICO 1 | O PROCESSO DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Nessa estratégia, a melhor alternativa econômica é a eliminação e não o


gerenciamento dos impactos ambientais. A Produção Limpa propõe um modelo
sustentável do ponto de vista econômico, ambiental e social.

Um dos princípios fundamentais da Produção Limpa é a prevenção da


poluição (é melhor prevenir do que remediar os resíduos). Vejamos a definição
de prevenção de poluição pela ISO 14001 e da EPA (agência ambiental norte-
americana).

A ABNT – NBR ISO 14001 (2004, p. 4) – define prevenção da poluição como:

[...] uso de processos, práticas, técnicas, materiais, produtos, serviços


ou energia para evitar, reduzir ou controlar (de forma separada ou
combinada) a geração, emissão ou descarga de qualquer tipo de
poluente ou rejeito, para reduzir os impactos ambientais adversos. [...]
A prevenção da poluição pode incluir redução ou eliminação de fontes
de poluição, alterações de processo, produto ou serviço, uso eficiente de
recursos, materiais e substituição de energia, reutilização, recuperação,
reciclagem, regeneração e tratamento.

Para a EPA, prevenção de poluição é o “uso de materiais, processos ou


práticas que reduzam ou eliminem a geração de poluentes ou resíduos na fonte”.

Essa diferença conceitual, que, à primeira vista, parece insignificante,


pode causar um impacto significativo nos resultados da organização. Ao incluir a
reciclagem e o tratamento de resíduos como prevenção de poluição, a ISO 14001
ressalta que “podem incluir”. Essa simples colocação “podem” não traz consigo a
obrigatoriedade. Se eu posso decidir incluí-la, eu também posso decidir não incluí-
la. Então, as empresas estão sendo levadas a não compreenderem corretamente
a Produção Limpa e, consequentemente, a não melhorarem seu desempenho
ambiental.

Portanto, é fundamental que uma mudança cultural preceda o processo


de implantação do SGA. As empresas precisam adotar a Produção Limpa e a
Ecoinovação antes de partirem para a certificação pela ISO 14001; ou, então,
aquelas já certificadas precisam adaptar seus SGAs à moderna estratégia
ambiental. Caso contrário, o desempenho ambiental poderá até aumentar, mas a
um ritmo insuficiente para acompanhar as crescentes exigências da sociedade e
do mercado. Dentro desse contexto, o corpo gerencial precisa ser formado nessa
nova cultura ambiental e, principalmente, precisa acreditar que o caminho para o
desenvolvimento sustentável é a eliminação e não o gerenciamento dos impactos
ambientais da atividade.

169
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

ATENCAO

Segundo a ABNT – NBR ISO 14001 (2004, p. 2) –, sistema de gestão ambiental é a


parte de um sistema da gestão de uma organização utilizada para desenvolver e
implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais.
NOTA 1 - Um sistema da gestão é um conjunto de elementos inter-relacionados utilizados
para estabelecer a política e os objetivos para atingir esses objetivos.
NOTA 2 - Um sistema da gestão inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento,
responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos.

5 ISO 14001 E GERENCIAMENTO AMBIENTAL

A ABNT NBR ISO 14001:2004 veio a contribuir para com as empresas


no gerenciamento ambiental de suas respectivas atividades. Trata-se de um
instrumento de gestão, capaz de direcionar os administradores na busca de um
gerenciamento eficiente, que atenda as expectativas da empresa e as torne mais
sustentáveis. Dessa forma, podemos afirmar que um SGA, com base na norma
NBR ISO 14001, é uma forma de gerenciar os aspectos ambientais das atividades.

A ISO 14001, que é a norma referente à implantação de um SGA, é a


única norma certificável da série. Ela organizou, padronizou e sistematizou o
gerenciamento ambiental nas empresas, trazendo vários resultados positivos,
entre eles:

• Trouxe a questão ambiental para a agenda da alta administração das empresas.

• Levou o tema meio ambiente aos funcionários de todos os níveis.

• Investiu nos processos com vistas à melhoria contínua.

• Provocou um efeito cascata na cadeia produtiva, com fornecedores de empresas


certificadas, sendo obrigados, por força do mercado, a também implantarem o
SGA.

Entretanto, com a valorização das questões econômicas, sociais e


ambientais pela sociedade e pelo mercado, passou a ser decisivo para as empresas o
desempenho ambiental e não somente a certificação. Está, assim, demonstrado que
há uma grande distância entre a certificação pela ISO 14001 e um alto desempenho
ambiental.

O gerenciamento ambiental proposto na ISO 14001 não se baseia em


uma estratégia ambiental moderna, o que pode levar as empresas a um baixo

170
TÓPICO 1 | O PROCESSO DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL

desempenho ambiental e a prejuízos na imagem institucional. O modelo proposto


pela ISO 14001 tem como foco principal:

• Atendimento à legislação.

• Gerenciamento dos resíduos gerados.

• Administração dos impactos ambientais da atividade.

Um sistema de SGA, nos dias atuais, tem que levar em consideração muito
mais itens do que somente uma certificação ambiental. Então, a certificação pela
ISO 14001 é algo ruim? Não, de maneira alguma. Mas, ela é apenas um dos itens
que constitui um modelo mais abrangente e completo para tornar os resultados
ambientais da organização expressivos, fortalecendo a imagem da organização,
demonstrando sua consciência nas questões ambientais e do desenvolvimento
sustentável.

Ao insistirem no modelo de gerenciamento ambiental atual, as empresas


serão duplamente prejudicadas. Não alcançarão o grau de desempenho ambiental
exigido, o que acarretará custos ambientais cada vez maiores (com tratamento e
disposição de resíduos, riscos ambientais etc.).

NOTA

Este conteúdo está baseado no artigo de Roberto Roche (consultor ambiental),


disponível em: <http://www.intelog.net/site/default asp?TroncoID=907492&SecaoID=508074&
SubsecaoID=627271&Template=../artigosnoticias/user_exibir.asp&ID=811838&Titulo=ISO%20
14000%20%20n%E3o%20%E9%20o%20suficiente%20%2C%20%20e%20o%20%20
Desempenho%20Ambiental%20%20da%20empresa%20%3F>. Acesso em: 4 fev. 2013.

DICAS

Como sugestão, leia o artigo a seguir sobre uma análise crítica dos SGAs. Acesse-o
através do site:
<HTTP://WWW.ABEPRO.ORG.BR/BIBLIOTECA/ENEGEP2007_TR680488_0461.PDF>.

171
RESUMO DO TÓPICO 1

Nesse tópico foram abordados os seguintes temas:

• As diretrizes em gerenciamento ambiental, ou seja, os principais objetivos que


devermos abordar num SGA.

• A legislação legal que a empresa deverá cumprir, pois o sistema de gestão


tem como premissa básica atender toda legislação ambiental, direta e indireta,
relacionada à atividade industrial em questão.

• As estratégias que a administração deverá traçar para implantar, manter e


aperfeiçoar o sistema.

• A Política Ambiental, que é a declaração que a empresa realiza, expondo seu


compromisso com o público interno e externo, referente às questões ambientais.

• A relação entre a ISO 14001 e gerenciamento ambiental.

• A norma ISO 14001 é um guia de implantação, contendo os critérios básicos


e genéricos para elaboração de um SGA. Ela constitui o esqueleto do sistema,
enquanto o SGA é mais amplo, sendo elaborado conforme a realidade de cada
empresa, não deixando de cumprir os requisitos obrigatórios da legislação
ambiental e da norma.

172
AUTOATIVIDADE

Realize pesquisa sobre alguns cases de sucesso de SGAs, a exemplo das


seguintes empresas: Petrobras, Vale do Rio Doce, CSN, Boticário, Phillips.
Identifique os pontos fortes e as oportunidades de melhoria.

173
174
UNIDADE 3
TÓPICO 2

GERENCIAMENTO DE CRISES
AMBIENTAIS

1 INTRODUÇÃO
Após implantarmos o SGA, tudo será como o eterno “felizes para sempre”,
muito rotulado no cinema, certo? A implantação da gestão ambiental será a solução
para todos os males ambientais de uma organização, OK?

Ledo engano, caro(a) acadêmico(a). Na maioria das vezes, após a


implantação de um SGA, teremos um período muito conturbado, porque,
anteriormente, não importava para a empresa qualquer cumprimento às normas
e leis ambientais.

Porém, após a implantação, será obrigação da empresa cumprir com o que


foi estabelecido. Por quê?

Primeiramente, ninguém obrigou a empresa a implantar um SGA.


Logicamente, houve pressões da comunidade, clientes, fornecedores e órgãos
ambientais, mas, no fundo, o item de maior peso e significância foi a vontade da
organização em mudar de atitude, assumindo uma nova postura ambientalmente
correta. Portanto, se ela assumiu esse papel perante o público interno e externo, o
que significará um descaso para com o sistema?

ATENCAO

Relembre o Tópico 2, as definições de ética e responsabilidade social, o que vocês


concluiriam dessa empresa.

Segundo, mesmo sem um SGA, a empresa já estava sujeita a uma série de


obrigações legais, que deveriam ser cumpridas, mesmo após esse novo sistema.

Então, nesse tópico veremos exatamente o que faremos quando nosso


“conto de fadas ambiental” parece estar se transformando num “castelo de areia”.

175
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

2 O QUE FAZER QUANDO TUDO DÁ ERRADO?


Mesmo após a implantação do SGA, podem existir situações não previstas
ou fatalidades.

NOTA

Lembre-se da plataforma P-36, que naufragou em 2001. Ela possuía os mais


avançados sistemas de monitoramento de que a tecnologia poderia dispor. Na teoria, jamais
deveria afundar, porém...

Então, o SGA não consegue prever possíveis acidentes, porém, devemos


ter procedimentos para quando esses acidentes ocorrerem ou possuir um plano
pronto para saná-los.

A ABNT – NBR ISO 14001 (2004, p. 8) –, sobre preparação e resposta a


emergências, define:

A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimento(s)


para identificar potenciais situações de emergência e potenciais
acidentes que possam ter impacto(s) sobre o meio ambiente, e como a
organização responderá aos mesmos.
A organização deve responder às situações reais de emergência e
aos acidentes e prevenir ou mitigar os impactos ambientais adversos
associados.
A organização deve periodicamente analisar criticamente e, quando
necessário, revisar seus procedimentos de prontidão e atendimento à
emergência, em particular, após a ocorrência de acidentes ou situações
emergenciais.
A organização deve também periodicamente testar tais procedimentos,
quando exequíveis.

Vimos que a norma define que a organização tenha procedimentos para


combater uma possível falha que ocasione um acidente, e esses procedimentos
devem atender os cenários emergenciais específicos de cada empresa. Portanto,
cada empresa deve avaliar seus riscos e definir o plano de emergência com base
em seus aspectos ambientais emergenciais.

A empresa deve estar preparada quando algo foge do controle e possuir um


plano de emergência ou contingências, bem elaborado, com recursos disponíveis
para o combate nas emergências, com pessoas treinadas. Isto certamente ajudará a
mitigar as consequências em caso de um acidente.

176
TÓPICO 2 | GERENCIAMENTO DE CRISES AMBIENTAIS

NOTA

A NORMA BRASILEIRA ABNT NBR 15219:2005 “[...] estabelece os requisitos


mínimos para a elaboração, implantação, manutenção e revisão de um plano de emergência
contra incêndio, visando proteger a vida e o patrimônio, bem como reduzir as consequências
sociais do sinistro e os danos ao meio ambiente”. Essa norma é muito utilizada como base para
elaboração de planos de emergência em muitas empresas.

3 PLANOS DE EMERGÊNCIA OU CONTINGÊNCIAS


Toda empresa possui potencial para gerar uma ocorrência anormal, ou seja,
ela está sujeita a riscos e acidentes, cujas consequências possam provocar sérios
danos às pessoas, ao meio ambiente e a bens patrimoniais, inclusive de terceiros.
É importante que haja, como atitude preventiva, um Plano de Contingência (ou
Emergência).

Analisando os riscos e acidentes, podemos entender que o perigo existe


independente da vontade dos seres humanos, sendo inerente às instalações e
natureza.

Os planos de contingência e emergência têm por objetivo, primeiramente,


a precaução e, em seguida, medidas para minimizar a ocorrência de acidentes com
danos ao meio ambiente.

E
IMPORTANT

Definições:
Risco é o potencial de ocorrência de consequências indesejáveis, decorrentes da realização
de uma atividade.
Perigo é a propriedade ou condição inerente a uma substância ou atividade capaz de causar
dano às pessoas, às propriedades ou ao meio ambiente.
FONTE: MOURA, Luiz Antônio Abdalla de. Qualidade e gestão ambiental. Belo Horizonte:
Livraria Del Rey, 2004.

177
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

3.1 PLANO DE CONTINGÊNCIAS


O Plano de Contingência é um documento em que estão definidas as
responsabilidades. É estabelecida uma organização para atender a uma emergência
e que contém informações detalhadas sobre as características da área envolvida.

É um documento desenvolvido com o intuito de treinar, organizar, orientar,


facilitar, agilizar e uniformizar as ações necessárias às respostas de controle e
combate às ocorrências anormais.

A Equipe de Contingências deve possuir um corpo técnico altamente


qualificado para desenvolver, auditar e estar preparada para atender às
necessidades e condições da empresa.

As ações para controle de emergência devem ser, prioritariamente, no


sentido de preservar a vida e a integridade das pessoas, inclusive dos participantes
do Plano de Contingência.

Veja, a seguir, artigo da Redação Ambiente Brasil sobre o tema tratado.

PLANO DE CONTINGÊNCIA LOCAL - PCL

O Plano de Contingência é um documento onde estão definidas as


responsabilidades, estabelecidas numa organização, para atender a uma
emergência e contém informações detalhadas sobre as características da
área envolvida.

Toda empresa com potencial de gerar uma ocorrência anormal, cujas


consequências possam provocar sérios danos a pessoas, ao meio ambiente e a
bens patrimoniais, inclusive de terceiros, devem ter, como atitude preventiva,
um Plano de Contingência (ou Emergência).

O Plano de Contingência é um documento onde estão definidas as


responsabilidades, estabelecidas numa organização, para atender a uma
emergência e contém informações detalhadas sobre as características da
área envolvida. É um documento desenvolvido com o intuito de treinar,
organizar, orientar, facilitar, agilizar e uniformizar as ações necessárias às
respostas de controle e combate às ocorrências anormais.

A Equipe de Contingências (Organização de Combate à Emergência –


OCE) deve possuir um corpo técnico altamente qualificado para desenvolver
e auditar o Plano de Contingência e sempre de forma a atender as necessidades
e condições da empresa.

178
TÓPICO 2 | GERENCIAMENTO DE CRISES AMBIENTAIS

As ações para controle de emergência devem ser, prioritariamente,


no sentido de preservar a vida e a integridade das pessoas, inclusive a dos
participantes do Plano de Contingência.
Toda informação sobre anomalias externas com o potencial para se
transformar em emergências, e que tiver relacionada com as atividades do
local a que o PC se refere, deverá ser prontamente verificada.

As ações de combate e controle às emergências terão prioridade sobre


as demais atividades do local referente ao PC e serão exercidas em tempo
integral com dedicação exclusiva enquanto durar a situação.

Qualquer acidente que possa vir a apresentar um risco ao meio


ambiente deve ser prontamente comunicado à Autoridade Legal.

O Plano de Contingência Local - PCL - deve contemplar, no mínimo,


os seguintes requisitos:

• Campo de aplicação

• Atividades do local de implantação/aplicação

• Abrangência do plano e caracterização das instalações do local

• Hipóteses acidentais

• Dimensionamento dos recursos

• Áreas vulneráveis

• Organização para controle de emergências

FONTE: Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/seguranca_meio_ambiente_


saude/gestao_integrada/plano_de_contingencia_local_-_pcl.html>. Acesso em: 7 fev. 2013.

3.2 GERENCIAMENTO DO PLANO


Considerando as constantes mudanças nas empresas, seja na estrutura
física (incluindo troca de insumos, matérias-primas) ou na mudança de pessoas, o
gerenciamento do plano é de relevante importância para atualização e manutenção
do plano. Ocorre que os procedimentos, recursos humanos, equipamentos são
definidos com base em uma avaliação inicial de riscos e, caso aconteça alguma
mudança que altere as condições iniciais, há necessidade de atualizar o plano. Veja
por que o plano deve ser gerenciado:

179
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

• Todo plano de emergência define responsabilidades, cabe ao gerenciador do


plano, quando há mudança de pessoas que fazem parte do plano, atualizá-
lo, incluindo essas mudanças. Exemplo: imagine uma pessoa que tinha como
responsabilidade no plano de emergência ajudar as pessoas na evacuação de
área, mas que, no momento da emergência, não é mais funcionária da empresa.
Se ela não foi substituída por outra no plano, é claro que a probabilidade de
ocorrer problemas na retirada das pessoas do local sinistrado é grande.

• Pessoas novas contratadas que estão chegando à empresa precisam conhecer o


plano e ser capacitadas para atuar no plano, de acordo com as responsabilidades
assumidas no plano. Exemplo: podemos utilizar a mesma situação anterior e
imaginar a atuação de uma pessoa não capacitada em uma situação real de
emergência, tendo que auxiliar as pessoas na fuga, sem a competência necessária.

• Quando muda o layout em algum setor da empresa, alterando condições de


riscos existentes, há necessidade de atualização do plano. Exemplo: podemos
imaginar uma mudança que alterou a rota de fuga, mas o plano não foi
atualizado e as pessoas não foram treinadas, com certeza vai dificultar a saída
das pessoas do local sinistrado.

• Muitas vezes as empresas mudam a matéria-prima e insumos em seus processos,


ocorrendo mudança de riscos com novos produtos químicos, matérias-primas
e outros insumos. Exemplo: vamos imaginar um produto químico novo que
a empresa adquiriu e que apresenta riscos não identificados na avaliação
inicial de riscos, e ocorra um acidente com esse produto, atingindo pessoas,
contaminando a água e solo. Como será o combate a esse tipo de cenário, sendo
que não foram definidos procedimentos de emergência e nem disponibilizados
recursos para combater esse acidente?

Essas são algumas situações que justificam o gerenciamento de um plano,


mas existem outras como: mudança na legislação que trata de plano de emergência,
após uma emergência ou simulação, em que alguma coisa não funcionou como
deveria.

Dessa forma, consideramos o gerenciamento do plano parte fundamental


em todo esse processo de elaboração e manutenção do plano de emergência ou
contingência.

180
TÓPICO 2 | GERENCIAMENTO DE CRISES AMBIENTAIS

ATENCAO

Caro(a) acadêmico(a), lembra-se do PDCA estudado na Unidade 1? Você pode


utilizar essa ferramenta como auxílio no gerenciamento do plano. Você planeja o plano
(planejar), executa o plano (executar), acompanha o andamento do plano checando a
execução (checar) e pode corrigir o plano se algo der errado (corrigir/melhorar). Pode ainda
utilizar, para fins de elaboração e gerenciamento de um plano de emergência, a norma ABNT
NBR ISO 14004 (2005), que trata de ajuda prática sobre preparação e resposta a emergências.

E
IMPORTANT

Caro(a) acadêmico(a), a NBR 14004:2005 foi cancelada e substituída pela versão


corrigida NBR 14004:2007. Importante fazer uma consulta e verificar as mudanças ocorridas
na versão 2007.

4 INVESTIGAÇÃO DE CAUSAS E EFEITOS


Como parte complementar, mas não menos importante, após um acidente
deve-se realizar uma investigação das causas e efeitos, para evitar que o mesmo
torne a ocorrer. Então, a empresa deve estabelecer, implementar e manter um
procedimento para tratar os pontos identificados na investigação, reais ou
potenciais, executando ações corretivas e preventivas. Tal procedimento deve
definir requisitos para:

• identificar e corrigir a causa do acidente, executando ações para reduzir seus


impactos ambientais;

• determinar ações para evitar sua repetição;

• avaliar se ações tomadas foram apropriadas para evitar a ocorrência;

• registrar os resultados das ações corretivas e preventivas executadas.

Durante essa investigação, é importante levar em consideração que ações


executadas devem ser adequadas à magnitude dos problemas e ao impacto
ambiental encontrado.

181
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Finalizando a investigação, a organização busca assegurar que seja feita


uma reavaliação do procedimento do Plano de Contigência, caso necessário,
também, entre outros documentos do SGA.

5 COMUNICAÇÃO COM A COMUNIDADE, MÍDIA


E ÓRGÃOS DE FISCALIZAÇÃO
Vivemos na era da comunicação. O mundo tornou-se pequeno.
Instantaneamente, podemos nos conectar com pessoas do outro lado do planeta,
por internet, e-mail, telefone, celulares e outros meios. Como citado na Unidade
I, Tópico 3, a comunicação para uma empresa que adota um SGA é a primeira
urgência.

Tanto internamente como externamente, a empresa tem que assegurar


métodos de comunicação eficazes e transparentes, podem ser reuniões regulares
de grupos de trabalho, boletins informativos, quadro de avisos e intranet.

Essa comunicação não é uma única via, mas uma via de mão dupla, ou
seja, da organização para colaboradores e parceiros, bem como um canal de
abertura dos colaboradores/parceiros para a organização. Para isso, recomenda-se
que as organizações implementem um procedimento para receber, documentar e
responder essas comunicações das partes interessadas.

E
IMPORTANT

Parte interessada é toda pessoa ou empresa que tenha algum contato com a
organização em questão, incluindo colaboradores, terceiros, fornecedores, clientes, vizinhança,
órgãos ambientais e outros.

A organização deve decidir se realizará comunicação externa sobre seus


aspectos ambientais significativos, devendo documentar sua decisão. Se a decisão
for comunicar, a organização deve estabelecer e implementar método (s) para esta
comunicação externa.

Dependendo da natureza da não conformidade, ao se estabelecerem


procedimentos para lidar com esses requisitos, as organizações podem elaborá-
los com um mínimo de planejamento formal, ou por meio de uma atividade mais
complexa e de longo prazo. É recomendado que a documentação seja apropriada
ao nível de ação.

182
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você pôde estudar os seguintes itens


referentes à administração ambiental:

• Aprendermos a importante questão de como lidar com crises ambientais.

• Tivemos a noção de que o simples fato de implantarmos um SGA não significa


que estamos imunes a acidentes ou ocorrências ambientais de qualquer natureza.

• As pessoas não são perfeitas, e as SGAs também não. Entretanto, temos sempre
que ter um plano de emergência para tratarmos dessa delicada questão. Temos
que investigar as causas que levaram a essa ocorrência, tratando para que esse
fato não se repita, bem como mitigando os impactos ambientais que tal acidente
possa ter causado.

• É importante analisar oportunidades de melhorias dentro do SGA,


retroalimentando-o com os resultados encontrados, buscando sempre a
melhoria contínua do mesmo documento.

183
AUTOATIVIDADE

Ao término desse tópico, sugerimos que você realize uma análise do conteúdo,
descrevendo a importância da gestão de crises ambientais sobre o andamento
do SGA de uma empresa que busca um alto desempenho ambiental.

184
UNIDADE 3
TÓPICO 3

MODELOS DE GESTÃO

1 INTRODUÇÃO

Chegamos ao terceiro tópico de nossa disciplina. Agora, abordaremos os


modelos de sistemas de gestão ambiental, responsabilidade social, sistemas de
gestão da energia e sistema de gestão de riscos.

Esse tópico foi baseado nas normas internacionais e nacionais que regem
ambos os sistemas, como a norma ABNT NBR ISO 14001:2004 sistemas de gestão
ambiental - requisitos e diretrizes para uso; norma ABNT NBR ISO 14004:2005
sistemas de gestão ambiental - diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas
de apoio; norma ABNT NBR ISO 50001:2011 - sistemas de gestão da energia -
requisitos com orientações para uso; norma ABNT NBR ISO 31000:2009 - gestão
de riscos, princípios e diretrizes; norma ABNT NBR 16001:2012 – responsabilidade
social – sistema de gestão – requisitos; norma ABNT NBR ISO 26000:2010 -
diretrizes sobre responsabilidade social; BS 7750 especifica os requisitos para o
desenvolvimento, implantação e manutenção de sistemas de gestão ambiental; SA
8000 – Social Accountability.

Serão apresentadas definições, modelos e critérios utilizados para a


montagem de um sistema de gestão ambiental e da responsabilidade social.

Lembramos que as normas em questão, assim como esse tópico, servirão


apenas como um guia. Cada organização pode traçar seu sistema de acordo com
sua realidade, desde que obedeça aos requisitos básicos das normas.

185
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

2 MODELO DE GESTÃO AMBIENTAL

O termo gestão ambiental é bastante abrangente. Ele é frequentemente


usado para designar ações ambientais em determinados espaços geográficos,
como, por exemplo, gestão ambiental de bacias hidrográficas, gestão ambiental
de parques e reservas florestais, gestão de áreas de proteção ambiental, gestão
ambiental de reservas de biosfera e outras tantas modalidades de gestão que
incluam aspectos ambientais.

Segundo Barbieri (2007, p. 25):

Os termos administração, gestão do meio ambiente ou simplesmente


gestão ambiental serão aqui entendidos como diretrizes e as atividades
administrativas e operacionais, tais como, planejamento, direção,
controle, alocação de recursos e outras realizadas com objetivo de obter
efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando
os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando
que eles surjam.

E
IMPORTANT

É muito importante saber a definição de gestão ambiental empresarial.

O modelo de gestão ambiental mais utilizado é o baseado na norma ISO


14001:2004. Entretanto, o mesmo não deve ser adotado como padrão, visto que
cada empresa tem peculiaridades próprias e devem realizar alterações para
adaptarem-se à norma.

Por sua vez, os modelos de gestão ambiental, independentemente de se


basear na ISO 14001:2004, possuem em comum a utilização do método PDCA.

2.1 CICLO PDCA


De acordo com Assumpção (2011, p. 42), “A visão sistêmica da ISO 14001
está relacionada com a modelagem do PDCA que tem como objetivo garantir
que os elementos do SGA sejam sistematicamente identificados, controlados e
monitorados”, conforme demonstra a figura a seguir.

Lembrando o que foi estudado na Unidade 1, o PDCA é uma ferramenta da


qualidade que pode ser utilizada para qualquer tipo de sistema de gestão. Veja, a

186
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

seguir, a aplicação da ferramenta PDCA na implantação de um sistema de gestão


ambiental com base na norma ABNT NBR ISO 14001:2004.

FIGURA 14 – MODELO DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL – CICLO PDCA

FONTE: Adaptado da NBR-ISO 14001

2.2 IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL


O processo de implementação de um sistema de gestão ambiental começa
pela avaliação ambiental inicial. Esse procedimento pode ser realizado por pessoas
da própria organização, pois, quando a empresa já dispõe de pessoal habilitado ou
relacionado com questões ambientais, essa tarefa poderá ser feita internamente.
Por outro lado, não existindo tal possibilidade, a organização poderá recorrer aos
serviços de terceiros.

Empresas em geral e as mais poluentes em particular possuem uma série de


problemas ambientais que vão desde suas fontes poluidoras, destino dos resíduos
e despejos perigosos, até o cumprimento da legislação ambiental. Muitas vezes, as
empresas mal conseguem perceber suas deficiências em termos de meio ambiente.
Há vários aspectos que contribuem para isso, como, por exemplo:
187
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

• falta de percepção ou conscientização ecológica de dirigentes e colaboradores;

• forma tradicional de produção, tratamento de efeitos poluidores no fim do


processo industrial;

• redução de despesas, a qualquer custo, em detrimento do meio ambiente;

• manutenção da competitividade em setores que em geral não cuidam das


questões ambientais;

• falta de monitoramento ou fiscalização dos órgãos ambientais competentes.

A avaliação ambiental inicial permite às organizações:

• conhecer seu perfil e desempenho ambiental;

• adquirir experiência na identificação e análise de problemas ambientais;

• identificar pontos fracos que possibilitem obter benefícios ambientais e


econômicos, muitas vezes óbvios;

• tornar mais eficiente a utilização de matérias-primas e insumos;

• servir de subsídios para fixar a política ambiental da organização.

NOTA

Este conteúdo está disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/


gestao/bibliografia/avaliacao_ambiental_inicial.html>. Acesso em: 8 fev. 2013.

Para a execução da avaliação ambiental podem ser usadas várias técnicas,


isoladamente ou de forma combinada - sempre dependerá da atividade ou
organização a ser avaliada. As principais técnicas comuns para fazer a avaliação
podem incluir:

• aplicação de questionários previamente desenvolvidos para fins específicos;

• realização de entrevistas dirigidas, com o devido registro dos resultados obtidos;

• utilização de listas de verificação pertinentes às características da organização.


Estas se mostram muito apropriadas para analisar atividades, linhas de produção
ou unidades fabris semelhantes, permitindo comparações;

188
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

• inspeções e medições diretas em casos específicos, como, por exemplo, emissões


atmosféricas, quantidades e qualidade de despejos;

• avaliação de registros de ocorrências ambientais, como infrações, multas etc.

2.2.1 O que diz a NBR ISO 14004


Abrangência da avaliação ambiental inicial:

• identificação dos requisitos legais e regulamentares;

• identificação dos aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços,


de modo a determinar aqueles que têm ou possam ter impactos ambientais
significativos e impliquem responsabilidade civil;

• a avaliação do desempenho em relação a critérios internos pertinentes, padrões


externos, regulamentos, código de prática, princípios e diretrizes;

• práticas e procedimentos de gestão ambiental existentes;

• identificação de políticas e procedimentos existentes relativos às atividades de


aquisição e contratação;

• informações resultantes da investigação de incidentes anteriores, envolvendo


não-conformidades.

• oportunidades de vantagens competitivas;

• os pontos de vista das partes interessadas;

• funções ou atividades de outros sistemas organizacionais que possam facilitar


ou prejudicar o desempenho ambiental.

NOTA

Este conteúdo está disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/


gestao/bibliografia/avaliacao_ambiental_inicial.html>. Acesso em: 8 fev. 2013.

189
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Para iniciar qualquer programa ambiental, deve-se conhecer a situação


ambiental em que a organização se encontra, avaliando as políticas
praticadas, os procedimentos elaborados, os objetivos e metas ambientais
estabelecidos, os riscos e impactos ambientais documentados e os reais,
os programas de treinamentos definidos e os estabelecidos, as condições
operacionais e de manutenção dos sistemas, os passivos ambientais
existentes, as documentações relacionadas etc. (ASSUMPÇÃO, 2011, p.
109).

E
IMPORTANT

Junto ao texto sempre traremos a visão das normas que estão servindo de
referência, para você tomar conhecimento de sua interpretação.

A partir da avaliação inicial, a empresa terá uma visão geral da sua real
situação em relação a todas as questões ambientais, tornando-se mais fácil para
os administradores fazer o planejamento, pois terão noção de custos e recursos
necessários para a adequação de seus processos.

2.3 ESTABELECIMENTO DA POLÍTICA AMBIENTAL

Segundo a ABNT NBR ISO 14001 (2004, p. 12), “A política ambiental é


a força motriz para a implementação e o aprimoramento do sistema da gestão
ambiental de uma organização, permitindo que seu desempenho ambiental seja
mantido e potencialmente aperfeiçoado”.

Veja, a seguir, artigo sobre política ambiental do site Ambiente Brasil.

A política ambiental deve estabelecer um senso geral de orientação


para as organizações e simultaneamente fixar os princípios de ação pertinentes
aos assuntos e à postura empresarial relacionados ao meio ambiente.

Tendo como base a avaliação ambiental inicial ou mesmo uma revisão


que permita saber onde e em que estado a organização se encontra em relação
às questões ambientais, chegou a hora de a empresa definir claramente
aonde ela quer chegar. Nesse sentido, a organização discute, define e fixa o
seu comprometimento e a respectiva política ambiental.

190
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

O objetivo maior é obter um comprometimento e uma política


ambiental definida para a organização. Ela não deve simplesmente conter
declarações vagas; ela precisa ter um posicionamento definido e forte. Além
da política ambiental, empresas também adotam a missão de que, em poucas
palavras, expõem seus propósitos.

A política ambiental da organização deve necessariamente estar


disseminada nos quatro pontos cardeais da empresa, ou seja, em todas as
áreas administrativas e operativas e também deve estar incorporada em
todas as hierarquias existentes, ou seja, de baixo para cima e de cima para
baixo – da alta administração até a produção.

Ao adotar a política ambiental, a organização deve escolher as áreas


mais óbvias a serem focalizadas com relação ao cumprimento da legislação
e das normas ambientais vigentes específicas no que se refere a problemas e
riscos ambientais potenciais da empresa.

A organização deve ter o cuidado de não ser demasiadamente


genérica afirmando, por exemplo: comprometemo-nos a cumprir a legislação
ambiental. É óbvio que qualquer empresa, com ou sem política ambiental
declarada, deve obedecer à legislação vigente.

O compromisso com o cumprimento e a conformidade é de vital


importância para a organização, pois, em termos de gestão ambiental,
inclusive nos moldes das normas da série ISO 14000, a adoção de um SGA
é voluntária, portanto nenhuma empresa é obrigada a adotar uma política
ambiental ou procedimentos ambientais espontâneos, salvo em casos de
requisitos exigidos por lei, como, por exemplo: licenciamento ambiental,
controle de emissões, tratamento de resíduos etc.

FONTE: Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/sistema_de_gestao_


ambiental/comprometimento_e_politica_ambiental.html>. Acesso em: 13 fev. 2013.

Uma política ambiental estabelece os princípios de ação para uma


organização. Estabelece o nível de responsabilidade e desempenho
ambiental requerido de uma organização, contra o qual todas as
ações subsequentes serão julgadas. Recomenda-se que a política seja
apropriada aos impactos ambientais das atividades, produtos e serviços
da organização (dentro do escopo definido do sistema de gestão
ambiental) e que ela oriente o estabelecimento de objetivos e metas.
(ABNT NBR ISO 14004, 2005, p. 9).

A ABNT (NBR ISO 14004, 2005, p. 9) recomenda ainda que uma organização,
no desenvolvimento de sua política ambiental, considere:

• missão, visão, valores essenciais e crenças da organização;


• coordenação com outras políticas da organização (por exemplo,
qualidade, saúde e segurança ocupacional);

191
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

• requisitos das partes interessadas e comunicação das mesmas;


• princípios orientadores;
• condições locais e regionais específicas;
• seus compromissos com a prevenção de poluição e com a melhoria
contínua;
• seu compromisso com o atendimento aos requisitos legais e outros
requisitos subscritos pela organização.

2.3.1 O que diz a NBR ISO 14001


Conforme a ABNT NBR ISO 14001 (2004, p. 4):

A alta administração deve definir a política ambiental da organização


e assegurar que, dentro do escopo definido de seu sistema da gestão
ambiental, a política:

a) seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades,


produtos e serviços;

b) inclua um comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção


de poluição;

c) inclua um comprometimento em atender aos requisitos legais aplicáveis


e outros requisitos subscritos pela organização que se relacionem a seus
aspectos ambientais;

d) forneça uma estrutura para o estabelecimento e análise crítica dos objetivos


e metas ambientais;

e) seja documentada, implementada e mantida;

f) seja comunicada a todos que trabalhem na organização ou que atuem em


seu nome;

g) esteja disponível para o público.

NOTA

A alta administração usualmente é constituída de um indivíduo ou de um grupo


de indivíduos que orientam e controlam uma organização em seu mais alto nível.

192
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

Considerando que a política trata das intenções e princípios gerais de uma


organização em relação ao seu desempenho ambiental, todas as ações da empresa
devem estar alinhadas à política definida pela direção, e se tratando de uma política
com base na Norma ABNT NBR ISO 14001:2004, deve também atender aos requisitos
da cláusula 4.2 da norma. Veja a seguir, os princípios e elementos de um SGA.

2.4 PRINCÍPIOS E ELEMENTOS DE UM SGA


Ao considerar a gestão ambiental no contexto empresarial, percebe-se,
de imediato, que ela pode ter, e geralmente tem, uma importância muito grande,
inclusive estratégica. Isso ocorre porque, dependendo do grau de sensibilidade
para com o meio ambiente, demonstrado e adotado pela alta administração, já
pode perceber e antever o potencial que existe para que uma gestão ambiental
efetivamente possa ser implantada.

De qualquer modo, dependendo do grau de vínculo com as questões


ambientais, as empresas que já estão praticando a gestão ambiental ou aquelas
que estão em fase de definição de diretrizes e políticas para iniciarem o seu
gerenciamento ambiental devem ter em mente os princípios e os elementos de um
SGA e as principais tarefas e atribuições que, normalmente, são exigidas para que
seja possível levar a bom termo a gestão ambiental.

2.4.1 O que diz a NBR ISO 14004


São considerados princípios e elementos de um SGA:

Comprometimento e política - é recomendado que uma organização defina


sua política ambiental e assegure o comprometimento com o seu SGA.

Planejamento: é recomendado que uma organização formule um plano


para cumprir sua política ambiental.

Implementação: para uma efetiva implementação, é recomendado que


uma organização desenvolva a capacitação e os mecanismos de apoio necessários
para atender sua política, seus objetivos e metas ambientais.

Medição e avaliação: é recomendado que uma organização mensure,


monitore e avalie seu desempenho ambiental.

Análise crítica e melhoria: é recomendado que uma organização analise


criticamente e aperfeiçoe continuamente seu sistema de gestão ambiental, com o
objetivo de aprimorar seu desempenho ambiental global.

193
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

2.4.1.1 Planejamento
Planejamento da implementação de um sistema de gestão ambiental,
como qualquer atividade de planejar, exige alguns cuidados básicos para que as
intenções possam ser transformadas em ações reais. Portanto, as organizações
devem formular um plano para cumprir sua política ambiental.

Para iniciar o planejamento propriamente dito, a organização deve


estabelecer e manter procedimentos que permitam avaliar, controlar e melhorar
os aspectos ambientais da empresa, especialmente no que diz respeito ao
cumprimento da legislação, normas, uso racional de matérias-primas e insumos,
saúde e segurança dos trabalhadores e minimização de danos ambientais, dentre
outros aspectos.

Segundo o entendimento expresso na própria norma NBR-ISO 14.004, o


relacionamento entre os aspectos ambientais e os impactos (danos) ambientais é o
de causa-efeito.

QUADRO 7 – IDENTIFICAÇÃO DE ASPECTOS AMBIENTAIS E COMERCIAIS

ASPECTOS AMBIENTAIS ASPECTOS COMERCIAIS

Escala dos impactos Potencial de exposição legal e regulamentar

Gravidade (importância) do Dificuldade para redução ou eliminação dos


impacto impactos

Probabilidade de ocorrência Custo para a redução ou eliminação dos impactos

Efeitos de uma alteração sobre outras atividades e


Duração do impacto
processos

Localização dos impactos Preocupação das partes interessadas

Momento de ocorrência dos


Efeitos na imagem pública da organização
impactos
FONTE: Adaptado de: NBR ISO 14004

QUADRO 8 – EXEMPLOS DE OBJETIVOS E METAS AMBIENTAIS COM REFLEXOS ECONÔMICOS

REFLEXOS
OBJETIVOS METAS
ECONÔMICOS
Reduzir o consumo de Obter uma redução de 10%
Reduzir as despesas
água industrial. em relação ao ano anterior.
Prolongar a vida útil do Aumentar em 100% a Não fazer novos
aterro sanitário. capacidade de deposição. investimentos.
Substituir o uso de solventes Utilizar solventes biode- Favorecer a economia
químicos importados. gradáveis nacionais. local.

194
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

Reconstituição de todas
as áreas nos próximos
Reconstituição da Evitar a suspensão da
cinco anos e não permitir o
vegetação de áreas licença de operação e não
surgimento de novas multas
degradadas. pagar multas.
ambientais e suspensão da
licença de operação.
FONTE: Adaptado de: NBR ISO 14004

Conforme a NBR ISO 14004, os elementos do sistema de gestão ambiental


relativos ao planejamento são seis. Veremos cada um a seguir:

1 Identificação dos aspectos ambientais e avaliação dos impactos ambientais


associados

A norma ABNT NBR ISO 14001:2004 estabelece, na subcláusula 4.3.1,


orientações para os aspectos ambientais:

A organização deve estabelecer, implementar e manter


procedimento(s) para:

- identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços


dentro do escopo definido de seu sistema da gestão ambiental, que a
organização possa controlar e aqueles os quais possa influenciar, levando
em consideração os desenvolvimentos planejados ou novos, ou as
atividades, produtos e serviços novos ou modificados; e

- determinar os aspectos que tenham ou possam ter impactos significativos


sobre o meio ambiente (p. ex., aspectos ambientais significativos).

A organização deve documentar essas informações e mantê-las


atualizadas.

A organização deve assegurar que os aspectos ambientais significativos


sejam cobertos no estabelecimento, implementação e manutenção de seu
sistema da gestão ambiental.

Quando a norma diz que a organização deve estabelecer, implementar e


manter um procedimento, significa que deve ser definida uma metodologia que
contempla o atendimento ao que a norma pede e ainda deve implementar e manter
o procedimento, isto é, deve funcionar na prática.

De acordo com Assumpção (2011, p. 125), “O objetivo de identificar os


aspectos ambientais é para evidenciar quais são as atividades e quais são os
produtos que possuem riscos de provocar acidentes ambientais”.

195
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

De acordo com a norma ABNT NBR ISO 14001:2004, aspecto ambiental é


“[...] elemento das atividades ou produtos ou serviços de uma organização que
pode interagir com o meio ambiente”.

NOTA

Um aspecto ambiental significativo é aquele que tem ou pode ter um impacto


ambiental significativo.

Assumpção (2011) define alguns exemplos típicos de aspecto ambiental:

- matérias-primas;
- odor provocado pelo processo;
- ruído provocado pelo maquinário;
- resíduos industriais;
- efluente líquido industrial;
- produtos químicos;
- lixo e materiais recicláveis;
- produtos acabados;
- resíduos industriais;
- operar equipamentos;
- efetuar manutenção em equipamentos etc.

Todos os aspectos citados, se não controlados, podem causar impactos


significativos ao meio ambiente.

A norma ABNT NBR ISO 14001 (2004, p. 2) define impacto ambiental como
“[...] qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no
todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organização”.

Então, veja um quadro de aspectos e impactos ambientais:

QUADRO 10 – RELAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS


ASPECTO AMBIENTAL IMPACTO AMBIENTAL
Contaminação dos aquíferos superficiais decorrente
Lavar veículos da descarga contínua de efluente líquido com óleos
e graxas
Contaminação dos aquíferos subterrâneos em
Vazamento de inflamáveis
decorrência de avarias no tanque
Executar tarefa de Contaminação dos aquíferos em decorrência de
descarregar inflamáveis derramamento
FONTE: Assumpção (2011, p. 133)

196
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

Conforme definido pela norma ABNT NBR ISO 14001:2004, a organização


deve documentar e manter todas as informações atualizadas. Define também que
todos os aspectos significativos, isto é, aqueles que possam causar um impacto
significativo ao meio ambiente, devem ser considerados no estabelecimento,
implementação e manutenção de seu sistema da gestão ambiental. Dessa forma,
a organização deve ficar atenta aos aspectos significativos de seus processos,
priorizando esses aspectos nas ações definidas pela empresa.

2 Requisitos legais

Requisitos legais ambientais são exigências estabelecidas no âmbito federal,


estadual ou municipal e ainda, em alguns casos, legislação internacional. Veja a
seguir, o que estabelece a norma ABNT NBR ISO 14001:2004.

A norma ABNT NBR ISO 14001 (2004, p. 5) estabelece, na subcláusula 4.3.2,


os requisitos legais e outros:

A organização deve estabelecer, implementar e manter


procedimento(s) para:

- identificar e ter acesso a requisitos legais aplicáveis e a outros requisitos


subscritos pela organização, relacionados aos seus aspectos ambientais; e

- determinar como esses requisitos se aplicam aos seus aspectos ambientais.

A organização deve assegurar que esses requisitos legais aplicáveis e


outros requisitos subscritos pela organização sejam levados em consideração
no estabelecimento, implementação e manutenção de seu sistema da gestão
ambiental.

Nessa subcláusula, a norma também define que a empresa tenha um


procedimento, devendo implementar e manter, de modo que seja possível identificar
e ter acesso aos requisitos legais aplicáveis, e que estes estejam relacionados aos
aspectos ambientais dos processos da empresa.

Devido ao grande número de legislação existente e às mudanças que


ocorrem com ela constantemente, as empresas têm adotado um banco de dados
com todas as legislações aplicáveis para facilitar o trabalho e manter-se atualizadas
no assunto pertinente.

Importante ressaltar que os requisitos legais identificados e aplicáveis na
empresa serão avaliados conforme previstos na subcláusula 4.5.2 da norma ABNT
NBR ISO 14001:2004.

A norma ABNT NBR ISO 14001:2004 estabelece, na subcláusula 4.5.2,


orientações sobre avaliação do atendimento a requisitos legais e outros:

197
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimentos(s)


para avaliar, periodicamente, o atendimento aos requisitos legais aplicáveis
e outros requisitos subscritos pela organização para demonstrar o
comprometimento da organização com o atendimento a estes requisitos.

A organização deve manter registros dos resultados das avaliações


periódicas.

Vimos que não basta identificar os requisitos legais aplicáveis, a empresa


deverá definir um procedimento para avaliar periodicamente o atendimento a
estes requisitos.

3 Política ambiental

A política ambiental é considerada elemento fundamental em um SGA,


pois, a partir da política, a empresa define ações, considerando tudo que foi
definido em sua política.

Veja exemplo de políticas definidas por empresas no Brasil.

POLÍTICA INTEGRADA – SAÚDE E SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE E


QUALIDADE – GERDAU

Para a Gerdau, o ser humano em sua integridade é um valor que está


acima dos demais objetivos e prioridades da empresa. Nenhuma situação
de emergência, produção ou resultado pode comprometer a saúde ou
a segurança das pessoas, a proteção do meio ambiente e a qualidade dos
produtos e serviços.

A Gerdau, fornecedora de soluções e produtos de aço, busca a


satisfação de acionistas, clientes, colaboradores, fornecedores e comunidades
por meio da melhoria contínua de produtos e serviços, processos e sistema
de gestão. Para tanto, atua comprometida com a qualidade, com o controle
dos riscos à saúde e à segurança dos colaboradores e com a gestão de
aspectos e a prevenção de impactos ambientais. Suas ações são sempre
fundamentadas em objetivos e metas de desempenho e no atendimento
consistente à legislação aplicável e aos compromissos assumidos, visando ao
desenvolvimento sustentável (ambiental, social e econômico).

PRINCÍPIOS

• A liderança é a principal responsável pela segurança de todas as pessoas


que atuam sob sua gestão, promovendo todos os esforços necessários
para preservar a saúde e a segurança das pessoas, o desenvolvimento
sustentável e a produtividade e eficiência dos processos.

198
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

• Cada colaborador tem a responsabilidade de zelar por sua saúde e sua


segurança, assim como pelas de seus colegas, pelo meio ambiente e pela
qualidade dos produtos e serviços. Deve realizar seu trabalho de acordo com
os procedimentos, instruções, normas e regras estabelecidas pela empresa.

• A Gerdau e todos os seus colaboradores se comprometem a buscar


a melhoria contínua em relação à saúde e à segurança das pessoas, ao
meio ambiente, a eficácia dos processos e a satisfação dos clientes com a
qualidade dos produtos e serviços. Os esforços devem ser orientados a
ações de prevenção, buscando e compartilhando as melhores práticas e
utilizando de forma efetiva o aprendizado em toda a organização.

FONTE: Disponível em: <http://www.gerdau.com.br/meio-ambiente-e-sociedade/meio-ambiente-


politica-de-meio-ambiente.aspx>. Acesso em: 9 fev. 2013.

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL - 3M DO BRASIL

Respeitar o meio ambiente faz parte dos valores da empresa, e


praticar ações que resultam na preservação ambiental também é  parte da
cultura da corporação. A 3M acredita que por meio de seus recursos e de
seus funcionários pode contribuir para a conscientização de outras empresas
e pessoas sobre a importância do uso racional das reservas de energia e das
matérias-primas utilizadas no dia a dia da empresa.

Ao longo dos anos, a 3M tem demonstrado sua preocupação e


postura consciente com relação à preservação do meio ambiente. Pioneira, a
empresa estabeleceu em 1975 programas e políticas ambientais que desde então
refletem  o posicionamento da companhia no mercado como uma empresa
ética, consciente e ambientalmente responsável. Com altos investimentos no
desenvolvimento de tecnologias para tratamento do lixo industrial, reciclagem
de produtos e prevenção à poluição, a 3M consegue obter soluções práticas e
eficientes para a proteção do meio ambiente e melhoria da qualidade de vida
de seus funcionários e das comunidades em que atua.

A Política Corporativa de Meio Ambiente, emitida em 1975, é válida


para todas as fábricas da companhia no mundo e declara que a 3M reconhecerá
e exercerá sua responsabilidade para:

• solucionar os seus problemas de poluição ambiental;

• prevenir a poluição na fonte, onde e quando possível;

• desenvolver produtos que tenham o mínimo efeito no meio ambiente;

• conservar os recursos naturais por meio da prática de reciclagem e outros


métodos apropriados;

199
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

• assegurar que suas instalações e produtos suportam e estão de acordo


com os regulamentos das agências ambientais;

• apoiar, sempre que possível, agências governamentais e organizações


oficiais que defendem a preservação ambiental.

Seguindo a política ambiental corporativa da companhia, a 3M do


Brasil cumpre as normas internas, inclusive as que, eventualmente,  ainda
hoje não estejam previstas na legislação ambiental brasileira, mas que
possivelmente serão no futuro. Um exemplo desta postura é o controle do
lançamento de solventes na atmosfera, com a implantação de processos
de fabricação que não utilizam este produto, sobre o qual ainda não existe
legislação no Brasil.

Política de Meio Ambiente, Saúde e Segurança Ocupacional

As empresas 3M do Brasil, 3M Manaus Indústria de Produtos


Químicos, Cuno Latina e Abzil Indústria e Comércio, fabricantes de produtos
nos segmentos de Serviços de Segurança e Proteção, Elétrico & Comunicações,
Industrial  & Transportes, Consumo  & Escritório, Displays & Gráficos e
Cuidados da Saúde, destinados ao mercado local e de exportação, buscam:

- proporcionar aos que nelas atuam um local de trabalho seguro, saudável


e com responsabilidade ambiental e social;

- analisar seus processos para determinar seus impactos e riscos


significativos, buscando solucionar problemas por meio da melhor
tecnologia viável, tendo o compromisso com a melhoria contínua;

- preservar sempre os recursos naturais, sendo proativa, prevenindo e


corrigindo poluição na fonte e trabalhando sempre na prevenção de
lesões e doenças ocupacionais;

- assegurar que nossas fábricas e produtos atendam toda a legislação


municipal, estadual e federal e estejam em conformidade com outras
obrigações aplicáveis;

- assistir, sempre que possível, as agências governamentais engajadas em


atividades de Saúde, Segurança e Meio Ambiente;

- treinar os funcionários para exercer seus deveres e responsabilidades,


desenvolvendo programas que promovam o comprometimento de todos
com esta política;

- promover a Análise Crítica periódica desta política, bem como do


Sistema de Gestão, responsabilizando a liderança pela priorização destas
atividades.

200
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

Preservação da Água

Os efluentes utilizados nos processos de fabricação dos produtos são


enviados para as estações de tratamento de efluentes – ETE – das unidades
3M de Sumaré e de Ribeirão Preto. Depois de serem devidamente tratados
e avaliados com relação ao atendimento dos requisitos legais estabelecidos
pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e pela CETESB
(Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), são descartados em
corpos d'água. Os efluentes também podem ser enviados a ETEs municipais,
como acontece na unidade 3M de Itapetininga.

A companhia implementou diversos projetos que visam à otimização


da utilização da água nos processos de manufatura e nas instalações da
empresa, ao mesmo tempo em que possibilitam o atendimento eficiente ao
crescimento da capacidade produtiva sem aumento na captação de água,
coletada, atualmente, nas lagoas e poços artesianos das unidades da 3M no
Brasil. Como exemplo, um dos projetos visa ao aumento da reutilização do
efluente tratado, por meio do processo de osmose reversa.

Programa de Redução e Segregação de Resíduos

Outra grande preocupação da 3M com relação ao meio ambiente


é o destino que é dado aos resíduos industriais – os lixos industriais, que
são as sobras de materiais dos processos de produção, como embalagens de
papelão, plásticas ou metálicas, ou produtos fora de especificação. Assim,
para garantir o cumprimento de uma postura ambientalmente correta, a
empresa investe na implantação de um projeto que gerencia o destino destes
resíduos, visando, sempre que possível, à reciclagem destes materiais. O
grande diferencial deste projeto é a participação dos funcionários, elementos
fundamentais para a eficácia do processo, já que as atividades de segregação
começam nas fontes geradoras.

Além disso, depois de segregado, o lixo é enviado para uma área


de preparação e destinado  às empresas de reciclagem. O que não pode
ser reciclado é enviado para disposição adequada em aterro sanitário,
coprocessamento ou incineração.

Normas e Certificações

Todo  o trabalho realizado pela empresa, global e localmente, está


inserido em seu sistema de gerenciamento de EHS - Environmental, Health
and Safety  (Meio Ambiente, Saúde e Segurança) e atende às normas  e
orientações destes setores.

No Brasil a implantação do SIG – Sistema Integrado de Gestão –, para


os sistemas de Meio Ambiente, Saúde e Segurança, garante o cumprimento
dos objetivos.

201
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

O SIG é um sistema que integra os requisitos das normas ISO 9001


(QS9000 – GMP – Sistema de Gestão da Qualidade) e ISO 14001 (Sistema de
Gestão de Qualidade Ambiental), bem como os elementos de outros sistemas
de gestão.

O resultado da implantação do SIG é a unificação dos requisitos


comuns às três normas, reduzindo significativamente o número de
procedimentos, instruções de trabalho e registros, como também a
manutenção do sistema. Um dos benefícios mais relevantes do SIG é a
conscientização dos funcionários para aspectos ambientais e de segurança
no trabalho, uma vez que passam a fazer parte do processo de melhoria de
qualidade dos produtos e serviços da empresa.

Objetivos globais para os próximos 5 anos (2006-2010)

• Reduzir 20% da geração de resíduos.

• Reduzir 25% dos compostos orgânicos voláteis.

• Reduzir 20% do consumo de energia.

• Desenvolver por ano no mínimo dois projetos 3P - Prevenção à Poluição se


Paga - por fábrica.

Gerenciamento do Ciclo de Vida do Produto

A 3M também dedica esforços e investimentos para o Gerenciamento


do Ciclo de Vida do Produto (Lyfe Cycle Management - LCM). Em vez de
somente se preocupar com o processo de fabricação para controlar os efeitos
ambientais, de saúde, de segurança e de energia, o objetivo agora é considerar
o ciclo de vida inteiro do produto, desde o seu desenvolvimento, o uso e
o descarte pelo cliente. A 3M adotou a Política de Gerenciamento do Ciclo de
Vida que requer de todas as unidades de negócio da companhia revisões de
LCM para todos os novos produtos e para produtos existentes, que devem
ser terminadas até 2010.

FONTE: Disponível em: <http://solutions.3m.com.br/wps/portal/3M/pt_BR/about-3M/information/


corporate/responsibility/environment/>. Acesso em: 9 fev. 2013.

Política Ambiental Corporativa – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

O atual modelo de gestão é norteado por princípios que visam


promover o desenvolvimento regional sustentável, ou seja, pressupõe
interação positiva entre o desenvolvimento econômico e social e a preservação
ambiental, a fim de equilibrar a satisfação dos interesses das gerações atuais
e futuras. Os principais marcos da Política Ambiental Corporativa são:

202
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

• 2004: aprovação da “Política Ambiental Corporativa”;

• 2005: instalação do Comitê de Política Ambiental;

• 2007: implantação do Modelo de Gestão, com criação das áreas de


Sustentabilidade, Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, além de
incluir as dimensões sociais e ambientais na avaliação de resultados CAIXA;

• 2007: revisão da Política de Crédito, estabelecendo princípios, diretrizes e


padrões para assegurar a sustentabilidade econômico-financeira, social e
ambiental das operações de crédito da CAIXA;

• 2008: criação do Comitê de Responsabilidade Social Empresarial,


responsável por assegurar a articulação entre as diversas áreas do banco no
processo de desenvolvimento, implantação, avaliação e acompanhamento
de ações de Responsabilidade Social Empresarial;

• 2008: aprovação da Estratégia CAIXA para o Meio Ambiente;

• 2009: revisão do Plano Estratégico CAIXA 2009-2015 e Adesão aos


Princípios do Equador;

• 2010: guia do Selo Casa Azul CAIXA e Criação do Fundo Socioambiental


– FSA;

• 2011: lançamento de Editais do FSA;

• 2012: revisão do Plano Estratégico CAIXA 2011-2023 Participação da


CAIXA na Rio + 20.

As diretrizes da Política Ambiental Corporativa são:

• financiar o desenvolvimento buscando a sustentabilidade;

• considerar os impactos e custos socioambientais na concessão de crédito;

• promover o consumo sustentável de recursos naturais e de materiais


deles derivados nos processos internos;

• informar, sensibilizar e engajar continuamente as partes interessadas nas


políticas e práticas de sustentabilidade da CAIXA;

• promover o desenvolvimento de cidades sustentáveis.

A Estratégia CAIXA para o Meio Ambiente foi construída para atender


às diretrizes da Política Ambiental, estabelecendo um Plano de Ações, de
caráter transversal e intersetorial, com perspectivas de resultados a médio
prazo para o período de 2008 a 2010, e longo prazo para o período de 2011 a

203
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

2015. A Estratégia fundamentou-se no pressuposto de que a conjugação de


esforços e recursos em torno de objetivos e metas mais factíveis é o caminho
mais rápido e consistente para contribuir de forma efetiva para a preservação
ambiental e o desenvolvimento sustentável.

A Estratégia foi definida a partir dos seguintes objetivos:

• dispor de portfólio e serviços socioambientais;

• implementar com as áreas afins as diretrizes socioambientais da nova


política de crédito, de forma integrada;

• ser o principal agente financeiro executor das políticas públicas de meio


ambiente;

• ser o principal agente indutor do desenvolvimento de cidades sustentáveis;

• desenvolver programa de gestão para a sustentabilidade ambiental.

FONTE: Disponível em: <http://www12.caixa.gov.br/portal/public/rse/home/nossos_relacionamento


s/meio_ambiente/pol%C3%ADtica_ambiental_corporativa>. Acesso em: 9 fev. 2013.

4 Critérios internos de desempenho

Cada empresa define seus critérios internos de desempenho, visando


atender a política ambiental.

A norma ABNT NBR ISO 14001 (2004, p. 3) define desempenho ambiental


como “[...] resultados mensuráveis da gestão de uma organização sobre seus
aspectos ambientais”.

NOTA

No contexto de sistemas da gestão ambiental, os resultados podem ser medidos


com base na política ambiental, objetivos e metas ambientais da organização e outros requisitos
de desempenho ambiental.

5 Objetivos e metas ambientais

A norma ABNT NBR ISO 14001:2004 define, na subcláusula 4.3.3, objetivos,


metas e programa(s):

204
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

A organização deve estabelecer, implementar e manter objetivos e metas


ambientais documentados, nas funções e níveis relevantes na organização.

Os objetivos e metas devem ser mensuráveis, quando exequíveis, e


coerentes com a política ambiental, incluindo-se os comprometimentos com a
prevenção de poluição, com o atendimento aos requisitos legais e outros requisitos,
com a melhoria contínua, ou com outros comprometimentos que a organização
estabelecer em sua política.

Ao estabelecer e analisar criticamente seus objetivos e metas uma


organização deve considerar os requisitos legais aplicáveis e outros requisitos,
seus aspectos ambientais significativos, suas opções tecnológicas e seus requisitos
operacionais e comerciais, e a visão das partes interessadas. [...].

NOTA

A norma ABNT NBR ISO 14001:2004 define:


• objetivo ambiental: propósito ambiental geral, decorrente da política ambiental, que uma
organização se propõe a atingir;
• meta ambiental: requisito de desempenho detalhado, aplicável à organização ou a parte
dela, resultante dos objetivos ambientais e que necessita ser estabelecido e atendido para que
tais objetivos sejam atingidos.

Exemplos de objetivos e metas já foram vistos em quadro anterior, releia-os.

6 Planos ambientais e programas de gestão

A norma ABNT NBR ISO 14001:2004 define, na subcláusula 4.3.3, objetivos,


metas e programa(s).

[...] A organização deve estabelecer, implementar e manter programa(s)


para atingir seus objetivos e metas. O(s) programa(s) deve(m) incluir:

a) atribuição de responsabilidade para atingir os objetivos e metas em cada função


e nível pertinente da organização;

b) os meios e o prazo no qual eles devem ser atingidos.

Programas devem ser definidos para atingir os objetivos e metas


estabelecidos pela empresa, devendo incluir responsabilidades, meios e prazos,
conforme exemplo no quadro a seguir.

205
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

QUADRO 10 – OBJETIVOS, METAS E PROGRAMA

Como? Quem?
OBJETIVOS METAS Quando? Prazos
Meios Responsabilidades
60 dias
Setor de
Instalar torneiras
manutenção Corretiva - sempre que
com dispositivo
identificar vazamen-
automático de
tos em canos, tubu-
desligamento
lações, instalações
Obter uma
Fazer manutenção
Reduzir o redução de Setor de Preventiva - mensal-
corretiva e
consumo de 15 % em manutenção mente, fazendo ins-
preventiva nas
água relação ao peções e ajustes em
instalações
ano anterior canos, tubulações,
instalações
Educar os
funcionários Semestralmente - ori-
Setor de meio
sobre consumo entar todos os funcio-
ambiente
sustentável nários sobre consumo
sustentável
FONTE: Os autores

2.4.1.2 Implementação
Após terem sido executadas as fases anteriores, chega-se ao momento da
implementação e da operação do sistema de gestão ambiental. Esse procedimento
compreende, essencialmente, a capacitação e os mecanismos de apoio. Em síntese,
isso significa disponibilizar recursos humanos, físicos e financeiros para que a
política, os objetivos e as metas ambientais da organização possam ser viabilizados.

Deve-se ressaltar que, no contexto da melhoria contínua da qualidade


ambiental, as exigências de capacitação e os mecanismos de apoio evoluem
constantemente, ou seja, devem ser aperfeiçoadas ou adequados sempre que se
fizer necessário.

Segundo a NBR ISO 14001, a implementação e a operação do SGA englobam


os seguintes aspectos:

• estrutura e responsabilidade;

• treinamento, conscientização e competência;

• comunicação;

• documentação do SGA;

• controle de documentos;

• controle operacional;

206
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

• preparação e atendimento a emergências.

No que se refere à estrutura e à responsabilidade para as questões


ambientais deve-se ressaltar que dependerão do tamanho e do ramo de atividades
da empresa. Portanto, a estrutura não necessariamente exige um departamento de
meio ambiente se for uma pequena ou média empresa.

Bastará designar uma pessoa ou uma equipe para tratar do SGA. Em pequenas
empresas, a responsabilidade maior caberá ao proprietário, que desempenhará
as funções de “alta administração”. Já as empresas de maior porte vão exigir uma
estrutura maior. Cada caso deverá ser analisado e adaptado individualmente.

Quanto à responsabilidade técnica e pessoal, a NBR ISO 14004 apresenta


um exemplo que pode servir de orientação, conforme mostra o quadro a seguir.

QUADRO 11 – EXEMPLOS DE RESPONSABILIDADES AMBIENTAIS

RESPONSABILIDADES AMBIENTAIS PESSOAS RESPONSÁVEIS


Presidente, Executivo Principal,
Estabelecer a orientação geral
Diretoria
Presidente, Executivo Principal, Gerente
Desenvolver a política ambiental
de Meio Ambiente
Desenvolver objetivos, metas e
Gerentes envolvidos
programas ambientais
Monitorar desempenho global do SGA Gerente do Meio Ambiente
Assegurar o cumprimento dos
Gerente Operacional
regulamentos
Assegurar melhoria contínua Todos os gerentes

Identificar as expectativas dos clientes Pessoal de Venda e de Marketing


Identificar as expectativas dos
Pessoal de Compras e de Contratação
fornecedores
Desenvolver e manter procedimentos
Gerentes financeiros e contábeis
contábeis
Cumprir os procedimentos definidos Todo o pessoal
FONTE: Adaptado de: NBR ISO 14004

NOTA

No caso de pequenas e médias empresas, a pessoa responsável pode ser o


proprietário.

207
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

No quadro a seguir, encontra-se um roteiro demonstrando as principais


etapas a serem seguidas na implantação de um sistema de gestão ambiental. As
ações recomendadas podem sofrer pequenas variações de uma empresa para outra.

QUADRO 12 – CRONOGRAMA DE ATIVIDADES PARA IMPLANTAÇÃO DO SGA

Atividade MÊS
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
1. Avaliação do status da unidade
2. Treinamento ISO 14001 para
envolvidos SGA
3. Estabelecimento do plano do SGA
(tarefas, responsabilidades e prazos)
4. Identificação dos aspectos e impactos
ambientais
5. Identificação das legislações e outros
requisitos
6. Definição da política ambiental
7. Definição de objetivos e metas
ambientais
8. Definição do programa ambiental
- Elaboração de procedimentos de
trabalho
- Treinamento, conscientização e
competência
- Elaboração do plano de emergência
- Elaboração do plano para
monitoramento e medição
- Não conformidades e ações corretivas
9. Execução de auditoria interna
10. Análise critica pela alta
administração
11. Desenvolvimento de ações
corretivas do programa
12. Execução de pré-auditoria
13. Desenvolvimento de ações
corretivas do programa
14. Auditoria de certificação
FONTE: Adaptado de: Assumpção (2011, p. 115)

De acordo com Assumpção (2011), geralmente as empresas levam em


média 12 meses para implantação, desde a tomada de decisão de implementação
do SGA até a auditoria de certificação. No entanto, depende do nível de evolução da
empresa, podendo concluir o processo em menos tempo ou prolongar ainda mais
os prazos. O tempo necessário depende do nível de complexidade dos aspectos
ambientais, competência e comprometimento dos profissionais envolvidos e os
recursos disponibilizados para ajustes nos processos da empresa.

208
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

2.4.1.3 Medição e avaliação


Toda e qualquer atividade empresarial envolve as fases de planejamento,
execução, operação e avaliação dos resultados alcançados. Isso também ocorre
com a implementação do sistema de gestão ambiental, que deve ser verificado e
monitorado com vistas a investigar problemas e corrigi-los.

Em síntese, segundo a NBR ISO 14001, a verificação e a ação corretiva


orientam-se por quatro características básicas do processo de gestão ambiental:

• medição e monitoramento;

• ações corretivas e preventivas;

• registros e gestão da informação.

Auditorias do sistema de gestão ambiental precisam ser feitas


periodicamente para avaliar a conformidade do SGA que foi realizado e planejado,
para verificar se vem sendo adequadamente implementado e mantido na devida
conformidade. Dada a importância que a auditoria ambiental vem ganhando no
contexto geral da gestão ambiental, optou-se por dedicar o próximo capítulo para
tratar especificamente desse assunto.

2.4.1.4 Análise crítica e melhoria


Conforme verificamos anteriormente, o SGA precisa sofrer uma análise
crítica com o objetivo de realizar uma constante melhoria do sistema, conhecido no
meio como “melhoria contínua”. Para os sistemas baseados no nosso bom e velho
conhecido PDCA, temos agora o nosso ACT de agir ou analisar criticamente.

Nessa análise crítica, buscamos aperfeiçoar continuamente o Sistema de


Gestão Ambiental, com o objetivo de aprimorar o desempenho ambiental global.
Então, a melhoria contínua é um processo de aprimoramento do SGA, visando
atingir melhorias no desempenho ambiental global, de acordo com a política
ambiental da organização.

Na figura a seguir, temos o fluxo do SGA, demonstrando a maneira como


o PDCA fornece informações para a análise crítica, de maneira que a mesma
realimenta o sistema com as oportunidades de melhoria.

209
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

FIGURA 13 – FLUXO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL


Política Ambiental

Avaliação Ambiental

Melhoria

Planejamento
Comunicação Documentação
Controle:
Interno
Externo Treinamento

Execução

FONTE: Wruk (2007)

3 MODELO DE GESTÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL


Conforme mencionamos no início de nosso tópico, baseamos os modelos de
gestão em normas previamente existentes a nível nacional e internacional. No caso
da Gestão da Responsabilidade Social, adotamos as normas NBR 16001 e SA 8.000.

Essas normas estabelecem requisitos mínimos relativos a um sistema de


gestão da Responsabilidade Social, permitindo à organização formular e implementar
uma política e objetivos que levem em conta as exigências legais, seus compromissos
éticos e sua preocupação com a promoção da cidadania e do desenvolvimento
sustentável, além da transparência das suas atividades. Segundo Ursine e Sekiguchi
(2005), os pontos mais relevantes destas normas são:

• Aplicabilidade a organizações de todos os tipos e portes. Embora o público


usual de normas de sistemas de gestão sejam as grandes corporações, esta
norma foi redigida de forma a aplicar-se também às pequenas e médias
empresas, de qualquer setor, bem como às demais organizações públicas
ou do terceiro setor que tiverem interesse em aplicá-la.

• Entendimento amplo do tema “Responsabilidade Social”. Esta norma


incorporou o conceito mais amplo de Responsabilidade Social, ao
aproximá-lo do desenvolvimento sustentável e incluir em seu cerne o
engajamento e a visão das partes interessadas.

210
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

• Necessidade de comprometimento dos funcionários e dirigentes de


todos os níveis e funções. Em diversos pontos da norma, ressalta-se a
necessidade de comprometimento dos dirigentes e funcionários de todos
os níveis e funções, em especial os da alta direção, uma vez que se trata de
um tema transversal.

• Necessidade de uma política da Responsabilidade social e o


desenvolvimento de programas com objetivos e metas. A norma prescreve
que a alta administração deve definir a política de Responsabilidade
Social, “consultando as partes interessadas” e assegurando, dentre outros
tópicos, que a mesma “inclua o comprometimento com a promoção da
ética e do desenvolvimento sustentável”. Na etapa de planejamento, a
organização deverá estabelecer, implementar e manter objetivos e metas
da Responsabilidade Social, com o envolvimento de funções e níveis
relevantes dentro da organização e demais partes interessadas.

Há muito, as empresas buscam modelos para definir suas atuações


e estabelecer programas próprios no âmbito da responsabilidade social. Ao
se organizar para um trabalho social, as empresas devem estabelecer um
foco, pois suas atitudes não devem ter como objetivo a substituição das
empreitadas de porte macro - que são obrigação do Estado. Deveriam, sim,
representar uma contribuição dirigida às enormes carências da coletividade
e para a preservação do meio ambiente. A falta desse foco pulveriza as ações
sociais da empresa, tornando-as sem vínculos de identificação organizacional
e emocional com seus executores, no caso, os funcionários. Isso pode acabar
sendo entendido apenas como patrocínio, o que desvirtua o sentido da
responsabilidade social.

E
IMPORTANT

A responsabilidade social não deve ser interpretada como peça à parte do modelo
de gestão da empresa. Deve ser sua extensão.

A responsabilidade social passa cada vez mais a ser compreendida como


estratégia empresarial. A multivariedade de suas formas facilita a adequação e
a conformidade com o modelo de gestão praticado e a cultura organizacional,
considerados também os valores compartilhados.

Um modelo sustentável de responsabilidade social é aquele que a empresa


define em seu planejamento estratégico, pois a empresa-cidadã incorpora o
relacionamento com seus colaboradores, a comunidade em geral e a defesa do
meio ambiente no cotidiano de suas atividades. É a cidadania empresarial
fundamentada no comprometimento organizacional.
211
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

E
IMPORTANT

SGRS – Sistema de Gestão da Responsabilidade Social é a definição normalmente


utilizada por empresas que implantam programas de gerenciamento de responsabilidade social.

3.1 ANÁLISE CRÍTICA INICIAL


Na análise crítica inicial, a empresa realiza um check-list de sua reação-
situação. Nessa análise, o grau de criticidade tem que ser o mais elevado possível.
Não adianta a empresa tentar mascarar possíveis erros, pendências ou desvios,
primeiramente porque ela ainda não tem um SGRS; segundo, qualquer falha na
identificação de aspectos e impactos sociais nesse levantamento inicial poderá gerar
uma interpretação errada e uma visão distorcida da realidade da organização.

Nesse levantamento inicial devemos procurar identificar:

• o engajamento das partes interessadas;

• os aspectos e impactos de RS;

• os requisitos legais aplicáveis;

• o comprometimento da Alta Administração;

• o nível de conscientização do pessoal da organização;

• as necessidades de treinamento;

• os controles operacionais necessários;

• o Desenvolvimento dos procedimentos documentados necessários.

E
IMPORTANT

O objetivo principal da análise crítica inicial é justamente termos uma visão real da
verdadeira situação da empresa. Com base nessa análise, todo o processo de implantação do
SGRS será estruturado e implementado.

212
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

Essa análise crítica inicial é fundamental para implementação de um sistema


de gestão de responsabilidade social, pois, como vimos, dará uma visão geral da
empresa, possibilitando a elaboração de um planejamento consistente e eficaz.

3.2 ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DE IMPLANTAÇÃO


DA GESTÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
A elaboração de um programa de gestão da responsabilidade social
pressupõe a adoção de vários temas, entre eles, objetivos e metas. Vejamos alguns
exemplos:

• boas práticas de governança;

• combate à pirataria, sonegação, fraude e corrupção;


• práticas leais de concorrência;

• direitos da criança e do adolescente, incluindo o combate ao trabalho infantil;

• direitos do trabalhador, incluindo o de livre associação, de negociação, a


remuneração justa  e benefícios básicos, bem como o combate ao trabalho forçado;

• promoção da diversidade e combate à discriminação (por exemplo, cultural,


de   gênero, de raça/etnia, idade, pessoa com deficiência);

• compromisso com o desenvolvimento profissional;

• promoção da saúde e segurança;

• promoção de padrões sustentáveis de desenvolvimento, produção, distribuição e


consumo, contemplando fornecedores, prestadores de serviço, entre outros;

• proteção ao meio ambiente e aos direitos das gerações futuras;

• ações sociais de interesse público.

NOTA

Este conteúdo está disponível em: <http://www.institutoatkwhh.org.br/


compendio/?q=node/110>. Acesso em: 10 fev. 2013.

Tendo em vista o êxito do modelo PDCA (plan, do, check, act - planejar,
fazer, avaliar e agir) utilizado anteriormente pelas normas ISO 9001 e ISO 14001,

213
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

foi decidido que a base do sistema dessa norma seria a mesma, facilitando a
integração com os sistemas de gestãop já existentes, evitando-se, assim, a criação
de sistemas e departamentos isolados.

E
IMPORTANT

Esclareça-se que o atendimento aos requisitos da norma não significa que


a organização é socialmente responsável, mas que possui um sistema de gestão da
Responsabilidade Social.

A seguir, encontra-se a estrutura geral para implantação de um Sistema de


Responsabilidade Social, baseada na NBR 16001. Conforme vocês notaram, essa
estrutura é similar àquela apresentada na ISO 14001. Entretanto, o foco é diferente,
conforme veremos mais adiante.

QUADRO 14 – ESTRUTURA GERAL DA NBR 16001

0. Introdução
1. Objetivo
2. Definições
3. Requisitos do Sistema da Gestão da Responsabilidade Social
3.1. Requisitos gerais
3.2. Política da responsabilidade social
3.3. Planejamento
3.3.1. Aspectos da Responsabilidade Social
3.3.2. Requisitos legais e outros
3.3.3. Objetivos, metas e programas
3.3.4. Recursos, regras, responsabilidade e autoridade
3.4. Implementação e operação
3.4.1. Competência, treinamento e conscientização
3.4.2. Comunicação
3.4.3. Controle operacional
3.5. Requisitos de documentação
3.5.1. Generalidades
3.5.2. Manual do sistema de gestão da Responsabilidade Social
3.5.3. Controle de documentos
3.5.4. Controle de registros
3.6. Medição, análise e melhoria

214
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

3.6.1. Monitoramento e medição


3.6.2. Avaliação da conformidade
3.6.3. Não conformidade e ações corretiva e preventiva
3.6.4. Auditoria interna
3.6.5. Análise pela Alta Administração

FONTE: Adaptado de: NBR ISO 16001

3.3 ESTRUTURAÇÃO DAS EQUIPES DE TRABALHO QUE


PARTICIPARÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO
As equipes de trabalho que participarão da implementação do sistema de
gestão da responsabilidade social seguem o mesmo padrão do SGA, somente se
diferenciam no foco do sistema.

Em todos os níveis da hierarquia organizacional há membros participando


ativamente do processo de implantação e, posteriormente, da operacionalização
do SGRS, pois de nada adiantará a diretoria exigir ou determinar a implantação do
sistema se não houver um engajamento completo da empresa.

A empresa deve assegurar, quando fizer a estruturação das equipes de


implementação de um sistema de gestão com base na norma ABNT NBR ISO
16001:2012, recursos humanos e qualificações específicas. Deve ainda definir as
funções, responsabilidades e autoridades, documentadas e comunicadas, a fim de
facilitar uma gestão eficaz da responsabilidade social.

A norma ABNT NBR ISO 16001:2012 define: A Alta Direção


da organização deve nomear representante(s) específico(s) que,
independentemente de outras atribuições, deve(m) ter funções,
responsabilidades e autoridade definidas para:

a) assegurar que os requisitos do sistema de gestão da responsabilidade


social sejam estabelecidos, implementados e mantidos de acordo com
esta Norma; e

b) relatar à Alta Direção o desempenho do sistema de gestão da


responsabilidade social, para análise, como base para o aprimoramento
do sistema de gestão da responsabilidade social.

215
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

3.4 CAPACITAÇÃO (TREINAMENTO) DAS EQUIPES


DE TRABALHO
Após escolhidos os colaboradores que participarão das equipes de
trabalho, que realizarão a implantação do sistema, chegou a hora de capacitá-los
com conhecimento para que os mesmos atuem como multiplicadores dentro da
empresa. Para isso, é importante à organização:

• Assegurar que os mesmos tenham competência e experiência apropriada para


execução de suas novas obrigações.

• Identificar as necessidades de treinamento referentes aos seus aspectos de RS.

• Implantar procedimentos de treinamento para os demais colaboradores da


empresa, pois esses receberão o treinamento das equipes de trabalho. Com
isso, buscamos um padrão das informações, evitando distorções e erros de
interpretação.

Veja, a seguir, o que diz a norma ABNT NBR ISO 16001:2012, na subcláusula
3.4.1, sobre competência, treinamento e conscientização das pessoas envolvidas no
processo de implementação.

A organização deve assegurar que qualquer pessoa que, para ela ou em seu
nome, realize tarefas que tenham o potencial de causar impactos identificados pela
organização, seja competente com base em formação apropriada, treinamento ou
experiência, devendo reter os registros associados.

A organização deve identificar as necessidades de treinamento associadas


com seus impactos, temas e questões da responsabilidade social e com o seu sistema
de gestão da responsabilidade social. Ela deve prover treinamento ou tomar alguma
ação para atender a essas necessidades, devendo manter os registros associados.

3.5 ESTRUTURAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DA


RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUA EFETIVA IMPLEMENTAÇÃO
A responsabilidade social é mais do que um simples conceito. É um valor
pessoal e institucional que se reflete nas atitudes da empresa, dos empresários, dos
colaboradores e parceiros.

Para a implementação de um sistema de gestão da responsabilidade social


é necessário:

• Comprometimento da alta administração.

• Manifestar esse comprometimento através de um compromisso social. Esse


compromisso equivale à missão social da empresa, definida a partir dos valores
e das ações estratégicas básicas.

216
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

• Escolha e treinamento dos representantes da administração.

• Escolha e treinamento das equipes de trabalho.

• Distribuição das responsabilidades para todos os envolvidos na estruturação e


implementação do sistema.

• Conscientização de todos os colaboradores através de treinamentos.

Posteriormente, deve ser realizada a comunicação desse compromisso


social da empresa para todas as partes interessadas.

Após divulgado o compromisso social, temos o desafio de sensibilizar e


trazer para essa causa os colaboradores da empresa.

QUADRO 15 – ROTEIRO PARA IMPLANTAR UM SISTEMA DE GESTÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

ETAPAS AÇÕES RECOMENDADAS


- Designar um representante da alta administração
Designar equipe e
para liderar os trabalhos.
coordenador para
- Iniciar treinamento interno de pessoal para SGRS.
gerenciar a implantação
- Estabelecer meios para a documentação do SGRS.
- Fazer uma avaliação da RS inicial.
- Examinar a existência de um SGRS, ou procedimentos
Fazer autoavaliação da correlatos, como, por exemplo:
organização -  Fazer uma avaliação de conformidade de toda a
legislação pertinente.
- Levantar exigências e pendências sociais.
- Redigir a política da Responsabilidade Social da
Definir a política da RS organização.
- Redigir a documentação básica do SGRS.
- Fazer um plano de implementação, por escrito,
Elaborar o plano de ação considerando: o que, onde, quando, como, responsável,
recursos humanos e financeiros necessários.
- Revisar e incorporar procedimentos (manuais)
isolados existentes.
Elaborar um manual
- Definir o fluxo de encaminhamento do Manual.
de Gestão da
- Testar a eficiência do fluxo, inclusive o acesso.
Responsabilidade Social
- Estabelecer prazos e formas de revisão.
- Submeter à aprovação da comissão coordenadora.
Elaborar instruções - Estabelecer plano emergencial para áreas de risco.
operativas - Elaborar instruções para processos operativos.
Revisão e análise - Auditoria interna. Auditoria externa.
- Fazer avaliação de pontos fortes e fracos.
- Fazer avaliação ou reavaliação de desempenho do
Plano de ação de
SGRS.
melhoria
- Preparar plano e/ou procedimentos específicos para a
melhoria contínua.
FONTE: Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/sistema_de_gestao_ambienta
l/roteiro_para_um_sistema_de_gestao_ambiental.html>. Acesso em: 10 fev. 2013.

217
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

3.6 ELEMENTOS NORMATIVOS E SUA INTERPRETAÇÃO


A empresa deve atender às leis nacionais e outras aplicáveis a outros
requisitos aos quais tenha se obrigado a esta norma. Quando as leis nacionais ou
outras aplicáveis, outros requisitos aos quais a empresa tenha se obrigado e esta
norma tratarem do mesmo tema, a disposição que for mais rigorosa se aplica.

A empresa deve também respeitar os princípios dos seguintes instrumentos


internacionais.

• Convenções OIT 29 e 105 (Trabalho forçado e trabalho escravo)

Convenção 29

Trabalho forçado (1930): dispõe sobre a eliminação do trabalho


forçado ou obrigatório em todas as suas formas. Admitem-se algumas
exceções, tais como o serviço militar, o trabalho penitenciário adequadamente
supervisionado e o trabalho obrigatório em situações de emergência, como
guerras, incêndios, terremotos etc.

Convenção 105

Abolição do trabalho forçado (1957): proíbe o uso de toda forma


de trabalho forçado ou obrigatório como meio de coerção ou de educação
política; como castigo por expressão de opiniões políticas ou ideológicas; a
mobilização de mão de obra; como medida disciplinar no trabalho, punição
por participação em greves ou como medida de discriminação.

FONTE: Disponível em: <http://www.oit.org.br/sites/all/forced_labour/oit/convencoes/convencoe


s.php>. Acesso em: 11 fev. 2013.

• Convenção OIT 87 (Liberdade de associação)

Nº 87 Convenção sobre a liberdade sindical e proteção do direito


sindical, 1948

Garante a todos os trabalhadores e empregadores o direito de, sem


autorização prévia, constituírem organizações da sua escolha e de nelas se
filiarem e estabelece um conjunto de garantias para o livre funcionamento
dessas organizações sem interferência das autoridades públicas.

FONTE: Adaptado de: <http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/html/portugal_


visita_guiada_03b_pt.htm>. Acesso em: 11 fev. 2013.

• Convenção OIT 98 (Direito de negociação coletiva)

218
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

Nº 98 Convenção sobre o direito de organização e de negociação


coletiva, 1949

Prevê a proteção contra atos de discriminação antissindical e a


proteção das organizações de trabalhadores e de empregadores contra atos
de ingerência de umas em relação às outras, bem como medidas destinadas
a promover a negociação coletiva.

FONTE: Adaptado de: <http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/html/portugal_


visita_guiada_03b_pt.htm>. Acesso em: 11 fev. 2013.

• Convenções OIT 100 e 111 (Remuneração equivalente para trabalhadores


masculinos e femininos por trabalho equivalente; discriminação)

Nº 100 Convenção relativa à igualdade de remuneração, 1951

Apela à igualdade de remuneração entre homens e mulheres por um


trabalho de igual valor.

Nº 111 Convenção sobre a discriminação (emprego e profissão), 1958

Apela à adoção de uma política nacional destinada a eliminar a


discriminação no acesso ao emprego, nas condições de formação e de
trabalho, com fundamento na raça, cor, sexo, religião, opinião política,
ascendência nacional ou origem social, bem como a promover a igualdade
de oportunidades e de tratamento em matéria de emprego e de profissão.

FONTE: Disponível em: <http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/html/portugal_


visita_guiada_03b_pt.htm>. Acesso em: 11 fev. 2013.

• Convenção OIT 135 (Convenção dos representantes dos trabalhadores)

Trata sobre proteção e facilidades a serem dispensadas a


representantes de trabalhadores na empresa.

FONTE: Disponível em: <http://www.areaseg.com/normas/convencoes/oit135.html>. Acesso em:


11 fev. 2013.

• Convenção OIT 138 e Recomendação 146 (Idade mínima e recomendação)

Nº 138 Convenção sobre a idade mínima de admissão ao emprego, 1973

Visa à abolição do trabalho infantil, estipulando que a idade mínima


de admissão ao emprego não poderá ser inferior à idade de conclusão da
escolaridade obrigatória.

FONTE: Disponível em: <http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/html/portugal_


visita_guiada_03b_pt.htm>. Acesso em: 11 fev. 2013.
219
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

• Convenção OIT 155 e Recomendação 164 (Saúde e segurança ocupacional)

Caro(a) acadêmico(a), você pode acessar a convenção OIT 155 no endereço


eletrônico: <http://www.oitbrasil.org.br/node/504> e a Recomendação 164
disponível em: <http://www.oitbrasil.org.br/node/510>.

• Convenção OIT 159 (Reabilitação vocacional e emprego/pessoas com deficiência)

Caro(a) acadêmico(a), você pode acessar a convenção OIT 159 no endereço


eletrônico: <http://www.oitbrasil.org.br/node/505>.

• Declaração Universal dos Direitos Humanos

Caro(a) acadêmico(a), você pode acessar a convenção OIT 159 no endereço


eletrônico: <http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.
htm>.

• Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança

Em 20 de novembro de 1989, as Nações Unidas adotaram por


unanimidade a Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC), documento
que enuncia um amplo conjunto de direitos fundamentais – os direitos civis
e políticos e também os direitos econômicos, sociais e culturais – de todas
as crianças, bem como as respectivas disposições para que sejam aplicados.

FONTE: Adaptado de: <http://www.unicef.pt/artigo.php?mid=18101111&m=2>. Acesso em: 11 fev. 2013.

3.7 DEFINIÇÕES
As definições descritas a seguir estão baseadas na norma SA 8000 de
Responsabilidade Social, disponível em: <http://www.cpfl.com.br/parceiros_
inovacao_tecnologica/documentos/Norma_Responsabilidade_Social_SA8000.
pdf>. Acesso em: 11 fev. 2013.

3.7.1 Empresa
Empresa é a totalidade de qualquer organização ou entidade de negócio
responsável pela implementação dos requisitos desta norma, incluindo todos
os funcionários (i.e., diretores, executivos, gerências, supervisores e demais
funcionários, quer seja diretamente empregado, contratado ou de alguma outra
forma representando a empresa).

220
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

3.7.2 Fornecedor
Uma entidade de negócio que fornece à empresa bens e/ou serviços
necessários e utilizados na/para a produção de bens e/ou serviços da empresa.

3.7.3 Subcontratado
Uma entidade de negócio na cadeia de fornecimento que, direta ou
indiretamente, oferece ao fornecedor bens e/ou serviços necessários e utilizados
na/para a produção de bens e/ou serviços do fornecedor e/ou empresa.

3.7.4 Ação de reparação


Ação tomada para reparar uma não conformidade.

3.7.5 Ação Corretiva


Ação tomada para prevenir a repetição de uma não conformidade.

3.7.6 Parte interessada


O indivíduo ou grupo interessado em/ou afetado pelo desempenho social
da empresa.

3.7.7 Criança
Qualquer pessoa com menos de quinze anos de idade, a menos que a
lei de idade mínima local estipule uma idade maior para trabalho ou educação
obrigatória, situação em que prevalece a idade maior. Se, entretanto, a lei de idade
mínima local estiver estabelecida em catorze anos de idade, de acordo com as
exceções de países emergentes sob a Convenção 138 da OIT, prevalecerá a menor
idade entre as duas condições.

3.7.8 Trabalhador jovem


Qualquer trabalhador com idade acima da idade de criança, conforme
definido acima, e abaixo de dezoito anos de idade.

221
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

3.7.9 Trabalhador infantil


Qualquer trabalho realizado por uma criança com idade menor do que
as idades especificadas na definição de criança acima, exceção feita ao que está
previsto na Recomendação 146 da OIT.

3.7.10 Trabalho forçado


Todo trabalho ou serviço que seja extraído de qualquer pessoa sob a
ameaça de qualquer penalidade para a qual essa dita pessoa não tenha se oferecido
voluntariamente.

3.7.11 Reparação de crianças


Todo o apoio e ações necessários para garantir a segurança, saúde, educação
e o desenvolvimento de crianças que tenham sido submetidas a trabalho infantil,
conforme definido acima e sejam demitidas.

NOTA

O conteúdo das definições apresentadas está disponível em: <http://www.cpfl.


com.br/parceiros_inovacao_tecnologica/documentos/Norma_Responsabilidade_Social_
SA8000.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2013.

4 REQUISITOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL


São necessários requisitos para que uma organização tenha um sistema
de gestão de responsabilidade social. Estes requisitos também estão baseados na
norma SA 8000, disponível em: <http://www.cpfl.com.br/parceiros_inovacao_
tecnologica/documentos/Norma_Responsabilidade_Social_SA8000.pdf>. Acesso
em: 11 fev. 2013.

222
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

4.1 TRABALHO INFANTIL


A empresa não deve se envolver com ou apoiar a utilização de trabalho
infantil, conforme definido acima.

A empresa deve estabelecer, documentar, manter e efetivamente


comunicar aos funcionários e a outras partes interessadas as políticas e
procedimentos para reparação de crianças que forem encontradas trabalhando
em situações que se enquadrem na definição de trabalho infantil acima, e
deve fornecer apoio adequado para possibilitar que tais crianças frequentem e
permaneçam na escola até passar a idade de criança, conforme definido acima.

A empresa deve estabelecer, documentar, manter e efetivamente


comunicar aos funcionários e a outras partes interessadas as políticas e
procedimentos para promoção da educação para crianças cobertas pela
Recomendação 146 da OIT e trabalhadores jovens que estejam sujeitos às leis
obrigatórias locais de educação ou que estejam frequentando escola, incluindo-
se meios para assegurar que tal criança ou trabalhador jovem esteja empregado
durante o horário escolar e que as horas combinadas de transporte diário (de
e para a escola e trabalho), período escolar e horário de trabalho não excedam
dez horas por dia.

A empresa não deve expor crianças ou trabalhadores jovens a situações


dentro ou fora do local de trabalho que sejam perigosas, inseguras ou insalubres.

NOTA

Conteúdo disponível em: <http://www.cpfl.com.br/parceiros_inovacao_


tecnologica/documentos/Norma_Responsabilidade_Social_SA8000.pdf>. Acesso em: 11
fev. 2013.

4.2 TRABALHO FORÇADO


A empresa não deve se envolver com ou apoiar a utilização de trabalho
forçado, nem se deve solicitar dos funcionários fazer ‘depósitos’ ou deixar
documentos de identidade quando iniciarem o trabalho com a empresa.

223
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

4.3 SAÚDE E SEGURANÇA


A empresa, tendo em mente o conhecimento corrente da indústria e
quaisquer perigos específicos, deve proporcionar um ambiente de trabalho seguro
e saudável e deve tomar as medidas adequadas para prevenir acidentes e danos
à saúde que surjam do, estejam associados com ou que ocorram no curso do
trabalho, minimizando, tanto quanto seja razoavelmente praticável, as causas de
perigos inerentes ao ambiente de trabalho.

A empresa deve nomear um representante da alta administração


responsável pela saúde e segurança de todos os funcionários e responsável pela
implementação dos elementos de Saúde e Segurança desta norma.

A empresa deve assegurar que todos os funcionários recebam treinamento


sobre saúde e segurança regular e registrado e que tal treinamento seja repetido
para os funcionários novos e para os funcionários designados para novas funções.

A empresa deve estabelecer sistemas para detectar, evitar ou reagir às


ameaças à saúde e segurança de todos os funcionários.

A empresa deve fornecer, para uso de todos os funcionários, banheiros


limpos, acesso à água potável e, se apropriado, acesso a instalações sanitárias para
armazenamento de alimentos.

A empresa deve assegurar que, caso sejam fornecidas para os funcionários,


as instalações de dormitório sejam limpas, seguras e atendam às necessidades
básicas dos funcionários.

NOTA

Conteúdo disponível em: <http://www.cpfl.com.br/parceiros_inovacao_


tecnologica/documentos/Norma_Responsabilidade_Social_SA8000.pdf>. Acesso em: 11
fev. 2013.

4.4 LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO E DIREITO À


NEGOCIAÇÃO COLETIVA
A empresa deve respeitar o direito de todos os funcionários de formarem
e associarem-se a sindicatos de trabalhadores de sua escolha e de negociar
coletivamente.

224
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

A empresa deve, naquelas situações em que o direito à liberdade de


associação e o direito de negociação coletiva forem restringidos por lei, facilitar
meios paralelos de associação livre e independente e de negociação para todos
esses funcionários.

A empresa deve assegurar que os representantes de tais funcionários


não sejam sujeitos à discriminação e que tais representantes tenham acesso aos
membros de seu sindicato no local de trabalho.

4.5 DISCRIMINAÇÃO
A empresa não deve se envolver ou apoiar a discriminação na
contratação, remuneração, acesso a treinamento, promoção, encerramento de
contrato ou aposentadoria, com base em raça, classe social, nacionalidade,
religião, deficiência, sexo, orientação sexual, associação a sindicato ou
afiliação política.

A empresa não deve interferir com o exercício dos direitos dos funcionários
em observar preceitos ou práticas, ou em atender às necessidades relativas à
raça, classe social, nacionalidade, religião, deficiência, sexo, orientação sexual,
associação a sindicato ou afiliação política.

A empresa não deve permitir comportamento, inclusive gestos, linguagem


e contato físico, que seja sexualmente coercitivo, ameaçador, abusivo ou explorativo.

4.6 PRÁTICAS DISCIPLINARES


A empresa não deve se envolver com ou apoiar a utilização de punição
corporal, mental ou coerção física e abuso verbal.

4.7 HORÁRIO DE TRABALHO

A empresa deve cumprir com as leis aplicáveis e com os padrões da


indústria sobre horário de trabalho. Em todos os casos, os funcionários não devem
ser rotineiramente solicitados a trabalhar acima de 48 horas por semana e devem
ter, pelo menos, um dia livre num período de sete dias de trabalho.

A empresa deve assegurar que o trabalho extra (mais do que 48 horas


semanais) não exceda doze horas por semana, que não seja obrigado, a não ser em
circunstâncias excepcionais e de curta duração, e seja sempre remunerado com um
valor mais alto.

225
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

4.8 REMUNERAÇÃO
A empresa deve assegurar que os salários pagos por uma semana padrão de
trabalho devem satisfazer a pelo menos os padrões mínimos da indústria e devem
sempre ser suficientes para atender às necessidades básicas dos funcionários e
proporcionar alguma renda extra.

É importante, também, à empresa, assegurar que as deduções dos salários


não sejam feitas por razões disciplinares, e deve assegurar que a composição de
salários e benefícios seja detalhada clara e regularmente para os trabalhadores;
a empresa também deve assegurar que os salários e benefícios sejam pagos em
plena conformidade com todas as leis aplicáveis e que a remuneração seja feita
ou em espécie ou em forma de cheque, de maneira que seja conveniente para os
trabalhadores.

A empresa deve assegurar que os arranjos de contrato apenas por


trabalho executado e esquemas de falso aprendizado não sejam realizados, numa
tentativa de evitar o cumprimento de suas obrigações para com os funcionários,
sob as condições legais aplicáveis e associadas às legislações e regulamentações
trabalhistas e de seguridade social.

4.9 SISTEMAS DE GESTÃO


Apresentaremos a seguir o modelo do sistema de gestão de responsabilidade
social baseado na SA 8000 e ISO 16001.

4.9.1 Política
A alta administração deve definir a política da empresa quanto à
responsabilidade social e as condições para assegurar que ela:

• inclua um comprometimento para atender a todos os requisitos desta norma;

• inclua um comprometimento para estar em conformidade com as leis nacionais


e outras leis aplicáveis, com outros requisitos aos quais a empresa subscrever e
a respeitar os instrumentos internacionais e suas interpretações;

• inclua um comprometimento com a melhoria contínua;

• seja efetivamente documentada, implementada, mantida, comunicada e seja


acessível de forma abrangente para todos os funcionários, incluindo-se diretores,
executivos, gerências, supervisores e a administração, quer seja diretamente
empregado, contratado ou de alguma forma representando a empresa;

• esteja publicamente disponível.

226
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

4.9.2 Análise crítica pela alta administração

A alta administração periodicamente deve analisar criticamente a adequação,


aplicabilidade e contínua eficácia da política da empresa, dos procedimentos e dos
resultados de desempenho, em particular em relação aos requisitos desta norma e a
outros requisitos aos quais a empresa subscrever. As alterações e melhorias de sistema
devem ser implementadas quando apropriado.

4.9.3 Representantes da empresa


A empresa deve nomear um representante da alta administração, o qual,
independentemente de outras responsabilidades, deve assegurar que os requisitos
desta norma sejam atendidos.

A empresa deve proporcionar condições para que funcionários sem


função gerencial escolham um representante de seu próprio grupo para facilitar
a comunicação com a alta administração sobre assuntos relacionados com esta
norma.

4.9.4 Planejamento e implementação


A empresa deve assegurar que os requisitos desta norma sejam entendidos
e implementados em todos os níveis da organização; os métodos devem incluir,
mas não estão limitados a:

• clara definição de papéis, responsabilidades e autoridade;

• treinamento de empregados novos e/ou temporários quando da contratação;

• treinamento periódico e programas de conscientização para os empregados


existentes;

• monitoramento contínuo das atividades e resultados para demonstrar a eficácia


dos sistemas implementados, visando atender à política da empresa e aos
requisitos desta norma.

227
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

4.9.5 Controle de fornecedores


A empresa deve estabelecer e manter procedimentos apropriados para
avaliar e selecionar os fornecedores com base em sua capacidade de atender os
requisitos desta norma.

A empresa deve manter registros apropriados do comprometimento dos


fornecedores para com a responsabilidade social, incluindo, mas não limitando-se
a, o comprometimento por escrito dos fornecedores em:

• estar em conformidade com todos os requisitos desta norma (inclusive esta


cláusula);

• participar das atividades de monitoramento da empresa, conforme solicitado;

• reparar prontamente quaisquer não conformidades identificadas contra os


requisitos desta norma;

• pronta e completamente, informar à empresa sobre qualquer e sobre todas as


relações de negócio relevantes com outro(s) fornecedor(es) e subfornecedor(es);

A empresa deve manter evidência razoável de que os requisitos desta


norma estejam sendo atendidos pelos fornecedores e subfornecedores.

4.9.6 Tratamento das preocupações e


tomando ação corretiva
A empresa deve investigar, tratar e responder às preocupações de
empregados e outras partes interessadas, com respeito a conformidades/não
conformidades frente à política da empresa e/ou frente aos requisitos desta
norma; a empresa deve evitar de repreender, dispensar ou de alguma outra forma
discriminar qualquer empregado que tenha fornecido informações relativas à
observância desta norma.

A empresa deve implementar ação de reparação e ação corretiva e alocar


os recursos necessários apropriados à natureza e severidade de qualquer não
conformidade identificada contra a política da empresa e/ou contra os requisitos
desta norma.

228
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

4.9.7 Comunicação externa


A empresa deve estabelecer e manter procedimentos para comunicar
regularmente a todas as partes interessadas dados e outras informações relativas ao
desempenho frente aos requisitos deste documento, incluindo, mas não limitando-
se aos resultados das análises críticas pela alta administração e das atividades de
monitoramento.

4.9.8 Acesso para verificação


Quando solicitado em contrato, a empresa deve oferecer informações
razoáveis e acesso às partes interessadas, as quais buscam verificar conformidade
com os requisitos desta norma; quando ademais solicitado em contrato,
informações similares e acesso devem também ser oferecidos aos fornecedores e
subfornecedores da empresa, através da incorporação de tal requisito aos contratos
de compra da empresa.

4.9.9 Registros
A empresa deve manter registros apropriados para demonstrar
conformidade com os requisitos desta norma.

Existe ainda a NBR ISO 26000:2010 que foi lançada em dezembro de 2010.
Esta norma traz as orientações relacionadas à responsabilidade social, contendo
princípios e diretrizes que devem ser seguidos pelas organizações que mantêm um
empreendimento socialmente responsável. Esta norma fornece orientações para
todos os tipos de organização, independentemente de seu porte. A ISO 26000:2010
não é uma norma certificável, sua aplicação é realizada como um guia para exercer
a responsabilidade social. (VASCONCELOS; VALENTE, [2012 ?], p. 34).

5 SISTEMAS E PROCESSOS PARA MELHORIA CONTÍNUA


DE DESEMPENHO ENERGÉTICO (NORMA ABNT NBR ISO
50001:2011 - SISTEMA DE GESTÃO DE ENERGIA)
Mais um instrumento de gestão foi criado para contribuir com as empresas
visando à sustentabilidade, assunto que foi abordado nos estudos anteriores. A
Norma ABNT NBR ISO 50001:2011, sistemas de gestão da energia - requisitos com
orientações para uso, especifica requisitos para implementação e manutenção de
um sistema de gestão da energia, com o propósito de habilitar organizações de
todos os portes a buscarem a melhoria contínua de seu desempenho energético.

Veja, a seguir, matéria publicada sobre o assunto:

229
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) lançou na última


quinta-feira (7) a norma ABNT NBR ISO 50001:2011 – Sistemas de gestão da
energia – Requisitos com orientações para uso. A publicação é uma adoção
da norma ISO 50001:2011 – Energy management systems - Requeriments with
guidance for use. Publicada no dia 15 de junho pela International Organization
for Standardization, a ISO 50001 foi muito aguardada pelo setor por propor
um impacto positivo no uso de 60% da energia no mundo.

A norma especifica requisitos para implementação e manutenção de


um sistema de gestão da energia, com o propósito de habilitar organizações
de todos os portes a buscarem a melhoria contínua de seu desempenho
energético. 

Aliada da produção, a eficiência energética reduz danos ambientais


e garante maior competitividade no mercado, por isso é questão prioritária
para organizações em todo o mundo.

Alberto Fossa, coordenador da Comissão de Estudo Especial de


Gestão e Economia de Energia (ABNT/CEE-116) e chefe da delegação
brasileira na ISO, explica os principais focos da norma. “O desempenho
está baseado em três pontos específicos: uso (aspecto qualitativo da energia,
que inclui também o comportamento humano, entre outros); quantidade
(aspecto quantitativo da energia, envolvendo o consumo e sua redução); e
eficiência energética (aspecto tecnológico e vinculado ao balanço entre os
recursos energéticos despendidos e os resultados obtidos num determinado
processo)”.

Outro objetivo é garantir disponibilidade de suprimento de energia,


aumentando a competitividade e contribuindo para reduzir o impacto
das mudanças climáticas. A melhoria contínua do desempenho energético
resultará na diminuição do consumo global de energia.

Para todas as organizações

Eduardo Lima, secretário da Comissão de Estudo da ABNT, que atua


como espelho do Comitê da ISO, informa que a norma poderá ser aplicada
por organizações de todos os tipos e tamanhos, independentemente de
condições geográficas, culturais ou sociais. O sucesso de sua implementação
dependerá, entretanto, do compromisso em todos os níveis e funções e,
especialmente, da alta direção.

A norma recomenda às organizações vários procedimentos como,


por exemplo, adoção de critérios de eficiência na compra de equipamentos,

230
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

estruturação e cuidados adicionais na operação e manutenção de


equipamentos, conscientização e treinamento sobre os aspectos vinculados
ao uso adequado da energia.

“As organizações deverão definir um padrão inicial de uso da energia


em seus processos e atividades e adotar ações de melhoria ao longo do tempo,
com foco no nível de consumo e na eficiência energética”, esclarece Lima.

A importância da norma é também destacada pelo secretário-geral


da ISO, Rob Steele: “Um melhor desempenho energético pode proporcionar
benefícios rápidos para uma organização, maximizando o uso de fontes
energéticas e reduzindo o custo e o consumo de energia. Também fará
contribuições positivas para reduzir o esgotamento dos recursos energéticos
e atenuar os efeitos do uso de energia em todo o mundo, como o aquecimento
global”.
Apoio a políticas públicas

A norma internacional deverá ser também uma aliada dos governos


nas políticas públicas destinadas a promover o uso eficiente de energia. É o
caso, no Brasil, do Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030), lançado pelo
Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética
(EPE), que estipula uma redução de 10% do consumo de energia no país até
2030 e considera a eficiência energética como um fator fundamental para
equacionamento do suprimento nos próximos anos.

Também o Plano Nacional de Eficiência Energética (Pnef), ainda


em elaboração, terá na nova norma uma ferramenta importante para
disseminação dos conceitos de eficiência energética no país, particularmente
no setor industrial.

Na opinião de Alberto Fossa, que é consultor do Procobre, a nova


norma ainda deverá estimular a indústria e consumidores a aumentarem
o uso de produtos eficientes, como os motores elétricos identificados com
o selo do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel).
“Prevemos que a maioria das empresas adotará a ABNT NBR ISO 50001 como
forma de demonstrar ao mercado seu compromisso com a sustentabilidade. A
sociedade encontra-se mais sensibilizada com o tema das alterações climáticas
e tem identificado de forma mais contundente diferenças entre empresas
responsáveis e não responsáveis”, ele conclui. As informações são da ABNT.

FONTE: Disponível em: <http://www.ciclovivo.com.br/noticia/abnt_lanca_norma_internacional_


para_gestao_da_energia>. Acesso em: 1 fev. 2013.

231
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Conforme vimos, a norma ABNT NBR ISO 50001 vem contribuir com as
empresas na economia da energia e significa a redução de custos operacionais.
Implica ainda a redução das emissões de gases do efeito estufa e a demonstração
de mais cuidados com os recursos naturais. Estas são as principais contribuições
da norma para as empresas que procuram assegurar e contribuir com o
desenvolvimento sustentável. Dessa forma, aliada a outras ações adotadas
pelas empresas, a norma pretende ser padrão que vai ajudar todos os tipos de
organizações a alcançar a melhoria contínua do seu desempenho no mundo dos
negócios.

Veja, a seguir, algumas perguntas e respostas sobre a norma:

1. Que fatores devem ser considerados para a implantação de um Sistema


Gestão da Energia (SGE) conforme a norma ISO 50001?

Os principais fatores a serem considerados para avaliar a dificuldade


de implantação de um SGE são:

• O porte energético da empresa. O melhor indicador para isso é seu consumo


total de energia.
• A quantidade de processos que envolvem grandes transformações
energéticas.
• A importância estratégica da energia para os negócios da empresa.
• O grau de adequação do SGE da empresa aos requisitos da ISO 50001 antes
da implantação do sistema de gestão.

2. Quanto tempo demora a implantar um SGE?

Esta questão está muito ligada à questão anterior.

Além da preparação dos documentos relativos ao SGE deve ser


considerado o tempo para treinamento do pessoal envolvido na gestão desse
sistema e o tempo para a implantação de sistemas para a monitoração do
desempenho energético.

3. Quais os objetivos da norma ISO 50001?

Os principais objetivos dessa norma são:

• Definir e estabelecer a política energética da empresa.


• Estabelecer uma sistemática de planejamento energético consistente com a
política energética da empresa.
• Assegurar o cumprimento das metas estabelecidas.
• Propiciar a melhoria contínua do SGE.

232
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

• Enfatizar as atividades de planejamento com relação ao uso de energia na


empresa.

4. Quais as principais vantagens de ter um SGE implantado?

As principais vantagens da implantação do SGE são:

• Aumentar a competitividade da empresa a longo prazo.


• Eliminar possíveis gargalos com relação ao suprimento e uso de energia.
• Reduzir custos relacionados ao uso da energia.

5. Quais são as principais dificuldades da implantação?

As principais dificuldades para a implantação de um sistema de gestão


energética são:

• Realizar investimentos necessários para adquirir os instrumentos


adequados para obter a capacitação desejada.
• Definir Indicadores de Desempenho Energético apropriados às necessidades
da empresa e implantar sistemática para monitoração de desempenho.
• Capacitar profissionais para a operação do SGE.

6. Quais as principais diferenças entre a ISO 9001, a ISO 14001 e a ISO


50001?

Tanto a norma ISO 14001 quanto a norma ISO 50001 foram baseadas
na ISO 9001 sob o aspecto estrutural. Assim, essas normas têm o mesmo
enfoque com relação aos requisitos sistêmicos de um Sistema de Gestão.

Com relação aos aspectos técnicos, há algumas analogias e


superposições entre a ISO 14001 e a ISO 50001, visto que as transformações
energéticas causam, também, impactos ambientais.

Por outro lado, o papel dos requisitos legais é muito mais importante
num sistema de gestão ambiental do que num sistema de gestão energética.

FONTE: Disponível em: <http://www.fdte.org.br/index.php/qualidade/duvidas-de-consultoria/110>.


Acesso em: 1 fev. 2013.

Veja também, a seguir, outros artigos com perguntas e respostas sobre a


implantação da norma.

233
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

O que deve ser levado em consideração antes de se implantar um sistema


de gestão energético com base na ISO 50001?

Antes de estabelecer um sistema de gestão energético será necessário


levantar dados históricos sobre seu uso e consumo de energia de forma que
seja possível determinar sua(s) linha(s) de base energética(s).
 
Sem essa informação, não será possível atender aos requisitos da
seção de planejamento de energia da norma ISO 50001.
 
Algumas linhas de base energética podem ser obtidas facilmente
através do site de seus fornecedores, como sobre a eletricidade para aqueles
que possuam medidores automáticos de consumo. Onde tais medidores
se encontrem instalados, leituras automáticas de consumo também se
encontram geralmente disponíveis, e grandes organizações têm instalado
esses dispositivos visando a atender os requisitos de seus Compromissos de
Redução de Carbono (CRC). Para outras fontes energéticas, os dados podem
ser registrados usando leitura visual de consumo da eletricidade e do gás,
geralmente semanais ou mensais, dependendo da quantidade usada. O uso
de contas dos fornecedores de serviços públicos, entretanto, pode causar
problemas na coleta de dados em função da prática de leituras estimadas e
também da variação na quantidade de dias cobertos entre cada leitura.
 
Linhas de base também podem ser estabelecidas para outras formas
de energia utilizando-se notas fiscais de fornecedores ou cartões de dados
de combustível, caso sua organização utilize esse recurso para medir seu
consumo do diesel, por exemplo.
 
Além disso, a norma ISO 50001 também requer que sua organização
se assegure de que qualquer pessoa trabalhando para ela com o uso de
energia (incluindo empregados, terceirizados e subcontratados) tenha
a competência necessária adquirida através de educação apropriada,
treinamentos, capacitação ou experiência.
 
Por que considerar certificar-se pela ISO 50001 uma vez que já existe a ISO
14001?

Embora a energia seja geralmente tratada como um aspecto ambiental


na maioria dos sistemas de gestão do meio ambiente das organizações, não
há uma ênfase particular para ela na ISO 14001, onde é geralmente tratada
de forma superficial enquanto as empresas se concentram em aspectos
ambientais mais óbvios, como os químicos e os descartes.

234
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

  Implantar um sistema certificado para a gestão energética com


base na norma ISO 50001 inclui a necessidade de estabelecer sua(s) linha(s)
de base energética(s) do uso de energia e indicadores de desempenho em
energia, além da determinação de objetivos e metas como os que existem nos
sistemas de gestão ambientais. Há, ainda, cláusulas específicas relacionadas
ao projeto (cobrindo instalações, linhas de produção etc.) e à aquisição, que
incluem a especificação de requisitos para a obtenção de energia.
 
Ao considerar ativamente as especificações energéticas, as
organizações são encorajadas a levar em consideração não apenas de onde
vem a energia que estão consumindo, e quaisquer impactos ou riscos
associados a isso, mas também de onde a energia poderia vir, como fontes
renováveis ou próprias.
 
Embora as empresas geralmente reconheçam que a energia é uma
despesa significativa e uma área onde melhorias poderiam ser feitas, ela é
geralmente negligenciada nas decisões para aquisições e de projeto.
 
Dessa forma, oportunidades constantes para melhorar a eficiência
energética e promover a redução de custos são constantemente perdidas.
A norma ISO 50001 destaca especificamente essas áreas, de forma que o
seu sistema de gestão da energia assegure que tais oportunidades sejam
investigadas e as melhorias realizadas.

 FONTE: Disponível em: <http://www.lrqa.com.br/noticias/artigos_view.asp?id=37>. Acesso em: 1


fev.2013.

Vimos a importância da norma para as empresas e respectivamente o efeito


sobre a sustentabilidade. Mas, como funciona a aplicação da norma?

A norma baseia-se na metodologia “Plan-Do-Check-Act”, adotado também


por outras normas ISO conforme estudamos na Unidade 1, porém essa norma foca
o processo de contínua melhoria do sistema de gestão da energia.

O ciclo inicia pela definição de uma política energética, de um planejamento


(PLANEJAR), e em seguida um conjunto de ações planejadas são executadas
(EXECUTAR), checa-se se o que foi feito estava de acordo com o planejado
(CHECAR), constantemente e repetidamente, analisam-se os resultados, tomando
as ações pertinentes. (CORRIGIR).

É importante destacar, assim como outras normas ISO, que a norma ABNT
NBR ISO 50001 possui cláusulas específicas para aplicação e não fixa metas para
melhorar o desempenho energético, porém os resultados da melhoria da eficiência
energética precisam ser comprovados.

235
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Veja, a seguir, algumas das principais cláusulas da norma:

Por: André Ramos, Gestor de Produto da APCER


Maria Segurado, Gestora de Comunicação da APCER

Cláusula 3 – Termos e definições: que incluem definições para


energia, consumo de energia, eficiência energética, desempenho energético,
entre outros.

Cláusula 4.1 – Requisitos gerais: que requerem que a organização


defina e documente o âmbito e limites do seu SGE, de modo a atingir a
melhoria contínua do seu desempenho energético.

Cláusula 4.2 – Responsabilidade da gestão: na definição da


política energética, nomeação de um representante da gestão, aprovação da
formação de uma equipe de gestão de energia e disponibilizando os recursos
necessários ao estabelecimento, implementação, manutenção e melhoria do
SGE.

Cláusula 4.3 – Política energética: a política deve declarar o


compromisso da organização para atingir a melhoria do desempenho
energético.

Cláusula 4.4 – Planejamento energético: esta cláusula inclui


requisitos para a revisão das atividades da organização que possam afetar
o desempenho energético, para uma análise de requisitos legais, para a
revisão dos aspectos energéticos, para o estabelecimento de uma “base
energética” fundamentada no passado energético, para o desenvolvimento
de indicadores, objetivos e metas de desempenho energético e planos de
ação para o cumprimento dos mesmos.

Cláusula 4.5 – Implementação e operação: esta cláusula visa à


necessidade de pessoal competente, em termos de habilitação, formação
ou experiência adequada; documentação, incluindo controle documental;
comunicação interna e externa; desenvolvimento de processos, sistemas,
equipamentos e/ou infraestruturas novos, modificados ou renovados; e a
procura de serviços de energia, produtos, equipamentos e fornecimento de
energia.

Cláusula 4.6 – Verificação: esta cláusula requer que a organização


defina as monitorizações, medições e análises necessárias para assegurar
a implementação efetiva do seu SGE, para avaliar periodicamente o
nível de conformidade legal, realizar auditorias internas, identificar não
conformidades e implementar as correções, ações corretivas e preventivas
necessárias.

236
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

Cláusula 4.7 – Revisão pela gestão: à semelhança de outros sistemas


de gestão, esta cláusula requer que a organização reveja periodicamente o
desempenho do seu SGE, tendo em conta critérios de entrada claramente
definidos, e de modo a estabelecer e implementar ações que possam ser
necessárias para assegurar a sua eficácia contínua.

Anexo A: tal como já acontece em diversas normas ISO,


a ISO 50001 inclui um anexo informativo com orientações para a
implementação de cada requisito definido na seção 4 da norma.

Anexo B: neste anexo é apresentada uma tabela de comparação dos


requisitos da ISO 50001:2011 com as normas ISO 9001:2008, ISO 14001:2004
e ISO 22000:2005.

Uma vez que a ISO 50001 foi baseada na “Estrutura comum de


sistema de gestão”, esta norma tem um elevado nível de compatibilidade
com a ISO 9001 e ISO 14001, permitindo a integração com estes ou outros
sistemas de gestão existentes.

De acordo com a estrutura da ISO 50001 apresentada, verifica-se


que a norma integra medições e dados de desempenho energético com
a estrutura do sistema de gestão, conduzindo não só a uma gestão eficaz
dos processos, como também a uma utilização cuidadosa da energia e ao
aumento da eficiência energética.

FONTE: Disponível em: <http://www.dashofer.pt/qualidade/artigos/a_nova_norma_iso_50001_


sistemas_de_gestao_de_energia>. Acesso em: 2 fev. 2013.

Como vimos, a norma apresenta cláusulas a serem seguidas no processo


de implantação e requer um planejamento e nomeação de um representante para
fazer a gestão, incluindo aprovação da formação de uma equipe de gestão de
energia, bem como a disponibilização de recursos necessários ao estabelecimento,
implementação, manutenção e melhoria do SGE.

Importante ressaltar que a certificação ocorre através de um organismo


de certificação acreditado por órgãos de acreditação oficiais, portanto, quando
se buscar a certificação, deve-se ter o cuidado de verificar quais órgãos estão
acreditados para certificar a empresa com base na norma ABNT NBR ISO 50001.

237
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

UNI

Caro(a) acadêmico(a), você pode acessar o manual de implantação da IRQA


no site: <http://www.lrqa.com.br/noticias/LRQA_Practical_Guidance_ISO%2050001_FIN_LR_
singles_02-27-12_small.pdf>. Pode ainda comprar a norma no site da ABNT, disponível em:
<http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=087286>.

6 GESTÃO DE RISCOS, PRINCÍPIOS E DIRETRIZES - ABNT NBR


ISO 31000
Não existem organizações sem riscos, que necessitam ser gerenciados
através de um sistema de gestão de riscos, objeto de estudo neste tópico. Mas, o
que é um risco?

A NBR ISO 31000 (2009, p. 1) define risco como efeito de incerteza


nos objetivos.

NOTA 1 Um efeito é um desvio em relação ao esperado – positivo e/


ou negativo.

NOTA 2 Os objetivos podem ter diferentes aspectos (tais como


metas financeiras, de saúde, segurança e ambientais) e podem aplicar-se em
diferentes níveis (tais como estratégico, em toda a organização, de projeto,
de produto e de processo).

NOTA 3 O risco é muitas vezes caracterizado pela referência aos


eventos potenciais e às consequências, ou a uma combinação destes.

NOTA 4 O risco é muitas vezes expresso em termos de uma combinação


de consequências de um evento (incluindo mudanças nas circunstâncias) e a
probabilidade de ocorrência associada.

NOTA 5 A incerteza é o estado, mesmo que parcial, da deficiência das


informações relacionadas a um evento, sua compreensão, seu conhecimento,
sua consequência ou sua probabilidade.

E o que é gestão de riscos?

A NBR ISO 31000 (2009, p. 2) define gestão de riscos como atividades


coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que se refere a riscos.

238
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

A norma em estudo propôs princípios e diretrizes para uma gestão de


riscos eficaz. Essa gestão de risco pode ser aplicada a toda uma organização, em
suas várias áreas e níveis, a qualquer momento, bem como a funções, atividades e
projetos específicos. (NBR ISO 31000:2009).

Quando implementada e mantida de acordo com a norma, a gestão dos


riscos possibilita a uma organização, por exemplo:

• aumentar a probabilidade de atingir os objetivos;

• encorajar uma gestão proativa; estar atento para a necessidade de identificar e


tratar os riscos através de toda a organização;

• melhorar a identificação de oportunidades e ameaças;

• atender às normas internacionais e requisitos legais e regulatórios pertinentes;

• melhorar o reporte das informações financeiras;

• melhorar a governança;

• melhorar a confiança das partes interessadas;

• estabelecer uma base confiável para a tomada de decisão e o planejamento;

• melhorar os controles;

• alocar e utilizar eficazmente os recursos para o tratamento de riscos;

• melhorar a eficácia e a eficiência operacional;

• melhorar o desempenho em saúde e segurança, bem como a proteção do meio


ambiente;

• melhorar a prevenção de perdas e a gestão de incidentes;

• minimizar perdas;

• melhorar a aprendizagem organizacional; e

• aumentar a resiliência da organização.

FONTE: NBR ISO 31000 (2009, p. V-VI)

Como todos os sistemas de gestão, segundo a NBR ISO 31000 (2009, p. 7-8),
para a gestão de risco ser eficaz, convém que uma organização, em todos os níveis,
atenda aos princípios descritos a seguir:

239
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Princípios da Gestão de Risco - Requisito 3

Para a gestão de riscos ser eficaz, convém que uma organização, em


todos os níveis, atenda aos princípios abaixo descritos.

a) A gestão de riscos cria e protege valor.

A gestão de riscos contribui para a realização demonstrável dos


objetivos e para a melhoria do desempenho referente, por exemplo, à
segurança e saúde das pessoas, à segurança, à conformidade legal e
regulatória, à aceitação pública, à proteção do meio ambiente, à qualidade
do produto, ao gerenciamento de projetos, à eficiência nas operações, à
governança e à reputação.

b) A gestão de riscos é parte integrante de todos os processos


organizacionais.

A gestão de riscos não é uma atividade autônoma separada das


principais atividades e processos da organização. A gestão de riscos faz
parte das responsabilidades da administração e é parte integrante de todos
os processos organizacionais, incluindo o planejamento estratégico e todos
os processos de gestão de projetos e gestão de mudanças.

c) A gestão de riscos é parte da tomada de decisões.

A gestão de riscos auxilia os tomadores de decisão a fazer escolhas


conscientes, priorizar ações e distinguir entre formas alternativas de ação.

d) A gestão de riscos aborda explicitamente a incerteza.

A gestão de riscos explicitamente leva em consideração a incerteza, a


natureza dessa incerteza, e como ela pode ser tratada.

e) A gestão de riscos é sistemática, estruturada e oportuna.

Uma abordagem sistemática, oportuna e estruturada para a gestão


de riscos contribui para a eficiência e para os resultados consistentes,
comparáveis e confiáveis.

f) A gestão de riscos baseia-se nas melhores informações disponíveis.

As entradas para o processo de gerenciar riscos são baseadas em fontes


de informação, tais como dados históricos, experiências, retroalimentação
das partes interessadas, observações, previsões e opiniões de especialistas.
Entretanto, convém que os tomadores de decisão se informem e levem em

240
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

consideração quaisquer limitações dos dados ou modelagem utilizados, ou a


possibilidade de divergências entre especialistas.

g) A gestão de riscos é feita sob medida.

A gestão de riscos está alinhada com o contexto interno e externo da


organização e com o perfil do risco.

h) A gestão de riscos considera fatores humanos e culturais.

A gestão de riscos reconhece as capacidades, percepções e intenções


do pessoal interno e externo que podem facilitar ou dificultar a realização
dos objetivos da organização.

i) A gestão de riscos é transparente e inclusiva.

O envolvimento apropriado e oportuno de partes interessadas e,


em particular, dos tomadores de decisão em todos os níveis da organização
assegura que a gestão de riscos permaneça pertinente e atualizada.
O envolvimento também permite que as partes interessadas sejam
devidamente representadas e terem suas opiniões levadas em consideração
na determinação dos critérios de risco.
j) A gestão de riscos é dinâmica, iterativa e capaz de reagir a
mudanças.

A gestão de riscos continuamente percebe e reage às mudanças.


Na medida em que acontecem eventos externos e internos, o contexto e o
conhecimento modificam-se, o monitoramento e a análise crítica de riscos são
realizados, novos riscos surgem, alguns se modificam e outros desaparecem.

k) A gestão de riscos facilita a melhoria contínua da organização.

Convém que as organizações desenvolvam e implementem estratégias


para melhorar a sua maturidade na gestão de riscos juntamente com todos os
demais aspectos da sua organização.

A partir dos princípios descritos, qualquer organização poderá implantar


um sistema de gestão de riscos, pois, quando uma organização tem uma base
sólida, conseguirá atingir os objetivos propostos.

Mas, como é estruturada a ABNT NBR ISO 31000:2009, veja a seguir, a


representação dos componentes necessários para gerenciar os riscos conforme
mostra a figura a seguir.

241
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

FIGURA 15 – COMPONENTES PARA GERENCIAR RISCOS

FONTE: NBR ISO 31000 (2009, p. 9)

A estrutura apresentada não pretende prescrever um sistema de gestão,


mas antes auxiliar a organização a integrar a gestão de riscos em seu sistema de
gestão global. Portanto, convém que as organizações adaptem os componentes da
estrutura a suas necessidades específicas. (NBR ISO 31000, 2009, p. 9).

Cabe ainda à empresa, que deseja implantar um sistema de gestão de


riscos com base na ABNT NBR ISO 31000:2009, avaliar suas práticas e processos
de gestão existentes, verificando se estes estão de acordo com esta norma, fazendo
adequações e buscando a conformidade com a norma pretendida.

242
TÓPICO 3 | MODELOS DE GESTÃO

UNI

Caro(a) acadêmico(a), estudamos apenas parte dos princípios, diretrizes e


conceitos básicos contidos na norma, visando demonstrar uma visão geral do assunto.
Importante, para aprofundar os conhecimentos, fazer um estudo completo da norma, das
certificadoras e empresas certificadas (ou em processo de certificação).

LEITURA COMPLEMENTAR

RELAÇÕES PÚBLICAS E A POLÍTICA AMBIENTAL DAS EMPRESAS

Dra. Maria José da Costa Oliveira

Configurando-se como uma megatendência contemporânea, que inclui


valores éticos e de compromisso social, a questão ambiental poderia ser abordada
por diversos ângulos, porque muitas são as vertentes que devem se cruzar para
promover uma consciência coletiva voltada para a preservação da natureza, em
que se torna imprescindível a ação dos vários segmentos sociais.

Aqui, optamos por destacar o papel das empresas no tratamento das questões
ambientais, porque é evidente que parte dos impactos causados ao meio ambiente
é de sua responsabilidade. Além disso, por serem constituídas principalmente por
pessoas, seja como agentes produtores, seja como agentes consumidores e serem
integrantes de uma  ou mais comunidades, também usufruem da  qualidade de vida
ou dos efeitos nocivos à natureza, que elas próprias podem ajudar a proporcionar.

Muitas empresas estão em busca do aprimoramento de sua atuação e, para


tanto, trocam experiências, estudam alternativas, unindo esforços, dentro de uma
perspectiva que exige ação efetiva de todos os entes envolvidos com a questão
ambiental.

A empresa, nesse sentido, não pode ser vista como vilã ou heroína. Seu
significado é muito mais amplo, pois, também como ser social, precisa buscar
a resolução de seus problemas, inclusive os de ordem ambiental, para ganhar
credibilidade.

Por outro lado, há empresas que não se empenham e não têm boa vontade
para buscar soluções que resolvam ou amenizem seus  impactos ambientais; mas,
felizmente,  é possível  identificar, em certas organizações, uma mentalidade que  já
vê a questão ambiental não mais como modismo, mas como quesito indispensável
para que se mantenha num mercado cada vez mais aberto, competitivo e exigente,
onde o compromisso social e a ética são itens levados em consideração.

243
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Com toda essa perspectiva parece-nos natural que a área de Comunicação


e, em especial a de Relações Públicas, esteja familiarizada com todo o processo,
conjugando esforços com as outras áreas da empresa, para que sejam implementadas
ações de divulgação e de conscientização junto aos públicos internos e externos, pois
agindo assim, além de ser possível colaborar para a própria educação ambiental,
que vem sendo destacada como o caminho que permitirá o  reposicionamento de
todos os setores da sociedade frente ao meio ambiente, também propiciará maior
interação e participação da comunidade para com a empresa e vice-versa.

Já podemos identificar que a questão ambiental vem sendo cada vez mais
enfatizada pelas empresas. Prova disso está no número crescente de organizações
que vêm estruturando internamente a  área de meio ambiente.

Mesmo com essa perspectiva favorável, percebe-se, todavia, a grande


ausência de atuação de profissionais de Relações Públicas e/ou Comunicação
nesse contexto. Esta ausência talvez possa ser atribuída à falta de informação que
as empresas têm sobre a importância da área de Comunicação e, em especial, de
Relações Públicas, não só na divulgação, mas principalmente na formulação de
uma política ambiental que envolva os públicos e que busque o comprometimento
e a conscientização de todos.

Há sempre um hiato na política de meio ambiente, quando não se realiza um


trabalho sistemático de comunicação, que aproxime e envolva os públicos ligados
à empresa, quer sejam seus funcionários, quer os fornecedores, os acionistas, os
consumidores, a comunidade, a imprensa.

Este é, portanto, um papel que a área de Relações Públicas pode


desempenhar,  desde que seus profissionais acompanhem as tendências dos novos
tempos, reconhecendo na política de meio ambiente a possibilidade de estabelecer
e manter um conceito de responsabilidade e credibilidade para a organização,
orientada para  a necessidade de uma conduta que atenda ao interesse público.

FONTE: OLIVEIRA, Maria José da Costa. Relações públicas e a política ambiental das empresas.
Disponível em: <http://www.metrocamp.com.br/secao.php?codigo=719>. Acesso em: 18 nov. 2008.

244
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você estudou os seguintes conteúdos


referentes à administração ambiental:

• Abordamos de forma intensiva os modelos de gestão ambiental (SGA) e da


responsabilidade social (SGRS), sistemas e processos para melhoria contínua
de desempenho energético/sistema de gestão de energia, gestão de riscos,
princípios e diretrizes que podemos adotar nas organizações empresariais.

• Esses sistemas podem ser elaboradores de acordo com normas técnicas


preexistentes, tais como ISO 14.001:2004, ISO 14.004:2004, BS 7750, SA 8000:1997,
ISO 16.001:2012, NBR ISO 26000:2010, norma ABNT NBR ISO 50001:2011, ABNT
NBR ISO 31000.

• Entretanto, é importante enfatizar que uma norma de certificação é somente um


guia para implantação. Essas mesmas normas são genéricas e abstratas. Cada
empresa, então, é que adaptará a norma à sua organização e vice-versa.

• Mesmo assim, não podemos desprezar a importância das normas citadas, pois
elas têm um papel fundamental, orientando a elaboração, implantação, controle
de documentos e gerenciamento operacional de qualquer sistema de gestão.

245
AUTOATIVIDADE

Ao término desse tópico, realize uma análise do conteúdo, detalhando


os principais pontos no seu entendimento para implantação de um SGA e um
SGRS.

UNI

Sites de pesquisa

COSTA, Wellington Soares da. Responsabilidade social e ética nos negócios: pilares da empresa
cidadã. Disponível em:
<www.fafibe.br/revistaonline/arquivos/wellington_responsabilidade_social_etica_nos_
negocios.pdf>. Acesso em: 4 ago. 2007.

GALINSKY, Adam. A ética conduz à excelência nos negócios. Disponível em:


<www.sun.com/emrkt/boardroom/newsletter/brazil/0907expertinsight.html>. Acesso em: 5
jul. 2008.

An inconvient truth. Disponível em: www.climatecrisis.net. Acesso em: 3 jul. 2008.

PALADINI, Edson Pacheco (UFSC); VIANNA, William Barbosa (UFSC). Uma análise do viés (não)
estratégico da gestão ambiental. Disponível em:
<www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2007_tr680488_0461.pdf>. Acesso em: 7 out. 2007.

Sistema de gestão ambiental. Disponível em: www.ambientalbrasil.com.br.. Acesso em: 1 jul.


2008.

<www.bsr.com>. Acesso em: 2 jul. 2008.

<www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-poluicao-ambiental/poluicao-
ambiental.php>. Acesso em: 15 jul. 2008.

<www.geocities.com>. Acesso em: 5 jul. 2008.

246
UNIDADE 3
TÓPICO 4

INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS DE
GESTÃO

1 INTRODUÇÃO
Vimos no Tópico 3, desta unidade, alguns modelos de gestão que podem
ser integrados, e a integração de sistemas de gestão tem sido uma estratégia
adotada por muitas organizações, especialmente no que se refere ao sistema da
qualidade (NBR ISO 9001), gestão ambiental (NBR ISO 14001), gestão de saúde
e segurança (OSHAS 18001) e responsabilidade social (NBR 16001) e outros mais
recentes estudados anteriormente, como: Norma (NBR ISO 31000:2009) e Norma
(ABNT NBR ISO 50001:2011).

A integração destes diferentes sistemas visa otimizar custos com recursos
destinados para sistemas de gestão que podem ser integrados. Desta forma,
pessoas e recursos podem ser utilizados para atender de forma integrada a cada
um dos sistemas em um mesmo processo. Vamos, a seguir, estudar um pouco mais
sobre a integração de modelos de sistemas de gestão.

2 MODELOS DE SISTEMAS DE GESTÃO INTEGRADOS


Os modelos de sistemas de gestão (SGs), sejam eles da qualidade (ISO
9001:2008), meio ambiente (ISO 14001:2004), saúde e segurança do trabalho
(OHSAS 18001:2007), responsabilidade social (16001:2012), gestão de riscos (ISO
31000:2009) e outros, têm como base o PDCA e cada um segue as diretrizes das
suas respectivas normas.

Todas estas normas com base no PDCA possuem outras similaridades


que facilitam a integração destes sistemas, isto porque vêm sendo trabalhadas por
meio de revisões e novas edições para esta finalidade, no sentido de facilitar a sua
implementação.

As próprias normas ISO apresentam um quadro de correspondência entre


seus requisitos. O objetivo dessa comparação é demonstrar que ambos os sistemas
podem ser utilizados conjuntamente por organizações que já estejam operando
uma dessas normas e desejem integrar ambas.

247
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

A seguir, vamos estudar a implementação de um Sistema de Gestão


Integrado.

3 IMPLEMENTAR INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO


Vimos anteriormente os modelos que podem ser integrados e similaridades
de cada um dos sistemas, agora vamos ver a parte prática do processo, considerando
que na implementação ocorre a maior parte dos trabalhos para integração, exigindo
das empresas recursos humanos e materiais, bem como o comprometimento e
responsabilidade de todos.

Para a implementação de um sistema de gestão integrado, Labodová (2003


apud VASCONCELOS; VALENTE, [2012?]) propõe duas formas:

1 implementação sequencial de sistemas individuais (passo a passo)


– qualidade, meio ambiente, saúde/segurança, responsabilidade social são
implantados sequencialmente, formando o SGI;

2 implementação de um sistema único.

Um sistema que abrange todas as áreas. Para essa segunda forma de


implementação, a metodologia está baseada nas teorias da análise de risco cujo
significado pode ser usado como um fator integrador de risco para o meio ambiente,
para a saúde dos empregados e população ao redor e risco de perdas econômicas
decorrentes de problemas no produto.

Na primeira metodologia, cada norma é implementada separadamente,


mas buscando suas relações conectivas. A segunda metodologia busca um sistema
unificado onde todos os elementos dos sistemas de gestão são comuns, ou seja, há
apenas um conjunto de documentos, uma política, um representante principal da
administração, um sistema de gestão de registros e de treinamentos, um sistema
de controle de documentos e dados; um programa de auditoria interna; um plano
de reação às não conformidades específicas; um programa de ações corretivas
e preventivas e assim por diante. É muito mais simples obter a cooperação dos
funcionários para um único sistema do que para dois ou mais sistemas separados.
A sinergia gerada pelo SGI é capaz de atingir melhores níveis de desempenho em
uma empresa, representando um custo global muito menor.

As empresas de grande porte, atualmente, são as que mais optam pelo


sistema de gestão integrado (SGI), contudo se acredita que a aplicação dos conceitos
de SGI em empresas de porte médio e pequeno pode representar uma relevante
oportunidade de desenvolvimento, objetivando sua permanência e crescimento no
mercado.

248
TÓPICO 4 | INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO

Na verdade, não há uma certificação específica para SGI. Para a certificação,


as empresas necessitam seguir todos os requisitos das normas, tais como: ISO 9001
– Qualidade, ISO 14001 – Meio Ambiente, OHSAS 18001 – Saúde e Segurança no
Trabalho e NBR 16001 – Responsabilidade Social. Para estar em conformidade com
elas, a implementação das diferentes normas é feita simultaneamente e de forma
integrada, mas a organização não terá a certificação do SGI propriamente dito.
(LABODOVÁ, 2003 apud VASCONCELOS; VALENTE, [2012 ?], p. 39).

4 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DE INTEGRAÇÃO DE


SISTEMAS
Como em todo processo de mudança, surgem os aspectos positivos e
negativos que devem ser administrados. As maiores dificuldades são: conscientizar
as pessoas sobre a importância das mudanças e mudar as culturas enraizadas nas
organizações, que têm aversão a mudanças.

Segundo Vasconcelos e Valente ([2012?]), os benefícios do sistema de gestão


integrado são:

• diferencial competitivo devido à qualidade em produtos e serviços;


• melhoria organizacional e o alcance de objetivos e metas da empresa;
• transparência dos processos internos;
• satisfação das partes interessadas e fortalecimento da imagem da empresa e a
melhor participação no mercado;
• atuação proativa, evitando-se danos ambientais e acidentes no trabalho, trazendo
economia de tempo e custos;
• maior controle dos riscos com acidentes ambientais; redução e controle de custos
ambientais, através da conservação de recursos e energia;
• maior capacitação e educação dos empregados;
• redução do tempo e de investimentos em auditorias internas e externas;
• segurança legal contra processos e responsabilidades.

Como em todo processo de mudança e integração, é importante que cada


colaborador aceite e pratique a nova forma de gestão.

É possível encontrar dificuldades para implementar o SGI. A seguir, vamos


identificar algumas delas:

• obter um gestor comprometido com a integração. O gestor deve estar sempre


atento aos custos e tentar desenvolver uma maneira de reduzi-los;
• não passar as responsabilidades apenas para os gerentes, para não sobrecarregar
uma pessoa;
• comunicação com toda a organização;
• envolver as pessoas no sistema de gestão e mostrar que a responsabilidade é de
todos;

249
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

• estabelecer objetivos reais;


• assegurar que toda equipe tenha envolvimento no processo e que poderá afetá-
lo;
• explicar as responsabilidades de cada um e como suas sugestões podem fazer a
diferença;
• garantir que, em qualquer decisão que venha a ser tomada, sejam levados em
consideração os sistemas de gestão envolvidos e o impacto sobre os mesmos.

Estudamos apenas o básico sobre sistemas de gestão integrados, visando


demonstrar uma visão geral de SGI. É preciso ter consciência da importância da
integração para a empresa, porém não podemos esquecer que todo o processo
de integração exige comprometimento, responsabilidade, recursos e profissionais
competentes com conhecimento e habilidades em implementação de sistemas de
gestão.

Muitas empresas têm adotado, nos processos iniciais de implantação de


sistemas ou integração, a contratação de empresas de consultoria consagradas
para este tipo de trabalho. Outras definem contratar profissionais com experiência
para coordenar o processo. Ainda outras capacitam seus próprios funcionários
para gerenciar a implantação. Dessa forma, cabe a cada empresa avaliar suas
particularidades e fazer a melhor escolha, dentro de sua realidade. Importante:
na hora de escolher profissionais ou empresas para conduzir o processo é preciso
muito cuidado, pois, uma vez iniciado o processo de integração e havendo
problemas, pode-se incorrer em retrabalho, custos e muitas vezes descrédito dos
funcionários da empresa. Portanto, a empresa deve avaliar sempre a relação custo
x benefício na hora de definir quem vai gerenciar a implantação.

LEITURA COMPLEMENTAR

Por Emanuel Edwan de Lima

Se fôssemos utilizar a biologia para estudar as organizações, o elemento


com o qual poderíamos compará-las seria uma célula, pois a mesma é composta
de vários elementos, cada um com sua função específica, porém trabalhando de
maneira conjunta e integrada, formando um sistema. Da mesma forma podemos
visualizar uma empresa como um conjunto complexo de processos, nos quais
são processados serviços, recursos e informações e onde a ação ocorrida em cada
departamento afeta os demais, e este também é afetado pelo desempenho dos
outros. Assim os gestores se veem obrigados a adotar uma abordagem sistêmica
para a gestão.

Esta abordagem sistêmica implica uma postura voltada para a utilização,


por exemplo, de métodos científicos para a administração, a formação de equipes
multidisciplinares, descentralização das decisões, maior autonomia para a força
de trabalho e utilização da informação e do conhecimento como recurso chave.
Os desafios atuais, principalmente o da sobrevivência no longo prazo, têm levado

250
TÓPICO 4 | INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO

as empresas a integrar seus sistemas de informações gerenciais e fazer com que a


informação flua por todos os setores e atividades, desde o marketing à manufatura,
recursos humanos e contabilidade. Esta integração direciona a empresa a adotar
processos cada vez mais genéricos, buscando solucionar problemas relacionados à
perda e fragmentação de informações dentro da mesma.

Na busca por maior competitividade as empresas passaram a investir na


implantação de sistemas de gestão, inicialmente a atenção foi voltada para seus
processos principais de negócios e para seus produtos, por meio dos sistemas
de gestão da qualidade. Posteriormente as atenções voltaram-se também para
a preocupação ambiental, com os sistemas de gestão ambiental. Finalmente a
preocupação com aspectos relacionados à saúde e segurança, presentes nos
sistemas anteriores, ganharam destaque sob a forma de um sistema próprio de
saúde e segurança.

Como todos estes sistemas propõem uma abordagem sistêmica, não faz
muito sentido mantê-los de forma isolada, com procedimentos próprios de cada
um e até mesmo com documentações repetidas de modo a atendê-los de maneira
separada, sem falar dos custos de manutenção e certificação dos mesmos. A
integração dos sistemas de gestão surge com uma oportunidade de reduzir custos e
de sinergia, pois a empresa não tem nenhuma vantagem ao manter procedimentos
com similaridade entre si para processos como treinamento, auditorias, análise
crítica, entre outros, comuns a todos.

Esta abordagem traz diversas vantagens para a organização, pois coloca nas
operações diárias da empresa, além da preocupação com volumes de produção,
qualidade de produtos e eficiência, questões relacionadas ao seu desempenho
ambiental, a preocupação com a destinação correta de seus resíduos e a atenção
com aspectos de saúde e segurança de sua força de trabalho. Estes sistemas
passam então a trabalhar de forma coordenada, sem que cada uma perca seu foco
específico, levando a uma abordagem holística da gestão.

Assim, um sistema integrado de gestão – SGI – capacita os gestores a


terem uma visão sistêmica, buscando atender às diversas necessidades das partes
interessadas e às funções primordiais da empresa. Do mesmo modo as pessoas da
força de trabalho são capacitadas para trabalhar de forma multidisciplinar, e com
a utilização de equipes com maior autonomia.

A adoção do SGI por parte das empresas tem tomado corpo nos últimos
anos, principalmente pelos ganhos de escala que este tipo de abordagem
proporciona, pelo maior envolvimento e desenvolvimento de competências que
a implantação deste sistema requer e, principalmente, por mostrar uma nova
postura da organização frente aos desafios atuais e à busca da melhoria contínua.

A avaliação do SGI, por meio de suas auditorias e de seus indicadores de


desempenho, contribui para que a organização caminhe em busca da avaliação
de seu desempenho global, pois as perspectivas proporcionadas por cada sistema
isoladamente, quando vistos de forma integrada, contribuem para que haja
251
UNIDADE 3 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL

sinergia, levando a empresa a identificar seus pontos fortes e suas oportunidades


de melhoria, buscando aumentar sua competitividade. Desta forma o desempenho
da qualidade é complementado pelo desempenho ambiental e pelo de saúde e
segurança.

Longe de ser um modismo, a adoção de sistemas integrados de gestão


proporciona à empresa um ferramental para a melhoria contínua, para a abordagem
sistêmica da gestão e traça um caminho em busca da excelência organizacional.
FONTE: Disponível em: <http://ogerente.com.br/novo/colunas_ler.php?canal=10&canallocal=31&c
analsub2=101&id=1273>. Acesso em: 23 fev. 2013.

252
RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico, você estudou os seguintes conteúdos:

• A integração de sistemas de gestão tem sido uma estratégia adotada


por muitas organizações, especialmente no que se refere ao sistema da
qualidade (NBR ISO 9001), gestão ambiental (NBR ISO 14001), gestão de
saúde e segurança (OSHAS 18001) e responsabilidade social (NBR 16001),
além de outros mais recentes estudados anteriormente, como: Norma (NBR
ISO 31000:2009) e Norma (ABNT NBR ISO 50001:2011).

• A integração destes diferentes sistemas visa otimizar custos com recursos


destinados para sistemas de gestão que podem ser integrados.

• Todas estas normas têm a base no PDCA e possuem outras similaridades que
facilitam a integração destes sistemas, isto porque vêm sendo trabalhadas
por meio de revisões e novas edições para esta finalidade, no sentido de
facilitar a sua implementação.

• Para a implementação de um sistema de gestão integrado, propõe-se duas


formas: 1) implementação sequencial de sistemas individuais (passo a passo)
– qualidade, meio ambiente, saúde/segurança, responsabilidade social são
implantados sequencialmente, formando o SGI; 2) implementação de um
sistema único.

• Os benefícios do sistema de gestão integrado: diferencial competitivo


devido à qualidade em produtos e serviços; melhoria organizacional e
o alcance de objetivos e metas da empresa; transparência dos processos
internos; satisfação das partes interessadas e fortalecimento da imagem da
empresa e a melhor participação no mercado; atuação proativa, evitando-
se danos ambientais e acidentes no trabalho, trazendo economia de tempo
e custos; maior controle dos riscos com acidentes ambientais; redução e
controle de custos ambientais, através da conservação de recursos e energia;
maior capacitação e educação dos empregados; redução do tempo e de
investimentos em auditorias internas e externas; segurança legal contra
processos e responsabilidades.

• Dificuldades para implementar o SGI: obter um gestor comprometido


com a integração; o gestor deve estar sempre atento aos custos e tentar
desenvolver uma maneira de reduzi-los; não passar as responsabilidades
apenas para os gerentes, para não sobrecarregar uma pessoa; comunicação
com toda a organização; envolver as pessoas no sistema de gestão e mostrar

253
que a responsabilidade é de todos; estabelecer objetivos reais; assegurar que
toda equipe tenha envolvimento no processo e que poderá afetá-lo; explicar
as responsabilidades de cada um e como suas sugestões podem fazer a
diferença; garantir que, em qualquer decisão que venha a ser tomada, sejam
levados em consideração os sistemas de gestão envolvidos e o impacto sobre
eles.

254
AUTOATIVIDADE

Realize uma pesquisa de empresas com sistemas integrados, verificando


a forma e quais sistemas foram integrados. Produza um texto sobre o assunto
e o compartilhe com os demais acadêmicos no próximo encontro presencial.

255
256
REFERÊNCIAS
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ANOTAÇÕES

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