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Belo Horizonte | 2021

PROTOCOLO

PREVENÇÃO E CONTROLE DO
CÂNCER DO COLO DO ÚTERO
Edição revisada e atualizada - 2021
PROTOCOLO

PREVENÇÃO E CONTROLE DO
CÂNCER DO COLO DO ÚTERO
Edição revisada e atualizada - 2021

EDIÇÃO REVISADA E EDIÇÃO ELABORADA


ATUALIZADA EM 2021 EM 2009

Elaboração e Atualização Elaboração


Cristiane Veiga Pinto Azzi Alex Sander Ribas De Souza
Fernando Macedo Bastos Daniel Knupp Augusto
Luciana do Carmo Pinto Silva Fabiano Gonçalves Guimarães
Sandra Haueisen Freire Pimenta Lorena Souza Ramos
Luciano Freitas Souza
Revisão Marcia B. Magalhães
Ana Cláudia da silva Araújo Maria Isabel Dias
Andreia Ramos Almeida Maria Tereza Alves Machado Rabelo
Angela Cristina Labanca de Araújo Marina Cruz Botelho
Cristiane Veiga Pinto Azzi Mírian Rêgo De Castro Leão
Débora de Pádua Monteiro Mônica Lisboa Santos
Fabiana Ribeiro Silva Patricia Aliprandi Dutra
Fernanda Azeredo Chaves Soraya Almeida De Carvalho
Fernando Macedo Bastos Virgílio Queiroz
Flávia Luiza Rocha Silva
Giselle Vaz Revisão
Jéssica Almeida Horta Duarte Carmem Maia
Juliana Dias Pereira dos Santos Iracema Ribeiro da Fonseca
Lívia Drumond Akl Luciano Freitas Souza
Luciana do Carmo Pinto Silva Mônica Lisboa Santos
Márcia Dayrell Rosa Marluce Gois de Andrade
Maria Alice Viegas Lopes de Oliveira Sônia Vidigal
Maria das Graças Silva Garcia Virgílio Queiroz
Renata Mascarenhas Bernardes
Sandra Haueisen Freire Pimenta
Virgínia dos Santos Ferreira

Projeto Gráfico
Produção Visual
Assessoria de Comunicação Social
Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte

Belo Horizonte | 2021


LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Esquema de coleta de material da ectocérvice ........................................... 17

Figura 2 Coleta de material da ectocérvice ................................................................... 18

Figura 3 Colocação do material da ectocérvice na lâmina ....................................... 18

Figura 4 Esquema de coleta de material da endocérvice ......................................... 19

Figura 5 Coleta de material da endocérvice .................................................................. 20

Figura 6 Colocação do material da endocérvice na lâmina ...................................... 20

LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Seguimento, na atenção secundária, das mulheres submetidas à
histerectomia por lesão precursora ou câncer do colo de útero ........... 13
Quadro 2 Avaliação e conduta de acordo com o resultado do teste de Schiller ..... 22

Quadro 3 Recomendações diante de resultados de exames citopatológicos


normais .................................................................................................................... 29
Quadro 4 Recomendações para conduta inicial frente aos resultados alterados de
exames citopatológicos ....................................................................................... 32

LISTA DE FLUXOGRAMA
Fluxograma 1 Fluxograma para propedêutica do colo uterino .......................................... 36
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 8
1.1 Tipos de câncer no colo do útero .................................................................................. 8
1.2 Fatores de risco ................................................................................................................. 8
1.3 Principais queixas ...............................................................................................................9
1.4 Incidência ............................................................................................................................. 9

2. PREVENÇÃO PRIMÁRIA ..................................................................... 10


3. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: EXAME CITOPATOLÓGICO ...................... 11
3.1 População-alvo para rastreamento ........................................................................... 11
3.2 Situações especiais ........................................................................................................ 12
3.3 Recomendações prévias à coleta do exame citopatológico do colo do útero ..........
............................................................................................................................................... 15
3.4 Avaliação clínica e técnica de coleta de material para o exame citopatológico
do colo do útero ................................................................................................................ 15
3.4.1 Coleta da ectocérvice ........................................................................................... 17
3.4.2 Coleta da endocérvice .......................................................................................... 19
3.4.3 Teste de Schiller ou ácido acético ................................................................... 21
3.5 Seguimento de mulheres submetidas ao rastreamento para câncer do colo
do útero ............................................................................................................................... 23

4. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DO CÂNCER ........................................... 24


4.1 Tempo diagnóstico/ tratamento .................................................................................. 26
5. ASSISTÊNCIA EM PATOLOGIA DO COLO DO ÚTERO ........................... 28
5.1 Atenção Primária à Saúde (APS): Centro de Saúde ............................................. 28
5.1.1 Recomendação diante de resultados de exames citopatológicos
normais ................................................................................................................... 29
5.1.2 Resumo de recomendações para conduta inicial frente aos resultados
alterados de exames citopatológicos ............................................................. 31
5.2 Atenção Secundária ....................................................................................................... 34
5.3 Atenção Terciária ............................................................................................................ 34
5.3.1 Oncologia - Ginecologia Adulto ........................................................................ 34
5.4 Fluxograma para propedêutica do colo uterino .................................................... 36

6. ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO


PRIMÁRIA À SAÚDE .......................................................................... 37
6.1 Atribuições comuns a todos os profissionais da equipe ..................................... 38
6.2 Agente Comunitário de Saúde (ACS) ......................................................................... 39
6.3 Auxiliar/técnico de enfermagem ................................................................................ 39
6.4 Enfermeiro ........................................................................................................................ 40
6.5 Médico de família e comunidade ou médico generalista .................................... 41
6.6 Médico ginecologista ...................................................................................................... 42

I. BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 44
II. APÊNDICE ........................................................................................... 47
APÊNDICE I - CÂNCER DE VULVA ...................................................................................... 47
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 47
2. FATORES DE RISCO .................................................................................................... 47
3. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................... 48
1. INTRODUÇÃO
O câncer do colo do útero é o terceiro tipo mais comum entre as mulheres no Brasil,
perdendo apenas para o de mama, que é o mais comum, e o de cólon retal, que está
em segundo lugar. O número de casos novos de câncer do colo do útero esperados
para o Brasil, para cada ano do triênio 2020-2022, será de 16.710, com um risco esti-
mado de 16,35 casos a cada 100 mil mulheres. Em Minas Gerais são esperados 162
novos casos em 2020, sendo 130 em Belo Horizonte.

Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o pri-
meiro mais incidente na Região Norte (22,47/100 mil). Sendo o segundo no Nordeste
(17,62/100 mil) e Centro-Oeste (15,92/100 mil). Já na Região Sul (17,48/100 mil), ocu-
pa a quarta posição e, na Região Sudeste (12,01/100 mil), a quinta posição.

O câncer do colo do útero é causado pela infecção persistente de alguns tipos virais,
papiloma vírus humano (HPV), principalmente os subtipos 16 e 18. É uma doença de
crescimento lento e silencioso. Apesar da lenta progressão é a quarta causa de morte
de mulheres por câncer no Brasil.

1.1 Tipos de câncer no colo do útero


O carcinoma de colo pode acometer o epitélio escamoso ou o epité-
lio glandular. O carcinoma epidermoide é tipo mais incidente. Este
acomete o epitélio escamoso e representa cerca de 90% dos casos. O
adenocarcinoma, tipo mais raro, acomete o epitélio glandular e repre-
senta cerca de 10% dos casos.

1.2 Fatores de risco


Dentre os fatores de risco para o câncer do colo do útero considera-se
o início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros e tabagismo

8
(a doença está diretamente relacionada à quantidade de cigarros fu-
mados). A mulher fumante tem um risco maior de câncer no colo do
útero, além de infertilidade, dismenorreia, irregularidades menstruais
e antecipação da menopausa (em média dois anos antes). Uso prolon-
gado de pílulas anticoncepcionais, obesidade e tipo de alimentação
também podem contribuir para o aparecimento da doença.

O câncer do colo do útero está associado à infecção persistente por


subtipos oncogênicos do vírus HPV. Na maioria das vezes a infecção
cervical pelo HPV é transitória e regride espontaneamente, entre seis
meses a dois anos após a exposição. Em um pequeno número de mu-
lheres a infecção é causada por um subtipo viral oncogênico que per-
siste, podendo levar ao aparecimento das lesões precursoras do cân-
cer no colo do útero. A infecção pode ficar latente por muitos anos e,
em caso de baixa de imunidade ou presença de um outro fator desen-
cadeante, pode se manifestar alguns anos mais tarde.

1.3 Principais queixas


A paciente pode não apresentar sintomas em fase inicial. Nos ca-
sos mais avançados, podem estar presentes: sangramento vaginal
intermitente ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e
dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais. O cân-
cer do colo do útero é uma doença de desenvolvimento lento e, por
esse motivo, cursa mais comumente com sintomas nos estágios mais
avançados da doença.

1.4 Incidência
O câncer do colo do útero é raro em mulheres até 30 anos e o pico de
sua incidência se dá na faixa etária de 45 a 50 anos, sendo mais raro em
mulheres com mais de 65 anos. A mortalidade aumenta progressiva-
mente a partir da quarta década de vida, com expressivas diferenças
entre as regiões do Brasil, estando relacionados ao acesso da mulher
aos exames preventivos.

9
2. PREVENÇÃO PRIMÁRIA
A prevenção primária do câncer do colo do útero consiste na diminuição do contágio
pelo HPV. O uso de preservativos feminino e masculino protege a pele ou mucosa da
região anogenital, da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal à exposição por
estes vírus.

A vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, é uma importante


estratégia do Ministério da Saúde (MS), pois esta vacina protege contra os tipos 6,
11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são
responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Instituto Nacional do Câncer


(INCA) a vacinação contra o HPV é segura, eficaz e primordial no controle do câncer
do colo do útero.

10
3. PREVENÇÃO
SECUNDÁRIA: EXAME
CITOPATOLÓGICO
O exame citopatológico complementa as ações de prevenção do câncer de colo de
útero e deve ser realizado preferencialmente na faixa etária alvo, que é de 25 a 64 anos.

3.1 População-alvo para rastreamento


O exame citopatológico de rastreamento deve ser realizado preferen-
cialmente a partir de 25 anos em todas as mulheres que iniciaram ati-
vidade sexual, a cada três anos, se os dois primeiros exames anuais
forem normais. Os exames devem seguir até os 64 anos de idade. Atin-
gir alta cobertura da população definida como alvo é o componente
mais importante no âmbito da atenção primária à saúde (APS), para
que se obtenha significativa redução da incidência e da mortalidade
por câncer do colo do útero. Atenção especial deve ser dada ao princí-
pio da equidade, ou seja, é necessário garantir o exame oportuno para
as mulheres com mais fatores de risco, buscando encaixar na agenda a
realização do exame no momento mais adequado para elas.

É importante destacar que a priorização de uma população-alvo não


significa a impossibilidade da oferta do exame para as mulheres fora
desta faixa, sendo necessária a realização de anamnese bem direcio-
nada para o histórico, fatores de risco e situação clínica apresentada.
Estes são de extrema importância para a indicação da realização do
exame. O item 3.2 descreve a coleta em situações especiais.

11
3.2 Situações especiais
Gestante: deve seguir as recomendações de periodicidade e faixa etá-
ria como para as demais mulheres, devendo sempre ser considerada
a oportunidade a procura ao serviço de saúde para realização de pré-
natal para realização do exame citopatológico. Apesar da junção esca-
mocolunar (JEC) muitas vezes encontrar-se exteriorizada na ectocérvi-
ce na gestante e puérpera, o que dispensaria a coleta endocervical, a
coleta de espécime neste local (endocervical) não parece aumentar o
risco sobre a gestação quando realizada de maneira correta.

Mulheres virgens: a coleta em virgens não deve ser realizada na ro-


tina. A ocorrência de condilomatose na genitália externa, principal-
mente vulvar e anal, é um indicativo da necessidade de realização do
exame do colo do útero, devendo-se ter o devido cuidado e respeitar
a vontade da mulher.

Histerectomizadas: mulheres submetidas à histerectomia total por


lesões benignas, sem história prévia de diagnóstico ou tratamento de
lesões cervicais de alto grau, não necessitam de colher material para
exame citopatológico, mas devem ser examinadas de rotina para ex-
cluir lesões de vulva.

Em casos de histerectomia por lesão precursora ou câncer do colo do


útero, a mulher deverá ser acompanhada de acordo com a lesão trata-
da. O acompanhamento deverá ser realizado pela Atenção Secundá-
ria e está descrito no QUADRO 1.

12
QUADRO 1 - Seguimento, na Atenção Secundária, das mulheres submetidas à
histerectomia por lesão precursora ou câncer do colo do útero

OBSERVAÇÕES
SITUAÇÃO O QUE FAZER
GERAIS

Deverão ser submeti-


Com margens das a exame citopato-
livres, ocorra no lógico em 6 (seis) e 12
mesmo dia de (doze) meses após a
outras consultas histerectomia.
que o usuário
tenha no serviço Se ambos os exames
como uma estra- forem negativos, o
tégia de facilitar a rastreamento citoló- A história de doen-
adesão e diminuir gico deverá ser trienal ça tratada deve
o absenteísmo. independentemente ser informada no
da idade. pedido do exame
citopatológico.
O seguimento deverá A interrupção do
ser feito com exame ci- rastreamento deve
topatológico e colpos- ser decidida pelo
Mulheres com copia semestrais nos médico assistente
história de tra- primeiros dois anos. da Atenção Secun-
tamento prévio dária, considerando
de NIC II/III Após os dois primei- o baixo risco de
ros anos, ainda na lesão vaginal e o
atenção secundária, o desconforto intro-
seguimento deverá ser duzido pelo avanço
Com margens
feito com o exame ci- da idade.
comprometidas
topatológico de forma
ou na ausência
isolada anualmente A Atenção Secundá-
dessa informação
até cinco anos. ria deverá preencher
a contrarreferência.
Após esse período, as-
segurada a inexistência
de lesão residual, a
mulher deverá retornar
para o rastreamento
citopatológico trienal
no centro de saúde,
independentemente
da idade.

13
Mulheres na pós-menopausa: devem ser rastreadas de acordo com
as orientações para as demais mulheres. Se necessário, proceder à es-
trogenização previamente à realização da coleta, conforme descrito
no item 3.3.

Imunossuprimidas: o exame citopatológico deve ser realizado nesse


grupo de mulheres após o início da atividade sexual com intervalos se-
mestrais no primeiro ano e, se normais, manter seguimento anual en-
quanto se mantiver o fator de imunossupressão. Mulheres HIV positivo
com contagem de linfócitos CD4+ abaixo de 200 células/mm3 devem
ter priorizada a correção dos níveis de CD4+ e, enquanto isso, devem
ter o rastreamento com exame citopatológico a cada seis meses.

Homens trans: Atualmente ainda faltam diretrizes específicas para


pacientes transexuais e, portanto, a recomendação é que o exame ci-
topatológico em homens trans deve ser realizado de acordo com as
diretrizes de rastreamento das mulheres cisgênero, até que seja reali-
zada a histerectomia.

Um dos principais desafios no atendimento à população trans é que


o exame pélvico pode causar desconforto no paciente por exacerbar
sua disforia, aumentando o conflito emocional entre autopercepção
e a anatomia. Esse desconforto ainda pode ser piorado se houver dis-
criminação por parte do realizador do exame, portanto, a presteza de
atendimento a essa população deve ser igual à prestada a população
cisgênero. É importante destacar que o uso de terapia hormonal an-
drogênica causa atrofia vaginal, ocasionando dor e/ou desconforto
durante o procedimento, além da possibilidade de resultado “amostra
insatisfatória” devido alterações causadas pela hormonização, sendo
necessária a realização de nova coleta. Existe a possibilidade de reali-
zar estrogenização tópica prévia à coleta para otimizar o resultado do
exame citopatológico, porém esse é um procedimento que deve ser
escolhido em conjunto com o usuário, visto que pode ser um procedi-
mento desconfortável para o mesmo.

14
3.3 Recomendações prévias à coleta
do exame citopatológico do colo
do útero
• Não utilizar duchas, medicamentos vaginais ou fazer exames intravagi-
nais, como por exemplo a ultrassonografia, nas 48 horas antes da coleta.
• Evitar relações sexuais nas 48 horas antes da coleta.
• Evitar anticoncepcionais locais, espermicidas, nas 48 horas anteriores
ao exame.
• O exame não deve ser feito no período menstrual, pois a presença de
sangue pode prejudicar o diagnóstico citológico. Aguardar o térmi-
no da menstruação.
• Existem situações em que a paciente se apresenta com um grau de
ressecamento muito importante, de forma que a introdução do es-
péculo vaginal pode tornar-se traumática. A visibilidade da junção
escamocolunar (JEC) e da endocérvice também podem estar preju-
dicadas. Nestes casos indica-se o uso tópico de estrogênio intrava-
ginal, de preferência o estriol, devido à baixa ocorrência de efeitos
colaterais, por sete a 21 dias antes do exame. Deve-se aguardar um
período de 3 a 7 dias entre a suspensão do creme e coleta do material
para o exame citopatológico.

3.4 Avaliação clínica e técnica de


coleta de material para o exame
citopatológico do colo do útero
Sob boa iluminação fazer inspeção detalhada da genitália externa, ob-
servando atentamente os órgãos genitais externos, prestando atenção
à distribuição dos pelos, à integralidade do clitóris, do meato uretral,
dos grandes e pequenos lábios, à presença de secreções vaginais, de
sinais de inflamação, de veias varicosas e outras lesões como úlceras,
fissuras, verrugas e tumorações e presença de lesões não pigmentadas
ou eritematosas na vulva.

15
O espéculo, que deve ter o tamanho escolhido de acordo com as carac-
terísticas perineais e vaginais da mulher a ser examinada, deverá ser in-
troduzido delicadamente, na posição vertical, ligeiramente inclinado,
para evitar contato junto ao clitóris (devido à maior sensibilidade da
região), de maneira que o colo do útero seja exposto completamente.
Iniciada a introdução fazer uma rotação deixando-o em posição trans-
versa, de modo que a fenda da abertura do espéculo fique na posição
horizontal. Uma vez introduzido totalmente na vagina, abrir lentamen-
te e com delicadeza. Na dificuldade de visualização do colo do útero,
sugira que a mulher tussa ou ainda, em determinada situação, pode
ser útil solicitar a mudança de posição de uma perna da paciente, ou
seja, apoiar um dos pés na perneira (onde se posiciona a dobra de um
joelho), esta conduta pode ajudar a expor melhor o colo do útero em
caso de dificuldade de visualização do mesmo. Não deve ser usado
lubrificante.

Ao introduzir o espéculo, observar bem as paredes da vagina e aspecto


do conteúdo vaginal. Na presença de secreção vaginal anormal (altera-
ção na cor, odor, volume) e/ou friabilidade do colo, efetuar coleta des-
te material para análise laboratorial e tratar de acordo com abordagem
sindrômica. O aspecto do colo deve ser bem pesquisado e os dados da
inspeção devem ser relatados na requisição do exame citopatológico
pois são muito importantes para o diagnóstico. Na presença de lesões
suspeitas (vegetantes ou ulceradas no colo do útero) e em mulheres
com queixa de sangramento vaginal fora do período menstrual e/ou
desencadeada pela relação sexual, deve-se encaminhar para avaliação
especializada, visto que podem ser manifestações de doença invasora.
A citologia, nesses casos, devido à necrose tecidual, pode não identifi-
car a presença de células neoplásicas.

Antes de iniciar a coleta, identificar a lâmina (parte fosca) previamente


com as iniciais da mulher e com o número do frasco (a lápis) onde a
lâmina será colocada após a coleta do material.

A coleta do material deve ser realizada na ectocérvice e na endocérvice


em lâmina única.

16
3.4.1 Coleta da ectocérvice
Para coleta na ectocérvice utiliza-se espátula de Ayre,
do lado que apresenta reentrância. Encaixar a ponta
mais longa da espátula no orifício externo do colo, con-
forme FIGURAS 1 e 2, apoiando-a firmemente, fazendo
uma raspagem na mucosa ectocervical em movimento
rotativo de 360º em torno de todo orifício cervical, para
que toda superfície do colo seja raspada e representada
na lâmina, procurando exercer uma pressão firme, mas
delicada, sem agredir o colo, para não prejudicar a qua-
lidade da amostra.

FIGURA 1 - Coleta de material da ectocérvice

360º

Fonte: Orientações para a coleta de Exames Citopatológicos de Rastreamento do Câncer do


Colo Uterino, BH (2021)

17
FIGURA 2 - Coleta de material da ectocérvice

Fonte: (INCA, 2002). In: MS (2013)

O material colhido da ectocérvice deve ser colocado no


sentido transversal, na metade superior da lâmina, pró-
ximo da região fosca (onde se encontra a identificação
prévia), conforme a FIGURA 3.

FIGURA 3 - Colocação do material da ectocérvice na lâmina identificada

Fonte: (INCA, 2002). In: MS (2013)

18
3.4.2 Coleta da endocérvice
Para coleta da endocérvice utiliza-se a escova endocer-
vical. Recolher o material introduzindo a escova endo-
cervical e fazer um movimento giratório de 360º percor-
rendo todo o contorno do orifício cervical, conforme as
FIGURAS 4 e 5.

FIGURA 4 - Esquema de Coleta de material da endocérvice

360º

Fonte: Orientações para a coleta de Exames Citopatológicos de Rastreamento do Câncer do


Colo Uterino, BH (2021)

19
FIGURA 5 - Coleta de material da endocérvice

Fonte: (INCA, 2002). In: MS (2013)

O material retirado da endocérvice deve ser colocado


na metade inferior da lâmina, no sentido longitudinal,
conforme FIGURA 6.

FIGURA 6 - Colocação do material da endocérvice na lâmina

Fonte: (INCA, 2002). In: MS (2013)

20
A lâmina com o material coletado deve ser colocada
dentro do frasco contendo álcool na concentração en-
tre 90 e 96% em quantidade suficiente para que todo o
esfregaço seja coberto. O álcool a 70% não deve ser uti-
lizado para fixação, uma vez que, provoca ressecamen-
to da amostra, prejudicando a qualidade do material e
em alguns casos inviabilizando a análise. Em seguida,
fecha-se o recipiente cuidadosamente.

Os frascos com a citologia devem estar com a etiqueta


de identificação fixada na vertical, sem cobrir o número
do frasco. A ficha de requisição do exame do Sistema de
Informação do Câncer (SISCAN) deve ser encaminhada
ao laboratório em pasta. O acondicionamento e trans-
porte das amostras devem ser realizados conforme os
protocolos institucionais vigentes.

3.4.3 Teste de Schiller


ou ácido acético
O teste de Schiller é realizado utilizando uma haste re-
vestida de algodão embebida em iodo (ou ácido acéti-
co) espalhando a solução no colo uterino. A coloração
com o ácido acético deve ser o teste de escolha para
as mulheres com história de alergia ao iodo. O teste de
Schiller ou ácido acético pode ser realizado logo após a
coleta do exame citopatológico.

As células normais do colo uterino e da vagina são ri-


cas em glicogênio, grande molécula feita de várias mo-
léculas menores de glicose. Assim, o iodo consegue
penetrar os tecidos ricos em glicogênio, mantendo-os
escuros. Já as células cancerígenas ou pré-cancerígenas
são pobres em glicogênio e, por isso, não se impreg-
nam com o iodo, mantendo-se mais claras, geralmente
amareladas, e facilmente distinguíveis do resto do teci-

21
do saudável, que permanece corado de marrom escu-
ro (cor do iodo). O QUADRO 2 descreve o resultado do
teste de Schiller e a respectiva conduta.

QUADRO 2 - Avaliação e conduta de acordo com o resultado do teste de Schiller

TESTE DE SCHILLER POSITIVO TESTE DE SCHILLER NEGATIVO

Ocorre quando uma área do colo do útero


não se cora com a solução de Schiller, su-
gerindo a presença de células atípicas. Ocorre quando todo o colo do útero se cora
de marrom escuro, evidenciando a presença
CONDUTA: de tecido rico em glicogênio e, portanto,
Se teste de Schiller positivo e/ou grandes saudável.
ectopias com mucorreia, existe indicação
de colposcopia e, em alguns casos, pode CONDUTA:
ser necessário cauterização. Mulheres nesta Manter seguimento de rotina conforme
situação devem ser encaminhadas para a resultado da citologia.
propedêutica do colo, vagina e vulva após
resultado do exame citopatológico.

Nota: Existe variação na coloração do colo do útero com a solução de Schiller nas mulheres
com hipoestrogenismo da menopausa/pós-menopausa (ver conduta específica para esta
situação no item 3.3).

O teste do ácido acético tem uma lógica semelhante,


mas o mecanismo de ação é diferente. O ácido acético
atua na desidratação das células de forma heterogênea,
sendo o seu efeito mais pronunciado nas células atípi-
cas que nas células sadias. O resultado final é uma colo-
ração esbranquiçada em todo o tecido que for compos-
to por células suspeitas.

É importante destacar que a falta de Schiller ou ácido acé-


tico não inviabiliza a coleta para o exame citopatológico.

22
IMPORTANTE!
Preencher cuidadosamente a requisição do exame citopatológico.
Registrar no prontuário eletrônico a anamnese, a avaliação clínica, a coleta
do exame e a realização do teste de Schiller (ou ácido acético).
Orientar a paciente sobre a importância de buscar o resultado do exame.

Vide cartilha de Orientações para a coleta de Exames


Citopatológicos de Rastreamento do Câncer do Colo
Uterino elaborada pelo Laboratório Municipal de Refe-
rência em Análises Clínicas e Citopatologia.

https://prefeitura.pbh.gov.br/saude/informacoes/atencao-
a-saude/publicacoes.

3.5 Seguimento de mulheres


submetidas ao rastreamento para
câncer do colo do útero
É de extrema importância orientar as mulheres sobre a necessidade de
continuar o rastreamento do colo do útero conforme o resultado do
exame, de acordo com a periodicidade estabelecida pelo Ministério da
Saúde (MS) e particularidades individuais.

A equipe de saúde da família (eSF) deve realizar o seguimento destas


mulheres, identificar as faltosas e ter acesso às informações que permi-
tam o planejamento de ações. Os itens 5.1.1 e 5.1.2 descrevem a pe-
riodicidade para o seguimento de acordo com o resultado do exame.

23
4. SISTEMA DE
INFORMAÇÃO
DO CÂNCER
O Sistema de Informação do Câncer (SISCAN) foi instituído no âmbito do Sistema Úni-
co de Saúde (SUS) pela Portaria 3.394, de 30 de dezembro de 2013, com a finalidade
de permitir o monitoramento das ações relacionadas à detecção precoce, à confirma-
ção diagnóstica e ao início do tratamento de neoplasias malignas.

O SISCAN é uma versão em plataforma web que integra o Sistema de Informação


do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO) e o Sistema de Informação do Câncer de
Mama (SISMAMA).

Atualmente, em Belo Horizonte, o acompanhamento das informações do SISCAN


está sob responsabilidade da Diretoria de Regulação de Média e Alta Complexidade
em Saúde (DMAC), sendo coordenado e conduzido pela Gerência de Controle e Ava-
liação (GECAV). Dentre as atribuições da GECAV está o gerenciamento da Comissão
Municipal de Oncologia (CMO).

Este sistema é integrado ao Cadastro Nacional de Usuários do SUS (CADWEB) e ao


Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). A integração com o CAD-
WEB permite a identificação das mulheres pelo número do Cartão Nacional de Saúde
(CNS), sendo possível a atualização automática dos exames do colo do útero e de
mama requisitados e realizados no SUS, bem como o seguimento desses. Portanto, é
obrigatório o preenchimento do CNS da usuária para o registro dos procedimentos
ambulatoriais e hospitalares, bem como, a inclusão do CNS do profissional solicitan-
te, executante e /ou autorizador.

24
É fundamental que os dados para o cadastro no CADWEB sejam completos, legíveis e
corretos, especialmente o nome da mulher e da mãe e data de nascimento, para o bom
entendimento do profissional responsável por digitar as informações no sistema.

A integração com o CNES permite que os profissionais dos estabelecimentos de saú-


de, habilitados para requisição, realização de coleta de material e emissão de laudos
de exames estejam automaticamente disponíveis no sistema como responsáveis pe-
las referidas ações. Para tanto, é fundamental que todos os prestadores de serviço
e unidades de saúde mantenham o cadastro de funcionários atualizados no CNES,
informando corretamente o Código Brasileiro de Ocupação (CBO) do profissional.

O SISCAN, desde 2013, está obrigatoriamente implantado nos estabelecimentos de


saúde, públicos ou privados que atuam de forma complementar ao SUS e que desen-
volvam alguma das atividades abaixo:

• Citopatologia e anatomia patológica.


• Mamografia.
• Tratamento para câncer nas modalidades de cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
• Acompanhamento das ações de controle do câncer, em esfera das coordenações
Municipais, Estaduais e do Distrito Federal.

Além disso, os estabelecimentos de saúde que realizam a solicitação de exames e


seguimento das usuárias com exames alterados, deverão alimentar obrigatoria-
mente os seguintes campos do SISCAN:

• Requisição de exame citopatológico do colo do útero e de mama.


• Requisição de mamografia.
• Requisição de exame histopatológico do colo do útero e de mama.

O preenchimento completo dos campos do SISCAN é requisito para o repasse de recur-


sos financeiros de custeio referentes à realização dos exames acima. Além disso, o pro-
fissional habilitado no sistema para efetuar a requisição de exames deve atentar-se para
que este seja solicitado conforme os critérios de rastreamento, já descritos no item 3.1.

25
As usuárias que apresentam situações clínicas e/ou histórico familiar que justifiquem a
necessidade de realizar exames, fora dos critérios de rastreamento, poderão realizá-los,
desde que o profissional solicitante preencha a justificativa de maneira clara e objetiva.

O SISCAN disponibiliza, em tempo real, as informações inseridas no sistema pela in-


ternet. No momento em que a unidade de saúde fizer a solicitação do exame pelo
SISCAN, essa ficará visível para o prestador incluir o resultado. Ao ser liberado pelo
prestador de serviço, a unidade de saúde solicitante poderá visualizar o laudo. É im-
portante estar claro que o recurso de disponibilizar o laudo pela internet não possui
assinatura eletrônica e, portanto, não substitui o laudo impresso e assinado. A base
de dados do SISCAN mantém armazenados todos os exames realizados pela usuária
na rede SUS, bem como a atualização automática do seu histórico de seguimento.

4.1 Tempo diagnóstico/ tratamento


O principal fator prognóstico em mulheres com câncer de colo do
útero é o tempo entre o diagnóstico e o estádio da doença, ou seja,
em todos os casos um tratamento adequado e sem atraso é um fator
prognóstico independente significativo. Técnicas complexas de es-
tadiamento, como exames sofisticados de imagens ou cirurgias para
biópsias linfonodais, não devem postergar o início do tratamento.

A Lei nº 12.732, de 22 de novembro de 2012, estabelece que todo pa-


ciente atendido pelo SUS com neoplasia maligna deve receber o pri-
meiro tratamento em até 60 dias, contados a partir do dia em que for
confirmado o diagnóstico histopatológico.

Em 16 de maio de 2013, o MS publicou a Portaria GM nº 876 cujo con-


teúdo regulamenta a referida lei e define o SISCAN como ferramenta
oficial para gerenciar também o cumprimento do prazo estabelecido.
Sendo assim, o SISCAN possui um módulo denominado “módulo trata-
mento”, que permite o registro de todos os diagnósticos confirmados
de câncer, bem como, data e modalidade do primeiro tratamento rea-
lizado. Essa informação tornou-se obrigatória em 22 de maio de 2013,
data em que a referida portaria entrou em vigor.

26
Entretanto este módulo, inicialmente criado para monitorar o tempo
entre o diagnóstico e o início de tratamento do câncer, por diversas
razões não apresentou os resultados esperados, sendo necessária a
sua desativação em abril de 2019. Desde então, o Instituto Nacional
do Câncer (INCA) e o Departamento de Informática do SUS (DATASUS)
trabalharam no desenvolvimento de nova ferramenta para substituir
esse módulo.

Assim, em 23 de maio de 2019, foi apresentado o Painel de Monitora-


mento de Tratamento Oncológico (Painel Oncologia) com o objetivo
de monitorar o tempo de início do tratamento oncológico no SUS.

O Painel Oncologia cruza os dados de diagnóstico informados e rela-


ciona com os dados de tratamento disponíveis no Sistema de Informa-
ção Ambulatorial (SIA-SUS), através do Boletim de Produção Ambula-
torial Individualizado (BPA-I) e Autorização de Procedimento de Alta
Complexidade (APAC); Sistema de Informação Hospitalar (SIH) e, nos
casos de câncer do colo do útero e de mama, pelo SISCAN.

Para que esse processo aconteça, de forma ágil e eficaz, é de extrema


importância que as unidades de saúde atentem para o preenchimen-
to adequado do CNS nos formulários de solicitações de exames, per-
mitindo assim que o prestador insira corretamente as informações do
diagnóstico e seguimento no SISCAN.

27
5. ASSISTÊNCIA EM
PATOLOGIA DO
COLO DO ÚTERO

5.1 Atenção Primária à Saúde (APS):


Centro de Saúde
A APS deverá ser responsável por:

• Realizar exame clínico-ginecológico anual.


• Coletar material para o exame citopatológico de acordo com as reco-
mendações descritas no item 3 deste protocolo.
• Realizar o teste de Schiller, com diferenciação de áreas iodo positivas (tes-
te de Schiller negativo) e áreas iodo negativas (teste de Schiller positivo).
• Tratar leucorreias e vulvovaginites.
• Realizar o tratamento químico de lesões condilomatosas (verruco-
sas) vulvares com uso de Ácido Tricloroacético (ATA) 70% a 90%.
• Monitorar os resultados de exames.
• Realizar busca ativa de pacientes com resultados alterados.

As atribuições específicas de cada profissional da eSF e médico gineco-


logista estão descritas no item 6.

28
5.1.1 Recomendação diante de
resultados de exames
citopatológicos normais
O QUADRO 3 descreve as recomendações aos pro-
fissionais dos Centros de Saúde (CS) frente aos resul-
tados normais de exames citopatológicos, incluindo
“amostra insatisfatória”.

QUADRO 3 - Recomendações diante de resultados de exames citopatológicos normais

RESULTADO DO EXAME
O QUE FAZER RECOMENDAÇÃO
CITOPATOLÓGICO NORMAL

O exame citopatológico
deve ser repetido imedia-
tamente com correção,
Amostra insatisfatória
quando possível, do
problema que motivou o
resultado insatisfatório.

Dentro dos limites da normalida-


de no material examinado
Seguir a rotina de ras-
treamento com exame
Metaplasia escamosa imatura
citopatológico.

Reparação

Inflamação sem identificação do


agente (alterações celulares be-
nignas reativas ou reparativas)

Achados microbiológicos: Seguir a rotina de ras-


Tratar apenas em caso de queixa
Lactobacillus sp treamento com exame
clínica de corrimento vaginal.
Cocos citopatológico.
Bacilos supracitoplasmáticos
(sugestivos de Gardnerella/
Mobiluncus)
Candida sp

29
Na eventualidade de o laudo do
exame citopatológico men-
Seguir a rotina de ras-
cionar dificuldade diagnóstica
Atrofia com inflamação treamento com exame
decorrente da atrofia, a estro-
citopatológico.
genização deve ser feita por via
vaginal (item 3.3).

Seguir a rotina de ras- O tratamento radioterápico


Indicando radiação treamento com exame prévio deve ser mencionado na
citopatológico. requisição do exame.

O exame citopatológico não é


método com acurácia diagnósti-
ca suficiente para o diagnóstico
de infecções microbianas, inclu-
sive por IST. No entanto, diante
da indisponibilidade de realiza-
ção de métodos mais sensíveis
e específicos para confirmar a
presença destes microorganis-
mos, tais achados microbioló-
gicos são oportunidade para a
identificação de agentes que
devem ser tratados.

• Chlamydia, Gonococo e Tricho-


Achados microbiológicos:
monas mesmo com sintomato-
Chlamydia sp
logia ausente (como na maioria
Efeito citopático compatível Seguir a rotina de ras-
dos casos de infecção por
com vírus do grupo herpes treamento com exame
Chlamydia e Gonococo), seguir
Trichomonas vaginalis citopatológico.
esquema de tratamento da mu-
Actinomyces sp
lher e parceiro, além de oferta de
outras sorologias e orientações.

• Actinomyces é uma bactéria


encontrada num percentual
de 10 a 20% no trato genital
de mulheres usuárias de
Dispositivo intrauterino (DIU);
raramente estão presentes
em não usuárias. A conduta é
expectante, não se trata, não se
retira o DIU.

• Herpes vírus, recomenda-se o


tratamento em caso de presença
de lesões ativas de herpes genital.

30
Descartar a possibilidade da co-
leta do exame citopatológico ter
sido realizada próxima ao perío-
do menstrual.

Citologia com células endome- Seguir a rotina de ras- Se paciente na pós-menopau-


triais normais fora do período treamento com exame sa, avaliar a cavidade endome-
menstrual ou após a menopausa citopatológico. trial, preferencialmente através
da histeroscopia diagnóstica.
Na dificuldade de acesso a esse
método, avaliar o eco endome-
trial através da ultrassonografia
transvaginal.

5.1.2 Resumo de
recomendações para
conduta inicial frente aos
resultados alterados de
exames citopatológicos
O QUADRO 4 descreve as recomendações aos profis-
sionais dos Centros de Saúde para conduta inicial fren-
te aos resultados alterados de exames citopatológicos
e encaminhamento para a Atenção Secundária por
meio do Sistema de Regulação e Marcação de Consul-
tas (SISREG) para a “Ginecologia Propedêutica do
Colo do Útero, Vagina e Vulva”, quando necessário.

31
QUADRO 4 - Recomendações para conduta inicial frente aos resultados alterados de
exames citopatológicos

RESULTADO DO EXAME
FAIXA ETÁRIA O QUE FAZER
CITOPATOLÓGICO ALTERADO

< 25 anos Repetir a citologia em 3 anos


Possivelmente não
neoplásicas (AS-
C-US) Entre 25 e 29
Repetir a citologia em 12 meses
anos
Células escamosas
atípicas de significa-
> 30 anos Repetir a citologia em 6 meses
do indeterminado
(ASCUS)
Não se pode afastar
lesão de alto grau Encaminhar para “Ginecologia
(ASC-H) Independente da Propedêutica do Colo do útero,
faixa etária Vagina e Vulva” para realização
de colposcopia

Possivelmente não
Células glandulares Encaminhar para “Ginecologia
neoplásicas
atípicas de significa- Independente da Propedêutica do Colo do útero,
ou
do indeterminado faixa etária Vagina e Vulva” para realização
Não se pode afastar
(AGC) de colposcopia
lesão de alto grau

Possivelmente não
Encaminhar para “Ginecologia
Células atípicas de neoplásicas
Independente da Propedêutica do Colo do útero,
origem indefinida ou
faixa etária Vagina e Vulva” para realização
(AOI) Não se pode afastar
de colposcopia
lesão de alto grau

< 25 anos Repetir a citologia em 12 meses


Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau
(LSIL)
> 25 anos Repetir a citologia em 6 meses

Encaminhar para “Ginecologia


Lesão intraepitelial escamosa de alto grau Independente da Propedêutica do Colo do útero,
(HSIL) faixa etária Vagina e Vulva” para realização
de colposcopia

32
Encaminhar para “Ginecologia
Lesão intraepitelial de alto grau não poden- Independente da Propedêutica do Colo do útero,
do excluir microinvasão faixa etária. Vagina e Vulva” para realização
de colposcopia.

Encaminhar para “Ginecologia


Independente da Propedêutica do Colo do útero,
Carcinoma escamoso invasor
faixa etária. Vagina e Vulva” sob regulação*
para realização de colposcopia.

Encaminhar para “Ginecologia


Independente da Propedêutica do Colo do útero,
Adenocarcinoma in situ (AIS) ou invasor
faixa etária. Vagina e Vulva” sob regulação*
para realização de colposcopia.

Fonte: Adaptado de Brasil (2016, p.31; 2018, p.2)

* Verificar critérios de encaminhamento no Site de Flu-


xos para inserção dos casos no SISREG:

• Altíssima prioridade/ sob regulação;


• Alta prioridade;
• Média prioridade;
• Baixa prioridade.

IMPORTANTE!
Deverá ser oferecido teste HIV para todas as mulheres com diagnóstico de
Lesão de Alto Grau.

Outros motivos para encaminhamento para “Gineco-


logia Propedêutica do Colo do útero, Vagina e Vulva”
para realização de colposcopia:

• Condilomatoses com indicação de realização de bióp-


sia e/ou tratamento cirúrgico.
• Lesões vulvares discrômicas (brancas/avermelhadas) pru-
riginosas, ulceradas, nodulares, friáveis, persistentes após
tratamento tópico de processos infecciosos secundários.

33
5.2 Atenção Secundária
A Atenção Secundária será responsável por realizar:

• Colposcopia
• Biópsia dirigida.
• Cauterizações.
• Cirurgia de alta frequência (CAF).

IMPORTANTE!
Quando as pacientes forem reencaminhadas ao Centro de Saúde de origem,
deverá ser preenchido o formulário de contrarreferência explicitando
exames e tratamentos que tenham sido realizados e orientações cabíveis
ao acompanhamento do caso.

5.3 Atenção Terciária


A Atenção Terciária será responsável por realizar:

• CAF.
• Amputação cirúrgica do colo do útero.
• Cirurgias maiores (Histerectomias / Wertheim-Meigs).
• Radioterapia e/ou quimioterapia.

5.3.1 Oncologia -
Ginecologia Adulto
Informações necessárias para avaliação através do
SISREG WEB:

34
INDICAÇÕES: Avaliação cirúrgica de pacientes com:
Neoplasia do Colo Uterino:

Pacientes com diagnóstico histológico de colo, que


comprove neoplasia invasora ou microinvasora.

INFORMES MÍNIMOS:

• Sinais e sintomas atuais (descrever exame físico abdo-


minal e toque vaginal);
• Paciente está na menopausa (sim ou não)? Se sim, há
quanto tempo;
• História prévia de neoplasia. Em caso afirmativo infor-
mar: patologia, tratamentos realizados, local e data;
• Resultado anatomopatológico, quando houver, com
descrição de tamanho, localização, características da
lesão. Se sem biópsia, justificar a não realização.
• Resultado de exame imuno-histoquímica, quando in-
dicado;
• Resultado de outros exames realizados e pertinentes
ao caso, em especial exames de imagem;
• Tratamentos oncológicos anteriores para a patologia
atual, modalidade, local de realização e datas;
• Impressão clínica diagnóstica do médico assistente;
• Justificativa do encaminhamento atual;
• Identificação do médico assistente, CRM.

ATENÇÃO:
Todos os descritivos de biópsia devem incluir sítio primário da lesão, com
data da realização do exame.
Ressaltamos que esta via de agendamento se refere às solicitações de
atendimento ambulatorial eletivo, sem necessidade de internação imediata.

35
5.4 Fluxograma para propedêutica do colo uterino
Fluxograma 1: Rastreamento e Tratamento do Câncer de Colo de Útero em Belo Horizonte

MULHER NA FAIXA ETÁRIA 25 A 64 ANOS E SITUAÇÕES ESPECIAIS

Coleta citopatológico

N Amostra satisfatória S
Agendamento da nova coleta, de
acordo com a periodicidade definida
N no protocolo
Nova coleta o mais breve possível
Alteração
(no máximo entre 6 a 12 semanas)
Orientação para fatores de risco para
S câncer de colo de útero

Conduta de acordo
com o tipo de lesão

Atipias em células Atipias de significado Atipias em células


escamosas indeterminado (ASCUS) glandulares

Lesão Lesão
Lesão Intraepitelial Intraepitelial
Céluas Intraepitelial de alto grau de alto grau Carcinoma
Céluas De origem Adenocarcinoma Carcinoma
escamosas de baixo (HSIL), sem (HSIL), não epidermoide
glandulares indefinida in situ invasor
(ASCUS) grau (LSIL) microinvasão podendo invasor
"NIC I" "NIC II e NIC excluir
III" microinvasão

Possivelmente Não se pode


Encaminhar para realização de colposcopia e
não neoplásica afastar lesão de
(ASC-US) alto grau (ASC-H) seguimento na atenção secundária

Entre 25 Investigação e acompanhamento de


< 25 anos
e 29 anos
≥ 30 anos < 25 anos ≥ 25 anos
acordo com o plano de cuidado

Repetir Repetir
Repetir Repetir Repetir citologia citologia Monitoramento e busca ativa pelo ACS
citologia citologia citologia em 12 em 6
em 3 em 12 em 6 meses meses
anos meses meses

Discutir os casos com a equipe multidisciplinar e avaliar


necessidade de apoio para a pessoa e/ou família

PÚBLICO-ALVO: CITOPATOLÓGICO EQUIPE DA APS:


1. Mulheres na faixa etária 25 a 64 anos com história de atividade sexual. Periodicidade da coleta: • Atender as usuárias de maneira integral, reali-
2. Situações especiais: • 2 primeiros exames anuais; zando oportunamente o exame clínico das mamas
• Gestantes • subsequentes: intervalo de 3 anos, se e a solicitação de mamografia, de acordo com a
• Histerectomizadas os dois primeiros sem alteração; faixa etária e quadro clínico e o acompanhamento
• Pós-menopausa • término do período de rastreamento: de outras eventuais condições de saúde, como
• Imunossuprimidas 64 anos, com 2 exames consecutivos doenças sexualmente transmissíveis, hipertensão,
• Pós-radioterapia local - coleta preferencial pelo ginecologista negativos. diabetes e outras.

Obs.: Orientações para coleta: • ACS: realizar ações educacionais, monitoramento


1) Na ausência de história de atividade sexual não há indicação de coleta • não ter relações sexuais (nem com na microárea e busca ativa nos casos de absen-
de citologia oncótica. camisinha) no dia anterior e no dia teísmo.
2) Mulheres fora da faixa etária: do exame; • Avaliar a mulher com exame alterado e encaminhar
• adolescentes com atividade sexual está indicado o exame ginecoló- • não introduzir medicamentos, con- para investigação e/ou tratamento na atenção se-
gico; traceptivos e duchas 48h antes do cundária especializada, com atenção para o moni-
• mulheres acima de 65 anos com mudança de comportamento sexual exame; toramento do plano de cuidado definido e o apoio à
está indicado a coleta de citologia oncótica. • não estar menstruada. pessoa e/ou família, quando necessário.

ATENÇÃO!
Verificar critérios de encaminhamento no Site de Fluxos para inserção dos casos no SISREG:
• altíssima prioridade/ sob regulação; • alta prioridade; Acesso no link:
• média prioridade; • baixa prioridade.
http://fluxosusbh.pbh/anexos/034a29ac6335abdbbdca37099f3e44eb806cbfd2.pdf
6. ATRIBUIÇÕES DOS
PROFISSIONAIS DA
ATENÇÃO PRIMÁRIA
À SAÚDE
A eSF tem papel fundamental no processo de identificação das mulheres, em seu
território de abrangência, na faixa etária alvo (25 a 64 anos) para realização da coleta
do exame citopatológico de rastreamento (o que não exclui a realização da coleta em
pacientes com queixas clínicas que justifiquem a realização do procedimento).

Os profissionais devem realizar ações de atenção integral, de promoção da saúde,


prevenção de agravos e escuta qualificada, proporcionando atendimento humani-
zado, viabilizando o estabelecimento do vínculo das usuárias com os profissionais
de saúde. Recomenda-se que o modelo de acompanhamento das queixas clínicas
relacionadas à saúde da mulher seja realizado inicialmente pela eSF.

A avaliação do médico ginecologista pode ser necessária quando a eSF necessita de


apoio para condução e encaminhamento de casos mais complexos ou conforme ne-
cessidade por demanda e oferta avaliadas pela gestão local. Os gerentes dos Centros
de Saúde que estão sem o ginecologista avaliarão, junto à regional, a possibilidade
de consulta em outro Centro de Saúde mais próximo, caso se faça necessário a ava-
liação do especialista.

É atribuição do ginecologista a realização do apoio matricial que se configura como


um suporte técnico às eSF, fortalecendo o cuidado e qualificando a assistência à
mulher. Esse pode ser realizado por meio da discussão conjunta dos casos de maior
complexidade clínica e pelo atendimento individual à usuária.

37
Na ausência do médico da eSF por um longo período (licença-prêmio, afastamento
médico prolongado por problemas de saúde ou quando a vaga desse médico não es-
tiver preenchida), o ginecologista ou o médico de outra equipe do Centro de Saúde
deverá apoiar o enfermeiro da equipe da usuária nas situações que forem necessárias
condutas médicas.

6.1 Atribuições comuns a todos


os profissionais da equipe
a. Conhecer as ações de controle do câncer do colo do útero.
b. Planejar e programar as ações de controle do câncer do colo do
útero, com priorização das ações segundo critérios de risco, vul-
nerabilidade e desigualdade.
c. Realizar ações de controle do câncer do colo do útero, de acor-
do com os critérios do MS: promoção, prevenção, rastreamento/
detecção precoce, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cui-
dados paliativos.
d. Conhecer os hábitos de vida, valores culturais, éticos e religiosos
das famílias assistidas e da comunidade.
e. Acolher as usuárias de forma humanizada.
f. Trabalhar em equipe integrando áreas de conhecimento e profis-
sionais de diferentes formações.
g. Prestar atenção integral e contínua às necessidades de saúde da
mulher nas diversas fases da vida, articuladas com os demais ní-
veis de atenção, com vistas ao cuidado longitudinal.
h. Identificar usuárias que necessitam de assistência domiciliar e co-
municar os demais componentes da equipe.
i. Realizar e participar das atividades de educação permanente re-
lativas à saúde da mulher, controle do câncer do colo do útero,
Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), entre outras.
j. Desenvolver atividades educativas, individuais ou coletivas.

38
6.2 Agente Comunitário
de Saúde (ACS)
k. Conhecer a importância da realização da coleta de exame preven-
tivo, como estratégia segura e eficiente para detecção precoce do
câncer do colo do útero na população feminina de sua microárea.
l. Buscar a integração entre a equipe de saúde e a população ads-
crita à unidade, mantendo a equipe informada, principalmente a
respeito de mulheres em situação de vulnerabilidade e risco.
m. Estar em contato permanente com as famílias, desenvolvendo
ações educativas relativas ao controle do câncer do colo do útero,
de acordo com o planejamento da equipe.
n. Realizar busca ativa, para rastreamento de mulheres de sua mi-
croárea e detecção precoce do câncer do colo do útero.
o. Realizar busca ativa das mulheres com exames alterados ou que ne-
cessitem de tratamento/seguimento de patologias do colo do útero.

6.3 Auxiliar/técnico de enfermagem


p. Participar do planejamento, execução e avaliação das ações de
assistência de enfermagem à mulher, conforme sua competência
técnica e legal, considerando o contexto sociocultural e familiar
da usuária, sob supervisão do enfermeiro.
q. Orientar o usuário para consultas médicas e de enfermagem, exa-
mes, tratamentos e outros procedimentos.
r. Realizar cuidados de enfermagem nas urgências e emergências
clínicas, sob supervisão do enfermeiro.
s. Participar e contribuir com as capacitações e educação permanen-
te promovidas pelo enfermeiro e/ou demais membros da equipe.
t. Participar de reuniões periódicas da equipe de enfermagem, visan-
do o entrosamento e enfrentamento dos problemas identificados.

39
u. Registrar as ações de enfermagem no prontuário eletrônico da
paciente, em formulários do sistema de informação e outros do-
cumentos institucionais que forem necessários.
v. Realizar visita domiciliar, quando necessário.
w. Manter a disponibilidade de materiais e insumos nos consultórios
para a realização do exame do colo do útero.

6.4 Enfermeiro
x. Realizar exame especular, coleta de material para exame citopa-
tológico do colo do útero e teste de Schiller, seguindo as reco-
mendações contidas neste protocolo, como uma etapa da con-
sulta de enfermagem à mulher.
y. Encaminhar para avaliação médica, na sua unidade de saúde, as
mulheres com alterações identificadas ao exame especular (le-
sões vulvares, lesões no colo do útero, pólipos, condilomas, gran-
des ectopias e outras), resultado do exame citopatológico positi-
vo e teste de Schiller positivo.
z. Realizar o seguimento das mulheres que apresentam resultado
do exame citopatológico alterado, amostras insatisfatórias ou al-
guma outra anormalidade para o acompanhamento periódico.
aa. Supervisionar a realização de busca ativa, das mulheres da área
de abrangência que não estejam realizando seus exames pre-
ventivos de rotina e das mulheres com exames alterados ou que
tenham indicação para tratamento/seguimento de patologias no
colo do útero.
ab. Realizar visita domiciliar, quando necessário.
ac. Supervisionar e coordenar o trabalho da equipe de enfermagem
e dos ACS nas ações relacionadas com este Protocolo.
ad. Manter a disponibilidade de suprimentos dos insumos e materiais
necessários para as ações propostas neste Protocolo.
ae. Realizar atividades de educação permanente junto aos demais
profissionais da equipe.

40
af. Planejar, coordenar, executar e avaliar ações educativas relacio-
nadas à prevenção primária e secundária do câncer do colo do
útero, direcionada às mulheres e homens trans, utilizando a mo-
dalidade de grupos operativos de modo a reforçar e potencializar
as interações que ocorrem em momentos coletivos e possibilitar
trocas de experiências.

6.5 Médico de família e comunidade


ou médico generalista
ag. Realizar o exame clínico-ginecológico em todas as mulheres nas
quais esteja indicado.
ah. Realizar exame especular, coleta de material para exame citopa-
tológico do colo do útero e teste de Schiller, seguindo as reco-
mendações contidas neste protocolo.
ai. Monitorar os resultados dos exames citopatológicos colhidos
pela sua eSF.
aj. Orientar a equipe para realização de busca ativa das mulheres
com exames alterados.
ak. Orientar a equipe para realização de busca ativa das mulheres em
sua área de abrangência que não estejam realizando seus exames
preventivos de rotina.
al. Incrementar ações que resultem no aumento da cobertura do
rastreamento/prevenção do câncer do colo do útero na área de
abrangência de sua eSF.
am. Encaminhar as mulheres para a Atenção Secundária, quando indi-
cado, e monitorar seu atendimento/tratamento. Atenção especial
para os casos de câncer de colo do útero.
an. Tratar as IST e infecções do trato genital inferior.
ao. Apoiar o enfermeiro da eSF na condução dos casos de exa-
mes alterados.
ap. Discutir os casos que gerem dúvidas com o ginecologista do Cen-
tro de Saúde ou de uma unidade próxima.

41
6.6 Médico ginecologista
aq. Apoiar a realização do exame clínico-ginecológico de todas as mu-
lheres nas quais esteja indicado, e realizá-lo nas pacientes nas quais
a eSF teve alguma dificuldade técnica para a realização ou outras
dificuldades operacionais de forma que possa garantir a oferta do
exame às mulheres da área de abrangência do Centro de Saúde.
ar. Realizar exame especular, coleta de material para exame citopa-
tológico do colo do útero e teste de Schiller, seguindo as reco-
mendações contidas neste protocolo, aproveitando o momento
oportuno em que a mulher foi encaminhada pela eSF.
as. Monitorar os resultados dos exames citopatológicos alterados
junto às eSF.
at. Orientar as eSF para realização de busca ativa das mulheres com
exames alterados.
au. Apoiar as eSF na organização dos processos de trabalho para rea-
lização de busca ativa das mulheres da área de abrangência que
não estejam realizando seus exames preventivos de rotina.
av. Incrementar ações que resultem no aumento da cobertura do
rastreamento/prevenção do câncer do colo do útero na área de
abrangência do Centro de Saúde, junto com as eSF.
aw. Encaminhar as mulheres para a Atenção Secundária, quando indi-
cado, e monitorar seu atendimento/tratamento. Atenção especial
para os casos de câncer do colo do útero.
ax. Tratar as IST e infecções do trato genital inferior.
ay. Orientar os médicos de família e comunidade e enfermeiros na
correta realização da coleta de material para exame citopatológi-
co do colo do útero.
az. Orientar os médicos da eSF e enfermeiros nos casos que gerem
dúvidas quanto ao diagnóstico, tratamento e encaminhamen-
to necessário.
ba. Realizar apoio matricial das eSF diante dos casos que possam ge-
rar dúvidas na condução e encaminhamentos.
bb. Auxiliar a condução de casos de outros Centros de Saúde sem
ginecologistas.

42
I. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Ângela Cristina Labanca de; CAMPOS, Rachel Rezende. Rede de atenção:
saúde da mulher. Belo Horizonte: Nescon / UFMG, 2020. 115p.

BELO HORIZONTE. Prevenção e controle do câncer de colo de útero - Protocolos de


Atenção à Saúde da Mulher. 2008, p.19.

BELO HORIZONTE. Protocolo de Pré-natal e Puerpério. 2ª ed., 2019, p.134.

BELO HORIZONTE. Manual de Coleta: Orientações para coleta de sangue venoso,


acondicionamento e transporte das amostras biológicas para realização de exames
laboratoriais na rede SUS-BH. 2016, p.16.

BELO HORIZONTE. Jaqueline de Belles Rosa. Secretaria Municipal de Saúde (ed.).


Orientações para a coleta de Exames Citopatológicos de Rastreamento do Câncer
do Colo Uterino. 2021. Laboratório Municipal de Referência em Análises Clínicas e
Citopatologia. Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/saude/informacoes/atencao
-a-saude/publicacoes.

BELO HORIZONTE. Manual de Enfermagem – Atenção Primária à Saúde de Belo Hori-


zonte. 2016, p.175.

BELO HORIZONTE. Manual de Exames Laboratoriais da Rede SUS-BH. 2016, p. 103.

BELO HORIZONTE. Diretrizes Básicas de Encaminhamentos para consultas oncológi-


cas da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte/SUS-BH. 20??, p. 22.

BRASIL. Lei Nº 12.732 de 22 de novembro de 2012. Dispõe sobre o primeiro tratamento


de paciente com neoplasia maligna comprovada e estabelece prazo para seu início.

44
BRASIL. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Sistema de Informação do Câncer: ma-
nual preliminar para apoio à implantação /Instituto Nacional de Câncer José Alencar
Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: INCA, 2013, p.143.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Aten-


ção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2013, p.124 (Cadernos de Atenção Básica, n. 13).

BRASIL. Portaria Nº 876 de 16 de maio de 2013. Dispõe sobre a aplicação da Lei nº


12.732, de 22 de novembro de 2012, que versa a respeito do primeiro tratamento
do paciente com neoplasia maligna comprovada, no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS).

BRASIL. Portaria Nº 3.394 de 30 de dezembro de 2013. Institui o Sistema de Informa-


ção de Câncer (SICAN) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

BRASIL. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Diretrizes Brasileiras para o Rastreamen-


to do Câncer do Colo do Útero. / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da
Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à
Organização de Rede. – 2. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016a, p.114.

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Protocolos


da Atenção Básica: Saúde das Mulheres – Brasília: Ministério da Saúde, 2016b. 230p. il.

BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Nº 643 de 17 de maio de 2018. Alte-


ra atributos do procedimento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses/
Próteses e Materiais Especiais do SUS.

BRASIL. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Estimativa 2020: para incidência do cân-
cer no Brasil. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Ja-
neiro: INCA, 2019, p.120.

45
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/
Aids e das Hepatites Virais. Homens trans: vamos falar sobre prevenção de infecções
sexualmente transmissíveis? / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saú-
de, Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente
Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. – Brasília: Ministério da Saúde,
2019, p.35.

BRASIL. Parâmetros técnicos para o rastreamento do câncer do colo do útero. Minis-


tério da Saúde, 2019.

BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Nº 202 de 8 de fevereiro de 2019. Com-


patibiliza códigos da CID-10 com procedimento na Tabela de Procedimentos, Medica-
mentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde/SUS.

FEBRASGO. Rastreio, diagnóstico e tratamento do câncer de colo de útero. – São Pau-


lo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO),
2017, p.64.

FLORIDO, Lucas M.; ELIAN, Ethel M. H. Desafios do rastreio de câncer de colo em


homens transgêneros. Revista Cadernos de Medicina UNIFESO; v.02, n.3, 2019,
p.162-169.

46
II. APÊNDICE

APÊNDICE I - CÂNCER DE VULVA

1. INTRODUÇÃO
O câncer de vulva corresponde a menos de 1% das neoplasias malignas na mulher.
No trato genital inferior corresponde entre 3 a 5% das neoplasias malignas. Grande
parte dos casos de câncer de vulva é um tipo de câncer de pele. Acomete principal-
mente os pequenos e grandes lábios e tem sua incidência maior a partir dos 70 anos.
Apresenta ainda outro pico de incidência em mulheres mais jovens, que se dá em
torno de 40 anos. Aproximadamente 90% dos casos de câncer de vulva são de células
escamosas, 5% melanoma e os outros 5% são adenocarcinoma (de células basais e
raramente da glândula de Bartholin).

2. FATORES DE RISCO
Os fatores de risco dependem da idade do surgimento da lesão. Em mulheres mais
jovens associa-se principalmente a infecção pelo vírus HPV. A partir da 7ª década
associa-se a dermatoses inflamatórias, principalmente líquem escleroso, que em 5%
dos casos apresentam evolução maligna. São fatores de risco:

ccc. Tabagismo.
ddd. Idade avançada (devido ao hipoestrogenismo).
eee. Multiplicidade de parceiros sexuais.
fff. Alterações pré-cancerosas (displasia) em tecidos vulvares.
ggg. Infecção por HPV.
hhh. Câncer de vagina.
iii. Câncer de colo do útero.
jjj. Doença granulomatosa crônica.

47
3. DIAGNÓSTICO
Inicialmente pode se apresentar como um nódulo, uma área irritada, pruriginosa ou
ardente ou uma ferida plana ou com a cor de pele vermelha ou com uma área que
não cicatriza por um período de mais de 2 semanas ou uma área ulcerada que pode
produzir secreção líquida. As feridas planas podem se tornar descoloridas. Podem
também apresentar descamação. O tecido em torno da lesão pode apresentar pre-
gueamento. Em mulheres idosas avaliar a presença de linfonodos pélvicos.

IMPORTANTE!
Conduta: As pacientes deverão ser encaminhadas para “Ginecologia
Propedêutica do Colo do Útero, Vagina e Vulva” para realização de
colposcopia onde será feita a biópsia da lesão. O médico assistente deverá
descrever os tratamentos já realizados e tempo de uso da medicação.

ONCOLOGIA - GINECOLOGIA ADULTO

Informações necessárias para


avaliação através do SISREG WEB
Indicações. Avaliação cirúrgica de pacientes com:
• Neoplasia de vulva:
Pacientes com diagnóstico confirmado de neoplasia invasora de vulva.

Informes mínimos:
• Sinais e sintomas atuais (descrever exame físico abdominal e to-
que vaginal);
• Paciente está na menopausa (sim ou não)? Se sim, há quanto tempo;

48
• História prévia de neoplasia. Em caso afirmativo informar: patologia,
tratamentos realizados, local e data;
• Resultado anatomopatológico, quando houver, com descrição de ta-
manho, localização, características da lesão. Se sem biópsia, justificar
a não realização.
• Resultado de exame imuno-histoquímica, quando indicado;
• Resultado de outros exames realizados e pertinentes ao caso, em es-
pecial exames de imagem;
• Tratamentos oncológicos anteriores para a patologia atual, modali-
dade, local de realização e datas;
• Impressão clínica diagnóstica do médico assistente;
• Justificativa do encaminhamento atual;
• Identificação do médico assistente, CRM.

ATENÇÃO:
Todos os descritivos de biópsia devem incluir sítio primário da lesão, com
data da realização do exame.

Ressaltamos que esta via de agendamento se refere às solicitações de


atendimento ambulatorial eletivo, sem necessidade de internação imediata.

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