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DEPARTAMENTO DE TEOLOGIA
INTRODUÇÃO À TEOLOGIA ORIENTAL
Theosis:
Fim Último do Homem
Salvador
Abril de 2006
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Ricardo Nascimento França
Theosis:
Fim Último do Homem
Salvador
2006
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Pequena Introdução a Theosis e a Espiritualidade Oriental1
1
Reconhecemos que este tema é abrangente e complexo para ser tratado em poucas páginas. Nota do Autor.
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2 Pd 1, 4.
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Pode-se compreender Theosis - este caminho da deificação humana - não somente no âmbito do cristianismo, já
que é uma busca imanente do humano pelo divino e isto encontramos em outras religiões e mesmo em correntes
esotéricas. Nota do autor.
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todos os seus detalhes; a estupenda iconografia que revela a sua composição feita com uma
profunda reverência ao sagrado e um sinal da presença da Majestade Divina4.
Atualmente nas celebrações, dentro do ano litúrgico da Igreja Oriental,
percebemos as heranças legadas pelos primeiros místicos orientais. As celebrações de festas
como as da Ressurreição, da Transfiguração e da Epifania, por exemplo, são feitas com
grande alegria, por que elas expressam verdadeiramente a união do homem (Natureza
Humana) com a plenitude Divina. Isto é, elas manifestam claramente a possibilidade da
deificação humana.
Vimos até agora que o evento Jesus Cristo foi o degrau inicial e através do
qual recebemos a possibilidade de nos unirmos a Deus. Ele quem nos capacita, logo, deixa-
nos instrumentais que nos auxiliam neste processo.
Antes de qualquer especificação destes instrumentais, devemos ressaltar,
acima de tudo, que esta deificação acontece “por Graça” – São Máximo (580-662).
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Entendimento retirado através das aulas ministradas pela Ir. Ana Maria, OSB. Nota do Autor.
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Cristianismo: religião que tem a crença num Deus partícipe da vida humana, revelando-se durante a caminhada.
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Cf. Evangelho Jo 1, 14: “E o Verbo se fez Carne e habitou entre nós”.
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Supra n. 1.
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Termo que deve ser entendido como dons deixados (na igreja e na natureza humana) à nossa disposição para
usarmos neste processo deificador. Nota do Autor.
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Esclarecemos, também, que ao tratarmos de cada um dos instrumentais que, na verdade, são
aspectos da vida do homem cristão, que o auxiliam no empreendimento da Theosis,
lembramos que a ordem com que serão trabalhados não significa uma ordenação de passos
processuais, pois todos eles devem estar presentes em todos os momentos desta busca da vida
em plenitude com Deus.
Estes instrumentais são nascidos, legados a todos os homens através do
Verbo Encarnado que através da sua Paixão, Morte e Ressurreição, abriu as comportas dos
céus dando os dons necessários a sua Igreja Militante e, assim, ao conjunto de todos os seus
fiéis.
Inicialmente, citamos fundamentalmente o Dom do Espírito Santo:
“Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à Verdade plena” 9. A Igreja que estava
reunida no cenáculo recebe o Espírito Santo – Pentecostes 10 – que incendeia os corações
operando assim a deificação nos homens.
Com o envio do Espírito Santo nós nos tornamos Templos do Deus Vivo 11
e, a partir de então, podemos ser conduzidos pelo Espírito de Deus 12 para gerar em nós o
processo de deificação.
Além, do dom do Espírito Santo, contamos também com os sinais do Amor
de Deus deixados em nossa Igreja celebrados através dos Sacramentos. Nos ateremos no mais
excelso de todos, que contém Deus - totalmente Homem e totalmente Deus: a Eucaristia. Este
é o alimento que comemos para vivermos em Cristo13.
Ao nos alimentarmos do Corpo de Cristo, vai-se operando em nós esta
Theosis. Para ilustrar este aspecto citamos São Cirilo de Jerusalém (315-386) que se expressa
dizendo que os participantes da Eucaristia se tornam “com-carnais e com-sanguíneos” de
Jesus Cristo. Desta forma, o homem é verdadeiramente cristificado, ou por se alimentar do
Verbo Divino, verbificado.
Num conjunto de Auxílios Divinos14 no processo de deificação do homem,
a Liturgia, também tem o seu papel. Ela é como uma antecipação da festa que se realizará no
paraíso: o viver somente em Deus, por e para Deus, no amor de Deus. Este mundo que está
por vir, na Liturgia, mostra-se muito próximo.
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Cf. Jo 16, 13.
10
Cf. Atos 2.
11
Cf. 1 Cor 3, 16.
12
Cf. Rm 8, 14.
13
Cf. Jo 6, 57.
14
Dons nascido da vontade de Deus para ajudar o homem na sua deificação. Nota do Autor
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Processa-se também na Liturgia, através do oferecimento dos dons, a
revelação do papel da matéria: instrumental para a Vida Divina, pois todo o mundo material
ofertar-se ao Divino Criador.
Dentro da Liturgia, na realidade da participação da Vida Divina,
percebemos a necessária união e harmonia que deve existir entre os homens nesta celebração,
onde todos se reúnem, alimentam-se em comunhão com Deus e entre si, expressando a
realidade celeste que há de vir.
Apresentamos agora dois pontos que são características expressivas e
singulares na Teologia Oriental: a ascese e a oração 15. Podemos dizer que a ascese e a oração
provocam uma busca de Deus pelo homem: “o homem se houvesse apegado a Deus desde o
primeiro movimento do seu ser, teria logo atingido a sua perfeição”16.
A Oração é o fruto de todos os outros pontos citados. Ela é a expressão da
vida do Espírito Santo que está em nós; na Liturgia ela está de forma completa; e da
Eucaristia ela sente necessidade deste alimento espiritual. A atitude constante de oração é
concomitantemente com a constante busca de Deus.
No Oriente, a Oração que expressa um contínuo pulsar do coração que dá
vida, é feita pelo método Hesicasmo que consiste em fazer pequenas e constantes invocações
(jaculatórias) que nos lembram continuamente a presença de Deus.
Pequena Conclusão
Entendemos com este trabalho que não é nenhuma heresia humana desejar
atingir um estado divino. Percebemos que faz parte do destino humano esta busca, este
processo chamado Theosis, uma vez que ele foi traçado pelo Criador de todas as coisas.
Este processo tornou-se palpável na sua plenitude quando o Verbo Divino
restabeleceu a dignidade da natureza humana através da Encarnação. E com os dons deixados
por Jesus à sua Igreja somos potencializados neste itinerário de deificação.
Ao recebermos o Espírito Santo somos cada vez mais compelidos a
divinização. Devemos em comunhão com a Igreja, dom de Cristo aos homens, buscar
constantemente realizar em nós esta transformação. Devemos desejar, através da oração, uma
contínua união com Deus. E, assim, através destes passos realizar em nós o que está traçado
no Coração Divino: a nossa Participação em sua Natureza Divina.
15
Não sendo exclusivo da Igreja Oriental, pois encontramos muitos vultos no ocidente. Nota do Autor.
16
São Gregório de Nissa (335-395).
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Bibliografia: