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SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA DAS ASSEMBLEIAS DE


DEUS (SETAD)
Curso: Bacharel em Teologia
Disciplina: Metodologia do Trabalho Científico
Professor (a) Letícia M.W. Marinho

O MAIOR TEÓLOGO DO NOVO TESTAMENTO


A importância dos escritos de Paulo
para a igreja através dos séculos

Fábio Moura
de Lima

SÃO PAULO
2022
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 03
2 A IMPORTÂNCIA DA ESCRITA PARA A TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO
03
3 JESUS E O INTROITO DO COLÉGIO APOSTÓLICO 05
4 A PROMESSA E O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO 06
5 EXPANSÃO, PRENUNCIO DA PERSEGUIÇÃO E MARTÍRIO 07
6 SAULO E O PRELÚDIO DA INQUISIÇÃO 08
7 LANÇANDO AS BASES DA TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO 09
8 SAULO PARA OS JUDEUS, PAULO PARA OS GENTIOS 10
9 ASPECTOS PESSOAIS DO TEÓLOGO PAULO 11
10 DA PERSEGUIÇÃO NASCE A NECESSIDADE 12
11 O TEÓLOGO DO NOVO TESTAMENTO 12
12 BASES DOUTRINÁRIAS PARA AS IGREJAS 13
13 CONCLUSÃO 15
REFERÊNCIAS 17
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1 INTRODUÇÃO

Paulo, foi o último apóstolo a ser escolhido por Jesus quando ia para
Damasco, mas a sua importância crescente durante os primeiros anos da igreja do
primeiro século, o tornaram a principal autoridade teológica, e sua contribuição
registrada em preciosas cartas, continua ajudando a alicerçar novos cristãos, a
exortar os mais experientes, e fundamentar a teologia contemporânea.
Usando todo o conhecimento, que tinha submetido ao Senhor Jesus e
servindo a igreja, Paulo ajudou não apenas na expansão da mensagem da salvação,
mas também, em lançar os fundamentos doutrinários que servem de norte para as
igrejas de hoje.
Com foco nos registros escritos que passariam de geração a geração, o
apóstolo dos gentios nos deixou, preciosas informações e respostas para os mais
diversos assuntos, que permeavam as primeiras igrejas, e que são assuntos muito
importantes atualmente, não somente com relação a doutrina, mas com aplicação
prática na vida do indivíduo como cristão.
De perseguidor a perseguido e de pregador a mestre, veremos como Paulo
sistematizou a ‘‘Teologia do Novo Testamento’’, e como suas características
pessoais o deixaram marcado na história da igreja, como o maior teólogo do novo
testamento, e as diretrizes contidas em seus escritos, continuarão sendo até a volta
de Jesus, como colunas de sustento doutrinário para as igrejas.

2 A IMPORTÂNCIA DA ESCRITA PARA A TEOLOGIA DO NOVO


TESTAMENTO

A preocupação com registros históricos não é nova, desde a pré-história, o


homem praticava e utilizava sistemas de símbolos numéricos para administração,
desde a escrita cuneiforme encontrada em tabletes de argila na Mesopotâmia,
realizada pelos sumérios em aproximadamente 3200 a.C. Temos visto crescer o
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interesse humano não apenas em se comunicar via relações sociais, mas em deixar
registros históricos para gerações futuras.

No século XXI o mundo está no ápice da globalização e não é exagero dizer,


que, o acesso as informações por meio digital hoje em dia são praticamente
instantâneas, e a conexão virtual entre pessoas é uma realidade nos últimos 27
anos.
A disseminação de informações por meio digital, possui um fluxo intermitente
de modo que uma pessoa com um aparelho celular na mão, pode fazer um registro
fotográfico no hemisfério sul, que em milésimos de segundo ele pode ser acessado
no hemisfério norte, uma simples mensagem enviada do lado oposto do globo
terrestre, pode ser respondida quase que instantaneamente, e esses registros uma
vez salvos na nuvem de dados, nunca se perderão.
Desse modo, a troca e a busca por informações e dados, está ao alcance de
um simples clique, e, se for preciso deixar um registro histórico para a posteridade,
ele pode ser feito digitalmente.
Isso acarretou uma certa banalização nas comunicações, pois uma vez que
toda troca de informações passou a ser muito rápida, perdeu-se a preocupação e
valorização no tratamento de assuntos profundos e históricos, consequentemente,
as pessoas esqueceram a importância das palavras, e o aproveitamento de
oportunidades comunicativas, diferente do que veremos a seguir.
Na segunda metade do século I, no entanto, as coisas eram bem distintas,
vale lembrar que as pessoas ao invés de contarem com aparelhos celular, internet e
nuvem de dados, elas dispunham de papiro e uma cana de 15 centímetros para
escrever.
Uma carta não chegava em seu destino quase em tempo real, mas em
muitos casos ela levaria meses até encontrar o seu destinatário, de modo que, uma
vez que essa correspondência em trânsito de semanas ou meses, chegava ao seu
destino, as informações ali contidas deveriam ser de extrema relevância, pois a
resposta dessa carta levaria um longo tempo na viagem de volta.
O uso da escrita para registrar acontecimentos deveria ser completamente
lógico e objetivo, então ela passou a ser usada para registros de muita importância,
e assim o seu uso tornou-se ser primordial para fornecer informações importantes,
sobre civilizações e acontecimentos históricos, sendo a melhor forma de
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‘‘arquivamento de dados’’, pois se restringia ao registro veraz de eventos históricos,


não desperdiçando palavras ou o tempo do destinatário.

Os registros feitos manualmente, eram as fidedignas provas para informar as


gerações futuras, sobre fatos ocorridos anos antes e narrados por testemunhas
diretas, portanto se fosse preciso deixar gravada uma história, recomendações para
a posteridade, ou digamos que se fizesse necessário registrar a vida de uma pessoa
muito importante, ou um grupo de pessoas que ajudaram a revolucionar o mundo,
ou até mesmo deixar informações que serviriam de ‘‘manual’’ para povos futuros,
isso deveria ser feito através do processo manual da escrita, e é nesse cenário que
Jesus Cristo nasceu e cresceu.

3 JESUS E O INTROITO DO COLÉGIO APOSTÓLICO

Quando Jesus chega as margens do rio Jordão para ser batizado por João
Batista ele já tinha em torno de 30 anos de idade: ‘‘E Jesus, quando foi batizado,
saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus
descendo como pomba e vindo sobre ele’’ (BÍBLIA, N.T. Mateus, 3:16).
É mister informar, que Jesus iniciou seu ministério após ser batizado e
posteriormente tentado no deserto, e uma das suas primeiras ações foi escolher
aqueles que viriam a ser, os membros do colégio apostólico e por conseguintes
testemunhas diretas dos acontecimentos vindouros:

E quando já era dia, ele chamou a si os seus discípulos; e escolheu doze
deles, a quem também deu o nome de apóstolos: Simão (a quem ele
também chamou Pedro), e André, seu irmão, Tiago e João, Filipe e
Bartolomeu, Mateus e Tomé, Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado
Zelote, e Judas, irmão  de Tiago, e Judas Iscariotes, que também foi o
traidor. (BÍBLIA, N.T. Lucas, 6:13-16).

Durante os mais de três anos de Jesus com seus discípulos, em nenhum


momento é possível ver qualquer um deles demonstrando preocupação em registrar
textualmente o ministério do Filho de Deus.
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Isso se dá por três motivos simples:


1) nunca houve uma recomendação de Jesus, para que se fizesse qualquer
registro histórico sobre suas palavras e milagres;

2) a grande maioria dos apóstolos não eram homens dedicados a escrita, e


não possuíam a mesma aptidão de um escriba por exemplo, portanto essa
preocupação era inexistente;
3) uma vez que o mestre estava com eles, e sendo Ele a própria instrução
encarnada, não necessitaria de uma outra escrita, trata-se da mesma lógica aplicada
ao jejum:

‘‘E disse-lhes Jesus: Podem os convidados do noivo estar de luto, enquanto


o noivo está com eles? Mas dias virão, em que lhes será tirado o noivo, e
então hão de jejuar’’ (BÍBLIA, N.T. Lucas, 9:15).

Por dedução, não havia necessidade ou prioridade em registrar textualmente


o ministério de Jesus, pois esse assunto ainda não era objeto de discussão,
portanto, não era urgente, uma vez que o foco estava no fazer e não no registro do
que realizavam.
É importante comentar, que o fato de os apóstolos não possuírem aptidão de
um escriba, não os torna por definição analfabetos como alguns pensam, significa
apenas que eles não tinham o mesmo preparo de um profissional:

‘‘...deve ser desmistificada é a ideia que os discípulos de Jesus eram


iletrados no sentido de serem analfabetos. Eles eram tidos como iletrados e
incultos pelo Sinédrio apenas por não terem cursado teologia com os
mestres da época...’’ (AZEVEDO, 2019, Online).

4 A PROMESSA E O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO

Após os eventos que levaram à crucificação, ressurreição e ascensão de


Jesus, os apóstolos ficaram sem o mestre, mas perseveravam em oração apoiados
nas palavras do Senhor.
A partir do momento que Jesus não estava mais com eles, seria necessário
aguardar em Jerusalém pelo cumprimento da promessa do envio do Espírito Santo,
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e depois disso, colocar em prática tudo o que aprenderam por mais de três anos
observando o exemplo prático do Senhor: ‘‘E eis que, eu envio sobre vós a
promessa

de meu Pai; mas ficai na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de
poder’’ (BÍBLIA, N.T. Lucas, 24:49).
O cumprimento da promessa ficou conhecido como ‘‘O dia do derramamento
do Espírito Santo’’ e foi registrado por Lucas:

E, de repente, veio um som do céu, como de uma rajada de vento


impetuoso, e encheu toda a casa onde eles estavam assentados. E lá
apareceram a eles línguas divididas como de fogo, e pousou sobre cada um
deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em
outros idiomas, conforme o Espírito Santo lhes concedia falar. (BÍBLIA, N.T.
Atos dos Apóstolos, 2:2-4).

Uma vez cumprida a promessa, os apóstolos iniciaram a propagação da


mensagem de Jesus, pregando e realizando feitos que anteriormente o mestre disse
que fariam, como o batismo de quase três mil pessoas após a uma pregação de
Pedro, e a cura de um paralítico na porta do templo.

5 EXPANSÃO, PRENUNCIO DA PERSEGUIÇÃO E MARTÍRIO

Embora poderosa, a mensagem que esses homens levavam possuía algo


que afrontava as autoridades da época, pois falava de ‘‘ressurreição dos mortos’’, e
por causa disso, não demorou para que se iniciasse uma perseguição através dos
sacerdotes, capitães e saduceus, tanto que Pedro e João foram sabatinados no
sinédrio, e depois foram soltos, e cheios do Espírito Santo e com intrepidez,
continuavam anunciando a palavra de Deus.
Fato é que a cada dia o número de discípulos aumentava exponencialmente,
logo, outros colaboradores começaram a ser escolhidos e separados para a boa
obra.
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Foram escolhidos sete homens de boa reputação e igualmente cheios do


Espírito Santo, Estêvão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau.
O jovem Estêvão possui lugar de destaque dentre os demais colaboradores,
tornando-se o primeiro mártir entre os discípulos, pois é através do seu sermão que
é um dos mais belos e impactantes do novo testamento, registrado no livro de Atos
dos Apóstolos no capítulo 7, onde ele exalta Jesus e fala que o Altíssimo não
habita em

templos feitos por mãos humanas que, Estêvão é levado para fora da cidade, e
apedrejado até a morte:

E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E das testemunhas depuseram


as suas vestes aos pés de um Jovem chamado Saulo. E eles apedrejaram a
Estêvão, que invocava a Deus, dizendo: Senhor Jesus, recebei o meu
espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou em alta voz: Senhor, não coloques
este pecado para eles carregarem. E, tendo dito isto, adormeceu. (BÍBLIA,
N.T. Atos dos Apóstolos, 7:58-60).

Assim, podemos dizer que, a perseguição feroz aos apóstolos e discípulos


de Jesus, começou de fato com a morte do jovem Estevão.

6 SAULO E O PRELÚDIO DA INQUISIÇÃO

O resultado da morte do diácono Estêvão, foi a dispersão dos discípulos,


exceto os apóstolos, pelas regiões da Judéia e Samaria.
Um jovem fariseu, chamado Saulo de Tarso, surge na história justamente na
ocasião da morte de Estêvão, e, demonstrando muito ódio contra os discípulos, logo
ocupou o lugar de maior ameaça perseguindo-os de cidade em cidade, não demorou
muito até que o nome Saulo começasse a trazer terror aos corações dos seguidores
de Jesus.
Seu desejo voraz em punir os perseguidos o levou a solicitar junto ao sumo
sacerdote, cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de, prender e interrogar os
discípulos que encontrasse no caminho, trabalhando praticamente como um
inquisidor.
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O termo inquisidor tem início no século XIII, promovido pela igreja católica, e
tinha por finalidade, o intuito de interrogar, julgar e punir possíveis crimes de heresia.
Não seria exagero dizer que Saulo com sua ferrenha perseguição aos
seguidores de Cristo, demonstrou no século I, como futuramente funcionaria de
forma violenta e desumana a inquisição, prepotentemente chamada de ‘‘santa’’.

A estratégia de perseguição de Saulo estava em pleno andamento, mas


felizmente foi aí que algo totalmente fora dos planos do perseguidor aconteceu.
No caminho para Damasco ele teve um encontro que mudaria
completamente a sua vida:

 E, enquanto ele viajava, ao aproximar-se de Damasco, repentinamente


brilhou uma luz do céu ao seu redor; e, ele caindo em terra, ouviu uma voz
que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que tu me persegues? E ele disse: Quem és
tu, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é
para ti chutar contra os aguilhões. (BÍBLIA, N.T. Atos dos Apóstolos, 9:3-5).

Logo após o encontro com Jesus, que provocou a sua conversão, Saulo
assume um importante papel na pregação da mensagem da salvação, se juntando
aos discípulos, primeiro na cidade de Damasco, e depois nas cidades vizinhas,
frequentando as sinagogas e afirmando publicamente ali, que Jesus era o Filho de
Deus.
Alguns grupos se opuseram, em especial os ‘‘helenistas’’, que fortemente se
levantaram contra a mensagem de Paulo: ‘‘Depois da morte de Alexandre Magno
em 323 antes de Cristo (...) formou-se um tipo de cultura na antiguidade que
chamamos de helenismo.’’ (GAMITO, 2020, p. 04).
As palavras do apóstolo eram ousadas, pois falava em nome do Senhor
Jesus, os helenistas de Jerusalém tentavam dissuadi-lo filosoficamente e não
conseguiam, Saulo despertou assim o ódio em seus opositores que agora,
buscavam ocasião para matá-lo, isso fez com que ele fosse enviado pelos irmãos, a
Cesaréia, e depois para Tarso.
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7 LANÇANDO AS BASES DA TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO

Desde a ascensão de Jesus até a perseguição promovida por Saulo, os


discípulos eram chamados de ‘‘seguidores do Caminho’’, isso não era uma mera
coincidência ou um paralelo judaico, indicando que Jesus ensinava apenas uma
nova religião (caminho), mas o próprio Cristo fez questão de confirmar, que Ele
não era

apenas um caminho, mas sim, o único caminho: ‘‘Disse-lhe Jesus: Eu sou o


caminho, a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim’’ (BÍBLIA, N.T.
João, 14:6).
Os discípulos que outrora foram dispersos após a morte de Estêvão,
estavam pregando a Palavra de Deus por toda parte, um desses lugares era
Antioquia.
Com ótimas notícias vindas de lá, os irmãos de Jerusalém viram a
necessidade de enviar um homem cheio do Espírito Santo, para confirmar o trabalho
na cidade, então essa missão coube a Barnabé.
Este por sua vez, testemunhando o maravilhoso agir do Espírito Santo não
perdeu tempo, e logo foi até a cidade de Tarso à procura de Saulo, uma vez
encontrado, levou-o para Antioquia, e, por 1 ano, Saulo esteve na cidade, ensinando
as multidões, e foi justamente lá em Antioquia, que os seguidores do ‘‘Caminho’’
foram
chamados pela primeira vez de ‘‘cristãos’’, indicando que a influência de Saulo no
que viria a ser a ‘‘Teologia do Novo Testamento’’, começava a ganhar força.
A confirmação de Saulo como uma referência no ensino, torna-se evidente
antes de sua primeira viagem missionária, e seu lugar entre os cinco mestres locais
é confirmado por Lucas: ‘‘Ora, havia na igreja que estava em Antioquia alguns
profetas
e mestres; Barnabé, e Simeão, chamado Níger, Lúcio, de Cirene, Manaém, que
havia sido criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo’’ (BÍBLIA, N.T. Atos dos
Apóstolos, 13:1).
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8 SAULO PARA OS JUDEUS, PAULO PARA OS GENTIOS

Em Antioquia, um ambiente que ainda contava com muitos judeus,


naturalmente o nome Saulo era bem aceito, não apenas por ser um nome hebraico,
mas, também pelo testemunho de conversão, pois onde antes o nome Saulo trouxe
terror, agora trazia uma mensagem de salvação.
Quando o Espírito Santo os envia para Chipre, o nome Saulo é abandonado
e agora o nome Paulo do latim (pequeno) passa a ser usado, não se trata de uma
mudança de nome, mas cultural, de ambiente e de ofício, uma vez em território
gentio ou províncias romanas, o uso de um nome adequado para o idioma local faz
todo sentido.

Algo de suma importância a ser observado, é que Paulo, tem três


características muito importantes que marcaram a sua vida e servem de exemplo,
pois
o termo apóstolo significa ‘‘enviado’’, e diante disso entendemos o motivo que:
‘‘Paulo (Saulo) está na lista dos profetas e mestres. Em seguida, é enviado pelo
Espírito Santo, juntamente com Barnabé, ‘para a obra que os tenho chamado’. É
apóstolo, profeta e mestre’’. (AUGUSTO, 2017, p. 104).
Essas três características de Paulo, servem de referencial para todos os
cristãos, pois não estamos falando apenas de um homem instruído, falamos sobre
um homem cheio do Espírito Santo.

9 ASPECTOS PESSOAIS DO TEÓLOGO PAULO

Um simples comparativo entre Paulo e os demais apóstolos, já evidencia


que ele foi escolhido para trabalhar muito mais, e ir além nas questões teológicas,
isso fica evidente na ocasião e rapidez de sua conversão, demonstrando
notoriamente ter sido escolhido de modo exclusivo, pois a sua ousadia era um fator
diferencial:
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Deus, em sua infinita sabedoria e presciência, escolheu a Saulo de Tarso e


chamou-o provocando uma experiência emocional assustadora.
Diferentemente dos demais apóstolos, o Senhor Jesus viu em Paulo o
homem que possuía as qualidades ideais de ousadia para levar o Seu nome
ao mundo gentio. (CABRAL, 2021, p. 18).

Paulo era sem dúvida o mais letrado dos apóstolos, de família influente e
aluno de Gamaliel, que por sua vez era um respeitado rabino da escola de Hillel:
‘‘Havia em Israel diversas escolas para o aprendizado, porém os mais
famosos e de credibilidade eram a dos rabinos Shammai e do rabino Hillel (...) Hillel
é conhecido por ser o sábio que preserva o amor’’. (LANDULFO, 2016, p. 51).
O apóstolo Paulo não era apenas mais um novo convertido ao ‘‘Caminho’’,
mas um importante líder da igreja do primeiro século e consequentemente viria a ser
a maior autoridade teológica do novo testamento.
Um dos aspectos pessoais mais marcantes do apóstolo era sua devoção ao
ofício, outrora seu afinco estava em perseguir e prender os discípulos de Jesus,
mas

agora ele direciona toda a sua devoção na servidão ao seu mestre, na pregação da
palavra de Deus, e, na sua total entrega ao apostolado.

10 DA PERSEGUIÇÃO NASCE A NECESSIDADE

Quanto mais a mensagem da salvação através de Jesus, se espalhava,


mais a perseguição aumentava, com os anos se passando, e mesmo sem uma
ordem direta de Jesus, para a realização de qualquer registro escrito, a importância
de deixar para
gerações futuras todos os feitos, milagres e as palavras de Jesus se fez urgente,
uma vez que algumas testemunhas oculares já tinham sido martirizadas, ou estavam
com suas cabeças à prêmio, se encontravam aprisionadas ou em idade avançada.
Enquanto a vívida cena de Jesus curando paralíticos, cegos, surdos, mudos,
perdoando pecados, proferindo parábolas e o grande sermão do monte, estavam
ainda frescas na memória, se fez essencial, deixar para futuras gerações, os mais
fiéis relatos sobre a vida e ministério do Cristo e dos seus apóstolos.
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Dentre todos que escreveram contribuindo para a formação do cânon do


novo testamento, duas foram as testemunhas diretas que buscaram registrar tudo
que viram e ouviram de Jesus, no que viria a ser ‘‘o evangelho’’, a saber Mateus e
João, e então aproximadamente após o ano 50 d.C. o novo testamento começou a
ser redigido.

11 O TEÓLOGO DO NOVO TESTAMENTO

Os primeiros registros feitos pelos outros apóstolos, tratam do ministério do


Senhor Jesus, também falam de sua genealogia e fazem questão de apresentá-lo
aos novos leitores, como o Filho de Deus, eram pessoas que precisavam antes de
tudo conhecer Jesus através das experiências pessoais dos apóstolos.
Enquanto isso, Paulo direciona o seu foco a aqueles que já receberam o
Senhor Jesus como salvador, e agora precisam obedecê-lo, como Senhor, fazendo-
se necessária a criação de um conteúdo doutrinário.

Dos 27 livros que compõem o cânon do novo testamento, pelo menos 13


deles são de autoria atribuída ao apóstolo Paulo, ninguém contribuiu tanto quanto
ele no novo testamento.
Os livros atribuídos ao apóstolo Paulo são: Romanos, I Coríntios, II
Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I Tessalonicenses, II
Tessalonicenses, I Timóteo, II Timóteo, Tito e Filemom.

12 BASES DOUTRINÁRIAS PARA AS IGREJAS

As bases teológicas doutrinárias que fundamentam a igreja dos dias de hoje,


são encontradas em abundância nos escritos Paulinos.
A importância do apóstolo Paulo para a teologia do novo testamento é tão
pragmática que entendemos: ‘‘sem desmerecer os demais apóstolos, foi o homem
que Deus escolheu dentre todos os líderes do novo testamento para construir a
maior parte da teologia cristã’’. (CABRAL, 2021, p. 06).
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Na cidade de Corinto Paulo escreve sua carta aos Romanos, essa carta
pode ter sido entregue através da irmã Febe, e ele trata de assuntos de extrema
relevância para a teologia como ‘‘a justificação pela fé’’, temas fundamentais como
justiça, justificação, propiciação, pecado original, rejeição de Israel, dons espirituais,
sobre as autoridades, condenação, guardar a lei de Deus, e fé, são temas centrais
desse registro escrito, a carta chega muito antes do apóstolo, pois quando Paulo
finalmente vai para Roma, já está na condição de prisioneiro, mas graças ao
conteúdo rico da carta, a igreja de Roma estava anteriormente bem instruída.
Aos Coríntios foi escrita na cidade de Éfeso, Paulo dá atenção especial ao
conteúdo doutrinário desta primeira carta, pois foi por intermédio dele em sua
segunda viagem missionária, que a mensagem de Jesus chegou pela primeira vez
na cidade, e ali ele permaneceu por dezoito meses também na companhia de Áquila
e Priscila.
Alguns problemas sérios que foram tratados por Paulo na primeira carta
incluíam, divisões entre os irmãos da igreja, imoralidades, questões matrimoniais,
consumo de alimentos, ressurreição dos mortos, incompreensão da mensagem de
Cristo, perda de galardão, devassidão, esses assuntos são contemporâneos, pois os

mesmos, tratados na ocasião, são abordados no presente século, é na primeira


carta aos Coríntios que encontramos o magnífico texto da ceia do Senhor, citado
mensalmente na maioria das igrejas cristãs em seus cultos.
Na segunda carta encontramos muitas diretrizes ricas, mas duas merecem
destaque, Paulo aborda os assuntos ‘‘ressurreição e tribunal de Cristo’’, dando
alertas, motivações, e sentido ao conteúdo destacado.
Aos Gálatas possui uma abordagem onde Paulo argumenta muito sobre
testemunho pessoal, autoridade apostólica, liberdade cristã, obras da carne, e fruto
do Espírito.
Nessa carta o apóstolo Paulo demonstra sua repreensão a Pedro,
sintetizando que uma autoridade eclesiástica, não está acima da correção que vem
de Deus.
Em sua terceira viagem missionária, ele permanece em Éfeso por quase três
anos, os registros para essa cidade, funcionaram quase como uma circular ou um
tratado doutrinário, uma das passagens mais conhecidas entre todos os cristãos é a
‘‘armadura de Deus’’ no capítulo 6 de Efésios.
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Éfeso sendo um centro comercial político e religioso, estava acostumada


com idolatria e familiarizada com a figura do grande templo de Ártemis (Diana).
Paulo se utiliza de figuras culturais para aplicar na vida dos cristãos, que a
igreja deveria ser como um corpo, e o cabeça, Cristo, o apóstolo fala sobre o templo
de Deus, dons espirituais, e ainda da igreja como noiva de Cristo, e fala sobre
predestinação.
Aos Filipenses, Paulo aborda um dos grandes assuntos da Teologia do Novo
Testamento, ‘‘Kenosis’’ de Cristo, que é um tema observado em Cristologia, e o seu
significado é ‘‘o esvaziamento de Cristo’’, ele também fala sobre oração, humildade,
paz e conhecimento de Cristo.
Aos Colossenses, ele fundamenta na carta, uma base sólida de argumentos
contra a heresia sincrética, crescente em Colossos.
O assunto dos alimentos volta a ser abordado por Paulo, ele argumenta
sobre adoração aos anjos, ascetismo, fala sobre o caráter de Cristo, posiciona Jesus
acima da filosofia, legalismo e misticismo, é um rico trabalho apologético do apóstolo
dos gentios.

Aos Tessalonicenses, Paulo motiva os cristãos a não voltar as práticas


pagãs, ensina sobre o ‘‘Dia do Senhor’’ e inicia um grande assunto escatológico,
tratando do tema sobre os mortos que estão em Cristo, e o que acontece aos
cristãos que morrem antes da volta de Jesus, estabelece correções e diretrizes
sobre o homem da iniquidade e apostasia.
Aos pastores Timóteo e Tito, Paulo apresenta valiosos princípios de cuidado
pastoral, pois trata de muitos assuntos organizacionais da igreja, das qualificações
necessárias aos ministros que hoje conhecemos como ‘‘obreiros’’, esclarece o
perigo das falsas doutrinas, deixa instruções para com as viúvas, os idosos e os
jovens, instrui os bispos e diáconos, exorta o pastor a ‘‘combater o bom combate’’.
O teólogo Paulo compara o cristão ao soldado, descreve como deve ser o
caráter desse combatente, forte, determinado, seguro, fiel, sadio na fé, santificado e
servo.
Estabelece qualificações para o presbitério, expõe o agir de falsos mestres
dentro da igreja e exorta a praticar boas obras.
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por serem repletas de conteúdo para a liderança da igreja, elas são


popularmente conhecidas como ‘‘epístolas pastorais’’.

13 CONCLUSÃO

O apóstolo Paulo contribuiu tanto para a Teologia do Novo Testamento, que


sem seus registros, não teríamos parâmetros comparativos para estabelecer
modelos litúrgicos, ou seríamos presas fáceis de falsos profetas e mestres.
Todos os apóstolos são de extrema importância, isso é fato, mas doutrinária
e textualmente, ninguém deixou tantas instruções como Paulo, suas contribuições
são quase 50% de todo o novo testamento, as igrejas cristãs utilizam o conteúdo
teológico Paulino para estabelecer suas doutrinas, isso indica não apenas a
importância do apóstolo no primeiro século, mas sua presença doutrinária
atualmente.
Mesmo que alguém tente, não se consegue desassociar a imagem de Paulo
com a teologia do novo testamento, ambos estão tão interligados, que um não
existiria sem o outro.

Ele não se fez um apóstolo, foi chamado para isso, e da mesma forma não
se fez mestre, foi igualmente escolhido, e é inegável a expansão doutrinária da
igreja sob as instruções do apóstolo dos gentios.
Assim como a doutrina da igreja atual extrai direto da fonte de Paulo, não há
um único leitor do novo testamento, que não tenha se beneficiado como individuo,
dos registros teológicos desse apóstolo.
O conteúdo da Teologia do Novo Testamento registrado ou ditado por Paulo,
é tão impressionante, pois foi revelado pelo Espírito Santo, e tamanha é a sua
importância e responsabilidade, que um espinho na carne lhe foi colocado, para que
diante dessas excelentes revelações, ele não se exaltasse.
Portanto, sendo o mais preparado dos apóstolos na questão teológica,
demonstrando sua submissão ao Senhor e humildade entre os irmãos, Paulo se
consolida como a maior referência teológica do novo testamento.
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desde a sua participação na perseguição inicial aos apóstolos e discípulos,


ele demonstrou que sua ousadia em ações e palavras, o tornariam um ‘‘instrutor’’
muito útil se estivesse do lado certo.
Uma vez convertido não demorou para se tornar uma autoridade como
mestre entre os cristãos do primeiro século, e devido aos seus aspectos pessoais
muito positivos, a igreja sob a sua liderança teológica se espalhou através de suas
viagens missionárias.
A teologia do novo testamento, tomou forma com os seus pensamentos
registrados em palavras escritas, que sem dúvida, lançaram as bases doutrinárias
fundamentais para a igreja de hoje.
Concluímos então, que os escritos Paulinos são indispensáveis, portanto,
sua importância é provada através dos anos, assim referenciou a igreja no século I,
e assim o faz no presente século dentro da teologia do novo testamento, dando
bases sólidas para os cristãos do mundo todo, isso faz do apóstolo Paulo, o maior
teólogo do novo testamento.

REFERÊNCIAS

AUGUSTO, César. O impacto apostólico. Rio de Janeiro: Vida Melhor, 2017.

AZEVEDO, Cezar A. Marques de. Comentários em João 1.35-45. Cesar Azevedo, 2022.
Disponível em: <https://cezarazevedo.com.br/comentarios-em-joao-1-35-42/>.
Acesso em: 25 set. 2022.

BAKOS, Margaret Marchiori (Org); POZZER, Katia Maria Paim (Org). A ESCRITA
CUNEIFORME NO ANTIGO ORIENTE PRÓ. III jornada de estudos do Oriente
Antigo: línguas, escritas e imaginários. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998.
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BÍBLIA sagrada. Anotada expandida. Almeida Revista e Atualizada. 2.ed.


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