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Análise Pdmlógica (1980).

2 (1):193-203

A intervenção Althusserima :
Epistemologia e Política

ANTONIO SANTOS (*)

1 -Quem intenta percorrer os acidenta- siástica adesão ou de apaixonada repulsa))


dos caminhos da teoria marxista no oci- (Vásquez, 1978) a que deu aso(l).
dente (ou debruçar-se sobre os problemas E se bem que hoje -ao procurar detec-
da recém-nascida epistemologia), directa ou tar-se a sua real influência na teoria dos
indirectamente, ainda hoje, desemboca em movimentas e organizações operárias oci-
Althusser, quase passados vinte anos sobre dentais ou determinar-se os efeitos perti-
as suas primeiras obras e doze sobre Maio nentes, os elementos de irreversibilidade, as
de 1968. «apartações consideráveis)) (Rocha, 1978),
Num (contexto histórico, político e ideo- os ((espaços em branco)) (Augé, 1976) do
lógico» de ((crise do movimento comunista seu discurso, ao estabelecer-se a discussão
internacional)) (Vázquez, 1978), numa ((con- dos fundamentw das suas teses ou ao con-
juntura confusa de reflexão nascente sobre siderar-se os seus trabalhos de um ponto de
as deformações estalinianaw (Sève, 1980), vista histórico-se começa a efectuar um
numa época caracterizada pela eclosão de balanço mais frio e distanciado, é facto que
novas formas e frentes de luta e de orga- a persistência de muitas das questões levan-
nização, em que ((empobrecimento,proleta- tadas designa ainda a sua eficácia e).
rização, crise económica, crise política e
social estão a assumir nas sociedades capi- (l) Relembre-se, a este respeito, o diferente
talistas evoluídas, perspectivas diferentes das percurso (teórico-político) dos autores de Lire le
que foram desenhadas pelo marxismo tra- Capital, dos colaboradores de Althusser nas colec-
dicional)) e se fala mesmo de «um mar- ções «ThCorie%,«Analyses» e ((Cours de Philoso-
xismo a refazer)) (Cerroni, 1976), o desafio phie pour ScientifiquesH, da Maspero. Recorde-se
também a trajectória de Poulantzas e, em espe-
da leitura de Marx por Althusser representa cial, os seus Últimos testemunhos («L'Etat, le
«um dos contributos mais estimulantes que Pouvoir, le Socialisme» e «Repères»). E, ainda,
a filosofia marxista recebeu depois da Se- provenientes de diversas perspectivas, as crfticas
gunda Guerra» (Sve, ob. cit.) que explica, da equipa de (Contre AlthusserB, de Macciocchi,
em grande medida, as reacções de aentu- de Schaff, John Lewis, para além de muitos
outros referenciados na bibliografia.
C) Ver Cotten, Vaizquez, Sève, Sarsz e o nú-
(*) Licenciado em Ciências Políticas e Sociais. mero especial da revista Dialetiques, em especial
Assistente no I. S. E. e no I. S. P. A. os textos de Crespo, Lock, Montanari e Fistetti

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O que está em causa não é mais um de- Ler Marx, ((apresentar em forma teórica
bate teórico (circunstanciado ou não no in- o que nele se encontrava em estado prático)),
terior dos partidos comunistas), mas, em proceder a uma leitura «sintomal» (que se
última análise, a capacidade de resposta de deveria estender às ((obras teóricas)) dos su-
um marxismo que redescobrindo os ((dois cessores de Marx e às ((obras práticas)) do
ingredientes essenciais em qualquer cultura marxismo), eis o projecto inicial de Aithus-
autêntica: o rigor científico e a aderência ser, tal como resulta dos escritos da sua pri-
histórica)) (Cerroni, 1976) possa fazer face meira fase (”.
às exigências da imprevisível adaptabilidade ((Ler um texto, neste sentido, significa
e resistência do modo de produção capita- pensar o ainda impensado: desvelar o que o
lista, ou, noutros termos, questão da tran- autor não disse, isto é, explicitar o não dito
sição para o (e para qual) socialismo. (Rocha, 1978). Ler Marx é, pois, fazer inci-
2 -A novidade da leitura althusseriana dir sobre a sua escrita um método de “ex-
de Marx condensa-se, para Sève, em três te- tracção-elaboração” teórica. 33 trabalhá-la,
ses fundamentais: i) «contra o “regresso” às elaborá-la, rectificá-la partindo da “aplica-
obras filos6ficas da juventude (...) a tese do ção das formas mais elaboradas (que se en-
“corte” operado em 1845-1846 pelas Teses contram no próprio Marx) sobre as suas for-
Sobre Feurbach e A Ideologia Alemã, corte mas menos elaboradas, ou, se se preferir,
que invalida radicalmente as obras anterio- dos seus conceitos mais elaborados sobre os
res e situa a nascença do marxismo num ter- menos elaborados, ou ainda, do seu sistema
reno completamente diferente)); 2) ((contra teórico sobre determinados termos do seu
a sua reinterpretação a partir do humanismo discurso, etc.)) (STT, 98).
feuarbachiano e das suas categorias filosófi- Se ler ((é praticar uma problemática, é fa-
cas (...), a tese do anti-humanismo teórico zer funcionar um texto)), ((descodificar e
constitutivo do marxismo, que as substitui (re-)ler o texto a partir da sua decifração)),
por conceitos científicos totalmente inédi- uma tal leitura implica «uma definição pre-
tos» (...); 3) ((contra a sua filiação na dialéc- cisa dos conceitos marxistas, libertos das in-
tica hegeliana e nas suas categorias intrinse- vestidas ideológicas, e um certo recurso a
camente teleológicas e idealistas (...), a tese noções emprestadas a psicanálise e A linguís-
da sobredeterminaçãodialéctica que instaura tica» (Karsz, 1974).
uma nova matriz da contradição)). (Sevè, 4 - E também a epistemologia. Com efei-
1980). to, Althusser extrai de Jacques Martin «O
3 -Mas uma tal leitura representava, em
si mesma, um novo modo de ler. Uma nova
leitura que pretende ser uma leitura nova. (7 A obra de Louis Althusser pode ser divi-
dida em duas fases:
A Fase I, abrangendo fundamentalmente OS
textos de Pour Marx (publicados entre 1960 e
e de Schottler sobre as repercussões da produção 1964), de Lire le Capital (1965) e Sur le Travail
althusseriana em Espanha, Grã-Bretanha, Itália Théorique (1967) que giram A volta das categorias
e Alemanha. Entre nós, ver os textos referencia- do «corte» e do ((trabalho teórico,;
dos de B. Moura, A. Rocha, V. Moreira, A Fase 11, englobando escritos como Philoso-
T. Cunha, A. Castro, M. Neto, além do impor- phie et philosophie spontanée des savants (1967),
tante estudo de Esteves da Silva. A influência Lénine et Ia philosophie (1969, Réponse d John
de Althusser é visível nos trabalhos de alguns Lewis, Eléments d‘autocritique (1974) e alguns
investigadores e assistentes universitários de Eco- dos textos publicados em Positions, nomeada-
nomia, Direito e Sociologia, mas não na teoria mente Soutenance d’Amiens. fase esta que, na
das organizações do movimento operário portu- globalidade, seria caracterizada por um exame
guês, quase toda de carácter conjuntura1 e prag- crítico (segundo alguns, uma verdadeira ruptura)
mático. das teses defendidas no período anterior.

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conceito de problemática para designar a maior parte do tempo no estado prático))
unidade específica de uma formação teórica)) (PM, 24).
e de Gaston Bachelard «O conceito de corte 5 -A localização de um ((corte)), em re-
epistemológico para pensar a mutação da lação ti obra de Marx, em 1845, operava
problemática teórica contemporânea da fun- num duplo sentido. Por um lado, operava a
dação duma disciplina científica)) (PM, 24). divisão do pensamento de Marx em dois
Bachelard havia formulado o conceito de grandes períodos essenciais: o período ainda
«corte» no capítulo I1 da ((ActividadeRacio- ideológico, o das obras da juventude (1840-
nalista da Física Contemporânea)) (1951) - -1844) e o período científico, posterior ao
embora este anteriormente já aflorasse em ((corte))abrangendo as obras da ruptura, da
((0 Novo Espírito Científico)) (1934) e em maturação e da maturidade; por outro, ali-
«A Filosofia do Não)) (1940) -para desig- cerçava a afirmação de que «ao fundar a
nar a contraposição/irrupçáo do conheci- teoria da história (materialismo histórico)
mento científico face ao conhecimento co- (...) Marx rompeu, num só e mesmo movi-
mum, o aparecimento de um novo espírito mento, com a sua consciência filosófica an-
científico em relação ao espírito científico terior e fundou uma nova filosofia (materia-
anterior ou mesmo ao espírito pré-científico lismo dialéctico) (PM, 26).
(ver Lecourt, 1973). As obras da juventude reflectiriam, numa
A história das ciências era, assim, conce- primeira fase, (a da Gazeta Renana) um ra-
bida como composta de saltos, revoluções, cionalismo liberal e, numa segunda, um ra-
mudanças, transformações de base, embora cionalismo comunitário, este centrado na
tais «revoluções» fossem entendidas de forma antropologia feuarbachiana. Apenas os Ma-
idealista, na medida em que se trata de uma nuscritos de 44 seriam inspirados por uma
história autónoma: «a história dos progres- problemática hegeliana, contrariamente ao
sos humanos é a história dos progressos da
propalado mito do hegelianismo do jovem
razão científica)) tendo esta por modelo «as Marx.
Os textos da ruptura manteriam alguns
ciências da natureza ou mais exactamente
equívocos do período anterior - «não se
o pensamento matemático que anima as teo-
rompe de um golpe com um passado te6-
rias da física e da química)) (Valdée, 1975).
rico)) -, o que se revelaria, sobretudo ao ní-
Estaríamos, no entanto para Lecourt, em vel da linguagem, pois «são as antigas pala-
face de um idealismo não-positivista e anti- vras que muitas vezes são encarregadas do
-evolucionista, em que se reconhece a «liga- protocolo da ruptura)) CPM,29), e s6 se
ção, ou antes, a unidade)) «entre a epistemo- rompe com palavras e conceitos fabricando
logia e a prática efectiva das ciências)). A novos conceitos.
transposição-exploraçãodo conceito de «cor- De qualquer modo, existiria, a partir de
te» aparece, então, legitimada: Bachelard, A Ideologia Alemã um arsenal de conceitos
não sendo um marxista, nem mesmo um teóricos de base que não se encontram nos
materialista, teria submetido 05 problemas textos anteriores. A deslocação seria evi-
epistemológicos a um ((deslocamento revo- dente comparando, v. g. o sistema teórico
lucionário)) (Lecourt, 1973). Mas legitimada das obras de maturidade com o sistema dos
ainda porque tal conceito (bem como o de Manuscritos de 44 cujos conceitos base
problemática) não seria arbitrário nem exte- (Essência Humana, Alienação, Trzbalho
rior a obra de Marx. «Pelo contrário, pode Alienado) se encontrariam arqueologica-
mostrar-se que estão (ambos) presentes e mente soterrados.
na base do pensamento científico de Marx, A intervenção althusseriana apresenta-se,
mesmo se a sua presença permanece na assim, nesta fase, como uma intervenção

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epistemológica que se afirma pela repulsão lismo histórico)), quer uma outra que encara
da ideologizi através da interpelação do seu a história como uma sucessão -evolutiva -
outro - a ciência. ((0 projecto althrusse- de regimes económicos caracterizados por
riano, originariamente político -assegurar diferentes tipos de relações de produção en-
a racionalidade da prática política e do pró- tre os homens, dependentes do desenvolvi-
prio partido -converte-se substancialmente mento das forças produtivas (sobretudo, dos
num projecto teórico, mais exactamente instrumentos de produção) e que entende as
epistemológico: estabelecer a Teoria das con- superestruturas política e ideológica como
dições de produção do conhecimento cien- reflexos da base económica, segundo um
tífico)). (Vasquez, 1978). Os conceitos de modelo de causalidade linear(4).
((prática teórica)) e a distinção entre ((objecto 7 -Tudo isto interfere profundamente na
real)) e ((objectode conhecimento))(aprofun- modo de gizar as relações entre as duas com-
dados em STT) preenchem exactamente essa ponentes do marxismo, a científica e a filo-
função, completando o edifício cujos alicer- sófica, isto é, o materialismo histórico e o
ces teóricos repousavam na clivagem entre materialismo dialéctico.
os dois Mam e na desideologização do mar- O materialismo histórico não é, para AI-
xismo. thusser, uma parte inalienável da filosofia
6-1Mesmo assim, este ((apelo a teoria marxista, aquela que estenderia os princípios
funcionava politicamente)) (Karsz, 1974). do materialismo dialéctico ao estudo da vida
Não só porque se assume como crítica de social, aquela que aplicaria a história as mes-
toda uma tradição de exegese, mas também, mas leis gerais (as da dialéctica) que regem
porque pretende afastar simultaneamente da os fenómenos da natureza. e, de facto, uma
problemática do marxismo as variantes hu- ciência que ((assenta nos seguintes conceitos
m i s t a e economicista. Por um lado, Marx teóricos de base: modo de produção, infra-
romperia «radicalmente com toda a teoria estrutura, forças produtivas e relações so-
que funda a história e a política sobre uma ciais de produção, supraestrutura, direito,
essência do homem)) (PM,233). Por outro, Estado e ideologia, classes, luta de classes,
a radicalidade da ((crítica da Economia Po- determinação em última instância pela eco-
lítica)) de Marx «põe em causa não apenas nomia, deslocamento da instância dominante
o objecto da Economia Política, mas a pró- no interior de um modo de produção, com-
própria Economia Política como objecto)). binação de vários modos de produção numa
(LC, 23). formação social concreta, etc.)) (in «A Polé-
«A Economia Política não pode existir mica sobre o Humanismo)), 194)
a não ser sob a condição que exista primeiro Enquanto isso, o materialismo dialéctico
a ciência das suas premissas, ou se se prefere é uma filosofia que emerge da ((própria fun-
a teoria do seu conceito, -mas desde que dação duma ciência)), a história. Afasta-se
exista esta teoria, então a pretensão da Eco- o alargamento da dialéctica a natureza: não
nomia Política desaparece no que ela é: pre- se cuida do que alguns chamam ((antologia
tensão imaginária)) (LC, 24-25). materialista)) ou de ((motafísica da natu-
Tal teoria é a teoria marxista da História reza)), mas sim da ((teoria da história da pro-
como teoria dos modos de produção, o mate- dução científica)), de uma teoria que se
rialismo histórico = a ciência da história. exerce «sobre os processos de produç5o dos
Arreda-se aqui, quer uma concepção do conhecimentos examinados de um ponto de
materialismo histórico para quem a ((história
é a produção do homem pelo homem, a (') Ver, quanto a esta segunda posição, o co-
essência do homem é o trabalho, o conceito nhecido capítulo de Estaline sobre o materia-
de trabalho é o conceito base do materia- lismo histórico e dialéctico.

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,
vista histórico, isto é, insistindo sobre os quematismo daí resultante-do corte teó-
momentos de ruptura no desenvolvimento rico-prático existente entre a concepção da
histórico do saber, os pontos de passagem filosofia da interpretação e a da filosofia
e de surgimento de novos discursos cientí- como transformação do mundo (Vasquez,
ficos a partir de M discurso ideológico» 1973), etc.
(Cunha, 1976). A maior parte delas repousa na questão
Abordar o conhecimento como processo do corte epistemológico e dos seus pressu-
de proauçáo é aastar «a ilusão de uma ima- postos ou efeitos, quer trate da concepção
nência dos conceitos nas coisas)) própria do do materialismo histórico e do materialismo
empmsmo (Sève, 1980) e também a inter- dialéctico defendida por Althusser, quer da
pretaçao (humanista) do materialismo dia- forma de encarar a relação teoria/prática.
léctico quando afirma que ((0sujeito hu- A autocrítica de Althusser, desencadeada
mano (consciência) é a fonte e o centro de a partir do prefácio da edição italiana de
todo o conhecimento, que a relação sujeite Lire le Capitcrl em 1967, visava corrigir o
-objecto se encontra no centro da filosofia que ele mesmo designou de desvio teoricista
marxista, que o homem cria os seus conhe- presente nos seus primeiros escritos donde
cimentos do mesmo modo que cria a sua «a luta de classes estava praticamente au-
história (...). sente)) CEA, 15), religar, articular teoria e
Para Althusser, «O materialismo dialéctico política, afirmar o primado da prática polí-
assenta nas seguintes categorias filosóficas tica por detrás da luta teórica.
de base)): ((materialismo, ou primado da ma- Ora se pensarmos que «toda a obra de
téria sobre o pensamento, do objecto real Althusser se joga nesta contradição funda-
sobre o seu conhecimento, distinção do pro- mental: entre o teoricismo afirmado nos seus
cesso real e do processo de pensamento, p r e primeiros trabalhos e a posterior intenção de
cesso de produção do conhecimento, efeito o superar)) (Vasquez, 1978), a questão cen-
do conhecimento dialéctico, formas da dia- tral que se coloca é a de saber até que ponto,
léctica, etc., distinção da ciência e da ideo- a autocrítica efectuada rompe com tal dm-
logia, distinção da ciência e da filosofia, vio; por outras palavras, o «que é que fica
etc.»( in «Polémin», 191-192). -se é que fica- definitivamente afastado
8 - As críticas tecidas em tomo das posi- ou, pelo contrário, persiste, não obstante a
ções de Althusser foram muitas e de vários sua demolidora autocrítica?)) (ibid.).
quadrantes: reprova-se-lhe a periodização Que consequências advêm desta nova
operada em Marx (Bottigelli), o conceito de posição quanto a questão do «corte epistemo-
((prática teórica)) (Deprun), a distinção ob- lógico))?E quanto a relação entre o materia-
jecto real/objecto de conhecimento (Prado lismo histórico e o materialismo dialéctico?
Junior), os paradoxos derivados do seu es- Conduz, por exemplo, a uma rectificação
truturalismo (Lefebvre), a teoria da ideolo- das categorias e conceitos centrais de cada
gia definida no terreno da sociologia geral um dos termos da relação? A um novo esta-
(Rancière), o afastamento por ideológicos tuto da ciência e da filosofia?
de momentos decisivos da concepção mar- Haverá discontinuidade entre o Althusser
xista em nome de «um anti-humanismon e da autocrítica e o Althusser da primeira
«anti-historicismo)) teoricamente entendidos fase?
(Schmidt), o derivar para uma interpretação 10 -Nos principais textos de 1967-1968,
politicista do materialismo histórico (Texier), esboçava-se já um mòvimento de correcção
o corte entre produção da teoria e movi- de posições anteriores. Contra interpretações
mento objectivo da essência (Sevè, 1974), a de teor positivista ou su'bjectivista no inte-
redução ao corte epistemológico-e o es- rior do marxismo, que tenderiam a redu-

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zi-10, respectivamente, a uma ciência ou a passa com a filosofia marxista que «não
uma fuosoIia, rmirma-se a clistinçao na teo- pode deixar de estar em atraso em relação
ria marxista duma ciencia e de uma iiloso- a ciência da História)) (LF, 54).
fia. Marx, ao Iundar a ciência da história, Com efeito, para Althusser, a filosofia
abriu um novo continente científico, ao lado não tem objecto real, nem sequer um ob-
do continente Matemáticas, aberto peios jecto, mas apenas ((objectos filosóficos)) in-
Gregos e do continente -Física, aberto por teriores a si mesma. Não visa dar solução
Gaiiieu. Mas não só: lançou também as pe- aos problemas científicos. Enuncia teses,
dras angulares de uma nova prática fiiosó- proposições teóricas, insusceptíveis de de-
fica, e não de uma nova fiiosoiia da praxis. monstração científica, teses que podem ser
«O continente História designa o espaço ou não justas, isto é, ajustadas a conjuntura
em que tem lugar toda a prática social, de- teórica existente (o que é diferente de serem
fine as suas condições de funcionamento e ou não verdadeiras). Quando muito, «as ca-
0s efeitos objectivos)). «É o continente His- tegorias filosóficas - se são justas - fun-
tória que inclui a economia, a política, a cionam como relação de produção e de re-
ideologia, a moral, a sexualidade, as ciên- produção dos conhecimentos científicos))
cias, as instituições, etc.)) (Karsz, 1974). (PPSS, 113).
O materialismo histórico surge, deste mo- A sua função fundamental ((é traçar uma
do, como teoria em sentido forte que per- linha de demarcação entre, por um lado, o
mite, na medida em que fornece os concei- ideológico das ideologias, e por outro, o
tos de base, realizar a análise concreta de científico das ciências)) (PPSS, 26). Explici-
situações concretas, condição fundamental tando: a filosofia intervem na realidade te&
para qualquer intervenção de natureza polí- rica, constituída pelo domínio das ciências,
tica. das ideologias teóricas e da própria filosofia,
Esta ciência permite não só «o conheci- a fim de distinguir o que é científico e o que
mento da estrutura das formações sociais e 15 ideológico. Esta intervenção produz efei-
da sua história, o conhecimento das concep tos teóricos (v. g. novas questões) e efeitos
ções do mundo que a filosofia representa na práticos (novas relações de força entre as
teoria, o conhecimento da filosofia)), como ideias em causa). Note-se, porém, que da
oferece ((osmeios de transformar as concep- anterior oposição bipolar entre Ciência e
ções do mundo)) (P, 43). Ideologia (redefinida esta, agora no plural,
Mas «toda a grande descoberta científica segundo a ligação entre duas componentes-
provoca uma grande transformação filosó- ideologias teóricas e práticas), se passa a
fica)) (LF, 53). Assim, o nascimento da filo- uma relação angular Ciência -Filosofia -
sofia (Platão) sucedeu & descoberta do con- Ideologias. A relação de oposição dizia res-
tinente Matemáticas; Descartes foi fruto da peito apenas a relação de ruptura entre a
Física de Galileu; Kant da de Newton; o ciência e a ideologia teórica, deixando in-
materialismo dialéctico seria o resultado da tacto o domínio objectivo, social, ocupado
revolução na filosofia após o aparecimento pelas ideologias nãeteóricas, onde as ruptu-
do continente História. ras seriam muitas, mas resultantes da prática
Althusser afirma que a filosofia existe política. De qualquer modo também a filo-
sempre em ligação com as ciências, mas em sofia é, para Althusser, ((fundamentalmente
atraso em relação a elas. A ((relação da filo- política)) (P, 36). Mas não 6 ((a polltica tout
sofia aS ciências constitui a determinação court)) (PPSS, 61): surge como o lugar onde
específica da filosofia)) (PPSS, 65): «sem se confrontam sob veste teórica, posições de
ciências não há filosofia, mas apenas con- classe, numa verdadeira guerra de posição,
cepções do mundo)) (P, 43). O mesmo se sem que se possa dizer que o adversário seja

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alguma vez ((totalmente suprimido, total- 1845 e se sublinhe a lenta irrupção de um
mente riscado do existência histórica))(PPSS, novo continente científico, plena de contra-
86). «O objectivo (Z’enjeu)final da luta file dições e de conflitos internos.
sófica é a luta pela hegemonio entre as duas Mas note-se que este facto -o corte -
grandes tendências das concepções do mun- apenas respeita ao conhecimento científico,
do (materialista, idealista). O campo de ba- não também i% filosofia considerada como
talha principal desta luta é o conhecimento (concentrado teórico da política)), como
científico: por ou contra ele. A batalha filo- sendo, ((em última instância, luta de classes
sófica número 1 joga-se, pois, na fronteira na teoria)) (RJL, 46).
entre o científico e o ideológico)) (P, 43). «Na história da filosofia, como em outros
Enunciando teses que sirvam as ciências, muito longos episódios da luta de classes,
em geral, em vez de as explorar em seu fa- não se pode falar verdadeiramente de ponto
vor, como a maior parte das filosofias; com- sem regresso. Falar-se-á então de “revolu-
batendo a dominância de ideias ((extra-cien- ção” filosófica (em sentido forte, no caso
tíficas)) (((conscientes))ou não) que os cien- de Marx)~(RJL, 64).
tistas têm da sua própria prática (a filosofia Em EA, a questão do corte já não surge,
espontânea dos cientistas); demarcando o como simples facto teórico, mas predomi-
materialismo histórico das filosofias da his- nantemente como facto histórico em «toda
tória, Althusser pretende solidificar a grande a sua dimensão social, política, ideológica e
aliança com os cientistas do século XX, di- te6ricm) (EA, 14). «O corte não é uma ilu-
minuir o atraso relativo do materialismo dia- são, nem uma invenção pura e simples)) e
léctico, desenvolver uma nova prática da fi- reafirmá-lo assume, para Althusser, uma
losofia, como arma para a transformação do função política: defender o leninismo con-
mundo. tra as arremetidas da ideologia burguesa e
Prática da filosofia que é uma prática pequeno-burguesa, ainda que disfarçadas de
essencialmente epistemológica e cuja formu- marxistas ou mamizantes.
lação continua a assentar na categoria chave Marca-se, assim, a distância e a diferença
do ((corte epistemológico)). (dupla) em relação às teses anteriores. Dis-
Ora relendo Althusser a partir das suas tância em relação a uma concentração mien-
((obras da maturidade)) ressalta, desde logo, tificista)) da filosofia presente nessas obras
a permanência, embora em novos moldes, (como ((teoria da prática teórica))). Dupla
de tal categoria. diferença, pois a partir daqui é possível apro-
«O corte epistemológico é um ponto sem ximar a evolução política do jovem Marx
regresso (...). Um (corte continuado)), o iní- da sua evolução filos6fica e defendem 1) que
cio de um longo trabalho, e, como em qual- a sua evolução filosófica é comandada pela
quer ciência, um xabalho aberto mas árduo, sua evolução política, e 2) que a sua des-
dramático por momentos, interiormente assi- coberta científica (o «corte») é comandada
nalado por acontecimentos teóricos (exten- pela sua evolução filosófica)) (RJL, 61).
ção, rectificações, reformuiações) que dizem Ou seja: a passagem de Marx para posi-
respeito ao conhecimento científico de um ções de classe de índole proletária (teóricas
objecto definido: as condições, os mwanis- e não apenas políticas) é decisiva para a
mos e as formas da luta de classes - em ter- fundação da ciência da história. Como es-
mos mais simples, a ciência da história)) creve Althusser ((é necessário que uma posi-
(RJL, 57). ção política proletária seja elaborada em
Nesta passagem, o corte é ainda visto como posição teórica (filosbfica) para que o que é
sendo um facto teórico, embora se arrede visível ao ponto de vista do proletariado,
a visão de um corte/parto efectuado em seja concebido e pensado nas suas causas e

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seus mecanismos. Sem esta deslocamento, a rico do aparecimento duma ciência na his-
ciência da História é impensável e i m p í - tória da teoria, que reenvia para as condi-
veh (EA, 125). ções sociais, políticas, ideológicas e filosófi-
Ora se a evolução política de Marx co- cas desta irrupção)) (EA, 39).
manda a filosófica e esta a descoberta do Se a categoria do «corte» permanece -re-
continente ((interdito)),a História, é porque siste, como um verdadeiro bunker (Vasquez,
o corte não é apenas epistemológico, mas 1978)-, o mesmo sucede com outras cate-
sobretudo político-ideológico. gorias e teses, embora se clarifique o seu
«Marx só podia chegar a ciência da his- sentido (caso do anti-liumanismo teórico) ou
tória das formações sociais com a condição se mitigue a sua formulação (caso da distin-
de criticar radicalmente todas as representa- ção objecto real/objecto de conhecimento).
ções da história inevitavelmente dominadas Pode afirmar-se que na ((Soutenmtce
pela ideologia da classe dominante, a ideo- d’Arnienm, Althusser ajusta algumas das
logia burguesa)) (Karsz, 1974). suas posições anteriores, ao mesmo tempo
Esta perspectivação do corte estava au- que justifica outras. Assim, explica que,
sente das obras da Fase I, onde o corte era numa conjuntura teórica em que as relações
concebido em termos racionalistas-especula- de força pendiam para enunciados pragma-
tivos, «não abertamente nos termos clássicos tistas e humanistas, a sua intervenção tinha
de oposição entre a verdade e o erro (...) por objectivo curvar a vara na direcção
nem nos termos duma oposição entre o oposta (ver P, 134), e daí, a categoria da
mnhecimento e a ignorância (...), mas pior: ((prática teórica)) e a tese do anti-huma-
nos termos duma oposição entre a ciência e nismo.
a ideologia)) (EA, 41-42). Reafirma as teses do processo sem su-
Tal concepção impedia explicar o que, em jeito(’) e da ((recusa teórica do marxismo
úitima análise, comandava o corte. Redu- como humanismo)) (Piertti, 1976), anterior-
zindo «de facto, a ruptura do marxismo com
a ideologia burguesa ao corte, e o antago- (s) «O conceito de processo é científico, a
nismo do marxismo a ideologia burguesa ao noção de sujeito é ideológica)),escreve Althusser.
antagonismo da ciência e da ideologia)) (EA, Das teses «são as massas que fazem a História»
e a «luta de classes é o motor da história» 15 a
SO), Althusser reconhece cair no teoncismo segunda que é dominante. Mas essa luta tem uma
imanente il sua concepção do materialismo sustentação material que é «em última instância,
dialéctico como uma epistemologia. Daí a a unidade das relações de produção e das forças
sua autocrítica: ((é necaário renunciar a produtivas sob as relações de produção de um
isso e criticar o idealismo ou bafio idealista modo de produção determinado, numa formação
social historicamente concreta)) (RJL, 35).
de toda a epistemologia))(EA, 53). Daí tam- Desaparece, pois, a questão do sujeito da his-
bém uma nova linha de demarcação como tória: «a história é um imenso sistema natural-
tarefa: interpretar a coupure sem a reduzir -humano em movimento, cujo motor é a luta de
(ver EA, 13-53). classes. A história é um processo, e um processo
((Temos o direito de falar de corte epis- sem sujeito. O problema de saber como é que
«O homem faz a histórias desaparece completa-
temológico e de utilizar esta categoria filo- mente)) (RJL, 35-36). A história é um processo
sófica para designar o facto histórico-teórico sem fim nem fins.
do nascimento de uma ciência, incluindo, e Não requer a revolução um «agentes, «uma
apesar de toda a sua singularidade, a ciên- força humana, que, de qualquer modo, incarne
cia revolucionária marxista (...). Na condi- a necessidade objectiva através de exigências,
interesses subjectivos)), e que, por isso, lhe dê
ção, bem entendido, de não tomar simples «corpo e cérebro))? (Guastini, 1974). Se a luta
efeitos pela causa -mas de pensar os sinais de classes é o motor da história, não são as clas-
e os efeitos do corte como o fenómeno te6- ses sujeitos (no plural) dessa mesma história?

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mente desenvolvidas em Lénine et Ia Philo- 1."-A ruptura afirmada por Althusser
sophie e em Répanse (i John Lewis, mas es- não ({coloca iora do parrimomo czentgico
clarecendo que se Marx recusa afundar num do marxismo nada menos do que a critica
conceito de homem com pretensão teórica, metoaoiógica a Hegel, o primeiro granae es-
isto é, como sujeito originário das suas ne- boço da critica do bstado representativo e o
cessidades (homo axommicw) dos seus pen- deiineamento do funaamentu eixo reconsti-
samentos (homo raitionalis), dos seus actos tutivo da unidade homem-sociedadenatu-
e lutas (homo moralis, juridicus et politicus) reza)) presentes em algumas das obras de
a explicação das formações sociais e da sua juventude de Marx? (Cerroni, 1976).
história)) (P, 169), ((é para chegar aos h e 2." -São justas as teses que deixam a fi-
mens concretos)) (P, 170). losofia «fora da eslera do conhecimento (do
Reafirma a distinção entre objecto real e domínio do verdadeiro-falso) próprio da
objecto teórico, sublinhando o primado da- ciência)) ou que excluem a ciência da «sua
quele sobre este, mas esbate tal distinção ao vincuiação com a prática, com a luta de
apontar que ela encerra o paradoxo de ser classes e a própria prática como critério de
colocada para ser anulada de seguida, reno- validação))? (Vasquez, 1978). Uma nova prá-
vando-se incessantemente no ciclo infinito tica filosófica não implica uma nova filoso-
de todo o conhecimento. Se assim não fosse, fia da praxis? A visão althusseriana da ciên-
o próprio marxismo arrisca-se ((a repetir cia permitirá compreender, por exemplo,
verdades (...) quando o mundo exige novos «as implimções políticas e teóricas do d e
conhecimentos, sobre o imperialismo, o Es- mínio militar do desenvolvimento cientí-
tado, as ideologias, o socialismo e sobre o fico))? (Menahem, 1976).
próprio movimento operário)) (P, 159). Observação:
Isto é: ultrapassado pelo real, os conhe- O conceito de ((corte epistemológico))não
cimentos por ele trazidos permanecem como é apto para dar conta das transformações
«evidências enormes e mortas, como máqui- ocorridas no próprio pensamento de Althus-
nas sem trabalhadores)) (ibid.). ser, onde continuidade e ruptura se inter-
Um balanço crítico da intervenção althus- penetram num deslocamento sucessivo de
ssriana, ainda que circunscrito a questão do posições que representa uma maturação no
«corte», não seria possível nos estreitos li- interior de uma mesma ((problemática)).
mites deste artigo(*). A actual explicitação do papel da prática
Ficam, porém, duas interrogações e uma política -que estava implícito nas primeiras
observação: obras- não rompe com categorias filosófi-
Duas interogações: cas anteriores, antes as remodela, nem su-
pera integralmente o teoricismo. Talvez aí
residam 05 seus limites e o fascínio do seu
C) Para Sève (1980) a rectificação de Aíthus- desafio.. .
ser não se debruçou sobre o essencial do erro, Também no percurso de Marx se sucedem
isto é, «sobre o idealismo inerente A epistemologia ruptura e continuidades. Há, efectivamente
do conhecimento como produção, retomada sem
nenhuma crítica ?tradição
i bachelardiana, idea- importantes mutações: «a tese da perma-
lismo de que «O teoricismo)) é, ele mesmo, um nência inalterada, do seu «pensamento ini-
efeito entre outros)) e traduz a ausência de uma cial» não é seriamente defensável (ver Mo-
clara linha de demarcação com uma posição ma- reira, 1971). Mas o conceito de ((corte epis-
terialista que assenta na ((afirmação sem equí- temológico)), mesmo se determinado pela
vocos da gnoseologia do reflexo)), única forma
de impedir a desqualificação do (conhecimento prática política, localiza, quando muito, o
e da prática sensíveis)), da ((experiência das mas- problema, cujo esclarecimento exige conti-
sas)). nuar o rigoroso caminho (teórico-histórico)

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203
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A SUA

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N.9 2 . . . . . . . . . . (100$00)
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N.9 4 . . . . . . . . . . (120$00)

VOLUME II: N.9 1 . . . . . . . . . . (120$00)


,N.e 2 . . . . . . . . . . (120$00)
N.9 3 . . . . . . . . . . (120$00)
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