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Acadêmica: Anna Maria Lunardi Gerber

RA: 00211562
Discente: Tatiane Pecoraro
Disciplina: Teorias Psicológicas II

CARTOGRAFIA - DOCUMENTÁRIO “MULHERES RURAIS EM DESENVOLVIMENTO”

Com base no processo esquizoanalítico, o documentário “Mulheres Rurais em


Desenvolvimento” me proporcionou diversas sensações e sentimentos, desde lembranças
da infância até medos e angústias que se fazem presentes até hoje. Logo no início, o som
do mato me recorda dos dias em que eu ia com o meu avô para a fazenda, onde
procurávamos pinhão e eu brincava com cipós. Quando vejo as mulheres contando sobre
os vários filhos que possuem, me invade uma sensação de desespero e angústia, pois não
quero de jeito nenhum ter filhos, e só de pensar na ideia de ter tantos e não ter tempo pra si
e para vida, meu coração aperta.
Algo que me chamou a atenção e me despertou um sentimento de alegria e orgulho foi a
cena em que as mulheres estão reunidas, dançando e cantando, e meninas pequenas
participam com elas, mostrando que desde pequenas já estão sendo introduzidas no
movimento feminista, o que será de grande benefício para elas e para a sociedade em geral
no futuro.
O cultivo dos alimentos em casa é familiar para mim, pois meu avô possui fazendas e sítios,
o que nos proporcionou leite vindo diretamente da vaca e verduras cultivadas em hortas
próprias. Por outro lado, a valorização do meio ambiente e o não uso de agrotóxicos me fez
sentir culpa, pois vim também de uma família que produz em escala industrial soja, trigo e
gado para o abate, que contribui para o desmatamento e para o adoecimento do meio
ambiente.
Em certo momento do documentário, aparece uma cena em que uma grande família está na
mesa, onde todos comem juntos e conversam. Não gosto desse tipo de interação, pois
tenho traumas por conta do meu paladar infantil, onde desde pequena sofro com olhares de
repreensão e desapontamento por não conseguir comer direito.
A divisão de tarefas na casa é de extrema importância, mas não tive grandes exemplos
disso na minha família paterna, onde minha avó e minhas tias iam para a cozinha e os
homens ficavam sentados assistindo futebol e esperavam o almoço ficar pronto. Já na
minha família materna os homens já tinham o costume de ajudar na cozinha e nos afazeres
domésticos, pois vieram de uma família com 14 irmãos, onde todos deveriam ajudar nas
tarefas da casa. Acho bonito o quanto o movimento ajudou não apenas as mulheres, mas
também na desconstrução dos outros membros da família. Isso me chamou atenção
principalmente quando uma das companheiras fala que os homens têm seus trabalhos e as
mulheres têm os seus, todos chegam cansados e portanto todos têm que colaborar para
não sobrecarregar uma só parte.
Outro fato que me cativou foi o ato de não pedir permissão, mas sim avisar que vai fazer
algo, pois o pedir dá ao outro autoridade para negar. Queria ser mais corajosa para me
impor dessa forma, mas cresci numa casa com uma mãe que possui traços narcisistas e um
pai ausente, o que sempre me fez buscar aprovação de todos, e consequentemente me fez
dependente de permissões para fazer o que eu gostaria de fazer mas não sabia se
agradaria ou não, por isso pedia.
O documentário foi um pouco difícil de assistir, me gerou alguns gatilhos, mas no final o
sentimento de orgulho do movimento feminista prevaleceu e me despertou grande felicidade
por saber que o mesmo leva informação e empoderamento para mulheres que poderiam
passar a vida vivenciando violências, fazendo com que elas pudessem sair disso e ter uma
trajetória mais satisfatória.

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