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UFPB- CI Computadores e Sociedade 2022.

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Discente: Luis Felipe Tolentino Lemos Matrícula: 20190018595
Bots e redes sociais
Bots, conhecidos também como robôs, são programas para computadores criados para realizar ações
repetitivas de forma mais rápida e otimizada, de acordo com Karina Santos, que é coordenadora de mídias e
democracia do ITS. Podem ser usados desde num site de loja para tirar dúvidas de clientes até em redes
sociais para análise de perfis. Contudo, assim como existem bots úteis e que realizam atividades práticas no
lugar de um ser humano — também conhecidos como bots benéficos — existem bots que são criados com a
intenção de prejudicar algo ou alguém, sejam sites, pessoas ou organizações — chamados de bots maliciosos
— manipulando informações ou tráfego de dados, especialmente em redes sociais como Twitter e Facebook.
Nestas redes, perfis falsos são criados e administrados por bots, e tentam agir como pessoas, a fim de
aumentar a relevância de um conteúdo através da manipulação de informações ou atacar outros perfis em
prol de um discurso de cunho político ou ideológico. Cristina Tardáguila, fundadora da Agência Lupa, diz
que os checadores de fatos sofrem ataques constantes ao seu trabalho, classificados como guerrilhas digitais.
Em 2018, a Lupa se associou à Fundação Getúlio Vargas, pedindo que a organização monitorasse uma
semana de trabalho dos checadores nas redes sociais contra os ataques que a Lupa recebia no Twitter. Com
uma amostra de 46.000 tweets, Cristina diz que ficou evidente o uso de robôs, tanto do lado dos que
defendiam, sendo 16% a quantidade de tweets de robôs, como do lado daqueles que atacavam, com 27% dos
tweets provenientes de bots. Ela comenta também a onda de desinformação sobre medicamentos ineficazes
contra a Covid-19 e sobre as vacinas, onde houve um caso em que subiram uma hashtag com um erro na
escrita do nome do medicamento citado na hashtag, concluindo que foi um processo automatizado, pois um
grupo inteiro de milhares de pessoas não erraria a escrita da hashtag da mesma maneira.
Estima-se que a quantidade de contas falsas no Twitter é de cerca de 5%, mas estudos apontam que esta
porcentagem pode ser maior, especialmente em eventos de menor escala, como em casos políticos ou subida
de hashtags, já que o processo de identificação de um perfil falso não é simples, pois não se trata de um
processo binário, tendo diversos fatores sendo levados em consideração para a análise das contas. Por isso,
foram criadas ferramentas para determinar as chances de uma conta ser administrada por um robô, como o
Pegabot. Criado pelo ITS em conjunto com o Instituto de Tecnologia e Equidade, é um site onde o usuário
insere um nome de usuário de uma conta do Twitter para calcular as chances daquela conta ser um bot, ou
seja, quanto maior a porcentagem dada, maiores as chances do perfil ser falso.
Como os bots são eficientes para manipulação de discurso e informação, são usados para a disseminação de
informações falsas sobre a corrida eleitoral. Tendo em vista que 45% dos eleitores afirmaram que votaram
com base nas informações que viram nas redes sociais, o trabalho dos bots possui efetividade para impactar
na decisão de voto e, consequentemente, no resultado de uma eleição. Isto é feito através da falsificação de
debates, trazendo relevância para um conteúdo que não tem relevância de fato e através de ataques a
candidatos ou pessoas que têm ligação política com os candidatos, com a intenção de diminuir a
credibilidade daqueles que estão participando da eleição. O uso de informações falsas corrobora para
efetivar a ação dos bots, já que viralizam com mais facilidade do que informações verdadeiras, assim tendo
um efeito informativo que muitas vezes é irreversível.
Para tornar a transparência das plataformas maior, elas fazem relatórios de transparência para mostrar a
produção positiva das redes sociais e ter mais credibilidade com os usuários. Yasmin Curzi, pesquisadora da
FGV cita o projeto de lei 2630/2020, que visa tornar a produção desses relatórios obrigatória e regular. Ela
indica que para enfrentar os bots maliciosos, o código penal já possui medidas punitivas para os
responsáveis e medidas de segurança para os usuários. Além disso, os próprios usuários devem se mobilizar
para denunciar ações prejudiciais, e para isso, as plataformas precisam dar suporte e ter ferramentas
acessíveis para denúncia, dando aos usuários mais poder de controlar o ambiente virtual e as comunicações,
e que o Estado deve investir mais em delegacias especializadas em crimes cibernéticos para investigar esses
temas e políticas públicas para evitar que mais incidentes criminosos envolvendo bots ocorram.

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