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CURSO EQUAÇÃO
Aluno(a): Matrícula:

Data: Turma: Bimestre:

Professor(a): Disciplina: Nota:

REVISÃO + de 30 DIAS - ENEM /UEMA+CFO (Portugues -


Literatura -Filosofia ) PDF Parte 01 19/09/2022
Guardo consciência de que tudo isso não
PORTUGUÊS está me preenchendo de nada, de que
estou me esvaziando, estou hipertrofiado de
Texto base 1
[50] informações, atrofiado de interioridade. Há
Texto
dias em que me escuto muito mal, quase
não me escuto com tanto ruído que me
O MEDO DO SILÊNCIO E O VÍCIO DA INFORMAÇÃO
invade.
DESENFREADA Pouca paciência me resta para o
Julián Fuks
[55] cinema que antes me encantava. Vejo um
homem cruzando um deserto, atravessando
Não sou o único, suspeito que seja uma praça, seguindo pelo corredor de um
um entre milhares, um entre milhões, a
hotel, e anseio para que apresse o passo,
ocupar de palavras cada instante vago, a para que enfim a cena comece, para que se
fugir do silêncio, do vazio, do marasmo.
dê o diálogo. É como se quisesse optar, nos
[05] Faço isso contra mim mesmo, obedeço ao
[60] mesmos filmes que admirava, nos filmes
meu vício, me saturo, me embriago de que ainda admiro, por uma nova
linguagem. Entro no elevador e já apalpo o
velocidade, uma que não me obrigue à
bolso à procura do celular, para que me
assimilação lenta de cada detalhe. Não é
acompanhe por um minuto até que a porta [65] um desejo harmônico, não é nada unânime
[10] se abra. Se a notícia é forte, se a conversa
entre os muitos que sou. Sou impaciente
é enfática, caminho pela rua dividindo o
com a minha própria impaciência, luto
olhar entre a tela e a calçada, e espero na
contra mim para recuperar a tranquilidade,
fila do mercado absorvido em comentários
para voltar a ser um sujeito de pálpebras
erráticos de pessoas que conheço mal.
[70] baixas disposto à divagação e à
[15] Durante todo o trajeto, perdi rostos,
contemplação desarmada.
pensamentos, paisagem, fui uma ausência
Penso no tempo em que a
entre ausências no mundo que reputo real.
incomunicação ditava o sentido do cinema,
A princípio a novidade me pareceu da literatura, das artes. Víamos
um disparate: poderíamos agora acelerar o
[75] contundência e beleza no marasmo, víamos
[20] som dos programas que ouvimos, dos
um homem em estado de solidão e
áudios que recebemos. Quem teria tanta pensávamos capturar seu desamparo, seu
pressa, cheguei a me perguntar, quem
desconsolo, sua profundidade. Hoje a dor
aceitaria deturpar as vozes dos amigos,
desse homem se converteu num tédio que
fazer de suas vagarezas habituais um [80] já não suportamos. Samuel Beckett virou
[25] discurso impaciente, ansioso, seco?
tema para estudiosos, suas esperas falam
Brinquei com as minhas filhas de acelerar
pouco aos ouvidos ansiosos, a
as nossas vozes, de falar tão rápido quanto incomunicação não nos comunica mais
podíamos e em seguida ouvir nossas
nada. O autor que quiser dar conta deste
asperezas, nossos atropelos. E então a
[85] tempo atordoante terá que abrir espaço aos
[30] graça foi se perdendo pelos dias em sua
excessos da comunicação, fazer reverberar
presteza, o que era insólito se fez ordinário, em sua obra essas vozes que nunca calam,
e passei a ouvir quase tudo apressado, com
nunca cansam de falar, em ritmo agora
um módico incremento de ritmo e de raiva.
turbinado.
Adensei de informações a minha existência, [90] E, no entanto, o que procuro na
[35] reduzi ao mínimo meu silêncio, meu tédio,
literatura é o contrário, é nela que me
minha inteligência. abrigo do ruído, com suas palavras
Meu vício é por notícias, por reinstauro o silêncio necessário. No
análises, por debates, meu vício é por
intervalo entre dois versos, entre duas
imagens improváveis, meu vício é por [95] linhas de um romance bom, me desvio para
[40]comentários jocosos, piadas de
os meus próprios pensamentos e é como se
circunstância, risos fáceis. Nunca estive tão
os reencontrasse, à minha espera, calmos,
abastecido de produtos que possam saciar imperturbáveis. Geralmente, querem me
essa ânsia, nunca dispus de uma
falar sobre coisas muito diferentes dessa
comunicação tão irrefreável, e ainda assim
[100] existência vertiginosa, seu tempo não é o
[45] não me sacio. Dormir é calar a profusão de
presente, outro é seu horizonte, outra sua
palavras, acordar é voltar a aceitá-la.
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cadência. Quando o pensamento se e todo tipo de atividade física faz bem à saúde mental.
emancipa do vício, o passado é vasto, o
futuro é franco, o mundo não se limita a Texto base 3
[105] esse caos rumoroso que nos consome e nos TEXTO PARA A QUESTÃO
debilita.
O último pensamento me conduziu a Uma última gargalhada estrondosa. E depois, o silêncio. O palhaço
uma nostalgia: nostalgia do silêncio, da jazia imóvel no chão. Mas seu rosto continua sorrindo, para
conversa ineficiente, do encontro vadio. Dos sempre. Porque a carreira original do Coringa era para durar
[110] amigos que pouco vejo neste mundo de apenas 30 páginas. O tempo de envenenar Gotham, sequestrar
atropelos, das vozes queridas que acelerei [05] Robin, enfiar um par de sopapos no Homem-Morcego e
para meu desprazer. De vocês, não quero disparar
mais a informação certeira, não quero a o primeiro “vou te matar” da sua relação. Na briga final do
eficácia comunicativa. Quero voltar a ouvir Batman nº 1, o “horripilante bufão” sofria um final digno de sua
[115]suas pausas, suas hesitações, seus desumana ironia: ao tropeçar, cravava sua própria adaga no
descaminhos, quero voltar a adivinhar o peito. Assim decidiram e desenharam seus pais, os artistas Bill
rumo de seus juízos. Preciso de vocês para [10] Finger, Bob Kane e Jerry Robinson. Entretanto, o criminoso
combater o meu vício, para me munir de mostrou, já em sua primeira aventura, um enorme talento para
palavras ociosas e indolentes. Aguardo se rebelar contra a ordem estabelecida. Seu carisma seduziu a
[120] áudios que me adormeçam, que me editora DC Comics, que impôs o acréscimo de um quadrinho. Já
despertem. dentro da ambulância, vinha à tona “um dado desconcertante”.
Disponível em [15] E então um médico sentenciava: “Continua vivo. E vai
https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julianfuks/2021/08/21/o- sobreviver!”.
medo-do-silencio-e-o-vicio-dainformacao-desenfreada.htm. Acesso Tommaso Koch. “O Coringa completa 80 anos e na Espanha
em 01 de setembro de 2021. ganha duas HQs, que inspiram debates filosóficos sobre a
liberdade”. El País. Junho/2020.
Questão 1 UECE
Questão 3 FUVEST
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 1
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 3
Observe o seguinte trecho do texto, em que o autor utiliza uma
sucessão de artigos indefinidos e de artigos definidos: “Pouca No fragmento “ao tropeçar, cravava sua própria adaga no peito.”
paciência me resta para o cinema que antes me encantava. (L. 8-9), a oração em negrito abrange, simultaneamente, as
noções de
Vejo um homem cruzando um deserto, atravessando uma praça, a proporção e explicação.
seguindo pelo corredor de um hotel, e anseio para que apresse o b causa e proporção.
passo, para que enfim a cena comece, para que se dê o diálogo”. c tempo e consequência.
(linhas 54-60) Esse uso denota a intenção de
d explicação e consequência.
a revelar hipóteses do autor sobre o indeterminado e demarcar
e tempo e causa.
sua certeza sobre o que ele deseja.
b definir a conduta do autor como criticável e responsabilizar o Questão 4 FUVEST
outro pela busca de informações.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 3
c associar as ações do autor à paciência e enfatizar o livre
acesso do autor a esses ambientes. As vírgulas em “E depois, o silêncio.” (L. 1) e em “Mas seu rosto
d mostrar locais que o autor gosta de visitar e desvalorizar os continua sorrindo, para sempre.” (L.2-3) são usadas,
pequenos gestos do dia a dia. respectivamente, com a mesma finalidade que as vírgulas em

Texto base 2 a “Após a queda, tomaram mais cuidado.” e “Quanto mais


TEXTO PARA A QUESTÃO. espaço, mais liberdade”.
b “Aos estrangeiros, ofereceram iguarias.” e “Limpavam a casa,
No modelo hegemônico, quase todo o treinamento é reservado e preparávamos as refeições.”.
para o desenvolvimento muscular, sobrando muito pouco tempo c “Colheram trigo e nós, algodão.” e “Eles se encontraram nas
para a mobilidade, a flexibilidade, o treino restaurativo, o férias, mas não viajaram.”.
relaxamento e o treinamento cardiovascular. Na teoria, seria algo
em torno de 70% para o fortalecimento, 20% para o cárdio e 10% d “Para meus amigos, o melhor.” e “Organizava tudo,
para a flexibilidade e outros. Na prática, muitos alunos direcionam cautelosamente.”.
100% do tempo para o fortalecimento.
e “Viu o espetáculo, considerado o maior fenômeno de
Como a prática cardiovascular é infinitamente mais significativa
bilheteria.” e “Conheço muito bem”, afirmou o rapaz.”.
e determinante para a nossa saúde orgânica como um todo,
podendo ser considerada o “coração” de um treinamento Questão 5 FUVEST
consciente e saudável, essa ordem deveria ser revista. Terça é dia de Veneza revelar as atrações de seu festival anual,
Nuno Cobra Jr. “Fitness não é saúde”. Uol. 06/05/2021. Adaptado.
cuja 77a edição começa no dia 2 de setembro, com a dramédia
Questão 2 FUVEST “Lacci”, do romano Daniele Luchetti, seguindo até 12/9, com 50
produções internacionais e uma expectativa (extraoficial) de
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 2 colocar “West Side Story”, de Steven Spielberg, na ribalta.
Rodrigo Fonseca. “À espera dos rugidos de Veneza”. O Estado de
Dentre as expressões destacadas, a que exerce a mesma função S. Paulo. Julho/2020. Adaptado.
sintática do termo sublinhado em “o treino restaurativo, o
relaxamento e o treinamento cardiovascular” é: Um processo de formação de palavras em língua portuguesa é o
a um atleta de seleção precisa de treinamento intenso. cruzamento vocabular, em que são misturadas pelo menos duas
b o amor ao esporte é fundamental para o atleta. palavras na formação de uma terceira. A força expressiva dessa
c a população incorpora radicalmente atitudes saudáveis. nova palavra resulta da síntese de significados e do inesperado da
combinação, como é o caso de “dramédia” no texto.
d muitas pessoas se beneficiam de alimentos verdes.
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Ocorre esse mesmo tipo de formação em e, em tão rápida existência,
a “deleitura” e “namorido”. tudo se forma e transforma!
b “passatempo” e “microvestido”. Sois de vento, ides no vento,
c “hidrelétrica” e “sabiamente”. e quedais, com sorte nova! (...)
d “arenista” e “girassol”.
e “planalto” e “multicor”. Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Texto base 4 Perdão podíeis ter sido!
Leia o texto a seguir para responder a questão. — sois madeira que se corta,
— sois vinte degraus de escada,
CARTA PRAS ICAMIABAS — sois um pedaço de corda...
— sois povo pelas janelas,
Ás mui queridas súbditas nossas, Senhoras Amazonas. cortejo, bandeiras, tropa...
Trinta de Maio de Mil Novecentos e Vinte e Seis,
São Paulo. Ai, palavras, ai, palavras,
Senhoras: que estranha potência, a vossa!
Éreis um sopro na aragem...
Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura — sois um homem que se enforca!
desta missiva. Cumpre-nos, entretanto, iniciar estas linhas de Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência.
saùdade e muito amor, com desagradável nova. É bem verdade
que na boa cidade de São Paulo – a maior do universo, no dizer Questão 8 FUVEST
de seus prolixos habitantes – não sois conhecidas por “icamiabas”,
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 5
voz espúria, sinão que pelo apelativo de Amazonas; e de vós, se
afirma, cavalgardes ginetes belígeros e virdes da Hélade clássica; Ao substituir a pessoa verbal utilizada para se referir ao
e assim sois chamadas [...] substantivo “palavras” pela 3ª pessoa do plural, os verbos dos
Nem cinco sóis eram passados que de vós nos partíramos, versos “sois de vento, ides no vento,” (v. 4) / “Perdão podíeis ter
quando a mais temerosa desdita pesou sobre Nós. Por uma bela sido!” (v. 12) / “Éreis um sopro na aragem...” (v. 20) seriam
noite dos idos de maio do ano translato, perdíamos a muiraquitã; conjugados conforme apresentado na alternativa:
que outrém grafara muraquitã, e, alguns doutos, ciosos de
etimologias esdrúxulas, ortografam muyrakitan e até mesmo a são, vão, podiam, eram.
muraqué-itã, não sorriais! Haveis de saber que esse vocábulo, tão b seriam, iriam, podiam, serão.
familiar às vossas trompas de Eustáquio, é quasi desconhecido c eram, foram, poderiam, seriam.
por aqui. [...] Mas não nos sobra já vagar para discretearmos “sub d são, vão, poderiam, eram.
tegmine fagi” sobre a língua portuguesa, também chamada e eram, iriam, podiam, seriam.
lusitana. [...]
Andrade, M. Macunaíma. Porto Alegre: L&PM, 2018. Texto base 6
O poema Noturno citadino é a base para responder à questão
Questão 6 UEMA

PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 4 Um cartaz luminoso ri no ar.


Ó noite, ó minha nêga
Há efeito de estranhamento para o leitor, porque a escrita difere da toda acesa
língua padrão atual, nas seguintes palavras: de letreiros!... Pena
a lusitana, sóis, desleixados. é que a gente saiba ler... Senão
tu serias de uma beleza única
b missiva, ginete, Eustáquio.
inteiramente feita
c saùdade, outrém, quasi. para o amor dos nossos olhos..
d belígeros, desdita, translato. QUINTANA, M. Esconderijos do tempo. Rio de Janeiro: Objetiva,
e Hélade, Haveis, ciosos 2013.

Questão 7 FUVEST Questão 9 UEMA

PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 3 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 6

Em “Seu carisma seduziu a editora DC Comics, que impôs o O sujeito lírico, para fazer entender seus sentimentos no poema,
acréscimo de um quadrinho.” (L. 12-13), o vocábulo “que” possui a pretende criar um dialogismo imaginário íntimo no(s)
mesma função sintática desempenhada no texto por a primeiro e no segundo versos.
a “imóvel” (L. 2). b quarto e no quinto versos.
b “Robin” (L. 5). c três primeiros versos.
c “seus pais” (L. 9). d terceiro e no quarto versos.
d “se” (L. 12). e segundo e nos três últimos versos.
e “vivo” (L. 15).

Texto base 5
TEXTO PARA A QUESTÃO

Romance LIII ou Das Palavras Aéreas

Ai, palavras, ai, palavras,


que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai, palavras,
sois de vento, ides no vento,
no vento que não retorna,
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Texto base 7 Pouquíssimas pessoas negras tiveram


TEXTO PARA A QUESTÃO. acesso à escolarização básica, quem dirá
[45] àquela de nível superior. No contexto da
A escrita faz de tal modo parte de nossa civilização que poderia primeira metade do século XX, enquanto
servir de definição dela própria. A história da humanidade se divide mulheres brancas lutavam pelos direitos
em duas imensas eras: antes e a partir da escrita. Talvez venha o sufragistas e de trabalharem fora de casa,
dia de uma terceira era — depois da escrita. Vivemos os séculos mulheres negras trabalhavam nas casas
da civilização escrita. Todas as nossas sociedades baseiam-se no [50] destas tomando conta dos seus filhos e
escrito. A lei escrita substitui a lei oral, o contrato escrito substitui a filhas, lavando roupa, sendo empregadas
convenção verbal, a religião escrita se seguiu à tradição lendária. domésticas; sustentavam famílias vendendo
E sobretudo não existe história que não se funde sobre textos. quitutes nos tabuleiros… em um presente
Charles Higounet. A história da escrita. Adaptado. bem distante de um futuro emancipado
[55] academicamente. Nesses termos, mesmo
Questão 10 FUVEST sabendo dos processos de alterização
negativa que mulheres em geral sofrem na
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 7 sociedade, há um descompasso histórico
A locução conjuntiva “de tal modo…que” e o advérbio “sobretudo”, entre a ausência de privilégios das mulheres
[60] brancas comparadas às mulheres negras que
respectivamente, expressam noção de:
se perpetuam até os dias de hoje mesmo
a conformidade e dúvida. com todos os direitos alcançados nos últimos
b consequência e realce. anos como a PEC das domésticas, como as
c condição e negação. cotas raciais, como os programas de combate
d consequência e negação. [65] à miséria no Brasil.
Infelizmente, essa é uma realidade
e condição e realce. que persiste aos dias atuais, mesmo com os
Texto base 8 avanços dos últimos anos. De acordo com
Texto uma pesquisa realizada pelo Instituto
[70] Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
As mulheres negras e a ciência no Brasil: “E eu, em 2018, apenas 10,4% das mulheres
não sou uma cientista?” negras com idade entre 25 a 44 anos
concluem o ensino superior. De acordo com
O título deste texto é uma adaptação uma pesquisa realizada pelo Instituto
do emblemático discurso da militante negra [75] Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
ex-excravizada Sojouner Truth em 1851, Anísio Teixeira (Inep), o percentual de
numa conferência feminista em Ohio, Estados mulheres negras (pretas e pardas) doutoras
[5] Unidos. Neste antológico discurso, Sojouner professoras de programa de pós-graduação é
problematizava a opressão das mulheres inferior a 3%. Segundo uma pesquisa
negras nos Estados Unidos, buscando [80] realizada pelo Conselho Nacional de
explicitar os graus de desumanização dessas Desenvolvimento Científico e Tecnológico
mulheres a ponto de não lhes serem (CNPQ) em 2015 apenas 7% das bolsas de
[10] conferidas as características socialmente produtividade são destinadas a mulheres
construídas do gênero feminino. negras.
Mas o que que um discurso do século [85] A marginalidade supracitada no
XIX de uma feminista negra ex-escravizada ambiente científico não versa sobre a baixa
estadunidense tem a ver com o histórico das capacidade intelectual de mulheres negras,
[15] cientistas negras brasileiras? Acontece que nem tampouco sobre uma ausência de
cientistas negras são mulheres que estão propensão genética de mulheres negras à
imersas nos segregadores processos de [90] produção epistêmica, mas sim sobre um
subjugação racial que o racismo estrutural brutal processo social de produção e
nos impõe em qualquer lugar do mundo. reprodução de padrões de subalternidade
[20] Mulheres negras, assim como todas as cognitivamente e materialmente a nós
pessoas oriundas do processo diaspórico de impostos.
escravização brasileira, só tiveram a sua [95] Nos contaram acerca de uma história
liberdade legal a partir de 1888, quando a de inferioridade programada da população
pressão exercida secularmente pelo negra no mundo nos últimos quatro séculos e
[25] movimento quilombola articulada à “esqueceram” de nos contar sobre os
necessidade de expansão mercantil do milênios de pioneirismo intelectual desses
capitalismo inglês intensificaram o [100] nossos e nossas ancestrais nas ciências, na
movimento abolicionista no Brasil, o último matemática, na filosofia, no desenvolvimento
país da América Latina a abolir a escravatura. da escrita, na arquitetura, na medicina etc.
[30] Nesse sentido, cabe refletirmos: Nos ensinaram uma história negra que
tendo o Brasil abolido a escravidão no final ontologicamente remonta à escravidão,
do século XIX, é plausível imaginarmos que [105] entretanto “deixaram passar” informações
pessoas negras brasileiras tiveram um relevantes, como o fato de a humanidade ter
processo tardio de acesso a direitos sociais nascido em África – o verdadeiro velho
[35] tais como educação, saúde e moradia, dentre mundo –; de uma mulher negra africana,
outros. Assim sendo, a universidade Merit Ptah (2700 a.C), ser a primeira médica
brasileira, que teve a sua fundação com a [110] de que se tem conhecimento; como o fato de
Escola Baiana de Medicina em 1808, foi por não conhecermos grandes impérios africanos
muito tempo uma instituição branca, criada como Axum, Meroé, Núbia, Numídia, a Terra
[40] no contexto da escravização para suprir as de Punt, o Império de Kush, o Império
necessidades de uma elite intelectual branca Ashanti e o Império de Gana, dentre outros.
colonizadora e imperialista. [115] Concluo informando que é preciso
revisitarmos os porões da nossa história para
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darmos vez e voz a narrativas históricas O termo “Cussaruim” é uma sinonímia para “diabo”, realizada a
invisibilizadas, que nos propiciarão uma partir da aproximação com “coisa-ruim” ou “cousa ruim”,
descolonização dos padrões do que vem a ser expressões populares de certas regiões do Brasil.
[120] ciência e do que vem a ser cientista. É
preciso um olhar atento para a história para No processo formativo de “Cussaruim”, tem-se a
compreendermos os passos que nos a conversão da categoria adjetiva da palavra em substantivo.
conduziram até aqui e para termos
b prefixação com total modificação do sentido primitivo da
sensibilidade e empatia com essas
palavra.
[125] existências negadas e inferiorizadas.
Pinheiro, Bárbara Carine Soares. As mulheres negras e a ciência c aglutinação de dois termos com perda da autonomia fonética
no Brasil: “e eu, não sou uma cientista?”. Disponível em de um deles.
https://www.comciencia.br/as-mulheresnegras-e-ciencia-no-brasil- d junção de termos de origens distintas para formação de
e-eu-nao-sou-uma-cientista/. Acesso em 5 de abril de 2021. Texto vocábulo inusitado.
adaptado. e abreviação de partes das duas palavras, mantendo o
significado primitivo das palavras.
Questão 11 UECE

PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 8 Questão 14 UEMA


O fragmento a seguir foi extraído do capítulo Despedida às
A relação sintático-semântica estabelecida entre os períodos do travessuras. Nele, narram-se as traquinagens de Leonardo durante
enunciado “No contexto da primeira metade do século XX, uma procissão que representava a via-sacra.
enquanto mulheres brancas lutavam pelos direitos sufragistas e de
trabalharem fora de casa, mulheres negras trabalhavam nas casas
[...] Era a via-sacra do Bom Jesus.
destas tomando conta dos seus filhos e filhas”, (linhas 45-51) é de Há bem pouco tempo existiam ainda em certas ruas desta cidade
a conclusão. cruzes negras pregadas pelas paredes de espaço em espaço.
b alternância. Às quartas-feiras e em outros dias da semana saía do Bom Jesus
e de outras igrejas uma espécie de procissão composta de alguns
c proporção.
padres conduzindo cruzes [...] Caminhavam eles em charola atrás
d adição. da procissão, interrompendo a cantoria com ditérios em voz alta,
Questão 12 UEMA ora simplesmente engraçados, ora pouco decentes; levavam
Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, é um ser que longos fios de barbante, em cuja extremidade iam penduradas
alegoricamente traz em si ambiguidades, ironias e diversas marcas grossas bolas de cera. Se ia por ali ao seu alcance algum infeliz, a
como um mosaico da cultura original do Brasil. quem os anos tivessem despido a cabeça dos cabelos,
colocavam-se em distância conveniente e, escondidos por trás de
Há correspondência entre o fragmento do texto e o sentimento um ou de outro, arremessavam o projétil que ia bater em cheio
expresso pela palavra dos parênteses em: sobre a calva do devoto; puxavam rapidamente o barbante, e
ninguém podia saber donde tinha partido o golpe. Essas e outras
a “O divertimento dele era decepar cabeça de saúva.” cenas excitavam vozeria e gargalhadas na multidão.
(inocência) Era a isto que naqueles devotos tempos se chamava correr a via-
b “Hei de ir só para tirar a prosa do passarinho, minto! da sacra.
lacraia!" (astúcia) ALMEIDA, M. A. Memórias de um Sargento de Milícias. Porto
c “Porém respeitava os velhos e frequentava com aplicação a Alegre: L&PM, 2015.
murua a poracê o torê... todas essas danças religiosas da tribo.”
(farsa) Os pronomes demonstrativos, em certos contextos, além de sua
d “Macunaíma principiou atirando pedras nela e quando feria, função coesiva, atuam como recurso estilístico.
Sofará gritava de excitação...” (preguiça)
Em “Era a isto que naqueles devotos tempos se chamava correr a
e “No outro dia Macunaíma pulou cedo de Marapatá e deu uma
via-sacra.”, o pronome “isto”, ao retomar o parágrafo anterior, e
chegada até a foz do rio Negro para deixar a consciência na ilha.”
associado ao adjetivo devotos, sugere, na fala do narrador, um tom
(ironia)
a confessional.
Texto base 9
b convencional.
Leia o texto que segue para responder à questão.
c comovido.
Manuel Bandeira, autor de Libertinagem (1930), insere-se na d depreciativo.
primeira Geração do Modernismo no Brasil. Sua obra, também e vacilante.
influenciada por sua história de vida, rompeu com os padrões
rígidos ditados pela produção anterior ao Modernismo. Ocupa Texto base 10
lugar de relevância na produção poética brasileira no séc. XX, TEXTO
sendo um dos poetas conhecidos e estudados na
contemporaneidade. Especificamente, Libertinagem acompanha o Obras de Monteiro Lobato entram para domínio público
ideário do grupo modernista da Semana de 22.
Saiba o que muda e quais repercussões isso poderá ter na relação
Lenda brasileira dos leitores com as obras do escritor

A moita buliu. Bentinho Jararaca levou a arma à cara: o que saiu Ele dá nome a ruas, escolas e bibliotecas por
do mato foi o Veado Branco! Bentinho ficou pregado no chão. Quis todo o Brasil. O Dia Nacional do Livro Infantil,
puxar o gatilho e não pôde. comemorado em 18 de abril, homenageia a
- Deus me perdoe! data de nascimento desse escritor, autor de
Mas o Cussaruim veio vindo, veio vindo, parou junto do caçador e mais de 50 livros que mexeram, como
começou a comer devagarinho o cano da espingarda. ninguém, com o imaginário de crianças e
BANDEIRA, M. Libertinagem. 2 ed. São Paulo: Global, 2013. jovens de todo o Brasil. A personalidade em
destaque é Monteiro Lobato, cujas obras
Questão 13 UEMA ingressaram em domínio público em 1º de
[10] janeiro deste ano.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 9
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“Quando a obra ingressa no domínio público, E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et
qualquer pessoa pode utilizá-la, fazer Tartufe? Ai, amiga minha, a resposta é naturalmente a
adaptações, traduzir, veicular, imprimir, ou mesma, – também ela comia bem, dormia largo e fofo, –
seja, fazer qualquer tipo de uso econômico coisas que, aliás, não impedem que uma pessoa ame, quando
[15] sem ter de pedir autorização prévia para o [5] quer amar. Se esta última reflexão é o motivo secreto da vossa
autor ou titular de direitos”, explica a diretora pergunta, deixai que vos diga que sois muito indiscreta, e que
da Secretaria de Direitos Autorais e eu não me quero senão com dissimulados.
Propriedade Intelectual da Secretaria Especial Repito, comia bem, dormia largo e fofo. Chegara ao fim da
da Cultura do Ministério da Cidadania, Carolina comissão das Alagoas, com elogios da imprensa; a Atalaia
[20] Panzolini. [...] A legislação brasileira estipula o [10] chamou‐lhe “o anjo da consolação”. E não se pense que este
prazo de 70 anos a partir de 1º de janeiro ao nome a alegrou, posto que a lisonjeasse; ao contrário,
ano subsequente à morte do autor para que as resumindo em Sofia toda a ação da caridade, podia mortificar
obras dele entrem em domínio público. as novas amigas, e fazer‐lhe perder em um dia o trabalho de
longos meses. Assim se explica o artigo que a mesma folha
Especialista na obra de Monteiro Lobato, a [15] trouxe no número seguinte, nomeando, particularizando e
[25] professora de Literatura Brasileira Milena glorificando as outras comissárias – “estrelas de primeira
Ribeiro Martins, da Universidade Federal do grandeza”.
Paraná, acredita que o ingresso da obra do Machado de Assis, Quincas Borba.
escritor paulista em domínio público vai
aumentar a atenção do público e reaquecer o Questão 16 FUVEST
[30] interesse pela obra de Lobato. [...] “O número PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 11
de leitores de Lobato tende a aumentar
porque, comercialmente, vai haver novas Considerando o contexto, o trecho “E não se pense que este nome
edições e o número de criações com base na a alegrou, posto que a lisonjeasse” (L.10‐11) pode ser
obra de Lobato deve aumentar”, avalia. reescrito,sem prejuízo de sentido, da seguinte maneira: E não se
pense que este nome a alegrou,
[35] Milena defende que, apesar de alguns terem
a apesar de lisonjeá‐la.
quase 100 anos, os livros de Lobato, em
especial os voltados ao público infantil, podem b antes a lisonjeou.
ser muito atraentes para os jovens leitores c porque a lisonjeava.
que vivem cercados de experiências d a fim de lisonjeá‐la.
[40] multimídias. “Há um misto de fantasia, de e tanto quanto a lisonjeava.
ciência, de imaginação e de criatividade na
obra do Lobato, que ainda é atraente para as Texto base 12
crianças”, argumenta. O TRECHO A SEGUIR FOI RETIRADO DA PEÇA GOTA D’ÁGUA
[...] − UMA TRAGÉDIA BRASILEIRA, DE CHICO BUARQUE E PAULO
Uma das ousadias de Lobato foi, em uma PONTES.
[45] época em que o conservadorismo era grande,
dar voz às crianças, que não costumavam ter Questão 17 UERJ
espaço na maioria das famílias para expor PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 12
seus pensamentos. “Ele não vai pensar numa
criança simplesmente obediente, mas ele vai JOANA:
[50] pensar numa criança reflexiva, criativa,
produzindo novos significados para o seu (...)
momento histórico. E, nesse sentido, ele muda Seu povo é que é urgente, força cega,
muito a literatura nacional e discute produção coração aos pulos, ele carrega
literária estrangeira dentro da sua obra”, um vulcão amarrado pelo umbigo
[55] destaca a especialista. Ele então não tem tempo, nem amigo,
CAMPANERUT, Camila. Obras de Monteiro Lobato entram para nem futuro, que uma simples piada
domínio público. Brasília: Ministério da Cidadania, 2019. pode dar em risada ou punhalada
Disponível em: http://cultura.gov.br/obras-demonteiro-lobato- Como a mesma garrafa de cachaça
entram-para-dominio-publico/. Acesso em: 30/08/2019. acaba em carnaval ou desgraça
(...)
Questão 15 UECE

PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 10 Na caracterização do povo brasileiro feita por Joana no trecho
acima, observa-se uma sequência da seguinte figura de
O texto defende um ponto de vista e, para isso, apresenta fatos e linguagem:
opiniões. a ironia
b paródia
Sobre esse aspecto, assinale a opção que se apresenta como
opinião utilizada para defender o ponto de vista do autor. c antítese
a O autor Monteiro Lobato dá nome a ruas, escolas e bibliotecas d eufemismo
por todo o Brasil. Questão 18 FUVEST
b O Dia Nacional do Livro Infantil homenageia a data de O Twitter é uma das redes sociais mais importantes no Brasil e no
nascimento de Monteiro. mundo. (...) Um estudo identificou que as fake news são 70% mais
c A obra de Lobato ingressou em domínio público em 1º de propensas a serem retweetadas do que fatos verdadeiros. (...)
janeiro de 2019. Outra conclusão importante do trabalho diz respeito aos famosos
d O ingresso da obra de Lobato em domínio público aumentará bots: ao contrário do que muitos pensam, esses robôs não são os
seu público leitor. grandes responsáveis por disseminar notícias falsas. Nem mesmo
comparando com outros robozinhos: tanto os que espalham
Texto base 11 informações mentirosas quanto aqueles que divulgam dados
TEXTO PARA A QUESTÃO verdadeiros alcançaram o mesmo número de pessoas.
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
Super Interessante, “No Twitter, fake news se espalham 6 vezes
mais rápido que notícias verdadeiras”. Maio/2019. “O carro furou o pneu e bateu no meio fio, então eles foram
obrigados a parar. O refém conseguiu acionar a população, que
No período “Nem mesmo comparando com outros robozinhos: depois pegou dois dos três indivíduos e tentaram linchar eles. O
tanto os que espalham informações mentirosas quanto aqueles outro conseguiu fugir, mas foi preso momentos depois por uma
que divulgam dados verdadeiros alcançaram o mesmo número de viatura do 5º BPM”, afirmou o major.
pessoas.”, os dois‐pontos são utilizados para introduzir uma Disponível em https://www.gp1.com.br/.
a conclusão.
No português do Brasil, a função sintática do sujeito não possui,
b concessão.
necessariamente, uma natureza de agente, ainda que o verbo
c explicação. esteja na voz ativa, tal como encontrado em:
d contradição. a “O carro furou o pneu”.
e condição. b “e bateu no meio fio”.
Questão 19 UEMA c “O refém conseguiu acionar a população”.
O trecho a seguir, extraído de Verão no Aquário, é um diálogo d “tentaram linchar eles”.
entre as personagens Patrícia e Raíza, respectivamente mãe e e “afirmou o major”.
filha. Leia-o para responder à questão que segue.
Texto base 13
- Vou pedir à titia que vista uma roupa de fada e me transforme O CONTO A SEGUIR FOI RETIRADO DO LIVRO HORA DE
num peixe. Deve ser boa a vida de peixe de aquário, murmurei. ALIMENTAR SERPENTES, DE MARINA COLASANTI.
- Deve ser fácil. Aí ficam eles dia e noite, sem se preocupar com
nada, há sempre alguém para lhes dar de comer, trocar a água... PARA COMEÇAR
Uma vida fácil, sem dúvida. Mas não boa. Não esqueça de que
eles vivem dentro de um palmo de água quando há um mar lá Desejou ter a beleza de uma árvore frondosa tatuada nas costas,
adiante. copa espraiada sobre os ombros. Temendo, porém, o longo
- No mar seriam devorados por um peixe maior, mãezinha. sofrimento imposto pelas agulhas, mandou tatuar na base da
- Mas pelo menos lutariam. E nesse aquário não há luta, filha. coluna, bem na base, a mínima semente.
Nesse aquário não há vida.
TELES, L. G. Verão no Aquário. São Paulo: Companhia das Questão 22 UERJ
Letras, 2010.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 13
A pontuação no texto escrito constitui uma pista segura para o Na narrativa, o desejo inicial e a decisão final do personagem
entendimento pretendido pelo discurso. podem ser relacionados por meio da seguinte figura de linguagem:
a metonímia
Em, “há sempre alguém para lhes dar de comer, trocar a água...”
(2º.§), as reticências b hipérbole
c antítese
a constroem uma intenção indutiva.
d ironia
b enumeram uma sequência explicativa.
c separam um vocativo enfático. Questão 23 UEMA
d isolam uma ideia contrastiva.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 9
e traduzem uma repetição monótona.
Em “A moita buliu”, considerando o contexto do poema, o verbo
Questão 20 UEMA destacado tem sentido semelhante na seguinte frase:
O fragmento seguinte integra o primeiro capítulo do livro Memórias
de um Sargento de Milícias, intitulado Origem, nascimento e a A informação do acidente buliu comigo.
batizado. Leia-o para responder à questão que segue. b Você buliu com ele, agora aguente as consequências.
c Buliu com a avó o dia inteiro, agora está de castigo.
[...] Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata d Sempre que se buliu nesse assunto, foi confusão certa.
dos meirinhos do tempo do rei; esses eram gente que temível e e Assim que o rapaz buliu no cabelo, ela pode notá-lo.
temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da
formidável cadeia judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no Texto base 14
tempo em que a demanda era entre nós um elemento de vida: o CIVILIZAÇÃO
extremo oposto eram os desembargadores. Ora, os extremos se
tocam, e estes, tocando-se, fechavam o círculo dentro do qual se A matéria saiu no New York Times, foi publicada na Folha de São
passavam os terríveis combates das citações, provarás, razões Paulo; deveria ser bibliografia
principais e finais, e todos esses trejeitos judiciais que se chamava obrigatória do ensino fundamental à pós-graduação, deveria ser
o processo. [...] colada aos postes, lançada de aviões,
ALMEIDA, M. A. Memórias de um Sargento de Milícias. Porto viralizada nas redes sociais, impressa em santinhos, guardada na
Alegre: L&PM, 2015. carteira, no bolso ou no sutiã e lida
toda vez que a desilusão, o desespero, a melancolia ou mesmo o
No contexto, o fragmento “Ora, os extremos se tocam, e estes, tédio batesse na porta, batesse na aorta:
tocando-se, fechavam o círculo[...]”, de acordo com as relações [5] “Para salvar Stradivarius, uma cidade inteira fica em silêncio”.
sintático-semânticas, contém o sentido equivalente à Antonio Stradivari viveu entre 1644 e 1737 em Cremona, norte da
a oposição. Itália, cidadezinha que hoje
b condicionalidade. conta com 72267 habitantes. Durante algumas décadas dos
séculos XVII e XVIII, Stradivari
c conformidade. produziu instrumentos de corda, como violinos, cujos sons quase
d comparação. quatro séculos de conhecimento
e finalidade. acumulado não foram capazes de igualar.
[10] Por muito tempo permaneceu um mistério o que fazia aqueles
Questão 21 FUVEST instrumentos tão diferentes dos
Leia o trecho extraído de uma notícia veiculada na internet: demais, fabricados antes ou depois. Estudos recentes, porém,
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
mostraram que, para além da artesania Texto base 15
magistral do luthier*, um tratamento químico dado à madeira, à O QUE NOSSAS METÁFORAS DIZEM DE NÓS
época da fabricação, interfere na
qualidade do som dos instrumentos. Para o poeta Robert Frost, a vida era um caminho que passa por
O tempo de uso também entra na equação: a secura da madeira e encruzilhadas inevitáveis; para
a distância entre as fibras, causada Fernando Pessoa, uma sombra que passa sobre um rio.
[15] pela oxidação, são razões pelas quais, segundo o dr. Hwan- Shakespeare via o mundo como um palco
Ching Tai, autor de um estudo de 2016, e Scott Fitzgerald percebia os seres humanos como barcos contra
“esses velhos violinos vibram mais livremente, o que permite a a corrente. Metáforas como essas
eles expressar uma gama mais ampla nos rodeiam, mas não só quando seguramos um livro nas mãos.
de emoções”. Em nosso uso cotidiano da língua,
Se é verdade que os violinos Stradivarius, como muitos vinhos, [05] elas são tão presentes que nem sequer percebemos. São
melhoraram com o tempo, é exemplos “teto de vidro impede a carreira
inexorável que, em algum momento, avinagrem. Pois esse das mulheres”, “a bolha do aluguel”, “cortar o mal pela raiz”.
momento se aproxima: depois de quase Considerada a forma por excelência da
[20] quatrocentos anos espalhando a melhor música que já foi linguagem figurada, a metáfora às vezes é tida como mero
ouvida, os violinos, violoncelos e violas embelezamento do discurso.
de Cremona estão atingindo seu limite. Logo estarão frágeis Entretanto, desde 1980, com a publicação do livro Metáforas da
demais para serem tocados e serão, vida cotidiana, essa figura retórica
segundo Fausto Cacciatori, curador do Museu do Violino de recuperou seu protagonismo. Os autores George Lakoff e Mark
Cremona, “colocados para dormir”. Johnson mostraram que as alegorias
Antecipando-se ao sono derradeiro, os moradores de Cremona [10] desenham o mapa conceitual a partir do qual observamos,
criaram o Projeto Stradivarius. “Por pensamos e agimos. Com frequência são
cinco semanas, quatro músicos, tocando dois violinos, uma viola e nossa bússola invisível, orientando tanto os gestos instintivos que
um violoncelo, farão centenas de fazemos como as decisões mais
[25] escalas e arpejos, usando técnicas diferentes com arcos, ou importantes que tomamos. É muito provável que aqueles que
dedilhando as cordas”, sob “trinta e dois concebem a vida como uma cruz e
microfones de alta sensibilidade”. Três engenheiros de som, os que a entendem como uma viagem não reajam da mesma
trancados num quartinho à prova de forma ante um mesmo dilema. As
qualquer ruído, no auditório do museu, gravarão cada uma das metáforas são ferramentas eficazes e de múltiplas utilidades. Ao
centenas de milhares de variações partir de elementos já conhecidos,
sonoras, de modo que, no futuro, será possível compor músicas [15] nos ajudam a examinar realidades, conceitos e teorias novas
com o som dos Stradivarius. de uma maneira prática. Também nos
O projeto já estava quase saindo do papel em 2017 quando os servem para abordar experiências traumáticas nas quais a
idealizadores perceberam que o barulho linguagem literal se revela impotente.
[30] em torno do museu impossibilitaria as gravações. O prefeito São vigorosos atalhos que a mente usa para assimilar situações
de Cremona, então, permitiu que as ruas complexas em que a literalidade
da região fossem fechadas até que a última nota fosse acaba sendo tediosa, limitada e confusa. É mais fácil para nós
imortalizada. A cidade calou-se e os Stradivarius entender que a depressão é uma
começaram a cantar. espécie de buraco negro e que o DNA é o manual de instruções de
Até meados de fevereiro, os 72267 moradores da cidadezinha cada ser vivo.
italiana deixarão de buzinar suas [20] As figurações dão coesão às identidades coletivas, pois
lambretas, “nonas” evitarão gritar às janelas e amigos cochicharão circulam sem cessar até se incorporarem
pelas mesas dos cafés para que à linguagem cotidiana. Há alguns anos, os psicólogos Paul
[35] daqui a quatrocentos anos um garoto em Cremona, Mumbai Thibodeau e Lera Boroditsky, da
ou Reykjavik possa compor uma Universidade Stanford (E.U.A.), analisaram os resultados de um
música com as notas únicas e inimitáveis saídas de instrumentos debate sobre políticas contra a
feitos à mão por um homem criminalidade que recorria a duas metáforas. Quando o problema
que morreu quase um milênio antes de esse garoto nascer. Acho era ilustrado como se houvesse
que é disso que estamos falando predadores devorando a comunidade, a resposta era endurecer a
quando falamos em civilização. vigilância policial e aplicar leis
ANTONIO PRATA [25] mais severas. No entanto, quando o problema era exposto
Adaptado de www1.folha.uol.com.br, 27/01/2019. como um vírus infectando a cidade, a
* Luthier: profissional especializado em instrumentos de cordas. opção era a de adotar medidas para erradicar a desigualdade e
Questão 24 UERJ melhorar a educação. Comparações
ruins levam a políticas ruins, escreveu o Nobel de Economia Paul
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 14 Krugman.
No campo da medicina, tem havido mudanças de paradigma no
Para valorizar poeticamente os violinos, combinam-se duas figuras que diz respeito ao impacto
de linguagem, o eufemismo e a personificação. emocional das metáforas. Num recente seminário organizado pela
Essa combinação se encontra em: Universidade de Navarra
a Stradivari produziu instrumentos de corda, como violinos, cujos [30] (Espanha), a linguista Elena Semino dissertou sobre os efeitos
sons quase quatro séculos de conhecimento acumulado não foram de abordar o câncer como se
capazes de igualar. (l. 7-9) fosse uma guerra, provocando sensações negativas quando o
b “esses velhos violinos vibram mais livremente, o que permite a paciente acredita estar “perdendo a
eles expressar uma gama mais ampla de emoções”. (l. 16-17) batalha”, mesmo que isso possa ser estimulante para outros. O
erro, segundo a especialista, reside
c Se é verdade que os violinos Stradivarius, como muitos vinhos,
em misturar os campos semânticos da guerra e da saúde. Para
melhoraram com o tempo, é inexorável que, em algum momento,
corrigir essa questão, a linguista
avinagrem. (l. 18-19)
elabora o que chama de “cardápio de metáforas”, para que
d Logo estarão frágeis demais para serem tocados e serão, médicos e pacientes enfrentem a doença
segundo Fausto Cacciatori, curador do Museu do Violino de [35] de forma mais construtiva.
Cremona, “colocados para dormir”. (l. 21-22) As boas metáforas nos trazem outras perspectivas, fronteiras
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
menos rígidas e novas categorizações
que substituem aquelas já desgastadas. Objeto descartável coagido pelo medo
MARTA REBÓN Latifúndio escravagista
Adaptado de brasil.elpais.com, 11/04/2018. Opressão pelo desespero

Questão 25 UERJ Escravidão contemporânea no Brasil!


PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 15 Escravidão contemporânea no Brasil!
Fonte: https:iiwwwletras.mus.br/ratos-de-porao
No texto, apresenta-se o princípio que estrutura as metáforas por
meio da seguinte palavra sublinhada: A associação correta entre os versos da letra da música e as
a examinar realidades, conceitos e teorias novas de uma características de escravidão na contemporaneidade está
expressa em
maneira prática. (l. 15)
b situações complexas em que a literalidade acaba sendo a
tediosa, (l. 17-18)
c Comparações ruins levam a políticas ruins, (l. 26-27)
d No campo da medicina, tem havido mudanças de paradigma (l.
28) b

Questão 26 UEMA
Do capítulo Contrariedades, extraiu-se o fragmento que segue.
Leia-o para responder à questão.
c
[...] Se tinha alguma virtude, era a de não enganar pela cara. Entre
todas as suas qualidades possuía uma
que felizmente caracterizava naquele tempo, e talvez que ainda
hoje, positiva e claramente o fluminense, d
era a maledicência. José Manuel era uma crônica viva, porém
crônica escandalosa, não só de todos os seus
conhecimentos e amigos, e das famílias destes, mas ainda dos
conhecidos e amigos dos seus amigos e
[5] conhecidos e de suas famílias. Debaixo do mais fútil pretexto e
tomava a palavra, e enfiava um discurso de
duas horas sobre a vida de fulano ou de beltrano.
ALMEIDA, M. A. Memórias de um Sargento de Milícias. Porto
Alegre: L&PM, 2015.
Texto base 16
Soneto do Corifeu*
No fragmento, considerando o contexto da obra, nota-se a
presença da conotação enfática quando o narrador emprega a São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
expressão
[3] Quando uma lua surge de repente
a “todos os seus conhecimentos e amigos” (L.3/4) E se deixa no céu, como esquecida.
b “crônica viva” (L.3)
c “fútil pretexto” (L.6) E se ao luar que atua desvairado
d “amigos dos seus amigos” (L.4) [6] Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
e “fulano ou de beltrano.” (L.6) Porque deve andar perto uma mulher.
Questão 27 UEMA
O Brasil reconheceu, em 1995, a existência de formas [9] Deve andar perto uma mulher que é feita
contemporâneas de escravidão no país, retratadas criticamente na De música, luar e sentimento
letra da música “Expresso da Escravidão”. Analise-a para E que a vida não quer, de tão perfeita.
responder à questão.
[12] Uma mulher que é como a própria Lua:
A degradação tem o seu preço Tão linda que só espalha sofrimento
De trecho em trecho para trabalhar Tão cheia de pudor que vive nua.
A liberdade em troca de miséria * Corifeu: personagem sempre presente no antigo teatro grego.
Mancada séria pode matar
Questão 28 UERJ
A soma de toda pobreza PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 16
Desmoraliza o social
Mão de obra farta escravizada Na última estrofe, a figura feminina é descrita por meio de
elementos que estabelecem entre si uma relação do seguinte tipo:
Direitos Humanos é opcional a ambígua
Quanto custa um homem no expresso da
b antitética
escravidão?
c denotativa
Quanto custa um homem no expresso da d metalinguística
escravidão?
Texto base 17
No Brasil!
TEXTO
Enganado pelo tal de gato
ONU pede combate a desperdício de alimento para reduzir fome
Explorado pelo fazendeiro
no mundo
Meses, meses, meses de trabalho
Com um quarto do que se perde em escala global seria possível
Enganado e nada de dinheiro
alimentar todas as vítimas de fome crônica do planeta; Brasil foi
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
premiado por ações de combate à subnutrição.
Além das pessoas com problemas de
A Organização das Nações Unidas para a subnutrição, outras 1,4 bilhão estão com
Alimentação e a Agricultura (FAO) alertou excesso de peso, incluindo 500 milhões de
hoje (16), Dia Mundial da Alimentação, que o [80] obesos. A organização destacou a
desperdício ainda é uma das principais importância de uma dieta equilibrada para
[15] razões da fome no mundo. Segundo a combater o aumento da obesidade e garantir
entidade, um terço dos alimentos produzidos a saúde das populações.
no mundo por ano é desperdiçado – o Notícia adaptada do portal Rede Brasil Atual publicada 16/10/2013
equivalente a 1,3 bilhão de toneladas e mais às 11h18min. Disponível em:
de US$ 750 bilhões. https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2013/10/on u-pede-
reducao-do desperdicio-de-alimento-para-reduzirfome-no-mundo-
[20] Para o responsável pela infraestrutura rural 5807.html. Acesso: 10.11.2018.
da FAO, Robert van Otterdijk, com um quarto
do total desperdiçado seria possível Questão 29 UECE
alimentar todas as vítimas de fome crônica PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 17
no mundo, que equivale a 842 milhões de
[25] pessoas, segundo dados recentes da Em relação aos valores sintáticos e semânticos da utilização do
instituição. aposto no texto, assinale a afirmação verdadeira.
a Toda a expressão “a coordenadora de um relatório da FAO
Segundo o especialista, “reduzir à metade
sobre os custos do desperdício alimentar” (linhas 37-38)
esse desperdício, bastaria para aumentar a desempenha a função de aposto do nome próprio “Mathilde
produção alimentar mundial em 32% e para
Iweins” (linha 39), com o propósito de parafrasear o termo com o
[30] conseguir dar comida a 9 bilhões de pessoas, qual se relaciona.
a população mundial prevista em 2050”.
Peritos da ONU calculam que será necessário b “Robert van Otterdijk” (linha 21) tem valor de aposto em
aumentar em 60% da produção de alimentos relação à expressão “o responsável pela infraestrutura rural da
FAO” (linhas 20- 21), para dar a conhecer ao leitor da notícia sobre
para dar conta das necessidades futuras da
[35] humanidade, um patamar insustentável para quem se está falando.
o planeta. c A expressão “O diretor da FAO na Ásia e Pacífico” (linha 49),
ao assumir a função de aposto de “Hiroyuki Konuma” (linhas 49-
Para a coordenadora de um relatório da FAO 50), funciona como um mecanismo textual de reformulação do
sobre os custos do desperdício alimentar, termo com o qual ele está sintaticamente ligado.
Mathilde Iweins, “as superfícies agrícolas d A expressão “Dia Mundial da Alimentação” (linha 13) funciona
[40] utilizadas para a produção de alimentos que como aposto de “hoje (16)” (linha 13), que lhe acrescenta uma
não serão utilizados equivalem às do Canadá informação a mais, a fim de esclarecer o termo a que ele se refere.
e da Índia, em conjunto”.
Questão 30 UEMA
As principais razões do desperdício são, nos A questão esta baseada em diferentes fragmentos da peça teatral
países industrializados, o excesso de normas Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.
[45] e regras, devido a preocupações sanitárias
ou estéticas e, nos países em TEXTO
desenvolvimento, as reduzidas capacidades
de armazenamento e de acesso ao mercado. [...]
O diretor da FAO na Ásia e Pacífico, Hiroyuki PALHAÇO
[50] Konuma, alertou que a inflação também é Oi, eu vou ali e volto já.
uma barreira. “Os altos preços, que são 50% ATORES
maiores em termos reais comparativamente (saindo)
há dez anos, aumentam a vulnerabilidade Oi, cabeça de bode não tem que chupar.
dos pobres”, disse. [...]
JOÃO GRILO
[55] Segundo a FAO pelo menos 2 bilhões de Sacristão, a vaca da mulher do padeiro tem que sair!
pessoas são vítimas da subnutrição, no SACRISTÃO
mundo, 60% delas na região Ásia-Pacífico. Um momento. Um momento. Em primeiro lugar, o cuidado da casa
Em todo o planeta, uma em cada oito de Deus e de seus arredores. Que é
pessoas e uma em cada quatro crianças com isso? Que é isso?
[60] menos de cinco anos é vítima de má (Ele domina toda a cena, inclusive o Padre que tem uma confiança
nutrição. Ao todo, 165 milhões de crianças enorme na empáfia, segurança e hipocrisia
nunca desenvolveram seu potencial do secretário.)
intelectual e físico devido à carência de MULHER E PADEIRO
nutrientes. (ao mesmo tempo, em resposta à pergunta do Sacristão)
É o padre...
[65] Em um relatório publicado em junho, a FAO SACRISTÃO
avaliou que o custo da subnutrição e das (afastando os dois com a mão e olhando para a direita)
carências em micronutrientes representam Que é aquilo? Que é aquilo?
de 2% a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) (Sua afetação de espanto é tão grande, que todos se voltam pra
mundial, ou seja, entre US$ 1,4 bilhão e US$ direção em que ele olha.)
[70] 2,1 bilhões. “Conseguir o maior número Fonte: SUASSUNA, A. Auto da Compadecida. 36. ed. Rio de
possível de alimentos de cada gota de água, Janeiro: Nova Fronteira, 2014.
porção de terreno, partícula de fertilizantes e
minuto de trabalho poupa recursos para o Em Auto da Compadecida, Ariano Suassuna mescla o teatro
futuro e torna os sistemas mais medieval com elementos da tradição popular nordestina e dos
[75] sustentáveis”, lembrou a organização em espetáculos circenses.
nota.
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
Considerando a função, nessa comédia teatral, dos trechos produziram este açúcar
destacados em parênteses/itálico, cabe afirmar que são branco e puro
a rubricas com indicações da dinâmica da cena. [175] com que adoço meu café esta manhã em
Ipanema.
b narrativas concomitantes com a ação dos atores.
GULLAR, Ferreira. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização
c reproduções do pensamento dos personagens. Brasileira, 1980. p.277-278.
d intervenções do Palhaço intercaladas no diálogo.
Questão 32 UECE
e inserções do coro de atores dirigidas à plateia.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 18
Questão 31 FUVEST
Seria difícil encontrar hoje um crítico literário respeitável que A divisão social do trabalho, expressa no texto, é destacada
gostasse de ser apanhado defendendo como uma ideia a velha acentuadamente nos versos
antítese estilo e conteúdo. A esse respeito prevalece um religioso
consenso. Todos estão prontos a reconhecer que estilo e conteúdo a “Vejo-o puro / e afável ao paladar / como beijo de moça, água /
na pele, flor que se dissolve na boca” (linhas 145-149).
são indissolúveis, que o estilo fortemente individual de cada
escritor importante é um elemento orgânico de sua obra e jamais b “Este açúcar veio / da mercearia da esquina e tampouco o fez
algo meramente “decorativo”. o Oliveira, / dono da mercearia” (linhas 151-154).
Na prática da crítica, entretanto, a velha antítese persiste c “Em usinas escuras, / homens de vida amarga / e dura /
praticamente inexpugnada. produziram este açúcar / branco e puro / com que adoço meu café
Susan Sontag. “Do estilo”. Contra a interpretação. esta manhã em Ipanema” (linhas 170-176).
d “Este açúcar era cana / e veio dos canaviais extensos / que
Consideradas no contexto, as expressões “religioso consenso”, não nascem por acaso / no regaço do vale” (linhas 159-162).
“orgânico” e “inexpugnada”, sublinhadas no texto, podem ser
substituídas, sem alteração de sentido, respectivamente, por: Texto base 19
TEXTO PARA A QUESTÃO.
a místico entendimento; biológico; invencível.
b piedoso acordo; puro; inesgotável. Mito, na acepção aqui empregada, não significa mentira,
c secular conformidade; natural; incompreensível. falsidade ou mistificação. Tomo de empréstimo a formulação
d fervorosa unanimidade; visceral; insuperada. de Hans Blumenberg do mito político como um processo
e espiritual ajuste; vital; indomada. contínuo de trabalho de uma narrativa que responde a uma
[5] necessidade prática de uma sociedade em determinado
Texto base 18 período. Narrativa simbólica que é, o mito político coloca em
TEXTO suspenso o problema da verdade. Seu discurso não pretende ter
validade factual, mas também não pode ser percebido como
O Açúcar mentira (do contrário, não seria mito). O mito político confere
Ferreira Gullar [10] um sentido às circunstâncias que envolvem os indivíduos: ao
fazê‐los ver sua condição presente como parte de uma história
[140] O branco açúcar que adoçará meu café em curso, ajuda a compreender e suportar o mundo em que
nesta manhã de Ipanema vivem.
não foi produzido por mim ENGELKE, Antonio. O anjo redentor. Piauí, ago. 2018, ed. 143, p.
nem surgiu dentro do açucareiro por 24.
milagre.
Questão 33 FUVEST
[145] Vejo-o puro PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 19
e afável ao paladar
como beijo de moça, água Sobre o sujeito da oração “em que vivem” (L. 12‐13), é correto
na pele, flor afirmar:
que se dissolve na boca. Mas este açúcar a Expressa indeterminação, cabendo ao leitor deduzir a quem se
[150] não foi feito por mim. refere a ação verbal.
Este açúcar veio b Está oculto e visa evitar a repetição da palavra “circunstâncias”
da mercearia da esquina e tampouco o fez o (L. 10).
Oliveira, c É uma função sintática preenchida pelo pronome “que” (L. 12).
dono da mercearia. d É indeterminado, tendo em vista que não é possível identificar
[155] Este açúcar veio a quem se refere a ação verbal.
de uma usina de açúcar em Pernambuco e Está oculto e seu referente é o mesmo do pronome “os” em
ou no Estado do Rio “fazê‐los” (L. 11).
e tampouco o fez o dono da usina.
Texto base 20
Este açúcar era cana TEXTO
[160] e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso Conheça 5 atitudes simples para preservar o meio ambiente
no regaço do vale.
[75] É possível mudar muito fazendo atitudes
Em lugares distantes, onde não há hospital simples em seu cotidiano.
nem escola,
[165] homens que não sabem ler e morrem de Não é mais nenhum segredo que as
fome mudanças climáticas e agressão ao meio
aos 27 anos ambiente estão entre as ameaças mais
plantaram e colheram a cana [80] graves à humanidade e, se nada for feito,
que viraria açúcar. em poucos séculos, a Terra como
[170] Em usinas escuras, conhecemos pode deixar de existir. Mas
homens de vida amarga [...] pouca gente parece perceber ou
e dura compreender o que pode fazer de fato para
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
[85] mudar a situação. Não é preciso muito: Com relação às orações desse período, assinale a afirmação
atitudes simples no dia a dia podem ajudar INCORRETA.
a minimizar os danos causados no meio a “Em seguida, preste atenção” é uma oração subordinada
ambiente. substantiva subjetiva, porque esse trecho é o sujeito da oração
principal.
Economize energia
b “[...] para não deixar luzes acesas em cômodos” é uma oração
[90] Comece trocando as lâmpadas por modelos
subordinada adverbial final, porque exprime o objetivo do que se
eficientes. [...]. Em seguida, preste atenção
declara na oração principal.
para não deixar luzes acesas em cômodos
que não estão sendo utilizados e desligue o c “[...] que não estão sendo utilizados” é uma oração adjetiva
computador durante a noite. Nas tarefas restritiva, porque particulariza o termo “cômodos”, exercendo
[95] domésticas, busque ser mais eficiente, por função de adjunto adnominal desse termo.
exemplo, esperando acumular roupas o d “[...] e desligue o computador durante a noite” é coordenada
suficiente para encher uma máquina antes aditiva, porque é independente das outras orações e se liga a uma
de lavá-las. outra oração dando ideia de adição.

Economize papel Questão 35 UECE


[100] Evite impressões desnecessárias: ingressos Atente para a imagem a seguir.
(quando há a opção de e-ticket), extratos
de banco, via da compra no cartão, contas
que podem ser pagas online… [...] Ao usar
papel para anotações, certifique-se de usá-
[105] lo por completo antes de reciclar. E, na hora
de dar presentes, experimente reutilizar
papéis antigos ou buscar novas formas
criativas de embrulhá-los.

Tenha um dia vegetariano


[110] Você não precisa parar de comer carne,
mas experimente deixar de consumir carne
por somente um dia. São necessários 9,5
mil litros de água para produzir cada meio
quilo de carne, e cada hambúrguer que vem
[115] de animais que pastam em áreas
desmatadas causou a destruição de cinco
metros quadrados de floresta.

Desligue a torneira
Só de desligar a torneira ao escovar os
[120] dentes, por exemplo, é possível economizar
18 litros de água por dia. Experimente fazer A charge revela uma crítica aos meios de comunicação, em
o mesmo quando for ensaboar as mãos ou especial às redes sociais, porque
as louças na pia na hora de lavá-las para
a considera as relações sociais menos importantes do que as
economizar ainda mais.
virtuais.
[125] Reduza o consumo de plástico b enaltece a pretensão do homem de estar em todos os lugares
Você já deve ter ouvido falar da ilha de ao mesmo tempo.
plástico no Pacífico. Ela é formada por 4 c questiona a integração das pessoas nas redes virtuais de
milhões de toneladas de plástico [...]. relacionamento.
Reduzir o consumo de plástico no dia a dia d descreve, com precisão, as sociedades humanas no mundo
[130] é fundamental para reverter este cenário. globalizado.
Muitas cidades brasileiras já aboliram a
sacola plástica no supermercado [...]. Texto base 21
Tenha a própria garrafinha para quando TEXTO
precisar tomar água: cerca de 90% das
[135] garrafas de plástico não são recicladas e Em Busca de Novas Armas Contra o Aedes Aegypt
acabam em aterros. E, se for usar copos
plásticos, [...] adote a técnica de marcar o O infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha já
nome com uma caneta em vez de jogá-lo foi diagnosticado com dengue duas vezes.
no lixo cada vez que for tomar algo. [40] Nenhuma surpresa. O coordenador de
Adaptado de MARASCIULO, Marília. Conheça 5 atitudes simples Vigilância em Saúde e Laboratórios de
para preservar o meio ambiente. Revista Galileu. Disponível em: Referência da Fundação Oswaldo Cruz
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/MeioAmbiente/noticia/2019 (Fiocruz) e professor da Medicina da
/01/conheca-5-atitudes-simplespara-preservar-o-meio- Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
ambiente.html. 2019. Acesso em: 20 de maio de 2019. [45] vive no Brasil, país castigado pela doença nas
últimas três décadas e por outras também
Questão 34 UECE transmitidas pelo Aedes aegypt. Essas
epidemias, explica o pesquisador nesta
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 20 entrevista, devem continuar décadas adiante:
O excerto “Em seguida, preste atenção para não deixar luzes [50] “Ainda utilizamos o modelo de controle do
acesas em cômodos que não estão sendo utilizados e desligue o mosquito que foi exitoso há 110 anos com
computador durante a noite.” (linhas 91-94) é um período Oswaldo Cruz”. Nem as águas de março que
composto. acabaram de fechar o verão são promessa de
uma trégua. “Temos observado que, em
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
[55] algumas localidades do Brasil, o padrão de Quanto à utilização de letras maiúsculas no texto, atente para as
ocorrência da dengue tem se mantido estável seguintes assertivas:
mesmo fora do verão. Isso aponta o óbvio: a
população e as autoridades sanitárias têm de I. A expressão “Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência
atuar durante todo o ano, e não somente no da Fundação Oswaldo Cruz” (linhas 41-42) é utilizada com letras
[60] verão. Infelizmente, isso não ocorre em um maiúsculas para realçar o nome da instituição em questão.
padrão homogêneo”, ensina Cunha, que II. A palavra “Medicina” (linha 43) é grafada, no texto, com letra
comemora, no entanto, abordagens maiúscula, porque o autor considera esse termo como uma área
promissoras para o controle do mosquito e vê do saber, diferenciando-a das demais áreas.
uma melhora da vigilância nas últimas III. O termo “Estado” (linha 89) aparece, no texto, com letra
[65] décadas. maiúscula, porque significa uma entidade de direito público
Ciência Hoje: O Brasil sofreu administrativo que congrega várias instâncias do poder público.
recentemente com grandes surtos de
dengue, zika e febre amarela. Devemos Está correto o que se afirma em
esperar novos surtos em breve? O que a I e II apenas.
[70] dizem os dados epidemiológicos?
Rivaldo Venâncio da Cunha: As doenças b I e III apenas.
transmitidas pelo Aedes continuarão ocorrendo c II e III apenas.
nos próximos 20 ou 30 anos. Por que d I, II e III.
continuarão ocorrendo? Porque utilizamos o
[75] modelo de controle do mosquito que foi Texto base 22
exitoso há 110 anos com Oswaldo Cruz e, Os três poemas a seguir foram retirados do Livro de sonetos, de
depois, com Clementino Fraga e outros. Se Vinicius de Moraes
não houver uma nova abordagem para (São Paulo: Companhia das Letras, 2009).
controle do vetor, continuaremos tendo
[80] epidemias, porque, infelizmente, as questões Soneto de separação
estruturais da sociedade permanecem De repente do riso fez-se o pranto
praticamente inalteradas. Essa bárbara Silencioso e branco como a bruma
segregação social que o Brasil tem, [3] E das bocas unidas fez-se a espuma
esse apartheid social, que é fruto de séculos, E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
[85] criou condições para haver comunidades
extremamente vulneráveis, onde a coleta do De repente da calma fez-se o vento
lixo, quando existe, é feita de forma [6] Que dos olhos desfez a última chama
inadequada, e nas quais o fornecimento de E da paixão fez-se o pressentimento
água é irregular. São lugares onde o Estado E do momento imóvel fez-se o drama.
[90] inexiste. Há comunidades em que policiais não
podem entrar a qualquer hora, imagine um [9] De repente, não mais que de repente
agente de controle de vetores. Essa Fez-se de triste o que se fez amante
complexidade urbana não aparenta que será E de sozinho o que se fez contente.
modificada nos próximos anos.
CUNHA, Rivaldo Venâncio da. Em Busca de Novas Armas Contra [12] Fez-se do amigo próximo o distante
o Aedes Aegypt. Ciência Hoje, São Paulo, n.353, abr. 2019. Fez-se da vida uma aventura errante
Entrevista concedida a Valquíria Daher. Disponível em: De repente, não mais que de repente.
http://cienciahoje.org.br/artigo/em-busca-de-novasarmas-contra-o- Questão 38 UERJ
aedes-aegypt/. Acessado em 27 de abril de 2019.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 22
Questão 36 UECE
De repente da calma fez-se o vento
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 21 Que dos olhos desfez a última chama (v. 5-6)
Um texto deve manter seus elementos ligados entre si como forma Em relação à expressão o vento, o verso sublinhado assume a
de assegurar sua coesão. Sendo assim, existem várias formas de função de indicar uma:
manutenção da coesão textual. a gradação
b nomeação
Considerando esse aspecto, é correto afirmar, sobre a entrevista c comparação
(texto), que
d caracterização
a o termo “doença” (linha 45) foi utilizado com o intuito de não
repetir “dengue” (linha 39). Neste caso, “doença” é um hipônimo de Texto base 23
“dengue”. TEXTO
b os termos “infectologista” (linha 38), “coordenador” (linha 40),
“professor” (linha 43) e “pesquisador” (linha 48) são utilizados para O Bicho
referir-se ao entrevistado. Essa técnica é uma forma de coesão Manuel Bandeira
sequencial, denominada de repetição de palavras.
c as expressões “as questões estruturais da sociedade” (linhas Vi ontem um bicho
80-81) e “esse apartheid social” (linha 84) mantêm uma relação de Na imundície do pátio
antonímia na entrevista. Catando comida entre os detritos.
d no excerto “[...]ensina Cunha, que comemora, no entanto,
abordagens promissoras para o controle do mosquito e vê uma Quando achava alguma coisa,
melhora da vigilância nas últimas décadas” (linhas 61-65), [05] Não examinava nem cheirava:
aparecem casos de elipse. Engolia com voracidade.

Questão 37 UECE O bicho não era um cão,


Não era um gato,
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 21 Não era um rato.
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musiquinha que antecede a chamada a cobrar
[10] O bicho, meu Deus, era um homem. pode ser bem-vinda, se for grande a
BANDEIRA, M. Poesias completas. 4. ed. Rio de Janeiro: José ansiedade para se falar com alguém distante.
Olympio, 1986.
O barulho da chuva forte no meio da
Questão 39 UECE [40] madrugada, quando você está no quentinho da
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 23 sua cama.

O poema acima apresenta elementos linguísticos de coesão que Uma conversa em outro idioma na mesa ao
contribuem para articulação do sentido entre suas partes. lado da sua, provocando a falsa sensação de
que você está viajando, de férias em algum
Baseado nesta ideia, é correto dizer que [45] lugar estrangeiro. E estando em algum lugar
a se retoma o elemento bicho (linha 01), através da estrangeiro, ouvir o seu idioma natal sendo
referenciação catafórica por meio da elipse, que está indicada na falado por alguém que passou, fazendo você
lembrar que o mundo não é tão vasto assim.
forma verbal presente no enunciado “Quando achava alguma
coisa” (linha 04).
O toque do interfone quando se aguarda
b pelas desinências empregadas no verbo examinava (linha 05), [50] ansiosamente a chegada do namorado. Ou
é possível fazer um movimento retrospectivo para recuperar o mesmo a chegada da pizza.
termo que está elíptico, no caso, o pronome eu.
c O uso dos artigos indefinido em um bicho (linha 1) e definido O aviso sonoro de que entrou um torpedo no
em o bicho (linha 7) serve para mostrar que, no primeiro caso, a seu celular.
visão do enunciador é a de um bicho, que ainda está por se definir;
e, no segundo caso, a visão é a de que já se conhece qual é o A sirene da fábrica anunciando o fim de mais
bicho a que se está referindo. [55] um dia de trabalho.
d O advérbio ontem (linha 1) faz referência a um tempo posterior
ao do momento em que o enunciador do poema relata o fato. O sinal da hora do recreio.

Texto base 24 A música que você mais gosta tocando no


TEXTO rádio do carro. Aumente o volume.

Sons que confortam O aplauso depois que você, nervoso, falou em


Martha Medeiros [60] público para dezenas de desconhecidos.

Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu O primeiro eu te amo dito por quem você
um colapso cardíaco. Só estavam os três na também começou a amar.
casa: o pai, a mãe e ele, um garoto de 13
anos. Chamaram o médico da família. E E o mais raro de todos: o silêncio absoluto.
[5] aguardaram. E aguardaram. E aguardaram. MEDEIROS, Martha. Feliz por nada. São Paulo: L&PM Editores,
Até que o garoto escutou um barulho lá fora. É 2011.
ele que conta, hoje, adulto: Nunca na vida
ouvira um som mais lindo, mais calmante, do Questão 40 UECE
que os pneus daquele carro amassando as
[10] folhas de outono empilhadas junto ao meio- PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 24
fio. Considerando as relações sintáticas e semânticas no uso das
orações com gerúndio na crônica, é INCORRETO dizer que
Inesquecível, para o menino, foi ouvir o som
do carro do médico se aproximando, o homem a no enunciado “Inesquecível, para o menino, foi ouvir o som do
que salvaria seu pai. Na mesma hora em que li carro do médico se aproximando” (linhas 12-13), a forma gerundial
[15] esse relato, imaginei um sem-número de sons se aproximando pode desempenhar tanto a função oracional de
que nos confortam. A começar pelo choro na advérbio como de adjetivo em relação à oração principal.
sala de parto. Seu filho nasceu. E o mais b o verbo da estrutura oracional “quando se aguarda
aliviante para pais que possuem adolescentes ansiosamente a chegada do namorado” não pode ser
baladeiros: o barulho da chave abrindo a transformado na forma de gerúndio na oração “O toque do
[20] fechadura da porta. Seu filho voltou. interfone quando se aguarda ansiosamente a chegada do
namorado” (linhas 49-50).
E pode parecer mórbido para uns, c a estrutura oracional “anunciando o fim de mais um dia de
masoquismo para outros, mas há quem mate trabalho” em “A sirene da fábrica anunciando o fim de mais um dia
a saudade assim: ouvindo pela enésima vez o de trabalho” (linhas 54-55) funciona como um atributo dado à
recado na secretária eletrônica de alguém que sirene da fábrica.
[25] já morreu. d a forma gerundial “avisando que as luzes serão apagadas” no
enunciado “O sinal, dentro do teatro, avisando que as luzes serão
Deixando a categoria dos sons magnânimos apagadas e o espetáculo irá começar” (linhas 31-33) cumpre
para a dos sons cotidianos: a voz no alto- oracionalmente a função de adjetivo, sendo empregada para
falante do aeroporto dizendo que a aeronave indicar um processo verbal em curso.
já se encontra em solo e o embarque será
[30] feito dentro de poucos minutos. Questão 41 UEMA
A questão têm como texto base fragmento do romance O Mulato,
O sinal, dentro do teatro, avisando que as de Aluísio Azevedo. Leia-o para responder à questão
luzes serão apagadas e o espetáculo irá
começar. TEXTO

O telefone tocando exatamente no horário que E jurava que filha sua não havia de aprender semelhante
[35] se espera, conforme o combinado. Até a instrumento, porque as desavergonhadas só
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queriam aquilo para melhor conversar com os namorados, sem Adaptado de Teoria e debate, nº 49. São Paulo: Fundação Perseu
que os outros dessem pela patifaria! Abramo, out-dez, 2001.
Também dizia mal da iluminação a gás:
- Dantes, os escravos tinham que fazer! Mal serviam a janta, Questão 42 UERJ
iam aprontar e acender os candeeiros, deitar- hes novo azeite e PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 25
colocá-los no seu lugar... E hoje? E só chegar o palitinho de fogo à
bruxaria do bico do gás e... caia-se na pândega! Já não há tarefa! A articulação do primeiro com o segundo parágrafo revela o
Já não há cativeiro! E por isso que eles andam tão descarados! seguinte eixo principal da argumentação do crítico:
Chicote! Chicote, até dizer basta! Que é do que eles precisam. a valorização de versos coloquiais
Tivesse eu muitos, que lhes juro, pela bênção de minha madrinha,
que lhes havia de tirar sangue do lombo! b descrição de uma poética singular
Fonte: AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Martin Claret, 2010. DN c contestação de artistas modernos
d exaltação de uma obra convencional
O único comentário correto relativo ao emprego dos sinais de
pontuação, no texto, é que Texto base 26
TEXTO
a a vírgula, após a palavra “Dantes”, é indicada para separar o
aposto do restante da frase que denota uma opinião.
Dragão do Mar fez Ceará abolir a escravidão 4 anos antes da Lei
b o uso da virgula, após “Mal serviam a janta”, separa essa Áurea
oração coordenada das outras três substantivas. Maria Fernanda Garcia
c a virgula, após “Tivesse eu muitos”, separa a oração explicativa
da sua principal, marcando inversão na ordem. O Brasil comemora no dia 13 de maio a
d o uso estilístico do travessão indica a interrupção de fala de um abolição da escravidão no país, oficializada
dos interlocutores. pela Lei Áurea, em 1888. O que muitos
[180] desconhecem é que o estado do Ceará
e o uso constante do ponto de exclamação é um recurso
estilístico que serve para acentuar a fala incisiva do enunciador. aboliu a escravidão quatro anos antes da
Lei Áurea. Em 25 de março de 1884, o
Texto base 25 presidente da província, Sátiro de Oliveira
Um poema de Vinicius de Moraes Dias, declarou a libertação de todos os
A flutuação do gosto em relação aos poetas é normal, como é [185] escravos do Ceará, tornando o estado o
normal a sucessão dos modos primeiro a abolir a escravidão no país.
de fazer poesia. Pelo visto, Vinicius de Moraes anda em baixa Isso foi possível graças a Francisco
acentuada. Talvez o seu prestígio José do Nascimento, também conhecido
tenha diminuído porque se tornou cantor e compositor, levando a como Dragão do Mar ou Chico da Matilde.
opinião a considerá-lo mais [190] Homem de origem humilde, jangadeiro e
letrista do que poeta. Mas deve ter sido também porque encarnou abolicionista, teve participação ativa no
um tipo de poesia oposto a Movimento Abolicionista no Ceará.
[5] certas modalidades para as quais cada palavra tende a ser Francisco José era chefe dos
objeto autônomo, portador de maneira jangadeiros e, em 1881, convenceu os
isolada (ou quase) do significado poético. [195] colegas jangadeiros a se recusarem a
transportar para os navios negreiros
Na história da literatura brasileira ele é um poeta de continuidades, os escravos vendidos para o sul do Brasil.
não de rupturas; e o nosso A ação repercutiu no país e somada às
é um tempo que tende à ruptura, ao triunfo do ritmo e mesmo do ações dos outros abolicionistas do Ceará,
ruído sobre a melodia, assim [200] que pertenciam à elite econômica e
como tende a suprimir as manifestações da afetividade. Ora, intelectual do estado, levou ao fim da
Vinicius é melodioso e não tem medo escravidão no Ceará.
[10] de manifestar sentimentos, com uma naturalidade que deve A ação iniciada pelo Dragão do Mar foi
desgostar as poéticas de choque. tão importante que Angelo Agostini
Por vezes, ele chega mesmo a cometer o pecado maior para o [205] (desenhista ítalo-brasileiro) registrou o fato
nosso tempo: o sentimentalismo. na capa da Revista Illustrada, com uma
Isso lhe permitiu dar estatuto de poesia a coisas, sentimentos e ilustração alegórica de Francisco
palavras extraídos do mais singelo Nascimento, com a seguinte legenda: “À
cotidiano, do coloquial mais familiar e até piegas, de maneira a testa dos jangadeiros cearenses,
parecer muitas vezes um seresteiro [210] Nascimento impede o tráfico dos escravos
milagrosamente transformado em poeta maior. João Cabral disse da província do Ceará vendidos para o sul”.
mais de uma vez que sua própria Francisco José do Nascimento virou um
[15] poesia remava contra a maré da tradição lírica de língua símbolo da resistência popular cearense
portuguesa. Vinicius seria, ao contrário, contra a escravidão e foi homenageado pelo
alguém integrado no fluxo da sua corrente, porque se dispôs a [215] governo do Ceará, com seu nome dado ao
atualizar a tradição. Isso foi possível Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura,
devido à maestria com que dominou o verso, jogando com todas pelo que ele e seus colegas realizaram em
as suas possibilidades. nome da liberdade, em 1881, na Praia de
Iracema. Francisco faleceu em Fortaleza em
Ele consegue ser moderno usando metrificação e cultivando a [220] 05 de março de 1914.
melodia, com uma imaginação GARCIA, Maria Fernanda. Dragão do Mar fez Ceará abolir a
renovadora e uma liberdade que quebram as convenções e escravidão 4 anos antes da Lei Áurea. Observatório do Terceiro
conseguem preservar os valores Setor. 2018. Disponível em:
[20] coloquiais. Rigoroso como Olavo Bilac, fluido como o Manuel https://observatorio3setor.org.br/carrossel/dragao-domar-fez-ceara-
Bandeira dos versos regulares, terra abolir-a-escravidao-4-anos-antes-da-leiaurea/ Acesso em: 09 de
a terra como os poemas conversados de Mário de Andrade, esse maio de 2019.
mestre do soneto e da crônica
é um raro malabarista. Questão 43 UECE
ANTONIO CANDIDO PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 26
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
O texto apresenta Francisco José do Nascimento como líder dos surto da forma silvestre da doença
jangadeiros. Seu nome é retomado de várias formas, tais como [5] já registrado no país. Outros 435 registros ainda estão sob
Dragão do Mar, Chico da Matilde, Francisco e Nascimento. investigação.
Como tudo começou? Os navios portugueses vindos da África nos
O objetivo dessa retomada é séculos XVII e XVIII não
a estabelecer a relação entre o personagem e sua ação no trouxeram ao Brasil somente escravos e mercadorias. Dois
movimento abolicionista, demarcando a coesão por elipse. inimigos silenciosos vieram junto: o
vírus da febre amarela e o mosquito Aedes aegypti. A
b marcar uma relação de sinonímia, porque todos se referem à consequência foi uma série de surtos de
mesma pessoa, estabelecendo a coesão sequencial.
febre amarela urbana no Brasil, com milhares de mortos. Por volta
c substituir o nome por epítetos ou parte do nome como forma de 1940, a febre amarela urbana
de evitar a repetição, estabelecendo a coesão referencial. [10] foi erradicada. Mas o vírus migrou, pelo trânsito de pessoas
d repetir informações no texto, como estratégia para o infectadas, para zonas de floresta na
estabelecimento da coerência global. região Amazônica. No início dos anos 2000, a febre amarela
ressurgiu em áreas da Mata Atlântica.
Texto base 27 Três teses tentam explicar o fenômeno.
TEXTO Segundo o professor Aloísio Falqueto, da Universidade Federal do
Espírito Santo, “uma pessoa
Não Espere Pelo Fim pegou o vírus na Amazônia e entrou na Mata Atlântica depois,
possivelmente na altura de Montes
Foi com palavras aprazíveis e um [15] Claros, em Minas Gerais, onde surgiram casos de macacos e
ingênuo sorriso que o homem de rosto pessoas infectadas”. O vírus teria
enrugado e cabelos acinzentados dirigiu-se à se espalhado porque os primatas da mata eram vulneráveis: como
sua ranzinza colega de abrigo: o vírus desaparece da região
– A vida não acabou. Não é chegada a na década de 1940, não desenvolveram anticorpos. Logo os
hora de postar-se diante do túmulo como se macacos passaram a ser mortos por
a morte estivesse à espreita. É tempo de se seres humanos que temem contrair a doença. O massacre desses
renovar, tomar novas escolhas e trilhar por bichos, porém, é um “tiro no
novos caminhos. Alimente os sonhos! Seja pé”, o que faz crescer a chance de contaminação de pessoas.
jovem novamente! Sem primatas para picar na copa das
Tão rápido, naquele dia, nasceu uma [20] árvores, os mosquitos procuram sangue humano.
inesperada paixão entre os dois. Aquele De acordo com o pesquisador Ricardo Lourenço, do Instituto
carinho que Emanuel sempre sentira por Oswaldo Cruz, os mosquitos
Maria das Dores enfim foi retribuído. transmissores da doença se deslocaram do Norte para o Sudeste,
Quem disse que os velhos não podem voando ao longo de rios e
se apaixonar? corredores de mata. Estima-se que um mosquito seja capaz de
Maldito preconceito que cria raízes voar 3 km por dia. Tanto o homem
profundas, inclusive na alma dos segregados! quanto o macaco, quando picados, só carregam o vírus da febre
E, assim, tão logo o tempo passou. amarela por cerca de três dias.
Anos de risos fáceis. [25] Depois disso, o organismo produz anticorpos. Em cerca de
No entanto, não foi com lágrimas de dez dias, primatas e humanos ou
arrependimento que Maria fitou o epitáfio de morrem ou se curam, tornando-se imunes à doença.
Emanuel, mas sim com olhos aquosos de Para o infectologista Eduardo Massad, professor da Universidade
saudade e uma profunda paz em seu coração de São Paulo, o rompimento
renovado. da barragem da Samarco, em Mariana (MG), em 2015, teve papel
JONES, Sebastião. Não Espere Pelo Fim. Disponível em: relevante na disseminação
http://autoressaconcursosliterarios.blogspot.com/2013/05/o s-20- acelerada da doença no Sudeste. A destruição do habitat natural
minicontos-classificados.html. [online]. 2013. Acessado em 26 de de diferentes espécies teria
abril de 2019. [30] reduzido significativamente os predadores naturais dos
mosquitos. A tragédia ambiental ainda
Questão 44 UECE teria afetado o sistema imunológico dos macacos, tornando-os
mais suscetíveis ao vírus.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 27 Por que é importante determinar a “viagem” do vírus?
Dentre as expressões sublinhadas nas opções abaixo, assinale a Basicamente, para orientar as campanhas
de vacinação. Em 2014, Eduardo Massad elaborou um plano de
que NÃO tem a função sintática de sujeito.
imunização depois que 11
a “[...] o homem de rosto enrugado e cabelos acinzentados pessoas morreram vítimas de febre amarela em Botucatu (SP):
dirigiu-se à sua ranzinza colega de abrigo” (linhas 134-136). “Eu fiz cálculos matemáticos
b “Tão rápido, naquele dia, nasceu uma inesperada paixão entre [35] para determinar qual seria a proporção da população nas
os dois” (linhas 143-144). áreas não vacinadas que deveria ser
c “E, assim, tão logo o tempo passou” (linha 151). imunizada, considerando os riscos de efeitos adversos da vacina.
d “Aquele carinho que Emanuel sempre sentira por Maria das Infelizmente, a Secretaria de
Dores enfim foi retribuído” (linhas 144- 146). Saúde não adotou essa estratégia. Os casos acontecem
exatamente nas áreas onde eu havia
Questão 45 UERJ recomendado a vacinação. A Secretaria está correndo atrás do
Três teses sobre o avanço da febre amarela prejuízo”. Desde julho de 2017,
mais de 100 pessoas foram contaminadas em São Paulo e mais
Como a febre amarela rompeu os limites da Floresta Amazônica e de 40 morreram.
alcançou o Sudeste, atingindo [40] O Ministério da Saúde afirmou em nota que, desde 2016, os
os grandes centros urbanos? A partir do ano passado, o número estados e municípios vêm sendo
de casos da doença alcançou orientados para a necessidade de intensificar as medidas de
níveis sem precedentes nos últimos cinquenta anos. Desde o início prevenção. A orientação é que
de 2017, foram confirmados pessoas em áreas de risco se vacinem.
779 casos, 262 deles resultando em mortes. Trata-se do maior
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
NATHALIA PASSARINHO depois de preparado com todo o desvelo, foi metido a chorar,
Adaptado de bbc.com, 06/02/2018. dentro de um navio, e partiu.”
c “Na capital, entretanto, acalmavam-se os ânimos. José
No quinto parágrafo, são apresentadas duas hipóteses acerca da prosperou rapidamente no Rosário; cercou amante e o filho com
disseminação da febre amarela. cuidados; relacionou-se com a vizinhança de Fritas; [...]”
d “Não obstante, ia já escurecendo, as cigarras estridulavam em
A marca verbal que evidencia a formulação dessas hipóteses é o coro; ouvia-se o lamentoso piar das rolas que se aninhavam para
uso de: dormir; toda a natureza se embruçava em sombras, bocejando.”
a voz ativa e “Além desse, ninguém lhe conhecia outra relação particular;
b modo subjuntivo uma bela manhã, porém, o “exemplar moço” aparecera
c futuro do pretérito incomodado e pedira ao patrão que lhe deixasse ficar aquele dia
d forma no gerúndio no quarto.”

Texto base 28 Questão 48 UERJ


TEXTO PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 25
Mulher proletária A flutuação do gosto em relação aos poetas é normal, como é
Jorge de Lima normal a sucessão dos modos de fazer poesia. (l. 1-2)
A relação que se estabelece entre essa declaração inicial do crítico
Mulher proletária — única fábrica Antonio Candido e o restante de seu texto pode ser definida pela
[65] que o operário tem, (fabrica filhos) seguinte sequência:
tu a problema – solução
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus, b abstração – realidade
forneces braços para o senhor burguês. c pressuposição – asserção
[70] Mulher proletária, d generalização – particularização
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver: Questão 49 UECE
a tua produção, Analise o seguinte trecho da letra da música A Carne, de autoria
a tua superprodução, de Marcelo Yuka, Ulisses Cappelletti e Seu Jorge, interpretada por
[75] ao contrário das máquinas burguesas, Elza Soares.
salvar o teu proprietário.
LIMA Jorge de. Obra Completa (org. Afrânio Coutinho). Rio de “A carne mais barata do mercado
Janeiro: Aguilar, 1958. É a carne negra

Questão 46 UECE A carne mais barata do mercado


É a carne negra
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 28 Que vai de graça pro presídio
Leia o que se afirma a seguir sobre a voz poética presente nos E para debaixo do plástico
versos do poema Mulher Proletária: E vai de graça pro subemprego
E pros hospitais psiquíatricos
I. O enunciador do poema apresenta a mulher proletária como um
ser subjugado aos ditames da burguesia industrializada. A carne mais barata do mercado
É a carne negra
II. No poema, a mulher trabalhadora é reificada, sendo vista,
assim, não como mãe ou esposa, mas como máquina presa à Que fez e faz e faz história
lógica de produção do sistema burguês capitalista. Segurando esse país no braço, meu irmão
III. Há uma voz no poema que denuncia a depreciação da mulher O cabra aqui, não se sente revoltado
no mundo do trabalho como pessoa humana, em favor da Porque o revólver já está engatilhado
necessidade de superprodução mercantil, sustentadora das E o vingador eleito” [...].
desigualdades sociais.
IV. Vê-se, no poema, a emergência de uma voz alinhada com a Atente para o que se afirma a seguir a respeito do conteúdo da
visão de orientação marxista que defende que a sociedade música apresentada:
capitalista se ergue na malbaratada oferta de mão de obra do
trabalhador para a indústria mercantil. I. De acordo com o conteúdo da música, os negros no Brasil
tornam-se vulneráveis em função do desemprego e da crise
Está correto o que se diz em econômica pela qual o País passa atualmente.
II. A música é uma forma de denúncia da situação histórica dos
a I, II, III e IV. negros no País e do racismo a que eles estão submetidos.
b I, II e III apenas. III. Caracteriza-se como como uma canção de protesto, pois
c I, II e IV apenas. demonstra a dívida que o Brasil tem com os negros. Como denota
d III e IV apenas. a canção, o respeito é ausente e a justiça também.
IV. Enaltece a contribuição dos negros na construção do Brasil, ao
Questão 47 UEMA reconhecer que foram eles que seguraram o País nos braços.
Os trechos a seguir, em que estão sublinhadas palavras de
ligação, são partes do romance O Mulato. Está corretamente relacionado à letra da música somente o que
consta em
Aquela cujo valor semântico é diferente das demais é a seguinte: a II e III.
a “Desse lado, montes e vales tinham orlas de ouro; era tudo b I e III.
vermelho e esfogueado; ao passo que, do ponto contrário, lhe o c II e IV.
punha o luar o doce contraste da sua luz argentina e fresca, [...]”
d I e IV.
b “Doia aquele coração amoroso ver expatriar-se, assim, tão sem
mãe, uma pobre criança de cinco anos. O pequeno, todavia, Questão 50 UECE
TEXTO
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Grito Negro O drama da cadeia e favela


Túmulo, sangue
Eu sou carvão! Sirene, choros e velas
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e me fazes tua mina, patrão. Passageiros do Brasil
Eu sou carvão! São Paulo
[225] E tu acendes-me, patrão, Agonia que sobrevive
para te servir eternamente como força motriz Em meio às honras e covardias
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão e tenho que arder sim; Periferias, vielas e cortiços
queimar tudo com a força da minha Você deve tá pensando
[230] combustão. O que você tem a ver com isso
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração Desde o início
arder até às cinzas da maldição Por ouro e prata
arder vivo como alcatrão, meu irmão, Olha quem morre
[235] até não ser mais a tua mina, patrão. Então veja você quem mata
Eu sou carvão. Recebe o mérito, a farda
Tenho que arder Que pratica o mal
Queimar tudo com o fogo da minha Me ver
combustão. Pobre, preso ou morto
[240] Sim! Já é cultural
Eu sou o teu carvão, patrão.
CRAVEIRINHA, José João. Karingana Ua Karingana. (Era uma [...]
vez). Lisboa: Edições 70, 1982. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script
=sciarttext&pid=S0103-40142004000100020
José João Craveirinha foi o primeiro autor africano que ganhou o
Prêmio Camões, o mais importante prêmio literário da língua Baseando-se no trecho da música “Negro drama”, do grupo de rap
portuguesa. Racionais MC's, é correto afirmar que o texto
a relata a trajetória de sucesso de um negro que, com seus
Sobre o poema Grito Negro, é INCORRETO afirmar que esforços, teve ascensão social, dinheiro e reconhecimento,
a nos versos “Eu sou carvão!” (linha 224), “Eu sou carvão;” (linha passando a ser tanto respeitado pela sociedade como invejado por
231), “Eu sou carvão.” (linha 236), a pontuação demonstra, aquelas pessoas que ainda não se destacaram socialmente.
respectivamente, expressividade, causa e desumanização. b retrata um cotidiano de violência seletiva e de preconceito
b os versos “Tenho que arder / Queimar tudo com o fogo da racial contra os negros, aludindo ao processo histórico e cultural,
minha combustão.” (linhas 237- 239) apresentam o momento de desde a colonização, em que negros foram sacrificados e que
indignação, fazendo o eu lírico erguer-se contra o opressor. continuam violentados, ainda, nas periferias das cidades
c o poema apresenta o negro conformado à condição imposta e brasileiras.
aceitando trabalhar e servir aos seus senhores. c assegura que preconceitos raciais não existem no Brasil,
d o poema discute questões raciais, quando a cor do carvão porque a sociedade brasileira foi construída sob uma democracia
remete à cor da pele negra e o jogo metafórico apresenta a racial.
relação entre as características do carvão e a ação de queimar. d denuncia o drama da sociedade brasileira afetada pela
criminalidade urbana que a atinge indiscriminadamente e afirma
Questão 51 UECE que pessoas bem sucedidas que se destacam na sociedade
Leia atentamente o seguinte trecho de uma letra de música: carregam consigo o drama por serem alvos de discriminação.

Negro Drama Questão 52 UERJ


Racionais MC’s Três teses sobre o avanço da febre amarela
Como a febre amarela rompeu os limites da Floresta Amazônica e
Negro drama alcançou o Sudeste, atingindo
Entre o sucesso e a lama os grandes centros urbanos? A partir do ano passado, o número
Dinheiro, problemas de casos da doença alcançou
Inveja, luxo, fama níveis sem precedentes nos últimos cinquenta anos. Desde o início
de 2017, foram confirmados
Negro drama 779 casos, 262 deles resultando em mortes. Trata-se do maior
Cabelo crespo surto da forma silvestre da doença
E a pele escura [5] já registrado no país. Outros 435 registros ainda estão sob
A ferida, a chaga investigação.
Á procura da cura
Como tudo começou? Os navios portugueses vindos da África nos
Negro drama séculos XVII e XVIII não
Tenta ver trouxeram ao Brasil somente escravos e mercadorias. Dois
E não vê nada inimigos silenciosos vieram junto: o
A não ser uma estrela vírus da febre amarela e o mosquito Aedes aegypti. A
Longe, meio ofuscada consequência foi uma série de surtos de
febre amarela urbana no Brasil, com milhares de mortos. Por volta
Sente o drama de 1940, a febre amarela urbana
O preço, a cobrança [10] foi erradicada. Mas o vírus migrou, pelo trânsito de pessoas
No amor, no ódio infectadas, para zonas de floresta na
A insana vingança região Amazônica. No início dos anos 2000, a febre amarela
ressurgiu em áreas da Mata Atlântica.
[...] Três teses tentam explicar o fenômeno.
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Para responder à questão, você deve ler os fragmentos das obras
Segundo o professor Aloísio Falqueto, da Universidade Federal do indicadas para compará-los.
Espírito Santo, “uma pessoa
pegou o vírus na Amazônia e entrou na Mata Atlântica depois, TEXTO
possivelmente na altura de Montes
[15] Claros, em Minas Gerais, onde surgiram casos de macacos e Uma mulher, da porta de onde saiu um homem, anuncia-lhe o que
pessoas infectadas”. O vírus teria se verá
se espalhado porque os primatas da mata eram vulneráveis: como
o vírus desaparece da região — Compadre José, compadre,
na década de 1940, não desenvolveram anticorpos. Logo os que na relva estais deitado:
macacos passaram a ser mortos por conversais e não sabeis
seres humanos que temem contrair a doença. O massacre desses que vosso filho é chegado?
bichos, porém, é um “tiro no Estais aí conversando
pé”, o que faz crescer a chance de contaminação de pessoas. em vossa prosa entretida:
Sem primatas para picar na copa das não sabeis que vosso filho
[20] árvores, os mosquitos procuram sangue humano. saltou para dentro da vida?
Saltou para dentro da vida
De acordo com o pesquisador Ricardo Lourenço, do Instituto e estais aí conversando;
Oswaldo Cruz, os mosquitos pois sabei que ele é nascido
transmissores da doença se deslocaram do Norte para o Sudeste, Fonte: MELO NETO, J. C. Morte e vida Severina e outros poemas.
voando ao longo de rios e Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.
corredores de mata. Estima-se que um mosquito seja capaz de
voar 3 km por dia. Tanto o homem
quanto o macaco, quando picados, só carregam o vírus da febre TEXTO
amarela por cerca de três dias.
[25] Depois disso, o organismo produz anticorpos. Em cerca de [...]
dez dias, primatas e humanos ou JOÃO GRILO
morrem ou se curam, tornando-se imunes à doença. E como avistaram você, da vila?
CHICÓ
Para o infectologista Eduardo Massad, professor da Universidade Ah, eu levantei um braço e acenei, acenei, até que uma lavadeira
de São Paulo, o rompimento me avistou e vieram me soltar.
da barragem da Samarco, em Mariana (MG), em 2015, teve papel JOÃO GRILO
relevante na disseminação E você não estava com os braços amarrados, Chicó?
acelerada da doença no Sudeste. A destruição do habitat natural CHICÓ
de diferentes espécies teria João, na hora do aperto, dá-se um jeito a tudo!
[30] reduzido significativamente os predadores naturais dos JOÃO GRILO
mosquitos. A tragédia ambiental ainda Mas que jeito você deu?
teria afetado o sistema imunológico dos macacos, tornando-os CHICÓ
mais suscetíveis ao vírus. Não sei, só sei que foi assim! Mas deixe de agonia, que o povo
vem aí.
Por que é importante determinar a “viagem” do vírus? [...]
Basicamente, para orientar as campanhas Fonte: SUASSUNA, A. Auto da Compadecida. 36. ed. Rio de
de vacinação. Em 2014, Eduardo Massad elaborou um plano de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.
imunização depois que 11
pessoas morreram vítimas de febre amarela em Botucatu (SP): Fazendo-se uma comparação do uso da Lingua Portuguesa nos
“Eu fiz cálculos matemáticos textos, tem-se que a variante linguística da mulher, no primeiro
[35] para determinar qual seria a proporção da população nas texto, diferentemente da de João Grilo e Chicó, no segundo texto,
áreas não vacinadas que deveria ser a adota a interlocução coloquial, revelando sua origem humilde.
imunizada, considerando os riscos de efeitos adversos da vacina.
Infelizmente, a Secretaria de b evita a formalidade, dirigindo-se diretamente a seu interlocutor.
Saúde não adotou essa estratégia. Os casos acontecem c emprega vocabulário formal, marcando sua condição de
exatamente nas áreas onde eu havia retirante.
recomendado a vacinação. A Secretaria está correndo atrás do d utiliza formas possessivas, identificando o interlocutor por vós
prejuízo”. Desde julho de 2017, e por você.
mais de 100 pessoas foram contaminadas em São Paulo e mais e emprega vocativo de valor afetivo, definindo uma relação
de 40 morreram. social.

[40] O Ministério da Saúde afirmou em nota que, desde 2016, os Questão 54 UEMA
estados e municípios vêm sendo A questão têm como texto base fragmento do romance O Mulato,
orientados para a necessidade de intensificar as medidas de de Aluísio Azevedo. Leia-o para responder à questão
prevenção. A orientação é que
pessoas em áreas de risco se vacinem. TEXTO
NATHALIA PASSARINHO
Adaptado de bbc.com, 06/02/2018. Foi então que Ana Rosa veio ao mundo; a princípio muito
Para apresentação das teses que explicam o avanço da febre fraquinha e quase sem dar acordo de si. Manuel andava aflito, com
amarela, a autora do texto recorre, principalmente, à seguinte medo de perdê-la. Que luta, os três primeiros meses de sua vida!
estratégia: Parecia morrer a todo instante, coitadinha! Ninguém dormia na
casa; o negociante chorava como um perdido, enquanto a mulher
a referências a dilemas
fazia promessas aos santos da sua devoção.
b alusão a subentendidos Fonte: AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Martin Claret, 2010.
c construção de silogismo
d argumentos de autoridade No discurso indireto livre, há a fusão dos discursos direto e indireto
e a supressão de marcas que indiquem a mudança das falas no
Questão 53 UEMA discurso.
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
Em “O tempo em nossas vidas”, apresento esse fascinante
Serve como ilustração do discurso indireto livre, no fragmento conceito que, na verdade, vai muito
acima, o seguinte trecho: [35] além da física: está presente em áreas como a filosofia, a
a “Parecia morrer a todo instante, coitadinha!” biologia e a psicologia. Algumas músicas
de Chico Buarque e Caetano Veloso, além de poesias de Vinicius
b “Foi então que Ana Rosa veio ao mundo;” de Moraes e Carlos Drummond
c “Manuel andava aflito, com medo de perdê-la.” de Andrade, ajudaram nessa abordagem. Não faltou também
d “a mulher fazia promessas aos santos da sua devoção” “Tempo Rei”, de Gil.
e “o negociante chorava como um perdido,” A arte é uma forma importante do conhecimento humano. Se
músicas e poesias inspiram as
Texto base 29 mentes e os corações, podemos mostrar que a ciência, em
Física para poetas particular a física, também é algo
[40] inspirador e belo, capaz de criar certa poesia e encantar não
O ensino da física sempre foi um grande desafio. Nos últimos somente aos físicos, mas a todos os
anos, muitos esforços foram feitos poetas da natureza.
com o objetivo de ensiná-la desde as séries iniciais do ensino ADILSON DE OLIVEIRA
fundamental, no contexto do ensino Adaptado de cienciahoje.org.br, 08/08/2016.
de ciências. Porém, como disciplina regular, a física aparece no
ensino médio, quando se torna Questão 55 UERJ
“um terror” para muitos estudantes.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 29
[5] Várias pesquisas vêm tentando identificar quais são as
principais dificuldades do ensino de física Por exemplo, “A busca pela compreensão cósmica” é uma das
e das ciências em geral. Em particular, a queixa que sempre se aulas, na qual apresento a evolução dos modelos que temos do
detecta é que os estudantes não universo. (l. 23-24)
conseguem compreender a linguagem matemática na qual, muitas No trecho, a forma verbal sublinhada expressa uma ação que se
vezes, os conceitos físicos são caracteriza como:
expressos. Outro ponto importante é que as questões que
a interrompida
envolvem a física são apresentadas
fora de uma contextualização do cotidiano das pessoas, o que b simultânea
dificulta seu aprendizado. Por c concluída
[10] fim, existe uma enorme carência de professores formados em d reiterada
física para ministrar as aulas da
disciplina. Texto base 30
As pessoas que vão para o ensino superior e que não são da área TEXTO
de ciências exatas praticamente
nunca mais têm contato com a física, da mesma maneira que os Comida
estudantes de física, engenharia Titãs
e química poucas vezes voltam a ter contato com a literatura, a
história e a sociologia. É triste Bebida é água
[15] notar que a especialização na formação dos indivíduos [85] Comida é pasto
costuma deixá-los distantes de partes Você tem sede de quê?
importantes da nossa cultura, da qual as ciências físicas e as Você tem fome de quê?
humanidades fazem parte.
Mas vamos pensar em soluções. Há alguns anos, ofereço um A gente não quer só comida
curso chamado “Física para poetas”. A gente quer comida, diversão e arte
A ideia não é original – ao contrário, é muito utilizada em diversos [90] A gente não quer só comida
países e aqui mesmo no Brasil. A gente quer saída para qualquer parte
Seu objetivo é apresentar a física sem o uso da linguagem
matemática e tentar mostrá-la próxima A gente não quer só comida
[20] ao cotidiano das pessoas. Procuro destacar a beleza dessa A gente quer bebida, diversão, balé
ciência, associando-a, por exemplo, à A gente não quer só comida
poesia e à música. [95] A gente quer a vida como a vida quer
Alguns dos temas que trabalho em “Física para poetas” são
inspirados nos artigos que publico. Bebida é água
Por exemplo, “A busca pela compreensão cósmica” é uma das Comida é pasto
aulas, na qual apresento a evolução Você tem sede de quê?
dos modelos que temos do universo. Começando pelas visões Você tem fome de quê?
místicas e mitológicas e chegando
[25] até as modernas teorias cosmológicas, falo sobre a busca por [100] A gente não quer só comer
responder a questões sobre a A gente quer comer e quer fazer amor
origem do universo e, consequentemente, a nossa origem, para A gente não quer só comer
compreendermos o nosso lugar A gente quer prazer pra aliviar a dor
no mundo e na história.
Na aula “Memórias de um carbono”, faço uma narrativa de um A gente não quer só dinheiro
átomo de carbono contando [105] A gente quer dinheiro e felicidade
sua história, em primeira pessoa, desde seu nascimento, em uma A gente não quer só dinheiro
distante estrela que morreu há A gente quer inteiro e não pela metade
[30] bilhões de anos, até o momento em que sai pelo nariz de uma
pessoa respirando. Temas como Diversão e arte
astronomia, biologia, evolução e química surgem ao longo dessa para qualquer parte
aula, bem como as músicas [110] diversão, balé
“Átimo de pó” e “Estrela”, de Gilberto Gil, além da poesia como a vida quer...
“Psicologia de um vencido”, de Álvares Desejo, necessidade, vontade
de Azevedo. necessidade, desejo
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
necessidade, vontade a demonstrar o testemunho dos vizinhos perante a cena da
[115] necessidade! morte misteriosa.
ANTUNES, Arnaldo; FROMER, Marcelo; BRITO, Sergio. Comida.
Intérprete: Titãs. In: Titãs. Jesus não tem dentes no país dos b determinar a especificidade de quem contou o fato ocorrido.
banguelas. Rio de Janeiro: WEA. 1 disco sonoro (LP). Lado A, c indicar o disse-me-disse acerca do fato acontecido.
faixa 2. 1987. d ocultar os possíveis culpados do crime perante as
circunstâncias.
Questão 56 UECE
e adicionar informações para contar sobre o assassinato.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 30
Questão 59 UECE
Ao fazer as perguntas, nos versos da canção “Você tem sede de
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 23
quê? Você tem fome de quê? (linhas 86-87), o enunciador procura
a questionar os desejos e anseios do homem que nunca está Em relação à estrutura do poema em análise, é INCORRETO
satisfeito com o que tem. afirmar que
b alertar mais para a falta de alimento e de água no país e a o poema se constitui de dez versos dispostos em quatro
menos para a ausência de projetos artísticos voltados para a estrofes que, em grande parte, são formadas por um vocabulário
população brasileira. retirado do registro informal da língua.
c trazer a discussão sobre o direito de o homem satisfazer-se de b o poema, na sua estrutura, faz uso dos versos livres, sem
outras necessidades humanas fundamentais, além daquelas que obedecer fielmente à métrica da poesia clássica.
dão sustento ao seu corpo, como comer e beber. c os versos do poema, organizados sob uma forma poética fixa,
d refletir sobre os efeitos na saúde daqueles que só pensam em seguem de perto as estruturas rígidas do verso rimado.
ganhar dinheiro e se divertir, mas não se alimentam de forma d o poema se organiza em quatro estrofes em que cada uma
saudável. apresenta uma determinada cena: a visão do enunciador de um
bicho esfaimado comendo detritos, a descrição da ação do bicho,
Questão 57 UECE
o espanto diante desta ação e, por fim, a revelação sobre quem é
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 23 este bicho.

Considerando o uso do vocativo no último verso do poema “O Questão 60 FUVEST


bicho, meu Deus, era um homem” (linha 10), atente para as I.
seguintes afirmações: Diante da dificuldade, municípios de diferentes regiões do país
realizaram um segundo “dia D” neste sábado. O primeiro ocorreu
I. O vocativo usado no verso em destaque revela que o poeta se em 18 de agosto. A adesão, no entanto ainda ficou abaixo do
mostrou indiferente à cena retratada. esperado. Agora, a recomendação é que estados e municípios
II. O vocativo “meu Deus” assume, no contexto do poema, um façam busca ativa para garantir que todo o público‐alvo da
duplo sentido: o de apelo e, ao mesmo tempo, o de acusação ao campanha seja vacinado.
ente evocado. Folha de S. Paulo. São Paulo. 03/09/2018.
III. Pelo uso do vocativo, o poeta, para mostrar o quão religioso ele
é, evoca a figura de Deus como forma de oração e súplica. II.
IV. O vocativo utilizado no verso em análise destaca o impacto Pensar sobre a vaga, buscar conhecer a empresa e o que ela
emocional do poeta por ver a degradação do homem colocado em busca já faz de você alguém especial. Muitos que procuram o
nível inferior ao dos animais, como o cão, o gato e o rato. balcão de emprego não compreendem que os detalhes são
fundamentais para conseguir a recolocação. Agora, não pense que
Está correto somente o que se diz em você vai conseguir na primeira investida, a busca por um novo
emprego requer paciência e persistência, tenha você 20 anos ou
a I e II.
50.
b I e III. Balcão de Emprego. Disponível em: https://empregabrasil.com.br/
c III e IV.
d II e IV. O termo “Agora” pode ser substituído, respectivamente, em I e II e
sem prejuízo de sentidos nos dois textos, por
Questão 58 UEMA
a Neste momento; Por conseguinte.
A questão têm como texto base fragmento do romance O Mulato,
de Aluísio Azevedo. Leia-o para responder à questão b Neste ínterim; De fato.
c Portanto; Ademais.
TEXTO d Todavia; Então.
e Doravante; Mas.
No dia seguinte, por todas as ruas da cidade de São Luís do
Maranhão, e nas repartições públicas, na Texto base 31
Praça do Comércio, nos açougues, nas quitandas, nas salas e nas O trecho a seguir é parte do artigo”Três tempos de uma mesma
alcovas, boquejava-se largamente sobre a história”, publicado na Revista Cult, que apresenta dados de
misteriosa morte do Dr. Raimundo, era a ordem do dia. épocas diferentes, revelando a situação social contrária a negros e
a pobres. Leia-o para responder à questão.
Contava-se o fato de mil modos; inventavam-se lendas;
improvisavam-se romances. O cadáver fora [...]
recolhido pela Santa Casa de Misericórdia; procedeu-se a um Como se sabe, muitas das tropas brasileiras foram compostas
corpo de delito; verificou-se que o paciente de escravos, que se alistavam, não só com a promessa de alforria,
morrera a tiro de bala, mas a polícia não descobriu o assassino. mas também pelo compromisso do imperador Pedro Il em abolir a
Fonte: AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Martin Claret, 2010. escravidão. Ao final da Guerra, em vez de libertação, em 1871, foi
promulgada a Lei do Ventre Livre que, no papel, considerava em
Em O Mulato, o leitor depara-se com o uso frequente do pronome liberdade todos os filhos de mulheres escravas nascidos a partir
“se”. daquela data. Na prática, crianças negras nascidas livres
continuaram trabalhando nas mesmas condições das que
No fragmento, em destaque, o uso de “boquejava-se” e “procedeu- nasceram escravizadas.
se” reforça a indeterminação do sujeito para
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
Tantos dados, de diferentes tempos, no mesmo território, nos I. “Nem as águas de março que acabaram de fechar o verão são
informam como o estado brasileiro está a serviço do capital promessa de uma trégua” (linhas 52-54).
financeiro. E nós? Assistimos a tudo isso? Evoco a pergunta - II. “Essa bárbara segregação social que o Brasil tem, esse
provocação de um militante do movimento negro durante um apartheid social [...] criou condições para haver comunidades
seminário que aconteceu na 32. Edição da Feira Nacional da extremamente vulneráveis [...]” (linhas 82- 86).
Reforma Agrária, em São Paulo: “Para o meu bisavô, disseram III. “Essa complexidade urbana não aparenta que será modificada
que ele deveria ser um bom escravo, que a abolição logo viria. nos próximos anos” (linhas 92-94).
Para o meu avó, prometeram que se ele trabalhasse bastante,
teria condições de vida. Para o meu pai, disseram que depois do É correto afirmar que há intertextualidade em
ginásio, viria a CLT. Para mim, foi o ensino superior. Mas mesmo a I e II apenas.
graduado, sou parado pela polícia e não tenho emprego. Até
b I e III apenas.
quando vamos acreditar nas promessas?
Fonte: CULT - Revista Brasileira de Cultura. Nº. 235. São Paulo c II e III apenas.
Ano 21, junho 2018. Adaptado. d I, II e III.
Questão 61 UEMA Questão 64 UECE

PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 31 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 18

Quando a colunista evoca a pergunta de um militante do Reconhecendo a relevância dos temas abordados por Gullar, em
movimento negro, durante um seminário, “Até quando vamos sua obra, atente para as seguintes afirmativas sobre o texto O
acreditar nas promessas?”, seu propósito comunicativo é Açúcar.
a esperar a adesão do leitor ao protagonismo atual do estado
I. Faz uma reflexão sobre o trajeto do cultivo à comercialização do
brasileiro na aceitação dos direitos dos negros no país.
açúcar, apoiando-se nos antagonismos presentes da relação entre
b trazer à luz os antigos ganhos obtidos pelos escravos os envolvidos.
integrantes das tropas brasileiras, bem diferentes das ocorrências II. Centra-se no período da colonização, no Brasil, quando o
atuais. açúcar era uma das bases da economia deste período.
c responder ao militante e aos leitores, no próprio texto, a III. Denuncia a exploração dos trabalhadores por aqueles que
pergunta sobre as mudanças progressivasao longo dos diferentes lucram com a comercialização do produto açúcar.
tempos.
d reiterar a expectativa do militante sobre a exatidão de um Estão corretas as assertivas contidas em
exercício dos direitos e de liberdade do negro no Brasil. a I e II apenas.
e neutralizar o ponto de vista jornalístico sem manifestar b I e III apenas.
posicionamento a respeito do clamor do militante.
c II e III apenas.
Texto base 32 d I, II e III.
Soneto da hora final
Será assim, amiga: um certo dia Questão 65 UECE
Estando nós a contemplar o poente
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 18
[3] Sentiremos no rosto, de repente
O beijo leve de uma aragem fria. No poema O Açúcar, encontram-se figuras de linguagem como
recursos que ampliam as possibilidades de construção do
Tu me olharás silenciosamente significado. Assim, relacionam-se, a seguir, trechos do poema a
[6] E eu te olharei também, com nostalgia uma figura de linguagem. Considerando esse aspecto, atente para
E partiremos, tontos de poesia as seguintes afirmações:
Para a porta de treva aberta em frente.
I. Os versos “Vejo-o puro / e afável ao paladar / como beijo de
[9] Ao transpor as fronteiras do Segredo moça, água / na pele, flor / que se dissolve na boca” (linhas 145-
Eu, calmo, te direi: – Não tenhas medo 149) representam uma metáfora.
E tu, tranquila, me dirás: – Sê forte. II. Os versos “Em usinas escuras, / homens de vida amarga / e
dura / produziram este açúcar / branco e puro / com que adoço
[12] E como dois antigos namorados meu café esta manhã em Ipanema.” (linhas 170-176) contêm
Noturnamente tristes e enlaçados antítese.
Nós entraremos nos jardins da morte. III. Os versos “Em lugares distantes, onde não há hospital / nem
escola, / homens que não sabem ler e morrem de fome / aos 27
Questão 62 UERJ anos [...]” (linhas 163-167) apresentam eufemismo.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 32
Estão corretas as assertivas contidas em
No título Soneto da hora final, para revelar o tema do poema, a I e II apenas.
recorre-se à figura de linguagem denominada:
b I e III apenas.
a eufemismo
c II e III apenas.
b metonímia
d I, II e III.
c hipérbole
d ironia Texto base 33
TEXTO
Questão 63 UECE
[...]
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 21 Uma noite de inverno, gelada e nevoenta,
A intertextualidade é um dos fatores responsáveis pela construção cercava a criaturinha. Silêncio completo,
de sentido. Ela é percebida quando o leitor recupera, no texto em nenhum sinal de vida nos arredores. O galo
tela, informações de outros textos que se encontram explícitas ou velho não cantava no poleiro, nem Fabiano
inferidas. Sobre essa questão, considere as seguintes afirmativas: [120] roncava na cama de varas. Estes sons não
interessavam Baleia, mas quando o galo
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batia as asas e Fabiano se virava, de tudo quanto é misto
emanações familiares revelavam-lhe a e que odiei ou senti.
presença deles. Agora parecia que a
[125] fazenda se tinha despovoado. Nem Fausto nem Mefisto,
[10] à deusa que se ri
Baleia respirava depressa, a boca aberta, os deste nosso oaristo*,
queixos desgovernados, a língua pendente
e insensível. Não sabia o que tinha eis‐me a dizer: assisto
sucedido. O estrondo, a pancada que além, nenhum, aqui,
[130] recebera no quarto e a viagem difícil no mas não sou eu, nem isto.
barreiro ao fim do pátio desvaneciam-se no Carlos Drummond de Andrade. Claro Enigma.
seu espírito.
Ulisses
Provavelmente estava na cozinha, entre as O mito é o nada que é tudo.
pedras que serviam de trempe. Antes de se O mesmo sol que abre os céus
[135] deitar, sinhá Vitória retirava dali os carvões É um mito brilhante e mudo ‐
e a cinza, varria com um molho de O corpo morto de Deus,
vassourinha o chão queimado, e aquilo Vivo e desnudo.
ficava um bom lugar para cachorro
descansar. O calor afugentava as pulgas, a Este, que aqui aportou,
[140] terra se amaciava. E, findos os cochilos, Foi por não ser existindo.
numerosos preás corriam e saltavam, um Sem existir nos bastou.
formigueiro de preás invadia a cozinha. Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
A tremura subia, deixava a barriga e
chegava ao peito de Baleia. Do outro peito Assim a lenda se escorre
[145] para trás era tudo insensibilidade e A entrar na realidade,
esquecimento. Mas o resto do corpo se E a fecundá‐la decorre.
arrepiava, espinhos de mandacaru Em baixo, a vida, metade
penetravam na carne meio comida pela De nada, morre.
doença. Fernando Pessoa. Mensagem.
*conversa íntima entre casais
[150] Baleia encostava a cabecinha fatigada na
pedra. A pedra estava fria, certamente Questão 67 FUVEST
sinhá Vitória tinha deixado o fogo apagar-se PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 34
muito cedo.
Considerando os poemas, assinale a alternativa correta.
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num
a As noções de que a identidade do poeta independe de sua
[155] mundo cheio de preás. E lamberia as mãos existência biográfica, no “Sonetilho”, e de que o mito se perpetua
de Fabiano, um Fabiano enorme. As para além da vida, em “Ulisses”, produzem uma analogia entre os
crianças se espojariam com ela, rolariam poemas.
com ela num pátio enorme, num chiqueiro
enorme. O mundo ficaria todo cheio de b As referências a Mefisto (“diabo”, na lenda alemã de Fausto) e
[160] preás, gordos, enormes. a Deus no “Sonetilho” e em “Ulisses”, respectivamente, associadas
RAMOS, Graciliano. Vidas secas, 82ª ed. Rio de Janeiro: Record. ao polo de opostos “morte” e “vida”, revelam uma perspectiva
2001. p. 85-91. cristã comum aos poemas.
c O resgate da forma clássica, no “Sonetilho”, e a referência à
Questão 66 UECE primeira pessoa do plural, em “Ulisses”, denotam um mesmo
espírito agregador e comunitário.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 33
d O eu lírico de cada poema se identifica, respectivamente, com
Ao utilizar o termo dormir no enunciado “Baleia queria dormir. seus títulos. No poema de Drummond, trata‐se de alguém referido
como “falso Fernando Pessoa”, já no poema de Pessoa, o eu lírico
Acordaria feliz, num mundo cheio de preás” (linhas 154-155), o é “Ulisses”.
escritor cria e Os versos “As coisas tangíveis / tornam‐se insensíveis / à
a um sinônimo para o termo descansar. palma da mão. // Mas as coisas findas, / muito mais que lindas, /
b um antônimo para criar o sentido contrário ao de morte. essas ficarão”, de outro poema de Claro Enigma, sugerem uma
relação de contraste com os poemas citados.
c uma metáfora para corresponder, por analogia, ao sentido de
vida sobrenatural. Texto base 35
d um eufemismo para suavizar traços semânticos negativos do TEXTO PARA A QUESTÃO
termo morrer.
O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba,
Texto base 34 pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do
TEXTOS PARA A QUESTÃO. povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?
José de Alencar. Bênção Paterna. Prefácio a Sonhos d’ouro.
Sonetilho do falso
Fernando Pessoa A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às
Onde nasci, morri. vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo
Onde morri, existo. nome, outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a
E das peles que visto selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da
muitas há que não vi. juçara com que tece a renda e as tintas de que matiza o algodão.
José de Alencar. Iracema.
[5] Sem mim como sem ti
posso durar. Desisto
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se espalhado porque os primatas da mata eram vulneráveis: como
Glossário: o vírus desaparece da região
“ará”: periquito; “uru”: cesto; “crautá”: espécie de bromélia; “juçara”: na década de 1940, não desenvolveram anticorpos. Logo os
macacos passaram a ser mortos por
tipo de palmeira espinhosa. seres humanos que temem contrair a doença. O massacre desses
bichos, porém, é um “tiro no
Questão 68 FUVEST pé”, o que faz crescer a chance de contaminação de pessoas.
Sem primatas para picar na copa das
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 35 [20] árvores, os mosquitos procuram sangue humano.
No trecho “outras remexe o uru de palha matizada”, a palavra De acordo com o pesquisador Ricardo Lourenço, do Instituto
sublinhada expressa ideia de Oswaldo Cruz, os mosquitos
transmissores da doença se deslocaram do Norte para o Sudeste,
a concessão. voando ao longo de rios e
b finalidade. corredores de mata. Estima-se que um mosquito seja capaz de
c adição. voar 3 km por dia. Tanto o homem
d tempo. quanto o macaco, quando picados, só carregam o vírus da febre
amarela por cerca de três dias.
e consequência.
[25] Depois disso, o organismo produz anticorpos. Em cerca de
Questão 69 UECE dez dias, primatas e humanos ou
morrem ou se curam, tornando-se imunes à doença.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 28 Para o infectologista Eduardo Massad, professor da Universidade
de São Paulo, o rompimento
Analisando o verso do poema “forneces braços para o senhor da barragem da Samarco, em Mariana (MG), em 2015, teve papel
burguês” (linha 69), a figura de linguagem que aí se destaca é relevante na disseminação
a catacrese, uma vez que, como não há um termo específico acelerada da doença no Sudeste. A destruição do habitat natural
para o poeta expressar, de forma adequada, a ideia de “fornecer de diferentes espécies teria
filhos”, ele se utiliza da expressão “fornecer braços”, lógica [30] reduzido significativamente os predadores naturais dos
semelhante ao que se costuma usar em termos como “braços da mosquitos. A tragédia ambiental ainda
cadeira”. teria afetado o sistema imunológico dos macacos, tornando-os
b metonímia, tendo em vista que o termo “braços” mantém com o mais suscetíveis ao vírus.
termo “filhos” uma relação de contiguidade da parte pelo todo para Por que é importante determinar a “viagem” do vírus?
o poeta destacar que o que mulher proletária fabrica é só uma Basicamente, para orientar as campanhas
parte do seu rebento, os “braços”, utilizados para proveito da de vacinação. Em 2014, Eduardo Massad elaborou um plano de
atividade capitalista, e não “filhos”, na sua completude como seres imunização depois que 11
humanos, para estabelecer com estes uma relação afetiva. pessoas morreram vítimas de febre amarela em Botucatu (SP):
c hipérbole, já que o verso quer enfatizar a ideia de exagero de “Eu fiz cálculos matemáticos
alguém fornecer inúmeros braços para o trabalho da indústria [35] para determinar qual seria a proporção da população nas
mercantil. áreas não vacinadas que deveria ser
imunizada, considerando os riscos de efeitos adversos da vacina.
d prosopopeia, pois o poeta está personificando a máquina como Infelizmente, a Secretaria de
se fosse uma mulher produtora de filhos.
Saúde não adotou essa estratégia. Os casos acontecem
Questão 70 UERJ exatamente nas áreas onde eu havia
Três teses sobre o avanço da febre amarela recomendado a vacinação. A Secretaria está correndo atrás do
prejuízo”. Desde julho de 2017,
Como a febre amarela rompeu os limites da Floresta Amazônica e mais de 100 pessoas foram contaminadas em São Paulo e mais
alcançou o Sudeste, atingindo de 40 morreram.
os grandes centros urbanos? A partir do ano passado, o número [40] O Ministério da Saúde afirmou em nota que, desde 2016, os
de casos da doença alcançou estados e municípios vêm sendo
níveis sem precedentes nos últimos cinquenta anos. Desde o início orientados para a necessidade de intensificar as medidas de
de 2017, foram confirmados prevenção. A orientação é que
779 casos, 262 deles resultando em mortes. Trata-se do maior pessoas em áreas de risco se vacinem.
surto da forma silvestre da doença NATHALIA PASSARINHO
[5] já registrado no país. Outros 435 registros ainda estão sob Adaptado de bbc.com, 06/02/2018.
investigação. No sexto parágrafo, a interlocução com o leitor é explicitamente
Como tudo começou? Os navios portugueses vindos da África nos marcada pelo emprego de:
séculos XVII e XVIII não a pergunta
trouxeram ao Brasil somente escravos e mercadorias. Dois b estatística
inimigos silenciosos vieram junto: o c depoimento
vírus da febre amarela e o mosquito Aedes aegypti. A
consequência foi uma série de surtos de d coloquialismo
febre amarela urbana no Brasil, com milhares de mortos. Por volta Questão 71 UECE
de 1940, a febre amarela urbana
[10] foi erradicada. Mas o vírus migrou, pelo trânsito de pessoas PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 24
infectadas, para zonas de floresta na
região Amazônica. No início dos anos 2000, a febre amarela A autora da crônica cria duas categorias para classificar os sons
ressurgiu em áreas da Mata Atlântica. com que nos deparamos no dia a dia: sons magnânimos e sons
Três teses tentam explicar o fenômeno. cotidianos. Leia os trechos da crônica apresentados a seguir e
Segundo o professor Aloísio Falqueto, da Universidade Federal do escreva SM se o trecho pertencer à categoria do som magnânimo
Espírito Santo, “uma pessoa ou SC se fizer parte da categoria do som cotidiano.
pegou o vírus na Amazônia e entrou na Mata Atlântica depois,
possivelmente na altura de Montes ( ) “O sinal da hora do recreio.” (linha 56)
[15] Claros, em Minas Gerais, onde surgiram casos de macacos e ( ) “O primeiro eu te amo dito por quem você também começou a
pessoas infectadas”. O vírus teria amar.” (linhas 61-62)
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( ) “[...] o barulho da chave abrindo a fechadura da porta. Seu filho Aplicando esta ideia ao excerto do romance de Vidas Secas, é
voltou.” (linhas 19-20) correto afirmar que
( ) “[...] o recado na secretária eletrônica de alguém que já morreu.” a em “As crianças se espojariam com ela” (linhas 156-157), o
(linhas 23-25) pronome ela se refere à sinhá Vitória (linha 152), mãe das
( ) “O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a crianças.
chegada do namorado.” (linhas 49-50)
b no trecho “[...] emanações familiares revelavam-lhe a presença
deles (linhas 123- 124), o uso do pronome lhe faz referência à
A sequência correta, de cima para baixo, é:
Baleia (linha 121).
a SC, SC, SM, SM, SC.
c no enunciado “O estrondo, a pancada que recebera no quarto
b SC, SM, SC, SM, SC. e a viagem difícil no barreiro ao fim do pátio desvaneciam-se no
c SM, SM, SC, SC, SM. seu espírito” (linhas 129-132), o pronome seu está se referindo a
d SM, SC, SM, SC, SM. Fabiano (linha 122).
d a forma pronominal deles (linha 124) retoma a expressão estes
Questão 72 UECE sons (linha 120).
Rodrigo Duarte, um destacado intérprete da Escola de Frankfurt no
Brasil, afirma que, na indústria cultural, “encontram-se embutidos Questão 75 UECE
atos de violência, oriundos do comprometimento tanto econômico
quanto ideológico da indústria cultural com o status quo: ela PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 17
precisa, por um lado, lucrar, justificando sua posição de próspero O uso das aspas, no trecho “reduzir à metade esse desperdício,
ramo de negócios; por outro, ela tem de ajudar a garantir a adesão bastaria para aumentar a produção alimentar mundial em 32% e
das massas diante da situação precária em que elas se encontram para conseguir dar comida a 9 bilhões de pessoas, a população
no capitalismo tardio”. mundial prevista em 2050” (linhas 27- 31), serve para
DUARTE, Rodrigo. Indústria Cultural: uma introdução. Rio de
Janeiro: Editora FGV, 2010, p. 49. a reproduzir literalmente as palavras do especialista Robert van
Otterdijk.
Com base no texto acima, é correto afirmar que b indicar a utilização de palavras arcaicas.
a a indústria cultural é descrita como a violência contra os c marcar a presença de expressões com sentido figurado.
trabalhadores da cultura, que têm suas obras exploradas pelos d explicitar a opinião do autor da notícia.
donos das grandes produtoras e distribuidoras dos bens culturais,
sem receber o devido pagamento por isso. Questão 76 UECE
b a indústria cultural é a promoção de um discurso PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 24
ideologicamente engajado em prol do capitalismo tardio, onde as
massas são induzidas à passividade frente à exploração do seu Em função de uma linguagem mais simples e coloquial, a crônica,
trabalho. muitas vezes, pode “desrespeitar” a norma gramatical própria do
c a violência promovida pela indústria cultural é a da exploração uso culto da escrita formal da língua, o que pode ser observado no
do trabalhador da cultura e, ao mesmo tempo, a da imposição, às texto de Martha Medeiros na seguinte passagem:
massas, da ideologia da passividade frente à exploração a “Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um colapso
capitalista. cardíaco” (linhas 01-02), em que, gramaticalmente, o verbo “ser”,
d o comprometimento econômico e ideológico da indústria indicando tempo, não varia em número para concordar com
cultural se deve ao caráter espiritual das obras artísticas, sem “quatro da manhã”.
qualquer vinculação com a base econômica capitalista em que os b “Até a musiquinha que antecede a chamada a cobrar pode ser
autores se situavam. bem-vinda” (linhas 35-37), em que o verbo “anteceder” exige um
complemento com preposição.
Questão 73 UECE
c “A música que você mais gosta tocando no rádio do carro”
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 30 (linhas 57-58), em que a regência do verbo “gostar” não é
obedecida.
A respeito do uso das funções da linguagem na canção, assinale a d “O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a
afirmação verdadeira. chegada do namorado” (linhas 49-50), em que a expressão “a
a A função referencial predomina do começo ao fim da canção, chegada’ deveria vir com o acento indicativo de crase, já que o
pois a intenção principal do texto é informar ao leitor sobre um fato, verbo “aguardar” exige complemento com a preposição “a”, bem
qual seja: o homem tem necessidades estéticas que precisam ser como o artigo que acompanha o substantivo é do gênero feminino.
satisfeitas, além de necessidades físicas.
Questão 77 UECE
b Em razão de o enunciador procurar comover e emocionar o
seu interlocutor, apresentando-lhe as injustiças sociais sofridas por PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 24
não se ter os anseios atendidos, a função emotiva se destaca
fortemente na canção. Em relação às particularidades do estilo adotado na crônica Sons
c A função poética não tem destaque na canção, porque o confortantes, NÃO é lícito dizer que
enunciador investe pouco na construção estética da mensagem a a ao tratar de temas ligados à vida cotidiana, a crônica trata as
ser veiculada. cenas corriqueiras com banalidade e insignificância.
d A função fática está presente no texto em enunciados como b há, na crônica, o uso da linguagem coloquial com marcas de
“Você tem sede de quê? Você tem fome de quê? (linhas 86-87; 98- oralidade na escrita.
99), em que o enunciador procura simular uma conversa com o c o texto trata de assuntos relevantes sobre a vida cotidiana com
leitor. um tom de conversa fiada.
Questão 74 UECE d a crônica constrói uma narrativa com um caráter informal,
familiar e, ao mesmo tempo, intimista ao relatar fatos da vida
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 33 comum.
Os pronomes servem para criar uma cadeia de referência a Questão 78 UECE
elementos que são retomados ao longo do texto.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 17
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
O texto jornalístico em análise, ao procurar manter a estruturais com
imparcialidade e a objetividade, utiliza-se do discurso direto e do a a resenha crítica, se se considerar que o objetivo principal é
indireto para registrar a fala retratar a opinião e a visão pessoal do autor do texto sobre o que
está sendo relatado na produção cinematográfica.
I. No trecho “Peritos da ONU calculam que será necessário
aumentar em 60% da produção de alimentos para dar conta das b o gênero resumo, porque se caracteriza como um texto escrito
necessidades futuras da humanidade, um patamar insustentável de forma breve e clara, destacandose o que é essencial e mais
importante para o leitor sobre a obra resumida.
para o planeta” (linhas 32-36), o jornalista busca reproduzir
literalmente a fala dos peritos da ONU para permanecer sempre c a crônica, tendo em vista que a função textual é relatar, de
fiel aos fatos relatados. forma concisa, fatos do cotidiano, como o de se saber
II. O autor se vale do discurso direto no trecho “Conseguir o maior antecipadamente o final da história da trama, antes de ir ao
número possível de alimentos de cada gota de água, porção de lançamento de um filme, de tal maneira que já se dissipe a
terreno, partícula de fertilizantes e minuto de trabalho poupa expectativa da descoberta dos acontecimentos sobre o desfecho
recursos para o futuro e torna os sistemas mais sustentáveis” da história.
(linhas 70-75), para validar, de forma segura, a informação d o artigo de opinião, pois é uma espécie de exposição crítica
transmitida demorada do autor do texto sobre o objeto-filme analisado.
III. No enunciado “A organização destacou a importância de uma
dieta equilibrada para combater o aumento da obesidade e garantir Questão 80 UECE
a saúde das populações” (linhas 80- 83), o jornalista se reportou, PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 24
através do discurso indireto, à fala da organização para adaptá-la
aos objetivos da notícia. A repetição da expressão “E aguardaram. E aguardaram. E
IV. No excerto “as superfícies agrícolas utilizadas para a produção aguardaram” (linhas 04-05) imprime ao trecho de onde ela foi
de alimentos que não serão utilizados equivalem às do Canadá e extraída o sentido de
da Índia, em conjunto” (linhas 39-42), embora não haja marcas a paciência por parte dos membros da família que esperavam
textuais, como o uso do verbo dicendi, e nem tipográficas, como o calmamente a ambulância chegar para salvar a vida do pai.
uso de dois pontos e de travessão, temos um caso de uso do
discurso direto, em que o jornalista, para valorizar o que diz o b resiliência dos familiares que souberam, mesmo diante de uma
especialista, recupera, pela indicação das aspas, sua fala literal. situação crítica, se adaptar ao obstáculo e, dessa forma, superá-lo.
c ansiedade do garoto que aguardava, aflito, a vinda da
Está correto apenas o que se afirma em ambulância para socorrer o seu pai acometido de um problema
cardíaco.
a II, III e IV.
d morosidade na chegada de socorro médico para acudir o pai
b I, II e III.
que sofria um colapso cardíaco.
c I, III e IV..
d I, II e IV. Questão 81 UECE

Texto base 36 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 30


TEXTO Considere os seguintes versos da canção: “A gente não quer só
comida /A gente quer saída para qualquer parte” (linhas 90-91).
Sinopse do filme Capitão América: Guerra Civil
É possível reescrever estes versos de diversas maneiras,
Capitão América: Guerra Civil encontra Steve Rogers (Chris
mantendo a equivalência de sentido, com EXCEÇÃO da forma
Evans) liderando o recém-formado time de Vingadores em seus como está estruturada no seguinte enunciado:
esforços continuados para proteger a humanidade. Mas, depois
que um novo incidente envolvendo os Vingadores resulta num a A gente não quer só comida porque a gente quer também
dano colateral, a pressão política se levanta para instaurar um saída para qualquer parte.
sistema de contagem liderado por um órgão governamental para b Da mesma forma que a gente quer comida, a gente quer
supervisionar e dirigir a equipe. também saída para qualquer parte.
c Além de comida, a gente quer ainda saída para qualquer parte.
O novo status quo divide os Vingadores, resultando em dois d Não só comida mas também a gente quer saída para qualquer
campos: um liderado por Steve Rogers e seu desejo de que os parte.
Vingadores permaneçam livres para defender a humanidade sem
a interferência do governo; o outro seguindo a surpreendente Texto base 37
decisão de Tony Stark (Robert Downey Jr.) em apoio à supervisão Considerando o contexto da obra Morte e vida Severina, de João
e contagem do governo. Cabral de Melo Neto, leia o texto para responder à questão.

Capitão América 3 tem direção dos irmãos Joe e Anthony Russo, TEXTO
produção de Kevin Feige e grande elenco formado por Scarlett
Johansson (Viúva Negra), Sebastian Stan (Soldado Invernal), [...]
Anthony Mackie (Falcão), Emily Van Camp (Agente 13), Don — E esse povo lá de riba
Cheadle (Máquina de Combate), Jeremy Renner (Gavião de Pernambuco, da Paraíba,
Arqueiro), Chadwick Boseman (Pantera Negra), Paul Bettany que vem buscar no Recife
(Visão), Elizabeth Olsen (Feiticeira Escarlate), Pail Rudd (Homem- poder morrer de velhice,
Formiga), Frank Grillo (Ossos Cruzados), William Hurt (General encontra só, aqui chegando,
Thunderbolt) e Daniel Brühl (Barão Zenom). cemitérios esperando.
Disponível em: — Não é viagem o que fazem,
http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia118069/. vindo por essas caatingas, vargens;
Acesso em: 02.11.2018. ai está o seu erro:
vêm é seguindo seu próprio enterro.
Questão 79 UECE [...]
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 36 Fonte: MELO NETO, J. C. Morte e vida Severina e outros poemas.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.
Tendo como base a sinopse acima, é correto afirmar que este
gênero textual apresenta muitas semelhanças temáticas e
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
Questão 82 UEMA peculiares fixos,
ou seja, havia a expectativa de todos os europeus serem “brancos,
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 37 sérios
O termo “ai” é um elemento de continuidade. e fortes”. Assim, teríamos de esperar que as pessoas negras ao
redor de
No contexto, o sentido desse termo pode ser recuperado, de modo nós tivessem tendências “impassíveis e preguiçosas”, e que as de
olhos
coerente, na seguinte expressão
puxados fossem predispostas a “melancolia e avareza”.
a na espera. [30] Esse é um exemplo do absurdo da perspectiva essencialista
b na busca. ou tipológica de raças humanas.
c nessa morte. Nesse paradigma, o indivíduo não pode simplesmente ter a pele
d nessa vinda. mais ou menos pigmentada,
ou o cabelo mais ou menos crespo – ele tem de ser definido como
e na esperança. “negro” ou “branco”, rótulo
Texto base 38 determinante de sua identidade.
O DNA do racismo Esse tipo de associação fixa de características físicas e
psicológicas, que incrivelmente ainda persiste
Proponho ao leitor um simples experimento. Dirija-se a um local [35] na atualidade, não faz absolutamente nenhum sentido do
bastante movimentado e observe ponto de vista genético e biológico! O
cuidadosamente as pessoas ao redor. Deverá logo saltar aos olhos genoma humano tem cerca de 20 mil genes e sabemos que
que somos todos muito poucas dúzias deles controlam a
parecidos e, ao mesmo tempo, muito diferentes. pigmentação da pele e a aparência física dos humanos. Está
Realmente, podemos ver grandes similaridades no plano corporal, 100% estabelecido que esses genes
na postura ereta, na pele fina não têm nenhuma influência sobre qualquer traço comportamental
[5] e na falta relativa de pelos, características da espécie humana ou intelectual.
que nos distinguem dos outros SÉRGIO DANILO PENA
primatas. Por outro lado, serão evidentes as extraordinárias Adaptado de cienciahoje.org.br, 11/07/2008.
variações morfológicas entre as
Questão 83 UERJ
diferentes pessoas: sexo, idade, altura, peso, massa muscular, cor
e textura dos cabelos, cor PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 38
e formato dos olhos, cor da pele etc. A priori, não existe
absolutamente nenhuma razão para Está 100% estabelecido que esses genes não têm nenhuma
valorizar mais uma ou outra dessas características no exercício de influência sobre qualquer traço comportamental ou intelectual. (l.
investigação. 37-38)
[10] Nem todos esses traços têm a mesma relevância. Há Para introduzir a frase acima, mantendo a coerência com a que a
características que podem nos fornecer precede, pode ser utilizada a seguinte expressão:
informações sobre a origem geográfica ancestral das pessoas: a ou seja
uma pele negra pode nos levar a b além disso
inferir que a pessoa tem ancestrais africanos, olhos puxados
evocam ancestralidade oriental c em resumo
etc. E isso é tudo: não há absolutamente mais nada que possamos d por exemplo
captar à flor da pele. Pense
Questão 84 UECE
bem. O que têm a pigmentação da pele, o formato e a cor dos
olhos ou a textura do cabelo a ver PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 36
[15] com as qualidades humanas singulares que definam uma
individualidade existencial? Sobre a configuração linguística e textual da sinopse do filme
Em nítido contraste com as conclusões do experimento de Capitão América: Guerra Civil, atente para as seguintes assertivas.
observação empírica acima, está
a rigidez da classificação da humanidade feita pelo naturalista I. Como forma de incitar o leitor a assistir ao filme, a sinopse conta
sueco Carl Linnaeus, em 1767. detalhadamente o enredo em seu início e desenvolvimento, mas
Ele apresentou, pela primeira vez na esfera científica, uma não o seu fim.
categorização da espécie humana, II. A descrição é a estrutura preponderante na organização dos
distinguindo quatro raças principais e qualificando-as de acordo enunciados da sinopse.
com o que ele considerava suas III. Com vistas a divulgar o filme, a sinopse procura, em certa
[20] características principais: medida, persuadir o leitor a interessar-se pela obra resumida.
IV. Embora a sinopse relate fatos passados já acontecidos nas
cenas do filme, o tempo verbal que predomina na sinopse é o
presente do indicativo para conferir atualidade ao que está sendo
contado.

Está correto apenas o que se afirma em


a I e II.
b II e III.
c I e IV.
d III e IV.
Questão 85 UERJ

• Homo sapiens europaeus: branco, sério, forte; PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 38
• Homo sapiens asiaticus: amarelo, melancólico, avaro; No último parágrafo, o autor expressa uma crítica à teoria de
• Homo sapiens afer: negro, impassível, preguiçoso; Linnaeus, por reconhecer na classificação que este propôs o
• Homo sapiens americanus: vermelho, mal-humorado, violento. seguinte problema:
[25] Observe o leitor que as raças de Linnaeus continham traços
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a omissão [10] uma série de estudos para obter um parecer


concreto da real situação no quadro hídrico
b abstração
do planeta e ficou comprovado que, com
c incorreção o passar do tempo, o comprometimento das
d fragmentação águas para o consumo humano, para a
[15] manutenção de animais e para a irrigação na
Questão 86 UECE agricultura ocorre de forma crescente.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 17 Atualmente, vários fatores e
seguimentos distintos contribuem para o
Na notícia o autor utiliza alguns recursos para dar veracidade às processo de escassez desse recurso
informações apresentadas. [20] indispensável a todo ser vivo, dentre os
principais estão: a atividade industrial, que
Assinale a opção que NÃO corresponde a um desses recursos. utiliza os rios para escoar os seus rejeitos; as
a Uso do discurso direto com a voz de especialistas no assunto mineradoras; a agricultura, que faz uso de
diversos insumos agrícolas (fertilizantes,
tratado.
[25] inseticidas, herbicidas e etc.), com intuito de
b Menção a exemplos para ilustração dos fatos apresentados. aumentar a produção, a fim de atender o
c Utilização de dados estatísticos. mercado externo, ou seja, exportação; entre
d Uso de siglas das instituições referidas. outros.
Uma parte dos insumos agrícolas é
Texto base 39 [30] levada pela enxurrada da chuva, que chega a
TEXTOS PARA A QUESTÃO rios e córregos, inserindo várias substâncias
I. tóxicas. Essas mesmas substâncias são
Cinquenta anos! Não era preciso confessá‐lo. Já se vai sentindo absorvidas pelo solo e atingem o lençol
que o meu estilo não é tão lesto* como nos primeiros dias. freático.
Naquela ocasião, cessado o diálogo com o oficial da marinha, que [35] Das substâncias comumente
enfiou a capa e saiu, confesso que fiquei um pouco triste. Voltei à encontradas como agentes poluidores estão:
sala, lembrou‐me dançar uma polca, embriagar-me das luzes, das restos de petróleo e derivados, chumbo,
flores, dos cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e mercúrio e metais pesados, que são
ligeiro das conversas particulares. E não me arrependo; remocei. largamente usados em indústrias e na
Mas, meia hora depois, quando me retirei do baile, às quatro da [40] extração de minérios.
manhã, o que é que fui achar no fundo do carro? Os meus Outro centro de difusão de poluição
cinquenta anos. são os centros urbanos, que, diariamente,
*ágil em todo o planeta e, principalmente nos
países pobres, lançam esgotos domésticos
II. Meu caro crítico, [45] sem nenhum tipo de tratamento. O esgoto
Algumas páginas atrás, dizendo eu que tinha cinquenta anos, atinge rios e córregos, além do lençol
acrescentei: “Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão lesto freático, que estão nas proximidades das
como nos primeiros dias”. Talvez aches esta frase cidades. Isso acontece em vários lugares, no
incompreensível, sabendo‐se o meu atual estado; mas eu chamo a entanto, a incidência é mais comum em
tua atenção para a sutileza daquele pensamento. O que eu quero [50] pequenas cidades que não possuem centros
dizer não é que esteja agora mais velho do que quando comecei o de tratamento do esgoto doméstico.
livro. A morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase O desmatamento é um fator direto
da narração da minha vida experimento a sensação que agrava a questão da escassez da água,
correspondente. Valha‐me Deus! é preciso explicar tudo. uma vez que ao retirar a cobertura vegetal
Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas. [55] para a ocupação urbana ou rural, o solo fica
Questão 87 FUVEST exposto à água da chuva e vento. Com isso,
o solo vai sendo depositado nos mananciais,
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 39 provocando o assoreamento dos rios, esse
processo promove mudanças climáticas e
A passagem final do texto II – “Valha‐me Deus! é preciso explicar [60] compromete a vida aquática.
tudo.” – denota um elemento presente no estilo do romance, ou Os garimpos, que têm suas
seja, atividades às margens de rios, provocam a
a o realismo, visto no rigor explicativo dos fatos. dispersão de minerais pesados, como o
b a religiosidade, que se socorre do auxílio divino. mercúrio, poluindo as águas que são
[65] consumidas por comunidades.
c o humor, capaz de relativizar as ideias. Os portos realizam limpeza de cinco
d a metalinguagem, que imprime linearidade à narração. em cinco anos, jogando uma imensa
e a ironia, própria do discurso positivo. quantidade de dejetos; os aterros sanitários
são grandes agentes poluidores de águas,
Texto base 40 [70] principalmente do lençol freático, pois
TEXTO milhões de toneladas de lixo acumulados
liberam um líquido (chorume) que é
Poluição das águas continentais absorvido pelo solo e atinge as reservas
subterrâneas de água.
A poluição das águas continentais, Adaptado de FREITAS, Eduardo de. Poluição de Águas
principalmente nos grandes centros urbanos, Continentais. Brasil Escola. Disponível em:
é cada vez mais alarmante. https://brasilescola.uol.com.br/geografia/poluicao-
As perspectivas futuras para as aguascontinentais.htm. Acesso em: 20 de maio de 2019.
[5] águas continentais são bastante negativas.
Muitos são os estudos que buscam Questão 88 UECE
contemplar informações sobre a quantidade
e qualidade da água disponível. A ONU PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 40
(Organização das Nações Unidas) elaborou
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O sujeito de uma oração é o elemento que pratica a ação ou sofre [17] Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou
uma ação ou estado. [18] feio e bolhas de espuma surgiram no canto da
[19] boca.
Assinale a opção em que a expressão sublinhada corresponde ao
sujeito da oração no texto. [20] Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta
a “[...] provocam a dispersão de minerais pesados” (linhas 62-63) [21] dos pés, embora não o pudesse ver. Os
— às margens de rios (linha 62). [22] moradores da rua conversavam de uma porta
[23] à outra, as crianças foram despertadas e de
b “[...] lançam esgotos domésticos sem nenhum tipo de [24] pijama acudiram à janela. O senhor gordo
tratamento” (linhas 44-45) — países pobres (linha 44).
[25] repetia que Dario sentara-se na calçada,
c “[...] estão nas proximidades das cidades” (linhas 47-48) — [26] soprando ainda a fumaça do cachimbo e
lençol freático (linhas 46-47). [27] encostando o guarda-chuva na parede. Mas
d “[...] atinge as reservas subterrâneas de água” (linhas 73-74) — [28] não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu
um líquido (linha 72). [29] lado.
Questão 89 UECE [30] A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 18 [31] estava morrendo. Um grupo o arrastou para o
[32] táxi da esquina. Já no carro a metade do
Sabe-se que os gêneros textuais são constituídos também por [33] corpo, protestou o motorista: quem pagaria a
sequências de textos que dependem do modo de organização [34] corrida? Concordaram chamar a ambulância.
linguística (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações [35] Dario conduzido de volta e recostado à parede
lógicas, estilo etc.). Essas sequências ajudam a compreender qual [36] – não tinha os sapatos nem o alfinete de
a tipologia textual predominante em alguns gêneros, com a [37] pérola na gravata.
finalidade de auxiliar na produção, na circulação e na
compreensão dos textos. [38] Alguém informou da farmácia na outra rua.
[39] Não carregaram Dario além da esquina; a
Assim, no poema O Açúcar, a tipologia textual predominante é [40] farmácia no fim do quarteirão e, além do mais,
a a argumentação, porque o autor intenta construir argumentos a [41] muito pesado. Foi largado na porta de uma
favor de uma revolução social. [42] peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o
[43] rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-
b a injunção, porque apresenta orientação a(o) leitor(a) para que
[44] las.
este(a) possa executar diferentes receitas com o uso do açúcar.
c a narração, porque, ao longo do texto, encontram-se os [45] Ocupado o café próximo pelas pessoas que
elementos personagens, tempo, espaço e ações desenvolvidas. [46] vieram apreciar o incidente e, agora, comendo
d a descrição, porque aparece uma exposição de detalhes das [47] e bebendo, gozavam as delícias da noite. Dario
cenas para que o leitor crie uma imagem mental do consumo de [48] ficou torto como o deixaram, no degrau da
açúcar. [49] peixaria, sem o relógio de pulso.
[50] Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os
Questão 90 UEMA [51] papéis, retirados – com vários objetos – de
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 37 [52] seus bolsos e alinhados sobre a camisa
[53] branca. Ficaram sabendo do nome, idade;
A coerência sintática, nessas falas, com relação às formas verbais [54] sinal de nascença. O endereço na carteira era
“fazem” e “vêm” e os respectivos sujeitos, é garantida com a [55] de outra cidade.
recorrência de termo presente na primeira fala, por meio da figura
de linguagem, denominada [56] Registrou-se correria de mais de duzentos
a aliteração. [57] curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a
[58] rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro
b pleonasmo. [59] investiu a multidão. Várias pessoas
c catacrese. [60] tropeçaram no corpo de Dario, que foi
d comparação. [61] pisoteado dezessete vezes.
e metonímia.
[62] O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde
Questão 91 UECE [63] identificá-lo – os bolsos vazios. Restava a
Uma vela para Dario [64] aliança de ouro na mão esquerda, que ele
Dalton Trevisan [65] próprio – quando vivo – só podia destacar
[66] umedecida com sabonete. Ficou decidido que o
[1] Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço [67] caso era com o rabecão.
[2] esquerdo e, assim que dobrou a esquina,
[3] diminuiu o passo até parar, encostando-se à [68] A última boca repetiu “Ele morreu, ele
[4] parede de uma casa. Por ela escorregando, [69] morreu”. A gente começou a se dispersar.
[5] sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e [70] Dario levara duas horas para morrer, ninguém
[6] descansou na pedra o cachimbo. [71] acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que
[72] podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.
[7] Dois ou três passantes rodearam-no e
[8] indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a [73] Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario
[9] boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. [74] para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas
[10] O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia [75] mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem
[11] sofrer de ataque. [76] a boca, onde a espuma tinha desaparecido.
[77] Apenas um homem morto e a multidão se
[12] Ele reclinou-se mais um pouco, estendido [78] espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na
[13] agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. [79] janela alguns moradores com almofadas para
[14] O rapaz de bigode pediu aos outros que se [80] descansar os cotovelos.
[15] afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o
[16] paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. [81] Um menino de cor e descalço veio com uma
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[82] vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia Metonímia é a figura de linguagem em que a parte representa o
[83] morto há muitos anos, quase o retrato de um todo, ou vice-versa. No romance, a protagonista Macabéa constitui
[84] morto desbotado pela chuva. uma metonímia de todos os:
[85] Fecharam-se uma a uma as janelas e, três a excluídos
[86] horas depois, lá estava Dario à espera do
[87] rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o b românticos
[88] paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha c indiferentes
[89] queimado até a metade e apagou-se às d privilegiados
[90] primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
TREVISAN, Dalton. Vinte Contos Menores. Rio de Janeiro: Texto base 42
Record, 1979. Os bens e o sangue
Sobre o uso do verbo dicendi na introdução da fala das VIII
personagens no conto de Dalton Trevisan, é correto afirmar que
(...)
a no enunciado “Dois ou três passantes rodearam-no e Ó filho pobre, e descorçoado*, e finito
indagaram se não se sentia bem” (linhas 07-08), o uso do verbo ó inapto para as cavalhadas e os trabalhos brutais
dicendi “indagar” indica a voz de quem tem resposta a um com a faca, o formão, o couro... Ó tal como quiséramos
questionamento. para tristeza nossa e consumação das eras,
b O verbo “sugerir” em “O senhor gordo, de branco, sugeriu que para o fim de tudo que foi grande!
devia sofrer de ataque” (linhas 10-11) é utilizado para marcar o tom Ó desejado,
de certeza presente no discurso da personagem. ó poeta de uma poesia que se furta e se expande
c Em “O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada” à maneira de um lago de pez** e resíduos letais...
(linhas 24-25), a utilização do verbo de elocução “repetir” introduz, És nosso fim natural e somos teu adubo,
de maneira indireta, a voz de um discurso que, com insistência, tua explicação e tua mais singela virtude...
reitera a ideia expressa. Pois carecia que um de nós nos recusasse
d Para alardear a notícia da morte de Dario, o uso dos verbos para melhor servir-nos. Face a face
dicendi “gritou” e “repetiu” nos enunciados “A velhinha de cabeça te contemplamos, e é teu esse primeiro
grisalha gritou que ele estava morrendo” (linhas 30-31) e “A última e úmido beijo em nossa boca de barro e de sarro.
boca repetiu ‘Ele morreu, ele morreu’” (linhas 68-69) são Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.
empregados com o mesmo sentido e com a mesma estrutura * “descorçoado”: assim como “desacorçoado”, é uma variante de
sintática. uso popular
da palavra “desacoroçoado”, que significa “desanimado”.
Questão 92 UEMA ** “pez”: piche.
Texto IV
Questão 94 FUVEST
Astúcia de caçador PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 42
Os sabiás são assim: você não pode caçar um sabiá crescido, Considere o tipo de relação estabelecida pela preposição “para”
porque ele nunca se acostuma na gaiola, ele vai definhando, fica nos seguintes trechos do poema:
tão triste que nem canta mais, e morre, você também não pode
caçar os sabiás filhotes porque eles igualmente morrem quando I. “ó inapto para as cavalhadas e os trabalhos brutais”.
ficam longe da mãe, então o que o papai fazia era caçar toda a II. “Ó tal como quiséramos para tristeza nossa e consumação das
ninhada com ninho e tudo, e caçava a mãe, ele punha a ninhada e eras”.
o ninho dentro de uma gaiola, a mãe ele deixava solta depois que III. “para o fim de tudo que foi grande”.
ela aprendia a encontrar os filhotes no ninho, a mãe vinha trazer IV. “para melhor servir-nos”.
as minhocas e as sementes para os filhotes no ninho e papai abria
a porta da gaiola, a mãe alimentava os filhotes e ia voar, voltava A preposição “para” introduz uma oração com ideia de finalidade
depois, assim as coisas iam se passando, até que um dia os apenas em
filhotes ficavam grandes, acostumados com a gaiola, e papai a I
separava os filhotes, levava-os para lugares onde a mãe não os
encontrava mais, e a mãe ficava triste, definhava, até morrer. Ele b I e II
era capaz de palmilhar léguas e léguas para negociar um sabiá por c III
sessenta milréis, porque ouvira falar que tinha um assobio d III e IV.
diferente, e estava sempre barganhando gaiolas e pios. e IV.
MIRANDA, A. Dias e Dias. São Paulo: Cia das Letras, 2002.
Questão 95 UECE
Infere-se da expressão “barganhando”, no texto IV, ao final do Uma vela para Dario
parágrafo, que o pai caçador negociava Dalton Trevisan
a economizando
[1] Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço
b enganando [2] esquerdo e, assim que dobrou a esquina,
c disputando. [3] diminuiu o passo até parar, encostando-se à
d liquidando [4] parede de uma casa. Por ela escorregando,
e doando [5] sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e
[6] descansou na pedra o cachimbo.
Texto base 41
[7] Dois ou três passantes rodearam-no e
[8] indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a
[9] boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta.
[10] O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia
[11] sofrer de ataque.
Questão 93 UERJ
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 41 [12] Ele reclinou-se mais um pouco, estendido
[13] agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado.
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
[14] O rapaz de bigode pediu aos outros que se [80] descansar os cotovelos.
[15] afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o
[16] paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. [81] Um menino de cor e descalço veio com uma
[17] Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou [82] vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia
[18] feio e bolhas de espuma surgiram no canto da [83] morto há muitos anos, quase o retrato de um
[19] boca. [84] morto desbotado pela chuva.
[85] Fecharam-se uma a uma as janelas e, três
[20] Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta [86] horas depois, lá estava Dario à espera do
[21] dos pés, embora não o pudesse ver. Os [87] rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o
[22] moradores da rua conversavam de uma porta [88] paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha
[23] à outra, as crianças foram despertadas e de [89] queimado até a metade e apagou-se às
[24] pijama acudiram à janela. O senhor gordo [90] primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
[25] repetia que Dario sentara-se na calçada, TREVISAN, Dalton. Vinte Contos Menores. Rio de Janeiro:
[26] soprando ainda a fumaça do cachimbo e Record, 1979.
[27] encostando o guarda-chuva na parede. Mas Sobre o uso de elementos gramaticais no conto, é correto afirmar
[28] não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu que
[29] lado. a no enunciado “Parecia morto há muitos anos, quase o retrato
de um morto desbotado pela chuva” (linhas 82-84), a palavra
[30] A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele “morto” é usada duas vezes no período com a mesma função
[31] estava morrendo. Um grupo o arrastou para o gramatical de adjetivo para caracterizar o estado de Dario.
[32] táxi da esquina. Já no carro a metade do
[33] corpo, protestou o motorista: quem pagaria a b em “Apenas um homem morto e a multidão se espalhou”
(linhas 77-78), o advérbio “apenas” tem o sentido de destacar,
[34] corrida? Concordaram chamar a ambulância.
[35] Dario conduzido de volta e recostado à parede neste contexto, que a morte de Dario foi um fato único de grande
[36] – não tinha os sapatos nem o alfinete de importância para a multidão que presenciara o acontecido.
[37] pérola na gravata. c no trecho “Um menino de cor e descalço veio com uma vela,
que acendeu ao lado do cadáver” (linhas 81-82), as duas
[38] Alguém informou da farmácia na outra rua. expressões para caracterizar o menino, embora tenham ambas a
[39] Não carregaram Dario além da esquina; a função de adjetivo, não apresentam a mesma correlação sintática.
[40] farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, d no enunciado “Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou
[41] muito pesado. Foi largado na porta de uma feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca” (linhas 17-
[42] peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o 19), o termo “feio” funciona gramaticalmente como um adjetivo
[43] rosto, sem que fizesse um gesto para espantá- para caracterizar o ronco de Dario.
[44] las.
Questão 96 UECE
[45] Ocupado o café próximo pelas pessoas que Uma vela para Dario
[46] vieram apreciar o incidente e, agora, comendo Dalton Trevisan
[47] e bebendo, gozavam as delícias da noite. Dario
[48] ficou torto como o deixaram, no degrau da [1] Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço
[49] peixaria, sem o relógio de pulso. [2] esquerdo e, assim que dobrou a esquina,
[50] Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os [3] diminuiu o passo até parar, encostando-se à
[51] papéis, retirados – com vários objetos – de [4] parede de uma casa. Por ela escorregando,
[52] seus bolsos e alinhados sobre a camisa [5] sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e
[53] branca. Ficaram sabendo do nome, idade; [6] descansou na pedra o cachimbo.
[54] sinal de nascença. O endereço na carteira era
[55] de outra cidade. [7] Dois ou três passantes rodearam-no e
[8] indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a
[56] Registrou-se correria de mais de duzentos [9] boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta.
[57] curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a [10] O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia
[58] rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro [11] sofrer de ataque.
[59] investiu a multidão. Várias pessoas
[60] tropeçaram no corpo de Dario, que foi [12] Ele reclinou-se mais um pouco, estendido
[61] pisoteado dezessete vezes. [13] agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado.
[14] O rapaz de bigode pediu aos outros que se
[62] O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde [15] afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o
[63] identificá-lo – os bolsos vazios. Restava a [16] paletó, o colarinho, a gravata e a cinta.
[64] aliança de ouro na mão esquerda, que ele [17] Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou
[65] próprio – quando vivo – só podia destacar [18] feio e bolhas de espuma surgiram no canto da
[66] umedecida com sabonete. Ficou decidido que o [19] boca.
[67] caso era com o rabecão.
[20] Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta
[68] A última boca repetiu “Ele morreu, ele [21] dos pés, embora não o pudesse ver. Os
[69] morreu”. A gente começou a se dispersar. [22] moradores da rua conversavam de uma porta
[70] Dario levara duas horas para morrer, ninguém [23] à outra, as crianças foram despertadas e de
[71] acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que [24] pijama acudiram à janela. O senhor gordo
[72] podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto. [25] repetia que Dario sentara-se na calçada,
[26] soprando ainda a fumaça do cachimbo e
[73] Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario [27] encostando o guarda-chuva na parede. Mas
[74] para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas [28] não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu
[75] mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem [29] lado.
[76] a boca, onde a espuma tinha desaparecido.
[77] Apenas um homem morto e a multidão se [30] A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele
[78] espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na [31] estava morrendo. Um grupo o arrastou para o
[79] janela alguns moradores com almofadas para [32] táxi da esquina. Já no carro a metade do
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
[33] corpo, protestou o motorista: quem pagaria a a “Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do
[34] corrida? Concordaram chamar a ambulância. quarteirão e, além do mais, muito pesado”. (linhas 39-41)
[35] Dario conduzido de volta e recostado à parede
[36] – não tinha os sapatos nem o alfinete de b “Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta”. (linhas 15-
16)
[37] pérola na gravata.
c “Dario conduzido de volta e recostado à parede – não tinha os
[38] Alguém informou da farmácia na outra rua. sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.” (linhas 35-37)
[39] Não carregaram Dario além da esquina; a d “Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio –
[40] farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, quando vivo – só podia destacar umedecida com sabonete”.
[41] muito pesado. Foi largado na porta de uma (linhas 63-66)
[42] peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o
[43] rosto, sem que fizesse um gesto para espantá- Questão 97 UERJ
[44] las.

[45] Ocupado o café próximo pelas pessoas que


[46] vieram apreciar o incidente e, agora, comendo
[47] e bebendo, gozavam as delícias da noite. Dario
[48] ficou torto como o deixaram, no degrau da
[49] peixaria, sem o relógio de pulso.
[50] Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os
[51] papéis, retirados – com vários objetos – de
[52] seus bolsos e alinhados sobre a camisa
[53] branca. Ficaram sabendo do nome, idade;
[54] sinal de nascença. O endereço na carteira era
[55] de outra cidade.

[56] Registrou-se correria de mais de duzentos


[57] curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a
[58] rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro
[59] investiu a multidão. Várias pessoas
[60] tropeçaram no corpo de Dario, que foi
[61] pisoteado dezessete vezes.

[62] O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde Na charge, o personagem formula uma pergunta cuja resposta
[63] identificá-lo – os bolsos vazios. Restava a está sugerida pela imagem refletida no espelho.
[64] aliança de ouro na mão esquerda, que ele A partir dos elementos contidos na imagem, trata-se de uma
[65] próprio – quando vivo – só podia destacar resposta que expressa o seguinte posicionamento:
[66] umedecida com sabonete. Ficou decidido que o
a recusa de uma denúncia
[67] caso era com o rabecão.
b refutação de uma avaliação
[68] A última boca repetiu “Ele morreu, ele c silenciamento de uma crítica
[69] morreu”. A gente começou a se dispersar. d confirmação de uma hipótese
[70] Dario levara duas horas para morrer, ninguém
[71] acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que Questão 98 UEMA
[72] podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto. Leia o fragmento para responder à questão 07.

[73] Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario Texto V


[74] para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas
[75] mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem [...] Caxias já era uma comarca próspera, os portugueses desde
[76] a boca, onde a espuma tinha desaparecido. muito antigamente tinham se estabelecido lá para negócios de
[77] Apenas um homem morto e a multidão se comércio, retalho, exportação, importação, eles animavam a
[78] espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na economia, tinham os cargos políticos, controlavam os negócios
[79] janela alguns moradores com almofadas para públicos, até mesmo trocaram o velho churka por um
[80] descansar os cotovelos. descaroçador de algodão mais novo, construíram casas grandes
de negócio e edifícios sólidos de cantaria, eram os donos de tudo
[81] Um menino de cor e descalço veio com uma por aqui e achavam que aqui era terra deles, sempre foram uns
[82] vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia “espetados”, dizia papai. [...]
[83] morto há muitos anos, quase o retrato de um MIRANDA, A. Dias e Dias. São Paulo: Companhia das Letras,
[84] morto desbotado pela chuva. 2002
[85] Fecharam-se uma a uma as janelas e, três
[86] horas depois, lá estava Dario à espera do No plano da expressividade e da intencionalidade discursiva, a
[87] rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o caracterização metafórica dos portugueses traz a marca linguística
[88] paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha de depreciação no seguinte trecho:
[89] queimado até a metade e apagou-se às a “eles animavam a economia”
[90] primeiras gotas da chuva, que voltava a cair. b “sempre foram uns „espetados‟ ”
TREVISAN, Dalton. Vinte Contos Menores. Rio de Janeiro:
Record, 1979. c “eram os donos de tudo por aqui”
No conto de Dalton Trevisan, são apresentados elementos d “Caxias já era uma comarca próspera”
caracterizadores da classe social da personagem central, Dario, e “até mesmo trocaram o velho churka por um descaroçador de
descrito como alguém com boa situação financeira. Assinale a algodão”
opção que corresponde ao enunciado do texto em que NÃO está
explicitada esta caracterização. Texto base 43
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os
dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas
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um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a [36] – não tinha os sapatos nem o alfinete de
fazer compras na venda; ensarilhavam-se* discussões e [37] pérola na gravata.
[5] rezingas**; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava,
gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela [38] Alguém informou da farmácia na outra rua.
gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés [39] Não carregaram Dario além da esquina; a
vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de [40] farmácia no fim do quarteirão e, além do mais,
existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra. [41] muito pesado. Foi largado na porta de uma
[10] Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham [42] peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o
como formigas; fazendo compras. [43] rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-
Duas janelas do Miranda abriram-se. Apareceu numa a [44] las.
Isaura, que se dispunha a começar a limpeza da casa.
Duas janelas do Miranda abriram-se. Apareceu numa a [45] Ocupado o café próximo pelas pessoas que
Isaura, que se dispunha a começar a limpeza da casa. [46] vieram apreciar o incidente e, agora, comendo
-Nhá Dunga! gritou ela para baixo, a sacudir um pano [47] e bebendo, gozavam as delícias da noite. Dario
[15] de mesa; se você tem cuscuz de milho hoje, bata na porta, [48] ficou torto como o deixaram, no degrau da
ouviu? [49] peixaria, sem o relógio de pulso.
Aluísio Azevedo, O cortiço. [50] Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os
* ensarilhar-se: emaranhar-se. [51] papéis, retirados – com vários objetos – de
** rezinga: resmungo. [52] seus bolsos e alinhados sobre a camisa
[53] branca. Ficaram sabendo do nome, idade;
Questão 99 FUVEST [54] sinal de nascença. O endereço na carteira era
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 43 [55] de outra cidade.

Constitui marca do registro informal da língua o trecho [56] Registrou-se correria de mais de duzentos
[57] curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a
a “mas um só ruído compacto” (L. 2-3).
[58] rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro
b “ouviam-se gargalhadas” (L. 5). [59] investiu a multidão. Várias pessoas
c “o prazer animal de existir” (L. 8-9). [60] tropeçaram no corpo de Dario, que foi
d “gritou ela para baixo” (L. 14). [61] pisoteado dezessete vezes.
e “bata na porta” (L. 15).
[62] O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde
Questão 100 UECE [63] identificá-lo – os bolsos vazios. Restava a
Uma vela para Dario [64] aliança de ouro na mão esquerda, que ele
Dalton Trevisan [65] próprio – quando vivo – só podia destacar
[66] umedecida com sabonete. Ficou decidido que o
[1] Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço [67] caso era com o rabecão.
[2] esquerdo e, assim que dobrou a esquina,
[3] diminuiu o passo até parar, encostando-se à [68] A última boca repetiu “Ele morreu, ele
[4] parede de uma casa. Por ela escorregando, [69] morreu”. A gente começou a se dispersar.
[5] sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e [70] Dario levara duas horas para morrer, ninguém
[6] descansou na pedra o cachimbo. [71] acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que
[72] podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.
[7] Dois ou três passantes rodearam-no e
[8] indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a [73] Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario
[9] boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. [74] para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas
[10] O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia [75] mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem
[11] sofrer de ataque. [76] a boca, onde a espuma tinha desaparecido.
[77] Apenas um homem morto e a multidão se
[12] Ele reclinou-se mais um pouco, estendido [78] espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na
[13] agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. [79] janela alguns moradores com almofadas para
[14] O rapaz de bigode pediu aos outros que se [80] descansar os cotovelos.
[15] afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o
[16] paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. [81] Um menino de cor e descalço veio com uma
[17] Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou [82] vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia
[18] feio e bolhas de espuma surgiram no canto da [83] morto há muitos anos, quase o retrato de um
[19] boca. [84] morto desbotado pela chuva.
[85] Fecharam-se uma a uma as janelas e, três
[20] Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta [86] horas depois, lá estava Dario à espera do
[21] dos pés, embora não o pudesse ver. Os [87] rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o
[22] moradores da rua conversavam de uma porta [88] paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha
[23] à outra, as crianças foram despertadas e de [89] queimado até a metade e apagou-se às
[24] pijama acudiram à janela. O senhor gordo [90] primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
[25] repetia que Dario sentara-se na calçada, TREVISAN, Dalton. Vinte Contos Menores. Rio de Janeiro:
[26] soprando ainda a fumaça do cachimbo e Record, 1979.
[27] encostando o guarda-chuva na parede. Mas Tomando o primeiro parágrafo do conto “Dario vinha apressado,
[28] não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina,
[29] lado. diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa.
Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de
[30] A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele chuva, e descansou na pedra o cachimbo” – (linhas 01-06), vê-se,
[31] estava morrendo. Um grupo o arrastou para o na sequência dos verbos destacados, a ideia de
[32] táxi da esquina. Já no carro a metade do a oposição entre ações verbais.
[33] corpo, protestou o motorista: quem pagaria a
[34] corrida? Concordaram chamar a ambulância. b causa entre as ações verbais.
[35] Dario conduzido de volta e recostado à parede c gradação entre ações verbais.
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d consequência entre as ações verbais. Questão 103 UECE
TEXTO
Questão 101 UERJ Envelhecer
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 16 Arnaldo Antunes

Os dois primeiros versos do soneto sugerem uma advertência [1] A coisa mais moderna que existe nessa vida
dirigida aos apaixonados. é envelhecer
Com base na leitura do poema, essa advertência se baseia no A barba vai descendo e os cabelos vão
pressuposto de que a paixão é capaz de provocar estado de: caindo pra cabeça aparecer
a apatia [5] Os filhos vão crescendo e o tempo vai
dizendo que agora é pra valer
b carência Os outros vão morrendo e a gente
c contrariedade aprendendo a esquecer
d vulnerabilidade
Não quero morrer pois quero ver
Texto base 44 [10] Como será que deve ser envelhecer
A QUESTÃO REFERE-SE À OBRA “O ALIENISTA”, DE Eu quero é viver pra ver qual é
MACHADO DE ASSIS. E dizer venha pra o que vai acontecer
Questão 102 UERJ
Eu quero que o tapete voe
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 44 No meio da sala de estar
[15] Eu quero que a panela de pressão pressione
No início do capítulo I, o médico Simão Bacamarte explica que se E que a pia comece a pingar
casou com D. Evarista porque ela “estava assim apta para dar-lhe Eu quero que a sirene soe
filhos robustos, sãos e inteligentes”, mas logo em seguida observa E me faça levantar do sofá
que ela “não lhe deu filhos robustos nem mofinos”. Eu quero pôr Rita Pavone
As duas informações do personagem anunciam para o leitor o [20] No ringtone do meu celular
seguinte tom predominante da narrativa: Eu quero estar no meio do ciclone
a irônico Pra poder aproveitar
b trágico E quando eu esquecer meu próprio nome
Que me chamem de velho gagá
c apelativo
d melancólico [25] Pois ser eternamente adolescente nada é
mais démodé
Com uns ralos fios de cabelo sobre a testa
que não para de crescer
Não sei por que essa gente vira a cara pro
[30] presente e esquece de aprender
Que felizmente ou infelizmente sempre o
tempo vai correr
Disponível em
https://www.vagalume.com.br/arnaldoantunes/envelhe cer.html.
Acesso: 22/9/17.

O autor do texto Envelhecer tem o propósito de


a mostrar que a velhice pode ser um período cheio de vivacidade
no qual não é preciso se submeter às imposições físicas da idade.
b ressaltar que, na velhice, as pessoas ficam mais preguiçosas
e, por isso mesmo, têm que se manter sempre estimuladas à
pratica de exercícios domésticos.
c destacar que, ao chegarem à velhice, as pessoas temem a
morte.
d sugerir que a velhice torna as pessoas mais sábias e mais
experientes.

Questão 104 UECE


Uma vela para Dario
Dalton Trevisan

[1] Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço


[2] esquerdo e, assim que dobrou a esquina,
[3] diminuiu o passo até parar, encostando-se à
[4] parede de uma casa. Por ela escorregando,
[5] sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e
[6] descansou na pedra o cachimbo.

[7] Dois ou três passantes rodearam-no e


[8] indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a
[9] boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta.
[10] O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia
[11] sofrer de ataque.

[12] Ele reclinou-se mais um pouco, estendido


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[13] agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. [79] janela alguns moradores com almofadas para
[14] O rapaz de bigode pediu aos outros que se [80] descansar os cotovelos.
[15] afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o
[16] paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. [81] Um menino de cor e descalço veio com uma
[17] Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou [82] vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia
[18] feio e bolhas de espuma surgiram no canto da [83] morto há muitos anos, quase o retrato de um
[19] boca. [84] morto desbotado pela chuva.
[85] Fecharam-se uma a uma as janelas e, três
[20] Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta [86] horas depois, lá estava Dario à espera do
[21] dos pés, embora não o pudesse ver. Os [87] rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o
[22] moradores da rua conversavam de uma porta [88] paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha
[23] à outra, as crianças foram despertadas e de [89] queimado até a metade e apagou-se às
[24] pijama acudiram à janela. O senhor gordo [90] primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
[25] repetia que Dario sentara-se na calçada, TREVISAN, Dalton. Vinte Contos Menores. Rio de Janeiro:
[26] soprando ainda a fumaça do cachimbo e Record, 1979.
[27] encostando o guarda-chuva na parede. Mas Pela leitura atenta do texto, depreende-se que o propósito principal
[28] não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu do autor é o de mostrar que
[29] lado. a homens idosos não devem sair de casa desacompanhados em
dias de chuva, pois poderão passar mal sem ninguém para
[30] A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele socorrê-los.
[31] estava morrendo. Um grupo o arrastou para o
[32] táxi da esquina. Já no carro a metade do b a cidade grande, pelo grande fluxo de transeuntes e pela sua
má estrutura, não está apta para que o cidadão possa trafegar, de
[33] corpo, protestou o motorista: quem pagaria a
[34] corrida? Concordaram chamar a ambulância. maneira segura, na rua, em dias de chuva.
[35] Dario conduzido de volta e recostado à parede c o crescimento populacional, nas grandes cidades, não impede
[36] – não tinha os sapatos nem o alfinete de que os seus habitantes se mostrem profundamente solidários à dor
[37] pérola na gravata. do outro, a ponto de poderem lhe prestar auxílio, mesmo este
sendo um estranho ou desconhecido.
[38] Alguém informou da farmácia na outra rua. d a reificação do ser humano, nos centros urbanos, está
[39] Não carregaram Dario além da esquina; a marcada pela relação de desrespeito e de indiferença do homem
[40] farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, com o seu semelhante.
[41] muito pesado. Foi largado na porta de uma
[42] peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o Texto base 45
[43] rosto, sem que fizesse um gesto para espantá- Era a primeira vez que as duas iam ao morro do Castelo.
[44] las. Começaram a subir pelo lado da Rua
do Carmo. Muita gente há no Rio de Janeiro que nunca lá foi,
[45] Ocupado o café próximo pelas pessoas que muita haverá morrido, muita mais
[46] vieram apreciar o incidente e, agora, comendo nascerá e morrerá sem lá pôr os pés. Nem todos podem dizer que
[47] e bebendo, gozavam as delícias da noite. Dario conhecem uma cidade inteira.
[48] ficou torto como o deixaram, no degrau da Um velho inglês, que aliás andara terras e terras, confiava-me há
[49] peixaria, sem o relógio de pulso. muitos anos em Londres que
[50] Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os [5] de Londres só conhecia bem o seu clube, e era o que lhe
[51] papéis, retirados – com vários objetos – de bastava da metrópole e do mundo.
[52] seus bolsos e alinhados sobre a camisa Natividade e Perpétua conheciam outras partes, além de Botafogo,
[53] branca. Ficaram sabendo do nome, idade; mas o morro do Castelo,
[54] sinal de nascença. O endereço na carteira era por mais que ouvissem falar dele e da cabocla que lá reinava em
[55] de outra cidade. 1871, era-lhes tão estranho e
remoto como o clube. O íngreme, o desigual, o mal calçado da
[56] Registrou-se correria de mais de duzentos ladeira mortificavam os pés às
[57] curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a duas pobres donas. Não obstante, continuavam a subir, como se
[58] rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro fosse penitência, devagarinho,
[59] investiu a multidão. Várias pessoas [10] cara no chão, véu para baixo. A manhã trazia certo
[60] tropeçaram no corpo de Dario, que foi movimento; mulheres, homens, crianças que
[61] pisoteado dezessete vezes. desciam ou subiam, lavadeiras e soldados, algum empregado,
algum lojista, algum padre, todos
[62] O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde olhavam espantados para elas, que aliás vestiam com grande
[63] identificá-lo – os bolsos vazios. Restava a simplicidade; mas há um donaire*
[64] aliança de ouro na mão esquerda, que ele que se não perde, e não era vulgar naquelas alturas. A mesma
[65] próprio – quando vivo – só podia destacar lentidão no andar, comparada à
[66] umedecida com sabonete. Ficou decidido que o rapidez das outras pessoas, fazia desconfiar que era a primeira
[67] caso era com o rabecão. vez que ali iam. (...)
[15] Com efeito, as duas senhoras buscavam disfarçadamente o
[68] A última boca repetiu “Ele morreu, ele número da casa da cabocla, até
[69] morreu”. A gente começou a se dispersar. que deram com ele. A casa era como as outras, trepada no morro.
[70] Dario levara duas horas para morrer, ninguém Subia-se por uma escadinha,
[71] acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que estreita, sombria, adequada à aventura. Quiseram entrar depressa,
[72] podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto. mas esbarraram com dous ]
sujeitos que vinham saindo, e coseram-se ao portal. Um deles
[73] Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario perguntou-lhes familiarmente se
[74] para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas iam consultar a adivinha.
[75] mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem [20] – Perdem o seu tempo, concluiu furioso, e hão de ouvir muito
[76] a boca, onde a espuma tinha desaparecido. disparate...
[77] Apenas um homem morto e a multidão se – É mentira dele, emendou o outro, rindo; a cabocla sabe muito
[78] espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na bem onde tem o nariz.
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Hesitaram um pouco; mas, logo depois advertiram que as palavras que tive a sensação – quase o desejo – de que podia, deveria
do primeiro eram sinal certo morrer naquele exato momento
da vidência e da franqueza da adivinha; nem todos teriam a e que qualquer outro momento teria sido inadequado. Teria
mesma sorte alegre. A dos meninos morrido alegremente, pois vivera a
da Natividade podia ser miserável, e então... Enquanto cogitavam [20] mais bela história que li em toda a minha vida.
passou fora um carteiro, que Talvez eu tivesse encontrado a história que todos nós procuramos
[25] as fez subir mais depressa, para escapar a outros olhos. nas páginas dos livros e nas
Tinham fé, mas tinham também vexame telas dos cinemas: uma história na qual as estrelas e eu éramos os
da opinião, como um devoto que se benzesse às escondidas. protagonistas. Era ficção
Velho caboclo, pai da adivinha, conduziu as senhoras à sala. (...) porque a história fora reinventada pelo curador; era História porque
– Minha filha já vem, disse o velho. As senhoras como se recontava o que acontecera
chamam? no cosmos num momento do passado; era vida real porque eu era
(...) real e não uma personagem
A falar verdade, temiam o seu tanto, Perpétua menos que de romance.
Natividade. A aventura parecia
[30] audaz, e algum perigo possível. Não ponho aqui os seus Adaptado de Seis passeios pelos bosques da ficção. Tradução:
gestos; imaginai que eram inquietos Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
e desconcertados. Nenhuma dizia nada. Natividade confessou
depois que tinha um nó na Questão 106 UERJ
garganta. Felizmente, a cabocla não se demorou muito; ao cabo PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 46
de três ou quatro minutos, o
pai a trouxe pela mão, erguendo a cortina do fundo. Umberto Eco narra, no segundo parágrafo do texto, uma
MACHADO DE ASSIS Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Francisco experiência surpreendente que vivenciou.
Alves, 1976. Pode-se compreender essa experiência pela relação que se
*donaire − elegância estabelece entre os seguintes elementos:
Questão 105 UERJ a tempo cronológico e reconstrução ficcional
b avanço tecnológico e ilusão cinematográfica
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 45
c registro documental e sonho cotidiano
A caracterização das personagens centrais se faz, em grande d narrativa biográfica e história universal
medida, em relação com a composição do espaço onde circulam.
No segundo parágrafo (l. 6-14), observa-se essa relação na ênfase Texto base 47
dada ao seguinte aspecto retratado no ambiente: A palavra
a censura moral Tanto que tenho falado, tanto que tenho escrito − como não
b rotinas de trabalho imaginar que, sem querer, feri
c preconceito religioso alguém? Às vezes sinto, numa pessoa que acabo de conhecer,
d diferenças de gênero uma hostilidade surda, ou uma
reticência de mágoas. Imprudente ofício é este, de viver em voz
Texto base 46 alta.
[1] Há alguns meses fui convidado a visitar o Museu da Ciência de Às vezes, também a gente tem o consolo de saber que alguma
La Coruña, na Galícia. Ao final da coisa que se disse por acaso
visita, o curador1 anunciou que tinha uma surpresa para mim e me [5] ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua
conduziu ao vida de cada dia; a sonhar um
pouco, a sentir uma vontade de fazer alguma coisa boa.
planetário2 . Um planetário sempre é um lugar sugestivo, porque, Agora sei que outro dia eu disse uma palavra que fez bem a
quando se apagam as luzes, temos a impressão alguém. Nunca saberei que palavra
de estar num deserto sob um céu estrelado. Mas naquela noite foi; deve ter sido alguma frase espontânea e distraída que eu disse
algo especial me aguardava. com naturalidade porque
[5] De repente a sala ficou inteiramente às escuras, e ouvi um lindo senti no momento − e depois esqueci.
acalanto de Manuel de Falla. [10] Tenho uma amiga que certa vez ganhou um canário, e o
Lentamente (embora um pouco mais depressa do que na canário não cantava. Deram-lhe receitas
realidade, já que a apresentação durou para fazer o canário cantar; que falasse com ele, cantarolasse,
ao todo quinze minutos) o céu sobre minha cabeça se pôs a rodar. batesse alguma coisa ao piano;
Era o céu que aparecera que pusesse a gaiola perto quando trabalhasse em sua máquina
sobre minha cidade natal – Alessandria, na Itália – na noite de 5 de costura; que arranjasse para
para 6 de janeiro de 1932, lhe fazer companhia, algum tempo, outro canário cantador; até
quando nasci. Quase hiper-realisticamente vivenciei a primeira mesmo que ligasse o rádio um
noite de minha vida. pouco alto durante uma transmissão de jogo de futebol... mas o
[10] Vivenciei-a pela primeira vez, pois não tinha visto essa canário não cantava.
primeira noite. Provavelmente nem minha [15] Um dia a minha amiga estava sozinha em casa, distraída, e
mãe a viu, exausta como estava depois de me dar à luz; mas assobiou uma pequena frase melódica
talvez meu pai a tenha visto, de Beethoven − e o canário começou a cantar alegremente.
ao sair para o terraço, um pouco agitado com o fato maravilhoso Haveria alguma secreta ligação entre
(pelo menos para ele) que a alma do velho artista morto e o pequeno pássaro cor de ouro?
testemunhara e ajudara a produzir. Alguma coisa que eu disse distraído − talvez palavras de algum
O planetário usava um artifício mecânico que se pode encontrar poeta antigo − foi despertar
em muitos lugares. Outras melodias esquecidas dentro da alma de alguém. Foi como se a
[15] pessoas talvez tenham passado por uma experiência gente soubesse que de repente,
semelhante. Mas vocês hão de me perdoar [20] num reino muito distante, uma princesa muito triste tivesse
se durante aqueles quinze minutos tive a impressão de ser o único sorrido. E isso fizesse bem ao coração
homem desde o início dos do povo; iluminasse um pouco as suas pobres choupanas e as
tempos que havia tido o privilégio de se encontrar com seu próprio suas remotas esperanças.
começo. Eu estava tão feliz
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RUBEM BRAGA PROENÇA FILHO, Domício (org.). Pequena assustado com o choro que ouvira ao entrar – Vendo-nos a todos
antologia do Braga. Rio de Janeiro: Record, 1997 naquele estado de aflição, ainda mais
perturbou-se:
Questão 107 UERJ - Que aconteceu? Alguma desgraça? Perguntou arrebatadamente.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 47 As senhoras, escondendo o rosto no lenço para ocultar do Padre
Carlos o pranto e evitar seus remoques1,
O final do texto expressa uma reflexão do escritor acerca do poder [20] não proferiram palavra. Tomei eu a mim responder:
da sua escrita, a partir da menção a uma princesa e a um povo. - Foi o pai de Amanda que morreu! Disse, mostrando-lhe o livro
aberto.
Essa menção sugere, principalmente, que o escritor deseja que Compreendeu o Padre Carlos e soltou uma gargalhada, como ele
suas palavras tenham o poder de: as sabia dar, verdadeira gargalhada
homérica, que mais parecia uma salva de sinos a repicarem do
a desfazer as ilusões antigas
que riso humano. E após esta, outra e
b permear as classes sociais outra, que era ele inesgotável, quando ria de abundância de
c ajudar as pessoas discriminadas coração, com o gênio prazenteiro de que a
d abolir as hierarquias tradicionais [25] natureza o dotara.
Foi essa leitura contínua e repetida de novelas e romances que
Questão 108 UECE primeiro imprimiu em meu espírito a
TEXTO 1 tendência para essa forma literária [o romance] que é entre todas a
de minha predileção?
OFF PRICE Não me animo a resolver esta questão psicológica, mas creio que
ninguém contestará a influência das
[1] Que a sorte me livre do mercado primeiras impressões.
e que me deixe
continuar fazendo (sem o saber) JOSÉ DE ALENCAR Como e porque sou romancista. Campinas:
fora de esquema Pontes, 1990.
[5] meu poema
inesperado Questão 109 UERJ

e que eu possa PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 48


cada vez mais desaprender A reação do Padre Carlos é muito diferente daquela que
de pensar o pensado apresentam as senhoras diante da “morte” do personagem,
[10] e assim poder situação que, no texto, é demarcada também pelo emprego de
reinventar o certo pelo errado certas palavras.
(Ferreira Gullar. Em alguma parte alguma. p.35.)
A diferença entre a reação das senhoras e a do Padre Carlos é
Assinale a opção que indica a temática central do poema. indicada pelo uso das seguintes palavras:
a O preço abusivo dos livros no mercado. a consolo - riso
b A indefinição entre o certo e o errado. b lágrimas - desgraça
c A relação do artista com o dinheiro. c homérica - inesgotável
d O desejo de autonomia no fazer poético. d comoção - gargalhada
Texto base 48 Questão 110 UECE
Como e porque sou romancista TEXTO 2
Minha mãe e minha tia se ocupavam com trabalhos de costuras, e [80] O Quinze foi publicado em agosto
as amigas para não ficarem ociosas de 1930. Não fez grande sucesso quando
as ajudavam. Dados os primeiros momentos à conversação, saiu em Fortaleza. Escreveram até um
passava-se à leitura e era eu chamado ao artigo falando que o livro era impresso em
lugar de honra. papel inferior e não dizia nada de novo.
Muitas vezes, confesso, essa honra me arrancava bem a [85] Outro sujeito escreveu afirmando
contragosto de um sono começado ou de um que o livro não era meu, mas do meu
[5] folguedo querido; já naquela idade a reputação é um fardo e ilustre pai, Daniel de Queiroz. E isso tudo
bem pesado. me deixava meio ressabiada. Morava então
Lia-se até a hora do chá, e tópicos havia tão interessantes que eu no Ceará o jornalista carioca Renato Viana,
era obrigado à repetição. Compensavam [90] que me deu os endereços das pessoas no
esse excesso, as pausas para dar lugar às expansões do Rio de Janeiro, uma lista de jornalistas e
auditório, o qual desfazia-se em recriminações críticos para os quais eu devia mandar o
contra algum mau personagem, ou acompanhava de seus votos e livrinho. O mestre Antônio Sales, que
simpatias o herói perseguido. [95] Então me chegou uma carta do meu amigo
Uma noite, daquelas em que eu estava mais possuído do livro, lia Hyder Corrêa Lima, que morava no Rio,
com expressão uma das páginas convivia com Nazareth Prado e a roda de
[10] mais comoventes da nossa biblioteca. As senhoras, de Graça Aranha. Hyder mostrava na carta o
cabeça baixa, levavam o lenço ao rosto, e poucos maior alvoroço e contava o entusiasmo de
momentos depois não puderam conter os soluços que rompiam- [100] Graça Aranha por O Quinze. Depois veio
lhes o seio. uma carta autografada do próprio Graça,
Com a voz afogada pela comoção e a vista empanada pelas realmente muito entusiasmado. Em
lágrimas, eu também cerrando ao peito o seguida começaram a chegar críticas, de
livro aberto, disparei em pranto e respondia com palavras de Augusto Frederico Schmidt (no "Novidades
consolo às lamentações de minha mãe e [105] Literárias"), do escritor Artur Mota, em São
suas amigas. Paulo; foram pipocando notas e artigos,
[15] Nesse instante assomava à porta um parente nosso, o Revd.º tudo muito animador. No Ceará, não. Não
Padre Carlos Peixoto de Alencar, já me lembro de nenhuma repercussão.
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Depois, quando a coisa virou, é que o livro A posição geográfica do Centro de Lançamento de Alcântara faz
[110] começou a pegar por lá. dele uma das bases mais estrategicamente privilegiadas do
(Rachel de Queiroz. In: QUEIROZ, Rachel de e QUEIROZ, Maria mundo. E essa vantagem se reflete no aspecto financeiro. Mandar
Luíza de. Tantos anos. p. 31.) algo para o espaço a partir de Alcântara pode significar uma
economia de combustível de até 30%. A explicação para isso é
O texto suscita uma idéia que pode ser resumida no seguinte relativamente simples: a velocidade de rotação da Terra é maior
provérbio: nas áreas próximas ao Equador do que no restante do planeta, o
a Casa de ferreiro, espeto de pau. que serve para dar um impulso extra ao satélite ou foguete que
será lançado. E a base de Alcântara, distante 32 km de São Luís,
b Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
capital maranhense, está numa latitude ao 2º18’ ao sul da linha
c Santo de casa não obra milagre. imaginária que divide o planeta ao meio.
d Cada macaco no seu galho. ELER, G. Por que Alcântara é um lugar estratégico para lançar
foguetes e satélites. In:https://super.abril.com.br/ciencia/por-que-
Texto base 49 alca ntara-e-um-lugarestrategico-para-lancar-foguetes-e -satelites/
Leia o trecho do Cap. 1 para responder às questões
Dois outros fatores geográficos a serem considerados, o que torna
Capítulo I Alcântara um lugar mais privilegiado ainda são
[...] a o regime climático com chuvas bem definidas e a estabilidade
Nem bem teve seis anos deram água num chocalho pra ele e geológica.
Macunaíma principiou falando como todos. E pediu pra mãe que b a ocorrência de alta pressão atmosférica e a ausência de
largasse da mandioca ralando na cevadeira e levasse ele passear correntes marinhas.
no mato. A mãe não quis porque não podia largar da mandioca c a alta altitude e a baixa umidade relativa do ar.
não. Macunaíma choramingou dia inteiro. De-noite continuou d as baixas variações de marés e os ventos de oeste.
chorando. No outro dia esperou com o olho esquerdo dormindo
e a longitude e a inclinação do eixo da terra.
que a mãe principiasse o trabalho. Então pediu pra ela que
largasse de tecer o paneiro de guarumá-membeca e levasse ele
no mato passear. A mãe não quis porque não podia largar o PORTUGUÊS
paneiro não. E pediu pra nora, companheira de Jiguê, que levasse Questão 113 UECE
o menino. A companheira de Jiguê era bem moça e chamava Atente para o seguinte excerto: “[...] é, essencialmente, o equilíbrio
Sofará. Foi se aproximando ressabiada porém desta vez vertical da crosta terrestre (litosfera) sobre o substrato mantélico,
Macunaíma ficou muito quieto sem botar a mão na graça de controlado pela diferença de densidade das rochas que compõem
ninguém. A moça carregou o piá nas costas e foi até o pé de a crosta e o manto. O relevo (topografia) resultante das diferenças
aninga na beira do rio. A água parara pra inventar um ponteio de de densidade na crosta é variável devido a mudanças de
gozo nas folhas do javari. O longe estava bonito com muitos espessura dos pacotes litosféricos: o acúmulo de material gera
biguás e biguatingas avoando na estrada do furo. A moça botou sobrepeso e, consequentemente, ocorre afundamento da região
Macunaíma na praia porém ele principiou choramingando, que (subsidência), enquanto o alívio de peso pode induzir emergência
tinha muita formiga!... e pediu pra Sofará que o levasse até o do terreno (soerguimento)”.
derrame do morro lá dentro do mato. A moça fez. Mas assim que Faustinoni, J. M. e Dal Ré Carneiro, C. Movimentos da crosta e
deitou o curumim nas tiriricas, tajás e trapoerabas da serrapilheira,
relações entre Tectônica e dinâmica atmosférica. Terra e didática
ele botou corpo num átimo e ficou um príncipe lindo. Andaram por Unicamp. São Paulo. 2015.
lá muito.
[...] O excerto acima descreve o processo e apresenta o conceito de
Andrade, M. Macunaíma. São Paulo: Ótima, 2015.
a silicificação.
Questão 111 UEMA b isostasia.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 49 c astenosfera.
d subducção.
A obra Macunaíma apresenta uma exploração criativa da
linguagem, em nível oral e popular, que se distancia da linguagem Questão 114 UEMA
padrão. Texto IX

No trecho acima, essa subversão linguística é marcada pelo(a) Homem e Máquina


a excesso de ênfase: “A água parara pra inventar um ponteio de
gozo nas folhas do javari.” Desde que as primeiras máquinas começaram a atuar em
fábricas, as queixas sobre a perda de postos de trabalho são
b presença de termos míticos: “A mãe não quis porque não podia constantes. Um estudo divulgado em 2015 revelou que a
largar o paneiro não.”
tecnologia, na verdade, criou mais empregos do que eliminou.
c duplicação de morfemas para criar palavras: “A moça botou “A tendência de reduzir postos de trabalho na agricultura e na
Macunaíma na praia porém ele principiou choramingando, que indústria é compensada pelo rápido crescimento nos setores de
tinha muita formiga!...”. serviços, criatividade e tecnologia”, dizem os economistas que
d emprego de expressões escatológicas: “A moça carregou o piá analisaram dados dos últimos 144 anos para avaliar como os
nas costas e foi até o pé de aninga na beira do rio.” avanços na tecnologia afetaram o emprego na Inglaterra e no País
e ausência de termo relacional: “Então pediu pra ela que de Gales. Eles falam em uma “mudança profunda” nas relações de
largasse de tecer o paneiro de guarumá-membeca e levasse ele trabalho. [...]
no mato passear”. Os dados confirmam a ideia de que os robôs livram o homem de
trabalhos pesados ou degradantes. As inovações tecnológicas
GEOGRAFIA reduziram os postos de trabalho em atividades maçantes,
perigosas e repetitivas. O setor agrícola foi o primeiro a se
Questão 112 UEMA beneficiar disso. [...]
O texto a seguir mostra que a latitude constitui um dos fatores que Uma pesquisadora de Massachussets Institute of Technology
fazem de Alcântara um local privilegiado para lançamento de (MIT), especialista nas relações humanosrobôs, é menos alarmista
foguetes e de satélites. em relação à perda de postos para as máquinas. “A automação
pode até ter substituído os humanos em algumas áreas, mas a
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tecnologia atual ainda não é suficiente para o trabalho totalmente Questão 116 UEMA
sem humanos. Isso significa que boa parte do desenvolvimento Leia o fragmento a seguir para responder à questão 10.
hoje vai na direção de termos robôs criados para trabalhar com os
humanos, em vez de substituí-los”, afirmou à PLANETA. Texto VII
Um professor do departamento de Ciência da Computação da
USP preocupa-se com uma troca de mão de obra. “Os robôs Até ali a viagem tinha sido calma, o barco subindo e descendo
deveriam substituir o trabalho humano apenas em duas condições: suavemente na correnteza do canal. Agora tudo mudava. O mar
na medida em que o trabalho desagrada o ser humano e na alto dir-se-ia não querer aceitar no seu dorso o peso da
medida em que se dê um trabalho mais digno para a pessoa embarcação que o vento empurrava, e de repente reagia, com
substituída”, avalia. Para ele, há risco de as pessoas tratarem uma onda alta atrás de outra, sempre rebramindo. A quilha da proa
colegas como máquinas. aceitava o desafio, repetindo a investida bravia, e outra vez a
Revista Planeta. 2017. (Adaptado). toalha de espuma era rasgada ao meio, por entre o rangido da
mastreação.
Considerando as ideias expostas no texto sobre a relação homem A luz da tarde tinha-se tisnado com as primeiras sombras do
e máquina, compreende-se que o artigo apresenta anoitecer. Não se via mais a tonalidade rósea, riscada de barras
a argumentação contrária à inserção da tecnologia moderna no sanguíneas, que tomava o horizonte quando o sol se escondia.
setor agrícola, com analogias. [...]
[...] O próprio vento tinha ali uma voz diferente, a esfuziar no
b sugestão de automação dos robôs como parceria ideal para velame, a correr por cima das ondas. Criado ouvindo-lhe os
plena convivência com o trabalhador, sem concessões. gemidos, Pedro agora o desconhecia. Não era o vento que sibilava
c ideia de que máquinas são infalíveis ante a rejeição à mão de nas palmas dos coqueiros do quintal [...], nem a brisa crepuscular
obra qualificada do profissional, sem justificativa. que levantava o pó do chão [...] espalhava na casa o cheiro ativo
d defesa de que métodos humanos de criatividade tornam-se das latadas de jasmineiro; porém uma força brutal e cega que
obsoletos em confronto com a inteligência da máquina, sem enchia as velas, adernava o barco, alteava as ondas bravias, e era
alternativas. assobio e ameaça, vaia e lamento. [...]
e posicionamentos diversos, conforme as diferentes áreas de MONTELLO, J. Cais da Sagração. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
trabalho, com comparações. 1981.

Questão 115 UERJ Considerando as combinações lexicais responsáveis pelos efeitos


O mapa milenar chinês “Yu Gong” fazia uma divisão esquemática de sentido, a explicação coerente sobre as palavras ou as
de todo o mundo em cinco zonas retilíneas, organizadas de acordo expressões selecionadas é a seguinte:
com os quatro pontos cardeais baseados nos ventos. A civilização
a “tisnado com as primeiras sombras” representa o tom brilhante
encontra-se no núcleo da imagem, destacando o domínio imperial.
da luz esmaecida.
O grau de barbárie aumenta a cada quadrado que se afasta desse
núcleo: governantes tributários, as regiões fronteiriças, os bárbaros b “sibilava”, “adernava”, “enchia” sugerem evocação serena da
“aliados” e, finalmente, a zona selvagem, sem cultura, que incluía memória.
a Europa. c “voz diferente”, “barras sanguíneas”, “força brutal” compõem a
Adaptado de BROTTON, J. Uma história do mundo em doze expressividade de uma onomatopeia.
mapas. Rio de Janeiro: Zahar, 2014. d “rasgada ao meio” expressa a fragilidade do pano de toalha
estendida.
Tal como as teorias científicas, as concepções de mundo e “desafio”, “bravia”, “rangido” caracterizam um espaço
expressas através da cartografia também são aproximações intimidador aos embarcados.
passíveis de ajustes e revisões.
No texto, a descrição do referencial utilizado para a criação de um
mapa milenar chinês aponta para o seguinte aspecto, igualmente
presente em documentos cartográficos de outras culturas:
a atraso técnico da elaboração
b fundamento místico da orientação
c interesse econômico da delimitação
d caráter etnocêntrico da representação
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Questão 117 FUVEST d “Tinha cadeira cativa na igreja, controle total das quermesses
Examine esta propaganda no Largo do Jardim, [...]”.
e “Afinal, quem ajudou a reconstruir a cadeia?”.

Questão 119 UEMA


Texto II

[...]
Almiro foi o primeiro dos Capitães da Areia que caiu com alastrim.
Uma noite, quando o negrinho Barandão o procurou no seu canto
para fazer o amor (aquele amor que Pedro Bala proibira no
trapiche),
Almiro lhe disse:
– Tou com uma coceira danada.
Mostrou os braços já cheios de bolhas a Barandão:
– Parece que também tou queimando de febre.
[...]
Os meninos foram se levantando aos poucos e se afastando
receosos do lugar onde estava Almiro. Este começou a soluçar.
Pedro Bala não tinha chegado ainda. Professor, o Gato e João
Grande também andavam por fora. Daí ter sido o Sem-Pernas
quem dominou a situação. O Sem-Pernas nestes últimos tempos
andava cada vez mais arredio, quase não falava com ninguém.
Fazia espantosas burlas de todo mundo, por tudo puxava uma
briga, [...]
Barandão o olhou assustado. Depois, Sem-Pernas falou para
todos, apontando Almiro com o dedo:
– Ninguém aqui vai ficar bexiguento só por causa deste fresco.
Todos o olhavam, esperando o que ele diria. Almiro soluçava, as
mãos no rosto, encolhido na parede. Sem-pernas falava:
– Ele vai sair daqui agorinha mesmo. Vai se meter em qualquer
canto da rua até que os mata-cachorro da saúde pegue ele e leve
Por ser empregado tanto na linguagem formal quanto na pro lazareto.
linguagem informal, o termo “legal” pode ser lido, no contexto da – Não. Não – rugiu Almiro.
propaganda, respectivamente, nos seguintes sentidos: AMADO, Jorge. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das
a lícito e bom. Letras, 2008.
b aceito e regulado O narrador explora a fluidez da linguagem popular para
estabelecer sua sintaxe, operando na ligação de frases ou de
c requintado e excepcional porções textuais com marcador discursivo, típico da oralidade, a
d viável e interessante exemplo de
e jurídico e autorizado. a “Professor, o Gato e João Grande também andavam por fora”.
Questão 118 UEMA b “O Sem-Pernas nestes últimos tempos andava cada vez mais
Texto VIII arredio, [...]”
c "Daí ter sido o Sem-Pernas quem dominou a situação”.
Dona Petronilha – vamos chamá-la assim, pois como não conheço d “Os meninos foram se levantando aos poucos e se afastando
mesmo ninguém com esse nome, servirá ele para batizar essa receosos [...]”
dama. Dama que existiu com sua voz macia e olhos de aço, [...].
e “Fazia espantosas burlas de todo mundo, por tudo puxava uma
Falar com Dona Petronilha era falar em alma piedosa, sem
briga, [...]”
orgulho, pronta para descer de seu pedestal para se dedicar às
obras de caridade que o jornal local apregoava e que o padre Questão 120 UEMA
mencionava com fartura de detalhes nos sermões de domingo. Texto II
Tinha cadeira cativa na igreja, controle total das quermesses no
Largo do Jardim, nome gravado no mármore da biblioteca e [...]
opinião acatada pelo juiz quando a pequena sala do fórum se Almiro foi o primeiro dos Capitães da Areia que caiu com alastrim.
agitava nos julgamentos locais. Afinal, quem ajudou a reconstruir a Uma noite, quando o negrinho Barandão o procurou no seu canto
cadeia? para fazer o amor (aquele amor que Pedro Bala proibira no
[...] trapiche),
Lembro-me agora da figura bem desenhada de dona Petronilha, a Almiro lhe disse:
de voz macia e olhos de aço. E vejo nessa figura de minha infância – Tou com uma coceira danada.
o símbolo da burguesia diante da qual se curvavam os poderes Mostrou os braços já cheios de bolhas a Barandão:
públicos e a igreja.” – Parece que também tou queimando de febre.
[...] [...]
TELLES, Lygia Fagundes. A disciplina do amor. São Paulo: Os meninos foram se levantando aos poucos e se afastando
Companhia das Letras, 2010. receosos do lugar onde estava Almiro. Este começou a soluçar.
O fragmento em que ocorre contundente subjetividade na crítica Pedro Bala não tinha chegado ainda. Professor, o Gato e João
feita à dona Petronilha é: Grande também andavam por fora. Daí ter sido o Sem-Pernas
a “Falar com Dona Petronilha era falar em alma piedosa, sem quem dominou a situação. O Sem-Pernas nestes últimos tempos
orgulho, pronta para descer de seu pedestal [...]”. andava cada vez mais arredio, quase não falava com ninguém.
b “Dona Petronilha – vamos chamá-la assim, pois como não Fazia espantosas burlas de todo mundo, por tudo puxava uma
conheço mesmo ninguém com esse nome, [...]”. briga, [...]
Barandão o olhou assustado. Depois, Sem-Pernas falou para
c "E vejo nessa figura de minha infância o símbolo da burguesia todos, apontando Almiro com o dedo:
diante da qual se curvavam os poderes públicos e a igreja.” – Ninguém aqui vai ficar bexiguento só por causa deste fresco.
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Todos o olhavam, esperando o que ele diria. Almiro soluçava, as b inserção do narrador na fala das personagens.
mãos no rosto, encolhido na parede. Sem-pernas falava: c isolamento sintático, por parênteses, do vocativo.
– Ele vai sair daqui agorinha mesmo. Vai se meter em qualquer d interlocução devido ao uso de verbos de elocução.
canto da rua até que os mata-cachorro da saúde pegue ele e leve
pro lazareto. e sequência narrativa marcada por orações reduzidas.
– Não. Não – rugiu Almiro.
Questão 123 UEMA
AMADO, Jorge. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das
Texto VI
Letras, 2008.
O meu guri
Embora a narrativa de Capitães da Areia seja em 3ª pessoa, o
narrador utiliza estratégias para revelar pontos de vista
Quando, seu moço, nasceu meu rebento
individualizados ou dar enfoque explicativo a um dado que julga
Não era o momento dele rebentar
importante.
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar
Essa característica está exemplificada no trecho:
Como fui levando não sei explicar
a [...] Barandão o procurou no seu canto para fazer o amor Fui assim levando, ele a me levar
(aquele amor que Pedro Bala proibira no trapiche), [...]” E na sua meninice ele um dia me disse
b “Almiro foi o primeiro dos Capitães da Areia que caiu com
alastrim”. Que chegava lá, olha aí, olha aí
c “Almiro soluçava, as mãos no rosto, encolhido na parede”. Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri e ele chega
d “Mostrou os braços já cheios de bolhas a Barandão:”
e “Todos o olhavam, esperando o que diria”. Chega suado e veloz do batente
Questão 121 UEMA E traz sempre um presente pra me encabular
Texto VIII Tanta corrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço para enfiar
Dona Petronilha – vamos chamá-la assim, pois como não conheço
mesmo ninguém com esse nome, servirá ele para batizar essa Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
dama. Dama que existiu com sua voz macia e olhos de aço, [...]. Chave, caderneta, terço e patuá
Falar com Dona Petronilha era falar em alma piedosa, sem Um lenço e uma penca de documentos
orgulho, pronta para descer de seu pedestal para se dedicar às Pra finalmente eu me identificar, olha aí
obras de caridade que o jornal local apregoava e que o padre Olha aí, ai o meu guri, olha aí
mencionava com fartura de detalhes nos sermões de domingo. Olha aí, é o meu guri e ele chega
Tinha cadeira cativa na igreja, controle total das quermesses no
Largo do Jardim, nome gravado no mármore da biblioteca e Chega no morro com o carregamento
opinião acatada pelo juiz quando a pequena sala do fórum se Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
agitava nos julgamentos locais. Afinal, quem ajudou a reconstruir a Rezo até ele chegar cá no alto
cadeia? Essa onda de assaltos tá um horror
[...]
Lembro-me agora da figura bem desenhada de dona Petronilha, a Eu consolo ele, ele me consola
de voz macia e olhos de aço. E vejo nessa figura de minha infância Boto ele no colo pra ele me ninar
o símbolo da burguesia diante da qual se curvavam os poderes De repente acordo, olho pro lado
E o danado já foi trabalhar, olha aí
públicos e a igreja.”
[...] Olha aí, ai o meu guri, olha aí
TELLES, Lygia Fagundes. A disciplina do amor. São Paulo: Olha aí, é o meu guri e ele chega
Companhia das Letras, 2010.
Chega estampado, manchete, retrato
Ao ressaltar as virtudes de Dona Petronilha, o narrador sugere ao Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
leitor que a narrativa versará sobre Eu não entendo essa gente, seu moço
Fazendo alvoroço demais
a a condição social da mulher.
b o exercício da solidariedade. O guri no mato, acho que tá rindo
c a omissão do poder público. Acho que tá lindo, de papo pro ar
d o trabalho assistencialista da igreja. Desde o começo, eu não disse, seu moço?
Ele disse que chegava lá
e os conflitos sociais oriundos da vida religiosa.

Questão 122 UEMA Olha aí, olha aí


Texto VII Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
Passei o pente no cabelo, abotoei o colete, enfiei o anel no dedo e www.recantodasletras.com.br.chicobuarque.
me olhei no espelho: a imagem (persona) correspondia
exatamente ao juízo que eu (e os outros) faziam de mim. Fechei a Considerando o contexto social, em que essa canção foi escrita,
mala. Tomei o trem. Na recepção do hotel, apresentei meus depreende-se que a letra de O meu guri tem a intenção de
documentos, preenchi a ficha, gratifiquei o moço que me conduzia metaforizar
ao apartamento, descerrei as cortinas para a bela vista e liguei o a a história narrada pelo próprio autor, com intuito pedagógico.
rádio de cabeceira que tocava a Serenata de Schubert. b a saga de mães que resgatam vitoriosamente os filhos da
[...] marginalidade.
TELLES, Lygia Fagundes. A disciplina do amor. São Paulo:
c a luta de crianças abandonadas pela indiferença e pela
Companhia das Letras, 2010.
irresponsabilidade dos pais.
O estilo demarcado pela escritora no trecho em análise d o tema da infância de épocas passadas, em que a educação
caracteriza-se pelo (a) era valorizada pelos poderes constituídos.
a predominância de orações coordenadas.
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
e a vivência de tantas outras crianças no anonimato ante a Questão 126 UERJ
indiferença das instituições sociais constituídas.

Questão 124 UEMA


Texto III

[...]
A revolução chama Pedro Bala como Deus chamava Pirulito nas
noites do trapiche. É uma voz poderosa dentro dele, poderosa
como a voz do mar, como a voz do vento, tão poderosa como uma
voz sem comparação. Como a voz de um negro que canta num
saveiro o samba que Boa-Vida fez: Companheiros, chegou a
hora...
A voz o chama. Uma voz que o alegra, que faz bater seu coração.
Ajudar a mudar o destino de todos os pobres. Uma voz que
atravessa a cidade, que parece vir dos atabaques que ressoam No último quadrinho, formula-se uma analogia moral, quando se
nas macumbas da religião ilegal dos negros. [...] Voz que vem do sugere que não é possível ver tudo o que acontece à frente dos
trapiche dos Capitães da Areia. Que vem do reformatório e do olhos.
orfanato. [...] Voz poderosa como nenhuma outra. Porque é uma
voz que chama para lutar por todos, pelo destino de todos, sem A partir dessa analogia, pode-se chegar à seguinte conclusão:
exceção. Voz poderosa como nenhuma outra. Voz que atravessa a a a verdade absoluta não existe
cidade e vem de todos os lados. Voz que traz com ela uma festa, b a existência não tem explicação
que faz o inverno acabar lá fora e ser a primavera. A primavera da
luta. Voz que chama Pedro Bala, que o leva para a luta. Voz que c o homem não é o centro do mundo
vem de todos os peitos esfomeados da cidade, [...]. Voz que traz o d o curso da vida não pode ser mudado
bem maior do mundo, mesmo maior que o sol: a liberdade. A
Questão 127 UEMA
cidade no dia de primavera é deslumbradoramente bela. Uma voz
Cada língua é um conjunto heterogêneo de falares, cujas
de mulher canta a canção da Bahia. Canção da beleza da Bahia.
variações ocorrem em todos os níveis. “Saudosa maloca” é um
Dentro de Pedro Bala uma voz o chama: voz que traz para a exemplo de variação. Adoniran Barbosa, autor da letra da música
canção da Bahia, a canção da liberdade. Voz poderosa que o
“Saudosa maloca”, é conhecido por criar composições inspiradas
chama. Voz de toda a cidade pobre da Bahia, voz da liberdade. A
nas suas próprias vivências. Leia o fragmento seguinte:
revolução chama Pedro Bala.
AMADO, Jorge. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das
Saudosa maloca
Letras, 2008. “[...]
Mas um dia
Ao incorporar a suposta voz interior de Pedro Bala, o narrador, do
Nóis nem pode se alembrá
ponto de vista da linguagem, constrói um discurso em que
Veio os homes com as ferramenta
predominam
E o dono mandô derrubá
a recursos denotativos para intensificar a defesa da verdade Peguemo todas nossas coisa
concebida pelo personagem. E fumo pro meio da rua
b frases curtas e reiterações em que se cruzam o discurso social Apreciá a demolição
e suas reflexões a respeito do personagem. Que tristeza que nóis sentia
c falas objetivas, restritas a descrições, sem denotar emoção. Cada tauba que caía
Doía no coração
d frases nominais, causando suspense no discurso.
Matogrosso quis gritá
e formas coloquiais, persuasivas com objetivo de aproximar leitor Mas em cima eu falei
e texto. Os homes tá cá razão
Questão 125 UEMA Nóis arranja outro lugá
Leia o texto publicado em revista de grande circulação para Só se conformemo
responder à questão 03. Quando o Joca falou
Deus dá o frio conforme o cobertô.
“Professores, acordem! Caros professores: vocês se meteram em [...]”
uma enrascada. Há décadas, as lideranças de vocês vêm www.vagalume.com.br
construindo um discurso de vitimização. A imagem que vocês
vendem não é de profissionais competentes, mas a de coitadinhos, O verso que exemplifica variação no nível morfossintático e no
estropiados e maltratados. E vocês venceram: a população fonológico é
brasileira está do seu lado, comprou essa imagem (nada seduz a “Cada tauba que caía”.
mais a alma brasileira do que um coitado, afinal).” b “Matogrosso quis gritá”.
IOSCHPE, G. Revista Veja. 2014. c “E o dono mandô derrubá”.
Para sustentar a argumentação são utilizados variados recursos. d “Nóis nem pode se alembrá”.
e “Deus dá o frio conforme o cobertô”.
A seleção léxico-semântica utilizada pelo autor para sustentar a
Texto base 50
argumentação marca o emprego de uma imagem crítica, com um
DICIONÁRIO FEITO POR CRIANÇAS REVELA
tom
UM MUNDO QUE OS ADULTOS NÃO ENXERGAM MAIS
a ambíguo.
b mediador. [1] Em abril, aconteceu a Feira do Livro de Bogotá, e um dos
c complacente. maiores sucessos foi um livro chamado
Casa das estrelas: o universo contado pelas crianças. Nele, há um
d elucidativo.
dicionário com mais de 500
e mordaz. definições para 133 palavras, de A a Z, feitas por crianças.
O curioso deste “dicionário infantil” é como as crianças definem o
mundo através daquilo que
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[5] os adultos já não conseguem perceber. O autor do livro é o e “Não há mal que perdure, não há dor que não se cure’”.
professor Javier Naranjo, que
compilou informações ao longo de dez anos durante as aulas. Ele Questão 130 UEMA
conta que a ideia surgiu Texto V
quando ele pediu aos seus alunos para definirem a palavra Procura da Poesia
“criança”, e uma das respostas que
lhe chamou atenção foi: “uma criança é um amigo que tem o [...]
cabelo curtinho, não toma rum e Penetra surdamente no reino das palavras.
vai dormir cedo”. Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
[10] Veja outros verbetes do livro e as idades das crianças que os Estão paralisados, mas não há desespero,
definiram: há calma e frescura na superfície intata.
• Adulto: pessoa que, em toda coisa que fala, fala primeiro dela Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
mesma. (Andrés, 8 anos) Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
• Água: transparência que se pode tomar. (Tatiana, 7 anos) [...]
• Branco: o branco é uma cor que não pinta. (Jonathan, 11 anos) Não forces o poema a desprender-se do limbo.
• Camponês: um camponês não tem casa, nem dinheiro, somente Não colhas no chão o poema que se perdeu.
seus filhos. (Luis, 8 anos) Não adules o poema. Aceita-o
[15] • Céu: de onde sai o dia. (Duván, 8 anos) Como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
• Dinheiro: coisa de interesse para os outros com a qual se faz no espaço.
amigos e, sem ela, se faz inimigos.
(Ana María, 12 anos) Chega mais perto e contempla as palavras.
• Escuridão: é como o frescor da noite. (Ana Cristina, 8 anos) Cada uma
• Guerra: gente que se mata por um pedaço de terra ou de paz. tem mil faces secretas sob a face neutra
(Juan Carlos, 11 anos) e te pergunta, sem interesse pela resposta,
[20] • Inveja: atirar pedras nos amigos. (Alejandro, 7 anos) pobre ou terrível, que lhe deres:
• Mãe: mãe entende e depois vai dormir. (Juan, 6 anos) Trouxeste a chave?
• Paz: quando a pessoa se perdoa. (Juan Camilo, 8 anos)
• Solidão: tristeza que dá na pessoa às vezes. (Iván, 10 anos) Repara:
• Tempo: coisa que passa para lembrar. (Jorge, 8 anos) ermas de melodia e conceito,
• Universo: casa das estrelas. (Carlos, 12 anos) elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
André Fantin Adaptado de repertoriocriativo.com.br, 22/05/2013. rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
ANDRADE, Carlos Drummond de. A Rosa do Povo. 1 ed. São
Questão 128 UERJ Paulo: Companhia das Letras, 2012.

PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 50 Texto VI


Escuridão: é como o frescor da noite. (l. 18) Profissão de fé

O verbete citado apresenta uma definição poética para o termo [...]


“escuridão”. Invejo o ourives
Quando escrevo:
Essa afirmativa pode ser justificada pelo fato de a autora do Imito o amor
verbete ter optado por Com que ele, em ouro, o alto-relevo
Faz de uma flor.
a priorizar as crenças antes de se pautar pela racionalidade
b construir uma figuração particular sem se ater ao fenômeno Imito-o. E, pois, nem de Carrara
físico A pedra firo:
c expressar seu medo da noite no lugar de descrevê-la O alvo cristal, a pedra rara,
minuciosamente O ônix prefiro.
d apoiar-se na linguagem denotativa ao invés de elaborar um
argumento conotativo Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
Questão 129 UEMA A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.
[...]

Torce , aprimora, alteia, lima


A frase; e, enfim,
no verso de ouro engasta a rima
como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina,


Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Os ditados populares permanecem no tempo e significam, na Sem um defeito.
maioria das vezes, exemplos morais, filosóficos, sem deixar de
carregarem consigo certa carga de humor e de ironia, sendo, por [...]
isso, comumente utilizados na linguagem cotidiana. O ditado Porque o escrever – tanta perícia,
popular que sintetiza o que é exposto na tirinha é Tanta requer,
a “Promessas não pagam dívidas”. Que oficio tal... nem há notícia
De outro qualquer.
b “Após a tempestade vem a bonança”. BILAC, Olavo. Poesia. Rio de Janeiro: Agir, 2005.
c “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. A Rosa do Povo, de Drummond, foi publicada em 1945, ao final da
d “Quem nunca comeu mel quando come se lambuza”. Segunda Guerra Mundial, e traz alguns poemas que enfocam
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anseios e questionamentos advindos desse momento histórico. no alto do convés, os braços muito brancos e
Levando em conta o verso “Trouxeste a chave?”, pode-se inferir descarnados, na camisa leve de mangas curtas.
uma voz A fortuna de origem é da mulher: as velhas
a orgulhosa, que indicia um falante seguro no processo de [30] casas no centro da cidade, os antigos armazéns,
seleção vocabular poética. o sítio da serra, de onde ela desce aos domingos
em companhia do outro, que é o amigo da casa,
b crítica, que se refere à escassez vocabular dos dicionários e da menina.
quanto às palavras que atendem à linguagem poética.
Saem os dois à noite e ele para o seu próprio
c introspectiva, que sinaliza para o leitor a tensão do enigma, [35] automóvel sob os coqueiros na praia. Decerto
resistência x disponibilidade, da palavra ao discurso poético. brigaram mais uma vez, porque ela volta para
d convincente, que exige a necessidade de inventar palavras casa de olhos vermelhos, enrolando nos dedos o
novas para atualizar a linguagem poética. lencinho bordado. Recolhe-se a seu quarto (ela e
e doutrinária, que ensina o leitor a aprisionar as palavras para a seu Feldmann dormem em quartos separados).
criação de uma linguagem poética. [40] Trila o apito do guarda. Os faróis do automóvel
na rua pincelam de luz as paredes, tiram reflexo
Questão 131 UEMA do espelho. Ela permanece insone: o vidro de
A linguagem da propaganda enfrenta o desafio de prender a sua janela é um retângulo de luz na noite.
atenção do destinatário e, por isso, dentre outros recursos, vale-se (Moreira Campos. In Obra Completa – contos II. 1969. p. 120-122.
de meios estilísticos. Originalmente publicado na obra O puxador de terço. Texto
adaptado.)

Atente ao que se diz sobre a apresentação das duas personagens


– “o amigo da casa” e “o dono da casa”.

I. O enunciador faz um confronto tendencioso entre os dois,


levando sutilmente o leitor a pensar na superioridade de um e,
consequentemente, na inferioridade do outro.
II. Na caracterização dos dois, o enunciador trabalha basicamente
com elementos concretos. Deixa ao leitor a tarefa de inferir, das
Para convencer o receptor, observa-se a combinação entre as ações e do comportamento dessas personagens, o que se lhes vai
figuras
no interior.
a sinestesia e sinédoque, trazendo percepções de diferentes III. O narrador, ao apresentar as personagens, o faz da perspectiva
sentidos na parte/todo de uma expressão adverbial. de uma dessas personagens, mostrando-se imparcial, como todos
b onomatopeia e hipérbole, explorando uma reprodução natural os narradores que narram em terceira pessoa.
com intensificação na expressão interjetiva.
c polissíndeto e paralelismo, favorecendo a fluidez da estrutura Está correto o que se diz apenas em
sintática de uma locução substantiva. a II e III.
d ironia e prosopopeia, chamando atenção pelo fingir do não b I e III.
dizer na expressão adjetiva. c I e II.
e eufemismo e disfemismo, agregando ideias de impacto a uma d III.
expressão verbal.
Questão 133 UERJ
Questão 132 UECE
Texto 1

O amigo da casa

[1] A própria menina se prende muito a ele, que


ainda lhe trouxe a última boneca, embora agora
ela se ponha mocinha: encolhe-se na poltrona da
sala sob a luz do abajur e lê a revista de
[5] quadrinhos. Ele é alemão como o dono da casa.
Tem apartamento no hotel da praia e joga tênis
no clube, saltando com energia para dentro do
campo, a raquete na mão. Assiste às partidas
girando no copo de uísque os cubos de gelo. É o
[10] amigo da casa. Depois do jantar, passeia com a
mãe da menina pelo caminho de pedra do
jardim: as duas cabeças – a loira e a preta de
cabelos aparados – vão e vêm, a dele já com
entradas da calva. Ele chupa o cachimbo de
[15] fumo cheiroso, que o moço de bordo vai deixar
no escritório.
O dono da casa é Seu Feldmann. Dirige o seu
pequeno automóvel e é muito delicado.
Cumprimenta sempre todos os vizinhos, até
[20] mesmo os mais canalhas como Seu Deca, fiscal
da Alfândega. “Caso tenha uma aranha na sua perna, é melhor não se mexer.”
Seu Feldmann cumprimenta. Bate com a
cabeça. Compra marcos a bordo e no banco para No quadrinho seguinte, o próprio personagem analisa essa fala
a sua viagem regular à Alemanha. Viaja em como hipotética.
[25] companhia do comandante do cargueiro, em
camarote especial. Então respira o ar marítimo
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A construção de hipótese está marcada na frase do personagem b intimidade
pelo seguinte traço linguístico: c indiferença
a tom de conselho da fala d singularidade
b ordem inversa do período
Questão 135 UEMA
c emprego do conectivo inicial O livro Da arte de falar bem – Crônicas de saudade e bem-querer
d presença de forma negativa –, de José Chagas, trata das suas experiências e vivências no
cotidiano de São Luís e de outras cidades maranhenses.
Texto base 51
SEPARAÇÃO Não tinha mais do que seis anos de idade. E toda essa infância
era gasta em alegrar a casa com risos, cantos e indagações
[1] Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem curiosas. Pelas manhãs, eu gostava de conversar com ela, curvar-
repete um gesto imemorialmente
me um pouco à inocência que, por sua vez, parecia erguer-se
irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à
diante de mim, como ansiosa de aprender as coisas que
porta sentiu que nada poderia
escapavam ao seu limitado mundo e iam fundar as razões do meu
evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história atribulado campo de adulto. E ela não percebia que nesses
do amor, que é a história do
instantes eu me transformava num aprendiz de infância, eu tentava
mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, onde existia uma recordar-me tão pequeno quanto ela.
incompreensão e um anelo1, como Durante os três meses que passei naquela casa de pensão da rua
[5] a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não da Manga, pude medir aos poucos a distância que vai de mim ao
deixasse de ir, por isso que era tudo menino que fui, sentir quanto estou longe de minha própria
impossível entre eles. infância, e compreender afinal que é quase um crime de minha
(...) parte o contato hoje com a infância alheia.
Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois A menina, porém, não tinha nenhum receio. Apenas me achava
se acariciaram ternamente curioso e incompreensível. A minha adquirida lógica de homem
e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe crescido não me deixava assimilar todo o conteúdo de sua
adeus com doçura, virou-se linguagem simples.
e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de [...]
secionar2 aqueles dois mundos Fonte: CHAGAS, José. Da arte de falar bem. São Luís: Instituto
[10] que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar Geia, 2004.
prendera-lhe entre as folhas de madeira A leitura do fragmento revela que o sentimento do cronista, em
o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover relação a si próprio, face aos fatos ocorridos é o seguinte:
do lugar, sentindo o pranto a Hesita quanto ao modo de se relacionar com a menina com
formar-se muito longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, receio de se intrometer na ‘infância alheia’.
como um rio que nasce. b Reconhece que as experiências do mundo da criança são
Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas dispensáveis para o mundo do adulto.
o fato de sabê-la ali ao
c Impõe-se um distanciamento diante da menina, para
lado, e dele separada por imperativos categóricos3 de suas vidas, resguardar a lógica de homem crescido.
não lhe dava forças para d Considera-se, diante de suas lembranças, incapaz de lidar com
[15] desprender-se dela. Sabia que era aquela a sua amada, por a infância alheia.
quem esperara desde sempre e que
por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e e Aproveita a convivência com a menina para ensiná-la sobre o
dolorosa busca. Sabia, também, que que é ser criança.
o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina Questão 136 UEMA
de viver e ele teria, mesmo Mas Clément Tamba sofria da cobiça do ouro, sabendo que algum
como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela dia se jogaria na aventura da riqueza [...]
cada vez mais, cada vez Agora, Clément Tamba vegetava ali, na solidão das lembranças.
mais. E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma [...] Só restavam as lembranças amargas e o fantasma de Cleto
feminina que não era nenhuma outra Bonfim, que vinha levantar na memória esburacada sua outra vida,
[20] forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele a mais forte de todas, a que vivera nos garimpos do rio Calçoene.
abençoara com os seus beijos e “Cheguei. Estou aqui, olhe-me, Clément.”
agasalhara nos instantes do amor de seus corpos. Tentou imaginá- — Bonfim, fiquei com receio de você naquele dia. Você não me
la em sua dolorosa mudez, já inspirou confiança. [...]
envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações “Clément, você me ensinou créole, me convidou a visitar Caiena.
próprias − um ser desligado dele [...] Você não entendia nada de ouro. Eu lhe expliquei, e você,
pelo limite existente entre todas as coisas criadas. muito esperto, aprendeu tudo. Foi lá que você enricou.”
De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua — Senti muito a morte de Firmino – disse Clément.
e pôs-se a andar sem saber “Eu também. Mas eu sempre respeitei a vontade do ouro. Nunca
para onde... pensei que ela pudesse ser contrariada. O ouro para mim sempre
Vinícius de Morais Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: foi um rei encantado, com todos os poderes e vinganças. Ele é
Aguilar, 1986. mau. Ele se vingou do Firmino. Ouro tem poder de Deus. Ele faz a
Questão 134 UERJ alegria, mas também faz a desgraça. Só ele sabe por que se
revelou ao Firmino e depois o matou.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 51 [...]
— O garimpo morreu de banzo — declarou Crescêncio.
Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde — Acabaram todos os ouros. Agora, ficar aqui é a fome, a febre, a
sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais loucura do calor dos meses de verão e o nada nenhum —
terrível e dolorosa busca. (l. 15-16) acrescentou uma sombra.
[...]
Neste trecho, existe um contraste que busca acentuar o seguinte Fonte: SARNEY, José. Saraminda. São Paulo: Siciliano, 2000.
traço relativo à mulher amada: A valorização da mensagem em si mesma, elaborada pela
a distância expressividade das palavras, constitui a função poética presente
no fragmento:
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a ‘ — Senti muito a morte de Firmino — disse Clément.’ “Desde pequeno eu sabia que Superman não existia. Mas também
sabia que meu pai era o
b ‘O garimpo morreu de banzo — declarou Crescêncio’.
verdadeiro Superman”, brincou David Weiss, filho do modelo do
c ‘Cheguei. Estou aqui, olhe-me, Clément.’ herói, em entrevista à Folha
d ‘Você não me inspirou confiança...’ de São Paulo. Weiss cresceu comparando o rosto do pai ao
e ‘Você não entendia nada de ouro.’ desenho pendurado na sala de casa.
Mas logo Joe Shuster, que foi seu principal desenhista, acabaria
Questão 137 UEMA cedendo espaço para novos
Mas Clément Tamba sofria da cobiça do ouro, sabendo que algum [15] cartunistas, que adaptaram a figura aos fatos correntes.
dia se jogaria na aventura da riqueza [...] “Essa mudança é o segredo do Superman. Cada época precisa de
Agora, Clément Tamba vegetava ali, na solidão das lembranças. um herói só seu, e ele sempre
[...] Só restavam as lembranças amargas e o fantasma de Cleto pareceu ser o cara certo”, diz Larry Tye, considerado o maior
Bonfim, que vinha levantar na memória esburacada sua outra vida, estudioso do personagem. “Nos
a mais forte de todas, a que vivera nos garimpos do rio Calçoene. anos 1930, ele tiraria a América da Grande Depressão. Nos anos
“Cheguei. Estou aqui, olhe-me, Clément.” 1940, era duro com os nazistas.
— Bonfim, fiquei com receio de você naquele dia. Você não me Nos anos 1950, lutou contra a onda vermelha do comunismo.”E foi
inspirou confiança. [...] mudando de cara de acordo
“Clément, você me ensinou créole, me convidou a visitar Caiena. [20] com a função.
[...] Você não entendia nada de ouro. Eu lhe expliquei, e você, Invenção dos judeus Jerry Siegel e Joe Shuster, Superman
muito esperto, aprendeu tudo. Foi lá que você enricou.” também é visto como um paralelo
— Senti muito a morte de Firmino – disse Clément. da história de Moisés, a criança exilada que cresce numa terra
“Eu também. Mas eu sempre respeitei a vontade do ouro. Nunca estrangeira e depois se apresenta
pensei que ela pudesse ser contrariada. O ouro para mim sempre como um salvador. A aparência é um misto do também
foi um rei encantado, com todos os poderes e vinganças. Ele é personagem bíblico Sansão, do
mau. Ele se vingou do Firmino. Ouro tem poder de Deus. Ele faz a deus grego Hércules e de acrobatas de circo. Mas há quem
alegria, mas também faz a desgraça. Só ele sabe por que se atribua, até hoje, a dualidade do
revelou ao Firmino e depois o matou. [25] personagem, que se alterna entre o nerd3 indefeso, tímido e
[...] de vista fraca (como Joe Shuster) e
— O garimpo morreu de banzo — declarou Crescêncio. um super-herói possante, à origem judaica dos seus criadores.
— Acabaram todos os ouros. Agora, ficar aqui é a fome, a febre, a “É o estereótipo judeu do homem fraco, tímido e intelectual que
loucura do calor dos meses de verão e o nada nenhum — depois se revela um grande
acrescentou uma sombra. herói”, diz Harry Brod, autor do e-book Superman Is Jewish?
[...] (Superman é judeu?), lançado
Fonte: SARNEY, José. Saraminda. São Paulo: Siciliano, 2000. nos E.U.A. em novembro passado. “Ele é a versão moderna de
Os excertos apresentados possibilitam a percepção de que na Moisés: um bebê de Krypton
trama dessa obra, permeada de magia e de realidade, a despeito [30] enviado à Terra, que desenvolve superpoderes para salvar o
de o homem se caracterizar pela voracidade da ambição, ele tem a seu povo.”
consciência de reconhecer a sua limitação de poder. Segundo Brod, a analogia é tão nítida que os nazistas chegaram a
discutir a suposta relação
O fragmento que comprova essa afirmação é em revistas de circulação interna do regime. Mas, para ele,
a ‘Agora, Clément Tamba vegetava ali, na solidão das Hollywood e o tempo suavizaram o
lembranças. [...]’ paralelo, transformando Superman numa releitura de Jesus Cristo.
“Sua figura foi se tornando
b ‘Você não entendia nada de ouro. Eu lhe expliquei, e você,
mais cristã com o tempo”, diz Brod. ”Não importa a religião. A ideia
muito esperto, aprendeu tudo.’
de um fracote que se torna
c ‘Mas Clément Tamba sofria da cobiça do ouro, sabendo que um herói não deixa de ser uma fantasia universal.”
algum dia se jogaria na aventura da riqueza [...]’ Silas Martí Adaptado de folha.uol.com.br, 03/03/2013.
d ‘— Bonfim, fiquei com receio de você naquele dia. Você não
me inspirou confiança. [...]’ Questão 138 UERJ
e ‘Mas eu sempre respeitei a vontade do ouro. Nunca pensei que PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 52
ela pudesse ser contrariada’.
Não era um pássaro nem um avião. (l. 1)
Texto base 52
Superman: 75 anos A primeira frase do texto remete às perguntas feitas por
personagens que observavam intrigados o voo do Super-homem
Não era um pássaro nem um avião. O verdadeiro Superman era em suas muitas histórias: É um pássaro? É um avião? Não! É o
um pacato contador passando Superhomem!
férias num resort1 ao norte de Nova York.
Joe Shuster, um dos criadores do personagem, junto com Jerry Essa primeira frase configura um recurso da linguagem conhecido
Siegel, descansava na colônia como:
de férias quando encontrou Stanley Weiss, jovem de rosto
quadrado e porte atlético, que ele a ironia
[5] julgou ser a encarnação do herói. Lá mesmo, pediu para b designação
desenhar o moço que serviria de modelo c verossimilhança
para os quadrinhos dali em diante. Só neste ano, esses desenhos d ntertextualidade
estão vindo à tona nos E.U.A.,
como parte das atividades comemorativas dos 75 anos do
personagem.
Embora tenha mantido a aparência de rapagão musculoso,
Superman não foi o mesmo ao longo
dos anos. Nos gibis, oscilou entre mais e menos sarado. Na TV, já
foi mais rechonchudo, até
[10] reencarnar como o púbere2 Tom Welling, da série de TV
“Smallville”.
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Questão 139 UEMA Questão 141 UEMA
O mulato, de Aluísio Azevedo, é considerado a obra inicial do [...] A densidade demográfica, os apartamentos, a violência urbana,
Naturalismo brasileiro. O fragmento a seguir é referência para o rádio e mais tarde a TV ilharam cada indivíduo no casulo
responder às questões de 49 a 51. doméstico. Moro há anos num prédio da Lagoa, tirante os raros e
[...] inevitáveis cumprimentos de praxe no elevador ou na garagem,
O padre Diogo, pois era dele a outra voz, não tivera tempo de fugir não falo com eles nem eles comigo. Não sou exceção. Nesse
e caíra, trêmulo, aos pés de José. Quando este largou das mãos a lamentável departamento, sou regra.
traidora, para se apossar do outro, reparou que a tinha Daí que não entendo a pressão que volta e meia me fazem para
estrangulado. Ficou perplexo e tolhido de assombro. navegar na Internet. Um dos argumentos que me dão é que posso
Houve então um silêncio ansioso. Ouvia-se o resfolegar dos dois falar com pessoas na Indonésia, saber como vão as colheitas de
homens. A situação dificultava-se; mas o vigário, recuperando o arroz na China e como estão os melões na Espanha.
sangue-frio, ergueu-se, concertou as roupas e, apontando para o Para vencer a incomunicabilidade, acredito que o internauta deva
corpo da amante, disse com firmeza: primeiro aprender a se comunicar com o vizinho de porta, de
— Matou-a! Você é um criminoso! prédio, de rua. Passamos uns pelos outros com o desdém de
— Cachorro! E tu?! Tu serás porventura menos criminoso do que nosso silêncio, de nossa cara amarrada. Os suicidas se realizam
eu? porque, na hora do desespero, falta o vizinho que lhe deseje
— Perante as leis, decerto!, porque você nunca poderá provar a sinceramente uma boa-noite.
minha suposta culpa e, se tentasse fazê-lo, a vergonha do fato CONY, H. Crônicas para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva,
recairia toda sobre a sua própria cabeça. 2009.
[...] A leitura do primeiro parágrafo permite ao leitor inferir que, em
O assassino ficou aterrado e abaixou a cabeça. relação à comunicabilidade das pessoas, o cronista
— Vamos lá!... disse o padre afinal, sorrindo e batendo no ombro a confessa-se satisfeito no plano da interação.
do português. Tudo neste mundo se pode arranjar, com a divina
ajuda de Deus... só para a morte não há remédio! Se quiser, a b considera-se loquaz na área onde habita.
defunta será sepultada com todas as formalidades civis e c isenta-se da crítica tecida aos vizinhos.
religiosas... [...] d inclui-se com autenticidade no grupo dos esquivos.
AZEVEDO, A. O mulato. São Paulo: Saraiva, 2010. e restringe-se á convivência diária no prédio onde mora.
\'\'Hipálage é uma figura de linguagem que consiste em se
associar um adjetivo a um substantivo que não é, do ponto de vista Questão 142 UEMA
lógico, o seu determinado correspondente.\'\' [...] A densidade demográfica, os apartamentos, a violência urbana,
o rádio e mais tarde a TV ilharam cada indivíduo no casulo
HENRIQUES, C. C. Estilística e discurso. Rio de Janeiro: EDUERJ doméstico. Moro há anos num prédio da Lagoa, tirante os raros e
, 2011. inevitáveis cumprimentos de praxe no elevador ou na garagem,
não falo com eles nem eles comigo. Não sou exceção. Nesse
Essa figura ocorre no seguinte trecho: lamentável departamento, sou regra.
Daí que não entendo a pressão que volta e meia me fazem para
a \'\'— Matou-a! Você é um criminoso!\'\'
navegar na Internet. Um dos argumentos que me dão é que posso
b \'\'Ficou perplexo e tolhido de assombro.\'\' falar com pessoas na Indonésia, saber como vão as colheitas de
c \'\'Tu serás porventura menos criminoso do que eu?\'\' arroz na China e como estão os melões na Espanha.
d \'\'Tudo neste mundo se pode arranjar, com a divina ajuda de Para vencer a incomunicabilidade, acredito que o internauta deva
Deus...\'\' primeiro aprender a se comunicar com o vizinho de porta, de
e \'\'Houve então um silêncio ansioso. Ouvia-se o resfolegar dos prédio, de rua. Passamos uns pelos outros com o desdém de
dois homens.\'\' nosso silêncio, de nossa cara amarrada. Os suicidas se realizam
porque, na hora do desespero, falta o vizinho que lhe deseje
Questão 140 UEMA sinceramente uma boa-noite.
Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar CONY, H. Crônicas para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva,
para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um 2009.
desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me
ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me Considerando-se o contexto em que são expressas as ideias na
morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para frase “Daí que não entendo a pressão que volta e meia me fazem
sair discretamente pela saída da porta dos fundos. Experimentei para navegar na Internet”, examine as afirmativas a seguir.
quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero. E agora só
quereria ter o que eu tivesse sido e não fui. I - Pode-se deduzir que o cronista privilegia a ideia dos que o
LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. estimulam a ser um internauta.
Na passagem “eu me morreria simbolicamente todos os dias”, o
pronome me exemplifica II - O termo Daí como marcador discursivo sequenciador possibilita
a um uso linguístico inadequado ao contexto do gênero ao leitor compreender no contexto a atitude expressiva do cronista
discursivo de que faz parte o fragmento. nessa frase.
b o emprego pontual da próclise completando a regência verbal III - Pode-se afirmar que o cronista procura dar a sua linguagem
do verbo, de acordo com a norma padrão da língua.
escrita uma feição equivalente à da fala.
c um monólogo sem perder de vista a denotação da linguagem
para evitar desvios ou a subjetividade do leitor. É correto o que se propõe em
d o emprego convencional da linguagem literária que exige a II e III, apenas.
construções sintáticas rigorosas na produção textual.
b II, apenas.
e a importância da subjetividade no emprego da palavra na
linguagem literária para (re)criar interpretações expressivas. c I, II e III.
d III, apenas.
e I e III, apenas.

Questão 143 UECE


Texto 1

O TEMPO
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ficava atoleimado, se escondendo de pessoa
[1] Sobraram de tudo, com mais legendas, [75] estranha, sem saber dar respostas.
o palacete do barão, ruínas, o sobrado do Bichos.
fisco, onde se cobrava o quinto do rei, e a E o mundo se fez silêncio, espaço e
capela, que foi promessa de mulher-dama, tempo infinitos, com aquelas velhas casas
[5] convertida após amealhar ouro e diamantes de olhos vazados, onde ruminavam cabras e
dos forasteiros que chegavam, sendo que [80] carneiros, o telheiro do mercado arriado. Por
essa mesma capela é hoje ninho de força de alguma vida, restou, na esquina, a
morcegos e corujas. Sobraram também as venda de Seu Aniceto, também viveiro de
velhas casas de beirais e cornijas, mais ratos em correria pelas prateleiras, com
[10] sobrados, sem portas nem janelas, olhos uma ou outra garrafa empoeirada.
vazados: fixam o tempo e a eternidade, [85] Por último começou a parar por ali o
parados na tarde. Restaram ainda as velhas caminhão do Nozinho, que traz de longe
de muita velhice. Elas pitam os cachimbos, carregamento de minério descoberto em
comem as próprias bocas e trazem mina nova. Nozinho descobriu, entre as
[15] lembranças do passado. velhas, menina-moça, que quer ir com ele
- Muita coisa a contar, seu moço. [90] na boleia. O caminhão chega em grande
Histórias muitas. alegria de buzina e rádio aberto, as
Foi chão de mineração, com o braço de bandeirinhas coloridas. Todos acorrem, e
rio, a serra, com veios de ouro, o Nozinho, por ele mesmo, é de muita prosa,
[20] pedregulho solto em cor de ferro ou enquanto salta, escarra no chão e tange
ferrugem. No tempo bem mais antigo, [95] com o pé o cachorro magro. Então Seu
muitos escravos, nus da cintura para cima e Aniceto, em nome de todos, talvez, e mais
de calças arregaçadas, mergulhavam as no seu interesse e ainda porque era fim de
bateias e peneiravam o cascalho. Onda de dezembro, supunha, pediu a Nozinho que
[25] aventureiros. Alguns estrangeiros. Abriram lhe trouxesse o tempo marcado. É que
galerias na serra, que hoje são também [100] estavam perdidos dentro do mundo, sem
moradas de morcegos, a picareta seguia o contagem de dia, mês ou ano, mas existindo
filão de ouro. Crimes e iniquidades: o dia e noite para a orientação de todos:
alemão de barbas e botas, que apareceu - Que dia é hoje, por exemplo?
[30] morto e roubado no alpendre da casa; o - Quarta.
preto Ludovico, que, por suspeita, foi [105] Está aí, ninguém sabia.
obrigado a tomar dose dupla de pinhão, E Nozinho, na viagem de volta, trouxe o
para expelir o diamante raro. O negro, com Tempo em forma de calendário, não com
licença da palavra, se desfazia em merda e fotografia de mulher nua, como gostava,
[35] suor, o feitor catando a pedra no chão com mas com a estampa de Nossa Senhora das
a ponta da vara. [110] Dores, o coração trespassado por sete setas,
Dinheiro abundante para gasto e que era assim que apreciavam as velhas de
divertimento de todos. O bar, as cartas, a muita velhice que comiam as próprias bocas
cerveja e as mulheres. Fandangos e bumbameu- e se arrimavam às paredes.
[40] boi. Também as missões de expurgo, (Moreira Campos. Obra completa: contos. p. 326-328.)
quando chegava Frei Nemésio, casando
amancebados e purificando menino pagão, Assinale a opção em que está expresso o objetivo central do
os pecados todos condenados em sermão de conto, que é mostra
fogo pelas barbas venerandas de Frei a o fausto de um lugarejo que vivia da mineração.
[45] Nemésio, e perdoados enfim com a grande
procissão de velas. b a força da Igreja católica sobre os pecadores de um lugarejo
- Senhor Deus, misericórdia. dominado pelo vício.
E a procissão de velas: c a ação destruidora do tempo e do isolamento sobre as coisas e
- Misericórdia. as pessoas.
[50] Outras festas havia. Cavalhadas ou d o incesto como um crime passível de condenação.
justas, por iniciativa do próprio barão, que
se apresentava no palanque em ordem de Texto base 53
comando e respeito, o cebolão de ouro, com De repente voltou-me a ideia de construir o livro. (...)
corrente pesada, no bolso do colete. Desde então procuro descascar fatos, aqui sentado à mesa da
[55] De todos os crimes, o de maior força foi sala de jantar (...).
o desse mesmo barão: viúvo, teve relações Às vezes, entro pela noite, passo tempo sem fim acordando
de incesto com a filha. Daí o abandono de lembranças. Outras vezes não me ajeito com
tudo. O palacete dele em ruínas, coberto esta ocupação nova.
pela erva daninha, refúgio de cobras e [5] Anteontem e ontem, por exemplo, foram dias perdidos. Tentei
[60] lagartos. debalde canalizar para termo razoável
- Que fortes são os poderes de Deus. esta prosa que se derrama como a chuva da serra, e o que me
- E diga. apareceu foi um grande desgosto. Desgosto
Por maldição do crime e também pelo e a vaga compreensão de muitas coisas que sinto.
braço de rio que secou e o veio de ouro que Sou um homem arrasado. Doença? Não. Gozo perfeita saúde. (...)
[65] se perdeu, tudo foi entrando em abandono. Não tenho doença nenhuma.
As levas de homens que se retiravam da O que estou é velho. Cinquenta anos pelo S. Pedro. Cinquenta
noite para o dia. O vazio dos arruados, os anos perdidos, cinquenta anos gastos sem
armazéns que se fechavam. Havia muito [10] objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O resultado é
cerrara as portas o sobrado do fisco para a que endureci, calejei, e não é um arranhão
[70] cobrança do quinto. Menino que se fizesse que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a
rapaz, por insinuação de um ou outro rádio sensibilidade embotada.
de pilhas ou viandante raro que por ali Cinquenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa
passasse, dava para emigrar ou fugir, ou a vida inteira sem saber para quê!
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Comer e dormir como um porco! Como um porco! Levantar-se sua experiência de vida e de leitura for maior,
cedo todas as manhãs e sair correndo, mais a fundo ele chega. O drama atual é levar
procurando comida! E depois guardar comida para os filhos, para essa noção a suas consequências: as ações
os netos, para muitas gerações. Que [80] cotidianas devem realizar na prática a ideia de
[15] estupidez! (...) leitura como interação — ler para entender o
Coloquei-me acima da minha classe, creio que me elevei bastante. mundo, não a intenção de um autor. Muita
Como lhes disse, fui guia de cego, gente admite que o leitor não é um ser isolado
vendedor de doce e trabalhador alugado. Estou convencido de que do mundo. Elogia a leitura que enfatiza a
nenhum desses ofícios me daria os [85] fruição. Mas, no vamovê, limita-se a exigir do
recursos intelectuais necessários para engendrar esta narrativa. leitor o projeto de escrita proposto pelo autor.
Magra, de acordo, mas em momentos de Ou tenta controlar o que ele lê.
otimismo suponho que há nela pedaços melhores que a literatura Esta edição é um modesto painel sobre a
do Gondim. Sou, pois, superior a mestre leitura, ato solitário que requer concentração,
[20] Caetano e a outros semelhantes. Considerando, porém, que [90] feita hoje numa sociedade da distração, em
os enfeites do meu espírito se reduzem a que a irreflexão e a precipitação de juízos
farrapos de conhecimentos apanhados sem escolha e mal cosidos, dominam. Parar para pensar e para ler dá
devo confessar que a superioridade trabalho (Platão: pensar é o diálogo silencioso
que me envaidece é bem mesquinha. de si consigo mesmo). Ler pode nos melhorar,
(...) [95] mas antes exige esforço de querer parar para
Quanto às vantagens restantes – casas, terras, móveis, pensar. Esforço genuíno de liberdade.
semoventes, consideração de políticos, etc. – é Luiz Costa Pereira Junior, editor da revista Língua Portuguesa. Ano
preciso convir em que tudo está fora de mim. 5. Nº 63. Janeiro/ 2011. Seção "Carta ao Leitor''.
Julgo que me desnorteei numa errada.
GRACILIANO RAMOS São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, Atente ao que é dito sobre o vocábulo vamovê (texto 3, linha 85) e
2004. marque com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.

Questão 144 UERJ ( ) Foi construído a partir de duas formas linguísticas que sofreram
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 53 o fenômeno da apócope (supressão de um ou mais fonemas no
final da palavra).
Comer e dormir como um porco! Como um porco! (ℓ. 13) ( ) Mesmo formado por dois verbos, esse vocábulo pertence à
classe dos substantivos.
A repetição das palavras, neste contexto, constitui recurso ( ) Tem o mesmo sentido de "na hora do pega pra capar" e, assim
narrativo que revela um traço relativo ao personagem. como essa outra expressão popular, significa, em outro registro da
língua, "na hora de agir", "na hora de pôr em prática a teoria".
Esse traço pode ser definido como: ( ) Está de acordo com o registro do texto, por isso causa
a carência estranheza ao leitor.
( ) No texto, a expressão que esse vocábulo compõe — no vamovê
b desespero — foi empregada para indicar a distância entre a teoria e a prática,
c inabilidade o que poderia ter sido feito com uma das expressões equivalentes
d intolerância ("na hora de agir", "na hora de pôr em prática a teoria"). Nesse
caso, no entanto, a ideia perderia a força decorrente do impacto
Questão 145 UECE causado pelo novo, pelo inusitado.
TEXTO 3
A sequência correta, de cima para baixo, é:
Leituras e leituras
a V, V, F, V, V.
Ler melhora as pessoas? Há quem não dê b F, V, F, V, V.
[50] garantia absoluta. A filósofa alemã Hannah c V, V, V, F, V.
Arendt já disse (A Vida do Espírito) que leitores d V, F, V, V, F.
refinados estiveram no comando de muitos
campos de concentração nazistas. O argentino Texto base 54
Alberto Manguel lembra, nesta edição, do A ROSA DE HIROXIMA
[55] professor que o instigou a ser escritor, mas se
revelou um dedo-duro da ditadura argentina. Pensem nas crianças
Ler é uma possibilidade de abertura às Mudas telepáticas
experiências que ainda não vivemos na pele. Pensem nas meninas
Em si, nem sempre nos melhora. Pois o que Cegas inexatas
[60] faremos com ela é da nossa alçada. [5] Pensem nas mulheres
Hoje já se sabe que não há leitura "certa" Rotas alteradas
ou "errada", há gradações. Um texto pode Pensem nas feridas
ganhar significações nem sempre previstas Como rosas cálidas
pelo autor. Pois circula, é lido em contextos e Mas oh não se esqueçam
[65] épocas distintos. Já é hegemônica (está nos [10] Da rosa da rosa
Parâmetros Curriculares, de 1998) a ideia da Da rosa de Hiroxima
leitura como fruição e do leitor como A rosa hereditária
construtor de sentidos do texto. A leitura A rosa radioativa
pressupõe cruzamento de saberes e Estúpida e inválida
[70] experiências do leitor com os saberes [15] A rosa com cirrose
propostos pelo texto, como disse Ingedore A antirrosa atômica
Koch, da Unicamp, nesta. Todo texto traz Sem cor sem perfume
coisas implícitas. Como se chega ao que está Sem rosa sem nada.
oculto nele? Ligando o que está no texto ao Vinicius de Moraes, Antologia poética.
[75] nosso saber prévio, diz Ingedore. O leitor com
pouco conhecimento fará leitura mais rasa. Se
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Questão 146 FUVEST tem seus planetas.
Religiões mais conservadoras negam a possibilidade de vida
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 54 extraterrestre, especialmente se for inteligente.
Neste poema, No caso do cristianismo, Deus é o criador e a criação é descrita na
Bíblia, e não vemos qualquer menção de
a a referência a um acontecimento histórico, ao privilegiar a [10] outros mundos e gentes. Pelo contrário, os homens são as
objetividade, suprime o teor lírico do texto. criaturas escolhidas e, portanto, privilegiadas.
b parte da força poética do texto provém da associação da Todos os animais e plantas terrestres estão aqui para nos servir.
imagem tradicionalmente positiva da rosa a atributos negativos, Ser inteligente é uma dádiva que nos põe
ligados à ideia de destruição. no topo da pirâmide da vida.
c o caráter politicamente engajado do texto é responsável pela O que ocorreria se travássemos contato com outra civilização
sua despreocupação com a elaboração formal. inteligente? Deixando de lado as inúmeras
d o paralelismo da construção sintática revela que o texto foi dificuldades de um contato dessa natureza – da raridade da vida
escrito originalmente como letra de canção popular. aos desafios tecnológicos de viagens
[15] interestelares – tudo depende do nível de inteligência dos
e o predomínio das metonímias sobre as metáforas responde, membros dessa civilização.
em boa medida, pelo caráter concreto do texto e pelo vigor de sua Se são eles que vêm até aqui, não há dúvida de que são muito
mensagem.
mais desenvolvidos do que nós. Não
Questão 147 UERJ necessariamente mais inteligentes, mas com mais tempo para
desenvolver suas tecnologias. Afinal,
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 48 estamos ainda na infância da era tecnológica: a primeira
locomotiva a vapor foi inventada há menos de
Vendo-nos a todos naquele estado de aflição, (ℓ. 16) 200 anos (em 1814).
[20] Tal qual a reação dos nativos das Américas quando viram as
O fragmento acima poderia ser reescrito, com o emprego de um armas de fogo dos europeus, o que são
conectivo. capazes de fazer nos pareceria mágica.
Claro, ao abrirmos a possibilidade de que vida extraterrestre
A reescritura que preserva o sentido original do fragmento é: inteligente exista, a probabilidade de que
a caso nos visse a todos naquele estado de aflição sejam mais inteligentes do que nós é alta. De qualquer forma, mais
b porém nos viu a todos naquele estado de aflição inteligentes ou mais avançados
c quando nos viu a todos naquele estado de aflição tecnologicamente, nossa reação ao travar contato com tais seres
seria um misto de adoração e terror.
d não obstante nos ver a todos naquele estado de aflição [25] Se fossem muito mais avançados do que nós, a ponto de
Questão 148 FUVEST haverem desenvolvido tecnologias que os
Já na segurança da calçada, e passando por um trecho em obras liberassem de seus corpos, esses seres teriam uma existência
que atravanca nossos passos, lanço à queima-roupa: apenas espiritual. A essa altura, seria difícil
— Você conhece alguma cidade mais feia do que distingui-los de deuses.
São Paulo? Por mais de 40 anos, cientistas vasculham os céus com seus
— Agora você me pegou, retruca, rindo. Hã, deixa eu ver... radiotelescópios tentando ouvir sinais de
Lembro-me de La Paz, a capital da Bolívia, que me pareceu bem civilizações inteligentes. (...) Infelizmente, até agora nada foi
feia. Dizem que Bogotá é muito feiosa também, mas não a encontrado. Muitos cientistas acham essa
conheço. Bem, São Paulo, no geral, é feia, mas as pessoas têm [30] busca uma imensa perda de tempo e de dinheiro. As chances
uma disposição para o trabalho aqui, uma vibração de que algo significativo venha a ser
empreendedora, que dá uma feição muito particular à cidade. encontrado são extremamente remotas.
Acordar cedo em São Paulo e ver as pessoas saindo para Em quais frequências os ETs estariam enviando os seus sinais? E
trabalhar é algo que me toca. Acho emocionante ver a garra dessa como decifrá-los? Por outro lado, os
gente. que defendem a busca afirmam que um resultado positivo mudaria
R. Moraes e R. Linsker. Estrangeiros em casa: uma caminhada profundamente a nossa civilização.
pela selva urbana de São Paulo. National Geographic Brasil. A confirmação da existência de outra forma de vida inteligente no
Adaptado. universo provocaria uma revolução.
Os interlocutores do diálogo contido no texto compartilham o [35] Alguns até afirmam que seria a maior notícia já anunciada de
pressuposto de que todos os tempos. Eu concordo.
Não estaríamos mais sós. Se os ETs fossem mais avançados e
a cidades são geralmente feias, mas interessantes. pacíficos, poderiam nos ajudar a lidar com
b o empreendedorismo faz de São Paulo uma bonita cidade. nossos problemas sociais, como a fome, o racismo e os confrontos
c La Paz é tão feia quanto São Paulo. religiosos. Talvez nos ajudassem a
d São Paulo é uma cidade feia. resolver desafios científicos. Nesse caso, quão diferentes seriam
dos deuses que tantos acreditam existir?
e São Paulo e Bogotá são as cidades mais feias do mundo.
Não é à toa que inúmeras seitas modernas dirigem suas preces às
Texto base 55 estrelas e não aos altares.
Astroteologia Marcelo Gleiser Folha de São Paulo, 01/03/2009

Questão 149 UERJ


Aparentemente, foi o filósofo grego Epicuro que sugeriu, já em
torno de 270 a.C., que existem inúmeros PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 55
mundos espalhados pelo cosmo, alguns como o nosso e outros
completamente diferentes, muitos deles Todo texto argumentativo é construído com base na apresentação
com criaturas e plantas. e defesa de pontos de vista.
Desde então, ideias sobre a pluralidade dos mundos têm ocupado
uma fração significativa do debate A premissa do autor a favor de pesquisas interplanetárias apoia-
[5] entre ciência e religião. Em um exemplo dramático, o monge se, sobretudo, na possibilidade de:
Giordano Bruno foi queimado vivo pela a incentivar o interesse por outras civilizações
Inquisição Romana em 1600 por pregar, dentre outras coisas, que b livrar os seres humanos dos confrontos religiosos
cada estrela é um Sol e que cada Sol
c encorajar os cientistas na busca de novos desafios
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d conduzir a humanidade a profundas transformações Texto base 57
Texto base 56 O diálogo a seguir serve de base para responder às questões 07 e
Science Fiction 08. Leia-o com atenção.

O marciano encontrou-me na rua LENTZ — Até agora não vejo probabilidade da raça negra atingir a
e teve medo de minha impossibilidade humana. civilização dos brancos. Jamais a África ...
Como pode existir, pensou consigo, um ser
que no existir põe tamanha anulação de existência? MILKAU — O tempo da África chegará. As raças civilizam-se pela
[5] Afastou-se o marciano, e persegui-o. fusão; é no encontro das raças adiantadas com as raças virgens,
Precisava dele como de um testemunho. selvagens, que está o repouso conservador, o milagre do
Mas, recusando o colóquio, desintegrou-se rejuvenescimento da civilização. O papel dos povos superiores é o
no ar constelado de problemas. instintivo impulso do desdobramento da cultura, transfundindo de
E fiquei só em mim, de mim ausente corpo a corpo o produto dessa fusão que, passada a treva da
gestação, leva mais longe o capital acumulado nas infinitas
Carlos Drummond de Andrade Nova reunião. São Paulo: José gerações. Foi assim que a Gália se tornou França e a Germânia,
Olympio, 1983. Alemanha.

Questão 150 UERJ LENTZ — Não acredito que da fusão com espécies radicalmente
incapazes resulte uma raça sobre que se possa desenvolver a
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 56 civilização. Será sempre uma cultura inferior, civilização de
O poema narra uma cena comum na ficção científica: o encontro mulatos, eternos escravos em revoltas e quedas. Enquanto não se
eliminar a raça que é o produto de tal fusão, a civilização será
de um ser humano com um marciano. Entretanto, o poeta dá à
cena um caráter inesperado, resultante de um procedimento de sempre um misterioso artifício, todos os minutos rotos pelo
construção poética que consiste na combinação de elementos sensualismo, pela bestialidade e pelo servilismo inato do negro. O
problema social para o progresso de uma região como o Brasil
distintos.
está na substituição de uma raça híbrida, como a dos mulatos, por
Em Science Fiction, esses elementos distintos são: europeus. A imigração não é simplesmente para o futuro da região
do País um caso de simples estética, é antes de tudo uma questão
a inclusão de frase interrogativa – menção ao cenário da rua complexa, que interessa o futuro humano.
b ênfase na temática existencial – presença do personagem ARANHA, G. (1868-1931). Canaã. 3 ed. São Paulo: Martins Claret,
extraterrestre 2013.
c postura indagadora do eu poético – ocorrência de um desfecho
Questão 152 UEMA
imprevisível
d interlocução no interior do poema – desaparecimento PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 57
fantasioso do alienígena
O pré-modernismo não é considerado um estilo de época, pois
apresenta uma multiplicidade de temáticas. É entendido como um
LITERATURA período literário brasileiro que faz a transição entre o simbolismo e
Questão 151 FUVEST o modernismo. Por isso, é possível encontrar, nas obras dessa
Martín Fierro acredita na importância da contribuição intelectual época, características de estilos passados, como parnasianismo,
da América, prévia tesourada a todo cordão umbilical. Acentuar e realismo, naturalismo e simbolismo.
generalizar para as demais manifestações intelectuais o
movimento de independência iniciado, no idioma, por Ruben Darío, O fragmento de Canaã em que há predomínio de traços
não significa, entretanto, que haveremos de renunciar, nem muito característicos do movimento simbolista é
menos que finjamos desconhecer que todas as manhãs nos a “Pelas frestas das árvores, pela transparência das folhas,
servimos de um creme dental sueco, de umas toalhas francesas e desce uma claridade discreta, e nessa suave iluminação se
de um sabonete inglês. desenrola dentro do mato o cenário pomposo das cores. Elas são
Martín Fierro tem fé em nossa fonética, em nossa visão, em em si vivas e quentes, mas a gradação da sombra, que ora
nossas maneiras, em nosso ouvido, em nossa capacidade avança, ora se afasta, comunica-lhes da negrura do verde ao
digestiva e de assimilação. desmaio do branco a matização completa e triunfal.”
“Manifesto Martín Fierro”, de Oliverio Girondo, 15/5/1924. In: Jorge b “Era um grande ajuntamento de colonos da região. Alguns
Schwartz, Vanguardas latino-americanas: polêmicas, manifestos e estavam ali havia trinta anos, e a sua pele era amarela, encolhida
textos críticos. São Paulo: EDUSP; Iluminuras; FAPESP, 1995, p. como pergaminho; outros ainda eram louros e jovens. Trajavam as
116. suas melhores roupas, o que fazia também uma mistura de modas
de muitas épocas, conservada religiosamente em trajes que se
A revista de vanguarda literária Martín Fierro foi fundada em não acabavam mais.”
Buenos Aires, na Argentina, em 1924.
c “— Era preciso formar-se do conflito de nossas espécies
humanas um tipo de mestiço, que se conformando melhor com a
O “Manifesto”, publicado no seu nº 4, apresentava sintonias com o
movimento modernista paulistano, ao natureza, com o ambiente físico, e sendo a expressão das
qualidades médias de todos, fosse o vencedor e eliminasse os
a propor a ruptura com tradições estéticas e valorizar a extremos geradores. Perfeito ..."
autonomia criativa local, sem desprezar os intercâmbios com a
d “Os dois brasileiros interessavam-se ardentemente por esses
Europa. contos vindos de um mundo desconhecido e que lhes sugeriam a
b defender a obediência aos modelos artísticos da França e da reminiscência de tantas outras histórias europeias a eles
Inglaterra, reconhecendo sua contribuição intelectual. transmitidas e adulteradas pelos povos brancos, primeiros
c repudiar o movimento de independência iniciado, na língua geradores da sua raça mestiça”.
espanhola, pelo poeta nicaraguense Ruben Darío. e “Enquanto a conversação se ia desenrolando mansamente,
d buscar inspiração nos modos de expressão popular e artística viram passar pelo caminho, à beira do rio, um velho muito alto e
originários da América e revolucionar os hábitos de consumo. magro, armado de espingarda e carregando um animal morto a
e condenar a inquietação intelectual e a experimentação literária gotejar sangue pelas feridas, que Joca declarou ser uma paca."[...]
em favor da cultura de massas e do conformismo.
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Questão 153 UEMA
Pois que tem que a gente inclua
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 49 No mesmo alastrante amor
As metamorfoses experimentadas pelo herói no percurso da obra Pessoa animal ou cousa
concorrem para a solidez do epíteto “herói sem nenhum caráter”. Ou seja lá o que for,
Só porque os banha o esplendor
Além dessas transformações, Macunaíma apresenta, ao longo da Daquela a quem se ama tanto?
narrativa, indícios de sua falta de caráter, tal como se comprova no E sendo desta maneira,
trecho: Não me culpeis, por favor,
Da chama que ardente abrasa
a “Nem bem teve seis anos deram água num chocalho pra ele e O nome de vossa rua,
Macunaíma principiou falando como todos.” Vossa gente e vossa casa
b “ele botou corpo num átimo e ficou um príncipe lindo.”
c “e pediu pra Sofará que o levasse até o derrame do morro lá E vossa linda macieira
dentro do mato” Que ainda ontem deu flor...
d “No outro dia esperou com o olho esquerdo dormindo que a QUINTANA, M. Esconderijos do tempo. Rio de Janeiro: Objetiva,
mãe principiasse o trabalho.” 2013.
e “ele principiou choramingando, que tinha muita formiga!” Nesse poema, marcado pelo senso de humor, reconhece-se,
Texto base 58 fortemente, características da poesia medieval trovadoresca nos
TEXTO PARA A QUESTÃO versos:
a “Pois que tem que a gente inclua
Leusipo perguntou o que eu tinha ido fazer na aldeia. Preferi achar No mesmo alastrante amor
que o tom era amistoso e, no meu paternalismo ingênuo, comecei Pessoa animal ou cousa”
a lhe explicar o que era um romance. Eu tentava convencê-lo de b “Não me culpeis, por favor,
que não havia motivo para preocupação. Tudo o que eu queria Da chama que ardente abrasa
saber já era conhecido. E ele me perguntava: "Então, por que você O nome de vossa rua,
quer saber, se já sabe?" Tentei lhe explicar que pretendia escrever
c “Senhora, eu vos amo tanto
um livro e mais uma vez o que era um romance, o que era um livro
Que até por vosso marido
de ficção (e mostrava o que tinha nas mãos), que seria tudo
Me dá um certo quebranto...”
historinha sem nenhuma consequência na realidade. Ele seguia
incrédulo. Fazia-se de desentendido, mas na verdade só queria d “Ou seja lá o que for,
me intimidar. As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Só porque os banha o esplendor
Eu tentava dizer que, para os brancos que não acreditam em Daquela a quem se ama tanto?”
deuses, a ficção servia de mitologia, era o equivalente dos mitos e “E vossa linda macieira
dos índios, e antes mesmo de terminar a frase, já não sabia se o Que ainda ontem deu flor...”
idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a não ser: "O que você
quer com o passado?”. Repetia. E, diante da sua insistência Questão 156 UEMA
bovina, tive de me render à evidência de que eu não sabia Leia o trecho a seguir para responder à questão.
responder à sua pergunta.
Bernardo Carvalho, Nove noites. Adaptado. No mocambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer
festinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se
Questão 154 FUVEST afastava. Nos machos guspia na cara. Porém respeitava os velhos
e frequentava com aplicação a murua a poracê o torê o bacororô a
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 58 cucuicogue, todas essas danças religiosas da tribo.
Andrade, M. Macunaíma. Porto Alegre: L&PM, 2018.
Na cena apresentada, que explora o desconforto gerado pela difícil
interlocução com o indígena, o narrador
Após apresentar fatos sobre as traquinagens do herói, o narrador,
a abandona a ideia de investigar o passado, ao se ver no último período, apresenta argumentação que consolida a tese
encurralado por Leusipo. de uma entidade moral para a personagem, por meio de
b explora a sua posição ameaçadora de homem branco, ao a exemplificação por apresentação de analogias.
insistir em permanecer na aldeia.
b explicitação por testemunho apoiado nos fatos.
c age com ousadia, ao procurar subjugar Leusipo a contribuir
com o seu projeto. c comparações temporais indefinidas.
d informação caricata e falaciosa.
d identifica-se com a sabedoria de Leusipo, ao preterir do papel
interrogativo e se deixar questionar. e inferências extraídas de uma citação.
e sente-se frustrado com a reação de Leusipo, que não se deixa Questão 157 FUVEST
levar por sua diplomacia. Rubião fitava a enseada, — eram oito horas da manhã. Quem o
visse, com os polegares metidos no cordão do chambre, à janela
Questão 155 UEMA
de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava
Mario Quintana, poeta gaúcho, foi um dos maiores expoentes da
aquele pedaço de água quieta; mas em verdade vos digo que
literatura brasileira. Com estilo eclético, estreou em 1940,
desafiando os críticos literários por se ter tornado um poeta pensava em outra coisa. Cotejava o passado com o presente. Que
era, há um ano? Professor. Que é agora! Capitalista. Olha para si,
popular. Sua poesia é compreensível sem ser banal; sua
para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente
originalidade é natural; suas metáforas são claras, mas, ao mesmo
amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a
tempo, surpreendentes.
enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as chinelas
Leia o poema Solau à moda antiga para responder à questão. até o céu, tudo entra na mesma sensação de propriedade.
— Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensa ele.
Se mana Piedade tem casado com Quincas Borba, apenas me
Senhora, eu vos amo tanto
daria uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e
Que até por vosso marido
aqui está tudo comigo; de modo que o que parecia uma
Me dá um certo quebranto...
desgraça...
Machado de Assis, Quincas Borba.
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c reproduz a lógica do determinismo social.
O primeiro capítulo de Quincas Borba já apresenta ao leitor um d atinge a neutralidade do espírito maduro.
elemento que será fundamental na construção do romance: e revira os lados contrários da opinião.
a a contemplação das paisagens naturais, como se lê em “ele
admirava aquele pedaço de água quieta”. Questão 160 FUVEST
b a presença de um narrador-personagem, como se lê em “em PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 58
verdade vos digo que pensava em outra coisa”.
c a sobriedade do protagonista ao avaliar o seu percurso, como As respostas do narrador às perguntas de Leusipo são uma
se lê em “Cotejava o passado com o presente”. tentativa de disfarçar o caráter
d o sentido místico e fatalista que rege os destinos, como se lê a fabular do romance, inspirado nas lendas e tradições dos
em “Deus escreve direito por linhas tortas”. Krahô.
e a reversibilidade entre o cômico e o trágico, como se lê em “de b investigativo do romance, embasado em testemunhos dos
modo que o que parecia uma desgraça...”. Krahô.
c político do romance, a respeito das condições de vida dos
Texto base 59 Krahô.
A questão refere-se ao romance Triste Fim de Policarpo
Quaresma, de Lima Barreto. d etnográfico do romance, através do registro da cultura dos
Krahô.
Questão 158 UERJ e biográfico do romance, relatando sua vivência junto aos Krahô.
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 59 Questão 161 FUVEST
Saiu e andou. Olhou o céu, os ares, as árvores de Santa Teresa, e PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 5
se lembrou que, por estas terras, já tinham errado tribos
selvagens, das quais um dos chefes se orgulhava de ter no A “estranha potência” que a voz lírica ressalta nas palavras
sangue o sangue de dez mil inimigos. Fora há quatro séculos. decorre de uma combinação entre
Olhou de novo o céu, os ares, as árvores de Santa Teresa, as a fluidez nos ventos do presente e conteúdo fixo no passado.
casas, as igrejas; viu os bondes passarem; uma locomotiva apitou; b forma abstrata no espaço e presença concreta na história.
um carro, puxado por uma linda parelha, atravessou-lhe na frente,
quando já a entrar do campo... Tinha havido grandes e inúmeras c leveza impalpável na arte e vigor nos documentos antigos.
modificações. Que fora aquele parque? Talvez um charco. Tinha d sonoridade ruidosa nos ares e significado estável no papel.
havido grandes modificações nos aspectos, na fisionomia da terra, e lirismo irrefletido da poesia e peso justo dos acontecimentos.
talvez no clima... Esperemos mais, pensou ela; e seguiu
serenamente ao encontro de Ricardo Coração dos Outros. Questão 162 FUVEST
TERCEIRA PARTE Remissão
V - A Afilhada
Tua memória, pasto de poesia,
Com base no fragmento, o final do romance, apesar de triste, tua poesia, pasto dos vulgares,
como anuncia o próprio título, contém uma mensagem de vão se engastando numa coisa fria
otimismo, expressa nos pensamentos da personagem Olga, a que tu chamas: vida, e seus pesares.
afilhada de Policarpo.
Mas, pesares de quê? perguntaria,
O otimismo se justifica pela expectativa de: se esse travo de angústia nos cantares,
seo que dorme na base da elegia
a avanço civilizatório vai correndo e secando pelos ares,
b resistência popular
c progresso industrial e nada resta, mesmo, do que escreves
d miscigenação étnica e te forçou ao exílio das palavras,
senão contentamento de escrever,
Questão 159 FUVEST
— Posso furar os olhos do povo? enquanto o tempo, e suas formas breves
Esta frase besta foi repetida muitas vezes e, em falta de coisa ou longas, que sutil interpretavas,
melhor, aceitei-a. Sem dúvida. As mulheres hoje não vivem como se evapora no fundo do teu ser?
antigamente, escondidas, evitando os homens. Tudo é descoberto, Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.
cara a cara. Uma pessoa topa outra. Se gostou, gostou; se não
gostou, até logo. E eu de fato não tinha visto nada. As aparências Claro enigma apresenta, por meio do lirismo reflexivo, o
mentem. A terra não é redonda? Esta prova da inocência de posicionamento do escritor perante a sua condição no mundo.
Marina me pareceu considerável. Tantos indivíduos condenados
injustamente neste mundo ruim! O retirante que fora encontrado Considerando-o como representativo desse seu aspecto, o poema
violando a filha de quatro anos — estava aí um exemplo. As “Remissão”
vizinhas tinham visto o homem afastando as pernas da menina, a traduz a melancolia e o recolhimento do eu lírico em face da
todo o mundo pensava que ele era um monstro. Engano. Quem sensação de incomunicabilidade com uma realidade indiferente à
pode lá jurar que isto é assim ou assado? Procurei mesmo sua poesia.
capacitar-me de que Julião Tavares não existia. Julião Tavares era
uma sensação. Uma sensação desagradável, que eu pretendia
afastar de minha casa quando me juntasse àquela sensação b revela uma perspectiva inconformada, mesclando-a, livre da
agradável que ali estava a choramingar. indulgência dos anos anteriores, a um novo formalismo estético.
Graciliano Ramos, Angústia. c propõe, como reação do poeta à vulgaridade do mundo, uma
poética capaz de interferir na realidade pelo viés nostálgico.
Em termos críticos, esse fragmento permite observar que, no plano d reflete a visão idealizada do trabalho do poeta e a consciência
maior do romance Angústia, o ponto de vista da perenidade da poesia, resistente à passagem do tempo.
a se acomoda nos limites da vulgaridade.
b tenta imitar a retórica dos dominantes.
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e realiza a transição do lirismo social para o lirismo b dirigir-se furtivamente à casa do toma-largura.
metafísico, caracterizado pela adesão ao conforto espiritual e ao c levar-lhe da mesma comida servida ao rei.
escapismo imaginativo. d preocupar-se com a qualidade de sua alimentação.
Questão 163 UEMA e prestar-lhe um favor sem segundas intenções.
O Surrealismo, movimento vanguardista, trazia como princípios a
prevalência do automatismo psíquico em estado puro e a Questão 166 UEMA
expressão do pensamento de maneira automática e espontânea, O texto a seguir é parte de um dos sermões do Padre Antônio
gerando, na escrita literária, imagens impulsionadas pelo Vieira pregado na Irmandade dos Pretos de um engenho da Bahia,
inconsciente. em 1633. Esse discurso traça uma semelhança entre o Cristo
crucificado e a condição de trabalho daqueles que lá se
As poesias de Mario Quintana, não muito raro, trazem imagens encontravam.
que dialogam com a proposta surrealista, como se pode observar
no seguinte conjunto de versos, extraído do livro de poemas Escreve o Padre Antônio Vieira:
Esconderijos do tempo:
Em um engenho, sois imitadores de Cristo crucificado (...) porque
a “O poeta é belo porque os seus farrapos / são do tecido da padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor
eternidade” padeceu na sua cruz, e em toda sua Paixão. A sua cruz foi
b “E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade, / eu nem composta de dois madeireiros, e a vossa em um engenho é de
olhava o relógio” três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes
c “..., mas eu queria ter nascido numa dessas casas de meia- entraram na Paixão: uma vez servindo para o escárnio e outra vez
água / com o telhado descendo logo após as fachadas” para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi
d “Eu queria escrever uns versos para Ray Bradbury, / o de noite, parte de dia, sem descansar, e tais são as vossas noites
primeiro que, depois da infância, conseguiu encantar- me com e os vossos dias. Cristo despido e vós despidos; Cristo sem
suas mágicas” comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós
maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas,
e “As moças das cidades pequenas / com o seu sorriso e o os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação,
estampado claro de seus vestidos”
que se for acompanhada de paciência, também terá merecimento
Questão 164 UEMA de martírio (...) Em todas invenções e instrumentos de trabalho
parece que não achou o Senhor outro mais que parecido fosse
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 4 com o seu, que o vosso. A propriedade e energia desta
comparação é porque no instrumento da Cruz e na oficina de toda
O trecho de “Cartas pras Icamiabas” em que se identifica a Paixão, assim, como nas outras em que se espreme o sumo dos
intertextualidade, com efeitos de paródia, relativa à passagem da frutos, assim foi espremido todo o sangue da humanidade
produção poética do poeta português Luís Vaz de Camões, é sagrada.
a “Haveis de saber que esse vocábulo, tão familiar às vossas CIDADE, Hermani (org.), Padre Vieira. Lisboa: Sá da Costa, 1940.
trompas de Eustáquio, é quasi desconhecido por aqui.”
b “Nem cinco sóis eram passados que de vós nos partíramos, Além dos aspectos religiosos, o sermão de Padre Antônio Vieira
quando a mais temerosa desdita pesou sobre Nós.” evoca outro aspecto ideológico referente à ocultação de um
c “— não sois conhecidas por “icamiabas”, voz espúria, sinão discurso.
que pelo apelativo de Amazonas;”
Numa leitura na perspectiva da atualidade, o leitor é levado a
d “Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a inferir que esse discurso seja o da
literatura desta missiva. Cumpre-nos, entretanto, iniciar estas
linhas...” a discussão sobre valores éticos.
e “Mas não nos sobra já vagar para discretearmos “sub tegmine b busca do bem comum.
fagi”[...] c aceitação da escravidão.
d integração de caráter social.
Questão 165 UEMA
O texto a seguir, extraído do capítulo Caldo Entornado, serve de e enaltecimento de virtudes humanas.
base para responder à questão. Questão 167 UEMA
O trecho a seguir foi extraído do poema Evocação do Recife, de
[...] Um dia o toma-largura tinha saído em serviço; ninguém Manuel Bandeira.
esperava por ele tão cedo; eram onze horas da manhã. O
Leonardo, por um daqueles milhares de escaninhos que existem [...]
na ucharia, tinha ido ter à casa do toma-largura. Ninguém porém A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
pense que era para maus fins. Pelo contrário era para o fim muito Vinha da boca do povo na língua errada do povo
louvável de levar à pobre moça uma tigela de caldo do que há Língua certa do povo
pouco fora mandado a el-rei... Obséquio de empregado da ucharia. Porque ele fala gostoso o português do Brasil
Não há aqui nada de censurável. Seria entretanto muito digno de Ao passo que nós
censura que quem recebia tal obséquio não o procurasse pagar O que fazemos
com um extremo de civilidade; a moça convidou pois ao Leonardo É macaquear
para ajudá-la a tomar o caldo. E que grosseiro seria ele se não A sintaxe lusíada
aceitasse tão belo oferecimento? Aceitou.[...] A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
ALMEIDA, M. A. Memórias de um Sargento de Milícias. Porto Terras que não sabia onde ficavam
Alegre: L&PM, 2015. Recife...
[...]
No livro Memórias de um Sargento de Milícias, são relatados
BANDEIRA, M. Libertinagem. 2 ed. São Paulo: Global, 2013.
alguns dos casos amorosos do personagem Leonardo.
Nos dois versos: “A vida não me chegava pelos jornais nem pelos
No fragmento acima, considerando a ironia do narrador, a ideia de livros” [...] / “A vida com uma porção de coisas que eu não entendia
que Leonardo teria um interesse particular pela jovem encontra bem”, o eu-lírico retoma
respaldo no fato de o personagem
a a sua memória afetiva com delicadeza.
a visitá-la tão somente na ausência do marido.
b as histórias lidas em livros à época da infância.
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c a ideologia do passado com autocrítica. e Romantismo.
d as vivências infantis de modo indiferente.
Questão 171 Albert Einstein
e as frustrações vividas na infância. Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra
Questão 168 FUVEST a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu
Por narrativas paralelas entende-se um procedimento literário de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus
segundo o qual dois ou mais fios narrativos pertencentes a níveis dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga
distintos de realidade se desenrolam intercaladamente formando desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer
um todo. foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e
tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu
Considerando-se a sua estrutura, as duas narrativas que podem dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o lazareto. Omolu
ser identificadas com base nessa definição são: só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto
é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a
a Quincas Borba e Nove noites bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão.
b Campo geral e Terra sonâmbula Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam
c Angústia e Campo geral tampouco da vacina.
d Nove noites e Terra sonâmbula (Jorge Amado. Capitães da areia, 2008.)
e Quincas Borba e Angústia O texto literário, publicado em 1937, fala da epidemia de bexiga
Texto base 60 (varíola) e
Leia o poema de Fernando Pessoa para responder à questão. a reconhece a circulação global das doenças bacterianas e a
facilidade de combatê-la em meios sociais pobres.
As rosas amo dos jardins de Adônis1, b identifica a origem africana da varíola e a baixa resistência da
Essas volucres2 amo, Lídia, rosas, população afrodescendente de Salvador à doença.
Que em o dia em que nascem, c combina percepções médicas, religiosas e sociais sobre a
Em esse dia morrem. epidemia de varíola na cidade de Salvador.
A luz para elas é eterna, porque d associa cientificidade, preconceito social e política de
Nascem nascido já o sol, e acabam confinamento no combate à epidemia de varíola em Salvador.
Antes que Apolo3 deixe e despreza a dimensão mística e os saberes populares acerca
O seu curso visível. das doenças e seus métodos de prevenção.
Assim façamos nossa vida um dia,
Questão 172 UEMA
Inscientes4, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 9
O pouco que duramos.
(Obra poética, 1997.) Do conjunto de propostas defendidas pelo grupo modernista de 22,
o poema Lenda brasileira ilustra o recurso do/a
1Adônis: na mitologia grega, um jovem de notável beleza, o a fragmentação poética, assinalada pela presença do elemento
favorito da deusa Afrodite. religioso.
2volucre: efêmero, transitório. b nacionalismo crítico, marcado pela incorporação da oralidade.
c
3Apolo: na mitologia grega, o deus do Sol.
c revisionismo do passado histórico, tematizando a cultura
4insciente: não ciente, ignorante. popular.
d poema-piada, com versos irônicos, livres e satíricos.
Questão 169 Albert Einstein
e poema em prosa, com recuperação de elementos do folclore
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 60 brasileiro.

No poema, o eu lírico aspira à Texto base 61


a beleza das rosas. TEXTOS PARA A QUESTÃO
b inconsciência das rosas.
Os textos literários são obras de discurso, a que falta a imediata
c imortalidade dos deuses. referencialidade da linguagem corrente; poéticos, abolem,
d transitoriedade da luz. “destroem” o mundo circundante, cotidiano, graças à função
e indiferença dos deuses. irrealizante da imaginação que os constrói. E prendem‐nos na teia
de sua linguagem, a que devemo poder de apelo estético que nos
Questão 170 Albert Einstein enleia; seduz‐nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...). No
O Classicismo considerava o poeta como servidor da obra, entanto, da adesão a esse “mundo de papel”, quando retornamos
elaborada segundo regras eternas e destinada a certos fins de ao real, nossa experiência, ampliada e renovada pela experiência
ordem moral e catártica. Este novo movimento tende a se importar da obra, à luz do que nos revelou, possibilita redescobri‐lo,
mais com a autoexpressão da subjetividade do poeta. A verdade sentindo‐o e pensando‐o de maneira diferente e nova. A ilusão, a
poética não é mais obtida pela “imitação da natureza” e sim pela mentira, o fingimento da ficção, aclara o real ao desligar‐se dele,
“sinceridade” e “autenticidade” da autoexpressão. A obra, antes transfigurando‐o; e aclara‐o já pelo insight que em nós provocou.
válida enquanto objeto perfeito, vale agora sobretudo enquanto Benedito Nunes, “Ética e leitura”, de Crivo de Papel.
revelação da verdade íntima do criador. A “perfeição” é nociva na
medida em que suprime a sinceridade e a espontaneidade. O que eu precisava era ler um romance fantástico, um romance
(Anatol Rosenfeld. Texto/Contexto I, 1996. Adaptado.) besta, em que os homens e as mulheres fossem criações
absurdas, não andassem magoando‐se, traindo‐se. Histórias
O novo movimento a que o texto se refere é o fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas leituras já não
a Parnasianismo. me comovem.
b Arcadismo. Graciliano Ramos, Angústia.
c Naturalismo. Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado de
d Simbolismo. ratos, cheio de podridões, de lixo. Nenhuma concessão ao gosto
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do público. Solilóquio doido, enervante.
Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, em nota a respeito de O Diabo ouve o pretexto do Onzeneiro, mas não se deixa levar
seu livro Angústia. pelos artifícios da eloquência do passageiro.

Questão 173 FUVEST Essa atitude do Diabo pode ser comprovada no verso
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 61 a “não cures de mais linguagem.”
b “Oh! Que má-hora venhais,”
Se o discurso literário “aclara o real ao desligar‐se dele,
transfigurando‐o”, pode‐se dizer que Luís da Silva, o narrador‐ c “onzeneiro meu parente!”
protagonista de Angústia, já não se comove com a leitura de d “não vos livrar o dinheiro.”
“histórias fáceis, sem almas complicadas” porque e “Para onde tu hás-de ir;”
a rejeita, como jornalista, a escrita de ficção. Questão 176 UEMA
b prefere alienar‐se com narrativas épicas. O Auto da Barca do Inferno é uma das três peças que compõem a
c é indiferente às histórias de fundo sentimental. Trilogia das Barcas do teatro vicentino. Gil Vicente é autor do
d está engajado na militância política. período literário português, conhecido como Humanismo.
e se afunda na negatividade própria do fracassado.
Texto I
Questão 174 UERJ
ANJO: Que mandais?
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 12
FIDALGO: Que me digais,
JOANA:
pois parti tão sem aviso,
se a barca do paraíso
(...)
Olhando eles assim, sem sofrimento, é esta em que navegais.
imóveis, sorrindo até, flutuando,
ANJO: Esta é; que lhe buscais?
olhando eles assim, fiquei pensando:
podem acordar a qualquer momento
FIDALGO: Que me deixeis embarcar;
Se eles acordam, minha vida assim
do jeito que ela está destrambelhada, sou fidalgo de solar,
é bem que me recolhais.
sem pai, sem pão, a casa revirada,
se eles acordam, vão olhar pra mim
[...]
Vão olhar pro mundo sem entender
Vão perder a infância, o sonho e o sorriso
pro resto da vida... Ouçam, eu preciso ANJO: Pra vossa fantasia
mui pequena é esta barca.
de vocês e vocês vão compreender:
duas crianças cresceram pra nada,
FIDALGO: Pra senhor de tal marca
pra levar bofetada pelo mundo,
não há aqui mais cortesia?
melhor é ficar num sono profundo
VICENTE, Gil. Auto da Barca do Inferno. São Paulo: FTD, 1997.
com a inocência assim cristalizada
Os diálogos entre o anjo e o fidalgo põem em discussão não só os
O fragmento da cena acima contém um índice, para os leitores, da
construção da história. valores de um mundo medieval, mas também do mundo
contemporâneo. A atualidade dessa discussão decorre de que o
homem de hoje, ainda, assume falsos posicionamentos
A função desse índice é:
semelhantes ao de uma das personagens da cena.
a provocar catarse
b preparar o desfecho Essa atualidade é apresentada, por meio de
c caracterizar o cenário a limitações retóricas.
d apresentar a personagem b alianças subversivas.
Questão 175 UEMA c falhas na comunicação.
O Texto II mostra um diálogo entre o Diabo e a segunda d atos de falas impositivas.
personagem, o Onzeneiro, quando chega à Barca do Inferno. e comportamentos antidemocráticos.

Leia-o para responder à questão proposta. Questão 177 Albert Einstein


Então o meu príncipe, sucumbido, arrastou os passos até ao seu
Texto II gabinete, começou a percorrer todos os aparelhos
complementadores e facilitadores da Vida – o seu Telégrafo, o seu
ONZENEIRO: Para onde caminhais? Telefone, o seu Fonógrafo, o seu Radiômetro, o seu Grafofone, o
DIABO: Oh! Que má-hora venhais, seu Microfone, a sua Máquina de Escrever, a sua Máquina de
onzeneiro meu parente! Contar, a sua Imprensa Elétrica, a outra Magnética, todos os seus
[...] utensílios, todos os seus tubos, todos os seus fios... Assim um
DIABO: Ora mui muito me espanto suplicante percorre altares donde espera socorro. E toda a sua
não vos livrar o dinheiro. suntuosa Mecânica se conservou rígida, reluzindo frigidamente,
ONZENEIRO: Nem tão só para o barqueiro sem que uma roda girasse, nem uma lâmina vibrasse, para
não me deixaram nem tanto. entreter o seu Senhor.
[...] O trecho acima é da obra A Cidade e as Serras, de Eça de
E para onde é a viagem? Queirós, escrita em 1901 e que integra a fase pós-realista da
DIABO: Para onde tu hás-de ir; produção do autor. Deste romance é correto afirmar que
estamos para partir, a compõe um conjunto de obras batizado pelo autor de “Cenas
não cures de mais linguagem. da Vida Portuguesa”, caracterizando um vasto painel da sociedade
[...] lisboeta, retratada em seus múltiplos aspectos.
VICENTE, Gil. Auto da Barca do Inferno. São Paulo: FTD, 1997.
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b analisa a corrupção e a depravação dos costumes numa Questão 180 UEMA
cidade provinciana fortemente influenciada pelo clero, assim como Texto
critica a pequena e média burguesia locais.
c retrata a sociedade de Lisboa, ou seja, a alta burguesia, a Bucólica nostálgica
aristocracia, a diplomacia, artistas e jornalistas, criando um quadro
da vida romântica como sinônimo de comportamento burguês. Ao entardecer no mato, a casa entre
d engendra uma oposição entre a industrializada Paris e uma bananeiras, pés-de-manjericão e cravo-santo,
pequena aldeia portuguesa, concluindo que a verdadeira felicidade aparece dourada. Dentro dela, agachados,
só pode ser encontrada na vida pura do campo. na porta da rua, sentados no fogão, ou aí mesmo,
rápidos como se fossem ao Êxodo, comem
Texto base 62 feijão com arroz, taioba, ora-pro-nobis,
Vestindo água, só saído o cimo do pescoço, o burrinho tinha de muitas vezes abóbora.
se enqueixar para o alto, a salvar também de fora o focinho. Uma Depois, café na canequinha e pito.
peitada. Outro tacar de patas. Chu-áa! Chu-áa... — ruge o rio, O que um homem precisa pra falar,
como chuva deitada no chão. Nenhuma pressa! Outra remada, entre enxada e sono: Louvado seja Deus!
vagarosa. No fim de tudo, tem o pátio, com os cochos, muito milho, PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991.
na Fazenda; e depois o pasto: sombra, capim e sossego...
Nenhuma pressa. Aqui, por ora, este poço doido, que barulha A expressão “aí mesmo”, no texto, denota, ao mesmo tempo
como um fogo, e faz medo, não é novo: tudo é ruim e uma só localização e inclusão, e gera a possibilidade de
coisa, no caminho: como os homens e os seus modos, costumeira a sátira acerca dos costumes rurais.
confusão. É só fechar os olhos. Como sempre. Outra passada, na
b aproximação entre homens reunidos.
massa fria. E ir sem afã, à voga surda, amigo da água, bem com o
escuro, filho do fundo, poupando forças para o fim. Nada mais, c isolamento contemplativo no entardecer.
nada de graça; nem um arranco, fora de hora. Assim. d denúncia da miséria vivida pelas famílias.
João Guimarães Rosa. O burrinho pedrês, Sagarana. e identificação ante a escassez cotidiana de alimentos.
Questão 178 FUVEST Texto base 63
Voltada para o encanto da vida livre do pequeno núcleo
PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 62 aberto para o campo, a jovem Helena, familiar a todas as
No conto de Guimarães Rosa a que pertence o excerto, a classes sociais daquele âmbito, estava colocada num invejável
presença de um animal que é “sábio” e forma juízos supõe uma ponto de observação. (...)
concepção da natureza {5} Sem querer forçar um conflito que, a bem dizer, apenas
se esboça, podemos atribuir parte desta grande versatilidade
a contrária àquela que é expressa pelo Anjo, no Auto da barca psicológica da protagonista aos ecos de uma formação
do inferno. britânica, protestante, liberal, ressoando num ambiente de
b idêntica à de Jacinto (A cidade e as serras), que se converte ao corte ibérico e católico, mal saído do regime de trabalho
culto da natureza virgem e intocável, quando escolhe a vida rural. {10} escravo. Colorindo a apaixonada esfera de independência da
c contrária à que, predominantemente, se afirma na poesia de juventude, reveste-se de acentuado sabor sociológico este caso
Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. da menina ruiva que, embora inteiramente identificada com o
d idêntica àquela que é exposta pelo autor de Vidas secas, no meio de gente morena que é o seu, o único que conhece e ama,
prefácio que escreveu para o livro. não vacila em o criticar com precisão e finura notáveis, se essa
{15} lucidez não traduzisse a coexistência íntima de dois mundos
e semelhante à que se manifesta, sobretudo, nos capítulos finais
culturais divergentes, que se contemplam e se julgam no
de Memórias de um sargento de milícias.
interior de um eu tornado harmonioso pelo equilíbriomesmo de
Questão 179 FUVEST suas contradições.
Texto para a questão Alexandre Eulálio, “Livro que nasceu clássico”. In: Helena Morley,
Minha vida de menina
Noite de S. João para além do muro do meu quintal.
Questão 181 FUVEST
Do lado de cá, eu sem noite de S. João.
Porque há S. João onde o festejam. PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 63
Para mim há uma sombra de luz de fogueiras na noite,
Um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos. De acordo com Alexandre Eulálio, a protagonista do romance
E um grito casual de quem não sabe que eu existo. Minha vida de menina
Alberto Caeiro, Poesia. a vivencia um conflito – uma ideia fortalecida por “a bem dizer”
(L. 5).
Considerando-se este poema no contexto das tendências b apresenta certo vínculo com o protestantismo – uma ideia
dominantes da poesia de Caeiro, pode-se afirmar que, neste texto, sintetizada por “ecos de uma formação britânica” (L. 7-8).
o afastamento da festa de São João é vivido pelo eu-lírico como
c formou-se num meio alheio ao trabalho escravo – um fato
a oportunidade de manifestar seu desapreço pelas festividades referido por “num ambiente de corte ibérico e católico” (L. 8-9).
que mesclam indevidamente o sagrado e o profano.
d rejeita as influências do meio em que vive – uma característica
b ânsia de integração em uma sociedade que o rejeita por causa revelada por “precisão e finura notáveis” (L. 14).
de sua excentricidade e estranheza.
e tem a sua lucidez psicológica abalada pelas ambivalências de
c uma ocasião de criticar a persistência de sua educação – um traço reiterado por “equilíbrio mesmo de suas
costumes tradicionais, remanescentes no Portugal do Modernismo. contradições” (L. 17-18).
d frustração, uma vez que não experimenta as
emoções profundas nem as reflexões filosóficas que tanto aprecia.
e reconhecimento de que só tem realidade efetiva o
que corresponde à experiência dos próprios sentidos.
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
Questão 182 UEMA [25] A pena nem sempre é ajudada pela inteligência; ao passo que
Texto a máquina fotográfica funciona
sempre sob a égide5 da soberana Verdade, a coberto das
Solar inumeráveis ciladas da Mentira, do
Equívoco e da Miopia intelectual. Vereis que não hão de ser tão
Minha mãe cozinhava exatamente: frequentes as controvérsias…
arroz, feijão-roxinho, molho de batatinhas. (...)
Mas cantava. Não insistamos sobre os benefícios da grande revolução que a
PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991. fotogravura vem fazer no
jornalismo. Frisemos apenas este ponto: o jornal-animatógrafo terá
Nesse texto poético, fala-se de uma mãe que canta ao mesmo a utilidade de evitar que
tempo em que faz o preparo racional dos alimentos. A introdução [30] nossas opiniões fiquem, como atualmente ficam, fixadas e
do verbo cantar pela conjunção mas, nesse contexto, anuncia, conservadas eternamente, para
além da ressalva,
gáudio6 dos inimigos… Qual de vós, irmãos, não escreve todos os
a um evento conclusivo. dias quatro ou cinco tolices
b uma ideia de alternância. que desejariam ver apagadas ou extintas? Mas, ai! de todos nós!
c uma relação de explicação. Não há morte para as nossas
d um elemento de excepcionalidade. tolices! Nas bibliotecas e nos escritórios dos jornais, elas ficam (...)
catalogadas.
e uma situação de complementaridade.
No jornalismo do Rio de Janeiro, já se iniciou a revolução, que vai
ser a nossa morte e a
PORTUGUÊS
[35] opulência7 dos que sabem desenhar. Preparemo-nos para
Texto base 64 morrer, irmãos, sem lamentações
Fotojornalismo ridículas, aceitando resignadamente a fatalidade das coisas, e
consolando-nos uns aos outros
Vem perto o dia em que soará para os escritores a hora do com a cortesia de que, ao menos, não mais seremos obrigados a
irreparável desastre e da derradeira escrever barbaridades…
desgraça. Nós, os rabiscadores de artigos e notícias, já sentimos Saudemos a nova era da imprensa! A revolução tira-nos o pão da
que nos falta o solo debaixo boca, mas deixa-nos aliviada
dos pés… Um exército rival vem solapando os alicerces em que a consciência.
até agora assentava a nossa Olavo Bilac, Gazeta de Notícias, 13/01/1901.
supremacia: é o exército dos desenhistas, dos caricaturistas e dos
ilustradores. O lápis destronará Questão 183 UERJ

[5] a pena: ceci tuera cela1. PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 64
O público tem pressa. A vida de hoje, vertiginosa e febril, não
admite leituras demoradas, nem O texto, apesar de escrito no início do século XX, demonstra
reflexões profundas. A onda humana galopa, numa espumarada surpreendente atualidade, conferida sobretudo por uma
bravia, sem descanso. Quem semelhança entre a vida moderna da época e a experiência
não se apressar com ela será arrebatado, esmagado, exterminado. contemporânea.
O século não tem tempo a
perder. A eletricidade já suprimiu as distâncias: daqui a pouco, Essa semelhança está exemplificada na passagem apresentada
quando um europeu espirrar, em:
[10] ouvirá incontinenti2 o “Deus te ajude” de um americano. E a O público tem pressa. (l. 6)
ainda a ciência humana há de achar o b As palavras são traidoras, e a fotografia é fiel. (l. 24)
meio de simplificar e apressar a vida por forma tal que os homens c Não há morte para as nossas tolices! (l. 32-33)
já nascerão com dezoito anos, d Nas bibliotecas e nos escritórios dos jornais, elas ficam (...)
aptos e armados para todas as batalhas da existência. catalogadas. (l. 33)
Já ninguém mais lê artigos. Todos os jornais abrem espaço às
ilustrações copiosas, que entram
pelos olhos da gente com uma insistência assombrosa. As
LITERATURA
legendas são curtas e incisivas: toda
[15] a explicação vem da gravura, que conta conflitos e mortes,
casos alegres e casos tristes.
É provável que o jornal-modelo do século 20 seja um imenso
animatógrafo3, por cuja tela vasta
passem reproduzidos, instantaneamente, todos os incidentes da
vida cotidiana. Direis que as
ilustrações, sem palavras que as expliquem, não poderão doutrinar
as massas nem fazer uma
propaganda eficaz desta ou daquela ideia política. Puro engano.
Haverá ilustradores para a sátira,
[20] ilustradores para a piedade.
(...) Demais, nada impede que seja anexado ao animatógrafo um
gramofone de voz tonitruosa4,
encarregado de berrar ao céu e à terra o comentário, grave ou
picante, das fotografias.
E convenhamos que, no dia em que nós, cronistas e noticiaristas,
houvermos desaparecido da
cena – nem por isso se subverterá a ordem social. As palavras são
traidoras, e a fotografia é fiel.
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
Questão 184 UEMA (Mensagem, de Fernando Pessoa, 2.ª parte)
Considerando que os textos podem dialogar entre si, leia o poema
de Adélia Prado e, em seguida, compare com versos selecionados Em I, o Gigante Adamastor fala aos navegantes portugueses que
de outros autores para responder à questão 01. queriam, pioneiramente, atravessar o Cabo das Tormentas a
caminho das Índias; em II, o timoneiro fala ao mostrengo o porquê
Texto I de a embarcação lusitana estar enfrentando os perigos do mar.

Com licença poética A partir dos excertos e dos comentários, assinale a afirmação que
esteja incorreta.
Quando nasci um anjo esbelto, a Ambos os fragmentos trazem em suas falas o sentido de
desses que tocam trombeta, anunciou: coletividade do povo português.
vai carregar bandeira.
b Os dois excertos fazem menção ao fundamento histórico da
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada. expansão ultramarina promovida por Portugal.
Aceito os subterfúgios que me cabem, c A fala do Gigante, em I, acusa os portugueses de guerreiros
sem precisar mentir. cruéis; a do timoneiro, em II, é mais branda, tem um tom de
Não sou tão feia que não possa casar, pedido.
acho o Rio de Janeiro uma beleza e d Camões, poeta clássico renascentista, usou a medida nova
ora sim, ora não, creio em parto sem dor. dos versos decassílabos; Fernando Pessoa, modernista, fez
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. métrica irregular.
Inauguro linhagens, fundo reinos e Metaforicamente, os fragmentos demonstram que a expansão
− dor não é amargura. lusitana passou por obstáculos caros ao ser humano.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria, Questão 186 CESMAC
sua raiz vai ao meu mil avô. O Renascimento foi importante para refazer conceitos estéticos e
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. literários.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991. Merecem destaque na literatura:
a Boccaccio e Cervantes.
Os versos que apresentam diálogo com esse poema são
b Picabia e Diderot.
a “Boi espantosamente, boi c Da Vinci e Voltaire.
Morto, sem forma ou sentido
d Santo Agostinho e Rembrandt.
Ou significado.”
(Boi morto, Manuel Bandeira) e Giordano Bruno e Montesquieu
b “Meu Deus, eu quero a mulher que passa. Questão 187 UNICAMP
Seu dorso frio é um campo de lírio, Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Tem sete cores nos seus cabelos Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Sete esperanças na boca fresca!” Todo o mundo é composto de mudança,
(Mulher que passa, Vinicius de Moraes) Tomando sempre novas qualidades.
c “Mas, afinal
Só as criaturas que nunca escreveram Continuamente vemos novidades,
Cartas de Amor Diferentes em tudo da esperança:
É que são ridículas.” Do mal ficam as mágoas na lembrança,
(Cartas de amor, Fernando Pessoa) E do bem (se algum houve) as saudades.
d “[...] essa dor da vida que devora
A ânsia da glória, o dolorido afã... O tempo cobre o chão de verde manto,
A dor no peito emudeceria ao menos Que já coberto foi de neve fria,
Se eu morresse amanhã!” E em mim converte em choro o doce canto.
(Se eu morresse amanhã, Álvares de Azevedo)
E afora este mudar-se cada dia,
e “Quando nasci, um anjo torto
Outra mudança faz de mor espanto,
Desses que vivem na sombra
Que não se muda já como soía*.
Disse: vai, Carlos! Ser gauche na vida.”
(Poema de sete faces, Carlos Drummond de Andrade) (Luís Vaz de Camões)

Questão 185 ESPM *soía: terceira pessoa do pretérito imperfeito do indicativo do verbo
Considere os dois excertos que seguem. “soer” (costumar, ser de costume).
(Luís de Camões, 20 sonetos. Campinas: Editora da Unicamp,
I p.91.)

E disse: “Ó gente ousada, mais que quantas Indique a afirmação que se aplica ao soneto escrito por Camões.
No mundo cometeram grandes cousas, a O poema retoma o tema renascentista da mudança das coisas,
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas, que o poeta sente como motivo de esperança e de fé na vida.
E por trabalhos vãos nunca repousas (...)” b A ideia de transformação refere-se às coisas do mundo, mas
(Os Lusíadas, Luís de Camões, canto V) não afeta o estado de espírito do poeta, em razão de sua crença
amorosa.
II
c Tudo sempre se renova, diferentemente das esperanças do
Aqui ao leme sou mais do que eu: poeta, que acolhem suas mágoas e saudades.
Sou um povo que quer o mar que é teu; d Não apenas o estado de espírito do poeta se altera, mas
E mais que o mostrengo, que me a alma teme também a experiência que ele tem da própria mudança.
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme, Questão 188 Unichristus
De El-Rei D. João Segundo!
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Depois de 1924, sucede a fase das declarações e descobertas, e II, III e IV.
predomina a exploração do inconsciente, as narrações dos
sonhos, as experiências com o sono hipnótico e, também, a partir Questão 190 ITA
de 1925, a fase de conscientização política, quando a frase de Em “Teoria do medalhão”, por que o pai recomenda ao filho que
Marx (“transformar o mundo”) vinha completar e substituir a de use a chalaça e despreze a ironia?
Rimbaud. Desejavam agora levar a poesia à ação: de método de
investigação do subconsciente, a poesia ia passar a instrumento Assinale a alternativa correta.
de agitação social. Para Breton, a arte autêntica era a que estava a porque a ironia exige reflexão e originalidade.
ligada à atividade revolucionária, coisa com que alguns elementos b porque a chalaça é mais filosófica e inventiva do que a ironia.
do grupo não concordaram.
c porque a ironia garante uma publicidade constante, barata e
TELLES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo
fácil.
brasileiro. 19. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. P.217.
d porque a ironia faz descansar o cérebro, restituindo-lhe as
Esse fragmento está relacionado ao forças e a atividade perdida.

a Impressionismo e porque a chalaça exercita o cérebro.


b Cubismo FILOSOFIA
c Futurismo
d Expressionismo Questão 191 UECE
e Surrealismo “Todo o ser que só pode agir sob a ideia da liberdade é, por isso
mesmo, em sentido prático, verdadeiramente livre. Quer dizer,
Questão 189 PUC-PR para ele valem todas as leis que estão inseparavelmente ligadas à
Leia o poema “A morte absoluta” de Manuel Bandeira: liberdade, exatamente como se a sua vontade fosse definida como
livre em si mesma. A todo o ser racional que tem uma vontade,
Morrer. temos que atribuirlhe necessariamente também a ideia de
Morrer de corpo e de alma. liberdade, sob a qual ele unicamente pode agir.”
Completamente. Kant, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. port.
Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, p. 16 – Adaptado.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
a exangue máscara de cera, Considerando a citação acima, é correto afirmar que
cercada de flores, a vontade livre é a vontade determinada pela razão.
que apodrecerão – felizes! – num dia,
b o agir livre, na prática, é espontâneo e involuntário.
banhada de lágrimas
nascidas menos da saudade do que do espanto da morte. c o ser racional é impulsivo e necessariamente livre.
d liberdade é verdadeiramente agir pelas paixões.
Morrer sem deixar porventura uma alma errante…
A caminho do céu? Questão 192 UECE
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu? “A extrema desigualdade na maneira de viver, o excesso de
ociosidade por parte de uns, o excesso de trabalho de outros, [...]
Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra, os alimentos demasiadamente requintados, que nos nutrem de
a lembrança de uma sombra sucos abrasantes e nos sobrecarregam de indigestões, a má
em nenhum coração, em nenhum pensamento, alimentação dos pobres, [...]: eis, pois, as funestas garantias de
que a maioria dos males é fruto de nossa própria obra, e de que
em nenhuma epiderme.
seriam quase todos evitados se conservássemos a maneira
Morrer tão completamente simples, uniforme e solitária de viver, que nos foi prescrita pela
que um dia ao lerem o teu nome num papel Natureza.”
perguntem: “Quem foi?…” Rousseau, J.-J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da
desigualdade entre os homens. São Paulo: Editora Nova Cultural,
Morrer mais completamente ainda, 1999, p. 61 – Coleção Os Pensadores.
– sem deixar sequer esse nome.
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 9. ed. Rio de Janeiro: Por meio do trecho acima, é correto concluir que, para Rousseau,
J. Olympio, 1982, p. 148-149. a as desigualdades existentes entre os homens não são
naturais, mas decorrentes da sociedade.
Com base nesse poema, considere as seguintes afirmativas: b alguns homens vivem melhor, pois trabalham mais, enquanto
outros vivem no ócio e na pobreza.
I. Este poema demonstra que o poeta, não obstante os novos c as desigualdades entre os homens são resultado da natureza e
temas adquiridos com o modernismo, nunca abandonou a temática independem da vontade humana.
da morte, tão caro aos influxos simbolistas de suas origens.
d a natureza humana impede que haja desigualdades entre os
II. “A morte absoluta”, do livro Lira dos cinquent’anos, é um sinal da
persistência, em sua fase madura, dos temas e das formas homens, mesmo na vida em sociedade.
modernistas de sua juventude. Questão 193 UECE
III. Embora fortemente influenciado pelo futurismo italiano, os Leia com atenção o seguinte diálogo entre Galileu e o garoto
temas tradicionais da lírica ocidental perduram ao longo de toda a Andrea, personagens da peça Vida de Galileu (1938-39), do
obra do porta pernambucano. dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956):
IV. Desde que contraiu tuberculose na juventude, o tema da
finitude humana impregnou a sensibilidade do poeta, como o “GALILEU – Você entendeu o que eu lhe expliquei
demonstra este poema. ontem?
ANDREA – O quê? Aquela história de Copérnico e da
É CORRETO somente o que se afirma em: rotação da Terra?
a I e IV. GALILEU – É.
b I e III. ANDREA – Por que o senhor quer que eu entenda? É
muito difícil, e eu ainda não fiz onze anos,
c II e IV.
vou fazer em outubro.
d I, II e III. GALILEU – Mas eu quero que você entenda. É para
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que se entendam essas coisas que eu propriedade privada, para Locke, já existia assim nesse hipotético
trabalho e compro livros caros em vez de “estado de natureza” anterior à formação das sociedades e é,
pagar o leiteiro. neste sentido, um “direito natural” de todo indivíduo que nasce livre
ANDREA – Mas eu vejo que o Sol de noite não está e não pode ser violado pelo Estado ou por outros. Em termos
onde estava de manhã. Quer dizer que ele gerais, Locke é um dos pensadores contratualistas que
não pode ficar parado! Nunca, jamais... fundamentaram o individualismo liberal ou o liberalismo político do
GALILEU – Você vê?! O que você vê? Você não vê século XVII. Concepção liberal que, ainda nos tempos atuais,
nada! Você arregala os olhos, mas reverbera em debates sobre as melhores orientações para o
arregalar os olhos não é ver. governo das sociedades contemporâneas, defendendo tanto as
Galileu põe a bacia de ferro no centro do quarto e diz: liberdades individuais como a livre economia.
GALILEU – Bem, isto é o Sol (aponta para a bacia).
Sente-se aí (aponta para a cadeira). Acerca dessa concepção liberal, assinale a afirmação verdadeira.
Andrea se senta na única cadeira, tendo a bacia à sua a A passagem de um estado de natureza para o convívio em um
esquerda; Galileu fica de pé, atrás dele, e pergunta: Estado tem a finalidade de preservação da propriedade privada e
GALILEU – Onde está o Sol, à direita ou à esquerda? das liberdades.
ANDREA – À esquerda.
GALILEU – Como fazer para ele passar para a direita? b O pensamento do liberalismo político defende que todos os
indivíduos devem ser liberais na economia e conservadores nos
ANDREA – O senhor carrega a bacia para a direita,
claro. costumes.
GALILEU – E não tem outro jeito? c Os liberais possuem um enorme desprazer no convívio com
Galileu levanta Andrea e a cadeira do chão, coloca-os outros quando não existe um poder soberano para manter todos
do outro lado da bacia e pergunta: em respeito.
GALILEU – Agora, onde está o Sol? d O pensamento liberal defende que não é a força do Estado que
ANDREA – À direita. importa para a vida em sociedade, mas a força da tradição e da
GALILEU – E ele se moveu? ordem natural.
ANDREA – Ele, não.
GALILEU – O que é que se moveu? Questão 196 UECE
ANDREA – Eu. Thomas Hobbes (1588-1679) é considerado, ao lado de John
GALILEU (gritando) – Errado, seu desatencioso! A Locke (1632-1704) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), como
cadeira! A cadeira se moveu! um “contratualista”. O contratualismo é uma teoria social e política
ANDREA – Mas eu com ela! desenvolvida por esses pensadores e que aponta, de forma geral,
GALILEU – Claro, a cadeira é a Terra. Você está em o nascimento das sociedades ou do convívio social humano a
cima dela.” partir da passagem de um “estado de natureza” para o “mundo
BRECHT, B. A vida de Galileu. Trad. Roberto Schwartz. In: Bertolt social”. Em síntese, os primeiros grupos humanos, para poderem
Brecht. Teatro completo, vol. 6.– 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, conviver, tiveram que reprimir sua “animalidade” ou “natureza
1991. Adaptado. humana” fazendo “pactos” ou “contratos” a fim de se preservarem
mutuamente e conviverem. Para Hobbes, especificamente, essa
Com base no diálogo acima, é correto afirmar que, para o “natureza humana” faz com que os seres humanos vivam em
personagem Galileu, para compreender os fenômenos constante guerra de uns contra os outros. E, para findar tal estado
astronômicos acima discutidos, de “conflito natural”, é preciso que exista um “poder soberano” que
mantenha todos em respeito mútuo.
a não é necessário observá-los, pois é suficiente raciocinar sobre
eles. No que diz respeito à perspectiva contratualista de Thomas
b não é necessário raciocinar sobre eles, basta melhor observá- Hobbes, assinale a afirmação verdadeira.
los. a O ser humano vive na desconfiança em relação aos outros e,
c é necessário observá-los, com base em raciocínios e cálculos para preservar sua vida, deve antecipar o perigo e atacar primeiro.
corretos. b Como o homem é sempre alvo de algum malfeito, deve, de
d é necessário ler criticamente o que sobre eles diz a tradição imediato, se acautelar e esconder-se em algum lugar seguro para
filosófica. não ser vitimado.
Questão 194 UECE c As três razões da natureza humana que podem impedir a
As sucessivas transformações espaciais engendradas pela guerra generalizada entre os homens são a competição, a
reprodução do capital e pela ação humana que ocorrem em escala desconfiança e a busca pela glória.
planetária, a partir das determinações econômicas do modo de d O Estado é o poder soberano que impede a guerra
produção capitalista, em suas manifestações críticas e generalizada entre os seres humanos e serve para controlar as
contraditórias, mediadas pela generalização do mercado e da naturais tendências destruidoras.
propriedade privada, podem ser adequadamente compreendidas
sob a perspectiva da Questão 197 UECE
Os filósofos políticos modernos usaram o conceito de estado de
a Produção capitalista do espaço, orientada pelo materialismo natureza para colocar a questão sobre o que legitima o contrato
histórico e dialético como método filosófico. (ou pacto) social fundador da sociedade civil (o Estado). Em outras
b Ecologia Humana, da Escola de Chicago. palavras, perguntavam-se pelo que torna legítima a saída dos
c Geografia Humanista, pautada pela fenomenologia enquanto indivíduos do estado de natureza e sua submissão à lei no Estado,
método filosófico. através do contrato (ou pacto). Em última instância, essa é uma
d Geografia Regional, de origem francesa e derivada da própria pergunta pela legitimidade do Estado.
Geografia Humana.
O filósofo que considerou que a finalidade do contrato é o
Questão 195 UECE estabelecimento da liberdade e da igualdade civis em substituição
A perspectiva teórica política clássica de John Locke (1632-1704) à liberdade e à igualdade naturais foi
aponta que antes da formação do “contrato social” e do Estado, os a Jean-Jacques Rousseau.
seres humanos viviam em um “estado de natureza” com uma
relativa paz, mas cada indivíduo não estava livre de b Thomas Hobbes.
inconveniências como o da violação de sua propriedade privada e, c John Locke.
assim, de sua vida, de sua liberdade e de seus bens. Daí a d François-Marie Voltaire.
13/09/2023, 22:53 app.estuda.com/empresas_provas_imprimir
Questão 198 UEMA Puxando um sistema podre que é bancado com o seu
A sociedade de uma forma geral, em cada tempo, produz suor
conceitos ou amplia os já existentes para que possamos pensar E sexta-feira vai pra igreja comungar com sua família
em determinadas condições vigentes e entender determinados A voz sagrada, Jesus Cristo é o Senhor
processos nas relações humanas vividas no momento. Um E deixa parte do salário em retribuição
exemplo disso pode ser visto no texto abaixo sobre Kant e sua À dádiva divina da palavra do pastor
ideia relativa ao tutelamento. É melhor garantir um lugar no céu
Aqui nesse inferno tenta sobreviver
Dizem os historiadores que no século XVIII para se entender certo E o que salva é a cervejinha no fim de semana
fenômeno que ocorria na Europa, conhecido como Iluminismo, Assistindo o jogo do seu time preferido na tv
perguntaram ao Filósofo Kant o que seria esse movimento. O Segunda-feira o seu filho tá em casa
referido filósofo explicou que seria como um processo de Porque a escola onde estuda não tem nenhum professor
esclarecimento, a partir do qual o ser humano sairia de sua E o professor está na rua apanhando da polícia
menoridade graças ao uso da razão e ao exercício da liberdade de Tá cobrando seu salário do governo
pensamento. Escreveu o filósofo em sua resposta o seguinte: “O Enquanto isso numa casa confortável
iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutela Uma família abastada reunida assiste televisão
que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que E pragueja fala mal de quem
se encontram incapazes de fazer uso da própria razão Tá na rua enfrentando e dando a cara
independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria Pra lutar contra a situação
tutela quando esta resulta não de uma deficiência do Fonte: CRUZ, Tico Santa. Quem é você. In: Detonautas a saga
entendimento, mas de falta de resolução e coragem para fazer uso continua. Rio de Janeiro: Coqueiro Verde Records, 2014.
do entendimento independentemente da direção de outrem. Tenha
coragem para fazer uso da tua própria razão!” A realidade social brasileira é caracterizada nesse poema como
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria de Helena. a pacífica.
Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2016.
b justa.
Hoje, em pleno século XXI, onde há um amplo uso das redes c equitativa.
sociais tais como Facebook, Instagram, Youtube, Whatsapp, é d pagã.
apropriado retomar esse conceito kantiano acima exposto, para e desigual.
que se possa entender a condição de tutela a que os homens se
encontram. Questão 200 UEMA
De acordo com a historiadora Maria Lúcia de Arruda Aranha, a
A relação que exemplifica o conceito de tutela de Kant aplicado Revolução Francesa derrubou o antigo regime, ou seja, o
aos dias de hoje é o seguinte: absolutismo real fundamentado no direito divino dos reis, derivado
a os designers gráficos e suas novas produções no Youtube. da concepção teocrática do poder. O término do antigo regime se
consuma quando a teoria política consagra a propriedade privada
b os adolescentes e o desejo de nova realidade nos jogos on como direito natural dos indivíduos.
line.
c as novas profissões e as oportunidades de trabalho no Fonte: ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando:
Instagram. Introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2003.
d os estudantes e as pesquisas de artigos nos sites
acadêmicos. Esse princípio político que substitui a antiga teoria do direito divino
e os internautas e a manipulação de informações nas mídias do rei intitula-se
sociais. a Contratualismo.
b Totalitarismo.
Questão 199 UEMA
Leia ―Quem é você‖, poema de Os Detonautas. c Absolutismo.
d Liberalismo.
Você trabalha feito um burro de carga e Marxismo.

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