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Ficção Cientíica: algumas deinições

A Ficção Cientíica (FC) é um formato de literatura de icção, desenvolvida a partir dos


gêneros viagens fantásticas, histórias extraordinárias, mundos perdidos, utopias e distopias,
o romance gótico, entre outras, e que após a revolução industrial incorporou a ciência e a
tecnologia emergentes como elementos de tensão e de motivação literária. 

A icção cientíica atualmente lida principalmente com o impacto da ciência,


tanto verdadeira como imaginada, sobre a sociedade ou os indivíduos.

O termo Ficção Cientíica é um tradução direta do inglês science iction que foi
cunhado pelo editor americano Hugo Gernsback no editorial do primeiro nú-
mero da revista norte-americana Science Wonder Stories, em 1929. 

Diversos autores contribuíram com deinições mais ou menos detalhadas do gê-


nero, estes são alguns exemplos:

Kingsley Amis - Para ele a icção cientíica é um Relato em prosa que trata de
uma situação que não poderia apresentar-se no mundo que conhecemos, mas cuja
existência se baseia na hipótese de uma inovação qualquer, de origem humana ou
extraterrestre, no domínio da ciência ou da tecnologia; ou, poder-se-ia dizer, da
pseudociência ou da pseudotecnologia.

Ben Bova acha, a respeito, o seguinte: Ninguém, de fato, escreve sobre o futuro. Os
escritores usam situações futuristas para iluminar mais fortemente os problemas e
oportunidades do presente.” e continua: “Quando eu falo de icção cientíica, quero
dizer uma icção em que algum elemento de ciência ou tecnologia futura é tão in-
tegral à narrativa, que esta entraria em colapso se o elemento cientíico ou tecnoló-
gico fosse removido.

Em 1973, o britânico Brian Aldiss referiu-se à icção cientíica como sendo (…)
a busca de uma deinição do homem e de sua posição no universo, a qual, sem dú-
vida, se baseia às vezes em nossos conhecimentos cientíicos a respeito (…).

Para o iugoslavo Darko Suvin, (…) a icção cientíica une e faz interagir necessa-
riamente um aspecto cognitivo (ou seja, a busca de uma explicação racional) e um
estranhamento - sendo este último termo uma adaptação do alemão Verfremdun-
gsefekt, expressão usada em 1948 por Bertold Brecht para referir-se a um tipo de
representação que, no tocante a um dado tema, faz com que o público o perceba
como algo ao mesmo tempo reconhecível e estranho (insólito).
O francês Louis-Vincent homas defende que Numa perspectiva dessacralizada e
aparentemente lúdica - da qual a mensagem não ica excluída -, a icção cientíica
ocupa no imaginário de hoje a posição que o relato mítico ocupava no imaginário
de ontem: em ambos os casos, trata-se de resolver pela fabulação uma situação
fora do comum que não poderia ser resolvida na realidade. Com a restrição de que
o romance de icção cientíica se desenrola numa atmosfera de credibilidade rela-
tiva, sua hipótese inicial sendo teoricamente plausível, suas consequências sendo
encaradas segundo um desenvolvimento compatível com a lógica.

Para uma boa parcela da população o termo icção cientíica não se refere ex-
plicitamente à literatura, e sim ao ilme, aos quadrinhos e principalmente aos
seriados de TV. Mas, desconsiderando essa lamentável situação, a icção cien-
tíica para o público leitor em geral se refere a uma história contendo alguns
desses elementos básicos: alienígenas, estejam eles no presente, no passado ou
no futuro; cientistas, malucos ou não; algum invento fora de controle; alguma
imprudência do homem com transtornos para a vida no planeta em algum pon-
to do futuro; a vida inteligente em outros mundos; qualquer coisa relacionada a
viagens espaciais; seres mutantes, com anomalias isiológicas ou super-cobaias,
viagens no tempo, a outras dimensões ou a passados alternativos; todas histórias
que trazem consigo uma questão: — e se de repente acontecesse isso?

Depois dessas deinições complexas, só me resta completar com mais um ele-


mento fundamental: a imaginação. Além de tudo, uma boa história de icção
cientíica deve teletransportar o leitor para um outro mundo, diferente deste do
leitor, quem sabe um mundo captado nessas ondas do arquétipo humano uni-
versal, que vão e vem no tempo em que essa pequena humanidade viver nesse
planeta Terra.

Bibliograia:
AMIS, Kingsley. L’univers de la science-iction. Paris: Payot, 1960.
BOVA, Ben. Challenges. New York: Tor, 1993.
THOMAS, Louis-Vincent. Civilisation et divagations. Mort, fantasmes, science-iction. Paris: Payot, 1979.
CARDOSOS, Ciro Flamarion, A Ficção Cientíica, imaginário do século XX, 1998.

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