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Universidade Estadual do Paraná – Unespar

Curso: História
Disciplina: História e Imagem
Docente: Kevin Santos
Discente: Vinicius Gabriel Lirio

A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NEGRA EM BELL HOOKS E DO HOMEM


NEGRO EM “COLIN EM PRETO E BRANCO”

Bell Hooks em seu livro “olhares negros, raça e representação” irá trabalhar
constantemente com a ideia de racismo projetado na nostalgia de um passado escravista,
onde o racismo compunha de forma amplamente aceita e indiscutível a moral social do
homem branco e até mesmo de homens negros em casos de alienação, essa visão é
trabalhada também em uma série original Netflix, criada por Ava DuVernay e Colin
Kaepernick, nessa minissérie o expectador irá acompanhar avida de Colin Kaepernick,
que irá narrar como foi sua infância e adolescência, juntamente com seu contato com o
racismo amplamente presente nos Estados Unidos até a contemporaneidade. Aqui nesse
pequeno trabalho, irei me preocupar em discutir, analisar e comparar, as representações
da mulher e do homem negro no livro de Bell Hooks e a série “Colin em Preto e
Branco” tendo em vista que ambos irão tratar dos olhares racistas presentes na
sociedade.
No início da minissérie os expectador já é abordado diante de uma grande crítica
racial, Colin irá falar sobre os teste para entrar em um time de futebol americano, esse
processo seletivo é composto por uma “competição” onde os jogadores precisam se
exibir na frente de técnicos (geralmente brancos) onde irão analisar seu físico e suas
habilidades, mas o que está estabelecido aqui é uma dinâmica de poder, não existe
respeito nas avaliações físicas desses jogadores, procuram qualquer coisa que possa
limitar eles, precisam ser perfeitos, eles são colocados em vitrines, e homens velhos e
brancos precisam decidir qual vai levar para casa, esse processo de seleção é comparado
ao processo de compra de escravos séculos atrás, onde faziam o mesmo tipo de
avaliação física e corporal. Bell Hooks traz uma crítica parecida, ao falar sobre um
ensaio chamado “Corpos negros, corpos brancos: rumo a uma iconografia da
sexualidade feminina na arte, na medicina e na literatura no final do século XIX” nesse
ensaio é abordado como a sexualização negra está presente na sociedade, uma mulher
negra, nua, no coração de um baile da cultura europeia, uma mulher negra, objetificada
como as escravas que ficavam de pé nos tablados de leilão. Uma mulher negra chamada
Sarah Bartmann foi exibida em 1810, o público tinha grande interesse em sua bunda. A
mulher negra está sempre sendo sexualizada, seja em danças, músicas, eventos, em
pesquisas e na televisão, é como se fosse a única coisa que a mulher negra tem espaço
em nosso mundo, sua exposição erótica, não queremos saber se você é inteligente, se
você possui habilidades e dons, mas o quando seus seios, pernas e bundas são grandes.
O homem, como representado na série “Colin em preto e branco” segue a mesma
intenção, o homem negro para participar de um time esportivo precisa possuir certas
características, que são valorizadas por técnicos, isso inclui uma boa musculatura,
condição física e vários outros requisitos.
Essa nostalgia racial expressada por Bell Hooks que é também evidenciado na
minissérie de Colin, é extremamente complexa e se encontra nos mais diversos meios
que compõe nossa sociedade contemporânea, muitas vezes ela é imperceptível e
invisível para a maioria das pessoas, tanto negras como brancas, mas seu impacto nas
pessoas negras não são dominados, são detalhes que ao serem percebidos causam
grande impacto psicológico, e esse racismo está presente nos amis variados aspectos da
sociedade, como em nomes de objetos, designs, atitudes de amigos, familiares e outros,
nas cores, nas roupas, nas danças e nas artes em geral, a sociedade ainda não conseguiu
romper com o racismo imposto séculos atrás, a escravidão e o racismo não acabou,
apenas foi reconfigurado e adequado as demandas sociais e políticas a fim de
obscurecer suas reais intenções.
Livros e produções cinematográficas como é o caso de Bell Hooks e Colin em
Preto e Branco, são extremamente importantes em um processo de mudança social, são
produções que possibilitam um número maior de pessoas a compreenderem as
dinâmicas raciais da sociedade, e quem sabe um dia o racismo possa ser minimizado a
um ponto em que não vai mais ser uma preocupação de saúde psicológica e sua
presença seja limitada as cabeças mais podres e sujas da composição social.

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