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Universidade Estadual do Paraná – Unespar

Curso: História
Disciplina:
Docente:
Discente: Vinicius Gabriel Lirio

Uma Reflexão Sobre o Quadripartismo Histórico

O quadripartismo histórico é um modelo eurocêntrico Frances, baseado e


dividido, em quatro conjunturas temáticas, História antiga, História da Idade Média,
História moderna e História Contemporânea, todos esses temas têm como foco o estudo
de fatos históricos ocorridos, em geral, na Europa, como o estudo das civilizações
Gregas, Império Bizantino e expansão colonial europeia, entre outros. No Brasil as
instituições de Ensino, seja ela superior ou não, seguem essa mesma concepção francesa
do estudo da História, e isso vem sendo questionado por alguns estudiosos e visionários
da área de História.
É indispensável a discussão sobre a importância de estudar a História europeia, é
reconhecível que diversos dos acontecimentos ocorridos lá, causaram grandes
influências em diferentes locais do globo, além disso, foi um lugar onde a história teve
grande desenvolvimento teórico, mas isso não significa que o mundo precisa ficar na
sombra das histórias da Europa, os povos de outros continentes, como Africano,
Americano, Asiático e outros, possuem também sua própria História. Seguindo o
contexto de configuração da didática na área de História no Brasil, as crianças e jovens
em nosso país crescem sabendo muito mais sobre a Europa do que de seu próprio país
ou continente, a valorização de uma História europeia é maior que a História de seu
próprio local. Ademais, a concepção de Histórica de quadripartismo não pode se aplicar
a ideia de um decolonialismo histórico, que visa o estudo de povos indígenas,
revoluções como a Haitiana, uma história local e identitária, além de outros temas,
tendo como o foco a História que faz das pessoas de uma determinada região a sua
própria História, o decolianismo histórico surgiu como uma forma de resistência a esse
quadripartismo histórico, buscando trazer para o ensino a história aqueles que foram
excluídos por muito tempo pelos Europeus, e juntamente fazendo uma reflexão da
importância desses povos na história. É evidente que a história Europeia tem sua
importância, mas não deve ocupar um espaço tão amplo dentro da História de povos no
qual não necessariamente fazem parte dessa História, seguindo uma concepção de
Ensino brasileiro, devia-se ter uma importância maior sobre a História dos povos
oriundos do nosso continente, como os indígenas, e também um história Africana, dado
que a escravidão foi responsável por transformar o território brasileiro, e hoje mais da
metade da população é descendente de povos africanos.
No que se diz respeito a função pedagógica, não podemos encontrar uma
justificativa efetivamente plausível, o fato é que as formações acadêmicas, concursos
públicos, programas e outros, seguem essa mesma concepção do quadripartismo,
criando assim um ciclo, onde o professor em formação necessariamente precisa dessa
concepção eurocêntrica para que quando for atuar ou prestar algum tipo de prova de
admissão, estar preparado, obviamente existe certas exceções, a História europeia não é
algo a ser excluído, mas tela em primeiro plano é questionável.
No que se diz respeito a formação intelectual, é evidente que essas quatro
divisões possuem seus objetivos para a formação de um Historiador, objetivos esses que
buscam o desenvolvimento de habilidades de pesquisa em cada área, mas é evidente
também que é possível novas concepções de habilidades, principalmente relacionadas
ao seus respectivos países, onde possuem características diferentes de análises
históricas. Muitos Historiadores franceses foram responsáveis por desenvolver métodos
de pesquisa, hoje amplamente usados, esses métodos seguem critérios de análise feitos
para fatos históricos Europeus e raramente sendo desenvolvidos para um estudo de
outros locais do globo, isso quando não apoiados em ideias racistas. No século XXI os
Historiadores já possuem total capacidade de não precisar se apoiar a metodologias
europeias, muitos Historiadores já desenvolvem pesquisas metodológicas em seus
respectivos locais, e dada a globalização proporcionadas pela internet, a interlocução
entre esses profissionais e o ampliamento nas possibilidades de novas metodologias de
pesquisas desenvolvidas de forma mais apropriadas para certas regiões, torna-se quase
indispensável a interferência europeia nesse meio.
A ideologia por traz desse quadripartismo histórico está ligado a ideia de
centralizar a Europa na história do mundo, e para essa ideia ser tão amplamente difusa
era necessário que eles se identificassem como os precursores da história. Os
historiadores europeus que se identificam com essa causa, acreditam que todo e
qualquer acontecimento europeus, causa impactos significativos ao redor do mundo,
eventos esses como revolução industrial, Revolução Francesa, 1° Guerra Mundial e 2°
Guerra Mundial, entre outras, a verdade é que suas narrativas são muito bem elaboradas,
e por muito tempo aqueles que pensavam em um decolianismo era silenciados por
aqueles considerados Eruditas da História, aqueles que possuem amplo conhecimento
sobre os clássicos historiadores Europeus e seus métodos inquestionáveis. Mas qual
seria a intenção desses europeus? Seria enraizar no passado seus valores culturais,
difundido mais especificamente pela burguesia dirigente, a erudição, religião e valores
morais extremamente enraizados, juntos ao um sentimento de estar no centro, de ser
mais “evoluído” que outros povos, fazem da História uma ferramenta de disseminação
de valores morais, e cada um dos pilares do quadripartismo carrega sua função histórica
de dizer que os Europeus estão no centro de tudo, são os mais evoluídos e por isso são
referência. Porém a cada ano que passa esses sistema se vê mais fragilizado, o mundo
globalizado possibilita que muitos povos excluídos agora tenham voz, na ONU,
diversos países podem discutir seus interesses e opiniões, o movimento decolonizador
está cada vez mais forte dentro do campo historiográfico.

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