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COMEÇANDO A OBSERVAR O CÉU

Redigido por André Bahia, astrônomo amador, membro do GAAS, grupo de astronomia
amadora de Salvador.

O que há para ver no céu?

Existem diversos tipos de corpos celestes que podem ser observados no céu, se o local tiver
pouca poluição luminosa (luzes artificiais à noite), é possível observar muitos tipos de corpos
celestes mesmo sem o auxílio de equipamentos.

Em cidades grandes (mais de 500 mil habitantes), o céu é severamente poluído à noite pela luz
artificial, na realidade, acima de 50 mil habitantes a poluição já é grande e normalmente
apenas em cidades com menos de 10 mil habitantes a poluição luminosa é pequena.

Mesmo em cidades grandes é possível ver alguns tipos de corpos celestes à olho nu, como
estrelas brilhantes, os planetas mais próximos, a Lua, a nebulosa de Orion e uns poucos
aglomerados abertos.

Mas basta um pequeno equipamento ótico de boa qualidade, como um bom binóculo ou
pequeno telescópio para que dezenas de objetos celestes passem a poder ser observados. A
função dos mesmos é aumentar o nosso poder de observar detalhes dos objetos celestes com
nossos olhos.
DIFERENTES TIPOS DE CORPOS CELESTES

Estrelas

São os primeiros objetos que notamos no céu, são imensas massas de gás, compostas
principalmente por hidrogênio e hélio onde, por ação da gravidade, os núcleos dos átomos são
fundidos em átomos mais pesados e desta fusão nuclear vem a energia emanada na forma de
luz, calor e outras radiações, sendo a fonte do brilho das estrelas.

Existe grande variedade de estrelas, em termos de massa, tamanho, brilho, cor quanto em
estágio de evolução, algumas são pequenas e pouco brilhantes enquanto outras são massivas
e muito brilhantes. Algumas ainda são jovens enquanto outras estão em seus estágios finais de
vida.
Planetas

A olho nu, parecem estrelas, porém movem-se no firmamento ao longo do tempo. Apenas
alguns planetas são visíveis a olho nu, semelhantes a estrelas bem brilhantes: Júpiter, Vênus,
Mercúrio (brancos e mais brilhantes que os outros dois), Saturno (amarelado) e Marte
(avermelhado).

Ao telescópio percebemos sua verdadeira natureza, como bolinhas brilhantes cada qual com
características marcantes. Mais dois planetas tornam-se visíveis ao telescópio, Urano
(esverdeado) e Netuno (azulado), sendo estes dois últimos de localização mais difícil devido ao
menor brilho e tamanho aparentes.

Planetas são corpos celestes que tendem a formar-se junto com as estrelas, passando a orbitá-
las após sua formação.

Os planetas que podemos observar, assim como a própria Terra, formaram-se junto com a
nossa estrela, o Sol. Assim como suas luas, os planetas anões, os asteroides e cometas. Juntos
estes corpos celestes formam o que chamamos de Sistema Solar.

Há oito planetas conhecidos no sistema solar, sendo quatro pequenos e rochosos e quatro
gigantes e gasosos.

Hoje consideramos corpos celestes com massa e características intermediárias entre um


planeta e um asteroide como planetas anões. Exemplos conhecidos até o momento: Ceres,
Plutão, Haumea, Éris e Makemake.
Luas

São corpos celestes de tamanhos bastante variados que orbitam os planetas, podendo ter
desde poucos quilômetros de diâmetro até milhares de quilômetros (o tamanho de um
planeta pequeno). Um planeta pode ter desde nenhuma lua a dezenas delas.

A nossa lua é um dos mais magníficos alvos para o observador iniciante, por ser uma lua
grande e estar muito próxima de nós, é possível ver muitos detalhes ao telescópio.

Pequenos telescópios permitem ver quatro luas em Júpiter (estas podem ser vistas até com
um bom binóculo) e algumas em saturno. Grandes telescópios (25cm de abertura ou mais)
permitem ver as quatro maiores luas de júpiter como pequenas bolinhas, várias luas em
saturno e algumas em urano e netuno.
Asteroides

Existem milhões de asteroides no sistema solar (ou mais), seus tamanhos variam desde poucos
milímetros até centenas de quilômetros. Eles são restos da formação dos sistema solar, e
valiosas fontes de informação sobre a formação do mesmo.

A maioria orbita ou no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, no cinturão de Kuiper, ou


na nuvem de Oort, que fica além do cinturão de Kuiper. Alguns dos maiores asteroides no
cinturão entre Marte e Júpiter podem ser observados com pequenos telescópios.
Cometas

Assim como os asteroides, eles são relíquias da formação do sistema solar, mas que ainda
possuem elementos voláteis e em geral tem órbitas que os levam periodicamente muito longe
(momento em que não exibem cauda e brilham muito pouco), e muito perto do sol (momento
em que exibem uma cauda brilhante devido à sublimação de elementos leves). A maioria dos
cometas tem órbitas que duram muitos anos, ou até milênios, no caos o famoso cometa
Halley, por exemplo, ele pode ser observado a cada 76 anos, sempre que está na parte de sua
órbita que o leva mais próximo do Sol.
Aglomerados de Estrelas

As estrelas em geral não nascem sozinhas, mas em grandes grupos, de dezenas a centenas. E
depois vão se separando ao longo de vários milhões de anos. O Sol provavelmente nasceu em
um destes grupos de estrelas que chamamos de Aglomerados Abertos. Mas por ser uma
estrela já com 4,5 bilhões de anos de idade, já se separou de suas irmãs.

Aglomerados de estrelas muito próximos da terra podem ser observados até a olho nu, como é
o caso das plêiades e da hyades, cujos membros mais brilhantes podem ser vistos à olho nu,
mesmo em algumas cidades grandes (Como Salvador). Com um binóculo já é possível ver
dezenas de aglomerados abertos. Os mais próximos podem ser separados em componentes
individuais, e os mais distantes aparecem como pequenas manchas no céu.

Com um grande telescópio, centenas de aglomerados podem ser observados, muitos do quais
pode-se discernir seus membros individuais, devido ao grande poder de captação de luz e
ampliação deste tipo de instrumento.

Outro tipo de aglomerado de estrelas, cuja origem é bem diferente, são os Aglomerados
Globulares. São grupos muito densos e de formato aproximadamente esférico com dezenas de
milhares a milhões de estrelas. Até o momento, tudo indica que os aglomerados globulares
seja núcleos remanescentes de pequenas galáxias canibalizadas pela Via-Láctea.

Em Salvador não é possível observar nenhum aglomerado globular a olho nu (exceto com visão
bem treinada ou olhos excepcionais), mas muitos podem ser observados com um simples
binóculo. Para discernir as estrelas de um aglomerado globular, no entanto é preciso um
telescópio com boa abertura, no mínimo 15cm de abertura para discernir as estelas do
Globulares mais próximos, e apenas telescópios grandes podem mostrar as estrelas individuais
de todos os aglomerados globulares da galáxia.
Nebulosas

Nebulosas são grandes massas de gás no espaço interestelar. Em geral existem dois tipos: as
nebulosas de formação de estrelas, que é onde os aglomerados de estrelas são formados,
recebendo diferentes classificações a dependes do seu estágio de evolução (se já formou
estrelas ou não), e da maneira como interage com as estrelas vizinhas (refletindo ou emitindo
luz em função da radiação recebida por estrelas dentro do aglomerado ou mas redondezas).

As outras são os restos de estrelas que já morreram. Como as nebulosas planetárias e os


remanescentes de supernovas. Estas são formadas pelo gás aquecido que restou da estrela
que morreu, este gás em geral é bastante quente e por isso emite luz, permitindo que as
observemos.

Galáxias

Todos os objetos citados até o momento fazem parte da nossa galáxia. Mas também podemos
observar outras galáxias. Em lugares com céu escuro, algumas galáxias podem ser observadas
até mesmo a olho nu. Em Salvador, no entanto (assim como na maioria das cidades grandes),
não é possível observar nenhuma a olho nu. Com binóculos penas a Galáxia de andrômeda é
um alvo fácil, Mais duas são visíveis daqui em noites com céu muito limpo e visão bem
treinada, como a galáxia do escultor e Centauros A. Este é o tipo de objeto mais prejudicado
pela poluição luminosa. Um pequeno telescópio pode mostrar dezenas de galáxias num local
com céu escuro, mas apena umas poucas aqui em Salvador, sendo necessário grandes
telescópios para ver umas poucas dezenas, ao passo que milhares seriam visíveis em lugares
com céu escuro.
APRENDENDO A OBSERVAR O CÉU

Agora que falamos sobre o que há para ver no céu e o que é cada tipo de corpo celeste, é
preciso saber como fazer para encontrar o que desejamos observar.

A observação dos corpos celestes não é tão simples quanto possa parecer. É preciso
conhecimento e prática para aprender a localizar cada coisa. O céu é grande, e quanto mais
poderoso o instrumento utilizado, maior ele parecerá.

Por isso mesmo simplesmente comprar um grande telescópio na esperança de observar


objetos maravilhosos pode ser uma grande ilusão. É como ter um carro e não conhecer o lugar
onde está e nem saber ler mapas. Neste caso não é possível perguntar nada a alguém que
esteja no caminho.

Para aprender a se orientar no céu, em primeiro lugar é preciso aprender a localizar pontos de
referência. Como as estrelas mais brilhantes e as constelações mais proeminentes.

Existem livros com mapas do céu para cada época do ano, e programas de simulação do céu,
tanto para computador como para celular.

Para computador, o mais recomendado (entre os gratuitos) é o Stellarium:

http://www.stellarium.org/pt/

Existem vários guias astronômicos impressos, mas o mais acessível e completo é o Guia
Ilustrado Zahar de Astronomia:

Para celulares e Tablets também existem programas de simulação do céu, como o Sky Map
Pro, e o Star Chart. Além de vários outros.
Após aprender a localizar pelo menos as 20 estrelas mais brilhantes e umas 20 constelações
mais proeminentes, além dos planetas, já é possível começar a “caça” aos objetos celestes que
se pretende observar uma vez que já há familiaridade com o céu, e já conhece um bom
número de pontos de referência. Para chegar a este ponto é importante ter pelo menos uma
das ferramentas citada acima para ajudar, tanto no processo de aprendizado do básico sobre o
céu, como para localizar os objetos celestes.

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