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MANUAL:

Promovendo a comunicação e a participação social


e institucional no planejamento urbano
Manual:
Promovendo a comunicação e a participação social e
institucional no planejamento urbano

Projeto INTEGRATION
Desenvolvimento Urbano Sustentável na América Latina
PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO FICHA TÉCNICA Flavia Nascimento Madruga
Prefeito Gilberto Kassab Gildo Pinheiro
Coordenação Geral:
Helena Maria de Campos Magozo
Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Cidade de São
Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente Helio Neves
Paulo
Secretário Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho Julie Reiche
ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade
Marcia Celestino Macedo
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano Produção de Conteúdo e Edição Marli Ferreira
Secretário Miguel Luiz Bucalem Waltemir de Melo – Editor - CWM Comunicação Maykon Ivan Palma
Teka de Melo – Coordenação - CWM Comunicação Milton Tadeu Motta
Conselhos Regionais de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável Maria Aparecida Rosa – Revisão - CWM Comunicação Rachel Galvão da Silva
e Cultura de Paz – CADES Regionais Rosélia Mikie Ikeda
Revisão geral: Mônica C. Ribeiro - Conteúdos&Afins
Rosimeire Lobato
Subprefeitura da Mooca
Projeto gráfico: Mary Paz Guillén Rute Cremonini de Melo
Subprefeitura do Ipiranga
Subprefeitura da Sé Diagramação: Luana Aguiar Colaboradores Equipe SMDU/PMSP:
Fernando Henrique Gasperini
Subprefeitura da Vila Prudente Foto da Capa:
Lisandro Frigerio
Fábio Arantes (SMDU/PMSP), fevereiro de 2011
Luis Oliveira Ramos
Colaboradores Equipe SVMA/PMSP:
Equipe ICLEI Projeto INTEGRATION
ICLEI – GOVERNOS LOCAIS PELA SUSTENTABILIDADE Amós Luciano Carneiro
Florence Karine Laloë, Coordenadora Geral
Arthur Ferradas Chaklian
Secretário Geral ICLEI - Secretariado Mundial Sophia Picarelli, Coordenadora de Projetos
Carolina Afonso Pinto
Tayara Calina Pereira, Assistente de Projetos
Konrad Otto Zimmermann Damares Ferreira
Ellen de Souza Santos Simonini Colaboração Geral
Presidente ICLEI Brasil Érika Valdman Andreas Marker
Pedro Roberto Jacobi Fátima Santini KATE – Centro de Ecologia e Desenvolvimento
Fernanda Bertaco Bueno
Secretária Executiva - Secretariado para América do Sul - ICLEI SAMS
Florence Karine Laloë
Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Cidade de São Paulo - SVMA
ICLEI-Brasil
Título: Manual: Promovendo a comunicação e a par ticipação social
Projeto INTEGRATION
e institucional no planejamento urbano
Coordenador Geral do Projeto INTEGRATION 1º ed. São Paulo, 2012.
Hermann J. Kirchholtes ISBN: 978-85-99093-23-8
Departamento de Proteção Ambiental da Cidade de Stuttgart, Alemanha
A SVMA e o ICLEI-Brasil autorizam a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio convencional ou eletrônico,
Coordenador Regional do Brasil - Projeto INTEGRATION para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. A SVMA e o ICLEI-Brasil apreciariam receber uma cópia de qualquer
Andreas Marker publicação que use esta como fonte. Nenhum uso desta publicação pode ser feito para revenda ou fins comerciais, sem prévia
KATE – Centro de Ecologia e Desenvolvimento autorização por escrito da SVMA e do ICLEI-Brasil.
Este documento foi elaborado com a assistência financeira da União Europeia. Todavia, o seu conteúdo é da responsabilidade
exclusiva da Prefeitura de São Paulo, não podendo, em caso algum, considerar-se que reflete a posição da União Europeia.
SUMÁRIO
Apresentação .....................................................09 3. COMUNICAÇÃO DE RISCOS
Agradecimentos .................................................11 3.1. Conceitos gerais sobre comunicação ................42
Introdução .........................................................12 3.2. Conceitos de risco, perigo, probabilidade
e incerteza ..........................................................43
1. PLANEJAMENTO URBANO 3.2.1. Classificação dos riscos
E O PROJETO INTEGRATION de grande impacto ........................................44

1.1. Desenvolvimento Urbano Integrado .................14 3.3. Tipos de comunicação de riscos ......................45
1.2. O Projeto INTEGRATION ..................................15 3.4. Comunicação de riscos tecnológicos
e o direito de saber ..............................................46
1.3. Instrumentos gerais da política de
planejamento urbano ............................................16 3.5. Recomendações sobre a
comunicação de riscos ..........................................46
1.4. O contexto paulistano ......................................17
1.5. A participação de São Paulo no Projeto 3.6. Fluxo da comunicação de riscos ......................48
INTEGRATION e a OUC Mooca-Vila Carioca ...............18 3.7. Confiança e percepção do risco ......................50
3.8 Abordagem técnica e leiga do risco ................53
2. DESAFIOS RELACIONADOS ÀS ÁREAS 3.8.1. Comparativo entre a visão técnica
CONTAMINADAS E BROWNFIELDS e a visão leiga ..............................................54

2.1. Contextualização ............................................25 3.9. Conhecimento, entendimento e


percepção de riscos .............................................55
2.2. Reuso indevido de áreas contaminadas ...........26
3.10. Mapeamento dos stakeholders .....................56
2.3. Definições e conceitos ....................................28
3.11. Importância da segmentação
2.4. Impactos e riscos relacionados a brownfields .....30
e mapeamento dos stakeholders ...........................57
2.5. Gestão de áreas contaminadas em São Paulo e
3.12. Auditoria de opinião e vulnerabilidades ..........58
bases legais .........................................................30
3.12.1. Monitoramento dos resultados ...........59
2.6. Conceitos de investigação e revitalização 3.12.2. Ferramenta estratégica e
de brownfields .....................................................34 de agregação de valor ..................................59
2.7.Investigação na área da Operação Urbana 3.13. Elaboração das
Mooca-Vila Carioca ...............................................38 mensagens preferenciais ..............................60
Apresentação
3.14. Recomendações para a transmissão de
informações sobre contaminação .....................61 4. COESÃO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DE RISCOS A participação da cidade de São Paulo no Projeto INTEGRATION, através da cooperação com a cidade alemã de Stuttgart,
3.14.1. Linguagem clara e acessível .........61 trouxe importantes contribuições para a gestão de brownfields na requalificação urbanística que vem sendo feita em especial
3.14.2. A divulgação de informações sobre 4.1. Desenvolvimento e protagonismo Local ......77
por meio das chamadas Operações Urbanas Consorciadas e pela aplicação do conceito de Cidade Compacta ao planejamento
áreas contaminadas ................................61 4.2. Reflexão crítica e construção de São Paulo.
de indicadores ................................................78 A partir de um projeto piloto que elegeu toda uma região urbana industrial em processo de abandono e reestruturação, foi
3.15. Participação da mídia na
comunicação de riscos ....................................62 4.3. Conhecimento e respeito elaborado um levantamento e cadastro do potencial de contaminação oriunda da ocupação e feita a análise do perfil de uso
à cultura local .................................................78 atual dos terrenos, identificando o potencial de reuso e revitalização e gerando subsídios para o Plano Urbanístico a ser desen-
3.15.1. Sensibilização da mídia ...................63
4.4. Estratégia para a coesão social ...............80 volvido no futuro próximo para esta região, chamado “Operação Urbana Consorciada (OUC) Mooca-Vila Carioca”.
3.16. Relacionamento com o Ministério Público .....64 Esse resultado por si só já seria importante para o planejamento da cidade e para o resgate de uma região emblemática
4.5. Soluções públicas de participação social ......81
3.17. Desenvolvimento e implantação do programa e importante de São Paulo. Além disso, contudo, a participação no INTEGRATION proporcionou oportunidade para aprimorar
4.6. Coesão social nos programas
de comunicação de riscos ...............................64 processos relacionados à coesão social e territorial ao promover a participação de stakeholders. Incentivando o envolvimento
de comunicação de riscos ................................82
da sociedade nesse processo, uma das ações promovidas pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) foi o curso
3.17.1. Fase de pré-planejamento ...............64 4.6.1. Mapeamento dos stakeholders com foco piloto “O Papel do Conselheiro na Política Urbana: Da Teoria à Prática” para Conselheiros Regionais de Meio Ambiente, Desen-
3.17.2. Comunicação na fase na coesão social ........................................83 volvimento Sustentável e Cultura de Paz (CADES Regional) das Subprefeituras Sé, Ipiranga, Mooca e Vila Prudente.
de pré-planejamento ................................66 4.6.2. Criação de canais de participação e A SVMA tem estimulado, nos últimos anos, a expansão dos fóruns de participação popular, ampliando os espaços de intera-
3.17.3. Fase de desenvolvimento engajamento dos stakeholders...................84 ção nas questões ambientais com os CADES Regionais, presentes em todas as Subprefeituras. Desta forma, dentro das ações no
e implantação ..........................................66 4.6.3. Garantia de respeito ao posicionamento âmbito do INTEGRATION, também foi elaborada uma estratégia de comunicação e participação para os processos relacionados
3.17.4. Comunicação na fase de dos stakeholders ......................................86 à OUC Mooca-Vila Carioca. Foi elaborado o Manual Promovendo a Comunicação e a Participação Social no Planejamento Urbano,
desenvolvimento e implantação .................67
4.7. Ampliação da capilaridade do programa de que será importante na capacitação dos CADES Regionais, demais atores interessados e servirá de modelo para casos similares.
3.17.5. Fase pós-implantação ....................67
comunicação de riscos .....................................86 A qualificação desta participação vem sendo trabalhada pela Secretaria no sentido de melhor informar e instrumentalizar
3.17.6. Avaliação de resultados /
4.8. Sugestão de campanha de seus participantes e integrantes (no caso dos Conselhos, eleitos por votação direta), preparando-os para uma atuação cidadã
de briefing ..............................................68
comunicação de riscos ....................................89 e informada, de modo que possam de fato contribuir para a discussão e definição de projetos e políticas públicas.
3.18. Formação do comitê A participação popular nos processos de reintegração destas áreas à dinâmica de urbanização das cidades é fator im-
de comunicação de riscos ................................70 Conclusão .......................................................92 portante para o sucesso da medida. O domínio das informações e do processo, proporcionado através de boa estratégia de
3.19. Capacitação dos membros comunicação e de estímulo à participação, tem se mostrado importante no sentido de envolver os atores sociais e proporcionar
Cases de cidades participantes
do comitê de comunicação de riscos ................73 instâncias de exercício de cidadania e do direito à cidade.
do projeto integration .................................93
3.20. Central de comunicação de riscos .............74 Glossário .......................................................98 Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho
3.21. Campanha de comunicação de riscos .........75 Referências bibliográficas ..............................102 Secretário Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo

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Agradecimentos
A Prefeitura da Cidade de São Paulo, por meio de sua Secretaria Mu-
nicipal do Verde e do Meio Ambiente e o ICLEI – Governos Locais pela
Sustentabilidade, Secretariado para América do Sul, agradecem a todos
aqueles que colaboraram para a realização deste Manual.
Agradecemos em especial à Cidade de Stuttgart que, por meio do pro-
grama URB AL III da Comissão Europeia, coordenou o Projeto “INTEGRATION
- Desenvolvimento Urbano Sustentável na América Latina”, possibilitando a
criação deste Manual e todas as outras ações desenvolvidas durante o Pro-
jeto; à equipe da KATE (Centro de Ecologia e Desenvolvimento); à CWM Co-
municação por trazer sua experiência e conhecimento para elaboração desta
publicação, aos técnicos e executivos do governo municipal, particularmente
à equipe da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente e da Secre-
taria Municipal de Desenvolvimento Urbano e a todos que se empenharam
para viabilizar as ações propostas pelo projeto.
Por fim, um agradecimento aos demais sócios do Projeto INTEGRATION,
representantes das cidades de Bogotá, Quito, Guadalajara, Rio de Janeiro, e
o Estado Mexicano de Chihuahua, que propiciaram relevante troca de expe-
riência entre os diferentes projetos e realidades.

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Introdução
Este manual, escrito em linguagem simples e direta, foi elaborado com riência da cidade alemã, que revitalizou áreas urbanas centrais degradadas
a intenção de esclarecer um público específico – tomadores de decisão, dando lugar a espaços de múltiplos usos, de lazer e de convivência para a
gestores e técnicos de governos locais, em especial da Prefeitura população, é referência mundial e deu origem ao projeto na América Latina.
Municipal de São Paulo -, bem como toda a sociedade paulistana, sobre O Manual poderá ser utilizado por diferentes atores interessados e/ou
questões gerais para o desenvolvimento urbano integrado, revitalização envolvidos nesses processos, porém seu foco maior é a cidade de São Pau-
de áreas degradadas, recuperação de brownfields, comunicação de risco e lo, com a contextualização de algumas das suas experiências no âmbito do
participação social. Projeto INTEGRATION.
O ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, fundado originalmente O Manual está dividido em quatro capítulos: o primeiro sobre o projeto
como ICLEI – International Council for Local Environmental Initiatives (Con- INTEGRATION e planejamento urbano integrado; o segundo traz os desafios
selho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais), é uma associação relacionados às áreas contaminadas e brownfields e, por fim, os dois últi-
internacional líder de cidades e governos locais que assumiram compro- mos capítulos apresentam os conceitos e metodologia para comunicação de
misso com o desenvolvimento sustentável. O ICLEI é um movimento podero- riscos, coesão e participação social nestes processos.
so, do qual a cidade de São Paulo faz parte, que tem como associadas 12 É crucial que governos locais na América Latina e no mundo compreen-
mega-cidades, 100 super-cidades, 450 grandes cidades e regiões urbanas dam a importância da temática da reinserção segura de áreas degradas à
e 450 pequenas e médias cidades em 83 países, com o objetivo comum de malha urbana para a construção de cidades mais sustentáveis e enxerguem
se tornarem cidades mais sustentáveis, resilientes, eficientes no uso de oportunidades para uma economia mais verde e mais inclusiva. Assegurar
recursos naturais, biodiversas e de baixo carbono; de construir infraestru- qualidade de vida, acesso à energia, aos recursos naturais e à própria ci-
tura inteligente e de desenvolver uma economia urbana verde e inclusiva e dade de maneira equitativa e com coesão social é um desafio necessário.
comunidades felizes e saudáveis. Sustentabilidade no planejamento urbano é fundamental e esperamos que
Após apoiar como parceiro a rede ReLASC, rede regional latino-americana este Manual possa enriquecer o debate na região latino-americana e nas
que promove o uso e gestão sustentável do solo e das águas subterrâneas próximas gestões municipais no Brasil!
na América Latina, por meio do fomento à produção, difusão e intercâmbio
de conhecimento no âmbito da prevenção, gestão e revitalização de locais Florence Karine Laloë
contaminados, o ICLEI entrou como parceiro no projeto URB AL III ‘INTEGRA- Secretária Executiva
TION – Integrated Urban Development’ que apoia cidades latino-americanas ICLEI – Secretariado para América do Sul
como São Paulo, Rio de Janeiro, Bogotá (Colômbia), Chihuahua e Guadalajara
(México) e Quito (Equador) no desenvolvimento de políticas públicas para Sophia Picarelli
o desenvolvimento urbano sustentável. O projeto é coordenado pela cidade Coordenadora de Projetos
de Stuttgart (Alemanha), com apoio financeiro da União Européia. A expe- ICLEI – Secretariado para América do Sul

12 13
1. Planejamento Urbano 1.2. O Projeto INTEGRATION
O Projeto “INTEGRATION - Desenvolvimento Ur-

e o Projeto INTEGRATION bano Sustentável na América Latina”, coordenado


pela cidade de Stuttgart, na Alemanha, e financiado
pelo programa URB AL III da Comissão Europeia,
1.1. Desenvolvimento Urbano Integrado complexa e custosa que a urbanização de zonas
mais afastadas do centro dessas cidades. Porém, contribuiu para o equacionamento das questões
Muitas cidades da América Latina apresentam citadas anteriormente, promovendo a capacitação
em longo prazo, o seu desenvolvimento adequada-
características semelhantes de crescimento popula- de cinco municípios latino-americanos e um estado
mente planejado é mais econômico para o estado e
cional e desenvolvimento urbano: se expandiram ra- mais vantajoso para a sociedade1. federal no tema de desenvolvimento urbano sus-
pidamente e continuam ampliando suas manchas ur- Nos processos de revitalização é possível me- tentável e integrado1.
banas para áreas mais periféricas, ambientalmente lhorar a qualidade ambiental sem que isso sig- Com duração de quatro anos (2008 a 2012), o
sensíveis e estratégicas para a própria cidade pelos nifique grandes esforços adicionais. Contudo, é Projeto promoveu o intercâmbio de boas práticas e
serviços ambientais prestados. Essas áreas estão necessário definir claramente os possíveis usos, a capacitação das cidades parceiras, a fim de criar
localizadas frequentemente em regiões desprovidas as metas relacionadas à qualidade ambiental dese- e aprimorar políticas públicas locais a favor de uma
de equipamentos e serviços básicos necessários jada, assim como os monitoramentos posteriores. sociedade participativa e coesa, otimizar processos
para a vida digna e saudável de seus habitantes. Planejar e implementar de maneira adequada a re- de desenvolvimento urbano integrado e realizar a
Diante desse cenário é imprescindível a revisão vitalização e o uso urbano misto e eficiente dessas gestão ambiental local de forma mais efetiva para
do planejamento do uso e ocupação do solo, tam- áreas degradadas possibilita a criação de novas viabilizar a identificação, remediação e reutilização
bém sendo indispensável a análise de como as mu- estruturas para moradia, trabalho, comércio local, segura de brownfields.
danças estruturais – sobretudo na desindustrializa- áreas verdes e permeáveis, ciclovias, entre outros A cidade de Stuttgart possui experiências muito
ção dos centros urbanos – podem oferecer novas equipamentos públicos, além de reduzir a necessi- positivas em relação ao seu planejamento urbano e
possibilidades de desenvolvimento para as cidades. do uso do solo. Sem áreas para expansão na peri-

PLANEJAMENTO URBANO E O PROJETO INTEGRATION


dade de longos deslocamentos e congestionamen-
Algumas regiões centrais possuem extensas áreas tos, melhorando a qualidade de vida da população feria, os planejadores urbanos optaram por estra-
que apresentam grandes potenciais de desenvolvi- e reduzindo os consequentes impactos econômicos tégias de reciclagem de áreas urbanas internas, em
mento, como antigos complexos industriais, instala- sobre a administração pública1. desuso ou que perderam seu uso original com o
ções de infraestrutura obsoleta (portos, ferrovias), Para apoiar o desenvolvimento urbano interno decorrer do tempo. As cidades latino americanas
áreas de circulação ou até mesmo antigos aterros e os processos de revitalização é necessário que também enfrentam este tipo de questões urbanas.
sanitários. A reutilização dessas áreas urbanas de- diferentes atores participem de etapas do planeja- Elas precisam, portanto, enfrentar o crescimento
gradadas (brownfields) pode resultar em evidentes mento. Processos de revitalização bem sucedidos periférico (urban sprawl) e otimizar as potenciali-
Projeto INTEGRATION

impulsos econômicos para as cidades, gerando normalmente resultam de objetivos comuns acor- dades de suas áreas centrais. O contexto socioe-
postos de trabalho, proporcionando efeitos socio- dados entre os atores envolvidos, mas para isso é conômico em que essas áreas estão inseridas, no
econômicos positivos e melhorando a qualidade de fundamental que a municipalidade assuma o papel entanto, é diverso do europeu, não sendo por isso
vida de sua população. À primeira vista, a reurba- de condutor do processo. Esse foi o contexto que recomendável fazer-se a simples transferência de Stuttgart 21: projeto da revitalização da estação
nização adequada dessas áreas aparenta ser mais deu origem ao Projeto INTEGRATION 1. práticas bem sucedidas, e sim adaptá-las de acor- de trens e linha férrea em Stuttgart, Alemanha
Departamento de Planejamento e Renovação Urbana

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do com as características locais e situações parti- sobre o tema, foi feita uma análise dos campos de os diversos atores, e também propor instrumentos necessidade de grandes deslocamentos – quadro
culares de cada cidade. ação públicos e privados nas cidades participantes que impulsionem esse processo. que pode ser otimizado com o desenvolvimento
Sendo assim, cinco cidades – São Paulo, Rio de e seus países e formuladas recomendações para as As operações urbanas são previstas no Esta- integrado da rede de transporte público e o in-
Janeiro, Guadalajara, Bogotá e Quito – e o Estado autoridades locais envolvidas com o projeto (para tuto da Cidade como um instrumento que oferece centivo para a diversidade de usos e atividades,
Mexicano de Chihuahua elegeram projetos piloto mais informações sobre os projetos consulte os ca- possibilidades de favorecer melhorias socioam- propiciando uma urbanização densa e socialmen-
para serem trabalhados no âmbito do INTEGRATION, ses no final do manual). bientais e valorização ambiental. Para isso, a lei te diversa.
que foi desenvolvido em duas fases distintas. Os resultados dessa primeira fase foram postos municipal que aprova uma operação urbana deve
Na primeira fase foram elaboradas as bases con- em prática na implementação dos projetos pilotos, contemplar tanto um programa de atendimento
ceituais por meio do levantamento do estado da arte o que concretizou a segunda fase do projeto2. “Considera-se Operação Urbana Con-
econômico e social para a população diretamen-
sorciada o conjunto de intervenções e
te afetada pela operação, como uma requalifica-
medidas coordenadas pelo Poder Público
Resumo dos objetivos da Cidade de São Paulo no Projeto INTEGRATION ção ambiental em seu projeto urbanístico. Estas
Municipal, com a participação dos proprie-
Promoção do desenvolvimento urbano em áreas com localização central e usos em reestruturação, medidas são fundamentais no direcionamento
tários, moradores, usuários permanentes
(como áreas industriais), para produção de espaços com moradia, lazer e trabalho. dos recursos advindos das operações urbanas
e investidores privados, com o objetivo
Enfrentamento da transformação urbana de áreas com passivos ambientais. para políticas publicas voltadas a cidades mais
de alcançar em uma área transformações
Desenvolvimento integrado do planejamento urbano e dos aspectos ambientais nas intervenções equilibradas do ponto de vista da inclusão social
urbanísticas estruturais, melhorias sociais
em brownfields. e qualidade de vida.
e a valorização ambiental” (Estatuto da
Qualificação de representantes de cerca de 2 milhões de cidadãos aportando conhecimento e ins- Se bem formuladas e conduzidas, as Opera- Cidade, Seção X, Art. 32, § 1º)3.
trumentos necessários para a participação qualificada. ções Urbanas com as características acima po-
Fortalecimento da cooperação institucional. dem proporcionar mudanças benéficas para o
município, principalmente se forem feitas avalia-
ções preliminares sobre possíveis áreas conta- 1.4. O contexto paulistano
minadas, proposição de usos futuros adequados

PLANEJAMENTO URBANO E O PROJETO INTEGRATION


1.3. Instrumentos gerais da política frentar os diversos desafios e conflitos existentes Na cidade de São Paulo, a Secretaria Munici-
nas áreas urbanas3. e comunicação com as par tes envolvidas sobre pal de Desenvolvimento Urbano (SMDU) conduz as
de planejamento urbano
Em cidades que possuem áreas em transição ou as diferentes etapas de execução dos trabalhos. ações governamentais voltadas para o planejamen-
No caso das cidades brasileiras, o Estatuto que deveriam passar por transformações, as Ope- Também poderão criar condições para que a to e desenvolvimento urbano do município. Um dos
da Cidade, Lei Federal 10.257, de 10 de julho de rações Urbanas podem avaliar e propor soluções população que habita a área possa permanecer principais objetivos desta Secretaria é desenvolver,
2001, delegou aos municípios o desenvolvimento de requalificação, adequadas à realidade local. no local com o incremento de moradias sociais, acompanhar e aprimorar a legislação relacionada
de instrumentos visando à interferência benéfi- Visando alcançar transformações urbanísticas es- ampliação do volume de áreas verdes, solos ao Plano Diretor Estratégico (PDE), aos Planos Re-
ca em seus territórios, a fim de definir a função truturais com qualidade ambiental, valorizando e permeáveis e espaços de convivência, além de gionais das Subprefeituras, ao Parcelamento, ao
Projeto INTEGRATION

social das cidades. Para isso, é possível explorar ampliando os espaços públicos, garantindo maior possibilitarem a utilização de infraestruturas ur- Uso e Ocupação do Solo e às Operações Urbanas6.
esses instrumentos para que induzam as formas acessibilidade a todos os serviços pela maior ofer- banas eficientes, de baixo carbono e resilientes. Para que as ações sejam bem sucedidas é
de uso e ocupação do solo de maneira mais sus- ta dos transportes públicos e assegurando melhor Essas melhorias têm o potencial de proporcionar fundamental que haja uma integração direta de
tentável e participativa, e para que adotem um condição de vida para a população4. Para que es- condições adequadas de moradia, trabalho, es- diversas políticas, órgãos municipais e institui-
planejamento estratégico, que seja capaz de en- sas ações sejam efetivadas, é necessário envolver tudo e lazer próximo às residências, reduzindo a ções locais. Um exemplo dessa integração são as

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Diretrizes para o Plano de Ação da Cidade de São Carioca, Lapa/Brás e Rio Verde/Jacu, sendo que área do antigo Incinerador Pinheiros, localizado na to urbano sustentável dessa região, com a aplica-
Paulo para a Mitigação e Adaptação às Mudanças as duas primeiras buscam requalificar a orla fer- zona oeste da cidade, o qual esteve em operação ção de mecanismos que promovam a revitalização
Climáticas, que envolve diversas secretarias muni- roviária e as áreas industriais contidas dentro de entre os anos de 1949 a 1989 processando resídu- de brownfields e que, em longo prazo, possam se
cipais, propõe a otimização de infraestrutura ur- seus respectivos perímetros5. os domiciliares e de serviços de saúde (para mais efetivar em uma política pública, beneficiando toda
bana como um todo e promove ações relacionadas informações consulte os cases no final do manual). a cidade e também servindo de modelo para outras
à adaptação e mitigação. No que se refere ao uso 1.5. A participação de São Paulo Já a cooperação técnica estabelecida entre a SVMA e cidades brasileiras2.
do solo, o Plano de Ação reforça que o desen- a CETESB possibilitou a disponibilização, para o mu- A região da OUC Mooca-Vila Carioca possui ca-
no Projeto INTEGRATION
volvimento de uma Cidade Compacta é prioritário. nicípio, do Sistema de Fontes de Poluição (SIPOL), e racterísticas bem singulares, pois está conectada
Esse conceito já foi difundido em diversas cida-
e a OUC Mooca-Vila Carioca proporcionou a otimização da inclusão de dados no à linha férrea, possui extensos terrenos e quar-
des do mundo e tem sido também aplicado nas Conforme mencionado anteriormente, a cidade Sistema de Informação chamado “Boletim de Dados teirões, conta com descontinuidade no sistema
Operações Urbanas Consorciadas em São Paulo. de São Paulo foi uma das participantes do Proje- Técnicos” (BDT). de circulação, principalmente de pedestres, com
A Cidade Compacta é uma diretriz de indução da to INTEGRATION, que apoiou iniciativas de desen- Esses avanços metodológicos são fundamen- poucas conexões entre os eixos leste e oeste da
implantação de centralidades e requalificação das volvimento interno sustentável de cidades latino- tais, e possibilitam a implementação de políticas linha férrea. Também apresenta sérios problemas
já existentes, incentivando o adensamento popu- -americanas, buscando soluções aplicáveis para públicas urbanas que considerem efetivamente a de drenagem devido à ampla impermeabilização do
lacional onde haja capacidade de suporte viário e implantação de projetos com vistas à reutilização e gestão ambiental, de modo a possibilitar a recupe- solo e corpos d’água e fundos de vale degradados,
de transportes, com qualidade ambiental e urba- revitalização de áreas degradadas e subutilizadas ração, a remediação e a reutilização de áreas de- sendo assolada por frequentes inundações nas
nística, adequando essa capacidade de suporte (brownfields) em suas regiões centrais. tentoras de passivos ambientais de forma segura. margens do Rio Tamanduateí, além da existência
onde ela for precária ou inexistente. Diferente de outras cidades participantes do A fim de consolidar esses avanços, e em con- de muitos imóveis subutilizados e prédios e edifi-
Paralelamente, dentro dos conceitos de Cida- Projeto, São Paulo possui um histórico que demostra tinuidade ao projeto Modelo de Gerenciamento e cações com alto valor histórico2.
de Compacta, busca-se o equilíbrio entre a relação claramente a evolução dos trabalhos relacionados à Recuperação de Áreas Degradadas por Contamina-
emprego/habitante por meio de intervenções ur- gestão de áreas contaminadas. Desde 2002, o mu- ção, desenvolvido no âmbito do ProGAU, a cidade
SITUAÇÃO ATUAL:
banas, permitindo que o trabalhador possa morar nicípio tem trabalhado e aprimorado os mecanismos elegeu como projeto piloto para sua atuação no
OUC Mooca-Vila Carioca

PLANEJAMENTO URBANO E O PROJETO INTEGRATION


perto de seu emprego, reduzindo o chamado mo- utilizados para o gerenciamento de áreas contami- INTEGRATION uma região de 650 ha, que integra
vimento pendular – deslocamento de grande parte nadas, dando prioridade às ações preventivas. Isso a Operação Urbana Consorciada (OUC) Mooca-Vila Área Total: 1.659 ha
da população da periferia para o centro5. foi consequência de diversas iniciativas, como a Carioca, com cerca de 1.700 hectares, abrangen- Área das Quadras: 1.439 ha (88%)
Nesse contexto, alguns instrumentos necessi- criação do Grupo Técnico Permanente de Áreas Con- do grande parte da área original da antiga Ope- Áreas verdes públicas: 48 ha (2,7%)
tam ser explorados ao extremo, como as Opera- taminadas (GTAC) pelo Departamento de Controle ração Urbana Consorciada Diagonal Sul. O desafio Áreas de ZEIS: 150 ha (10% área quadras)
ções Urbanas, previstas no Plano Diretor Estraté- da Qualidade Ambiental (DECONT) da Secretaria do de trabalhar com uma perspectiva macro, em uma População 2010: 139 mil habs.
gico do município. Além de englobarem todas as Verde e do Meio Ambiente (SVMA), e do desenvol- vasta região urbana, caracterizada pela ocupação População Cortiços/Favelas (Habisp): 15
premissas anteriormente citadas, elas levam em vimento do Projeto Gestão Urbana (ProGAU), fruto industrial iniciada a partir da década de 1920 e mil habs.
Projeto INTEGRATION

conta a melhoria ambiental por meio da amplia- de cooperação técnica Brasil-Alemanha, coordenado que atualmente passa por processos de mudança Empregos formais 2010: aprox. 108 mil
ção e requalificação de áreas verdes e espaços pelo Ministério de Meio Ambiente com a participação de uso, propiciou o desenvolvimento desse projeto Densidade populacional: ~ 84 hab/ ha
livres de uso público, aumentando os índices de da Agência de Cooperação Internacional Alemã (GIZ, piloto. Seu objetivo é elaborar subsídios ambien- Densidade Empregatícia: ~ 65 emp/ ha
permeabilidade e área verde por habitante. Pode- antiga GTZ). Também foi implementada uma experi- tais e estratégias de comunicação interna e externa Emprego/ habitante: 0,78
mos destacar as Operações Urbanas Mooca-Vila ência prática de recuperação de um brownfield na para os processos relacionados ao desenvolvimen-

18 19
legenda
Operação Urbana Consorciada
Mooca - Vila Carioca
Sua requalificação urbana está sendo pla- De acordo com as características da área, as re- asseguradas condições dignas de moradia para
Projeto Piloto INTEGRATION
nejada, por meio do Plano Urbanístico da OUC des de transporte já existentes e previstas poderão quem reside na área (construção de habitações

SVMA/PMSP
Mooca-Vila Carioca, elaborado pelo consórcio configurar essa região como uma centralidade mista sociais), principalmente para a população de baixa
vencedor da licitação, seguindo as diretrizes de grande intensidade, diversidade e dinamismo. A renda, e sem que haja incentivos à ampla participa-
formuladas pela SMDU e em cooperação com reurbanização dessa região, historicamente ligada ção dos diversos atores interessados em diferen-
aos setores industriais, abre a possibilidade de se tes etapas da OUC2.
as equipes técnicas da Prefeitura. Fazem par-
manter e incrementar o dinamismo econômico, maxi- O projeto piloto “Cadastro de terrenos com po-
te desse projeto estudos de impacto ambiental,
mizar o uso residencial, incorporar o patrimônio his- tencial de revitalização – Desenvolvimento urbano
estudos de capacidade de supor te da infraes- tórico existente na região ao processo de renovação na região Mooca-Vila Carioca” no âmbito do INTE-
trutura de circulação, estudos econômicos e um urbana e melhorar as conexões viárias, interligando GRATION consistiu de uma identificação e avaliação
programa de comunicação 7. as áreas localizadas a leste e oeste da ferrovia7. preliminar de terrenos com suspeita de contami-
nação na área da OUC Mooca-Vila Carioca (mapea-
mento do potencial de uso do solo em função dos
Diretrizes: OUC Mooca-Vila Carioca níveis potenciais de contaminação), elaboração de
Ocupar mais intensamente a área central com uso misto, aproveitando sua oferta de infraestrutura; propostas para subsequentes intervenções como
Equilibrar a nova ocupação com a identidade, paisagem e ambiente locais; aprimoramento das investigações, e de estratégias
Desenvolver um polo econômico especializado de valor estratégico, focado na logística estrutu- de comunicação e participação social. A criação de
rada de distribuição de mercadorias; subsídios para um desenvolvimento ambientalmente
Ser um exemplo na reinserção urbana e econômica de tecidos industriais e áreas contaminadas, e urbanisticamente adequado, economicamente efi-
com instalação de novas atividades compatíveis com as condições específicas destes sítios; ciente e com a promoção de mecanismos de comuni-
Apresentar soluções espacialmente integradas de drenagem e espaços públicos, de forma que cação e participação também foi contemplada2.
a água possa ser vista também como elemento de valor urbano, assumindo funções econômicas O inventário identificou e classificou as áreas

PLANEJAMENTO URBANO E O PROJETO INTEGRATION


e de lazer. de acordo com suas características ambientais (po-
tencial e grau de contaminação), uso e ocupação
(espaços ocupados, subutilizados, abandonados) Vista áerea da localização da região abrangida
Esse processo de alterações urbanísticas, áreas deve estar em sintonia com as propostas ur- pela OUC Mooca-Vila Carioca e da área de
e relevância urbana atual (tamanho, público / pri- intervenção do Projeto INTEGRATION
considerado de longo prazo, ainda dependerá de banísticas e condições econômicas da cidade, a fim vado, área, interesse social e histórico), introdu-
aprovação de legislação específica. Portanto, as in- de permitir um desenvolvimento urbano sustentável zindo os conceitos de “área potencialmente con-
tervenções do Projeto INTEGRATION estão focadas e integrado. Acima de tudo, a ocupação e a recicla- taminada” e “área com potencial de reutilização”. *Na publicação “Planejamento urbano integrado e participa-
nas questões de uso e revitalização de áreas con- gem das áreas degradadas devem assegurar o uso Por meio do trabalho integrado de diferentes de- ção social na recuperação e reintegração de áreas degrada-
Projeto INTEGRATION

taminadas e brownfields originários das atividades e a ocupação isentos de riscos para a saúde hu- partamentos públicos, os resultados do inventário das – Lições aprendidas do Projeto-Piloto INTEGRATION na
industriais que ali existiam. A gestão e reutilização mana e proporcionar a recuperação ambiental dos região Mooca-Vila Carioca”, elaborada pela Secretaria Muni-
deverão ser utilizados para o planejamento urbano
cipal do Verde e Meio Ambiente da Cidade de São Paulo em
dessas áreas representam um desafio de extrema solos e águas subterrâneas2. a fim de subsidiar as estratégias para as mudanças parceria com o ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade,
relevância para as esferas urbanística, ambiental e Em relação às questões sociais, as alterações urbanísticas e alterações de uso do solo, tanto para são apresentadas informações mais completas de toda OUC
econômica. A reutilização (e remediação) dessas na região não podem ser planejadas sem que sejam lotes particulares como para regiões maiores*. Mooca-Vila Carioca

20 21
Ao contrário da listagem de áreas comprovada- Ambiente da Cidade de São Paulo, em conjunto prin-
mente contaminadas existente na CETESB, o projeto cipalmente com as Secretarias Municipais de Desen-
SVMA/PMSP

legenda piloto elaborado no âmbito de INTEGERATION tem um volvimento Urbano, Saúde e Habitação, e o Projeto
Prioridades para detalhamento caráter preventivo no sentido que sobrepõe critérios INTEGRATION, tem implementado ações a fim de
da avaliação preliminar ambientais (potencial de contaminação, tipos de con- promover a participação dos diversos stakeholders,
taminantes esperados etc) com critérios de uso do (público alvo ou partes interessadas), tendo em vis-
Alta solo (usos diversos existentes e planejados) e apre- ta o aprimoramento dos processos relacionados à
Média senta recomendações para passos seguintes como, coesão social e territorial.
por exemplo, a necessidade de investigação técnica. A fim de incentivar o envolvimento da sociedade
Baixa
Nesse sentido, os resultados poderão ser utili- nesse processo de aprovação da OUC e fortalecer os
Prioridades para zados pela administração municipal, sendo aporte canais de participação dos stakeholders, a Secretaria
investigação confirmatória muito significativo para a elaboração do Plano Ur-
do Verde e do Meio Ambiente, em conjunto com a sua
Alta banístico da OUC Mooca-Vila Carioca e dos Estudos
Divisão de Gestão Descentralizada Centro Oeste 2 e
de Impacto Ambiental. Também poderão servir como
Média o ICLEI, promoveu o curso piloto “O Papel do Conse-
possíveis orientações para investidores no que se
Baixa lheiro na Política Urbana: da Teoria à Prática“ direcio-
refere à maior transparência sobre os potenciais e
nado aos Conselheiros Regionais de Meio Ambiente,
restrições ambientais das futuras revitalizações.
Especificamente, os estudos do INTEGRATION Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz (CADES
Lotes contaminados
subsidiarão: Regionais) das Subprefeituras Sé, Ipiranga, Mooca
Limite da área de interesse J A adequação da destinação de áreas contami- e Vila Prudente. A capacitação foi organizada em 8
nadas e brownfields de forma compatível com módulos, realizados entre maio e agosto de 2011.
as propostas de alterações de usos e renova- O curso levou ao conhecimento dos conselheiros o

PLANEJAMENTO URBANO E O PROJETO INTEGRATION


ção construtiva; conceito de desenvolvimento local, os instrumentos
J A espacialização da composição dos usos mis- públicos de planejamento e gestão urbana e o tema
tos, identificando a melhor localização para os da educação ambiental. Também apresentou nos últi-
tipos de uso, de acordo com a ocorrência e a mos módulos os marcos regulatórios, os conceitos do
densidade de áreas contaminadas e brownfields; Projeto INTEGRATION, e informações mais relevantes
J A gestão financeira da OUC por meio de uma es- sobre a Operação Urbana Mooca-Vila Carioca. Esse
timativa geral dos custos relativos às interven- trabalho de capacitação foi concluído com uma oficina
Cadastro de áreas que necessitam
ções ambientais necessárias (processos rela- sobre estratégias de participação social e comunica-
Projeto INTEGRATION

de estratégias específicas para


intervenção, um dos resultados cionados à remediações, que poderiam impactar ção de riscos e com uma visita técnica à região da
do Projeto Piloto de São Paulo no nos orçamentos e cronogramas). Operação Urbana Mooca-Vila Carioca.i
âmbito do INTEGRATION A metodologia desenvolvida para o curso piloto
Paralelamente às ações mencionadas anterior-
mente, a Secretaria Municipal do Verde do Meio tem sido adaptada e utilizada para o treinamento

22 23
PRINCIPAIS APRENDIZADOS resultanteS
e capacitação de Conselheiros Regionais de outras
Subprefeituras da cidade. 2. DESAFIOS RELACIONADOS
ÀS ÁREAS CONTAMINAdAs E BROWNFIELDS
do curso piloto de capacitação dos Outra ação para promoção da participação foi
CADES Regionais a realização do Seminário Internacional “São Pau-
lo Cidade Compacta”, em 2010 também em parceria
Lição 1: Conscientização > Por meio
do apor te de conhecimentos dos ins-
com o ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade. 2.1. Contextualização Variando em intensidade e significância9 essas
Esse evento teve como intuito envolver autoridades áreas são identificadas como potencialmente conta-
trumentos de planejamento urbano, os O expressivo desenvolvimento populacional,
e especialistas na discussão sobre integração urba- minadas. São áreas industriais ou comerciais, des-
conselheiros puderam tomar consciência científico e social registrado pela humanidade a
na e recuperação de áreas degradadas. de postos de combustível a complexos industriais
da necessidade de atuar de forma inte- partir da década de 1950 foi suportado por im-
O encontro reuniu técnicos das secretarias mu- químicos, que foram desativados, abandonados ou
grada no processo de tomada de deci- portantes avanços científicos que deram origem a
sões, a fim de fomentar o equilíbrio nas nicipais de São Paulo e outras cidades, autoridades ainda estão em operação, mas com manuseio, pro-
novos produtos e ao crescimento exponencial dos cessamento e disposição negligente de substâncias
decisões técnicas, políticas e sociais. locais, nacionais e internacionais, representantes do
padrões de consumo. Se de um lado houve melhora tóxicas. Incluem-se aí os aterros e lixões de resíduos
setor privado, academia e sociedade civil, ligados às
Lição 2: Definição de capacidade > O pro- no bem estar dos seres humanos, de outro amplia-
áreas do planejamento urbano, construção civil, re- industriais e/ou domésticos para os quais não houve
cesso de capacitação possibilitou o entendi- ram-se, praticamente nas mesmas proporções, os
vitalização de áreas degradadas e gestão ambiental. projetos, zoneamento e gerenciamento adequados,
mento da corresponsabilidade dos cidadãos impactos negativos da atuação do homem sobre o
Foi uma oportunidade para as cidades de São Paulo contribuindo para a ocorrência da deterioração da
representantes (conselheiros) quanto à meio ambiente. Sem conhecimento científico sobre
e Stuttgart apresentarem boas práticas em revitali- qualidade do solo e a consequente contaminação do
comunicação de risco e sua relação com a esses impactos e com práticas consideradas legais
zação de áreas degradadas e planejamento urbano, solo, da biota, das águas superficiais e subterrâne-
ampliação da melhora de condição de vida,

DESAFIOS RELACIONADOS ÀS ÁREAS CONTAMINADSA E BROWNFIELDS


assim como discutir as políticas públicas em curso, os ou toleradas, criou-se um processo de industriali- as, além de áreas agrícolas onde houve excessiva
de moradia e de trabalho nas áreas urbanas. zação onde o solo, por muito tempo, foi conside-
desafios e possíveis soluções frente às demandas de aplicação de pesticidas.
Lição 3: Desenvolvimento de habilidades rado um depósito ilimitado de substâncias nocivas,
revitalização e reocupação do centro urbano de São Áreas potencialmente contaminadas podem
> O aporte de conhecimentos proporcio- como o lixo doméstico e os resíduos industriais.
Paulo, contemplando também as moradias populares. representar riscos à saúde e ao meio ambiente,
nou a capacidade da sociedade de exer- Esse desenvolvimento também conduziu ao
Como pano de fundo para todas essas ações, de acordo com os diferentes uso e ocupações que
cer a cidadania ativa de forma qualifica- adensamento das metrópoles sem que houvesse
existe o grande desafio de desmistificar o paradig- poderão ocorrer. Brownfields (propriedades aban-
da, indicando intervenções consistentes a devida organização da ocupação do espaço, le-
ma de que o uso de áreas degradadas e brownfiel- donadas ou subutilizadas, cuja reutilização é difi-
e adequadas. vando à verticalização das cidades e à ocupação
ds que passaram por processos eficazes de reme- cultada pela presença real ou potencial de subs-
Lição 4: Elaboração de protocolos de diação podem representar riscos para a população. das periferias, que normalmente são áreas estra- tâncias perigosas poluentes ou contaminantes10)
ação > A elaboração de um Manual de É, portanto, necessário disseminar o conhecimento tégicas devido aos serviços ambientais que pres- podem representar impactos econômicos, sociais
Participação e Comunicação possibilita in- tam à cidade. As grandes cidades também passa- e ambientais. Nos casos de áreas abandonadas,
acerca da segurança na utilização adequada des-
tegrar as práticas de diversos setores da ram a conviver com vazios urbanos, provocados resultam em entraves econômicos, dificultam o de-
sas áreas, antes contaminadas, e que comprova-
administração pública em cooperação com
Projeto INTEGRATION

damente poderão ser utilizadas para outros fins, pelo fechamento ou realocação de indústrias e senvolvimento urbano e social. Áreas comprovada-
a população, fortalecendo a credibilidade instalações de infraestrutura, que deixaram para
como moradia, lazer e emprego. mente contaminadas também apresentam impactos
e a confiança na relação entre os diversos trás um passivo (ambiental, social e econômico)
Nos capítulos seguintes, serão abordadas ques- e riscos ambientais.
setores da sociedade.
tões relacionadas às áreas contaminadas e brownfiel- que dificulta a reincorporação dessas áreas ao Diante desses cenários, as ações devem ser
ds, comunicação de risco, participação e coesão social. tecido urbano8. preventivas, embasadas por políticas que promo-

24 25
vam investigações técnicas dessas áreas, a fim de ada próxima a Roterdan, na Holanda, prejudican- Os problemas ambientais, de, redução do valor
definir as estratégias mais adequadas de recu- do 268 famílias. de risco a saúde e econô- Em 1978, descobriu-se em Lekkerkerk imobiliário da proprie-
peração, remediação e reutilização de áreas com Outro caso citado como clássico pelos estudio- micos são evidentes, pois a um caso grave de contaminação que atingiu dade e impacto social
passivos ambientais. sos do setor, que levou à revisão das políticas pú- recuperação dessas áreas é 268 residências, uma escola e um ginásio e econômico pela não
blicas para cuidado e tratamento do solo ocorreu custosa, demorada e muitas de esportes construídos sobre uma área utilização correta des-
2.2. Reuso indevido na Alemanha, na cidade de Dortmund, onde uma vezes complexa. aterrada antes utilizada como depósito de sas áreas.
de áreas contaminadas área de uma antiga coqueria foi comprada pela Contudo, os impactos resíduos industriais. Essas casas tiveram É importante des-
A percepção da limitação do solo como re- prefeitura local e posteriormente loteada. Quinze sociais somente há pouco que ser abandonadas quando odores estra- tacar que, conforme
ceptor de resíduos iniciou-se no final da década anos depois, em 1981, foram percebidos sinais tempo passaram a ser consi- nhos passaram a incomodar e seus morado- alerta Marker, a im-
1970 e início dos anos de contaminação que derados de maneira efetiva, res começaram a perceber a deterioração plantação de empreen-
1980, após a constata- somente foram confir- além dos problemas causados das tubulações plásticas de água instaladas dimentos imobiliários
ção de casos graves de O Love Canal foi concebido por William mados em 1986, levan- pela evacuação dessas áre- no subsolo de suas residências. Análises em áreas com conta-
contaminação. Entre os T. Love para fornecer energia barata, por do à desocupação de as. Enquanto grandes áreas constataram que compostos orgânicos como minação não identifi-
mais marcantes está o meio de uma pequena hidrelétrica, às in- dezenas de casas e às abandonadas pelas indústrias tolueno e xileno haviam penetrado nas tubu- cadas e gerenciadas
caso de Love Canal, na dústrias da região de Niágara, situada ao respectivas indeniza- permanecem sem uso, a po- lações de água e de esgoto em toda a área. pode colocar em risco
cidade americana de norte do estado de Nova Iorque, Estados ções de seus proprietá- pulação de renda mais baixa Durante a escavação do local para remoção a saúde do trabalha-
Niagara Falls, estado de Unidos. Porém, antes de sua implantação, rios, além de fomentar é expulsa para a periferia das dos resíduos e da terra contaminada, des- dor, em decorrência da
Nova York, contamina- surgiu um novo sistema de transmissão de a obrigatoriedade dos cidades, ocupando irregu- cobriu-se a existência de 1.651 tambores de exposição ao material

DESAFIOS RELACIONADOS ÀS ÁREAS CONTAMINADSA E BROWNFIELDS


do por metais pesados, energia barata para longa distância e o pro- municípios elaborarem larmente regiões de alto po- substâncias químicas misturadas a material contaminado durante
hidrocarbonetos, dio- jeto foi abortado. Em 1920, a área passou cadastros de áreas sus- tencial ambiental. Segundo o inerte oriundo de demolições. Os custos de os trabalhos de cons-
xinas, compostos orgâ- a ser utilizada como aterro municipal e in- peitas de contaminação consultor da Agência Alemã recuperação da área atingiram, em valores trução, dos futuros
nicos voláteis e pesti- dustrial para produtos químicos. Em 1953, nos seus territórios. de Cooperação Internacional da época, cerca de US$ 65 milhões. Esse moradores do em-
cidas, impactando cerca o aterro foi coberto com terra e vendido, Como é possível (GIZ – Deutsche Gesellschaft caso também teve repercussão pública e le- preendimento (risco
de 70.000 pessoas em dando origem a uma pequena comunida- constatar, a ocupação für Internationale Zusamme- vou a Holanda a ser um dos primeiros países ambiental e de saúde
um raio de 5 km. de. Contudo, um forte período de chuvas do solo, principalmen- narbeit), Andreas Marker, “um europeus a adotar uma legislação específica pública) e das pessoas
Outro exemplo inter- no final dos anos 1970, provocou o vaza- te para fins residen- terreno contaminado deixa de para proteção do solo 13. que possam eventual-
nacional muito significa- mento de produtos químicos de tambores ciais, pode resultar render impostos para as au- mente ficar expostas a
tivo para as mudanças enterrados no local, exigindo a remoção em graves problemas toridades, empregos para a terra e entulho conta-
de conduta com relação de famílias de mais de 760 residências. ambientais, econômi- população, receita para seus minados se os mesmos
Estimativas indicam que os gastos para a cos e sociais, caso a proprietários, e estimula empreendimentos imobiliá- não forem dispostos corretamente12. Assim, configura-
Projeto INTEGRATION

ao uso e ocupação do
solo pelo setor indus- evacuação da área foram de U$30 milhões, contaminação não seja rios em áreas verdes”11. -se uma situação composta de riscos ambiental, legal
trial (com autorização enquanto que as atividades de recuperação constatada antes da im- Os estudiosos citam, entre outros, quatro grandes e financeiro, oriundos de possíveis impactos à saúde.
do poder público) ocor- já superaram os U$250 milhões 13. plantação do empreen- problemas causados por essas áreas contaminadas e Esse quadro naturalmente implica também em uma
reu em Lekkerkerk, situ- dimento imobiliário. abandonadas: risco à saúde humana e aos ecossiste- situação de risco para o empreendedor, no que se re-
mas, risco à segurança dos indivíduos e da proprieda- fere aos cronogramas das obras e sua responsabiliza-

26 27
ção quanto aos impactos negativos causados pelo que fica impedida sua utilização sem tratamento gem que se cria sobre uma área nessas condições A Figura 2.1, desenvolvida por Sánches contribui
quadro de contaminação, e para o próprio gestor específico. A palavra Brachfläche é usada na Ale- é muito negativa, podendo prejudicar sua utilização para situar os brownfields dentro dessas definições
público, que vê prejudicada sua política de desen- manha para identificar uma área degradada, ociosa após a remediação e sua adequação a novos usos de degradação e contaminação8.
volvimento urbano12. e abandonada na qual podem ou não existir conta- que não representam riscos à saúde. À luz dos co- É importante ressaltar que os brownfields não
Por isso, é fundamental que as políticas de ges- minações reais que dificultam a sua reutilização15. nhecimentos atuais, a principal orientação é que, devem ser considerados necessariamente como
tão ambiental dos municípios estejam bem alinha- Estas áreas representam espaços ociosos e antes de se iniciar qualquer atividade de revitaliza- áreas contaminadas. Segundo a Companhia Am-
das com os diversos setores que poderão estar en- abandonados, onde no passado se desenvolve- ção, essas áreas sejam previamente investigadas e biental do Estado de São Paulo (CETESB), uma área
volvidos no gerenciamento de áreas contaminadas ram atividades industriais e comerciais, muitas avaliadas quanto à existência de contaminação. E a é considerada contaminada quando se comprova
e brownfields. vezes agressivas ao meio ambiente, resultado de partir dos resultados, as estratégias de revitalização a existência de poluição causada por quaisquer
exploração e utilização extensivas do solo e dos deverão ser estudadas de acordo com o uso futuro substâncias ou resíduos que nela tenham sido de-
2.3. Definições e conceitos recursos naturais. Podem ter sido utilizadas, por das áreas, assim como as estratégias de comunica- positados, acumulados, armazenados, enterrados
exemplo, pelos segmentos industriais, como quí- ção, a fim de desmistificar os paradigmas negativos. ou infiltrados, causando impactos negativos sobre
Embora o conceito de proteção dos solos te- mica, mineração, agroindústria e florestal; e de in-
nha sido o último a ser abordado nas políticas fraestrutura, como ferrovias, postos de combustí-
ambientais dos países industrializados, segundo veis, portos, aeroportos, garagens, tratamento de
Sánches desde o final do século passado a ques- resíduos, aterros sanitários; militar, como áreas de
tão das áreas degradadas e das áreas contami- treinamento, e até mesmo uso residencial.
Importante frisar que na conceituação dos Áreas Degradadas
nadas tem integrado as políticas de revitalização

DESAFIOS RELACIONADOS ÀS ÁREAS CONTAMINADSA E BROWNFIELDS


das cidades, cujo objetivo é conferir um novo uso brownfields não se usa o termo risco, mas o cri-
comprovadamente seguro dessas áreas, integran- tério econômico de reintegração dessas áreas ao
do-as de maneira gerenciada ao tecido urbano ciclo econômico no sentido de reciclagem (Bra-
com um novo propósito de ocupação de caráter chflächenrecycling, Alemanha), re-desenvolvimen- Áreas Contaminadas
social, cultural ou funcional13. to (brownfield redevelopment, Estados Unidos) ou
A mudança estrutural do espaço urbano dos revitalização (aqui no Brasil) 15.
países europeus e norte-americanos nas últimas Assim, é possível concluir que uma parte dos
décadas trouxe à tona o problema das áreas de- espaços ocupados pelos assentamentos urbanos
gradadas, e dos brownfields, que segundo a En- constitui-se de áreas degradadas, entre as quais
vironmental Protection Agency (EPA) significam estão os brownfields, e que podem constituir-se
em áreas contaminadas se apresentarem concen-
Brownfields
“propriedades abandonadas ou subutilizadas cuja
trações de contaminantes com risco à saúde8. Áreas Ocupadas
reutilização é dificultada pela presença real ou
Projeto INTEGRATION

potencial de substâncias perigosas poluentes ou De qualquer forma, se houver suspeita ou per-


contaminantes” 10. Na Inglaterra, o termo usado é cepção da possibilidade de contaminação nos bro-
Figura 2.1: Relações entre áreas degradadas,
derelict land e se refere ao solo danificado pelas wnfields, mesmo que esta não seja efetiva, poderá contaminadas e brownfields
atividades industriais e outros usos, de maneira haver dificuldades para sua reutilização, pois a ima- Fonte: SANCHES, 20048.

28 29
os bens a proteger (o próprio solo, suas caracte- as devidas reparações pelos danos sofridos14.
rísticas ambientais e seus usuários). A área é con- Para evitar estes conflitos e mitigar os riscos é
siderada degradada quando há a ocorrência de al- necessário investigar as áreas antes da aquisição,
terações negativas das suas propriedades físicas, construção e ocupação.
tais como sua estrutura ou grau de compacidade, a O uso incorreto ou inescrupuloso dos brownfiel-
perda de matéria devido à erosão e a alteração de ds contaminados para outras formas de ocupação -
características químicas devido a processos como como residencial, comercial ou industrial leve - abriu Figura 2.2. Mapa
salinização, lixiviação, deposição ácida e a intro- caminho para que se sucedessem no Brasil, principal- arquitetônico do
dução de poluentes. Assim, uma área considerada Condomínio Barão
mente no Estado de São Paulo, os mesmos problemas
de Mauá
poluída pode ser identificada como degradada, en- observados nos países citados anteriormente. Fonte: CETESB,
quanto que, para ser considerada degradada não Além do caso de Cubatão, cidade do litoral do Es- 2012 39.
precisa estar necessariamente contaminada16. tado de São Paulo, há o caso crítico do Conjunto Resi-
dencial Barão de Mauá, localizado na cidade de Mauá,
2.4. Impactos e riscos que colocou em situação de risco 1.762 famílias:
relacionados a brownfields Por conta desse tipo de problema, o poder pú-
blico precisa estar preparado para intervir, orientar
O grande problema dos brownfields com solos e auxiliar na melhor maneira de fazer a ocupação Conjunto Residencial Barão de Mauá
contaminados é que seus efeitos negativos não são dessas áreas. O condomínio Barão de Mauá é um caso dramático de exposição de pessoas ao perigo de danos

DESAFIOS RELACIONADOS ÀS ÁREAS CONTAMINADSA E BROWNFIELDS


óbvios, podem demorar a se manifestar e, no caso crônicos à saúde e de risco de perda da vida devido à contaminação ambiental por agentes químicos
de ocupação de um brownfield contaminado, podem tóxicos depositados no subsolo. Sua construção foi iniciada em 1996 em uma área que havia sido
2.5. Gestão de áreas contaminadas
significar riscos para os moradores, para os traba- utilizada como aterro de resíduos sólidos industriais, predominantemente areias de fundição, da
lhadores da obra, para os investidores que perdem o em São Paulo e bases legais
empresa Cofap. Contudo, como não havia controle da área pelos proprietários, outras substâncias
capital aplicado, para os bancos que dão crédito etc. Na Região Metropolitana de São Paulo, principal tóxicas de origem desconhecida foram ali depositadas inadequadamente.
Quando estes efeitos tornam-se evidentes, o dano região industrial do Brasil, antigas áreas industriais Em 22 de abril de 2000, com diversas unidades já habitadas, foi registrado um acidente envol-
já atingiu níveis alarmantes, causando problemas de desativadas estavam sendo utilizadas para novos vendo dois operários que realizavam manutenção em um poço de bomba do condomínio. A perícia
saúde pública e tornando urgente a realização das usos de maneira desordenada até a promulgação apurou que houve uma explosão causada por gases confinados que migraram do solo contamina-
ações necessárias para reparar os danos causados. da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Essa do. Onze edifícios receberam ordem de evacuação, atingindo mais de 500 famílias. Embora nem
No entanto, alguns fatores de ordem social e política Lei criou o Estatuto da Cidade e regulamentou as todos os edifícios tenham sido construídos sobre o depósito de resíduos, seus proprietários foram
podem fazer com que o reconhecimento da contami- exigências constitucionais ao instituir normas rela- diretamente atingidos pela perda do valor de seus imóveis39.
nação pelos atores envolvidos não se dê de imedia- tivas à ação do poder público para a gestão do uso
Projeto INTEGRATION

to, não seja consenso. Geralmente, de um lado estão da propriedade urbana em prol do interesse pú-
os agentes responsáveis negando o problema, a fim blico, da segurança e do bem estar dos cidadãos,
o Estatuto da Cidade determinou a criação do Pla- históricos desafios do desenvolvimento urbano.
de não assumirem suas responsabilidades legais, e, bem como do equilíbrio ambiental.
no Diretor, que passou a configurar-se como uma São Paulo instituiu seu Plano Diretor Estra-
de outro, os grupos sociais afetados reivindicando Para as cidades com mais de 20 mil habitantes,
poderosa ferramenta para o enfrentamento dos já tégico por meio da Lei 13.430, de 13 de se-

30 31
tembro de 2002, tornando responsabilidade e mas que surgiam, em geral já configurados como taminação só poderão ser utilizadas após investi-
obrigação pública a definição dos usos adequa- uma situação emergencial. A atuação ar ticulada Principais marcos legais gação e análise de risco. Neste mesmo artigo, são
dos da propriedade urbana, os padrões míni- e preventiva teve início a par tir de 2002, com a Os passivos ambientais oriundos da con- definidas as atividades consideradas suspeitas.
mos e máximos de utilização que caracterizam criação do Grupo Técnico Permanente de Áreas taminação dos solos e das águas subter- Com esse arcabouço legal é possível con-
este uso, a definição dos locais e as finalidades Contaminadas (GTAC) pela Secretaria Municipal râneas são tratados na esfera estadual cluir que a questão ambiental ligada às áreas
para os quais é autorizada a transferência ou a do Verde e do Meio Ambiente (SVMA). através de leis, decretos e resoluções. A degradadas por contaminação no município de
cessão onerosa do direito de construir. Também Assim, por meio da legislação citada acima, lei mais geral de controle de fontes de São Paulo conta com vários instrumentos legais
tornou legal a incumbência do município na a cidade de São Paulo passou a tratar da apro- poluição, Lei nº 997/1976, também é para apoiar e conduzir a ordenação territorial
identificação da parcela da área urbana onde vação de parcelamento de solo, edificação ou aplicada aos casos de contaminação. Mas local, o que representa um avanço, pois a rees-
os imóveis não edificados, subutilizados ou não instalação de equipamentos em terrenos conta- há outros diplomas legais específicos truturação do espaço na cidade se dá notada-
utilizados poderão ser objeto de parcelamento minados ou suspeitos de contaminação, condi- para o assunto como: mente em antigas áreas industriais, com grande
e edificação compulsórios. cionando à apresentação de Laudo Técnico de J a Lei nº 9999/98 para as áreas si- número de atividades consideradas potencial-
A par tir do Plano Diretor Estratégico do mu- Avaliação de Risco que comprove a existência de tuadas em Zonas de Uso Predomi- mente contaminadoras.
nicípio, do Decreto Municipal 42.319, de 2002, condições ambientais aceitáveis para o uso pre- nantemente Industrial (ZUPIs) que O GTAC centraliza os dados sobre as áreas
e da Lei Municipal 13.564, de 2003, a cidade de tendido do imóvel. 17 sofreram descaracterização pelo uso contaminadas, suspeitas de contaminação e po-
São Paulo deu um grande salto ao dispor dire- A Companhia Ambiental do Estado de São Pau- industrial e que poderão receber tencialmente contaminadas do Município por meio
trizes e procedimentos para gerenciamento de lo (CETESB) é o órgão competente para aplicação nova destinação; do Boletim de Dados Técnicos (BDT), ao qual os
áreas contaminadas, estabelecendo que a apro- destes instrumentos legais e historicamente licen- J a Resolução SMA nº 05/2001, em

DESAFIOS RELACIONADOS ÀS ÁREAS CONTAMINADSA E BROWNFIELDS


demais órgãos municipais envolvidos com o tema
vação ou regularização de qualquer forma de cia e controla as atividades potencialmente polui- atendimento ao disposto na Reso-
possuem acesso.
parcelamento, uso e ocupação do solo, em áre- doras em nível estadual. lução CONAMA nº 273/2000, para o
De acordo com o Decreto Municipal nº
as contaminadas ou suspeitas de contaminação, Além das normas mais gerais que integram o licenciamento de postos de abasteci-
mento de combustíveis; 51.436/2010, que regulamenta a Lei Municipal
fica sujeita à realização, pelo empreendedor, de Plano Diretor, o município de São Paulo conta com
J o Decreto 47.400/02 para indústrias nº15.098/2010, compete à SVMA a publicação
investigação do terreno e avaliação de risco para a Lei nº 13.564/2003, legislação específica que
em processo de desativação ou sus- do Relatório de Áreas Contaminadas do Município.
o uso existente ou pretendido, e à sua submissão traz as diretrizes e procedimentos para o gerencia-
pensão de atividades; Este relatório tem atualização trimestral e relaciona
para apreciação do órgão ambiental competente. mento de áreas contaminadas abordando os casos
J o Decreto 47.357/2002 para empre- todas as áreas públicas e privadas cujos procedi-
O Plano Diretor Estratégico também estabelece com solicitações de mudanças no uso e ocupação
endimentos considerados fontes de mentos de avaliação e eventual descontaminação
entre seus objetivos o controle e a redução dos do solo em terrenos contaminados, suspeitos de
poluição, que exige uma avaliação de sejam gerenciados pela SVMA.
níveis de poluição e de degradação da água, do contaminação e, inclusive, aqueles com potencial
passivo ambiental para concessão de Para a elaboração da listagem são utilizados
ar e da contaminação do solo e subsolo, apre- de contaminação.
renovação da licença; os relatórios gerados pelo Sistema de Informa-
sentando alguns ar tigos específicos sobre esses Já a Lei nº 13.885/2004, que institui os Planos
Projeto INTEGRATION

J a Lei nº 13.577/2009 de São Paulo, ção de Gerenciamento de Áreas Contaminadas


temas. Até a promulgação desses dispositivos Regionais Estratégicos e dispõe sobre o parcela-
dispõe sobre diretrizes e procedimen- (SIGAC), desenvolvido pela Empresa de Tec-
legais, a atuação do governo do município de mento, disciplina e ordena o Uso e Ocupação do
São Paulo na gestão de áreas contaminadas Solo no município, especifica, em seu artigo 201, tos para a proteção da qualidade do nologia da Informação e Comunicação do Mu-
ocorria de forma pontual e reativa aos proble- que as áreas contaminadas ou suspeitas de con- solo e gerenciamento de áreas conta- nicípio de São Paulo (PRODAM). Este sistema
minadas, e dá outras providências. tem como objetivo aprimorar a Gestão de Áreas

32 33
Contaminadas no Município de São Paulo, por áreas degradadas e não contaminadas devem ser Restauração
meio de um banco de dados disponíveis aos ór- recuperadas, as áreas contaminadas e os brown-
gãos municipais relacionados à SVMA, que visa fields contaminados devem ser remediados, e as Áreas Degradadas Recuperação
informatizar, armazenar e atualizar informações áreas de brownfields não contaminadas devem ser
sobre as áreas com potencial de contaminação, revitalizadas ou restauradas.
suspeitas de contaminação e contaminadas. As Entende-se por recuperação de uma área Remediação
Áreas Contaminadas
informações quanto ao potencial de contamina- contaminada o processo de aplicação de medi-
ção das áreas analisadas no GTAC são inseridas das corretivas necessárias para isolar, conter,
no BDT através do SIGAC. minimizar ou eliminar a contaminação, visando Revitalização
à utilização dessa área para um determinado
2.6. Conceitos de investigação uso. Já o conceito de remediação (aplicação de Brownfields Reabilitação
remédios) pode ser dividido basicamente em Áreas Ocupadas
e revitalização de brownfields
dois processos: medidas de contenção ou isola-
As áreas degradadas ou brownfields devem mento da contaminação e medidas para o trata-
ser reintegradas ao tecido urbano, de modo que Figura 2.3. Condutas para a reintegração do solo a novos usos e ocupações
mento dos meios contaminados, visando à eli- Fonte: SANCHES,20048.
sejam transformadas em instrumento público para minação ou redução dos níveis de contaminação
uso e reocupação do solo. Trata-se um processo a níveis aceitáveis ou previamente definidos.
complexo e difuso que exige visão de longo prazo Deve-se considerar que medidas de conten-

DESAFIOS RELACIONADOS ÀS ÁREAS CONTAMINADSA E BROWNFIELDS


do administrador público. Dificilmente uma ação ção e tratamento podem ser adotadas conjun-
de recuperação de uma grande área acontece em
MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO J Área Potencialmente Contaminada - aquela
tamente. Dessa forma, o termo “recuperação”
Para tornar essas áreas adequadas ao uso futu- onde estão sendo ou foram desenvolvidas
uma gestão municipal. Nesse aspecto, o trabalho engloba os termos “remediação” (contenção e
ro, a CETESB (Companhia Ambiental do Estado atividades que por suas próprias caracterís-
de comunicação ganha importância singular, pois tratamento) e “compatibilização” ao uso atual
de São Paulo) desenvolveu uma metodologia, ticas podem gerar contaminação.
será uma das ferramentas mais importantes para ou futuro da área” 18.
desmistificar a percepção negativa, real ou não, Áreas contaminadas necessitam passar por um procedimentos de investigação e um manual J Área Suspeita de Contaminação - aquela
sobre as possibilidades e segurança de utiliza- processo de remediação, para eliminar o risco à de gerenciamento de áreas contaminadas, cujo na qual, após a realização de avaliação
ção para a finalidade planejada e para engajar os saúde ou torná-lo aceitável antes de serem revitali- conteúdo geral, conceitos e práticas devem ser preliminar, foram observadas ou obtidas
stakholders no processo de utilização ou reocu- zadas e reinseridas no meio urbano19. considerados na recuperação dessas áreas. informações técnicas que induzam à sus-
pação da área. Essas questões são aprofundadas Esse gerenciamento de áreas contaminadas diz peição de contaminação.
Em geral, a aplicabilidade de um método de
no capítulo 3. remediação dependerá de vários fatores, como as respeito ao conjunto de medidas necessárias J Área Contaminada - aquela onde comprova-
De acordo com Sánches, há três tipos de condutas características do meio contaminado, dos contami- para minimizar o risco proveniente da existên- damente há poluição causada por quaisquer
Projeto INTEGRATION

a serem adotas nesse processo de reintegração, as nantes, extensão da contaminação, dos objetivos cia de contaminação em relação à população substâncias ou resíduos que nela tenham
quais estão ligadas diretamente ao estado da área da remediação, localização da área, tempo e recur- e ao meio ambiente, permitindo a tomada de sido depositados, acumulados, armazena-
a ser trabalhada8. Conforme se vê na Figura 2.3, as sos disponíveis. decisão quanto às ações mais adequadas. Há dos, enterrados ou infiltrados, e que cau-
três conceitos para se determinar o estágio ou sem impacto negativo à saúde humana e ao
o estado de contaminação de uma área18: meio ambiente.

34 35
cadastro cadastro de identificação
de áreas de áreas contaminadas
Pela Lei nº 13.577/2009 também está previs- medidas mitigadoras (remediação e/ou con- contaminadas
ta a reabilitação de áreas contaminadas. tenção), bem como as adequações do proje-
Definição da região de
Para se determinar qual o estado da área, to executivo do empreendimento que deverá
interesse
a CETESB desenvolveu um processo de inves- ocupar a área. Basicamente, a CETESB utiliza Áreas Potencialmente
tigação composto por 10 etapas, que podem três abordagens para o planejamento da re- Contaminadas Identificação de Áreas Po-
ser divididas em dois grupos de atividades: mediação em uma área contaminada: mudan- cadastradas tencialmente Contaminadas
ça do uso definido da área para minimizar o Priorização 1
Processo de identificação e localização das risco; remoção ou destruição dos contaminan-
áreas contaminadas: Avaliação preliminar
tes para a eliminação do risco; ou redução da
1. Definição da região de interesse; concentração dos contaminantes ou conten- Exclusão
2. Identificação de áreas potencialmente ção desses para eliminar ou minimizar o risco. Áreas Suspeitas
Investigação confirmatória
contaminadas; de Contaminação Classificação 1
Apesar da aparente simplicidade da metodo- cadastradas
3. Avaliação preliminar; Priorização 2
logia elaborada pela CETESB, o processo de
4. Investigação confirmatória;
recuperação ou revitalização de uma área con-
5. Investigação detalhada;
taminada é complexo em todas as suas etapas.
Processo de recuperação para uso compatível Por si só, significa uma situação de conflito, Exclusão
com as metas estabelecidas a serem atingidas pois muitas vezes a liberação de uma área Áreas
Contaminadas Classificação 2 processo de recuperação
após a intervenção, adotando-se dessa forma para determinado uso pode ser demorada

DESAFIOS RELACIONADOS ÀS ÁREAS CONTAMINADSA E BROWNFIELDS


cadastradas de áreas contaminadas
o princípio da “aptidão para o uso”: e exigir recursos públicos ou privados, nem Priorização 3
6. Avaliação de risco; sempre disponíveis. Contudo, já é de domí-
Investigação confirmatória
7. Investigação para remediação; nio público que o custo da não utilização ou
8. Projeto de remediação; subutilização de áreas como os brownfields é
9. Remediação da área contaminada; mais elevado a longo prazo do que os inves- Avaliação de riscos
10. Monitoramento. timentos necessários para sua revitalização, Exclusão: Áreas excluídas do
que além dos benefícios sociais, ambientais cadastro de áreas contaminadas.
O detalhamento de todas essas etapas (Figu- e urbanísticos, oferece vantagens econômicas Investigação para remediação
ra 2.4.)está presente no manual da CETESB18 advindas da reincorporação dessas áreas ao
e na Decisão de Diretoria nº 103/2007/C/E, processo de geração de divisas para o estado
de 22 de junho de 2007 da CETESB. Projeto de remediação
e da redução do volumes de investimentos
Nos casos em que o detalhamento dos estu- necessários para atender aos processos de
Projeto INTEGRATION

Exclusão
dos comprove a existência de riscos à saúde, deslocamento da população e da redução dos
Classificação 3 Remediação de Área Contaminada
deverá ser elaborado o Plano de Intervenção impactos da sua ocupação de áreas periféricas
contendo as intervenções relacionadas às de alto valor ambiental.
Figura 2.4. Fluxograma das etapas Monitoramento
de gerenciamento de áreas contaminadas
Fonte: CETESB,199916.
36 37
2.7. Investigação na área da Operação jeto de Lei pelo Executivo Municipal ao poder Le-
Urbana Mooca-Vila Carioca gislativo para avaliação e aprovação das medidas
destinadas à reurbanização da área.
A atuação da cidade de São Paulo no âmbito As investigações realizadas no âmbito do Pro-
do Projeto INTEGRATION focou em uma região de jeto INTEGRATION permitiram a elaboração de um
legenda
650ha abrangida pela “Operação Urbana Consor- banco de dados contendo informações de 561 lotes

SVMA/PMSP
que perfazem a maior parte da área de interesse. Lotes avaliados
ciada (OUC) Mooca-Vila Carioca”, onde foi rea-
Os dados obtidos foram analisados e tratados Inserir figura com as áreas avaliadas
lizado o “Cadastro de terrenos com potencial de Limite da área de interesse
revitalização – Desenvolvimento urbano na região de modo a apontar lotes em que, do ponto de vista
Mooca-Vila Carioca”. urbanístico e ambiental, devem ser priorizadas as
Esse trabalho de investigação teve como ações do projeto de Operação Urbana. Assim, foi
objetivos principais: identificar a existência de elaborado um ranking que permite a identificação
áreas contaminadas, áreas suspeitas de conta- dos lotes com maior potencial de apresentar conta-
minação e áreas potencialmente contaminadas; minações relevantes do ponto de vista urbanístico
identificar a necessidade de estudos adicio- e que devem ser priorizados para a realização de
nais, definindo o escopo destes estudos; sub- estudos adicionais, com vista ao desenvolvimento
sidiar os Estudos de Impacto Ambiental (EIA) de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), neces-

DESAFIOS RELACIONADOS ÀS ÁREAS CONTAMINADSA E BROWNFIELDS


necessários para a formulação e aprovação de sário para a formulação e aprovação de legislação
legislação específica da operação urbana, den- específica da Operação Urbana (entre outros ins-
tre outros instrumentos ambientais; subsidiar a trumentos ambientais). Esse ranking também clas-
escolha de áreas propícias à transformação de sifica as áreas que podem ser consideradas mais
usos e novas formas de ocupação; e identificar propícias para a transformação de usos ou novas
áreas onde a contaminação do solo e das águas formas de ocupação.
subterrâneas possam requerer investigações Detalhes do “Cadastro de terrenos com poten-
ambientais complementares e medidas específi- cial de revitalização” são apresentados na publica-
cas, inclusive restritivas, quanto às possibilida- ção “Planejamento urbano integrado e participa-
des de sua reutilização. ção social na recuperação e reintegração de áreas
Como se trata de uma ação de grande enverga- degradadas - Lições aprendidas do Projeto Piloto
Projeto INTEGRATION

dura, envolvendo a comunidade e os setores públi- INTEGRATION”, elaborada pela Secretaria Munici-
co e privado, a finalização dessa fase de investi- pal do Verde e Meio Ambiente da Cidade de São
gação do projeto da Operação Urbana Mooca-Vila Paulo em parceria com o ICLEI – Governos Locais Áreas avaliadas no âmbito
do Projeto INTEGRATION, na região
Carioca se dará com o encaminhamento de um Pro- pela Sustentabilidade.
da OUC Mooca-Vila Carioca

38 39
3. COMUNICAÇÃO DE RISCOS motivação e engajamento de públicos alvo
ou par tes interessadas ( stakeholders) para
cooperação com a Associação das Indústrias Quími-
cas dos Estados Unidos e o Conselho Europeu das
par ticipação em programas de comunicação Federações da Indústria Química. Esse programa
Diante do quadro de vulnerabilidade resultan- de riscos; da ONU atende a dois objetivos principais:

iclei
te do manuseio, transporte e armazenamento de J Reforçar junto aos participantes a importância J Criar e/ou aumentar a conscientização da co-
quantidades cada vez maiores de produtos perigo- do trabalho organizado e do treinamento para munidade sobre os possíveis perigos existen-
sos, a ampliação das instalações que utilizam es- o enfrentamento de momentos críticos; tes na fabricação, manuseio e utilização de ma-
ses materiais, da explosão demográfica, ocupação J Apoiar os setores públicos e privados em teriais perigosos e sobre as medidas tomadas
irregular do solo e proximidade de comunidades no suas iniciativas de dar novos usos às áreas de pelas autoridades e indústria no sentido de
entorno de instalações industriais e de áreas con- brownfields recuperados ou revitalizados. proteger a comunidade local;
taminadas, se faz necessário o desenvolvimento de Este capítulo foi desenvolvido a partir de uma J Desenvolver, com base nessas informações,
mecanismos de operação e comunicação que culmi- metodologia de trabalho preventivo que tem como e em cooperação com as comunidades locais,
nem em um programa de prevenção e treinamento, objetivo oferecer a compreensão sistematizada planos de atendimento para situações de emer-
que privilegie o envolvimento conjunto da comu- dos procedimentos a serem adotados no processo gência que possam ameaçar a segurança da co-
nidade, da indústria e do governo na organização de comunicação de riscos, além de procurar pro- letividade, seu patrimônio pessoal e o patrimô-
de medidas de proteção. Esse trabalho também é porcionar uma visão crítica e abrangente sobre “o nio ambiental.
importante quando o foco é a desmistificação da que fazer” e “o que não fazer” durante os momen- O capítulo está dividido em duas partes. A pri-
percepção negativa, real ou não, de novos usos de tos críticos, sejam eles provocados por acidentes meira aborda os conceitos gerais de comunicação,
áreas recuperadas ou revitalizadas (brownfields) naturais, por falhas de processos industriais ou di- de comunicação de riscos, percepção do risco, com-
no meio urbano. retamente pela ação humana20. Também apresenta parando a visão técnica e a visão leiga. A segunda
A proposta deste capítulo é estabelecer os algumas das melhores práticas para sustentar por parte, que possui aspectos práticos e desenvolve
alicerces necessários para o desenvolvimento de meio da comunicação os processos de recuperação temas como a criação do comitê de comunicação
um programa conceitual e prático de comunica- ou revitalização de brownfields. de riscos, sua estrutura, responsabilidades e de-
ção de riscos que apresente técnicas, caminhos Essa metodologia está alinhada com outras mandas, oferece sugestões para formação desse
e diretrizes para mobilizar todas as par tes inte- práticas reconhecidas e comprovadas de institui- comitê, indica como definir prioridades para ataque
ressadas de forma a: ções internacionais adaptadas à realidade brasilei- dos problemas, propõe ações genéricas de prepa-
J Ampliar sua percepção sobre a importância do ra, entre as quais estão o Disaster Recovery Insti- ração, segmentação e conhecimento dos públicos
desenvolvimento de uma estrutura organizada tute International (DRII) e o Aviation Training and ou partes interessadas (stakeholders).

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
para a realização da comunicação de riscos; Development Institute (ATDI)21. Também segue as Apesar da complexidade e amplitude do tema,
Projeto INTEGRATION

J Dotar os envolvidos de informações e conceitos recomendações e práticas propostas pelo progra- este capítulo oferece aos seus leitores acesso ao
básicos que os auxiliarão na preparação de um ma Awareness and Preparedness in Emergency at que deve ser minimamente assimilado para que se
programa de comunicação de riscos; Local Level (APELL), formulado pelo Departamen- possa afirmar, com segurança, que se conhece o
J Oferecer instrumentos que lhes permitam lide- to da Indústria e Meio Ambiente do Programa das assunto e está preparado para dar início à implan-
rar a implantação de estruturas eficientes de Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), em tação de um projeto estruturado de comunicação

40 41
de risco provocado, principalmente, por eventos de ses são os dois elementos estratégicos da comu- Emissor receptor
origem industrial, podendo ser utilizado em situa- nicação: o emissor e o receptor. O passo seguinte
ções de contaminação de áreas urbanas e também é determinar o que comunicar, ou seja, o que se
Ruído
em processos relacionados a mudanças de uso e vai passar como mensagem ao receptor. Para isso
Mensagem
ocupação de solo, principalmente em brownfields, o emissor precisa utilizar uma linguagem que seja
que estão localizados, muitas vezes, em áreas de entendida por seu receptor, caso contrário não ha-
verá comunicação. Esse é o momento também de
abrangências de Operações Urbanas Consorciadas.
Esse capítulo também aborda temas paralelos se responder qual é o conteúdo dessa mensagem
e qual é o nosso objetivo ao transmiti-la.
Canal
como: implantação de programa de comunicação,
Mas há duas outras questões a serem considera-
focado nas respostas às situações de emergência; Feedback
das: como essa mensagem vai ser transmitida e por
técnicas e caminhos para o estreitamento do re-
quais meios. Para isso, será necessária a utilização
lacionamento com a comunidade; técnicas para a Ruído
de um canal de transmissão (ou comunicação). Nes-
realização de diagnósticos e sua importância para
se momento, o canal de comunicação é este manual.
os programas de administração de crises. Nossa linguagem é o português. Outro aspecto a
se ser levado em conta quando utilizamos o canal
3.1. Conceitos gerais sobre comunicação transmissão é o ruído. E ruído, não quer dizer ape- Figura 3.1.. Estrutura do processo comunicacional e seus seis elementos
Antes de abordamos propriamente os conceitos nas barulho. Poder ser uma interferência em uma estratégicos (emissor, mensagem, canal, ruído, receptor e feedback).
e práticas de comunicação de riscos, é importante ligação telefônica; algo que desperte sua atenção Fonte: MELO, 2001 40.
momentaneamente e assim por diante.
alinharmos os conceitos de comunicação e de risco.
O último fator importante da comunicação é o
O que é comunicação?
retorno do receptor sobre a mensagem recebida. 3.2. Conceitos de risco, perigo, ISO 31000:2009 traz a seguinte definição oficial:
Pode haver muitas respostas, mas todas vão ”risco é o efeito da incerteza nos objetivos”.
convergir para o ato de conversar (ao telefone,
Sempre que nos comunicamos estamos esperan- probabilidade e incerteza
do o retorno de alguma resposta. A isso chama- Essas definições trazem mais três conceitos
pessoalmente, por sinais luminosos, por fumaça, mos de feedback. Sem o feedback não saberemos Antes dos conceitos da comunicação de riscos que também precisam de entendimento: perigo,
pela escrita e etc.) ou de interagir com outros in- a eficiência de nossa comunicação. Esse relacionados aos brownfields e áreas contamina- incerteza e probabilidade. Embora seja usual uti-
divíduos. Mas comunicação é uma ciência e como retorno também pode sofrer ruídos, ampliando das serem abordados propriamente, é necessário lizar-se perigo e risco com o mesmo significado,
ciência possui uma metodologia, um processo que, a complexidade do processo comunicacional. definir o seu conteúdo principal: o risco. O dicio- ambos têm sentidos diferentes. Perigo, segundo o
se entendido, torna mais fácil a sua realização. Portanto, o feedback é a coisa mais importante nário Houaiss define risco como a “probabilidade dicionário Houaiss, é a situação em que se encon-
Quando pensamos tecnicamente em comunica- da comunicação e nem sempre isso é percebido. de insucesso de determinado empreendimento, em tra, sob ameaça, a existência ou a integridade de

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
ção, devemos considerá-la como um processo que Transportando essa teoria para este manual, para função de acontecimento eventual, incerto, cuja uma pessoa, um animal, um objeto etc.” O perigo
Projeto INTEGRATION

possui vários passos e uma estrutura de começo, realizarmos um trabalho de comunicação de risco ocorrência não depende exclusivamente da von- pode ser considerado como uma situação ou con-
meio e fim. Primeiro devemos avaliar: quem comu- eficiente temos que levar em conta e trabalhar de tade dos interessados”. Também considera risco a dição de risco com probabilidade de causar lesão
nica? Sou eu, é um grupo, é uma pessoa? Depois forma consciente e consistente seus seis elemen- “probabilidade de perigo, geralmente com ameaça física ou dano à saúde das pessoas ou prejudicar
temos que avaliar para quem essa comunicação é tos: emissor, mensagem, canal, ruído, receptor e física para o homem e/ou para o meio ambiente”. o meio ambiente por ausência de medidas de con-
dirigida - quem é o alvo da nossa comunicação. Es- feedback (figura 3.1.). Já o texto em português da norma internacional trole. Pode-se concluir, portanto que o perigo é um

42 43
risco. Assim, pode-se concluir que o risco é o peri- nas catástrofes ou impactos causados por even- substâncias tóxicas presentes no ambiente; risco

iclei
go multiplicado pelo volume ou grau de exposição tos naturais como tempestades, tufões, tsunamis, toxicológico, que se refere à exposição huma-
a esse perigo. Ou seja, quanto mais exposto ao pe- desmoronamentos ou inundações provocados por na às substâncias tóxicas; risco ecotoxicológico,
rigo, mais risco se corre. chuvas fortes, como aconteceu na região serrana causado à flora e a fauna devido à presença de
O risco também envolve o conceito de probabi- do Estado do Rio de Janeiro em 2010. O de saúde substâncias tóxicas produzidas por seres huma-
lidade que é usado em situações em que dois ou acontece em função da disseminação de doenças, nos no sistema natural; e risco social, que é o
mais resultados diferentes podem ocorrer e não é como foi o caso da gripe H1N1, que assustou po- risco expresso em termos dos danos causados à
possível saber ou prever qual deles realmente vai pulações de vários países. Já os riscos tecnológicos coletividade, decorrentes da consumação de um
acontecer. Ao lançarmos para o alto uma moeda, se são provocados diretamente pela ação do homem ou mais perigos em um período de tempo especí-
quisermos saber se o resultado é cara ou coroa, em seus processos industriais. Eles se configuram fico23. Contudo, essa classificação não abrange os
não podemos prever exatamente qual será o resul- por grandes acidentes, cujos impactos são perce- riscos causados por fatores naturais e nem todos
tado, mas podemos calcular as chances de ocor- bidos e combatidos imediatamente, ou por eventos os riscos provocados por endemias e pandemias
rência de cada um. Este cálculo é a probabilidade de perfil mais longo, como a contaminação do solo à saúde pública.
de ocorrência de um resultado. A probabilidade de pelo depósito continuado de produtos químicos
uma área contaminada ou degradada causar danos perigosos, cujos impactos frequentemente só são 3.3. Tipos de comunicação de riscos
à saúde ou ao bem-estar humano pode ser o fator percebidos quando a situação já se tornou grave
decisivo para definir seu tipo de ocupação. tanto para o meio ambiente quanto para as pessoas. Os riscos, conforme classificados pela CWM,
A incerteza, como a probabilidade, também se As áreas contaminadas dos brownfields são dão origem a três processos de comunicação de
associa ao risco. Ela é o estado, mesmo que par- exemplos típicos desses eventos de perfil mais riscos: comunicação de riscos ambientais, co-
cial, da deficiência das informações relacionadas longo, criando riscos ambientais e à saúde. Em municação de riscos à saúde e comunicação de
a um evento (uma contaminação, por exemplo), paralelo, mesmo os brownfields não contaminados riscos tecnológicos Vamos abordar nesse manu-
sua compreensão, conhecimento, sua consequên- geram impactos econômicos, sociais e urbanísticos al apenas a comunicação de riscos tecnológicos,
cia ou sua probabilidade. Muitas vezes o conceito por estarem abandonados e, por consequência, que passaremos a denominar apenas comunica-
risco não controlado, sendo o perigo a fonte (ou a
de incerteza é utilizado pelo poluidor para tentar excluídos dos processos de desenvolvimento das ção de riscos.
causa) e o risco a sua consequência, caso a situa-
desqualificar sua responsabilidade quando uma si- regiões que os abrangem. Essas áreas exigem Comunicação de risco tecnológico também pode
ção de perigo se concretize.
tuação de risco se transforma em um acidente. cuidados especiais pois pode haver graves riscos ser dividida em dois segmentos. Um com práticas
Vamos recorrer a um exemplo para deixar tudo
mais claro: dois pescadores precisam sair de barco caso sejam construídas moradias sobre um área voltadas para gestão de acidentes ambientais, cujo
3.2.1. Classificação dos riscos contaminada não preparada para receber edifica- foco é o apoio à atuação de emergência, e outro
em um dia com possibilidade de ocorrer uma tem-
de grande impacto com práticas voltadas para a gestão eficiente do

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
pestade. Um deles usa uma embarcação simples, ções residenciais, como também pode ser crítico
Projeto INTEGRATION

apenas com um rádio. O outro possui um barco Os riscos de grande impacto coletivo podem comprar ou vender uma área contaminada ou bro- relacionamento com stakeholders afetados por
maior com todos os equipamentos de navegação. ser classificados dentro de três categorias, cuja wnfield que não tenha passado por um processo áreas contaminadas ou potencialmente contami-
Qual dos dois correrá um risco maior se a tempes- essência é a origem do risco22. São elas: os riscos correto de investigação15. nadas, como é o caso particular dos brownfields.
tade acontecer? A tempestade é o perigo. Navega- ambientais, os de saúde pública (endemias e pan- Há autores que fazem outra classificação, de- Sobre os stakeholders, que são as partes interes-
ção é o risco. Quem tem barco melhor corre menor demias) e os tecnológicos. O primeiro tem origem finindo como risco ambiental aquele gerado por sadas, falaremos mais à frente.

44 45
3.4. Comunicação de riscos tecnológicos mentado em três partes: prevenção, preparação aplicar eficientemente as medidas de segurança e das e o comportamento esperado dos membros
e o direito de saber para a emergência e informação ao governo e às de contingência, contribuirá para o bem-estar do dos públicos alvo, caso o acidente ocorra;
comunidades locais sobre os possíveis perigos que público e do meio ambiente, além de preservar ou J Explicações para que entendam os motivos que
O U. S. National Research Council, comitê ameri- podem ser enfrentados por seus membros24. reduzir o impacto financeiro de crises e de facilitar os levarão a adotar tal comportamento ou ação,
cano responsável pelo estudo da comunicação e da a atuação de todos os stakeholders em possíveis conforme recomendado em manuais e, assim,
percepção de riscos, define a comunicação de riscos percebam como isto resultará em uma ação mi-
3.5. Recomendações sobre situações de emergência.
como “um processo de troca de informações e opi- Assim, na comunicação de riscos, como reco- tigadora contra efeitos adversos de uma situa-
niões entre indivíduos, grupos e instituições públi- a comunicação de riscos
menda Vicent Covello, um dos mais conceituados ção de crise ou de contaminação ambiental;
cas e privadas”. Ela abrange “a criação e a troca É importante destacar que a comunicação de pesquisadores do tema, alguns princípios precisam J Disponibilidade para explicações ou informa-
de mensagens sobre riscos (natureza, forma, seve- riscos é uma disciplina transversal, multissetorial ções adicionais;
ser respeitados, os quais devem dar suporte a to-
ridade, aceitabilidade, gerenciamento etc.) e sobre e integradora que permeia outros saberes além da J Pontos de contato onde os membros da comuni-
das as atitudes e ações, sejam elas adotadas pelas
assuntos correlatos à segurança e ao bem-estar do própria comunicação. Ela tangencia, por exemplo, dade poderão acessar as autoridades públicas e
empresas ou pelo governo, de modo que:
corpo social existente dentro do universo de abran- os conceitos de sociologia e de psicologia e se privadas para prestar e receber informações;
gência do impacto de uma situação de emergência”. J Envolvam o público como sócio legítimo;
apossa de conteúdos de engenharia, biologia, J Como os membros da comunidade serão informa-
Assim, a comunicação de riscos é um processo química e até de medicina. A falta de observância J Planejem cuidadosamente suas ações e avaliem
dos quando finalizar a situação de emergência.
interativo e multilateral que envolve todos os seg- dessa complexidade inicial amplia o risco de sua performance;
mentos do público que possam ter interesse ou se se realizar um trabalho pobre e de efeito pouco J Ouçam e trabalhem os sentimentos do público; Para os projetos que envolvam a recuperação
ver frente a frente com uma situação de emergên- consistente. Os especialistas têm procurado J Sejam honestos, abertos e francos; ou revitalização de brownfields não contaminados,
cia provocada por acidentes graves ou situações J Coordenem e colaborem com outros parceiros as recomendações giram em torno da preparação
demonstrar que uma comunicação de riscos pobre
comprovadas de risco potencial à saúde humana ou com credibilidade; de um processo de comunicação positivo e proati-
tem provocado sérias e negativas consequências
ao meio ambiente20. J Conheçam as necessidades da mídia; vo, com forte caráter social e de engajamento dos
como a perda de credibilidade do comunicador
Os membros de uma comunidade, que podem J Falem claramente e com compaixão sobre os stakeholders, que dever contemplar ações como:
e da instituição que representa em função de
ser afetados ou foram afetados por um evento ou interpretações errôneas do público e da mídia; problemas. J Facilitar a participação dos membros da comunida-
acidente tecnológico (de forma direta ou indireta), perda da confiança na capacidade dos gestores em de no projeto, principalmente aqueles que são afe-
Segundo o programa APELL, desenvolvido pela
têm o direito de acessar informações sobre sua atuar no gerenciamento da situação de risco ou de tados pelas áreas potencialmente comprometidas;
ONU para ser aplicado em casos graves de contami-
situação. Somente assim eles estarão conscientes crise; confusão na implementação dos procedimen- J Envolver os participantes na definição de como
nação ambiental, as informações direcionadas aos
das ameaças e riscos originados pelas empresas tos de respostas às emergências, e ataque contra se organizar e de como participar ou engajar
públicos que poderão ser potencialmente afetados
instaladas em sua área e poderão ser mobilizados toda estrutura de trabalho implantada para a con- seus pares no processo (empowerment);
por uma situação de risco devem incluir recomen- J Proporcionar aos membros da comunidade as
para agir de maneira apropriada em caso de emer- dução do processo comunicacional, aspectos que dações específicas sobre o que se espera de todos informações necessárias para estimular sua par-

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
gência ou de constatação de contaminação20. Nos poderão afetar a reputação dos órgãos envolvidos
os envolvidos como25:
Projeto INTEGRATION

Estado Unidos essa conduta é regulamentada, sen- e dificultar a implantação eficiente de medidas de ticipação;
do obrigatória para toda indústria que manipula, segurança, correção ou recuperação. J Detalhes sobre como eles serão avisados em J Reforçar a importância da participação de todos
produz, transporta ou armazena produtos perigo- Por outro lado, a boa comunicação de riscos, caso de ameaça de acidente ou do acidente os stakeholders nos processos e demonstrar sua
sos, seguir o Emergency Planning and Community planejada e adequadamente implantada com base propriamente dito; força e poder de influência nas decisões relacio-
Right-to-Know Act (EPCRA). Esse programa é seg- em todas as disciplinas que a envolve, ajudará a J Recomendações sobre ações que serão realiza- nadas aos seus interesses e de sua comunidade;

46 47
J Comunicar os interesses e objetivos do projeto, J Soluções de recuperação ou revitalização das
conhecer as necessidades dos interlocutores e áreas impactadas e seus respectivos programas.
buscar a compatibilização entre ambos; Domínio do risco técnico Domínio do risco percebido
Em resumo, a comunicação de risco tem como
J Informar claramente todas as etapas do pro-
objetivo informar e conscientizar os stakeholders Indústria Mídia
cesso e as dificuldades que poderão ser encon-
sobre os riscos à saúde, riscos ambientais, tec-
tradas até sua finalização.
nológicos e ocupacionais e ajudar na condução Governo
Estas informações devem ser divulgadas perio- de discussões sobre esses riscos de maneira jus-
dicamente, atualizadas quando necessário e estar ta e precisa, buscando um diálogo produtivo e
disponíveis em local previamente estabelecido
Pesquisadores Público em geral
transparente. Também tem como função informar
para serem acessadas pela comunidade. a comunidade sobre os projetos de recuperação independentes stakeholders
Na comunicação de riscos parte-se do princípio da área e apoiar na criação de mecanismos (ou Esfera dos especialistas Esfera pública
que os membros das comunidades que podem ser canais) de organização e mobilização, como é
potencialmente afetadas devem receber informa- esperado que aconteça nas Operações Urbanas
ções adicionais sobre os perigos inerentes à sua Consorciadas que estão em implantação na cida-
condição de risco, sem que precisem requisitá-las. de de São Paulo.
Esta outra gama de informações deve incluir:
J Tipos de indústrias instaladas em suas áreas 3.6. Fluxo da comunicação de riscos Figura 3.2. Fluxo da comunicação de riscos entre
e os produtos perigosos que produzem, mani- os principais grupos genéricos de stakeholders
pulam ou armazenam (de preferência com os O processo de comunicação de riscos possui um Fonte: RINALDI, 201038.
nomes destes produtos grafados da maneira fluxo complexo que é formado genericamente por
popular, com o nível de periculosidade dos cinco grupos de stakeholders. De um lado temos o
o conteúdo das mensagens que transmitirá aos seus que o público alvo conscientize-se sobre os riscos
mesmos e suas ameaças à saúde); segmento industrial - que detém o domínio técnico
públicos-alvo. Intermediando os dois grupos estão à saúde, riscos ambientais, tecnológicos e ocupa-
J Nome das empresas, seus respectivos endere- dos procedimentos de geração e mitigação dos ris-
as autoridades públicas, cujo papel é estabelecer cionais e ajudar na condução de discussões sobre
ços e nomes para contatos; cos - e os pesquisadores independentes, que com-
regras de condutas e fazer a proteção de todos os esses riscos de maneira justa e precisa, buscando
J Informação sobre os possíveis acidentes que põem a esfera dos especialistas que podem avaliar segmentos (figura 3.2.). A importância de se ter
ou fornecer tecnologias de geração ou redução de um diálogo produtivo e transparente. Também tem
podem ocorrer nessas empresas e seus im- claro esse fluxo da geração de conteúdo e de inter-
riscos dos processos industriais. Do outro lado está o propósito de informar a comunidade sobre os pro-
pactos fora de suas fronteiras no meio am- conexão entre os grupos de stakeholders está no
biente e nos membros da comunidade e em a mídia, especializada ou não - que tem o domínio jetos de recuperação das áreas impactadas ou con-
fato de que os profissionais responsáveis pela ges-
e a capacidade de transmissão de informações so- taminadas e apoiar na criação de mecanismos (ou

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
seus patrimônios; tão da comunicação de riscos deverão desenvolver
Projeto INTEGRATION

J Informação sobre áreas contaminadas e seu bre o risco percebido, seja por aspectos técnicos ou estratégias diferenciadas para cada segmento, de canais) de organização e mobilização dos stakehol-
grau de risco ou impacto (ambiental e à saúde empíricos - e o público em geral. Cada grupo troca forma a obter informações, checá-las e prepará-las ders que integram a estrutura social das comunida-
humana); informações entre si, sendo que a mídia também se para sua disseminação com precisão e eficiência. des. Esse trabalho tem que ser realizado a partir de
J Medidas preventivas que devem ser adotadas abastece de informações tanto da indústria quanto Como já foi comentado, o objetivo da comuni- consultas a esses stakeholders, com transparência,
para reduzir os níveis de exposição e de risco; dos especialistas para formar sua opinião e elaborar cação de risco é informar e oferecer subsídios para responsabilidade e participação (figura 3.3.).

48 49
mitidos de acordo com seu potencial de conta- ciais). Tem que prevalecer o conceito de que os
minação, há que se colocar também como meta brownfields são áreas gerenciáveis com respaldo
TRANSPARÊNCIA CONSULTA a desmistificação dos pré-conceitos que os en- de autoridades competentes que podem e devem
Compartilhar informações A todos stakeholders volvem e que levam os investidores a descartar ser incorporadas, a partir de novos usos, ao
as vantagens reais da implantação de projetos processo de reurbanização e ao ciclo econômico
imobiliários (habitacionais, industriais ou comer- das cidades.

GOVERNO + PÚBLICO

PARTICIPAÇÃO RESPONSABILIDADE Exatidão da


Em profundidade em No relatório de resultados Legitimidade Informação
todas as fases
Confiança
Reconhecimento Velocidade
de entrega

Figura 3.3. Aspectos importantes


do processo de comunicação de riscos.
Fonte: MELO, 2001 40.
Figura 3.4. Aspectos importantes do
Credibilidade processo de comunicação de riscos.
3.7. Confiança e percepção do risco grave e imediato para a população, a percepção de Fonte: MELO, 2001 40.
seus membros pode ser suscetível e afetada pela
Como um processo interativo de troca de infor- ideia de que um desastre pode ocorrer ou está
mações, envolvendo mensagens múltiplas sobre a ocorrendo. Assim, é possível concluir que a per-
natureza do risco, a comunicação de riscos é sus- cepção do risco é a percepção que os atores têm
tentada por dois pilares: confiança e percepção. de algo que representa um risco real ou potencial
A confiança é o ponto mais crítico, principalmente para eles próprios, para os outros e seus bens, e
COMUNICAÇÃO

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
quando a ação é coordenada pelas entidades go- contribui para construir o entendimento sobre de-
Projeto INTEGRATION

vernamentais, pois o público tende a ver o governo


como uma fonte de informação menos confiável
terminado risco, sendo que esse entendimento não BEM SUCEDIDA
depende unicamente de fatos ou processos con-
(Figura 3.4.). cretos ou objetivos.
Mesmo que uma situação de risco aparente- No caso dos brownfields, principalmente os
mente esteja sob controle e não apresente perigo não contaminados ou que tenham novos usos per-

50 51
ASPECTOS ASPECTOS
Fatores que influenciam Entendimento do risco: Significa não aceitar OBJETIVOS SUBJETIVOS
a percepção do risco correr o risco que não entende ou desco-
Em função da reação dos stakeholders, a nhece. Isto é exatamente o que ocorre du- Abordagem técnica Abordagem leiga
percepção do risco pode ser dividida em três rante os acidentes ambientais ou nos casos
Acredita em evidências e métodos científicos Acredita em aspectos culturais, políticos e democráticos
estágios que definem seus comportamentos de contaminação involuntária de áreas, que
geralmente acabam criando e disseminando Apela para a autoridade e para Apela para a visão folclórica ou popular, tradições
ao longo do tempo: impacto sobre uma per- a experiência e opinião de terceiros
cepção de perigo, que causa choque e medo; dúvidas a respeito da capacidade dos envol-
vidos (governo e empresas) em solucionar As fronteiras de análises são As fronteiras de análises são amplas e incluem
processo de reação, que tem seu ponto mais próximas e reducionistas analogias e precedentes históricos.
profundo no caos que acontece após situa- ou reduzir seus impactos.
Os riscos são despersonalizados Os riscos são personalizados
ções de pânico, impotência, confusão, reações Associação ou projeção: Manifesta-se quan-
do em algum lugar ocorre um acidente com Ênfase em aspectos estatísticos Ênfase nas consequências e efeitos dos riscos
desencontradas, que vão abrir caminho para
e probabilísticos na família e na comunidade
tentativas de reorganização e coordenação produto ou processo industrial e a percepção
é de que o mesmo acidente se repetirá em Apelo à consistência e universalidade Foco em particularidades menos relacionadas
do processo de reação / recuperação, para as
ou relevantes à consistência dos aspectos
quais será necessário o estabelecimento de outros lugares onde se emprega o mesmo
A resposta do público para aspectos controversos
diretrizes e lideranças; controle, que é com- produto ou processo.
se dá pela escolha daquele em que mais acredita
posto por ações positivas e soluções. Ética e igualdade: O público reage negativa-
Muitos fatores influenciam a percepção do risco. mente diante de situações que lhe parecem Figura 3.5. Diferenças entre as visões
Covello realizou um estudo em que identificou de- injustas ou poderiam ser diferentes, se hou- técnica e leiga dos riscos.
Fonte: MELO, 200140.
zenas de fatores26. Entre eles estão: vesse cuidado prévio.
Risco voluntário ou involuntário: Um fuman- Credibilidade da organização: Um aci-
te assume um risco voluntário, pois sabe dos dente ou uma situação de contaminação 3.8. Abordagem técnica e leiga do risco Essa polarização nos aspectos da percepção
problemas causados pelo cigarro, mas tende a involuntária pode ser mais bem aceito se (objetivo versus subjetivo) merece ser aprofun-
Os riscos também podem ser segmentados de
não aceitar um risco imposto como a emissão a organização pública ou privada tiver boa dada. Na abordagem técnica acredita-se em evi-
acordo com sua abordagem, que pode ser técnica dências e métodos científicos. Para quase tudo
de uma chaminé de uma fábrica próxima à sua credibilidade. Por outro lado, um pequeno ou leiga, o que dá origem aos aspectos objetivos e há tabelas, gráficos, conceitos etc. Há, portanto,
casa, mesmo sabendo que as emissões são acidente ou informação imprecisa podem subjetivos dos comportamentos e da percepção das um apelo para a autoridade e para a experiência.
menos nefastas à sua saúde ou causam menos gerar grandes problemas públicos se não mensagens sobre os riscos (figura 3.5). Embora uti- Interroga-se o que aconteceu, se já aconteceu an-
poluição do que a fumaça de seu cigarro. se tiver conquistado uma reserva de boa lize como fonte os aspectos objetivos para a formu-

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
tes, como foi resolvido ou como foi encaminhada a
vontade junto aos stakeholders .
Projeto INTEGRATION

Risco natural ou tecnológico: As pessoas têm a lação de suas mensagens e ações, a comunicação de solução. Já na abordagem leiga dos riscos, os as-
tendência a aceitar o fatalismo das catástrofes Controle da situação: A postura do público é riscos tem como foco o trabalho dentro do escopo pectos são culturais, políticos, democráticos etc.,
naturais, mas reagem agressivamente contra aci- influenciada pela capacidade de controle da dos aspectos subjetivos como meio de atingir, com e sustentam a avaliação que é, portanto, feita a
dentes tecnológicos que poderiam ser prevenidos. situação ou da aparência desta. maior eficiência, os stakeholders, dos quais espera partir de um universo de conhecimento individual.
alguma reação sobre as mensagens emitidas. A visão é folclórica, popular, tem base em tradições

52 53
(certas ou erradas) e em opiniões de terceiros. Por deste manual, é importante entender seu significado problemas na comunicação de riscos têm origem na 3.9. Conhecimento, entendimento
exemplo, se um vizinho tem credibilidade, sua opi- e extensão. Segundo a CETESB18, o gerenciamento diferença existente entre a linguagem técnica dos e percepção de riscos
nião terá mais validade do que aquela emitida por de riscos é um processo de identificação, avaliação especialistas – utilizada para descrever o risco – e
um técnico. Isso exigirá um trabalho especial caso e controle dos riscos, compreendendo a formulação o entendimento intuitivo da linguagem popular usa- O desenvolvimento da comunicação de ris-
haja a necessidade de mudança de percepção, pois da pelo público. As boas práticas de comunicação cos deve levar em conta os vazios ou lacunas
e a implantação de medidas e procedimentos técni-
está se trabalhando dentro do universo dos aspec- de risco devem remover as barreiras dos dois lados ( gaps) existentes entre o conhecimento, o en-
cos e administrativos que têm por objetivo prevenir,
tos subjetivos. para promover a essencial troca de informações, a tendimento e a percepção dos diferentes pú-
reduzir e controlar riscos; e ainda, manter uma ins-
Os aspectos objetivos e subjetivos dão suporte habilidade e a participação efetiva. Assim, a adap- blicos sobre os riscos aos quais podem estar
talação operando dentro de padrões de segurança
para a formação das crenças e das verdades, exigin- tação da linguagem e a transmissão das informa- ou poderão estar expostos. É preciso reduzir
considerados toleráveis ao longo de sua vida útil, esses gaps para garantir que a par ticipação
do do processo de comunicação de riscos um es- devendo atender, entres outros, aos seguintes ob- ções em termos leigos são essenciais.
forço especial para encontrar entre os stakeholders Mas há outros pontos que devem ser levados dos stakeholders ocorra dentro de expectativas
jetivos: controle e redução dos riscos a níveis acei- previamente estabelecidas.
o que se pode chamar de crenças verdadeiras, que táveis; redução do nível de incertezas no processo em conta que nem sempre constam dos manuais.
nascem ou estão presentes no cruzamento das ver- Entre as recomendações feitas pelos especia-
de gestão; e desenvolvimento da percepção e co- Um deles é o grau de percepção de risco das pes-
listas para redução desses gaps estão:
dades e das crenças. Desse cruzamento emerge o soas que convivem com ele diariamente, como é
municação para aumento da confiança publica nas J Fácil entendimento por parte da comunidade
conhecimento que será aceito de maneira geral pela o caso de comunidades que vivem no entorno
questões que tratam o risco. dos riscos potenciais que podem ameaçar sua
maioria dos stakeholders, o que contribuirá para sua de brownfields seriamente contaminados. À me-
mobilização e participação consistente no processo segurança e bem-estar;
3.8.1. Comparativo entre a visão técnica e a dida que se convive com o risco e com o perigo,
de comunicação de riscos (figura 3.6.). Nesse pro- J Tornar os stakeholders e gestores responsá-
visão leiga deixa-se de ter medo de ambos. A tendência é se
cesso, os gestores da comunicação de riscos terão o veis pelos programas conscientes da importân-
acostumar com a situação, reduzindo-se os cui-
suporte de outro processo técnico, que é o gerencia- Segundo especialistas como Douglas Powell, da cia de seu papel na redução da força da cadeia
dados e a atenção, o que amplia a gravidade do de rumores que sempre envolvem as situações
mento de riscos. Embora não seja objeto de estudo professor da Universidade de Guelph, Canadá, os problema. Ao se acostumar com o risco, as pes- de crise e as questões pertinentes aos poten-
soas se tornam displicentes até que o risco se ciais de recuperação dos brownfields;
Figura 3.6. Diferenças concretize e se transforme em um acidente. Essa J Estabelecer um clima de transparência e de se-
entre as visões técnica acomodação à situação de riscos pode causar riedade na comunicação dos problemas para os
e leiga dos riscos. CRENÇAS resistência e reduzir a incidência de respostas stakeholders;
Fonte MELO, 2011 22. VERDADEIRAS positivas às ações de comunicação, pois pode J Otimizar a coordenação e ação entre os mem-
dificultar mudanças necessárias, que muitas ve- bros das equipes;
zes são indispensáveis na solução definitiva dos J Promover a adoção de comportamentos consis-
CRENÇAS CONHECIMENTO VERDADES problemas. Há também determinadas situações

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
tentes e seguros na divulgação de situações de
Projeto INTEGRATION

de extrema vulnerabilidade social para as quais emergência ou de riscos;


as opções de mudança são complexas e de longo J Descobrir o tipo de influência social aceita pe-
prazo. Esse é um fator a ser considerado no pro- los stakeholders;
cesso de comunicação de riscos, principalmente J Conhecer e saber utilizar os canais de informa-
nos casos de brownfields contaminados. ção mais acessados pelos stakeholders.

54 55
Simplicidade, clareza e empatia devem ser foram devidamente alcançados e as mensagens podem ser consideradas como stakeholders se- sensibilizados e deem a resposta esperada. A
perseguidas durante a transmissão de mensa- compreendidas, tudo testado por meio de simula- cundários. Mas um stakeholder pode ser consi- não homogeneidade do público deve ser reco-
gens dentro do processo de comunicação de ris- dos. Aqui entra o papel do feedback e da repeti- derado primário e ao mesmo tempo secundário. nhecida e os grupos classificados com base, por
cos. É impor tante, para facilitar o entendimento ção periódica das mensagens com o uso de canais O governo pode ser considerado secundário exemplo, em idade, sexo, cultura, educação for-
dessas mensagens, o emprego de metáforas, diferentes de comunicação. por estar longe do problema, mas será primá- mal, nível de risco etc.
analogias e exemplos. Isso também facilitará a rio se as soluções dependerem dele. Um em- Mas há ainda outro grupo de stakeholders, não
compreensão dos aspectos e fenômenos técni- 3.10. Mapeamento dos stakeholders presário será um stakeholder primário se tiver uniforme, a ser considerado. Trata-se do que se
cos dos problemas. empreendimentos no local, será secundário se pode chamar de público itinerante, formado pelas
Para a implantação de um processo de comu-
A mensagem, por outro lado, deve ser su- apenas tiver algum interesse em atuar na área pessoas que se movem dentro da área de influência
nicação de riscos eficiente é preciso identificar o
ficientemente clara, precisa e adequada para em análise. Assim, os stakeholders são essas sem a ela pertencer, mas que, de qualquer forma,
alvo principal desse trabalho: os stakeholders ,
permitir que todos os integrantes da comunida- par tes interessadas que devem ser mapeadas podem ser afetadas por acidente ou contaminação.
definidos como “qualquer grupo ou indivíduo
de entendam os riscos que correm e assumam de acordo com suas necessidades, interesses Entre estas estão os trabalhadores, visitantes etc.
que possa afetar ou ser afetado pelos objetivos
suas respectivas responsabilidades dentro dos e demandas. Os programas de comunicação de riscos
de uma organização” pública ou privada 27.
procedimentos de respostas estabelecidos pelo devem levar em conta que as pessoas em uma
Esse conceito estabelece uma for te relação
processo de comunicação de riscos. O mesmo entre os atores de um processo de comunicação
3.11. Importância da segmentação situação de emergência tendem a se compor tar
deve ocorrer com os mecanismos de obtenção de risco, além de criar uma relação de interde-
e mapeamento dos stakeholders com base em suas observações e experiências e
e de troca de informação. Ou seja, os canais de pendência, que abre possibilidades infinitas para Os membros de uma comunidade que possam não no que elas dizem que farão. Assim, as re-
comunicação devem ser conhecidos e já utiliza- o que possa ser ou representar o significado de ser potencialmente impactados por um acidente, ações previsíveis do público também devem ser
dos. Um das falhas mais constantes e das mais stakeholders . O termo stakeholder , por tanto, pela contaminação de uma área ou por viverem consideradas quando se desenvolve um plano de
graves é justamente o não estabelecimento e representa todos os públicos, todas as par tes próximos de um brownfield devem ser cuidado- comunicação de riscos. Em situações críticas, o
o não treinamento do uso dos canais de comu- interessadas direta ou indiretamente sobre um samente identificados e segmentados e as infor- público tende mais a reagir instintivamente do
nicação. Como exemplo, segundo os analistas determinado assunto. mações e ações do processo de comunicação de que a seguir as recomendações ou informações.
de segurança internacional, se o processo de Assim, podemos afirmar, por exemplo, que riscos devem ser adaptadas às necessidades e Assim, os membros de uma comunidade em si-
comunicação entre a polícia e os bombeiros os moradores do entorno da área da Shell, na capacidade de entendimento e de par ticipação tuação de risco devem ser informados, treinados
tivesse sido eficientemente implantado muitas Vila Carioca, diretamente afetados pelos proble- de cada grupo. Só assim as pessoas potencial- e mesmo educados quanto ao correto compor-
vidas teriam sido poupadas no atentado de 11 mas de contaminação causados pela empresa no mente afetadas receberão as informações de tamento a ser adotado nas situações de emer-
de setembro de 2001, no World Trade Center, passado, são stakeholders primários, o mesmo maneira apropriada e darão as respostas es- gência e, previamente, também devem conhe-
principalmente dos bombeiros e das pessoas ocorrendo com autoridades que atuam na admi- peradas. Em um mesmo bairro poderemos ter cer as principais reações instintivas que podem
que ficaram presas nos andares mais altos na nistração dos problemas, como os membros do vários perfis de moradores ou de stakeholders . prejudicar suas respostas durante uma situação

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
Projeto INTEGRATION

Torre Sul, que não foram informadas sobre o Ministério Público e das secretarias municipais. O compor tamento de um grupo de classe média de emergência. Isto faz par te do trabalho de
fato de que uma das quatro escadas de segu- Já as pessoas que vivem no outro extremo da re- alta tem que ser o mesmo que o de um grupo de conscientização e de mudança de atitudes com
rança estava desobstruída. gião, no bairro da Mooca, por exemplo, também classe mais baixa, mas isto somente será pos- relação ao risco.
Para manter o nível de conscientização ele- podem ter interesse indireto em tudo que envol- sível se houver adequação da mensagem e da Para se atingir os melhores resultados, a re-
vado, há que se ter certeza de que os públicos va as comunidades em sua vizinhança. Por isso linguagem para que ambos os grupos se sintam comendação é que haja consulta mútua entre os

56 57
públicos envolvidos (autoridades, indústrias e se faça uma comunicação eficiente. No caso dos Essa ferramenta foi aprimorada a partir de téc- Todas as entrevistas devem ser registradas em
membros da comunidade etc.) para avaliar os tipos brownfields, além de conhecer o posicionamento e nicas tradicionais de entrevistas realizadas pela relatórios detalhados e entregues aos coordenado-
e o conteúdo da informação a ser transmitida ou intenções das lideranças que vivem no seu entor- área de relações públicas para levantar o perfil de res, que se reunirão, avaliarão o material e um de-
disponibilizada. O principal caminho para isto é a no, é importante dar atenção especial às ONGs que públicos alvo de projetos de relacionamento28. O les ficará responsável pela elaboração do relatório
discussão pública do assunto, conduzida preferen- atuam na região e aos integrantes do Ministério trabalho é realizado por 3 grupos de profissionais: final. O relatório final é composto por uma sinopse
cialmente pelas autoridades públicas, com suporte Público e da imprensa envolvidos com a questão. os entrevistadores, os coordenadores de equipe e dos trabalhos desenvolvidos, suas conclusões ge-
dos membros organizados da comunidade. Assim, o coordenador geral, que será o responsável pela rais, que são seguidas de dados mais detalhados e
elaboração das conclusões, do diagnóstico e do das principais frases extraídas de todas as entre-
será possível também conhecer a aceitabilidade 3.12. Auditoria de opinião
ou a tolerância da comunidade ao risco, ao mesmo relatório final. A experiência tem demonstrado que vistas que sustentam as conclusões apresentadas.
e vulnerabilidades Embora seja óbvio, é importante destacar que essa
tempo em que ela começa a se familiarizar com os a preparação correta dos coordenadores e entre-
conceitos sobre o risco e inicia sua participação no A auditoria de opinião e vulnerabilidades vistadores é um dos pontos mais importantes do sistemática de trabalho, por suas características,
processo de decisão sobre o que fazer e como se destina-se ao levantamento do perfil real de uma trabalho. Um levantamento de informações impre- não se adequa a tabulações.
comportar diante de uma situação de emergência. organização pública ou privada, do nível de co- ciso ou a falta de habilidade no desenvolvimento
Para que o processo de comunicação de riscos nhecimento e aceitação de seus produtos, servi- e aprofundamento de uma entrevista pode levar a 3.12.2 Ferramenta estratégica
seja realmente eficiente é imprescindível saber ços, condutas e outros temas de interesse estra- conclusões imprecisas. Por isso recomenda-se que e de agregação de valor
com quem se estará falando, conhecer suas ne- tégico. O mapeamento do grau de satisfação dos esse trabalho seja realizado por profissionais ou A presença de informações sobre a influência de
cessidades, demandas e suas eventuais reações stakeholders sobre o desempenho de gestões consultorias com experiência em sua utilização. determinados públicos sobre outros poderá levar a
à situação de emergência. É preciso mapear e administrativas ou operacionais é outro foco de novas investigações. Assim, a realização planejada
consultar os stakeholders de maneira a obter a atuação dessa ferramenta de pesquisa, que tam- 3.12.1. Monitoramento dos resultados da auditoria de opinião e vulnerabilidades reduzirá
participação da comunidade de forma organizada. bém é indicada para o levantamento preciso de a complexidade da administração do processo de
Após cada jornada de trabalho, os integrantes
Caso contrário o processo de comunicação de ris- conceitos e pré-conceitos emitidos por lideranças comunicação. Ao mesmo tempo proporcionará uma
das equipes devem entrar em contato com o seu
cos será apenas um processo de informação, no / entrevistados dos diversos stakeholders que base sólida para a implantação de projetos admi-
coordenador, visando informar-lhe verbalmente
qual não há interação ou feedbak. Uma das ferra- possam influenciar direta ou indiretamente uma nistrativos, de comunicação e engajamento. O re-
sobre o material coletado (que será registrado em sultado da auditoria de opinião e vulnerabilidades,
mentas que podem ser utilizadas é a auditoria de organização, um produto, um projeto, ou uma de-
relatório detalhado). O coordenador, com uma visão praticada com esta abrangência, representará uma
opinião e vulnerabilidades. cisão, sendo, portanto, uma ferramenta adequada
de conjunto do trabalho que está sendo realizado, excelente fonte de conteúdo para o desenvolvimen-
Uma coisa é informar e outra coisa é fazer per- para o levantamento de demandas e necessida-
estará apto a redirecionar os roteiros. Ele poderá (e to de campanhas de propaganda (principalmente as
guntas como: “O que você acha disso, é bom ou des de comunidades alvo de programas de comu-
deverá), por exemplo, checar ou confrontar opiniões institucionais), projetos de relações públicas e ati-
ruim? É melhor ou pior? Você quer ou não?”. Isso nicação de riscos.
emitidas com o objetivo de evitar as armadilhas que vidades junto à imprensa, campanhas dirigidas de
cria uma base de conhecimento para o estabele- A auditoria de opinião e vulnerabilidades
possam ser criadas por entrevistados bem prepara-

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
marketing e de comunicação de riscos e de proje-
cimento do processo de comunicação de riscos. estrutura-se basicamente sobre técnicas de en-
Projeto INTEGRATION

dos sobre os temas abordados ou que tenham inte- tos para administração de crises. Também permitirá
Também contribui para o estabelecimento de dire- trevistas abertas, de relatórios e de análises de resses escusos sobre os assuntos abordados. Nesse identificação de lideranças que, uma vez preparadas
trizes que darão suporte às estratégias. Enfim, é material coletado junto a representantes ou lide- momento, é possível também perceber se há influ- e treinadas. poderão ser porta-vozes indiretos das
preciso conhecer e entender o universo, os dese- ranças de stakeholders primários e secundários
ência de determinado segmento de stakeholders mensagens preferenciais da organização ou projeto
jos e até as ansiedades dos stakeholders para que selecionados previamente.
sobre outros e o grau em que se manifesta. perante aos seus stakeholders.

58 59
zes e por integrantes de equipes internas ou exter- 3.14.1. Linguagem clara e acessível
Roteiro de atividades nas que mantenham contatos com os stakeholders.
A informação deve ser genericamente compre-
Assim, as mensagens preferenciais destinam-se à
Os principais passos para a realização da auditoria de opinião e vulnerabilidades são: ensível para todos os stakeholders, inclusive para
unificação da linguagem dos integrantes do proje-
1. Reunião de briefing com o comitê de comunicação de riscos para definição dos objetivos aqueles que não possuem qualquer conhecimento
to, ao mesmo tempo em que conferem unidade às
preliminares da auditoria de opinião e vulnerabilidades e os temas a serem abordados; técnico ou treinamento. Todos os aspectos técnicos
peças e às ações de comunicação.
do trabalho devem ser colocados em linguagem
2. Definição e mapeamento preliminar dos stakeholders; As mensagens preferenciais são criadas a partir
clara e acessível. A comunidade deve ser consulta-
3. Levantamento de informações junto aos integrantes do comitê de comunicação de riscos de entrevistas individuais com os diretores, lideran-
da previamente para se confirmar a adequação das
das entidades públicas ou priadas que representam; ças e outros stakeholders responsáveis pela condu-
mensagens e da linguagem utilizadas.
4. Definição da estratégia de ação e das equipes de trabalho; ção do projeto de comunicação de riscos, os quais de-
Levando-se em conta os problemas ligados
verão fornecer sua visão do trabalho a ser realizado,
5.Treinamento das equipes de coordenadores; à percepção do público com relação ao risco, a
suas esperanças, inquietudes, dúvidas e afirmações
6. Treinamento das equipes de entrevistadores; mensagem a ser transmitida sobre um evento crí-
de como o projeto deve se desenrolar no decorrer
tico tem que ser realista, de maneira a evitar a
7. Levantamento de informações sobre as principais lideranças dos segmentos alvo; do tempo. A primeira versão dessas mensagens deve
perda de credibilidade, que fatalmente colocará
8. Realização das entrevistas; ser analisada e validada por todos os integrantes do
em risco o próprio procedimento de resposta e
9. Realização de reuniões de avaliação; comitê de comunicação de riscos, além de aprovadas
por consequência o bem-estar das pessoas. É im-
por consenso antes de sua utilização.
10. Redação dos relatórios individuais; portante reforçar que as mensagens serão inter-
Essas mensagens poderão dar suporte também
11. Análise dos relatórios individuais; pretadas e filtradas de acordo com as experiên-
ao desenvolvimento dos conceitos de missão, visão
cias individuais dos membros da comunidade, daí
12. Relatório final; e valores do projeto, e contribuir para sua dissemi-
a importância do trabalho prévio de informação,
13. Redação das conclusões finais da auditoria de opinião e vulnerabilidades; nação entre os stakeholders.
preparação e padronização dos conhecimentos e
14. Reunião geral para apresentação dos resultados; práticas sobre o assunto.
15. Realização de novas auditorias ou preparação de um programa integrado de comunicação.
3.14. Recomendações
para a transmissão de informações 3.14.2. A divulgação de informações sobre
sobre contaminação áreas contaminadas
3.13. Elaboração das mensagens interesse, são elaboradas mensagens específicas Se a comunicação, por si só, não é um processo Há uma questão muito delicada no processo de
que representem e transmitam com eficiência e comunicação de riscos: como fazer a divulgação de
preferenciais fácil quando se espera que seja eficiente e gere
precisão, entre outros conceitos, a postura, a éti- os resultados desejados, na comunicação de riscos informações sobre áreas contaminadas quando se

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
Como definição, as mensagens preferenciais ca, a filosofia de relacionamento e de respeito aos descobre o potencial de contaminação mas não se
o quadro é ainda mais delicado, uma vez que, no
Projeto INTEGRATION

são frases curtas e objetivas, elaboradas para stakeholders, suas demandas e necessidades. tem informações técnicas precisas que confirmem
processo comunicacional, o ruído é a percepção
transmitir o posicionamento ou conceitos que inte- Essas mensagens preferenciais deverão estar sua existência, impacto ou dimensão?
dos stakeholders que é estabelecida em aspectos
gram o projeto de comunicação de riscos. presentes, de forma adequada, em todos os docu- subjetivos. Assim, há alguns cuidados que podem Já foi comentado que a comunicação de riscos
A partir do conhecimento das necessidades e mentos e materiais do projeto, devendo também ser contribuir para a eficiência desse processo: trabalha com aspectos subjetivos, com a percep-
características de cada segmento do público de utilizadas permanentemente pelos seus porta-vo-

60 61
ção dos stakeholders, que podem ou não refletir dentro do processo decisório. Daí a importância do J Seja equilibrado e honesto; é justamente o não estabelecimento e o não trei-
a realidade. Também foi realçado que indivíduos diálogo produtivo e positivo e da transparência. Daí J Mantenha o foco em questões específicas pre- namento do uso dos canais de comunicação.
diferentes podem ter opiniões diferentes sobre a a importância de se envolver a comunidade como viamente estabelecidas; Para manter o nível de conscientização elevado,
mesma informação, pois partem de experiências membro legítimo do processo, conforme já dito. Se há que se ter certeza de que os públicos foram
J Preste atenção no que o público já sabe;
diferentes para construir sua percepção. Isto torna essa conduta não torna mais fácil a elaboração das devidamente alcançados e as mensagens compre-
ainda mais difícil responder questões como: respostas para as questões acima, pelo menos vai J Adapte a mensagem ao perfil e às necessidades endidas. Aqui entra o papel do feedback e da repe-
permitir o gerenciamento dos conflitos e a busca de do público; tição periódica das mensagens com o uso de canais
J Como divulgar informações que indicam que
uma área “pode” estar contaminada? Divulga- soluções de consenso, reduzindo e repartindo as J Coloque o risco dentro do contexto apropriado; diferentes de comunicação.
-se isso ou não? responsabilidades. Isso implica na criação de meca- J Apresente, pelo menos, informações específi-
J Deve-se esperar para divulgar essas informa- nismos de relacionamento, na construção de canais cas necessárias para solucionar os problemas 3.15.1. Sensibilização da mídia
ções somente após ter-se informações con- de comunicação, na organização e mobilização de encontrados pelos públicos-alvo; Na fase de sensibilização e preparação, a mí-
clusivas, o que pode demorar vários meses ou lideranças comunitárias e de seus liderados. J Mantenha uma hierarquia organizada no pro- dia também deve ser utilizada como ferramenta
até anos? Se a resposta for positiva, como fica cesso de informação, partindo do geral para o estratégica, pois ela é um importante canal de
a responsabilidade com relação às pessoas 3.15. Participação da mídia particular. Quem quiser informações gerais será comunicação direta com o público. Assim, a mídia
que estão sendo expostas e que, caso se con- na comunicação de riscos imediatamente atendido e quem quiser detalhes deve ser encorajada a participar do processo de
firme a contaminação com gravidade, podem também os terá no final; implementação de um programa de comunicação
sofrer consequências irreversíveis enquanto o Não é muito fácil produzir e distribuir mensa-
gens claras e efetivas, particularmente nas situa- J Respeite e reconheça que as pessoas têm ideias de riscos e também treinada para fazer a abor-
tempo passa? e sentimentos legítimos; dagem e o uso correto das informações que re-
ções de emergência. Isto é válido principalmente
J Em função do conceito da precaução devemos ceberá. Mais do que noticiar os fatos, ela deve
para a mídia, um dos principais stakeholders do J Seja honesto quanto aos limites do conheci-
agir imediatamente, buscando uma forma ou ser preparada para ajudar na implantação mais
processo de comunicação de riscos, que tem suas mento científico que, nem sempre, tem todas
um caminho para realizar a comunicação des- eficiente dos procedimentos de respostas que
necessidades e restrições particulares, em especial as respostas;
se fato para os stakeholders que estão viven- envolvam a comunidade. Para que isto aconteça,
a eletrônica (rádios, rádios comunitárias, TV e we- J Considere e direcione atenção aos aspectos so-
do na rota de contaminação, do perigo ou do os meios de comunicação devem ser providos com
bsites). É bom lembrar que a mídia trabalha com ciais nos quais os riscos podem causar impactos.
risco detectado? informações relevantes sobre as situações de ris-
tempo reduzido, tanto para produzir suas notícias
J A quem cabe decidir: empresa, governo, grupo de Como já foi observado, a mensagem, por ou- cos, contaminação etc., para que possam atuar
quanto para colocar no ar uma resposta.
gestão de risco ou lideranças da comunidade? tro lado, deve ser suficientemente clara, precisa e com segurança e precisão na divulgação dessas
E há um aspecto importante a ser considerado.
J Quem arcará com as responsabilidades pelas adequada para permitir que todos os integrantes informações. Temos aqui duas dificuldades: a
A mídia, adaptada às preferências de suas audiên-
medidas a serem tomadas, sejam elas positivas da comunidade entendam os riscos que correm pouca disponibilidade da mídia para o desenvol-
cias, prefere a abordagem dos problemas pelo lado
ou negativas? e assumam suas respectivas responsabilidades vimento de atividades de teor menos imediato e

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
das percepções dos públicos envolvidos em detri-
Projeto INTEGRATION

A solução para isso é partir para o que pode ser mento das questões relativas às reais ameaças e dentro dos procedimentos de respostas. O mesmo a pouca disposição das fontes de informações do
definido como “protagonismo local”, por meio do riscos, ou seja, procura dar foco para os aspectos deve ocorrer com os mecanismos de obtenção e processo de comunicação de riscos em disponibi-
qual os stakeholders são preparados para agir por subjetivos em primeiro lugar. Por isto, Covello faz de troca de informação. Ou seja, os canais de co- lizar este tipo de informação para a mídia. Esta é
consenso, onde representantes das estruturas po- as seguintes recomendações para os processos de municação devem ser conhecidos e já utilizados. uma situação a ser contornada ou evitada à base
líticas e de poder são apenas elementos individuais comunicação de riscos26: Um das falhas mais constantes e, das mais graves, de muito esclarecimento e persuasão.

62 63
3.16. Relacionamento com implantação e c) pós-implantação. Cada uma delas
o Ministério Público com etapas distintas (figura 3.7.). • Pré-planejamento
• Formação do Comitê
Em casos da existência de riscos à saúde públi-
3.17.1. Fase de pré-planejamento • Definição de Funções
ca provocados por áreas contaminadas, o Ministé-
rio Público tem importância destacada. Conforme Na fase de pré-planejamento estão as ativida- • Auditoria de Opiniões e vulnerabilidade
definido na Constituição, sua missão é defender a des de formação do comitê de comunicação de ris- • Mapeamento de Stakeholders
ordem jurídica, os direitos sociais e individuais in- cos e a definição de funções de cada um de seus
• Desenvolvimento de estratégias
disponíveis, tendo a natural vocação de defender membros, avaliação e estabelecimento de sistemas
de divulgação, levantamento de informações téc- • Desenvolvimento e implantação
todos os direitos que abrangem a noção de cidada-
nia. Ele é autônomo, desvinculado de qualquer um nicas sobre a situação e o controle de riscos das • Mapeamento das áreas de risco
dos poderes republicanos (Executivo, Legislativo e áreas impactadas e sua adaptação para uma lin- • Formação de bancos de dados
Judiciário), com o claro objetivo de manter os seus guagem mais acessível aos stakeholders, mapea- • Elaboração dos procedimentos de respostas
membros livres de qualquer interferência de auto- mento dos stakeholders e levantamento de custos
• Implantação da central de comunicação
ridades ou grupos econômicos29. e recursos para a implantação do processo. Pré-planejamento
Nesta fase é iniciada uma auditoria de opinião e • Criação de mensagens preferenciais
Com essa autonomia, o Ministério Público as-
sume os interesses sociais da comunidade, mui- de vulnerabilidades que tem como finalidade levan- • Criação da campanha de comunicação
Pós-implantação
tas vezes abrindo uma perigosa linha de confronto tar as ameaças e as vulnerabilidades do objeto de • Formação de equipes de comunicação
com os trabalhos de um programa de comunicação estudo (empresa ou área potencialmente contami- • Pós-implantação
de riscos. Assim, é da maior importância conhe- nada). Este trabalho para ser eficiente tem que ser
• Início dos contatos com Stakeholders
cer o posicionamento e o trabalho já realizado por desenvolvido por meio de duas linhas de ação. Uma
delas é técnica e baseia-se na avaliação da pericu- • Ampliação da base de stakeholders patrocinadores
seus membros para que se busque uma linha de
losidade dos processos produtivos (características Desenvolvimento e implantação • Avaliação de resultados
entendimento e de atuação conjunta, reduzindo ou
eliminando arestas que podem no futuro gerar con- dos produtos finais, máquinas e equipamentos de • Correção de rumos
flitos de difícil solução. produção, sistemas de armazenamento, matérias
primas utilizadas, segurança das instalações) exis-
tentes na área analisada, na localização geográfica
3.17. Desenvolvimento e implantação
da empresa ou da área contaminada (proximidade
do programa de comunicação de riscos de áreas densamente habitadas, de sistemas aero,

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
Conforme as práticas recomendadas pelo De- rodo e ferroviário, cursos de rios e áreas de prote- Figura 3.7. Fases do programa
Projeto INTEGRATION

saster Recovery Institute International, um progra- ção ambiental) e nos procedimentos de transporte de comunicação de riscos
ma preventivo de gerenciamento de crises ou de (produtos finais, matérias primas, resíduos indus- Fonte: MELO, 200140.
comunicação de riscos pode ser dividido em três triais etc.). Esse trabalho se completa com pro-
fases: a) pré-planejamento; b) desenvolvimento e cesso de investigação a respeito da contaminação

64 65
e de seus impactos presentes e futuros. A outra é apresentações, convites e organização de reu- Na fase de desenvolvimento e implantação as um processo de protagonismo local e alcance um
empírica, porém não menos importante, e baseia-se niões. O objetivo destas reuniões é apresentar principais atividades são: a programação das es- amplo trabalho de comunicação de massa.
no levantamento do histórico e da percepção dos o projeto e conquistar a adesão voluntária dos tratégias de mitigação e de controle dos riscos, o As principais ferramentas da área de comuni-
stakeholders quanto à vulnerabilidade da comunida- stakeholders, par ticularmente suas lideranças. desenvolvimento dos procedimentos de respostas cação, como peças eletrônicas (e-mail marketing e
de ou de sua exposição aos riscos. Este trabalho é Contudo, o contato com a comunidade deve ser para cada uma das vulnerabilidades ou riscos de- website) e impressas (folhetos, folders, cartilhas
feito por meio de pesquisa qualitativa (entrevistas informativo, abordando apenas as linhas gerais tectados e o desenvolvimento do programa de co- e cartazes etc.), palestras motivacionais, convoca-
individuais com líderes formais e informais). do projeto em desenvolvimento. municação de riscos e sua implantação. ção e organização de reuniões e eventos informa-
Com relação aos procedimentos de respostas é tivos, devem ser amplamente utilizadas.
3.17.2. Comunicação na fase 3.17.3. Fase de desenvolvimento importante destacar que eles representam a parte
de pré-planejamento e implantação central do programa. Eles abrangem todas as ati- 3.17.5. Fase pós-implantação
vidades e comportamentos recomendados para as
Na fase de pré-implantação do programa, as Uma vez detectados os riscos, as áreas impac- Na fase de pós-implantação estão as atividades
situações de emergência ou de constatação de con-
atividades de comunicação estão dirigidas a in- tadas e os stakeholders primários, deverá ser feita de manutenção do programa, a multiplicação das
taminação, todos os procedimentos de informação
formar e sensibilizar os stakeholders sobre a im- uma quantificação e hierarquização dos impactos práticas e atividades de relações públicas e pro-
e processos de comunicação sobre a emergência.
por tância do projeto e de seu envolvimento para em quatro níveis, estabelecidos de acordo com a paganda para relacionamento com os stakeholders
que o mesmo alcance os objetivos esperados. proximidade dos stakeholders da rota de contami- e a coordenação e desenvolvimento de ações com
3.17.4. Comunicação na fase de as autoridades envolvidas no projeto. A comple-
O trabalho dar-se-á por meio da preparação de nação (tabela 3.1.).
desenvolvimento e implantação xidade desta fase, em que se colocam em prática
Nessa fase as atividades de comunicação to- todos os conceitos da comunicação de riscos, está
Zonas de risco Gravidade Localização mam um corpo maior. Durante o desenvolvimento, no efetivo envolvimento e comprometimento dos
o trabalho de comunicação pode ser ainda mera- stakeholders com o projeto. Novamente a atividade
Dentro da área ou da mente informativo, mas a implantação deve ser de comunicação alcança importância especial, pois
Zona de Perigo Situação gravíssima
rota de contaminação precedida por campanhas de comunicação para será responsável pela transmissão de confiança no
sensibilização e motivação de todos os stakehol- projeto e em seus organizadores, terá que traba-
Adjacências da área ou
Zona de Alerta Situação grave ders, com o objetivo de dar informações sobre o lhar na mudança da percepção de riscos por parte
rota de contaminação
projeto e conquistar sua participação. dos stakeholders e desenvolver ações que garan-
Próxima das áreas/adjacências No contato com a comunidade é preciso tam sua participação.
Zona de Atenção Situação moderada O trabalho de sensibilização e treinamento
da área de contaminação trabalhar as informações de maneira a não dei-
xar dúvidas quanto às intenções e o empenho dos deve ser realizado também junto ao público exter-
Distância segura da gestores do projeto, ou ainda de qualquer outro no que fica fora da rota de contaminação, agora

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
Zona livre Situação tranquila
rota de contaminação.
Projeto INTEGRATION

organizador ou patrono, na promoção do bem estar com o apoio de organismos governamentais (Defe-
e da segurança da população. A sugestão é que o sa Civil, Polícias Civil, Militar e Ambiental e Sistemas
trabalho comece com reuniões informais junto às Públicos de Saúde e de Resgate etc.). Esse traba-
Tabela 3.1. Mapeamento das zonas lideranças de entidades representativas da comu- lho deve ser ampliado com mecanismos que permi-
de risco de acordo com o impacto nidade e evolua, com o apoio das mesmas, para tam aos gestores do projeto ouvir e responder às

66 67
preocupações da comunidade sobre os problemas situação real, os responsáveis pelo progra-
que a envolvem. Também deve contar com meios ma de comunicação de riscos devem avaliar as
Roteiro para a implantação de um Setor público;
para transmitir aos stakeholders informações ade- ações realizadas com sua equipe e os membros
quadas quanto aos riscos à saúde, à segurança e
programa de comunicação de riscos Setor privado;
das outras equipes envolvidas (governo, em-
ao meio ambiente, além de propor e implantar me- presas e comunidade). O representante de cada Com base na metodologia do Disaster Reco- Terceiro setor;
didas de proteção e de emergência. very Institute International, a CWM desenvol- Criar banco de dados.
órgão ou equipe deve apresentar o resultado de
veu um roteiro detalhado para facilitar a im-
Nesta fase os caminhos para o sucesso são a seu trabalho, comentar suas dificuldades, suas 5. Mapear os meios de comunicação.
plantação de programas de comunicação de
capacidade de organização do comitê de comuni- falhas e as falhas de outras unidades ou grupos Mídia impressa (jornais locais e grande
riscos, o qual conta com dois grandes grupos
cação de riscos para o envolvimento de todos os de trabalho. Tudo deve ser analisado, inclusive de atividades. A figura 3.8 apresenta uma vi- imprensa);
atores sociais e sua sensibilização e motivação a cober tura da mídia. Os pontos for tes e fra- são resumida deste roteiro. Mídia eletrônica (rádios comunitárias e
para que todos participem de forma efetiva das cos do trabalho devem ser identificados, como grande imprensa – rádio, TV e Websites);
Atividades preparatórias
atividades do programa. também as falhas globais. Este exercício não
1. Formar um Grupo de Trabalho. Telefonia móvel / mensagens SMS;
Nos programas de comunicação para divulga- deve se prestar para identificar culpados, mas
ção de recuperação ou revitalização de brownfiel- Estabelecer as funções e responsabilidades Locais de acesso, permanência e circulação
sim para corrigir erros e melhorar os diferentes dos stakeholders (shoppings, bares e
ds não contaminados ou com contaminação corre- aspectos do programa. / cargos;
restaurantes, clubes, escolas e outros);
tamente gerenciada para um novo uso, é preciso Programas de Comunicação de Riscos devem Distribuir as funções e cargos (com
levar em conta, como já foi comentado, que os suplentes); Criar banco de dados.
ser supor tados pela filosofia da melhoria con-
stakeholders costumam estigmatizar essas áreas, tínua e empregar as técnicas de implementa- Eleger um coordenador (com suplente); 6. Preparação de material estratégico.
o que prejudica sua incorporação ao ciclo econô- ção de projetos do tipo PDCA (siglas em inglês Eleger um porta-voz (com suplentes); O que se pode ou não fazer ou falar sobre o
mico e urbanístico das cidades. de Plan, Do, Check and Action, metodologia Planejar / documentar o programa de ação projeto / manual de conduta e procedimentos
Sem excluir nenhuma fase dos processos de desenvolvida por Walter Shewhar t), que pode do plano de comunicação de riscos. do comitê de comunicação de riscos;
implantação de um programa de comunicação de ser traduzida como planejamento, implantação Questionário com respostas de todos os
2. Mapear a área de risco.
riscos, o foco principal dos trabalhos é a divulga- e funcionamento em escala menor, verificação assuntos que envolvem o projeto.
ção de informações consistentes que comprovem Levantar as áreas impactadas e seus
e ações corretivas e implementação total. Não Atividades práticas iniciais
problemas;
os aspectos de segurança da área para o uso de- impor tam os erros cometidos, e eles serão mui-
Identificar a possível existência de 7. Treinamento.
finido. O objetivo é ganhar a confiança das lide- tos no início. O que impor ta é a disposição e a stakeholders em situação potencial de risco. Grupo de Trabalho;
ranças da comunidade e incentivá-las a engajar- capacidade para corrigi-los e fazer o processo
-se no projeto de maneira a ampliar o alcance das 3. Mapear os stakeholders. Porta-vozes.
avançar tornando-o cada vez mais eficaz, pois
ações planejadas e reduzir eventuais posiciona- estamos lidando com vidas humanas e com De acordo com seu interesse e / ou situação 8. Criar um canal de acesso dos

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
mentos contrários que ainda possam existir. de risco; stakeholders ao Grupo de Trabalho.
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meio ambiente. É preciso atuar de forma pre-


ventiva, com seriedade e transparência, de for- Criar banco de dados. Telefone gratuito (0800);
3.17.6. Avaliação de resultados / de briefing ma a atender as demandas legítimas dos cida- Website;
4. Mapear / identificar formadores de
Após a implantação dos procedimentos de dãos que fazem par te e são alvos do processo opinião que possam ser parceiros para E-mail;
respostas, tanto nos simulados quanto em uma de comunicação de riscos. divulgação do projeto. Outros.

68 69
9. Definir a estratégia Press-release / J Ter controle de todo o processo;
de divulgação do projeto. Texto para a imprensa; 1 • Formação de Grupo de Trabalho J Treinar os porta-vozes;
Divulgação maciça / divulgação Fotos / mapas / gráficos. FORMAÇÃO DE GRUPO • Redação do Programa de Trabalho / PCR J Estabelecer e manter contato com a imprensa;
boca a boca. 11. Reunir stakeholders parceiros / DE TRABALHO J Realizar reunião com outros stakeholders ;
10. Criar uma campanha comunicação / multiplicadores. J Criar kit de imprensa ou de conteúdo sobre
materiais de divulgação. Informar sobre o projeto; o projeto;
• Riscos
Definir objetivos a serem atingidos Treinar para a divulgação do projeto. 2 • Stakeholders / parceiros multiplicadores
J Produzir peças de comunicação;
com a campanha; • Locais de Acesso J Criar cartilha ou manual do projeto;
12. Lançar a campanha de divulgação MAPEAMENTO DE
Logotipo / marca para o projeto; NECESSIDADES • Meios de Comunicação J Criar documento com perguntas e respostas
de acordo com a estratégia definida.
sobre todo o projeto para orientar
Folheto e cartaz com explicações gerais 13. Avaliar resultados
sobre o projeto e seus objetivos; formalmente todos os integrantes;
e corrigir rumos.
3 • Divulgação Maciça J Criar campanhas de motivação / participação /
DEFINIÇÃO DE • Divulgação boca a boca esclarecimento / eventos;
ESTRATÉGIA J Realizar simulados;
3.18. Formação do comitê de comitê deverá estar preparado e dispor de infor- J Buscar / estabelecer parcerias para o
comunicação de riscos mações e recursos para: acalmar os stakeholders financiamento privado deste projeto
em situação de risco; informá-los sobre mudan- 4 • Material interno de preparação e conduta
Dada a complexidade e a transversalidade da ças no quadro de riscos ao qual estão expostos; Com relação aos stakeholders, seu trabalho é:
• Material de campanha de comunicação
comunicação de riscos como disciplina técnica, o contribuir para reduzir resistências ao seu traba-
ELABORAÇÃO DE J Orientar sua organização;
CONTEÚDOS
desenvolvimento e a implantação de um programa lho e mudar o comportamento dos stakeholders; J Empoderar para igualar sua capacidade de
de comunicação de riscos exige o suporte de uma intermediar os interesses dos stakeholders e das participação e intervenção;
estrutura organizada, coesa e bem preparada. A J Atuar como facilitador;
autoridades públicas; obter auxílio das autoridades 5 • Website
essa estrutura podemos chamar de grupo de tra- públicas e privadas para a realização de seu tra- • E-mail J Informar sobre os riscos;
CANAIS DE ACESSO • Telefone J Informar como se proteger preventivamente /
balho ou comitê de comunicação de riscos, o qual balho; contribuir para aprimorar a capacitação de
deve envolver estrategicamente alguns stakehol- organizar ação em caso de acidente;
seus integrantes e garantir a sobrevivência de sua
ders primários, lideranças empresariais, membros J Manter ativos os canais de comunicação de
estrutura ou organização. • Início da campanha
dos órgãos governamentais diretamente relaciona- 6 emergências;
Naturalmente, entre suas outras tarefas tam- • Avaliação de resultados
dos com a questão e lideranças da comunidade. J Orientação jurídica (para dentro e também
bém estão: DIVULGAÇÃO E • Documentação
A principal função desse comitê é, após o de- AVALIAÇÃO para fora);
J Pesquisar, interpretar, decodificar e cruzar
J Realização de reuniões.

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
senvolvimento do programa de comunicação, iniciar dados e informações;
Projeto INTEGRATION

e conduzir o diálogo entre as partes e realizar o J Analisar oportunidades (ambientais e políticas); A figura 3.8. apresenta um fluxo resumido do Esse trabalho deve ser feito após a criação do
empoderamento de segmentos da comunidade, de J Definir objetivos; processo de desenvolvimento de um programa de programa de comunicação de riscos.
modo a que participem das atividades com nível de J Formular planos; comunicação de riscos. Figura 3.8. Roteiro resumido É recomendável que os organizadores do comitê
de atividades do programa de comunicação de
igualdade em relação a outros stakeholders. Para J Desenvolver estratégias; riscos. Fonte: MELO, 2011(b)41.
de comunicação de riscos criem uma estrutura jurí-
cumprir com suas responsabilidades mínimas, este J Executar ou implementar o planejado; dica que lhes dê suporte e reforce sua representa-

70 71
ministração pública, as quais têm atuação A participação direta ou indireta desses ór-
direta ou podem contribuir na solução dos gãos municipais no comitê ampliará sua re-
tividade. A importância de se transformar o comitê alcançar por meio de uma estrutura informal ou sem
problemas. Outras secretarias também de- presentatividade e facilitará a resolução de
em entidade com perfil jurídico é que um programa representação efetiva.
vem ser envolvidas no projeto, caso pos- conflitos, o levantamento de informações,
desta natureza precisará movimentar recursos finan- Esse comitê, por outro lado, deve ser montado
sam, ainda que indiretamente, contribuir além de ampliar as possibilidades de capta-
ceiros, além de contar com profissionais contrata- a partir de cargos e não de pessoas. Isso significa
para a implementação das atividades do ção de recursos e as bases de apoio para a
dos para a execução de atividades administrativas e que cada participante deverá ter função específica
programa de comunicação de riscos a par tir realização de tarefas. No capítulo 4 há mais
operacionais, o que é praticamente impossível de se dentro de sua estrutura organizacional.
de seus escopos de atuação. detalhes sobre esse assunto.

Funções e responsabilidades EQUIPE DE APOIO DO COMITÊ


específicas para alguns DE COMUNICAÇÃO DE RISCOS
membros do Comitê As pessoas que assumirão os cargos acima 3.19. Capacitação dos membros J Ampliar a percepção dos participantes sobre a
Em linhas gerais um comitê de comunica- propostos certamente têm outras obrigações do comitê de comunicação de riscos importância do desenvolvimento de uma estru-
profissionais e não poderão dedicar seu tem- tura organizada para a realização da comunica-
ção de riscos deve contar com a participa- É esperado que nem todos os integrantes
po integralmente às atividades do comitê de ção de riscos;
ção ou dispor dos seguintes cargos: do comitê de comunicação de riscos tenham
comunicação de riscos. Assim, o trabalho e as J Dotar os participantes de informações e concei-
Porta-voz do Comitê; o grau mínimo de conhecimento sobre as
atividades rotineiras do comitê devem ser pla- tos básicos que os auxiliarão na preparação de
Gestor do relacionamento com as entida- responsabilidades e práticas de um comitê
nejadas, preparadas, realizadas e registradas um programa de comunicação de riscos;
des e membros da comunidade; de comunicação de riscos. Assim, é da maior
com vistas a alcançar o mais elevado grau de J Oferecer aos participantes instrumentos que
Gestor do relacionamento com os empre- impor tância que todos os futuros integrantes do
eficiência. Para que isso aconteça é necessá- lhes permitam liderar a implantação de estru-
sários / investidores; comitê tenham o mesmo nível de capacitação.
ria a criação de uma equipe mínima de profis- turas eficientes de motivação de stakeholders
Um caminho para isso pode ser a utilização de
Gestor do relacionamento com os proprie- sionais contratados em tempo integral. Essa para participação em programas de comunica-
apoio profissional para preparação de uma oficina
tários das áreas contaminadas; equipe mínima deve ser composta por uma se- ção de riscos;
de capacitação que tenha como propósito qualificar
Gestor do relacionamento com as empre- cretária, um jornalista, um relações públicas e J Reforçar junto aos participantes a importância
os membros do comitê com conceitos e práticas,
sas de consultoria / área técnica; um motorista / office-boy. do trabalho organizado e do treinamento para o
como as apresentadas neste manual, para que te-
Gestor das atividades de relacionamento enfrentamento de momentos críticos.
Se há uma equipe para trabalho permanente, nham condições técnicas para compreender e orga-
com a mídia; terá que ser alocado espaço e criada infraes- nizar a implantação do programa de comunicação Essa oficina deve ser dividida em duas partes:
Gestor das atividades de comunicação / trutura básica para que essa equipe possa de riscos, inclusive nos aspectos de mobilização e uma que apresente os conceitos gerais sobre co-
criação de campanhas e produção de pe- desempenhar suas funções, assunto que será integração social. municação, comunicação de riscos, mapeamento de
ças de divulgação; detalhado mais à frente. No decorrer dessa oficina, os participantes de- stakeholders, programa de comunicação de riscos e

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
Gestor das atividades relacionadas a eventos Em projetos de contaminação de grandes vem ter acesso, por meio de cases, ao mínimo que formação do comitê de comunicação de riscos, e
Projeto INTEGRATION

/ criação de campanhas de relacionamento; áreas, como é caso do projeto Operação deve ser assimilado para que possam afirmar com outra que procure colocar em prática os conceitos
Gestor para realizar a interface com as au- Urbana Mooca-Vila Carioca, é impor tante segurança que conhecem o assunto e estão prepa- aprendidos na primeira parte.
toridades públicas. levar-se em conta a par ticipação, no co- rados para dar início à implantação de um progra- Uma das técnicas utilizada para essa parte
Para cada um desses cargos deve haver mitê de comunicação de riscos, das várias ma de comunicação de riscos. prática da oficina é separar os participantes em
um suplente. secretarias municipais que compõem a ad- Em linhas gerais, essa oficina deve ter como metas: grupos de 3 a 5 integrantes, contar um case que

72 73
possa contemplar todas as fases do trabalho de logística para permitir aos profissionais traba- sobre o andamento dos trabalhos para que possam J Benefícios tangíveis e intangíveis;
comunicação de riscos, passar a cada grupo um ro- lhar de maneira eficiente. Ou seja, deve ser cria- repassá-las de forma eficiente. Isto exige a seleção J Compromisso com a qualidade e com a realida-
teiro simplificado (figura 3.8.), para que cada um da uma central de comunicação, que deve contar de pessoas de bom nível e o seu treinamento prévio. de que o cerca;
monte seu programa de comunicação de riscos. O com estrutura própria com equipamentos exclu- J Públicos-alvo.
trabalho tem que ser feito em fichas de papel car- sivos como mesas, computadores com acesso à 3.21. Campanha de comunicação
Para demonstrar um exemplo da aplicação
tão, com cores diferentes para cada grupo, sendo Internet, telefones fixos e celulares, fax e scan- de riscos
desses conceitos, é apresentada a seguir uma su-
que em cada ficha deve ser registrada apenas uma ners, monitores de TV e de rádio, gravadores de A criação de uma campanha de comunicação é gestão de campanha de comunicação para a OUC
solução ou proposta de trabalho para cada item do áudio e vídeo cassetes, câmara digital e ainda ter uma das mais importantes ferramentas que compõe Mooca-Vila Carioca, desenvolvida em 2011 como
roteiro simplificado. Ao final de uma jornada de duas suporte de pessoal para transportar o material o processo de comunicação de riscos. Essa campa-
e para manter a estrutura em funcionamento, uma das ações da cidade de São Paulo no âmbito
horas, cada grupo apresenta seu trabalho, cujas fi- nha deve ser criada para ser um “guarda-chuva” con-
além de armários para acomodar os materiais de do Projeto INTEGRATION. Esse conteúdo foi apre-
chas são coladas em um painel ou parede já prepa- ceitual tanto para a produção de peças impressas e
trabalho como kits, folders, fotografias e outros sentado para os membros dos Conselhos Regionais
rada com cada uma das etapas do roteiro. Ao final, eletrônicas quanto para dar suporte às ações de rela-
materiais sobre o projeto. Também é importante Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cul-
todos os participantes têm uma visão geral das solu- cionamento pessoal em palestras e reuniões a serem
que os membros principais das equipes de co- tura de Paz, (CADES Regionais), durante o “Curso
ções apresentadas por todos os grupos, ampliando organizadas pelo comitê de comunicação de riscos
municação e de implantação dos procedimentos de Capacitação – ‘O Papel do Conselheiro Regional
o aprendizado individual e desmistificando eventuais para estabelecer contato com os stakeholders.
de respostas possuam sistemas de comunicação do Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e
temores sobre amplitude e complexidade de implan- A base dessa campanha é o desenvolvimento
privados para ser utilizado entre eles (radioco- Cultura de Paz na Política Urbana: Da Teoria à Práti-
tação de um programa de comunicação de riscos. de um slogan e logotipo que representem o pro-
municadores). A comunicação pessoal é um dos ca’”, promovido pela Secretaria Municipal do Verde
Os porta-vozes e seus suplentes, sobre os jeto e reforcem alguns aspectos particulares que
pontos críticos nos grandes acidentes. e do Meio Ambiente em 2011.
quais recaem as maiores responsabilidades e ex- contribuam para:
O profissional ou a equipe responsável pelo pro- A implantação de um programa de comunicação
posição no processo de comunicação de riscos, J Promover os valores culturais e históricos da
cesso de comunicação de risco deve também possuir de riscos não é uma tarefa fácil, seja por sua com-
devem receber um treinamento específico para região alvo.
uma agenda exclusiva para registrar todas as ações J Estabelecer simpatia e sinergia com as causas e plexidade e amplitude, seja pelas questões políti-
que cumpram suas funções. Este treinamento deve
realizadas e a serem tomadas. Também deverá re- objetivos do projeto de comunicação de riscos. cas, sociais e econômicas que o cercam. Contudo,
prepará-los para responder perguntas ácidas e
gistrar a presença de jornalistas e outros integran- J Destacar e ampliar o sentido de pertencimento a solução de um grande problema é sua segmen-
contundentes, para enfrentar situações adversas e
tes dos públicos-alvo que requisitem informações. dos membros das comunidades à sua região. tação em pequenas partes, em etapas menores.
para falar em público com precisão e segurança. Há
Nesta central de comunicação não devem fal- J Motivar e tentar tornar cada morador um volun- Mas o mais importante é motivação para iniciá-lo,
um instrumento de preparação oferecido por em-
tar também mapas e gráficos sobre a região e as tário na consecução das metas do projeto. por isso é importante lembrar que para se dar mil
presas de comunicação, chamado media training,
cujas técnicas podem ser adaptadas às demandas instalações das empresas alvo das ações em meio O projeto de comunicação de riscos tem que ser passos, saímos da inércia com o primeiro passo.
impresso e eletrônico. Se necessário, também deve considerado como um produto e receber o mesmo Além disso, é preciso lembrar que os primeiros

COMUNICAÇÃO DE RISCOS
da comunicação de riscos.
ser prevista a instalação de um call center para a
Projeto INTEGRATION

tratamento em termos de comunicação, marketing passos são os mais difíceis, exigem mais energia e
disseminação de informações diretamente para o e publicidade. Assim, precisa ter: dedicação. Fazendo uma analogia: gasta-se muito
3.20. Central de comunicação de riscos público. Contudo, os profissionais que ficarem res- J Embalagem; mais energia para se cruzar os 120 km da atmosfe-
O programa de comunicação de risco deve ponsáveis por este sistema de atendimento deverão J Conteúdo; ra terrestre do que para atravessar os 384 mil km
também prever a implantação de um sistema de receber as mais recentes informações disponíveis J Características próprias ou diferenciais; restantes para se chegar à lua.

74 75
mais informados e conscientes dos seus direitos pessoas, da decisão das pessoas de assumirem
4. COESÃO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO e deveres 30, 31, 32 e 33. a condição de sujeitos sociais. Isso é o que cha-
mamos de protagonismo. Não há desenvolvimento

PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DE RISCOS 4.1. Desenvolvimento


e protagonismo local
local sem protagonismo local.
O protagonismo local, conforme proposto por
Juarez de Paula34, é o resultado produzido por es-
O conceito de coesão social é comumente aceito O conceito de desenvolvimento local que vem colhas conscientes, decisões e esforços de atores

iclei
em termos de dinâmica da vida social, designando se firmando no universo das ciências humanas locais organizados em torno de um propósito, que
a harmonia, a união das forças sociais e das tem contribuído para a mudança de paradigma no ampliam as possibilidades de alcance do futuro de-
instituições que as sustentam e que concorrem para processo de intervenção do Estado no meio social. sejado. Portanto, exige o planejamento participati-
um fim harmonioso e coerente de vida em comum. Esse conceito, segundo Juarez de Paula, começou a vo e a gestão compartilhada.
A coesão social implica necessariamente em certo ganhar relevância no debate sobre os modelos de Dentro desse conceito a cooperação surge
grau de solidariedade para a concretização de ob- desenvolvimento, particularmente após o reconheci- como um valor estratégico, superando as práticas
jetivos, sendo que a integração social é o processo mento do fenômeno da globalização que, ao provo- comuns e aceitas da competição. Embora a coope-
mais indicado para se criar uma sociedade mais so- car reações e formas de resistência, fez emergir uma ração faça parte da base da vida social, somente
lidária, mais justa e, portanto, mais coesa, voltada tendência de afirmação local, seja como resposta à agora os estudiosos estão voltando suas atenções

COESÃO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DE RISCOS


para a criação de condições para que pessoas, gru- exclusão, seja como tentativa de uma integração não a ela, tratando-a como um fenômeno social.
pos e famílias usufruam dos seus direitos, tenham subordinada a essa economia global. A cooperação exige confiança, e juntas produ-
acesso aos recursos, participem socialmente, sejam “A temática do desenvolvimento local zem organização e participação, o que é sobeja-
protagonistas das suas próprias vidas e da socieda- está relacionada com a afirmação de uma mente esperado em um programa de comunica-
de onde se inserem 30, 31, 32 e 33. identidade territorial, com o reconhecimento ção de riscos. Ninguém se dispõe a participar de
A coesão social também pode ser definida como de elementos distintivos, de uma reputação organizações ou iniciativas coletivas fora de um
um movimento que se desenvolve na dimensão da própria, de uma singularidade que distingue e ambiente de cooperação e confiança. Quanto mais
pessoa, do local e do cotidiano, reforçando ou es-
diferencia o território. O desenvolvimento local organização e participação, mais empoderamento,
resulta do esforço de identificar, reconhecer e mais confiança e maior possibilidade de sucesso
tabelecendo laços, compromissos e complemen-
valorizar os ativos locais; de aproveitar e de- de um programa de dimensão publica.
tariedades entre serviços, instituições e grupos
senvolver as potencialidades, as vocações, as Assim, é importante ressaltar que, em pro-
sociais, construindo e reconstruindo espaços com
oportunidades, as vantagens comparativas e gramas que tenham como alvo uma comunida-
foco na melhoria da qualidade de vida 30, 31, 32 e 33.
competitivas de cada território”34. de, como é o caso da comunicação de riscos, o
Coesão Social é poder e saber influenciar
O desenvolvimento é produzido pelas pessoas. agente externo, como o Comitê de Comunicação
políticas e decisões em direção do desenvolvi-
Projeto INTEGRATION

Não é um resultado automático do crescimento eco- de Riscos, ao conduzir seu plano estratégico, não
mento coletivo, motivando para a par ticipação,
nômico. Resulta das relações humanas, do desejo, deve se considerar como o único e verdadeiro re-
influenciando mudanças nas organizações e
da vontade, das escolhas que as pessoas podem alizador do entendimento e do comprometimento
promovendo a iniciativa social com o objetivo
fazer para alcançar uma melhor qualidade de vida. local, por mais bem intencionado que seja. Na
de construir sociedades mais ativas e cidadãos O desenvolvimento depende da adesão das verdade, para que seu projeto seja eficaz deve

76 77
estimular o protagonismo local para que este pas- possam multiplicar de maneira exponencial as prá- informações que pode contribuir para modificar e J Saber olhar para a sociedade - identificar os
se a ser mais um integrante do processo decisó- ticas estabelecidas. Isso amplia a participação e melhorar o programa. São os agentes externos que problemas e as suas causas;
rio. O agente externo deve ser um facilitador ca- reduz o volume de recursos necessários, caso a devem adaptar as propostas às condições existen- J Saber escutar - aprender, aperfeiçoar-se, ele-
pacitado a instrumentar os stakeholders de uma ação tivesse que ser tomada por um grupo restrito tes, o que pode ser obtido com uma atitude de com- var as suas competências;
comunidade para que estes possam participar do de participantes. prometimento e interesse para com os stakeholders J Abertura de espírito - saber inovar, experimen-
processo decisório como protagonistas. É fundamental proporcionar e facilitar o acesso que se pretende beneficiar ou engajar. tar, jogar em alternativas;
aos indicadores de sucesso de projeto. Isso torna A intervenção do comitê de comunicação de riscos J Espírito de abertura - comunicar/trocar, dialogar;
4.2. Reflexão crítica e construção real a apropriação do conhecimento sobre a no seio da comunidade deve ter respeito cultural que J Verdadeiro espírito de serviço e de risco - ser-
realidade do território e uma efetiva avaliação de privilegie as percepções da população e que integre vir causas e empreender sempre;
de indicadores
suas condições de participação, além de tornar o a percepção institucional e comunitária por meio de J Saber partilhar - trabalhar em equipe, trocar
Para que isso aconteça é indispensável estabe- processo mais transparente. “saberes” e “estares”;
uma negociação de conhecimentos sobre as ações de
lecer-se um processo de participação e de gestão Também é muito importante facilitar a partici- J Ter capacidade crítica e autocrítica - saber pôr-
intervenção. Assim, para ser bem realizada, segundo
compartilhada, que deve acontecer a partir de so- pação dos atores locais em redes de experiências -se em causa, questionar e questionar-se;
Juarez de Paula, deve levar em conta se:
luções como a criação de fóruns, conselhos, subco- de desenvolvimento local, o que facilita a troca de J Superar atitudes paternalistas - saber estar
mitês, consórcios ou pactos de trabalho conjunto. J As estratégias são de caráter local ou regional;
informações, o aprendizado coletivo, o fortaleci- com, reconhecendo o outro não como um des-
A reflexão crítica e permanente é um elemento J A realidade social é percebida como um todo e
mento mútuo e a continuidade dos processos. tinatário passivo, mas como um parceiro ativo;

COESÃO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DE RISCOS


indispensável do monitoramento e avaliação das A comunidade, as famílias e as pessoas que são não fragmentada;
J Buscar o equilíbrio entre razão e emoção - profis-
atividades empreendidas. Não existem receitas público-alvo devem ser levadas em consideração no J A comunidade é considerada como sujeito e
sionalismo com alma ou alma com profissionalismo.
para a intervenção ideal, mas em todo caso deve- processo de intervenção como sujeitos e não como não como objeto;
-se considerar o contexto social, cultural, político, J Existe uma relação horizontal que evita a verti- Atenção especial deve ser dedicada para as
objetos. As pessoas devem ser consideradas como
religioso, econômico, histórico e geográfico. Isso calidade dos programas (com controle absolu- pessoas e grupos em dificuldade, com menor ca-
beneficiárias do programa, como sujeitos pensan-
implica levar em consideração a percepção das fa- tes, com sentimentos e necessidades específicas to realizado pelo patrocinador); pacidade de acesso ou entendimento do conteúdo
mílias e das comunidades que são os sujeitos da e não como objetos de intervenção passivos e re- J Privilegia o conhecimento popular e a percep- proposto ou oferecido que, por razões de idade,
intervenção, em detrimento da percepção quase ceptores da intencionalidade dos sujeitos externos ção da população sobre o problema que está residência, saúde, estatuto cultural e social, entre
sempre limitada do agente externo, que pode des- 35
. É primordial, portanto, estabelecer uma relação sendo abordado; outras, sofrem exclusão e detêm menos meios para
conhecer os processos do trabalho comunitário. horizontal entre o comitê de comunicação de riscos J Há uma atitude de respeito pela cultura das agir de forma autônoma a favor de suas vidas e de
É necessário priorizar a visão e o ponto de vista e a comunidade, ou seja, uma relação de iguais, pessoas, famílias e comunidades onde está suas cidadanias.
da pessoa a partir da sua vivência cotidiana e não na qual a participação deixa de ser a manipulação, sendo feita a intervenção. O Projeto INTEGRATION representa um avanço
da necessidade organizacional do programa. Isto para tornar-se consciente e voluntária. significativo quando se trata de perseguir a van-
A conduta social dos integrantes do comitê de guarda dos processos de coesão social. Seus pi-
permitirá a corresponsabilidade e a sustentabilida-
Projeto INTEGRATION

comunicação de riscos deve ser direcionada por lares conceituais sustentam que uma sociedade
de dos programas, qualquer que seja o seu patro- 4.3. Conhecimento e respeito alguns princípios-chave, conforme também sugere socialmente coesa, seja ela local, regional ou na-
cinador: o setor privado, o setor público, o setor
acadêmico ou o setor social.
à cultura local Juarez de Paula35: cional, se caracteriza por um quadro situacional em
Também é igualmente importante valorizar O conhecimento da comunidade, além de expli- J Olhar para a pessoa, para o seu contexto de que os cidadãos compartilham um sentido de per-
a difusão de conhecimentos e experiências que car a realidade da população, reúne um conjunto de vida e para o mundo - visão global; tencimento e de inclusão, que os levam a participar

78 79
de forma ativa nos assuntos de interesse públicos ca de reconhecimento da identidade dos diversos para entrar em contacto com outras áreas e Sustentável e Cultura de Paz, que contam com a
e a reconhecer e tolerar as diferenças, gozando stakeholders tanto por parte do governo quanto parceiros que trabalhem em setores afins e participação direta de membros da comunidade,
de equidade relativa tanto nos acessos aos bens por parte das comunidades; que introduzam novas dinâmicas - formação, eleitos de forma democrática.
e serviços públicos quanto no acesso aos sistemas Apropriação: emprego, área empresarial etc.;
de distribuição da riqueza, o que gera confiança A reabilitação de áreas em desuso favorece o J Trabalhar em sistema de rede com agentes si- 4.5. Soluções públicas
e legitimidade. Esses conceitos se concentram em processo de apropriação e pertencimento e estimu- milares da comunidade onde se inserem - soli-
de participação social
seis marcos de referência que são encontrados em la o compartilhamento de percepções da comunida- dariedade interinstitucional;
todos os seus projetos2: de sobre a problemática ambiental. J Ter uma visão prática, mas não excessivamente A discussão sobre o ideal de construção de
Inclusão: É esperado que esses esforços adicionais con- pragmática da sua ação; uma cidade sustentável, saudável e solidária, em
Os procedimentos de inclusão são fomentados duzam à inovação nos métodos de organização e J Promover a participação ativa dos públicos-alvo e que o exercício da cidadania ativa esteja realmen-
com ações que unificam os processos sociais, cul- de mobilização do processo de comunicação de ris- a organização do processo como uma instituição; te presente no cotidiano das pessoas, figura como
turais, ambientais e econômicos; cos, em todos os níveis, pois podem provocar mu- J Avaliar periodicamente: o que fazem, porque prioridade na administração pública do município
Justiça: danças de atitude e ampliar a aquisição de novos fazem, para quem fazem e como fazem as pro- de São Paulo desde 2001, quando o município ini-
A justiça distributiva e a igualdade de oportu- saberes, a reorganização diferente dos serviços e a postas que lhe são dirigidas. ciou o processo de descentralização do poder local
nidades é uma busca constante e se concretiza, redefinição dos processos tradicionais de atuação. Para fazer com que o processo de comunica- e busca da ampliação da participação da sociedade
entre outras experiências, na realização de ações ção de riscos trabalhe com os conceitos de coesão na gestão de seus interesses coletivos. Essa ati-

COESÃO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DE RISCOS


direcionadas à integração dos assentamentos ur- 4.4. Estratégia para a coesão social social e de protagonismo local é necessário um tude é sustentada pela Constituição Federal brasi-
banos irregulares com as suas comunidades vizi- esforço adicional de inovação em seus métodos leira, de 1988, em seu Art. 204 que, dentre seus
É indispensável que os serviços assumam uma
nhas, a partir da dotação de infraestrutura urbana, de organização e de mobilização, que proporcione princípios e diretrizes, passou a assegurar “a par-
função nova, passando de uma ótica estática,
serviços públicos, zonas de convivência comunitá- a mudança de atitudes de seus organizadores e ticipação da população por meio de organizações
distante e centralizadora, compartimentada e
ria e outros espaços públicos de qualidade; praticantes de forma a alcançar mudanças em suas representativas na formulação das políticas e no
burocrata, para uma concepção de organização e
Legitimidade: práticas e processos de atuação. controle das ações em todos os níveis”, instituin-
de funcionamento descentralizado, humanizado,
O incremento da legitimidade das ações de go- Outra ação estratégica é o desenvolvimento de do, no âmbito das políticas públicas, a participação
flexível e acessível a todos os membros da
verno e das comunidades é estimulado pela convi- uma estrutura operacional que amplie a atuação do social como eixo fundamental na gestão e no con-
comunidade alvo
vência e diálogos constantes em assembleias, ofi- comitê de comunicação de riscos de forma capilar trole das ações do governo.
Com essa perspectiva, a socióloga portuguesa
cinas de participação e atividades de apropriação e junto aos principais stakeholders alvos do proces- Embora São Paulo já possuísse, desde 1993, o
Maria Joaquina Ruas Madeira faz algumas recomen-
de intervenção, entre outras; dações que devem ser consideradas ao se implan- so de comunicação de risco. Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvol-
Participação: tar programas que tenham impacto na comunidade, Essa participação ampliada já é parte das po- vimento Sustentável - que conta com a represen-
A participação é um dos aspectos mais como são os casos da comunicação de riscos e das líticas de inclusão popular nos processos de de- tação dos três níveis de governo e da sociedade
Projeto INTEGRATION

incentivados durante os projetos, principalmente com ações que busquem a coesão social36: senvolvimento local na cidade de São Paulo. Isso civil organizada -, em 2007 deu passo adiante no
a realização de assembleias abertas durante a maioria J Desenvolver uma atenção e estudo contínuos passou a acontecer de maneira mais intensa com processo de democratização do processo decisório
dos projetos pilotos; das necessidades da comunidade e evoluir no a segmentação da administração do município em da gestão pública local. Alinhado com o Artigo 225
Reconhecimento: sentido da sua solução; 31 subprefeituras, as quais possuem Conselhos da Constituição Federal instituiu, primeiramente
A intervenção social é sustentada com a bus- J Ultrapassar o quadro da intervenção direta, Regionais de Meio Ambiente, Desenvolvimento por Portaria Intersecretarial em 2007 e posterior-

80 81
mente pela lei 14.887 de 15 de janeiro de 2009, a de riscos a alcançar a coesão social e o protagonis- informal nas comunidades alvo. Esses nomes de-
criação dos Conselhos Regionais de Meio Ambien- mo local: mapeamento, o mais amplo possível, dos verão ser levantados quando for iniciada a audito-
Conselhos Regionais de Meio
te, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz stakeholders alvo do projeto; desenvolvimento de ria de opinião e vulnerabilidades (comentada no
Ambiente, Desenvolvimento
(CADES Regionais), capazes de canalizar as pro- mecanismos de empoderamento e de engajamento Capítulo 3), que prevê a realização de entrevistas
Sustentável e Cultura de Paz
posições de programas, planos e projetos, e que desses stakeholders no projeto; oferta de garan- com todas as lideranças dos stakeholders que re-
(CADES Regionais) presentam as entidades registradas no banco de
passaram a ter como atribuições: tia de que o posicionamento desses stakeholders
Para garantir sua natureza participativa será verdadeiramente respeitado e considerado no dados já formado na fase 1. Durante as entrevistas,
J Colaborar na formulação da Política Municipal
e consultiva, os CADES Regionais são for- desenvolvimento do processo ou de políticas de frequentemente, surgem nomes de pessoas que,
de Proteção ao Meio Ambiente, Desenvolvimen-
mados por 8 conselheiros titulares e 8 atuação pública, que se relacionem direta ou in- embora não façam parte diretamente das entidades
to Sustentável e Cultura de Paz, por meio de
conselheiros suplentes, representantes diretamente ao projeto de comunicação de riscos. registradas, têm grande poder de influência junto
recomendações e proposições de planos, pro-
da sociedade civil, eleitos por voto direto aos stakeholders de determinada comunidade. Es-
gramas e projetos;
em plenária preparada especialmente para 4.6.1. Mapeamento do stakeholders com foco sas lideranças também terão papel fundamental na
J Apoiar a implementação, no âmbito de cada sub-
este fim, e 8 conselheiros titulares mais 8 na coesão social disseminação de informações e no trabalho de en-
prefeitura, da Agenda 21 Local e do Programa A3P
suplentes representantes do poder público. gajamento dos stakeholders ao projeto.
- Agenda Ambiental na Administração Pública; O mapeamento dos stakeholders deve ser feito
Os representantes do poder público são A terceira etapa é a qualificação de todos os
J Apoiar a implementação do Plano Diretor Estra- em três etapas. Na primeira etapa deverá ser fei-
indicados pelos Secretários Municipais. stakeholders de acordo com o seus posicionamen-
tégico e dos Planos Diretores Regionais;

COESÃO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DE RISCOS


to o mapeamento físico da área a ser trabalhada, tos diante do projeto de comunicação de riscos ou
J Fomentar a cultura e os ideais de sustentabilidade; Dos conselheiros previstos na composi-
conforme apresentado no capítulo 3, e o levanta- de seus temas internos. Esse levantamento deve ser
J Promover a participação social em todas as ção, os representantes da Subprefeitura
mento de todas as instituições que tenham atuação realizado por meio de pesquisas qualitativas com to-
atividades das Subprefeituras relacionadas à de referência e da Secretaria Municipal do
na área delimitada. Entre estas instituições estão: dos os integrantes do banco dados, agora já amplia-
proteção do meio ambiente, à promoção do de- Verde e do Meio Ambiente devem obriga-
associações de moradores (registradas ou não), do com as lideranças informais, durante a realização
senvolvimento sustentável e cultura de paz; toriamente ser indicados. Os representan-
associações empresariais (comerciais e industriais), da auditoria de opinião e vulnerabilidades.
J Receber propostas, denúncias e críticas relaciona- tes das Secretarias Municipais de Esporte,
sindicatos de empregados e sindicatos patronais, Um modelo que pode ser adotado para classi-
das à proteção do meio ambiente, à promoção do Lazer e Recreação e de Participação e Par-
cerias são indicações prioritárias, porém templos religiosos (sem distinção – o que importa ficar os stakeholders de um projeto com aspectos
desenvolvimento sustentável e cultura de paz. é o afluxo de pessoas e suas lideranças), grandes críticos, como é o caso da comunicação de riscos,
não obrigatórias. Para ocupar as vagas
A implantação dos CADES Regionais teve início restantes, quatro Secretarias poderão ser grupos empresariais, grandes condomínios residen- foi desenvolvido por Bruce Harisson37. É um traba-
em 2008 e foi concluída em 2011 em todas as 31 convidadas a enviar representantes. ciais, centros de ensino públicos e privados. Essa lho simples, porém eficiente:
subprefeituras da cidade de São Paulo. Trata-se de listagem, base para a formação do banco de dados J Monta-se uma escala de 1 a 9, na qual serão in-
uma estrutura significativa de ampliação da partici- de stakeholders do projeto, deverá conter o nome cluídos todos stakeholders influentes ou estra-
pação popular. São 16 representantes, com 16 su- da entidade, seu endereço, telefones de contato, e- tégicos. Do lado esquerdo estarão os stakehol-
4.6. Coesão social nos programas
Projeto INTEGRATION

plentes. Isso significa contar com um contingente -mail, website, seu representante principal, se pos- ders que são contra o tema em pesquisa ou de
de 992 pessoas para trabalhar diretamente com as
de comunicação de riscos sível com telefones e e-mail particulares, e nome de interesse. Do lado direito estarão aqueles que
comunidades e contribuir para sua evolução, prin- Há três conjuntos de ações práticas que pre- outros diretores ou lideranças mais importantes. se posicionam a favor. No centro, com número
cipalmente nos aspectos relativos ao meio ambien- cisam ser desenvolvidas para que se pavimente o A segunda etapa consiste na ampliação da lista 5, serão colocados todos aqueles que têm po-
te e à sustentabilidade. caminho que levará um programa de comunicação dos stakeholders com poder de influência formal e sição neutra.

82 83
J Serão considerados como número 4 aqueles cipalmente para aqueles stakeholders que es- recursos alocados para o projeto, essas equipes distribuição nesses pontos, material de apresen-
stakeholders que têm posição contrária, mas tão nos números 3 e 4 e 6 e 7, cujas opiniões são formadas pela contratação de estagiários de tação (notebook, projetor e tela). Eventualmente,
não detêm informações muito consistentes so- (contra ou a favor) são sustentadas de alguma escolas de comunicação, assistência social, socio- será necessário o uso de blocos de papel, lápis ou
bre o seu posicionamento. Receberão número maneira racionalmente. logia, engenharia ambiental, entre outras discipli- caneta, para a distribuição entre os participantes
3, aqueles que são contra e têm informações J O trabalho de engajamento não atua diretamente nas, que podem ter interesse em questões sociais das reuniões.
consistentes para sustentar sua posição. Nos com os extremos, pois seus posicionamentos (a e ambientais. No caso de um desejável projeto O trabalho dessas equipes deve ser realizado
números 1 e 2 estarão os stakeholders que são favor ou contra) nem sempre são corretamente de comunicação de riscos para OUC Mooca-Vila em sintonia ou anuência das lideranças das re-
radicalmente contra, seja por crença ou por in- sustentados e os mesmos só trocam de posição Carioca é estratégico formar essas equipes com giões onde vão se apresentar. Isso reduz atritos
teresses próprios. se mudarem seus interesses, o que é muito raro voluntários das comunidades existentes na área e resistências, além facilitar a mobilização dos
J No lado direito, de números 6 a 9, o posicio- acontecer. Contudo, eles não são excluídos do de influência do projeto. membros das comunidades para participação das
namento é positivo e a divisão é a mesma. É processo. São trabalhados como alvos indiretos A tarefa é identificar lideranças locais que es- reuniões. Essas equipes devem ser formadas por
importante destacar que a mídia dará voz prin- do programa de comunicação de riscos. tejam dispostas a colaborar. Para isso, será ne- pelo menos três pessoas e no máximo cinco, além
cessário o contato individual com cada liderança de um coordenador para cada três equipes. Esses
Poscionamento contra Posicionamento favorável identificada, explicando o que se pretende fazer coordenadores devem ser escolhidos pela exce-
e como cada um pode contribuir. É indispensável lência de seus desempenhos durante os trabalhos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 contar com o trabalho voluntário dessas lideranças. iniciais de formação das equipes e por suas facili-

COESÃO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DE RISCOS


Assim, será mais fácil encontrar parceiros entre dades de trânsito junto às lideranças das comuni-
Por Por Opiniões Opiniões Opinião Opiniões Por Por pessoas que já participam de alguma organização dades onde irão atuar.
motivos motivos sustenta- sem muita Neutros sem muita sustenta- motivos motivos ou movimento social para participar das equipes Assim, essas equipes, após receberem os devi-
pessoais políticos das convicção convicção das políticos pessoais de multiplicadores. Geralmente, são pessoas que já dos treinamentos, terão como função:
dedicam parte de seu tempo a atividades de inte- J Entrar em contato com as lideranças locais;
Tabela 4.1. Proposta para segmentação de stakeholders no processo de resse público, como por exemplo, os CADES Regio- J Motivar essas lideranças a apoiar o seu trabalho,
comunicação de riscos. Fonte: Adaptado de HARISSON,199337. nais. Essas lideranças precisam ser conquistadas e seja convidando os membros de sua comunida-
convencidas da importância desse trabalho para o de, seja criando condições físicas para a realiza-
futuro de sua comunidade. ção das apresentações do projeto ou reuniões;
Caberá à auditoria de opinião e vulnerabilidade ceitos que explicam todos os aspectos do mesmo
Essas equipes de multiplicadores deverão re- J Conseguir junto à comunidade o local adequado
levantar o posicionamento de cada grupo. Os inte- (filosofia, conduta, ética, respeito, responsabilida-
ceber treinamento sobre comunicação de riscos, para as apresentações ou reuniões;
grantes do comitê de comunicação de riscos devem des, extensão, participação, importância etc.).
sobre técnicas de comunicação em público, além J Divulgar localmente, nos pontos de maior con-
utilizar os argumentos racionais do grupo a favor
4.6.2. Criação de canais de participação e do treinamento para apresentar e responder per- centração ou fluxo de pessoas, a realização das
para contrapor e alcançar a mudança de posiciona-
guntas sobre o projeto de comunicação de riscos. reuniões (utilizando para isso os cartazes e a dis-
Projeto INTEGRATION

mento do maior número possível de entrevistados engajamento dos stakeholders


Deverão receber um kit de apresentação e divulga- tribuição dos panfletos em horários estratégicos);
que se colocam contra o projeto. Tanto os posicio- Com o apoio do mapa físico da área de atu- ção do projeto que deverá conter cartazes grandes J Receber as pessoas nas reuniões e fazer seu ca-
namentos a favor quanto contra darão origem às ação do projeto, o próximo passo é a formação para afixação nos pontos estratégicos da comuni- dastramento para futuros contatos;
mensagens preferenciais do projeto que, conforme de equipes de multiplicadores. Quando o trabalho dade com grande fluxo de pessoas, panfletos para J Fazer a apresentação do projeto, coletar e regis-
apresentadas no capítulo 3, são frases ou con- é conduzido pela iniciativa privada, que possui

84 85
trar as questões levantadas pelos membros da ma a sua própria porta-voz. São suas lideranças
comunidade que não foram previamente previs- que apresentam o projeto e serão também elas as
tas e para as quais ainda não têm respostas; transmissoras de suas ansiedades, temores e ex-
SECRETARIA
J Fazer um relatório das suas ações e encaminhar à pectativas ao comitê de comunicação de riscos e às
Conselhos
DO VERDE
sua coordenação; instituições públicas e privadas nele representadas.
E DO MEIO Comunitários
J Agendar novas reuniões a pedido da comunida- Como afirma Juarez de Paula, não existe desen-
AMBIENTE SECRETARIA Agentes
de e encaminhar eventuais demandas e neces- volvimento local sem o interesse, o envolvimento,
o compromisso e a adesão da comunidade local, DA SAÚDE Comunitários
sidades à sua coordenação ou às estruturas de
gestão do projeto. ou seja, sem protagonismo local34. Trata-se de um Informações e orientações Agentes

STAKEHOLDERS
trabalho complexo e delicado, mas uma vez implan- Zoonose
4.6.3. Garantia de respeito ao tado ficam garantidas as bases para o sucesso da CODDEC
MEMBROS
posicionamento dos stakeholders implantação do projeto de comunicação de riscos. SECRETARIA Conselho de
DOS CADES
É um trabalho de conquista e sedução para um COMUNICAÇÃO INTEGRAÇÃO COESÃO SOCIAL DE Defesa Civil
Esse é o ponto mais delicado do processo de ESTRUTURA DE
objetivo comum, que deve ser suportado por um SEGURANÇA NUDEC
construção de coesão social e de protagonismo lo- COMUNICAÇÃO Núcleo de
processo de confiança no qual um deve acreditar
cal em programas de comunicação de riscos, pois no outro, confiar no outro, reconhecê-lo como su- Voluntários

COESÃO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DE RISCOS


não é raro que alguns anseios ou demandas da jeito, como alguém dotado de potencialidades para
comunidade sejam contrários às orientações ou Informações e orientações Professores e
a construção de uma nova realidade melhor para
SECRETARIA Diretores
posições do comitê de comunicação de riscos ou todos. Trata-se de um trabalho de cooperação e
DA
de algum representante de organismo oficial que de reciprocidade, habilidade, conhecimento, com- SECRETARIA DE Assoc. de Pais
EDUCAÇÃO
nele esteja representado. Normalmente, quando petência e consistência. DESENVOLVIMENTO e Mestre
isso ocorre, isola-se a posição conflitante, de forma URBANO
que cause o menor impacto possível nos trabalhos. 4.7. Ampliação da capilaridade do
Contudo, não é essa a prática que deve ser adotada programa de comunicação de riscos
por um trabalho que abranja essa proposta partici- A modificação nas práticas tradicionais no pro-
pação comunitária democrática. As questões críticas cesso de comunicação de riscos (com foco na co-
devem ser entendidas em seu fundamento e iniciado esão social) foi a primeira estratégia incorporada
um processo de negociação em busca do consenso. no conteúdo prático da oficina de capacitação dos
É muito frequente, quando isso ocorre e todos estão membros dos CADES Regionais para uma proposta
com o mesmo objetivo final, que haja mudança no
Projeto INTEGRATION

de formação do comitê de comunicação de riscos e


posicionamento de ambas as partes e o processo construção do programa de comunicação de riscos Figura 4.1. Fluxo do envolvimento
culmine na construção de uma nova opção. para OUC Mooca-Vila Carioca, que foi o último mó- de órgãos municipais no processo
Da maneira como está formulada essa estraté- dulo do curso piloto para os Conselheiros Regionais de comunicação técnica e leiga dos riscos.
Fonte: MELO, 2011(b) 41.
gia, a comunidade é preparada para ser ela mes- em 2011, no âmbito do Projeto INTEGRATION.

86 87
Mas há outra ação importante para a amplia- J SEHAB Secretaria Municipal de Habitação; J 1 membro de associação de moradores da Mooca; simples, além de dar maior mobilidade para seus
ção da capilaridade desse programa de comuni- J SIURB Secretaria Municipal de Infraestrutura J 1 membro de associação representante integrantes na consecução das metas do projeto de
cação de riscos. Algumas secretarias municipais Urbana e Obras. do comércio da Mooca; comunicação de riscos.
possuem órgãos ou departamentos cuja base de J 1 membro de associação de empreendedores Esse grupo de trabalho terá duas fontes prin-
É importante ressaltar que a participação, di-
trabalho ocorre por meio do contato com os mu- imobiliários da região; cipais de informações: a Secretaria Municipal do
reta ou indireta, de representantes desses órgãos
nícipes. Assim, a proposta é incorporar os servi- J 1 membro do Conselho Municipal do Meio Ambiente Verde e do Meio Ambiente, que está à frente dos
municipais no comitê de comunicação de riscos
dores públicos ou contratados que realizam esse e Desenvolvimento Sustentável da Mooca; levantamentos sobre a contaminação e degradação
tem a função estratégica de ampliar sua repre-
tipo de trabalho de relacionamento como multipli- J 1 membro do Conselho Municipal do Meio das áreas dentro do perímetro da Operação Urba-
sentatividade e de estabelecer um canal direto de
cadores dos conteúdos ou linhas de comunicação Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da na Mooca-Vila Carioca, e a Secretaria Municipal de
relacionamento com o órgão representado, o que
do projeto. Eles devem receber o mesmo treina- Vila Prudente; Desenvolvimento Urbano, que coordena todas as
facilita a resolução de conflitos, o levantamento de
mento das outras equipes de multiplicadores e ter J 1 membro do Conselho Municipal do Meio Ambiente etapas relacionadas à Operação Urbana.
informações e amplia potencialmente os recursos
envolvimento direto com aquelas que estão den- e Desenvolvimento Sustentável do Ipiranga; Para alcançar a capilaridade sugerida anterior-
e as bases de apoio para a realização de tarefas.
tro de sua zona de atuação. J 1 membro do Conselho Municipal do Meio mente, a proposta é que o Grupo de Trabalho tenha
Na figura 4.1. é demonstrado um possível fluxo de
Há várias secretarias municipais na cidade de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Sé anuência para trabalhar diretamente com os Agentes
envolvimentos de órgãos municipais no processo
São Paulo que podem oferecer essa contribuição de de Zoonoses, da Coordenadoria de Vigilância Sani-
de comunicação de riscos. Deverá contar com uma infraestrutura fixa re- tária (COVISA), com os Agentes Comunitários, vincu-

COESÃO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DE RISCOS


forma direta. Entre estas estão: Assim, uma composição ideal do comitê de co- munerada composta por: lados às Unidades Básicas de Saúde instaladas na
J SVMA Secretaria Municipal do Verde e do Meio municação de risco para a Operação Urbana Moo- J 1 secretária área de influência dessa Operação Urbana, com os
Ambiente; ca-Vila Carioca é a que segue:
J 1 tesoureiro / contador membros dos Conselhos de Defesa Civil e com os
J SMDU Secretaria Municipal de Desenvolvimento J 1 representante da Secretaria Municipal
J 1 jornalista membros dos Núcleos de Defesa Civil (formados por
Urbano; do Verde e do Meio Ambiente;
J 1 relações públicas voluntários) e com os professores, diretores e re-
J SMS Secretaria Municipal da Saúde (Covisa J 1 representante da Secretaria Municipal
J 1 gerente para o projeto presentantes das associações de pais e mestres das
e Coordenadorias de Saúde); de Desenvolvimento Urbano;
J 1 coordenador geral das equipes escolas da administração municipal (figura 4.1.).
J SMSP Secretaria Municipal de Coordenação J 1 representante da Secretaria Municipal
de multiplicadores
das Subprefeituras. da Saúde (Covisa); 4.8. Sugestão de campanha
J 1 Motorista / Office-boy
J SMSU Secretaria Municipal de Segurança J 1 representante da Secretaria Municipal
da Saúde (Coordenadorias de Saúde); Como a formação oficial de um comitê envolven- de comunicação de riscos
Urbana (Defesa Civil).
J 1 representante da Municipal de Segurança do várias secretarias pode ser considerada comple- No decorrer de 2011, foi realizado no âmbito
Há outras secretarias que também devem ser Urbana (Defesa Civil); xa ao configurar-se como uma provável decisão de do Projeto INTEGRATION, o curso piloto “O Pa-
envolvidas no projeto, ainda que indiretamente, J 1 representante da Secretaria Municipal cunho político e de acordo com a necessidade de pel do Conselheiro na Política Urbana: Da Teoria à
uma vez que poderão apoiar ou facilitar a imple-
Projeto INTEGRATION

de Educação ; infraestrutura fixa remunerada, há um outro cami- Prática” para Conselheiros Regionais de Meio Am-
mentação de uma série de atividades dentro de J 1 representante da Secretaria Executiva nho que é o da formação de um grupo de trabalho biente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de
seus escopos de atuação: Comunicação; de comunicação de riscos envolvendo diretamente Paz (CADES Regional) das Subprefeituras Sé, Ipi-
J SME Secretaria Municipal de Educação; J 1 membro de associação de moradores apenas os membros do conselho dos CADES Re- ranga, Mooca e Vila Prudente. O curso abrangeu
J SECOM Secretaria Executiva de Comunicação; de Vila-Carioca; gionais. Isso poderá tornar o trabalho mais ágil e temas como o Plano Diretor Estratégico; Estrutura

88 89
ações da cidade de São Paulo no âmbito do Projeto O slogan sugerido é:
INTEGRATION. Esse conteúdo foi apresentado para
Mais Espaço, Mais Trabalho, Mais Lazer
os membros dos Conselhos Regionais Meio Am-
biente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Ele é reforçado graficamente pelo sinal de “+”
Paz, (CADES Regionais), durante o “Curso de Capa- entre as palavras e pela palavra “Mais” em desta-
citação – ‘O Papel do Conselheiro Regional do Meio que, que também figura como aspecto integrador,
Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura para também valorizar e tornar diferenciada essa
de Paz na Política Urbana: Da Teoria à Prática’”, operação urbana.
promovido pela Secretaria Municipal do Verde e do Mais Espaço representa a ideia da utilização de
Meio Ambiente em 2011. áreas subutilizadas e de áreas contaminadas que
Foi proposto como tema para a campanha o estão sendo recuperadas e disponibilizadas para
próprio nome do projeto piloto: novos usos, sejam eles públicos ou privados.

iclei
Mais Trabalho traduz a ideia de que a “trans-
Operação Urbana Mooca-Vila Carioca. formação induzida ou incentivada” de áreas poderá
de Gestão do Município de São Paulo, conceitos o mapeamento dos stakeholders e o entendimento representar a oferta de mais postos de trabalho na
relacionados à Cidade Compacta, operações urba- de suas necessidades e demandas passaram a ser Esse tema, por si só, permite a identificação do
região, seja durante a revitalização da área, seja de-

COESÃO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DE RISCOS


nas; revitalização de áreas degradadas e comuni- fatores chave do projeto. público-alvo com a campanha porque valoriza os
pois com a reordenação do uso e ocupação do solo.
cação de riscos. De maneira geral, os conselhei- Como comentado no Capítulo 3, o desenvolvimen- dois principais bairros do projeto. Também reforça
Mais Lazer tem o propósito de representar o
ros foram preparados para entender e contribuir to de uma campanha de comunicação é imprescindí- o aspecto ativo desse projeto por meio da expres-
resultado da transformação de áreas públicas e pa-
de forma positiva e democrática para o desenvol- vel para o sucesso de um programa de comunicação são Operação Urbana.
trimônios tombados em centros de lazer e cultura.
vimento da cidade. Sendo que, posteriormente, de riscos, pois envolve tanto o desenvolvimento de
esse modelo passou a ser replicado para outros conceitos quanto a produção de peças de divulgação
Título: Operação Urbana Mooca-Vila Carioca
CADES Regionais. impressas e eletrônicas para dar suporte às ações de
Destaque: Mais
Particularmente, na oficina de capacitação engajamento dos stakeholders.
Slogan: +Espaço +Trabalho +Lazer
para implantação de programas de comunicação Essa campanha deve traduzir e abordar uma
de riscos, os conselheiros receberam informações série de valores importantes para a comunidade
e trabalharam de forma lúdica todos os conceitos local, de forma a alcançar sua identificação e repre-
e práticas apresentadas no capítulo 3. Atenção sentatividade. Em linhas gerais essa campanha de
especial foi dada ao processo de relacionamento comunicação deverá tratar o projeto de comunica-
com a comunidade em função da amplitude e im- ção de riscos como um produto - com embalagem,
Projeto INTEGRATION

pacto da Operação Urbana Mooca-Vila Carioca, que conteúdo e características e benefícios próprios.
deve atingir uma população de aproximadamente Para demonstrar um exemplo da aplicação
139 mil habitantes (2010), e da necessidade de desses conceitos, é apresentada a seguir uma su- Figura 4.2. Sugestão de logomarca para
campanha da OUC Mooca-Vila Carioca
se construir um processo de Coesão Social, que gestão de campanha de comunicação para a OUC Fonte: MELO, 2011(b) 41.
reforce o caráter participativo do projeto. Assim, Mooca-Vila Carioca, desenvolvida como uma das

90 91
CONCLUSÃO CASES DE CIDADES
A participação da cidade de São Paulo no Projeto INTEGRATION tornou possível a elaboração e a
publicação deste manual, que se pretende ser multiplicador de estratégias para a participação popular
PARTICIPANTES DO INTEGRATION
e o desenvolvimento de estratégias de comunicação relacionadas à revitalização de brownfields e/ou Praça Victor Civita - São Paulo, Brasil mento de empresas, instituições públicas, ONGs
áreas contaminadas. e da comunidade para a manutenção e realiza-
A identificação e a integração dos stakeholders e seu envolvimento no processo de construção da ção das atividades previstas.
A Praça Victor Civita foi construída em uma
comunicação mostra-se fundamental em situações como essas. A atividade que deu origem a esse manual A parceria iniciada em 2001 com a Editora
área anteriormente degradada, localizada na
foi o curso piloto O papel do conselheiro na política urbana: da teoria à prática, desenvolvido em oito Abril, um dos maiores grupos editorias brasilei-
Rua do Sumidouro, bairro de Pinheiros, zona
módulos – incluindo uma visita técnica à região da OUC Mooca-Vila Carioca – realizado pela SVMA e pelo ros, com sede em frente ao terreno do antigo
oeste do Município de São Paulo, onde funcio-
ICLEI. O curso foi oferecido aos conselheiros dos Conselhos Regionais de Meio Ambiente, Desenvolvi- incinerador público, previa o enriquecimento
nou, no período de 1949 a 1989, o antigo Inci-
mento Sustentável e Cultura de Paz (CADES Regionais) das Subprefeituras da Sé, Mooca, Ipiranga e Vila da vegetação do local. Mas as investigações
nerador de Pinheiros, que processava cerca de
Prudente, localizados nas áreas de abrangência da Operação Urbana. No total, cerca de 250 participantes
200 toneladas de diversos resíduos por dia, em realizadas pela Secretaria Municipal do Verde
estiveram presentes ao longo de todos os encontros.
duas câmaras de combustão. e do Meio Ambiente (SVMA) indicaram que os
O programa abordou temas comuns à participação cidadã e pontos específicos do território, estruturan-
O projeto somente se tornou realidade gra- solos apresentavam contaminação de metais
do-se de forma modular e replicável, respeitadas as particularidades locais. Foi promovida a interação entre
ças a uma bem-sucedida parceria público-privada pesados. Nas águas subterrâneas também
técnicos e especialistas em temas de políticas urbanas com os Conselheiros das quatro Subprefeituras cita-
(PPP), realizada entre o Instituto Abril e a Prefei- foram encontrados arsênio e selênio, com
das, com objetivo de proporcionar conhecimento sobre políticas urbanas, das ações do Projeto INTEGRATION,
tura do Município de São Paulo, que possibilitou concentrações acima do padrão de potabilidade.
comunicação de riscos e participação social desses atores chave no desenvolvimento de políticas locais.
o desenvolvimento de um trabalho multidiscipli- Em 2003, já com a participação da Agência
A experiência resultante começa a ser apropriada pela OUC Mooca-Vila Carioca com o estabelecimen-
nar de transformação de uma área degradada em de Cooperação Técnica Alemã (GTZ) foi realizada
to de um cronograma conjunto entre os técnicos de SVMA e equipe de Comunicação Social de SMDU
exemplo de reabilitação e redefinição de uso. investigação adicional para dioxinas e furanos
e consórcio contratado para troca de informações sobre o processo de capacitação dos conselheiros,
A Praça Victor Civita é uma referência de recu- encontrados nas paredes e teto do prédio do
estratégias para sua continuidade e multiplicação e para a socialização das estratégias em construção
peração de áreas urbanas degradadas. Seu projeto incinerador, o que não ocorreu no solo.
pela equipe responsável pela OUC. Além disso, o curso de capacitação se expande para outros CADES
arquitetônico e paisagístico ecologicamente ade- Para a revitalização da área foi elaborada uma
Regionais, que receberão exemplares do Manual para aplicação em seus territórios.
quado é considerado inovador ao contar com so- proposta conceitual com as seguintes premissas:
luções de última geração em temos de construção J os resíduos enterrados não representavam
sustentável. Ela oferece ao público, gratuitamente, ameaça para a população no entorno da área
ampla programação cultural, esportiva, de lazer e e para os futuros visitantes, uma vez que eles
de educação ambiental. permanecessem no local, cobertos por uma ca-
Administrada por uma associação criada para mada de solo limpo ou asfalto;
esse fim, a Associação Amigos da Praça Victor J a água subterrânea no local não seria usada no
Civita, seu modelo de gestão prevê o envolvi- presente nem no futuro;

92 93
J os meios que sofreriam uma intervenção seriam estado do Rio de Janeiro foram construídas em um Além disso, nas proximidades da área estão sen-
os solos superficiais, as paredes do prédio do terreno revitalizado de 62,5 ha cerca 291 unidades do construídos o Terminal Sul do novo sistema de
incinerador e parte da vegetação; residenciais. São apartamentos de 44,9 m2 a 50,6 transporte público e jardim zoológico da cidade. As
J o uso futuro seria garantido pela Prefeitura m2, distribuídos por 13 blocos, que foram destina- casas da «colônia americana» estão sendo recupe-
através de registro em seu departamento de das a famílias com renda inferior à R$ 1.800,00. radas e transformadas em escritórios da Secretaria
patrimônio e a manutenção adequada através de Desenvolvimento Urbano e Ecologia de Ávalos.
de um manual a ser elaborado no detalhamen- Terreno da ex- fundição Ávalos, Contudo, grande parte da antiga fundição ainda
to do projeto. Chihuahua, México* continua com altos níveis de poluição, aguardando
Em 2006 foram feitas novas investigações sua recuperação.
Uma área de 465 ha, localizada ao norte da cida-
complementares, basicamente confirmando-se os
de de Chihuaha, foi contaminada pelas atividades da
resultados anteriores, o que não alterou o escopo Zona Industrial Freno-Ferrocarril,
empresa de fundição Ávalos, criada em 1905 e fe-
conceitual inicialmente elaborado. Assim, foi im- Guadalajara, México*
chada em 1997, após ter sido uma das mais impor-

Ricardo Vendramel
plantado um deck de madeira para impedir o con- Para participar do Projeto INTEGRATION, a cida-
tantes companhias de seu setor na América Latina.
tato dos usuários com os solos superficiais, e todas
Em 2004 o governo local adquiriu esse terreno, que de de Guadalajara, no México, selecionou um ter-
as paredes do edifício foram raspadas. A entrega
possuía uma edificação industrial de grande porte, reno com aproximadamente 10 ha. Localizado na
Praça Victor Civita, antigo da área para a comunidade ocorreu em 2008. O
cercada por residências em mau estado de conser- região centro sul do município, dentro de uma área
Incinerador Pinheiros, antes e custo do projeto está estimado em R$ 8,5 milhões,
depois da recuperação vação que foram utilizadas pelos trabalhadores da industrial 726 ha, esse terreno comportava as ins-
enquanto a manutenção anual gira em torno dos
empresa. Sua área de influência atinge 2.581 hec- talações de manutenção e o pátio de manobras da
250 mil reais.
tares, gerando um grande desafio para a sua revi- Ferrocarriles Nacionales de México (FNM), a com-
Dados disponíveis em: http://pracavictorcivita.
talização e integração à estrutura urbana da cidade. panhia ferroviária paraestatal que servia a região.
abril.com.br/noticias/conteudo_277126.shtml
Pela importância histórica e geográfica da re- A saída da empresa do local, no final da década de
gião, o governo do estado de Chihuahua, com apoio 90, foi acompanhada por outras indústrias, acele-
Complexo do Alemão – Revitalização da antiga do Projeto INTEGRATION, se propôs a implantar um rando o processo de degradação urbana e social.
fábrica da Coca-Cola, Rio de Janeiro, Brasil* mega projeto urbanístico que permitisse a constru- Ao lado de áreas abandonadas, muitas delas conta-
Outro projeto semelhante desenvolvido no Rio ção de residências e o desenvolvimento de infra- minadas, foram surgindo moradias irregulares, que
de Janeiro foi a revitalização de uma antiga área estrutura para a realização de atividades culturais, ampliaram os problemas de oferta de equipamen-
da Coca-Cola, situado no Complexo do Alemão, recreativas, comerciais e ambientais, de forma a tos e serviços adequados à sua população, além de
muito conhecido no Brasil pelos conflitos gerados ativar a economia local e a melhorar a qualidade piorar os problemas sociais derivados da pobreza
pelo narcotráfico, agora reduzidos pela criação do meio ambiente e da vida da população local. e da violência crescentes.
das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). O Atualmente, estão em operação na área um cen- Para conduzir o projeto de revitalização da re-
Ricardo Vendramel

projeto integra o programa de fomento residen- tro de reabilitação e um hospital infantil, áreas de gião, a cidade de Guadalajara criou o Plan de De-
cial “Minha Casa, Minha Vida”, que faz parte do esportes, estação rodoviária, berçário, viveiro do sarrollo Urbano Integral Zona Industrial- Fresno-
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Jardim Botânico do Deserto Chihuahuanse e o Centro -Ferrocarril (ZIFF), que envolveu 12 secretarias do
Governo Federal. Nesta parceria com o governo do de Capacitação para o Desenvolvimento Sustentável. município. A partir desse novo modelo de gestão,

94 95
to. Contudo, o projeto foi desenvolvido para benefi- Em linhas gerais o projeto alcançou os seguin-
ciar diretamente cerca de 400 ha dos 1.090 ha de tes resultados: implantou um modelo de gestão de
sua área total de influência, que alcança 120 bairros resíduos sólidos, realizou um estudo de impacto
e uma população de mais de 100 mil habitantes. ambiental e um plano de manejo para o parque,
Antiga planta de asfalto de No entorno de aterro havia um assentamento além de realizar estudos para desenvolvimento
Bogotá no bairro de Veraguas informal com grandes deficiências em sua infra- econômico da região e seu fortalecimento social e
estrutura, sendo que alguns pontos poderiam ser ambiental. Merece destaque a forte participação da
Alcaldía de Bogotá
considerados como áreas de risco, em função das comunidade local no desenvolvimento do projeto.
dificuldades municipais em realizar a coleta de
assegurou-se aos gestores municipais a possibili- causado pelo estágio parcial de abandono da fá-
lixo e a canalização das águas residuais. (*) Dados extraídos da publicação: “Desarrolo ur-
dade de ver e entender a cidade como um fenôme- brica. A área de influência do projeto abrange 18
O projeto procurou rever ter os aspectos bano sostenible em Latinoamérica – Parte 2:Lec-
no sistêmico e propor o desenvolvimento de so- bairros, em 443 ha.
negativos do crescimento urbano desordena- ciones aprendidas em proyectos piloto de la revi-
luções integradas, que atendessem aos aspectos Até junho de 2011, funcionou nesse prédio
do nesta zona de Quito, criando um espaço talización de áreas urbanas em México, Colombia,
sociais, urbanos, ambientais e de infraestrutura. a unidade administrativa de reabilitação e ma-
verde e de lazer e dando uma solução de ur- Ecuador y Brasil”. Stuttgart: agosto, 2012. Projeto
Realizado com sucesso, esse projeto envolveu nutenção de estradas, que deu lugar ao projeto
banização à informalidade dos assentamentos INTEGRATION – URB AL III – Cidade de Stuttgart,
a recuperação arquitetônica e urbanística da área, de revitalização chamado Parque Zonal Veraguas,
habitacionais do local. Departamento de Proteção Ambiental.
o diagnóstico urbano-ambiental, diretrizes para o conforme estabelecido no Plano de Ordenamento
seu desenvolvimento sustentável, a regularização Territorial da Cidade de Bogotá. Esse projeto pre- Desenho arquitetônico
dos edifícios, a criação de espaços públicos e o en- tende eliminar os impactos ambientais e paisagís- e urbanístico
volvimento da comunidade na sua implementação. ticos provocados pela usina de asfalto e criar um do futuro parque
espaço de lazer e integração para a população lo-
Parque Zonal Veraguas, Bogotá, Colômbia* cal, predominantemente formada por pessoas de
baixa renda. A criação do Parque Zonal Veraguas
Como a cidade de Bogotá ainda não possui um Plataforma do antigo lixão,
é resultado de um diagnóstico urbano que contou localizado em La Delicia, Quito
ordenamento jurídico que lhe permita intervir dire- com a participação direta da população.

Municipio del Distrito Metropolitano de Quito


tamente em áreas urbanas impactadas com obje-
tivo de revitalizá-las, foi escolhido para participar Parque Ecológico Puertas del Sol,
do Projeto INTEGRATION um prédio em terreno com Quito, Equador*
28.308,80 m², localizado na área central denomi-
nada “Ciudad Montes” que, até o início dos anos A implantação do Parque Ecológico Puertas del
90, foi utilizado intensamente pela empresa muni- Sol é o resultado da revitalização de uma área de
cipal de produção de asfalto. 20 ha que foi utilizada como aterro de resíduos da
Entres os maiores problemas enfrentados pela construção civil no bairro Puertas del Sol, que inte-
população estavam a poluição sonora e do ar (por gra a zona administrativa La Delicia, um das regiões
partículas em suspensão), além do impacto visual de maior crescimento urbano lado nordeste de Qui-

96 97
GLOSSÁRIO implantadas ações corretivas e atingidos os objetivos
da intervenção ou as metas de remedição, ou na qual
os resultados da avaliação de risco indicaram que não
real ou potencial de substâncias perigosas, poluentes
ou contaminantes.

Ação corretiva: Ação adotada em uma área contami- existe a necessidade de intervenção para que a área Cadastro de área contaminada: Conjunto de operações
nada visando a eliminação ou redução do risco para seja considerada apta para o uso declarado, estando que estabelecem o registro e o armazenamento dos da-
níveis toleráveis, incluindo ações emergenciais, de em curso o monitoramento para encerramento. dos obtidos sobre áreas potencialmente contaminadas,
controle institucional, de engenharia e de remediação. áreas suspeitas de contaminação e áreas contaminadas;
Área reabilitada para o uso declarado (AR): Terreno, é considerado o instrumento central do gerenciamento
Ação de controle de engenharia: Ação adotada em uma instalação ou edificação que, após a realização do de áreas contaminadas, sendo composto de duas partes
área contaminada visando a eliminação ou redução do monitoramento para encerramento, foi considerada principais: cadastro físico e cadastro informatizado.
risco para níveis aceitáveis por meio da eliminação das apta para o uso declarado.
vias de exposição. São exemplos dessas ações as técni- Cenário de Exposição: Situação com chance real de
cas utilizadas tradicionalmente pelo setor da construção Área suspeita de contaminação: Terreno, instala- ocorrência onde o receptor pode vir a ser direta ou
civil, incluindo a implantação de barreiras físicas ou hi- ção ou edificação onde, após a realização de uma indiretamente exposto às substâncias químicas de in-
dráulicas e a impermeabilização da superfície do solo. avaliação preliminar, foram observados indícios de teresse, sem considerar condições extremas ou virtu-
contaminação. almente impossíveis.
Ação de controle institucional: Ação adotada em uma
Avaliação preliminar: Etapa inicial do processo de iden- Contaminação: Presença de substância(s) química(s)
área contaminada visando a eliminação ou redução
tificação de áreas contaminadas que objetiva constatar no ar, água ou solo, decorrentes de atividades antró-
do risco para níveis toleráveis por meio da restrição
evidências, indícios ou fatos que causem suspeita sobre picas, em concentrações tais que restrinjam a utilização
ao uso do solo, da água subterrânea e da água su-
a existência de contaminação na área sob avaliação, re- desse recurso ambiental para os usos atual ou preten-
perficial, ao consumo de alimentos e a construção ou dido, definidas com base em avaliação de risco à saúde
uso de edificações. alizada por meio do levantamento de informações dis-
poníveis a partir de levantamento histórico, entrevistas, humana, assim como aos bens a proteger, em cenário de
Ação de remediação: Ação adotada em uma área imagens, fotos e inspeções em campo. exposição padronizado ou específico.
contaminada visando a eliminação ou redução do
iclei

Avaliação de exposição: Etapa da avaliação de risco Exposição: Contato de um organismo com uma substân-
risco para níveis toleráveis por meio da remoção, cia química ou agente físico.
contenção ou redução das concentrações dos con- que compreende a determinação dos cenários de ex-
taminantes. tável ao meio ambiente, a saúde humana ou a outro bem posição e das concentrações das substancias de inte- Foco de Contaminação: Pontos, em uma área contami-
relevante a ser protegido, requerendo intervenção para resse nos pontos de exposição. nada, onde são detectadas as maiores concentrações
Ação emergencial: Ação adotada em uma área conta- que seja reabilitada para um uso seguro. do(s) contaminante(s), na maioria das vezes relaciona-
minada visando controlar situações de perigo e pre- Avaliação de risco: Processo pelo qual são identifi-
dos à fonte de contaminação.
venir a exposição de receptores a situações de risco. Área contaminada sob intervenção: Terreno, instalação cados, avaliados e quantificados os riscos à saúde
ou edificação onde estão sendo realizadas ações corre- humana ou a bem de relevante interesse ambiental a Fonte de Contaminação: Local onde foi gerada a con-
Águas subterrâneas: Águas que ocorrem natural- tivas visando sua reabilitação para um uso seguro. ser protegido. taminação ou onde funciona/funcionou uma atividade
mente ou ar tificialmente no subsolo preenchendo os potencialmente contaminadora.
poros ou fraturas das rochas, solos e sedimentos. Área contaminada sob investigação: Terreno, instala- Bens a proteger: Segundo a Política Nacional do Meio
ção ou edificação onde, após a realização de investi- Ambiente (Brasil) são considerados como bens a prote- Gerenciamento de AC: Conjunto de medidas tomadas
Área com potencial de contaminação: Terreno, instala- gação confirmatória foram detectadas concentrações ger a saúde e o bem-estar da população; a fauna e a flo- com o intuito de reduzir a níveis toleráveis o risco ao
ção ou edificação onde são ou foram desenvolvidas ati- de substâncias químicas em concentrações superiores ra; a qualidade do solo, das águas e do ar; os interesses meio ambiente e saúde humana, decorrente da existên-
vidades que, por suas características, acumulam subs- a um dado valor de investigação/intervenção, indicando de proteção à natureza/paisagem; a infraestrutura da cia de áreas contaminadas. Essas medidas devem pro-
tâncias químicas que podem tornar a área contaminada. a possibilidade de existência de um risco à segurança, à ordenação territorial e planejamento regional e urbano; porcionar os instrumentos necessários à tomada de de-
saúde humana ou ao meio ambiente. a segurança e ordem pública. cisão quanto às formas de intervenção mais adequadas.
Área contaminada: Terreno, instalação ou edificação
onde, após a realização de investigação detalhada e Área em processo de monitoramento para reabili- Brownfields: Propriedades abandonadas ou subuti- Investigação confirmatória: Etapa do processo de iden-
avaliação de risco, foi constatado perigo ou risco inacei- tação: Terreno, instalação ou edificação onde foram lizadas cuja reutilização é dificultada pela presença tificação de áreas contaminadas em que são feitos es-

98 99
tudos e investigações utilizando infraestrutura técnica atingidos os objetivos da intervenção, por meio da rea- Poluição: É definida através da Lei Federal nº 6938/81 Requalificação urbana: Reestruturação de áreas de-
como sondas, amostragens de solo e águas subterrâ- lização de campanhas de amostragem e análise química do Brasil: gradadas, promovendo a reabilitação arquitetônica e
neas, análises físico-químicas, entre outros com o intui- dos meios afetados, com o objetivo de verificar se os urbanística dos imóveis e a requalificação dos espa-
to de comprovar a existência de contaminação em uma valores de concentração dos contaminantes permane- Art 3º: III - “Degradação da qualidade ambiental resul- ços públicos, implicando a integração dessas áreas
área com potencial de contaminação ou área suspeita cem abaixo das metas de remediação definidas para a tante de atividades que direta ou indiretamente: às necessidades da vida contemporânea. Torna-se
de contaminação. área, e se o processo de reabilitação da área pode ser indispensável que as novas destinações de uso sejam
encerrado. Esta etapa também será executada quando, a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem- compatíveis com a morfologia, com a escala do bairro
Investigação detalhada: Etapa do processo de ge- em uma área inicialmente classificada como contamina- -estar da população; e com o desejo dos usuários que ali habitam.
renciamento de áreas contaminadas em que são da sob investigação não for caracterizada situação de
caracterizados, qualitativa e quantitativamente, a b) criem condições adversas às atividades sociais Revitalização de brownfields: A reutilização de imóveis,
perigo ou de risco intolerável ao meio ambiente, à saúde e econômicas;
fonte de contaminação, o meio físico, a contamina- ou outros bens a proteger. ou brownfield, de maneira ambientalmente adequada
ção e os bens a proteger utilizando infraestrutura (avaliação do potencial de contaminação e realização de
técnica como sondas, amostragens de solo e águas c) afetem desfavoravelmente a biota;
Passivo ambiental: Danos causados em uma área por medidas que asseguram o uso segura do terreno), eco-
subterrâneas, análises físico-químicas, entre outros. uma determinada atividade passada já encerrada decor- d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do nomicamente viável e sob critérios de sustentabilidade.
São avaliadas as características da fonte de contami- rentes da contaminação do solo, das águas subterrâ- meio ambiente;
nação e do meio afetado, por meio da determinação neas, de instalações e edificações os quais requerem a Risco: Probabilidade de ocorrência de efeito(s)
das dimensões da área afetada, dos tipos e concen- aplicação de recursos financeiros para sua reparação. e) lancem matérias ou energia em desacordo com adverso(s) em receptores expostos a contaminantes.
tração dos contaminantes presentes e da pluma de os padrões ambientais estabelecidos”.
contaminação, visando obter dados suficientes para a Perigo: Situação em que esteja ameaçada a vida de Solo: Produto da alteração, intemperismo, remaneja-
realização da avaliação de risco e tomado de decisão indivíduos, populações ou a segurança do patrimônio Ponto de Conformidade: Local selecionado entre mento e reorganização de rochas e sedimentos.
quanto à reabilitação da área. público ou privado, compreendendo, dentre outras, a a fonte de contaminação e o(s) ponto(s) potencial
Substância química de interesse: Composto químico
possibilidade de ocorrer as seguintes situações: in- (is) de exposição, onde as concentrações devem ser
Investigação para remediação: Investigação realizada (contaminante) considerado de relevância para a avalia-
cêndios; explosões; episódios de exposição aguda a iguais ou inferiores àquelas estabelecidas como meta
com o objetivo de selecionar, dentre as várias opções de ção de risco em uma área contaminada específica, dentre
agentes tóxicos, reativos ou corrosivos; migração de de remedição.
técnicas de remediação existentes, aquelas, ou a com- aqueles detectados no solo e nas águas subterrâneas.
gases para ambientes confinados e semi confinados,
binação destas, que são possíveis, apropriadas e legal- Ponto de Exposição: Ponto no qual um indivíduo ou po-
cujas concentrações possam causar explosão; com- Uso declarado ou futuro: Uso pretendido para uma
mente permissíveis para o caso considerado. pulação podem entrar em contato com as substancias
prometimento de estruturas em geral; contaminação área, declarado pelo empreendedor ou proprietário e
Meta de remediação: Concentrações das substancias de águas superficiais ou subterrâneas utilizadas para químicas de interesse, originário de uma fonte de con- homologado pela autoridade competente.
químicas de interesse nos meios impactados, que de- abastecimento; público ou dessedentação de ani- taminação.
vem ser atingidas por meio da execução das ações de mais; e contaminação de alimentos. Valores Orientadores: Concentrações de substâncias
Receptor: Pessoas, estruturas, utilidades, ou comparti- químicas que fornecem orientação sobre a qualidade e
remediação, para que a área seja considerada reabili-
tada para o uso declarado, tendo em vista os cenários Pluma de Contaminação: Extensão da contaminação em mentos ambientais que estejam ou possam estar sujeito as alterações do solo e da água subterrânea.
de exposição relacionados a esse uso, bem como para um determinado compartimento do meio físico (água a riscos pela exposição a substâncias químicas presen-
a preservação dos recursos hídricos superficiais e sub- subterrânea, água superficial, sedimento, ar e solo). tes em uma área contaminada. Valor de Referência de Qualidade: Concentração de
terrâneos. determinada substância que define a qualidade natural
Poço de monitoramento: Poço adequadamente proje- Reabilitação: Ações de intervenção realizadas em uma do solo e da água subterrânea, sendo determinado com
Modelo Conceitual: Síntese das informações relativas a tado, construído e desenvolvido, para fornecer infor- área contaminada visando atingir um risco tolerável, base em interpretação estatística de resultados de aná-
uma área em estudo, onde se pode visualizar, através de mações essenciais sobre as propriedades geológicas para o uso declarado ou futuro da área. lises físico-químicas de amostras de diversos tipos de
texto explicativo ou ilustração, a localização da contami- e hidráulicas do aquífero e aquitarde; superfície(s) solos e águas subterrâneas.
nação, a sua forma de propagação e a sua relação com potenciométrica(s) de unidade(s) hidrológica(s) Remedição: Aplicação de processos técnicos e tec-
os bens a proteger existentes. particular(es); qualidade da água subterrânea, em nologias em uma área contaminada para eliminação Valor de Prevenção: Concentração de determinada
função dos parâmetros indicadores de interesse e ca- ou redução do risco a níveis toleráveis por meio da substância no solo, acima da qual podem ocorrer al-
Monitoramento para encerramento: Etapa do geren- racterísticas de migração de substâncias naturais e/ou remoção, contenção ou redução das concentrações terações da qualidade do solo quanto as suas fun-
ciamento de áreas contaminadas executada após serem antropogênicas na água subterrânea. dos contaminantes. ções principais.

100 101
Valor de Investigação ou intervenção: Concentra- 3. BRASIL. Lei nº 10.257 de 10 de julho de 2001. Sítios Contaminados por Resíduos Perigosos dimentos Industriais. São Paulo, 2001: Edusp –
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Prefeitura da Cidade de São Paulo
Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente
Rua do Paraíso, 387 – CEP: 04103-000, São Paulo, Brasil
www.prefeitura.sp.gov.br

ICLEI – Secretariado para América do Sul


Rua Ibiraçu, 226 – CEP: 05451-040
Tel: +55 11 5084-3079
www.iclei.org/sams

Esta publicação foi desenvolvida no âmbito do Projeto INTEGRATION – Desenvolvimento Urbano Integrado
www.urbal-integration.eu

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