CONCURSO DE CRIMES

→ Uma só pessoa praticando uma pluralidade de crimes.

→ Havendo concurso formal ou crime continuado, deve-se aplicar a pena para
cada um dos crimes, para que se possa verificar se as penas separadas serão
menor do que a do concurso; e para verificar se houver prescrição.

1 - CONCURSO MATERIAL OU REAL DE CRIMES – Art. 69

Requisitos:
a) mais de uma AÇÃO ou OMISSÃO;
b) a prática de DOIS ou MAIS crimes.

Consequências:
→ Aplicação CUMULATIVA das penas privativas de liberdade em que haja
incorrido.

Substituição:
→ É possível a substituição por penas restritivas de direito, em regime
também cumulativo. Porém, isso não será possível se uma das penas não
for suspensa. No caso de cumulação da pena restritiva de direitos, pode-se
aplicar diferentes restrições em relação aos crimes.
→ Se o agente for condenado em um dos crimes por pena privativa de
liberdade, para as outras não poderá haver substituição.

2 - CONCURSO FORMAL OU IDEAL DE CRIMES – Art. 70

Requisitos:
a) UMA só AÇÃO ou OMISSÃO
b) prática de DOIS ou MAIS CRIMES.

Consequências:
a) Aplicação da MAIS GRAVE das penas, aumentada de 1/6 até a metade
(1/2);
b) aplicação de somente uma das penas, SE IGUAIS, aumentada de 1/6 até
a metade;
c) aplicação CUMULATIVA das penas, se a ação ou omissão é DOLOSA, e
os crimes resultam de DESÍGNOS AUTÔNOMOS.

a) Concurso formal homogêneo e heterogêneo

→ Concurso formal homogêneo: Crimes iguais, aplicação de uma das
 penas aumentada de 1/6 até a metade.
→ Concurso formal heterogêneo: Crimes diferentes, aplicação da pena
mais grave aumentada.

b) Concurso formal próprio(perfeito) e impróprio(imperfeito)

→ Varia de acordo com o elemento subjetivo do agente.

b.1) Concurso formal próprio ou perfeito:

→ Quando a conduta do agente for CULPOSA em sua ORIGEM ou
quando a sua conduta era dolosa mas o resultado
ABERRANTE(aberratio ictus) foi culposo.

Exemplo: O agente que atropela culposamente de forma

imprudente várias pessoas num ponto de ônibus; ou, em caso
de erro de execução, um agente querendo matar "A" com um
tiro, além de matá-lo, provoca culposamente lesões corporais
em "B", que foi atingido de raspão pelo mesmo disparo
(aberratio ictus).

Pena: aplica-se o percentual de aumento de 1/6 até a metade.

b.2) Concurso formal impróprio ou imperfeito:

→ Quando o agente agindo em DESÍGNOS AUTÔNOMOS(conduta
dirigida com DOLO finalisticamente à produção dos resultados) quer
com somente uma ação provocar vários resultados.

Exemplo: O agente que mata duas pessoas com um único

disparo de arma de fogo propositalmente, com dolo nos
resultados.

Pena: Será a regra a acumulo material.

c) Concurso material benéfico

→ Quando o acúmulo das penas, ou seja, a apliação das penas como é no
critério do concurso material, for MENOR do que a aplicação de somente
uma delas aumentada, o Magistrado dele aplicar o que for mais benéfico ao
agente, nesse caso, a regra do concurso material.

3 - CRIME CONTINUADO – Art. 71

→ Foi criada também por razões política criminal e deve ser aplicado sempre
quando beneficiar o réu.

Requesitos:
a) mais de uma ação ou omissão
b) prática de DOIS ou MAIS crimes, da mesma espécies.
c) condições de TEMPO, LUGAR, MANEIRA DE EXECUÇÃO e outras
semelhantes.
d) os crime SUBSEQUÊNTES como CONTINUAÇÃO do primeiro.

Consequências:
a) aplicação da pena de um só dos crimes, se idênticas, AUMENTADA de
1/6 a 2/3.
b) aplicação da mais grave das penas, se diversas, aumentada de 1/6 a 2/3.
c) nos crimes DOLOSOS, contra VÍTIMAS DIFERENTES, cometidos com
VIOLÊNCIA ou GRAVE AMEAÇA à pessoa, aplicação de um só dos crimes,
se INDÊNTICAS, aumentada até o triplo.
d) nos crimes DOLOSOS, contra VÍTIMAS DIFERENTES, cometidos com
VIOLÊNCIA ou GRAVE AMEAÇA à pessoa, aplicação da MAIS GRAVE das
penas, se DIVERSA, aumentada até o triplo.

a) Crimes da mesma espécie:

→ Os crimes da mesma espécie dividem opiniões doutrinárias. Uma delas
vai neste sentido:
• São os crimes que possuem o mesmo bem juridicamente protegido
- Exemplo: Furto e roubo.

→ A outra linha doutrinária que:

• Crimes da mesma espécie possui a mesma tipificação penal.

b) Condições de lugar, tempo, maneira de execução ou outras semelhantes:

 ERRO NA EXECUÇÃO (ART. 73)

DETALHES:

a) o agente quer ATINGIR uma pessoa;

b) contudo, por ACIDENTE ou ERRO DO USO DOS MEIOS DE EXECUÇÃO, vem atingir
uma PESSOA DIVERSA.

Exemplo: A querendo atingir B, atira em direção dele, contudo, atinge C, causando-

lhe a morte.

DIVISÃO DA ABERRATIO ICTUS:

a) com unidade simples:

Quando o agente atinge pessoa diversa a quem pretendia atingir.

Pena: Aplica-se a regra do erro sobre a pessoa, ou seja, o agente responde como
se tivesse realmente atingido a pessoa a quem pretendia atingir.
Exemplo: O agente que mata pessoa diversa querendo matar a esposa. Ele
responderá pelo crime de FEMINICÍDIO, mesmo atingindo pessoa diversa.

b) com unidade complexa:

Há um resultado duplo.

São QUATRO as hipóteses:

1ª) o agente atira em A e além de causar a sua morte, causa a morte em B.
Responde pelo homicídio doloso consumado aumentado de 1/6 até a metade.

2ª) o agente mata A e fere B.

Responde pelo homicídio doloso consumado aumentado de 1/6 até a metade.
 3ª) o agente com o dolo de matar A, fere-o além de ferir B.
Reponde por tentativa de homicídio aumentado de 1/6 até a metade.

4ª) o agente fere A com intenção de o matar, contudo, causa morte em B.

Responde por homicídio doloso consumando aumentado de 1/6 até a metade.

Observação¹: em todos os casos acima aplica-se o aumento formal das penas.

Obervação²: nos casos em que o agente NÃO ERA POSSÍVEL PREVER o segundo
resultado, ele responderá somente pelos crimes nos quais ele tinha dolo. EX.: A atira em B no
meio de uma floresta isolada, contudo, erra o disparo e mata uma outra pessoa que ali
acampava, não sendo previsível esse resultado. O agente responderá somente pela TENTATIVA
de homicídio.

RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (ART. 74)

Pode ser:
a) erro de COISA para PESSOA:
O agente A, querendo causar dano a um carro, joga uma pedra contra o veículo e
atinge uma pessoa, causando-lhe lesões corporais

Pena: O agente responderá pelo RESULTADO, ou seja, nesse caso, por lesões
corporais, mesmo o dolo do agente sendo o de somente causar o dano.

b) erro de PESSOA para COISA:

O agente A, querendo causar a morte de B, arremessa um pedra contra ele mas atinge
um veículo, causando somente dano ao veículo.

Pena: O agente responderá pelo DOLO, ou seja, TENTATIVA DE HOMICÍDIO.

LIMITES DAS PENAS

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA