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Gérard Genette: Figures III.

– Discours du récit (1972)

-Pós-estruturalismo – Derrida: De la grammatologie. A linguagem não é um sistema estável e


fechado como Saussure e o estruturalismo supunha. A significação não está contida nas
palavras duma forma absoluta e inquestionável e direta. Disseminação na cadeia dos
significados e significantes. O signo linguístico nunca é idêntico, recebe a sua significação
num processo constante de „deslizamento”. Fala vs. escrita –fonocentrismo/logocentrismo do
pensamento ocidental: há sempre uma base transcendental que garante a coerência do sistema.
Oposições binárias (fala/escrita, presença/ausência, material/abstrato, homem/mulher) –
dominante + suplemento
-Pós-colonialismo – marxismo + pós-estruturalismo/pós-modernismo
-Acadêmicos não-ocidentais – post-colonial vs. postcolonial (contra a amnésia post-colonial)
-Anos 80 – new humanities. feminismo, estudos queer, estudos culturais
-Derrida, Foucault, anti-humanismo, anti-logocentrismo, anti-modernidade (iluminista),
crítica de Hegel e da sua filosofia de história, crítica da subjetividade cartesiana
-Edward Said: Orientalism (1978)
-„Postcolonial theory, so-called, is not in fact a theory in the scientific sense, that is a
coherently elaborated set of principles that can predict the outcome of a given set of
phenomena. It comprises instead a related set of perspectives, which are juxtaposed against.
one another, on occasion contradictorily. It involves issues that are often the preoccupation of
other disciplines and activities, particularly to do with the position of women, of development,
of ecology, of social justice, of socialism in its broadest sense. Above all, postcolonialism
seeks to intervene, to force its alternative knowledges into the power structures of the west as
well as the non-west. It seeks to change the way people think, the way they behave, to
produce a more just and equitable relation between the different peoples of the world.” –
Robert J. C. Young: What is the post-colonial?
-Gayatri Spivak: Can the Subaltern Speak? (1985)
-Aschcroft-Griffith-Tiffin: The Empire Writes Back: Theory and Practice in Post-Colonial
Literatures (1989)
-Boaventura de Sousa Santos: : “Entre Próspero e Caliban. Colonialismo, Pós-colonialismo e
interidentitidade”, Novos Estudos, 2003/66., pp. 23-52.
„Portugal é desde o século XVII um país semiperiférico no sistema mundial capitalista
moderno. Esta condição, sendo a melhor que caracteriza a longa duração moderna da
sociedade portuguesa, evoluiu ao longo dos séculos mas manteve os seus traços
fundamentais:um desenvolvimento económico intermédio e uma posição de intermediação
entre o centro e a periferia da econimia-mundo; um Estado que, por ser simultaneamente
produto e produtor dessa posição intermédia e intermediária, nunca assumiu plenamente as
características do Estado moderno dos países centrais , sobretudo as que se cristalizaram no
Estado liberal a partir de meados do século XIX; processos culturais e sistemas de
representação que, por se quadrarem mal nos binarismos próprios da modernidade ocidetal –
cultura/natureza; civilizado/selvagem; moderno/tradicional – podem considerar-se
originariamente híbridos, ainda que, no fundo, sejam apenas diferentes, uma diferença que,
contudo, não pode ser captada nos seus próprios termos.”
„A subalternidade do colonialismo português é dupla, porque ocorre tanto no domínio das
práticas coloniais, como no dos discrusos coloniais. No domínio das práticas, a subalternidade
está no facto de Portugal, enquanto país semiperiférico, ter sido ele próprio, durante um longo
período, um país dependente da Inglaterra, em certos momentos, quase uma „colónia
informal” da Inglaterra. Tal como aconteceu com o colonialismo espanhol, a conjunção do
colonialismo português com o capitalismo foi muito menos directa do que a que caracterizou
o colonialismo britânico. Em muitos casos, essa conjunção ocorreu, por delegação, ou seja,
pelo impacto da pressão da Inglaterra sobre Portugal através de mecanismos como condições
de crédito e tratados internacionais desiguais. Assim, enquanto o Império Britânico assentou
num equilíbrio dinâmico entre colonialismo e capitalismo, o Império Português assentou num
desequilíbrio, igualmente dinâmico, entre um excesso de colonialismo e um défice de
capitalismo”
„A identidade do colonizador português não se limita a conter em si a identidade do outro, o
colonizado por ele. Contém ela própria a identidade do colonizador enquanto colonizado por
outrem. Como mostrarei a seguir, o Prospero português não é apenas um Prospero
calibanizado, é um Caliban quando visto da pespectiva dos Super-Prosperos europeus. A
identidade do colonizador português, é assim, duplamente dupla. É constituída pela conjunção
de dois outros: o outro que é colonizado e o outro que é o próprio colonizador enquanto
colonizado. Foi esta duplicidade de alta intesidade que permitiu ao português ser emigrante,
mais do que colono, nas „suas” própria colónias. Haverá mesmo que averiguar se a identidade
como colonizado precede a identidade como colonizador na genealogia dos espelhos em que
se revêem os Portugueses.”
„A primeira diferença é que a experiência da ambivalência e da hibridez entre colonizador e
colonizado, longe de ser uma reivindicação pós-colonial, foi a experiência do colonialismo
português durante longos períodos. (…) Por agora há que salientar que a prática da
ambivalência, da interdependência e da hibridação foi uma necessidade da relação colonial
portuguesa. Por isso, no contexto do pós-colonialismo de língua oficial portuguesa, o
importante é distinguir entre vários tipos de ambivalência e de hibridação, nomeadamente
entre aquelas que reforçaram as desigualdades de poder dda relação colonial e as que as
atenuam ou até subvertem.”

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