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Manifestações patológicas nas edificações

Pós-graduandos:
Bruno Patrus
Camila Costa
Débora Ribeiro
Paula Ciríaco
Thiago Barradas Belo Horizonte / 2017.
As construções e os conceitos de qualidade, desempenho;

A importância da etapa de manutenção no ciclo produtivo


das construções;

Patologia em estruturas = patologia em estruturas de


concreto armado
O concreto armado: história e definição;
Século XIX: Joseph Monier;

No Brasil, século XX: François Hennebique, em Copacabana.


Principais normas relativas ao concreto:

v NBR 6118 (2014): Projeto de estruturas de concreto – Procedimento;

v NBR 14931 (2004): Execução de estruturas de concreto – Procedimento;

v NBR 6120 (1980): Cargas para o cálculo de estruturas de edificações;

v NBR 61 2 3 (19 88 ): Fo rça s devi d o a o ve nto e m ed if i ca çõe s –


Procedimento;
v NBR 8681 (2003): Ações e segurança nas estruturas – Procedimento;

v NBR 9607 (2013): Provas de carga em estruturas de concreto armado e


protendido –Procedimento;
Principais normas relativas ao concreto
v NBR 7480 (2008): Aço destinado a armaduras para estruturas de
concreto armado – Especificação;
v NBR 8548 (1984): Barras de aço destinadas a armaduras para concreto
armado com emenda mecânica ou por solda – Determinação da
resistência à tração;
v NBR 12655 (2015): Concreto de cimento Portland – Preparo, controle,
recebimento e aceitação – Procedimento;
v NBR 7211 (2009): Agregados para concreto – Especificação;
v NBR 12654 (1992): Controle tecnológico de materiais componentes do
concreto;
v NBR 7191 (1982): Execução de desenhos para obras de concreto
simples ou armado.
NBR 6118: Mecanismos de envelhecimento e deterioração da
estrutura de concreto armado

Relativos ao concreto: Relativos à armadura:

Ø Lixiviação; Ø Despassivação por


carbonatação;
Ø Expansão por sulfato;
Ø Despassivação por ação
Ø Reação álcali-agregado de cloretos.

Deterioração da estrutura propriamente dita: ações mecânicas


NBR 6118: Classe de agressividade ambiental - CAA
NBR 6118: CAA e qualidade do concreto

A resistência à compressão do concreto e sua durabilidade, permitem adotar


os requisitos mínimos abaixo:
NBR 6118: Correspondência entre CAA e cobrimento nominal
Origem da patologia

Patologias geradas na Patologias geradas na


Patologias geradas na etapa de execução da etapa de utilização da
etapa de concepção estrutura estrutura
da estrutura (projeto): (construção): (manutenção):

v deficiência no v início da obra antes v falta de programa


cálculo estrutural; da conclusão dos de manutenção
projetos; adequado;
v falta de v inexistência de
compatibilização v utilização errônea,
entre estrutura e controle de ultrapassando a
arquitetura. qualidade de capacidade de carga
execução; prevista;
Causas da patologia - Intrínsecas

v Falhas humanas durante a construção:

Ø Deficiências de concretagem;
Ø Inadequação de escoramentos e formas;
Ø Deficiência nas armaduras;
Ø Utilização incorreta dos materiais de construção.

v Falhas humanas durante a utilização (ausência de manutenção)

v Causas naturais
Ø Causas próprias à estrutura porosa do concreto;
Ø Causas químicas, físicas e biológicas.
Causas da patologia - Extrínsecas

v Falhas humanas durante o projeto (má avaliação das cargas,


inadequação ao ambiente, modelização inadequada da estrutura) ;

v Falhas humanas durante a utilização (alterações estruturais,


sobrecarga exagerada, alteração das condições do terreno de
fundação);
Causas da patologia - Extrínsecas

vAções mecânicas (choque de veículo, recalque de fundações,


acidentes);

vAções físicas (variação de temperatura, ação da água);

vAções químicas;

vAções biológicas.
Patologias mais comuns: Fissuração

vAtiva ou viva, quando a causa responsável por sua geração


ainda atua na estrutura;

vInativa ou estável, quando a causa que tenha feito sentir


durante certo tempo, deixa de existir.
Patologias mais comuns: Fissuração

v Configurações por deficiência de projeto

Ø Fissuração por flexão, como consequência da insuficiente seção de aço


diante do momento negativo
Patologias mais comuns: Fissuração

v Configurações por deficiência de projeto

Ø Fissuração por flexão, como consequência da insuficiente seção de aço


diante do momento positivo
Patologias mais comuns: Fissuração

v Configurações por deficiência de projeto

Ø Fissuração por esmagamento do concreto, por insuficiência de armadura


de compressão
Patologias mais comuns: Fissuração

v Configurações por deficiência de projeto:

Ø Fissuração por cisalhamento, por insuficiência de armadura de combate


ao movimento cortante
Patologias mais comuns: Fissuração

v Contração plástica do concreto:

Ø Esse fenômeno ocorre no processo de execução, antes mesmo da pega do


concreto, devido à evaporação excessivamente rápida da água utilizada
em excesso. A massa se contrai de forma irreversível, produzindo fissuras
superficiais na maioria dos casos.

Ø Esse processo de fissuramento é mais comum em superfícies extensas,


como lajes e paredes, com as fissuras sendo normalmente paralelas entre
si e fazendo ângulo de aproximadamente 45° com os cantos.
Patologias mais comuns: Fissuração

v Assentamento do concreto:

Ø A fissuração por assentamento do concreto ocorre sempre que este


movimento natural da massa, resultante da ação da gravidade, é impedido
pela presença de fôrmas ou barras da armadura, sendo tanto maior
quanto mais espessa for a camada de concreto.
Patologias mais comuns: Fissuração

v Assentamento do concreto:

Ø Fissuras acompanhando os estribos do pilar corroem o aço.


Patologias mais comuns: Fissuração

v Retração do concreto:

Ø A retração do concreto é um movimento natural da massa que, no


entanto, é contrariado por restrições impostas por obstáculos internos,
como barras de armadura e externos, como vinculação a outras peças
estruturais.
Patologias mais comuns: Fissuração

v Retração do concreto:

Ø No caso das vigas, as fissuras situam-se em todo o contorno da alma,


paralelas entre si e em intervalos quase regulares, podendo ocorrer em
qualquer ponto do vão.
Patologias mais comuns: Fissuração

v Retração do concreto:

Ø No caso das lajes, as fissuras formam um aspecto de mosaico, podendo


ocorrer em ambas as faces da peça.
 Corrosão das Armaduras

v De maneira geral, a corrosão poderá ser entendida como a deterioração


de um material, por ação química ou eletroquímica do meio ambiente,
associada ou não a esforços mecânicos.
Corrosão das Armaduras
 Corrosão das Armaduras

vA corrosão do aço à
temperatura ambiente e
em meio aquoso
pressupõe a existência de
uma reação d e ox ido -
redução e a circulação de
íons num eletrólito.
 Corrosão das Armaduras

v O Concreto é altamente
alcalino e confere ao aço
uma camada passivadora,
protegendo-o.

v A garantia dessa proteção é


o recobrimento da
armadura, um concreto com
fator água cimento baixo.
 Corrosão das Armaduras

v A perda da proteção pode dar-se principalmente através dos fenômenos de


carbonatação e de contaminação por cloretos.

v A Corrosão leva formação de óxidos/hidróxidos de ferro - produtos


avermelhados e porosos denominados ferrugem.
 Corrosão das Armaduras
 Corrosão das Armaduras – Carbonatação

Ca(OH)2 + CO2 + H2O CaCO3 + 2H2O


 Corrosão das Armaduras – Ação dos íon cloretos

v Íon cloreto (age tanto na fase de iniciação como na aceleração do processo


corrosivo.

v No concreto o cloreto pode se apresentar como:

Ø Cloroaluminato de cálcio (C2A.CaCl2.10H2O);

Ø Absorvido na superfície dos poros;

Ø Sob a forma de íons livres contidos nos poros.


 Corrosão das Armaduras – Ação dos íon cloretos

 Os cloretos agem de forma localizada, rompendo pontualmente o filme de


passividade e gerando o que chamamos de Corrosão por pite.

Fe3+ + 3Cl 3FeCl + H2O

FeCl + 3OH 3Cl + Fe(OH)3


Punção

v A punção é um fenômeno
que ocorre quando
apo iamos uma laj e lisa
sobre uma pilar fazendo
surgir elevadas tensões de
cisalhamento na região de
apoio do pilar.
Punção
Punção

v O efeito de punção em lajes (e também em elementos de fundação) é um item


que deve ser encarado com grande atenção e zelo, não somente pelo Calculista,
mas também pelo executor da obra afim de evitar que grandes problemas
estruturais e até acidentes fatais ocorram.
Punção
O estudo de caso exposto no
presente trabalho foi realizado por
Raquel Cristina Teixeira de Oliveira,
aluna de Pós-graduação em
Construção Civil da Universidade
Federal de Minas Gerais no ano de
2012. O diagnóstico foi feito a partir
da observação de fissuras e trincas
no Presídio de Lavras, situado na
Avenida Ernesto Matioli, 982, Bairro
Santa Efigênia, Lavras – MG.
Presídio de Lavras

Todos os dados foram coletados


através da inspeção visual
realizada pela aluna durante uma
visita feita no local.

Além disso, algumas informações


verbais foram fornecidas pelos
Secretários de Obras e Regulação
U r b a n a e M e i o A m b i e n te d a
prefeitura Municipal de Lavras.
Patologias observadas:

 As patologias observadas foram fissuras e trincas no concreto. Nas


paredes, a trinca apresenta abertura em torno de um centímetro (1 cm)
junto ao forro, diminuindo quando avança em direção ao piso.

 A causa da trinca em questão foi, provavelmente, o recalque diferencial do


solo de fundação do bloco das celas devido à elevada rigidez de sua
estrutura, constituída por laje de piso, laje de forro e paredes em concreto
armado, o bloco girou como um corpo rígido. A evolução da abertura das
trincas ao longo do contato, reforça ainda mais a possível causa
apresentada.
A c o n f i g u ra çã o d a s t r i n ca s t ra z
indícios que o recalque do solo de
fundação foi aumentando da frente
da penitenciária para o seu fundo. O
lote do seu lado direito apresenta
caimento para o fundo, o que permite
supor ter sido executado, no terreno
da penitenciária, um aterro cuja altura
aumenta da frente para o fundo do
mesmo.
Com a construção da penitenciária, este
recalque começou a ocorrer, gerando
trincas. Estas foram preenchidas e com a
reforma elas aumentaram devido ao
acréscimo de carga.

Percebeu-se que as aberturas eram


m a i o re s a p ó s a r e fo r m a d o q u e a s
anteriores, isso possivelmente é devido ao
recalque inicial ter se dado em ambos os
blocos, após a reforma, o recalque só
ocorreu no Bloco de Celas.
Soluções para as patologias observadas:

v Vale citar que com os dados acolhidos pela aluna e com a inspeção
visual, não é possível afirmar a respeito da segurança da edificação e
dos seus usuários. Mas o conforto e a funcionalidade ficam
comprometidos. Ainda era necessário conhecer:

Ø tipo e a geometria das fundações utilizadas na edificação;

Ø o perfil do solo, a compacidade e sua consistência;

Ø as cargas solicitantes.
Soluções para as patologias observadas:

v Para a recuperação total e definitiva da edificação:

Ø levantamento de todas as fundações;

Ø fazer reconhecimento do solo e furos de sondagem;

Ø fazer análise das fundações com relação à capacidade de carga


e recalque (se preciso fazer reforço nas fundações);

Ø tratamento de todas as fissuras e trincas presentes.


É importante a observação das trincas e fissuras, pois existe
a possibilidade de já terem cessado as movimentações.
Neste cenário, apenas como tratamento estético, podem ser
realizados os seguintes passos:
1.Retirar, de cada lado da trinca de contato, no mínimo 6cm da argamassa de
revestimento de paredes e lajes.

2.Executar demolição cuidadosa de uma faixa, deixando entre eles espaço mínimo
de 2cm;

3.Refazer as faces e bordas dos elementos dos dois lados da trinca de contato,
deixando um espaço entre eles de 1 cm. Tal espaço deve ser obtido com a
instalação de folha de isopor, com espessura de 1 cm, de forma a isolar
completamente os elementos dos dois lados da trinca de contato, que será
transformada em junta de dilatação.
Neste cenário, apenas como tratamento estético, podem ser
realizados os seguintes passos:

4.Após a cura dos materiais de recomposição (ideal 30 dias), retirar, dos dois
lados da nova junta de di latação, o i sopor de i sol amento, n um a
profundidade mínima de 3 cm;

5.Retirar todo o pó das faces laterais da junta;

6.Aplicar, apenas nas faces laterais internas da junta de dilatação (região de


contato com o mastique a ser aplicado), primer;

7.Após a secagem ao toque do primer, instalar, no interior da junta de


dilatação, limitador de profundidade, com 10 mm de diâmetro;
Neste cenário, apenas como tratamento estético, podem ser
realizados os seguintes passos:

8.Aplicar, nas bordas da junta de dilatação, dos dois lados e ao longo de todo
o seu comprimento, fita crepe com largura de 5 cm;

9.Aplicar, com pistola apropriada, mastique de poliuretano alifático, de cor


branca ou cinza e dar acabamento com espátula, apertando-o contra as
faces laterais da fissura, de forma a preenchê-la totalmente. Imediatamente,
retirar a fita crepe das bordas da junta;

10.Após a cura completa do mastique, quando for o caso, executar pintura


dos elementos que formam a junta de dilatação.

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