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Após o fim do Império romano do Ocidente, em 476, o elo de ligação entre as instituições
romanas e bárbaras é a Igreja. Não obstante, do mesmo modo que foi a Igreja a manter a ideia
de Império e, depois, a promover a “translatio Imperii”, é também ela que, em contacto
permanente com o mundo bárbaro, vai insinuando, nas coisas temporais, a aplicação do direito
romano que é a sua “lex approbata”, a sua “lex saeculi”. O direito romano é também a “lex
terrena” da Igreja dando-se, portanto, uma primeira tutela do direito romano por parte da Igreja.
Contudo, uma vez operada a restauração do império, o direito romano começa a deixar,
tendencialmente, de ser apenas “lex terrena” para passar a ser a “lex”, isto é, o direito do novo
império.
Porém, as relações entre o Império e o Papado nem sempre eram pacíficas. Decorrente de uma
tensão mais grave que surgiu no século XI, nasce, no fim deste século, em Bolonha, o designado
movimento cultural do renascimento do direito romano. Este renascimento surge com base na
luta entre Império e Papado que serviu como incentivo a que o direito romano fosse considerado
lex do império medieval. O contraste com a Igreja leva à necessidade de um fortalecimento das
estruturas do Império e, consequentemente, ao “reencontro dos textos significativos da maior
perfeição desse admirável sistema jurídico” (Marcello Caetano).
Depois de uma primeira fase, caracterizada pela quase exclusividade das chamadas fontes de
direito divino, começaram a despontar o costume e outras fontes do Direito humano, que se
tornaram o modo normal de criação de preceitos jurídico-canónicos, convocados a disciplinar
situações cada vez mais vastas e complexas.