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INSTITUTO OSWALDO CRUZ

Doutorado Acadêmico em
Ensino em Biociências e Saúde

CIÊNCIA E ARTE: REFLEXÕES E METODOLOGIAS


PARA ANÁLISE DE PRODUÇÕES EM PESQUISA E
ENSINO NUM CAMPO EMERGENTE NO BRASIL

ANUNCIATA CRISTINA MARINS BRAZ SAWADA

Rio de Janeiro
2021
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde

ANUNCIATA CRISTINA MARINS BRAZ SAWADA

CIÊNCIA E ARTE: REFLEXÕES E METODOLOGIAS


PARA ANÁLISE DE PRODUÇÕES EM PESQUISA E
ENSINO NUM CAMPO EMERGENTE NO BRASIL

Defesa de Tese apresentada ao Instituto


Oswaldo Cruz como parte dos requisitos para
obtenção do título de Doutor em Ciências

Orientadora: Profa. Dra. Tania Cremonini de Araújo-Jorge

RIO DE JANEIRO
2021

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INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde

AUTORA: ANUNCIATA CRISTINA MARINS BRAZ SAWADA

CIÊNCIA E ARTE: REFLEXÕES E METODOLOGIAS PARA ANÁLISE DE


PRODUÇÕES EM PESQUISA E ENSINO NUM CAMPO EMERGENTE NO
BRASIL

Orientadora: Profa. Dra. Tania Cremonini de Araújo-Jorge

Defesa de Tese de Doutorado em: 21/12/2021

EXAMINADORES:

Prof. Dr. Paulo Roberto Vasconcelos Silva – IOC – UNIRIO - Presidente


Prof. Dr. Francisco Romão Ferreira – UERJ – Revisor – Suplente
Profa. Dr. Marcelo Borges Rocha – CEFET – Membro Titular
Profa. Dra. Doris Clara Kosminsky – EBA-UFRJ – Membro Titular
Profa. Dra. Camila Maciel de Oliveira – Universidade de Stanford- Suplente

Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2021

iii
FICHA CATALOGRÁFICA

iv
A Toshi e Kei

A Tania

À memória de minha mãe e de minha filhinha

v
Meu mais profundo agradecimento a todos que contribuíram nesta jornada.
.

vi
De resto eu não sonho, eu não vivo, salvo a vida real. Todas as naus são naus de
sonho logo que esteja em nós o poder de (as) sonhar. O que mata o sonhador é
não viver quando sonha; o que fere o agente [...] é não sonhar quando vive. Eu
fundi numa cor una de felicidade a beleza do sonho e a realidade da vida. Por
mais que possuamos um sonho nunca se possui um sonho tanto como se possui
o lenço que se tem na algibeira, ou, se quisermos, como se possui a nossa
própria carne.
Por mais que se viva a vida em plena [...] e triunfante acção, nunca desaparecem
o (...) do contacto com os outros, o tropeçar em obstáculos, ainda que mínimos, o
sentir o tempo decorrer.
Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de
realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.
Universo, a Vida — seja isso real ou ilusão — é de todos, todos podem ver o que
eu vejo, e possuir o que eu possuo — ou, pelo menos, pode conceber-se vendo-o
e passando e isso é (...)
Mas o que eu sonho ninguém pode ver senão eu, ninguém a não ser eu possuir.
E se do mundo exterior o meu vê-lo difere de como outros o vêem, isso vem de
que do sonho meu eu ponho em vê-lo sem querer, do que do sonho meu se cola
a meus olhos e ouvidos.

Bernardo Soares (Fernando Pessoa)


Livro do Desassossego, Vol. II.

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Palavras iniciais (memorial com a trajetória da autora)

“Dar um novo passo, proferindo uma nova palavra,


é o que as pessoas mais temem.”
(Fyodor Dostoyevsky em “Crime e Castigo”)

Mudar, rever conceitos, se sentir desafiado em suas crenças, sejam elas pessoais,
morais ou profissionais, nunca é fácil. Em 2014, ao concluir a etapa da defesa da
dissertação de Mestrado, recorri a Kaváfis e as coisas terminaram assim ...

...Tem todo o tempo Ítaca na mente.


Estás predestinado a ali chegar.
Mas não apresses a viagem nunca.
Melhor muitos anos levares de jornada
e fundeares na ilha velho enfim,
rico de quanto ganhaste no caminho,
sem esperar riquezas que Ítaca te desse.
Uma bela viagem deu-te Ítaca.
Sem ela não te ponhas a caminho.
Mais do que isso não lhe cumpre dar-te.
Ítaca não te iludiu, se a achas pobre.
Tu te tornaste sábio, um homem de experiência,
e agora sabes o que significam Ítacas.

Eu sabia, estava certa de que pensar Ciência e Arte era a minha Ítaca.
Konstantínos Kaváfis (1863-1933), poeta grego, escreveu sua Ítaca em 1911. A
certa altura, o poeta nos ensina que não devemos temer os monstros se o
pensamento for sublime e permanecerem elevados, se paixões autênticas
comoverem mente, corpo e espírito. Não encontraremos monstros se não os
carregarmos dentro da própria alma e se ela não os colocar diante de nós.
Mas as coisas se transformam, se recriam... e um dia, passado uns anos, achei na
obra de Olgaria Matos, fantástica filósofa da Universidade de São Paulo, um
resumo de como me sentia em relação àquela de 2014 e aquela que lia, naquele
momento, sobre a mudança de Ulisses:
“A nostalgia de Ulisses é o sentimento de quem não tem morada: em
nenhuma parte de si mesmo encontra repouso. [...] Para Ulisses, Ítaca é
o centro do mundo, seu eixo arquimediano, o ponto fixo. Porém, o
repatriado não encontra em sua pátria aquilo que procurava, não
reconhece seu ‘lugar natural’. Quando volta, ele mesmo está mudado e
Ítaca não permanecera tampouco a mesma. [...] A terra natal transforma-

viii
se em terra estranha, por uma dialética sutil do espaço e do tempo. Ulisses
reencontrará, pois, sua Ítaca lá mesmo onde havia deixado, mas o Ulisses
de outrora, aquele que deixou sua ilha, ele não reencontrará mais. Ulisses
é agora outro Ulisses que reencontra outra Penélope. E Ítaca é também
outra ilha”.
(MATOS, O. Ulisses e a razão insuficiente: geometria e a melancolia. In:
O iluminismo visionário: Benjamin, leitor de Descartes e Kant. São Paulo:
Brasiliense, 1993, p.172)

Eu estivera, durante algum tempo, de pé no meu cais imaginário, pensando como


seria o retorno a minha Ítaca. Valeria a pena retornar? Ou outros mares esperavam
para ser explorados?
As perguntas ainda giravam em torno de Ciência e Arte. A angústia de ver muitos
perguntarem “mas afinal, o que é Ciência e Arte? Não tem uma definição?”, “eu
posso fazer ou praticar Ciência e Arte?”, permanecia e parecia cada vez mais difícil
ajudar aos que não tinham noção de por onde começar ou mesmo se já estavam
ou não neste campo vasto de pesquisa e leitura.
Ao lado disso, não havia um estudo mais acurado de teses e dissertações da área
de ensino: já estariam eles nesta área, sem perceber? Como estavam as
produções? Como reunir tanta produção, em tão pouco tempo, para uma mínima
análise? Era muito mar para navegar sozinha...quantos monstros estavam
escondidos, prontos para causar medo e pânico?
Para chegar até Ciência e Arte, é preciso contextualizar minha trajetória
profissional.
Ao terminar o antigo Segundo Grau, hoje Ensino Médio, já sabia que meu caminho
seria pela área de Ciências Humanas. Em 1979 veio a graduação em Educação
Artística pela UNIRIO e em 1980 comecei o Bacharelado em Museologia na mesma
universidade. O amor pela História da Arte e pela preservação do patrimônio
histórico vem de menina: filha de pais pobres, trabalhadores, a cada final de mês
(quando saia o salário) era reservado um dia para ir a um museu, a um monumento,
a um local histórico, ou a um teatro. Minha mãe, que mal conseguira terminar o
Ginásio, sabia que era importante esse tipo de atividade. Ela não gostava muito de
museus (dizia que eram muito silenciosos e sem movimento) e teve uma enorme
surpresa quando foi comunicada da decisão pela Museologia. Mas o apoio não foi
negado.
Ter acesso ao objeto histórico, àquilo que outras mãos tão importantes haviam
produzido, pesquisar, tal qual um detetive sobre eles, se tornou quase obsessão.
Durante o primeiro ano de faculdade, visitei o Castelo da Fundação Oswaldo Cruz.

ix
A partir daí, eu já sabia onde queria estar para o resto da vida. Em 1982, consegui
um estágio no então Museu do Instituto Oswaldo Cruz. Tempos difíceis: regime
político duro, não se podia expressar opiniões. Nesta época não havia concursos e
todos os meus contemporâneos entravam através de seus estágios e produções
em diversos setores. Em 1984, surgiu uma vaga tendo sido eu convidada a assumir
este posto: Museóloga da FIOCRUZ. A partir daí, eu não conheceria outro local de
trabalho na vida. Minha equipe era composta de duas pessoas: meu chefe e eu,
ambos museólogos, realizando todas as atividades possíveis dentro de um museu
– conservação, preservação, captação de acervo, planejamento de exposições e
atividades educativas com escolas. Eram tempos divertidos. Duro, mas divertido: a
cada achado nos laboratórios e no serviço de alienação (sim, objetos históricos iam
para o lixo), comemorávamos como uma pequena vitória. Assim, devagar, o
trabalho começou a chamar atenção: crescia a olhos vistos e ficava difícil para
somente duas pessoas.
Quando Sérgio Arouca assumiu a Presidência da Fiocruz, tudo mudou. Foi criada
a Casa de Oswaldo Cruz, o museu mudou de nome (agora, Museu da Casa de
Oswaldo Cruz) e o então Instituto Oswaldo Cruz ficou um pouco mais distante de
mim. Agora eu pertencia a outra unidade.
O pequeno e antigo Museu do Instituto Oswaldo Cruz evoluiu como base para a
criação da unidade que seria responsável pela preservação de patrimônio e as
atividades que nós acumulávamos passaram a ser da responsabilidade dos
departamentos desta nova unidade.
Após anos na atividade técnica e de pesquisa do patrimônio, vi nascer o Museu da
Vida, tendo sido responsável direta pela montagem e organização da Reserva
Técnica Museológica, setor essencial a qualquer museu e que passou a ampliar
mais ainda o acervo histórico institucional.
Foi em 1988 que ganhei uma bolsa de estudos do Ministério da Educação do Japão,
através de um concurso. Meu objetivo principal era ver como o Oriente se
comportava com a preservação de sua história e como funcionavam seus museus
e reservas técnicas. Minha ida para outra cultura e outras formas de pensar foi
essencial.
Durante dois anos tive a experiência de cursar uma Pós-Graduação Lato Sensu
fora do Brasil. Fui aluna da Universidade Municipal de Kyoto, no Japão no curso de
Especialização em Ciências das Artes. O contato com uma estrutura universitária

x
diferente da nossa, com um orientador especialista em Arte Chinesa foi fantástico!
Aprendi a observar, a tirar da observação os mínimos detalhes de um processo de
trabalho. O cuidado com os costumes, com os gestos, com o respeito ao próximo,
que tanto caracteriza a cultura japonesa foi uma lição inestimável.
Após o término da bolsa, retornei às minhas atividades profissionais e segui
normalmente meu caminho, mas já com algo dentro de mim que não parecia
normal: eu estava cansada do trabalho técnico de Museologia. Eu queria pensar,
queria escrever, queria entender o processo criativo de uma produção texto. No
Museu estava sob minha guarda a coleção de óleos sobre tela doados a Instituição.
Era quase impossível ficar quieta sem pensar no potencial que a coleção inspirava
para outros trabalhos. Infelizmente meu dia a dia me engolia e eu não dava conta...
Assim, decidi procurar minha atual orientadora. Eu estava no Japão quando ela fora
eleita para a Direção do IOC e eu já a conhecia de contatos de trabalho. Minha
maior preocupação era que minha idade já não desse espaço a um potencial curso
de pós-graduação e nada melhor do que consultar uma amiga para ter a explicação
necessária. Imediatamente ela me incentivou e me apresentou um leque de opções
que me encantaram. O detalhe que mais chamou minha atenção foi o levantamento
da disciplina que ela ministrava no IOC, Ciência e Arte. Achei curioso o nome e aos
poucos fui me envolvendo com o tema de tal forma, que em 2008 eu estava como
monitora da disciplina. Não demorou para que em 2010 eu pedisse minha
transferência definitiva para o laboratório criado e chefiado por ela, o Laboratório
de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos, o LITEB.
Foi mais do que um salto: eu quebrei todos os meus paradigmas. Perdi todos os
meus contornos e me reinventei. Foi um aprender a desaprender. O
“maravilhamento” da mudança, deu origem a uma nova profissional. Passei a ver
um laboratório de pesquisa com olhos de criança, como se tudo fora novo. Cada
pessoa, cada sala, cada equipamento, cada pequeno detalhe aparecia diante dos
meus olhos como algo com um enorme potencial de atividade criativa.
Rapidamente me envolvi com projetos, atividades, alunos, pacientes,
pesquisadores. Uma imagem linda me vem à cabeça: uma criança sentada na
plateia de um circo quando o desfile que dá início ao espetáculo começa.
Impossível não se maravilhar e não criar expectativa: é o melhor sentimento de
todos!
Assim, meu envolvimento com Ciência e Arte foi total e ao desenvolver a

xi
dissertação de Mestrado sobre a produção final dos alunos em cada versão e a
respectiva correspondência com os referencias teóricos usados, percebi que não
poderia permanecer de pé no cais (lembram do início deste texto?).
Era preciso seguir em frente e tentar aprofundar não só a análise da produção
acadêmica na área de Ensino, como também colocar ferramentas, pensamentos,
propostas para outros, que como eu, queriam e querem pensar Ciência e Arte.
Mas, como pensar Ciência e Arte, sem criar a expectativa de “mais do mesmo” ou
da obviedade? Existem referenciais? Se sim, quais?
Entendemos Ciência e Arte da mesma forma ou achamos que entendemos por que
nosso “referencial” primeiro e principal, no caso Root-Bernstein, nos chama para a
exemplificação de casos pontuais neste campo: cientistas que transitaram pela arte
e vice-versa? É válido tratar sempre da figura de Leonardo como o primeiro grande
exemplo de ciência + arte? Não estaremos, desta forma, reduzindo a possibilidade
de amplidão do tema? É preciso “pensar” ciência e arte livremente, sem
condicionamentos de respostas e definições pré-determinadas Queremos ter o
controle da resposta através de estímulos ou que cada um tenha seu próprio viés,
construindo um novo pensar?
Falar deste potencial me impulsiona a criar meus próprios conceitos sobre Ciência
e Arte, e precisamos ter cuidado para não correr o risco de cair no paradoxo do
Navio de Teseu. O conceito inicial, o que temos acesso, certamente mudará diante
de opções múltiplas sobre Ciência e Arte às quais teremos acesso. Haverá então
um conceito final? O que ficará então entre o conceito inicial e o final? Ter um novo
conceito, invalidaria o conceito anterior? Ou estamos falando da permanência da
ideia?
Pensar Ciência e Arte não pode se restringir somente a uma análise básica de
produtos derivados: é preciso ir além. É preciso analisar pequenas características
ocultas que muitas vezes nos passam despercebidas e que são determinantes para
a discussão do assunto. Não vou aqui buscar a explicação científica para fatos:
quero ajudar a entender o que é necessário saber sobre a coerência do
pensamento e das informações, formando as conexões com as quais estou lidando.
O ser humano se completa quando produz: um livro, uma obra de arte, uma
máquina, uma experiência. Tudo é fruto de sua criatividade, do seu saber, do seu
meio, de sua perplexidade diante da existência. Ciência e Arte se manifestam como
a ligação máxima dos saberes. E é com a pretensão de entender essa ligação, que

xii
sigo em frente.
Minha Ítaca continua lá, mas o viajante já não é o mesmo e Ítaca também não. A
viagem iniciática que Ítaca nos proporciona, serve para mostrar que não é só a
chegada que é importante: a trajetória também deve ser motivadora. O
enfrentamento de questões importantes, como a caracterização e análise de
Ciência e Arte nos levar a refletir sobre se estas questões não estarão muito mais
dentro de nós do que em textos.
Essas questões, esses pontos de estudos e pesquisa estão só começando... Ainda
há um caminho e muita luta pela frente...como disse Joseph Campbell, “Siegfried
aprendeu, é preciso provar o sangue do dragão para incorporar alguma coisa do
seu poder”.

xiii
CIÊNCIA E ARTE: REFLEXÕES E METODOLOGIAS PARA
ANÁLISE DE PRODUÇÕES EM PESQUISA E ENSINO
NUM CAMPO EMERGENTE NO BRASIL

SUMÁRIO
Página
Dedicatória....................................................................................................................................... v
Agradecimentos............................................................................................................................... vi
Epígrafe.......................................................................................................................................... vii
Primeiras palavras (memorial e trajetória da autora) ..................................................................... viii
Sumário .......................................................................................................................................... xiv
Resumo............................................................................................................................................ xv
Abstract............................................................................................................................................ xvi

Capítulo 1 – Introdução................................................................................................................. 1
Objetivo geral e objetivos específicos ............................................................................................. 5

Capítulo 2 – CienciArte: um campo emergente na pós-graduação da Fiocruz

2.1. Artigo 1 (*): Ciência e Arte: refletindo sobre uma conexão essencial (2017) ......................... 8
2.2. Artigo 2 (*): CienciArte© no Instituto Oswaldo Cruz: 30 anos de experiencias na construção
de um conceito interdisciplinar (2018) ............................................................................................ 29

Capítulo 3 – Abordagens Metodológicas para análise de produtos acadêmicos com foco


em Ciência e Arte

3.1. Artigo 3 (*). Um estudo qualiquantitativo da disciplina de Ciência e Arte no Instituto


Oswaldo Cruz através dos trabalhos finais dos egressos (2018) .................................................. 40
3.2. Capítulo de livro 1 (*): Ensino em saúde com CienciArte: o potencial das abordagens
qualitativas (2019) ......................................................................................................................... 53
3.3. Manuscrito em construção: A abordagem no espectro CienciArte na formação na pós-
graduação em Ensino: uma análise do perfil das Teses e Dissertações na Pós-graduação em
Ensino em Biociências e Saúde entre 2005 e 2020........................................................................ 74

Capítulo 4 – Outras experiências de formação na Área de Ensino analisadas com


abordagem multireferenciada

4.1. Artigo 4 (*): Ciência, Arte e Cultura na Saúde (2018). ............................................................. 110
4.2 Capítulo de livro 2 (*): Os doutorados na área de Ensino da capes: histórico, situação e
perspectivas (2018) ......................................................................................................................... 129
4.3. Artigo 5 (*): Mestrado e doutorado em rede: a experiência na Área de Ensino com as redes
REAMEC e Prof-EPT (2018) .......................................................................................................... 153

Capítulo 5 – Discussão ................................................................................................................ 176

Referências Bibliográficas (lista completa) ............................................................................... 184

* artigos ou capítulos de livro já publicados

xiv
RESUMO

CIÊNCIA E ARTE: REFLEXÕES E METODOLOGIAS PARA ANÁLISE DE


PRODUÇÕES EM PESQUISA E ENSINO NUM CAMPO EMERGENTE NO
BRASIL
Este trabalho apresenta um estudo sobre o campo acadêmico “CienciArte” apoiado em um
levantamento sobre alumni de Programas da Área de Ensino no Brasil e seus produtos,
buscando referenciais teóricos e práticos, promovendo acesso à troca de experiências,
ampliando o diálogo e analisando os processos criativos em cada perfil e contribuindo para
a formação dos profissionais e pesquisadores da Área. Tivemos um olhar especial para
Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz, na
Fundação Oswaldo Cruz, no qual analisamos as teses e dissertações produzidas.
Estudamos seus títulos, resumos e palavras-chave com o intuito de identificar os produtos
pertinentes ao campo de pesquisa em Ciência e Arte, buscando desenvolver e propor uma
metodologia multi-referenciada para uma análise da abrangência do campo de pesquisa
em Ciência e Arte em teses e dissertações. A tese foi composta com oito artigos/capítulos
de livros, alguns já publicados e um em formato de manuscrito. Através dos artigos
publicados ao longo dos anos, olhamos para as produções, quem são os alumni, seus
cursos, quais foram seus trabalhos de conclusão e que produtos geraram. Procuramos
identificar caminhos metodológicos possíveis à fundamentação da pesquisa em Ciência e
Arte. Identificamos 90 teses e dissertações aderentes e inseridos no que chamamos
“espectro Ciência e Arte”, termo cunhado para referir a alguma coisa que designa, de
maneira mais geral, variadas e diferentes aspectos, formas e características que se
enquadram no campo de pesquisa, por estarem relacionadas com manifestações,
processos, métodos ou pontos importantes da construção acadêmica e do potencial
reconhecimento de seu perfil enquanto uma produção da área. Este estudo terá ampliação
no futuro, ao pensar sobre a inserção profissional e social e quais são as experiências
docentes desses alumni.

Palavras-Chave: CienciArte, Espectro Ciência e Arte, Educação, Saúde, Alumni.

xv
ABSTRACT

SCIENCE AND ART: REFLECTIONS AND METHODS FOR THE ANALYSIS OF


RESEARCH AND EDUCATION PRODUCTIONS IN AN
EMERGING FIELD IN BRAZIL

This work presents a study about the academic field ArtScience, supported by a survey on
alumni of Education Area Programs in Brazil and their products, seeking theoretical and
practical references, promoting access to the exchange of experiences, expanding
dialogue, and analyzing the creative processes in each profile and contributing to the
training of professionals and researchers in the area. We had a special look at Postgraduate
Studies in Teaching in Biosciences and Health from the Oswaldo Cruz Institute, at the
Oswaldo Cruz Foundation, where we analyzed the theses and dissertations produced, We
studied their titles, abstracts, and keywords to identify products relevant to the field of
research in Science and Art., seeking to develop and propose a multireference methodology
for an analysis of the scope of the research field in Science and Art in theses and
dissertations. . The thesis was composed with eight papers/ book chapters, some already
published and one in a manuscript format. Through the articles published over the years,
we look at the productions, who the alumni are, their courses, what their final works were
and what products they generated. We seek to identify possible methodological paths to
the foundation of research in Science and Art. We identified 90 theses and dissertations
adhering to and inserted in what we call the “Science and Art spectrum”, a term coined to
refer to something that designates, in a more general way, varied and different aspects,
forms and characteristics that fall within the field of research, to be related to manifestations,
processes, methods or important points of academic construction and the potential
recognition of its profile as a production of the area. This study will be expanded in the
future, when thinking about the professional and social insertion and what are the teaching
experiences of these alumni.

Keywords: ArtScience, ArtScience spectrum, Education. Health. Alumni.

xvi
Capítulo 1
Introdução

A Tese que se inicia nesta página tomou como objeto de investigação o próprio
campo de pesquisa em Ciência e Arte, buscando levantar evidências para seu
delineamento e sua definição, e construir metodologias para identificar e analisar
produções acadêmicas, técnicas e educacionais que confirmassem o
pressuposto de que sim, ele existe e está em crescimento, no Brasil e no mundo.
Por isso destacamos no título: “reflexões e análises”, sem conclusões definitivas,
mas sim pavimentando o caminho para o caminhar.
Parte importante dessa construção foi a própria escolha de organizar a Tese
como uma coletânea de publicações produzidas ao longo de todo o percurso do
Doutorado. Assim, o Capítulo 2 inicia as reflexões com um artigo teórico sobre
as indagações básicas que motivaram a pesquisa (SAWADA et al 2017) e revisa
a construção desse caminho há 30 anos pela equipe do Instituto Oswaldo Cruz,
em uma ampla coautoria de todo esse coletivo (ARAUJO-JORGE et al. 2018).
Em seguida, no Capítulo 3, mergulhamos mais diretamente na experimentação
metodológica para identificar produções acadêmicas e técnicas que
caracterizem o campo de pesquisa em Ciência e Arte, publicando como terceiro
artigo da Tese o estudo sobre os trabalhos de egressos da disciplina Ciência e
Arte do IOC (SAWADA e ARAUJO-JORGE, 2018), desenvolvido no mestrado
(SAWADA, 2014) e atualizado para a publicação desta Tese. Mais do que nunca
esse mergulho revisitou e explorou metodologias qualitativas, e misturou-as com
quantitativas, demarcando esse campo multireferencial num importante livro
intitulados “Leituras em Pesquisa Qualitativa”, e constituindo o capítulo 23 desta
publicação e o primeiro da Tese. Finalizando esse capítulo, apresentamos o
único texto ainda não publicado, que sistematiza em formato de manuscrito o
estudo sobre as características das teses e dissertações em Ciência e Arte do
Programa de Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde.
Na sequência, no Capítulo 4, reunimos três estudos que mesclam reflexões
sobre Ciência e Arte, sistematizando a experiência com a implantação do curso

1
de Especialização em Ciência, Arte e Cultura na Saúde, iniciada em 2010
(TRAJANO et al. 2018) e apresentando aplicações da metodologia
multireferenciada em outros recortes e estudos sobre Programas de Pós-
Graduação da Área de Ensino (ARAUJO-JORGE et al. 2018a e 2018b),
desenvolvidos no contexto dos projetos do INCT-Ensino e Comunicação e da
avaliação de Programas de PG realizadas pela coordenação da Área em 2017.
Finalizar a Tese durante a pandemia de COVID-19 foi outro desafio, que
mereceria inclusive um relato específico. Mas o trabalho principal foi novamente
refletir e analisar, buscando as conexões entre essas produções e construindo
um documento completo coerente e o menos repetitivo possível, uma vez que a
maioria dos artigos e capítulos versaram sobre o objeto central de estudo,
Ciência e Arte, lançando mão de muitas referências comuns.
Por isso, nesta introdução destacamos construímos este guia para a
leitura dos trabalhos da Tese, e apresentamos a dimensão de registros
encontrados com os termos “Ciência e Arte” em português e inglês em diversas
bases de dados bibliográficos (Tabela 1).

Tabela 1: O campo de CienciArte em referências bibliográficas


Bases de Dados Bibliográficos Número de registros encontrados (2021)
Ciência e Arte Science and Art Art Science

Scopus
11.937 60.631 17.228

Education Resources Information Center (ERIC)


0 17.087 17.237

Project Muse 108.043


2.319 108.043

Google acadêmico
1.450.000 6.440.000 522

30.882
JSTOR 898.516 925.501

Portal de periódicos CAPES 15.542 1.188.208


1.206.847

Acesso em 25/08/ 2021

Os termos e as expressões usadas na busca não se restringiram somente


ao uso estrito na área de pesquisa à qual nos dedicamos. Deixamos
propositalmente uma busca ampla para tentar observar também apropriações
2
muitas vezes inadequadas da terminologia, o que pode gerar no futuro, uma
ampliação desta pesquisa sobre o que realmente se reconhece como Ciência e
Arte. Isso vem ao encontro desta característica peculiar de que os próprios
autores muitas vezes não reconhecem seus trabalhos como sendo
potencialmente da linha de Ciência e Arte ou é enquadrado nela, sem
embasamento suficiente. O acesso a de cada um destes sites possibilitou uma
imersão nos resumos de trabalhos e a construção de uma coleção inicial de
publicações que pudessem ter interesse para a linha de pesquisa em Ciência e
Arte, além de auxiliar na elaboração teórica dos capítulos. Desse modo, além
dos textos de apoio diretamente utilizados nas diferentes edições da disciplina
de Ciência e Arte, uma coleção adicional de textos pôde ser organizada e
disponibilizada, ampliando a dimensão do leque de embasamento acadêmico
não só para os alunos, como também para termos a dimensão das produções
no campo de pesquisa específico. Isso se refletirá num produto posterior à tese,
com a coletânea de “Bibliografia sobre Ciência e Arte”, base para futuras
apostilas a serem utilizadas por pesquisadores de um modo em geral.
A principal referência teórica e operacional utilizada na disciplina de
Ciência e Arte e que serviu como um balizamento para a análise de teses e
dissertações foi o livro “Centelhas de Gênios”, de Robert e Michèlle Root-
Bernstein (1999). Mais adiante veremos suas características principais e que
trazem em seu conteúdo, através da proposta de categorias cognitivas para o
desenvolvimento da criatividade, uma abordagem possível para a compreensão
do universo e do espectro Ciência e Arte.
Este termo “espectro Ciência e Arte” é justamente um dos nossos aportes nesta
Tese. Estamos nos referindo àquelas atividades e produções que apresentam
características, já abordadas em diversas publicações, como as quem
pertencem a este campo de pesquisa. Para Plaza (2003),
Pode se constatar então fluxos/refluxos, tensões/distensões,
aproximações/distanciamentos, somas/exclusões entre as diversas esferas
e, portanto, entre os pensamentos científico e artístico. O fazer-pensar arte
na universidade significa o estabelecimento de laboratórios vivos que vão de
encontro ao esgotamento do campo dos possíveis mediante métodos
heurísticos. Isto é crítico em relação ao modelo romântico, como cultura do
ego expressivo, e aos mitos do inconsciente e da falácia da "linguagem
própria". O fazer-pensar arte socializa, assim, as poéticas e ilumina as

3
práticas artísticas demonstrando que precisar o impreciso é sempre um
possível. (PLAZA, 2003, p. 40)

Ao analisarmos o cenário das Pós-graduações brasileiras na área de ensino,


tivemos inicialmente a curiosidade e o interesse acadêmico em tentar perceber
como estes cursos se formavam: quais eram seus objetivos, em que contexto
se inseriam e que tipo de contribuição traziam ao ensino e às suas comunidades
e grupos sociais e acadêmicos. Seus trabalhos de conclusão traziam aportes
significativos e caminhos que eram abertos para que cada discente levasse
adiante sua formação e a aplicação de suas ideias. Mais ainda: seus temas
seriam pertinentes não só às necessidades, mas a uma nova proposta, mais
criativa, que atraísse alunos e tornasse a área de Ensino mais dinâmica e
acolhedora.
O mundo atual é marcado por novas tecnologias e áreas do saber,
sociedades em rede e de conhecimento, redes globais de capital, de
gerenciamento e de informação. Mas, se caracteriza também por incertezas,
mudanças de paradigmas, problemas diversos, mudanças de valores éticos
e morais, além de novas exigências ao sistema educacional... Um professor
facilitador da criatividade discente, e não importa em que nível de ensino for,
é aberto a novas experiências, ousado, curioso, com confiança em si próprio,
apaixonado pelo que faz, facilitador da aprendizagem, tem amplo domínio do
conteúdo que ministra e busca aprimorar continuamente sua prática.
(OLIVEIRA & ALENCAR, 2014, p. 55)

Ao unir o estudo sobre o campo de pesquisa Ciência e Arte com os egressos do


Programa de PG em Ensino em Biociências e Saúde, o primeiro no Brasil a
instaurar uma linha de pesquisa em Ciência e Arte, fizemos o necessário recorte
para que a abordagem pudesse ser iniciada. Analisar o processo formativo era
e é o caminho para gerar impactos mais relevantes e significativos.
Aos poucos, mergulhamos nas bases de dados e nos trabalhos de conclusão,
para que através do estudo qualitativo de teses e dissertações, e de sua relação
com o processo formativo dos egressos, pudéssemos gerar evidências
qualitativas da contribuição da Pós-Graduação para o desenvolvimento do
ensino na sociedade brasileira.

4
Objetivo:
Assim, a tese teve como principal objetivo:

Contribuir para o delineamento teórico e prático do campo de pesquisa e


ensino e seus desdobramentos em/com/sobre Ciência e Arte,
desenvolvendo e aperfeiçoando para essa investigação uma metodologia
multireferenciada com abordagem qualiquantitativa.

Para tanto, trabalhamos com os seguintes objetivos específicos, que


constituíram os três capítulos teórico-experimentais da tese:
1. Refletir teórica e historicamente sobre o campo de pesquisa Ciência e Arte/
2.Identificar e aperfeiçoar metodologias para uso na avalição de produtos
acadêmicos no campo de CienciArte;
3. Aplicar a outros temas de interesse na área de ensino a metodologia de
análise desenvolvida, refletindo sobre a necessidade de seu aprimoramento.

Desta forma, nosso objeto de estudo moveu seu foco para Ciência e Arte como
um campo emergente de pesquisa, a partir desta identificação de trabalhos com
estas características. E ao lado disso, tentar descrever e refletir sobre o campo
de pesquisa em ciência e arte no Brasil, propondo uma metodologia
multirreferencial para identificar e analisar produtos acadêmicos deste campo e
outros correlatos. Uma abordagem multirreferencial nos daria a oportunidade de
reunir diferentes ferramentas para dar conta da coleta e análise do material
considerado mais característico a partir de nossa leitura e análise. Segundo
Ardoino,
“... muito mais que categorias explicativas ou variáveis manipuláveis
em experimentos elaborados para tal fim, são constelações de ideias,
noções diferentes, atitudes, comportamentos, manifestos ou latentes,
conscientes ou inconscientes que expressam valores, significações,
desejos ou temores, “hábitos”, em relação à situação analisada e que
correspondem a sistemas práticos de inteligibilidade, a concepções de
sociedade, das relações e da “natureza humana” e que, se não são
descobertos, distinguidos, identificados, reconhecidos, explicados,
constituem zonas de opacidade e uma prática mais cega”. (ARDOINO,
1980, p. 50)

5
Ciência e a Arte, juntas se moldam, se transformam e realizam trocas: não
podemos mais, já de há muito tempo, considerar Ciência e Arte somente como
uma disciplina. É um campo em permanente construção e transformação. Para
Chervel
“Muito vagas... ou muito restritivas... as definições que são dadas de
fato não chegam a um acordo sobre a necessidade de cobrir o uso
banal do termo, que não se distingue de seus "sinônimos” como
“matérias" ou “conteúdo” de educação.” (CHERVEL, 1988, p. 60).

Assim, o leitor desta Tese deverá encontrará os elos entre os oito estudos aqui
apresentados, e que estão totais ou parcialmente expostos ao público como
mostram a Figura 1 e a Tabela 2.

Figura 1: Estrutura formal da Tese com oito publicações acadêmicas. No fundo azul apresentamos
o capítulo 2, no fundo amarelo o capítulo 3 e no fundo vermelho o capítulo 4.

6
Tabela 2: Publicações componentes da coletânea da Tese, com seu ano e o número de citações
registradas n Google Acadêmico em 18/9/2021.
Citações
Objetivo Capítulo Título da publicação Ano Google
específico da Tese Acadêmico
1 2 Ciência e Arte: refletindo sobre uma conexão 2017 11
essencial (*)
1 2 CienciArte© no Instituto Oswaldo Cruz: 30 2018 11
anos de experiencias na construção de um
conceito interdisciplinar
2 3 Um estudo qualiquantitativo da disciplina de 2018
Ciência e Arte no Instituto Oswaldo Cruz
através dos trabalhos finais dos egressos (*)
2 3 Ensino em saúde com CienciArte: o potencial 2019
das abordagens qualitativas
2 3 A abordagem no espectro CienciArte na 2021 Não
formação na pós-graduação em Ensino: uma
análise do perfil das Teses e Dissertações na
publicado
Pós-graduação em Ensino em Biociências e ainda
Saúde entre 2005 e 2020 (*)
3 4 Ciência, Arte e Cultura na Saúde 2018 3
3 4 Os doutorados na área de Ensino da capes: 2018
histórico, situação e perspectivas
3 4 Mestrado e doutorado em rede: a experiência 2018
na Área de Ensino com as redes REAMEC e
Prof-EPT (*)
(*) artigos como primeiros ou última autora.

Os seguintes “links” dão acesso às publicações apresentadas à Figura 1 e na


Tabela 2:
2.1. http://www.revistas.udesc.br/index.php/arteinclusao/article/view/9810/pdf
2.2. http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v70n2/v70n2a10.pdf
3.1. https://sepq.org.br/eventos/vsipeq/documentos/53636490710/10
3.2. CienciArte no Ensino em Saúde: o potencial das abordagens qualitativas
Capítulo 23 no livro: Leituras em Pesquisa Qualitativa
https://www.amazon.com.br/Leituras-Pesquisa-Qualitativa-Aparecida-
Viggiani/dp/857861609X
3.3. A abordagem no espectro CienciArte na formação na pós-graduação em
Ensino: uma análise do perfil das Teses e Dissertações na Pós-graduação em
Ensino em Biociências e Saúde entre 2005 e 2020
4.1. https://www.revistas.udesc.br/index.php/arteinclusao/article/view/9853
4.2. Os doutorados na área de Ensino da CAPES: histórico, situação e
perspectivas
Capítulo 1 no livro: Ensino de Ciências e Matemática: o legado da pesquisa em
10 anos de Doutorado
https://www.amazon.com.br/Ensino-Ci%C3%AAncias-Matem%C3%A1tica-
Pesquisa-Doutorado/dp/8546214026
4.3. https://ojs.ifes.edu.br/index.php/ept/article/view/364

7
Capítulo 2

CienciArte: um campo emergente


na pós-graduação da Fiocruz
A Area de Ensino da CAPES foi criada em 2000, como Area de Ensino
em Ciências e Matemática, e foi nela que surgiu a primeira linha de pesquisa
explícita em Ciência e Arte, no PPG do IOC-Fiocruz, em Ensino em Biociências
e Saúde.
Tal inovação não se deu ao acaso. A linha de pesquisa em Ciência e Arte
surgiu como fruto do amadurecimento de estudos e de práticas em divulgação
científica e em museus de ciência, como o da Fiocruz, antes da criação do Museu
da Vida. Surgiu se estruturando em disciplinas na Pós-Graduação do IOC-
Fiocruz, e posteriormente em uma linha de pesquisa no novo PPG-EBS criado
em 2004.
Neste capítulo nossos objetivos específicos são:
a) Refletir sobre o novo campo emergente em Ciência e Arte, a partir de
leituras de referências que podem ser identificadas como
componentes desse campo.
b) Reconstituir o histórico de surgimento da linha de pesquisa em Ciência
e Arte no IOC-Fiocruz, com a criação do conceito transdisciplinar de
CienciArte.

2.1. Ciência e Arte: refletindo sobre uma conexão essencial.


http://www.revistas.udesc.br/index.php/arteinclusao/article/view/9810/pdf

2.2. CienciArte© no Instituto Oswaldo Cruz: 30 anos de experiencias na


construção de um conceito interdisciplinar.
http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v70n2/v70n2a10.pdf

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Capítulo 3
Abordagens metodológicas para
análise de produtos acadêmicos
com foco em Ciência e Arte
Por novo que é, o campo de pesquisa em Ciência e Arte precisa identificar
as abordagens metodológicas que podem melhor caracterizar seus processos
investigativos. A análise bibliográfica e a análise documental já são suas
abordagens primárias e fundantes. Mas seria possível a identificação de outras
abordagens com as quais os produtos acadêmicos em Ciência e Arte fossem
identificados, fossem analisados? Quais?
Neste capítulo voltamos nosso olhar para esses aspectos, buscando
revisitar os 30 anos do histórico da pesquisa em nosso grupo, em busca de
respostas que pudessem estar embasadas em nossos fazeres.
Por isso nossos objetivos específicos foram:
c) Revisitar o trabalho de mestrado (Sawada, 2014) construindo um
estudo de egressos da disciplina de Ciência e Arte;
d) Refletir sobre outras abordagens quali e quantitativas já utilizadas nos
demais trabalhos acadêmicos da equipe;
e) Sistematizar essas abordagens e aplicá-las aos trabalhos finais de
pós-graduação do PPG-EBS pertencentes ao campo Ciência e Arte.
Os objetivos foram alcançados com os textos que se seguem:
3.1. Um estudo qualiquantitativo da disciplina de Ciência e Arte no
Instituto Oswaldo Cruz através dos trabalhos finais dos egressos
https://sepq.org.br/eventos/vsipeq/documentos/53636490710/10

3.2. CienciArte no Ensino em Saúde: o potencial das abordagens


qualitativas
Capítulo 23 no livro: Leituras em Pesquisa Qualitativa
https://www.amazon.com.br/Leituras-Pesquisa-Qualitativa-Aparecida-
Viggiani/dp/857861609X

3.3. A abordagem no espectro CienciArte na formação na pós-graduação


em Ensino: uma análise do perfil das Teses e Dissertações na Pós-
graduação em Ensino em Biociências e Saúde entre 2005 e 2020

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3.3. A abordagem no espectro CienciArte na formação na pós-graduação
em Ensino: uma análise do perfil das Teses e Dissertações na Pós-
graduação em Ensino em Biociências e Saúde entre 2005 e 2020
(manuscrito em construção)

Anunciata C. M. B. Sawada e Tania C. Araujo-Jorge

Resumo:
Analisamos as teses e dissertações dos alumni da Pós-Graduação em Ensino
em Biociências e Saúde – IOC – Fiocruz, buscando referenciais teóricos e
práticos que pudessem caracterizar o campo Ciência e Arte e analisando os
processos criativos em cada perfil. Também buscamos perceber as inserções e
potencialidades de cada trabalho na linha de pesquisa em Ciência e Arte, através
das propostas em seus resumos, palavras-chaves e autodeclarações quanto à
linha de pesquisa do Programa. Olhamos as produções, quem são os alumni,
seus cursos, quais foram seus trabalhos de conclusão, que produtos geraram;
se houve relação entre suas produções acadêmicas e técnicas com o campo da
Ciência e Arte. A pesquisa abriu caminho para sua ampliação no futuro, ao
pensar sobre a inserção profissional e social e quais são as experiências
docentes desses alumni - o que estão fazendo, onde estão trabalhando, que
metodologias e materiais didáticos utilizam. Mais: desenvolvemos uma
metodologia para uma análise da abrangência do campo de pesquisa em Ciência
e Arte em teses e dissertações, a partir da experiencia na Pós-Graduação em
Ensino em Biociências e Saúde – IOC – Fiocruz.

Palavras-chave: Ensino. Educação. Alumni. Ciência e Arte. Metodologias.

Abstract:
We analyzed the theses and dissertations of the alumni of the Postgraduate
Course in Education in Biosciences and Health - IOC - Fiocruz, seeking for
theoretical and practical references to characterize the ArtScience field of
research, analyzing the creative processes in each profile. We tried to understand
the insertions and potentialities of each work in the line of research in Science
and Art, through the proposals in their abstracts, keywords, and self-declarations
74
on the Program research line. We observed the productions, who are the alumni,
their courses, what were their final papers, what products they generated, and if
there was any relationship between their academic and technical productions
with Science and Art. The study paved the way for its expansion in the future,
when thinking about the professional and social insertion and the education
experiences of these alumni - what they are doing, where they are working, what
methodologies and teaching materials they use. More: we developed a
methodology for the analysis of the scope of the research field in Science and Art
in theses and dissertations, based on the experience in the Post-Graduate
Program in Teaching in Biosciences and Health – IOC – Fiocruz.

Keywords: Teaching. Education. Alumni. Science and Art. Methodologies.

1. INTRODUÇÃO

A Pós-graduação Stricto Sensu em Ensino em Biociências e Saúde (EBS) do


Instituto Oswaldo Cruz, na Fundação Oswaldo Cruz (PPG-EBS/IOC-Fiocruz) foi
o primeiro Programa de PG no Brasil a adotar uma linha de pesquisa em Ciência
e Arte, que funciona desde sua criação, em 2003 (ARAUJO-JORGE et al. 2006),
até a atualidade.
Após longa tradição na elaboração e desenvolvimento de cursos de ciência e
saúde com perfis inovadores (ARAUJO-JORGE et al. 2012, AZEVEDO e
FERREIRA 2012), atraindo alunos de lugares diferentes, foi novamente a
inovação que permeou a concepção de uma pós-graduação em Ensino no IOC,
e nesta, uma linha de pesquisa em Ciência e Arte (Araujo-Jorge e Lemos, 2004,
Araujo-Jorge et al. 2006). Desta forma, a novíssima e inusitada linha de pesquisa
dentro de uma tradicional instituição científica como a Fundação Oswaldo Cruz,
abrigou diversos trabalhos em seu escopo e atraiu orientadores e alunos para
um campo que se configurava como uma nova área de pesquisa. Araujo-Jorge
et al (2006) informam que, além de Ciência e Arte, outras 10 linhas de pesquisa
compunham o núcleo original, tendo sido posteriormente agregadas em três: (i)
Ensino – aprendizagem em EBS, (ii) Ciências Sociais e Humanas Aplicadas ao
EBS, (iii) Divulgação, popularização e jornalismo científico. Ajustes e correções
75
na proposta do PPG-EBS/IOC levaram o programa da nota 4, inicial, à nota 6,
obtida na avaliação quadrienal da CAPES em 2017 (ARAUJO-JORGE et al,
2017). Essa redução das linhas de pesquisa preservando “Ciência e Arte” como
linha específica é uma das características que nos levou a investigar qual a
peculiaridade a manteve com tal escopo até o momento. Ao longo dos seus 15
anos, desde sua primeira descrição, a ementa da linha de Ciência e Arte se
caracteriza por pesquisar as
interfaces entre ciência e arte, a criatividade, suas representações
sociais, as interligações entre as diversas formas de expressão
artística e as descobertas científicas, e a motivação com ciência e arte
(ARAUJO-JORGE et AL, 2006).

Tendo em vista a variedade de temas abordados dentro das linhas de pesquisa


no PPG-EBS, e na perspectiva de que “Ciência e Arte” constitui um campo
transversal, inter e transdisciplinar, nos propusemos a realizar uma classificação
mais precisa dentro das propostas e pesquisas desenvolvidas em/com Ciência
e Arte, como também uma análise com os referenciais que vêm configurando
esse novo campo de investigação, em Ciência e Arte (SAWADA et al. 2017;
ARAUJO-JORGE et al. 2018). Assim, com o objetivo principal de investigar se
Ciência e Arte é realmente um campo em formação e, caso positivo, qual a
contribuição da PPG-EBS para isso, analisamos neste trabalho a produção de
dissertações e teses do programa, identificando o perfil em Ciência e Arte dos
trabalhos acadêmicos produzidos de 2005 a 2020.

2. O desafio de conceituar CienciArte para criar critérios de inclusão


sobre como classificar uma tese ou dissertação afeta ao campo “Ciência e
Arte”.

Entre os dois polos, de ciência e de arte, há uma diversidade de possibilidades


interdisciplinares, às vezes referida como um espectro de características
semelhantes e que se confundem, e outras que se distinguem. Adotamos então
o conceito de “espectro Ciência e Arte”, construído a partir das definições
“universais” de um dicionário em que Ciência é
...1 conjunto de conhecimentos sistematizados relativos a um
determinado objeto de estudo; 2 noção precisa; consciência [...]; 3

76
conjunto de conhecimentos práticos, técnicos ou intuitivos [...]; 4
conhecimento ou disciplina sobre um determinado tema [...]; 5
disciplina voltada para o estudo sistemático da natureza ou para o
cálculo matemático (HOUAISS, p.157-158),
e Arte é
...1 habilidade humana de pôr em prática uma ideia, pelo domínio da
matéria [...]; 2 o uso dessa habilidade nos campos do pensamento e
do conhecimento humano e/ou da experiencia prática [...]; 3 perfeição;
técnica na elaboração; requinte [...]; 4 um conjunto de técnicas
características de um ofício ou profissão, esp. manual [...] 8 produção
de obras, formas ou objetos com ideal de beleza e harmonia ou para a
expressão da subjetividade humana [...] (HOUAISS, p. 65)

No entanto, nos debates mais especializados, as definições são muito diferentes


dependendo do autor, da sua linha de pensamento, da sua escola filosófica.
Cada autor, cada estudioso das áreas de ciências ou de artes possui uma
definição muito particular, muito peculiar e essas definições se entrecruzam
várias vezes. Por exemplo, voltando a estudos mais antigos, encontramos
Aristóteles para quem, segundo Troster (2016), “a ciência (episteme) é entendida
como um conhecimento demonstrativo, isto é, um tipo de saber que pode ser
expressado por um discurso (logos) dedutivo fundado em premissas
necessárias.”
Pensar sobre a articulação entre ciência e arte, não é algo novo. Necessário se
faz respeitar as suas especificidades, sem descaracterizá-las, empobrecê-las ou
colocá-las em campos antagônicos. É um desafio onde podemos perceber que
as respostas não estão prontas. Ao contrário: as questões em aberto e as
respostas estão sendo construídas na prática, seja nas salas de aula ou nas
experiências das ações protagonizadas pelos mais diversos profissionais que
estão pensando neste diálogo entre a Ciência e a Arte (SAWADA, 2014).
Alguns pensamentos sobre esse caminho da conceituação e proximidade entre
Ciência e Arte trazem à luz ideias de Deleuze e de Snow. Deleuze nos orienta
que:
os três pensamentos se cruzam, se entrelaçam, mas sem síntese nem
identificação. A filosofia faz surgir acontecimentos com os seus conceitos, a
arte ergue monumentos com suas sensações, a ciência constrói estados de

77
coisas com suas funções. Um rico tecido de correspondências pode
estabelecer-se entre os planos. (DELEUZE, 1992, p.254)
.
Charles Percy Snow, em sua marcante obra “As Duas Culturas e uma segunda
leitura” nos diz que a ciência pode ser útil à arte (SNOW, 1959, 1995). Ambos
nos mostram o quanto essa ligação entre a Ciência e a Arte pode ser pertinente
com sua multiplicidade de expressões, muito embora muitas vezes não consiga
abarcar todos os significados e pensamentos engendrados.
Sob a visão de outros, existirá certamente a relativização de definições e essa
relativização se faz necessária pois vem ao encontro do que temos citado
(SAWADA et al, 2017): não podemos pensar em uma definição “única” sobre
Ciência e Arte, sob pena de perdermos nesse cenário, inúmeras proposições
que enriqueceriam mais e mais a discussão. Santaella (2006, p.9) nos informa
que “toda definição acabada é uma espécie de morte, porque, sendo fechada,
mata justo a inquietação e curiosidade que nos impulsionam para as coisas que,
vivas, palpitam e pulsam”.
De fato, os especialistas são cuidadosos e evitam definições fechadas e
rigorosas e isso nos orientou para uma análise do que poderia se enquadrar na
interface de Ciência e Arte, quando optamos pela classificação de produtos nesta
área. Nem tudo é Cultura (COELHO, 2016), mas a arte é naturalmente
compreendida como parte da Cultura, enquanto a Ciência nem sempre o é.
Quando analisamos a dimensão que a Arte pode acrescentar a outros campos
do saber, lembramos Mário de Andrade (ANDRADE, 1995, COLI, 1995)
enunciando que a Arte não é um elemento vital, mas um elemento da vida. O
que podemos perceber nisso? Se vislumbramos o arco do conhecimento
humano, desde os primórdios está presente a manifestação da arte, ainda que
dirigida a objetivos diversos, tais como fins ritualísticos e religiosos (Pereira et
al., 2018). É uma dimensão inerente da humanidade, e como manifestação
humana, a arte muitas vezes se aproxima do supérfluo. Todavia é justamente
esse paradoxo que nos deu algum sentido para prosseguir.
Quando examinamos mais de perto as relações entre ciência e arte, isso nos
leva não apenas a perceber com mais nitidez o que é a arte e o que é a ciência,
mas, sobretudo nos permite acompanhar as modificações que a sociedade
contemporânea vem fusionando entre a arte, a ciência e a tecnologia (Costa

78
2004, p.93). Lembremos que na Grécia antiga, a palavra techne designava arte,
motivo pelo qual existem os termos técnica e tecnologia, —que são aplicados
tanto para as práticas artísticas como para as científicas (ESKRIDGE, 2003).
O pensamento ousado e diferente pode nos levar à produção de novas idéias. É
necessário se expor ao novo e ao que é transformador, reordenando caminhos
e ampliando horizontes. Ultrapassar o que já está estabelecido é essencial na
arte e na ciência. Bernardino (2010) acrescenta:
...arte é uma atividade que une intenção e descoberta sob a tutela da
realização. Uma das suas tarefas mais primordiais, como a própria realidade
que tem um caráter múltiplo e complexo, é libertar a capacidade humana dos
esquemas limitativos da vida prática. A arte não está isolada do resto da
realidade; entre a arte e as outras atividades do homem não há um abismo,
há antes uma passagem gradual, níveis diferentes de inventividade. Da
execução técnica de um projeto à invenção mais original, há um exercício do
fazer que se estende das formas mais elementares do ofício à mais pura
criação estética (BERNARDINO, 2010, p. 45).

A ciência é movida pela busca de soluções, busca essa que é gerada a partir de
perguntas. Também a arte se apresenta como aquilo que nos leva ao desejo de
saber o que nos move. O desafio em conceituar Ciência e Arte e CienciArte
reside justamente naquilo que não se pode rotular: como definir dois campos em
constante transformação e reordenação, e ainda definir um novo campo,
fusionado? Ao lado disso, não nos passa despercebido a importante questão
que é a criação. Seja de uma obra, seja no desenvolvimento de uma experiencia
científica. Ambos trazem no seu amago, a presença humana com suas
características inerentes de percepção e de criatividade frente ao novo e ao
desconhecido. Albert Camus, em sua obra “O Mito de Sísifo” nos traz a seguinte
questão, mostrando a sutil questão de se criar na diversidade:
Todo pensamento que renuncia à unidade exalta a diversidade. E a
diversidade é o lugar da arte. O único pensamento que liberta o espírito é
aquele que o deixa só, certo de seus limites e de seu fim próximo. Nenhuma
doutrina o solicita. Ele espera o amadurecimento da obra e da vida.
Destacada dele, a primeira fará ouvir uma vez mais a voz mal ensurdecida
de uma alma para sempre livre da esperança. Ou ela não fará ouvir nada, se
o criador, cansado de seu jogo, prefere se desviar. (CAMUS, 2018, p.83)

79
Durante a experiência de análise da disciplina de Ciência e Arte (SAWADA,
2014) Ciência e a Arte foram conceituadas nas esferas das produções culturais,
dialogando com a Filosofia, a Literatura, o Cinema, através de novas propostas
pedagógicas que foram sendo elaboradas na medida em que o pensamento
criativo era estimulado. Mantivemos essa abordagem neste presente estudo,
quando voltamos nossa atenção para Teses e Dissertações que trabalhassem
Ciencia e Arte no PPG-EBS. Além disso, também tomamos como referência
analítica a obra de Robert e Michèlle Root-Bernstein, “Centelha de Gênios”
(1999), pois este livro se constitui até os dias atuais em obra referencial da
disciplina Ciência e Arte e da linha de pesquisa em Ciência e Arte na PPG-EBS.

3. Construindo a metodologia: busca ativa de teses e dissertações do PPG-


EBS
Em nossa primeira experiencia de construção de uma metodologia que nos
permitisse classificar trabalhos diversos no espectro Ciência e Arte, analisamos
a produção da disciplina de Ciência e Arte que é oferecida anualmente no PPG-
EBS/IOC (SAWADA, 2014; SAWADA et al, 2018) e percebemos a potencial
formação de uma episteme, pois muitos trabalhos apresentaram características
em comum, muitas vezes não percebidas pelos seus autores, em relação à
classificação de seus trabalhos, como exemplos de produtos em ciência e arte.
Para Foucault
Por episteme entende-se, na verdade, o conjunto das relações que
podem unir, em uma dada época, as práticas discursivas que dão lugar
a figuras epistemológicas, a ciências, eventualmente a sistemas
formalizados; o modo segundo o qual, em cada uma dessas formações
discursivas, se situam e se realizam as passagens à
epistemologização, à cientificidade, à formalização... (FOUCAULT,
2002, p. 214).

Na sistematização, classificação e análise documental dos trabalhos produzidos


na disciplina de Ciência e Arte no período de 2000 até 2014, nosso caminho se
baseou especialmente nas proposições e abordagens sobre desenvolvimento da
criatividade propostos por Robert e Michèlle Root-Bernstein (2000), e foi
acompanhado de avaliação qualitativa com descrição da metodologia utilizada
por cada autor de cada trabalho final apresentado na disciplina (SAWADA, 2014;

80
SAWADA et al, 2018). Isso nos levou à proposta de ir mais longe e aplicar a
mesma dinâmica às dissertações e teses do PPG-EBS/IOC, com o objetivo de
identificar quais produções apresentavam um perfil que se enquadrasse em uma
abordagem da proposta potencial de Ciência e Arte, independente da linha de
pesquisa descrita na respectiva afiliação da dissertação ou tese.
A experiencia da abordagem multirreferencial nos permitiu levar adiante a
proposta de construção de uma metodologia, na medida em que podemos ter
um olhar abrangente sobre Ciência e Arte e o reflexo do campo de estudo nos
diferentes trabalhos, nos permitindo agregar dados na análise, na sistematização
do acervo documental, bem como avaliar a relevância do material pertinente.
Segundo Ardoino,
“... muito mais que categorias explicativas ou variáveis manipuláveis em
experimentos elaborados para tal fim, são constelações de ideias, noções
diferentes, atitudes, comportamentos, manifestos ou latentes, conscientes ou
inconscientes que expressam valores, significações, desejos ou temores,
“hábitos”, em relação à situação analisada e que correspondem a sistemas
práticos de inteligibilidade, a concepções de sociedade, das relações e da
“natureza humana” e que, se não são descobertos, distinguidos, identificados,
reconhecidos, explicados, constituem zonas de opacidade e uma prática mais
cega”. (ARDOINO, 1980, p. 50)
Por ser o primeiro Programa de pós-graduação no Brasil a apresentar uma linha
de pesquisa específica para Ciência e Arte, resolvemos analisar todo o percurso
temporal do programa, desde a primeira titulação em 2005 à última de 2020, e
buscar quais os trabalhos que tivessem abordado conteúdos, conceitos e
processos em Ciência e Arte.
O trabalho teve como base metodológica principal a busca e a análise
documental. Para Lüdke e Andre (1986), a análise documental se constitui de
grande importância pois aporta fonte de informação contextualizada, surgindo
neste cenário e trazendo dados sobre este mesmo contexto (LÜDKE e ANDRE,
1986, p. 9). Em nossa pesquisa, o acervo documental que tínhamos ao nosso
dispor, trazia informações importantes para o que pretendíamos. Assim,
iniciamos pela listagem de todos os egressos do PPG-EBS, ano a ano, segundo
seus relatórios CAPES disponíveis na Plataforma Sucupira e na secretaria do
Programa. Nossa unidade de análise foi o ex-aluno (alumni, egresso) e seu
trabalho de conclusão, tese ou dissertação, independente da modalidade do

81
curso, uma vez que a linha de pesquisa em Ciência e Arte se aplicava aos cursos
de mestrado e de doutorado acadêmicos e ao curso de mestrado profissional
que funcionou na instituição de 2008 a 2012. No programa acadêmico (Programa
código CAPES 31010016009P0), atualmente com nota 6, foram titularam 157
mestres e 101 doutores (de 2005 a 2020). Outros 14 mestres foram titulados de
2010 a 2012, na época em que o mestrado profissional estava ativo e vinculado
integralmente ao programa acadêmico, diferindo apenas na seleção de
discentes com vínculo empregatício e no compromisso de produzir trabalhos
finais voltados para a prática profissional de cada discente. Portanto, o universo
de busca inicial foi de 272 trabalhos de conclusão de curso (258 acadêmicos e
14 profissionais). Nos seus 15 anos de funcionamento, tanto a página eletrônica
do PPG-EBS quanto a plataforma de informações na CAPES foram alteradas, e
para encontrar na íntegra todas as 272 dissertações e teses defendidas de 2005
a 2020 foi necessário recorrer à diversas fontes e repositórios listados no Quadro
1. Possuíamos algumas informações dos egressos, fundamentais na busca em
bases de dados e repositórios, que se constituíram em fontes importantes de
dados e para a classificação temática dos trabalhos, dentro da metodologia
proposta.

Quadro 1: Bases pesquisadas

1 Plataforma Sucupira CAPES


2 Repositório ARCA da Fiocruz
3 Base BVS
4 Base Bireme
Site do Centro de Documentação em Ensino de Ciências da
5
Unicamp - cedoc.fe.unicamp.br
6 Base Fiocruz Brasiliana
7 Portal dominiopublico.gov.br
8 Base de dados da Secretaria Acadêmica

A seleção das bases consultadas partiu de critérios acadêmicos no que tange


aos repositórios existentes, tais como Plataforma Sucupira (Capes) e Repositório
ARCA (Fiocruz). Tendo em vista a não localização de alguns trabalhos nestes
repositórios, ampliamos a busca em diversos sítios tais como o Google
Acadêmico que nos direcionou a outras bases que forneceram os dados.
Os produtos de conclusão de curso (dissertação ou tese) provenientes da base
da dados da Secretaria Acadêmica foram localizados em lista antigas, as quais
82
se perderam ou foram descartadas de sites e de bases por razões diversas
especialmente a migração de dados entra os sistemas dominantes, seja a
Plataforma Sucupira, seja o Catálogo de Teses Capes, quando das suas
modificações. Desta forma, preservou-se pelo menos o resumo disponibilizado
no sistema, sendo que o trabalho completo impresso se encontra depositado na
Biblioteca Central de Manguinhos, órgão responsável pela guarda desse
material.
Identificadas as teses e dissertações a serem investigadas, como encontrar
aquelas em/sobre/com Ciência e Arte? Em princípio, todos os trabalhos de
conclusão de curso devem explicitar seu vínculo à linha de pesquisa do
programa, de forma autodeclarada. Mas não foi o que encontramos, e em
diversos casos nós mesmos precisamos classificar a inserção dos trabalhos,
especialmente aqueles concluídos em anos anteriores à 2013, quando iniciou a
operação da plataforma Sucupira da CAPES.
Além disso, pelos próprios títulos dos trabalhos, percebemos que mesmo alguns
que não se autodeclaravam estar ligados diretamente à essa linha “Ciência e
Arte”, se avizinham e acabam por tomar um perfil condizente com esta
classificação: um produto com perceptíveis influências do espectro Ciência e
Arte. Isso já era uma primeira indicação do alcance que pode a dimensão de
produtos acadêmicos em Ciência e Arte acrescentar a outros campos do saber,
da transcendência que toma essa linha de pesquisa. Isso nos conferiu sentido
para prosseguir com uma classificação mais abrangente das teses e
dissertações sobre, com ou em Ciência e Arte, que, possivelmente, extrapolaria
estritamente a autodeclaração de vínculo à linha de pesquisa. Existiriam teses
e dissertações em Ciência e Arte não declaradas explicitamente nessa linha de
pesquisa? Por isso avançamos no seguinte procedimento, que se configurou
então no passo a passo da metodologia, a partir de quatro questões norteadoras
(Quadro 2):

83
Quadro 2: Questões norteadoras e metodologia multireferenciada aplicada a cada questão
Questões norteadoras Metodologia Multireferenciada
(1) Quais são as teses e dissertações produzidas no PPG-EBS Construção de B Dados -Quanti
em/sobre/com e que se enquadram no espectro Ciência e Arte de Análise documental – Quali
2005 a 2020? Categorização temática - Quali
Estatística descritiva - Quanti
(2) Como analisar os trabalhos que pudessem estar no espectro Análise de Conteúdo - Quali
Ciência e Arte em sua intensidade de termos e expressões, Categorização temática – Quali
tornando-os passíveis de serem categorizados como sendo do Nuvem de palavras – Quanti e
campo de pesquisa em questão? Quali
(3) Que temas são abordados nessas teses e dissertações Categorização temática - Quali
produzidas no PPG-EBS no espectro Ciência e Arte de 2005 a Nuvem de palavras– Quanti e
2020? Quali
(4) Quem são os autores, agora alumni, dessas teses e Análise documental - Quali
dissertações no espectro Ciência e Arte e como se aplicam ao Estatística descritiva - Quanti
Ensino essas teses e dissertações no espectro Ciência e Arte?

Para a primeira questão seguimos o seguinte procedimento: (1) Definição das


unidades de análise: Teses e Dissertações, num total de 272 publicações; (2)
Construção do corpus de análise com teses e dissertações sobre/em/com
Ciência e Arte produzidas entre 2005 e 2020 no PPG-EBS que atendessem aos
seguintes critérios de inclusão:
2.1) Autodeclaradas como produtos da linha de pesquisa em Ciência e Arte do
Programa; OU
2.2) Palavras-chave que estivessem relacionadas à área de Ciência e Arte e
presentes nos descritores propostos pelos autores; E/OU
2.3) Teses e dissertações que atendessem a pelo menos dois critérios de
inclusão, diretos ou indiretos:
Critérios diretos de inclusão: trabalhos cujo título e/ou resumo:
i) continham as palavras “arte” e/ou “cultura”
ii) citavam abordagens relativas às 13 categorias cognitivas para o
desenvolvimento da criatividade elaboradas por Robert e Michèlle Root-
Bernstein em sua obra “Centelha de Gênios” (1999).
iii) citavam um escopo e abordagens relativas à Ciência e Arte com a
inclusão de alguns de seus elementos mais característicos, tais como uma
aproximação dos dois campos de conhecimento em suas propostas bem
como, potenciais identificações com a obra de Root-Bernstein (1999).
Critérios indiretos de inclusão: trabalhos cujo título e/ou resumo:

84
i) citavam termos significativos, com probabilidades de aplicação em
algum contexto que expressasse aspectos característicos de Ciência e
Arte;
ii) citavam abordagens relativas à interdisciplinaridade e/ou
transdisciplinaridade especialmente nas características de Ciência e Arte.

Ao escolhermos estes critérios e definirmos suas características, nos apoiamos


na análise de conteúdo de Bardin (2011), que nos informa acerca deste tipo de
análise típica de pesquisa qualitativa em sua definição clássica:
um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a obter,
por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo
das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a
inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (Bardin,
2011, p. 47).
Essa perspectiva qualitativa trabalhada ao longo dos últimos 15 anos (ARAUJO-
JORGE et al. 2019), agregada ao aprofundamento de pesquisas e leituras neste
campo, nos permitiu construir bagagem necessária para criar a metodologia e
seus critérios de análise. Segundo Mucchielli (1991, p. 3),
Os métodos qualitativos são métodos das ciências humanas que
pesquisam, explicitam, analisam, fenômenos (visíveis ou ocultos).
Esses fenômenos, por essência, não são passíveis de serem medidos
(uma crença, uma representação, um estilo pessoal de relação com o
outro, uma estratégia face um problema, um procedimento de
decisão...), eles possuem as características específicas dos “fatos
humanos”. (MUCCHIELLI, 1991, p. 3)
Assim, realizamos investigação qualitativa com análise de conteúdo nos
apoiando em dados quantitativos. Ao lado disso, ao nos determos na
observação da construção do conhecimento de cada trabalho, também
tivemos um olhar epistemológico a partir deste cenário.
Se partirmos da ideia de unidade indissolúvel entre o metodológico e o
epistemológico, ou seja, entre a produção e elaboração do
conhecimento e as diversas formas deste conhecimento, veremos
que a investigação qualitativa não se define instrumentalmente, mas
epistemologicamente, apoiada no processo de construção do
conhecimento. (HOLANDA, 2006, p. 364)

85
Os critérios indiretos foram importantes pois a partir deles pudemos observar
características dos trabalhos que estavam implícitas ou expressas de forma
subjetiva. Com o olhar treinado pela experiencia em pesquisa no assunto,
conseguimos fazer tais aproximações. A análise dos trabalhos sob a ótica dessa
critérios indiretos em sua multiplicidade de aspectos podem parecer, a princípio,
complexa. Todavia Morin (2000) nos informa que
[...] complexus significa o que foi tecido junto; de fato, há complexidade
quando elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do todo
(como o econômico, o político, o sociológico, o psicológico, o afetivo, o
mitológico), e há um tecido interdependente, interativo e inter-retroativo
entre o objeto de conhecimento e seu contexto, as partes e o todo, o
todo e as partes, as partes entre si. Por isso, a complexidade é a união
entre a unidade e a multiplicidade. (MORIN, 2000, p. 38)
Ainda sobre a potencial subjetividade dos critérios indiretos, na construção do
conhecimento, González Rey (2002) em seus estudos sobre subjetividade,
afirma que os indicadores vistos pelo pesquisador durante seu processo de
pesquisa são
[...] elementos que adquirem significação graças à interpretação do
pesquisador, ou seja, sua significação não é acessível de forma direta
à experiência, nem aparece em sistema de correlação. [...] O indicador
só se constrói sobre a base de informação implícita e indireta, pois não
determina nenhuma conclusão do pesquisador em relação ao
estudado; representa só um momento hipotético no processo de
produção da informação (GONZÁLEZ REY, 2002, p.112).

Em nosso estudo anterior (SAWADA et al 2018), elaboramos uma metodologia


e uma classificação temática própria a partir das características observadas em
cada trabalho. Todos apresentavam similaridades em vários aspectos,
especialmente no que diz respeito (i) a cada tema, (ii) estratégia e (iii) tipo de
atividade desenvolvida, identificados a partir dos perfis dos trabalhos. Para a
segunda questão norteadora aplicamos a mesma metodologia nos produtos da
PGEBS, inserindo algumas novas características. Assim, adaptamos e
ampliamos a matriz de temas, estratégias e tipos de atividades, desenvolvida no
trabalho anterior (SAWADA 2014, SAWADA et al. 2018) como mostra o Quadro
3.

86
As identificações de cada trabalho nestas categorias se deram a partir da leitura
dos resumos recuperados nas bases de dados consultadas. Classificamos o
material coletado de forma sistemática e quantitativa.
Para Minayo,
“os procedimentos levam a relacionar estruturas semânticas
(significantes) com estruturas sociológicas (significados) dos
enunciados e a articular a superfície dos enunciados dos textos com
os fatores que determinam suas características” (MINAYO, 2008).

87
Quadro 3: Característica identificadas nas Teses e Dissertações e usadas para a classificação
Característica Tipo de característica Subdivisão
Artes Visuais E1= Histórias em Quadrinhos
E7=Imagens (Cinema/Vídeo/Fotografia/ WEB)
E3=Teatro/Poesia
Artes Cênicas e E5= Palhaçaria
Dança E6=Música
Estratégias / E8=Contação de Histórias/Roda de Conversa
Linguagens Artes Plásticas E2=Artes Plásticas/Belas Artes
E4=Artesanato
Atividades Lúdicas E10=Atividades Lúdicas não especificadas
E9=Teoria
Teorias E11=Encontros Científicos
AC1 - Biologia - geral e ambiental
AC2 - Saúde
Áreas do AC3 - História/ História da Ciência
Area da CAPES Conhecimento AC4 - Artes
AC5 – Educação/Ensino
AC6 – Interdisciplinar/ Todas as categorias integradas
Te1=Fiocruz/Manguinhos
Te3=Evolução
Temas de Ciência Te4=Natureza/Ecologia
Te5=Biologia geral
Te6=Física/Química
Te2=Reciclagem
Te7=Saúde/Doença/Infecção
Tema Temas de Saúde Te8=Cidadania/Vulnerabilidade
Te9=Mulher/Gênero
Te12=Nutrição
Te13=Arte/História
Temas de Arte/
Te11=Literatura/Leitura
Humanidades
Te10=Ficção Científica
TA1 - Comunicação / Palestra
Comunicação / Aula
TA2 - Visitas Guiadas a determinados espaços
TA3 - Jogos / Jogos Eletrônicos
Dinâmica
Tipo de Atividade TA4 - Dinâmica / Oficina
TA5 – Exposição (pesquisa e montagem)
TA6 - Sítios na Web (pesquisa e criação)
Pesquisa / Criação
TA7 - Levantamento de Dados (pesquisa em áreas
diversas – dentro e fora da web)
CC1 - Observar
CC2 - Evocar Imagens/ Imaginar
CC3 - Abstrair
CC4 - Reconhecer padrões
CC5 – Formar padrões
13 Categorias
CC6 – Estabelecer analogias
Cognitiva descritas
Campo cognitivo CC7 – Pensar com o corpo
pelo casal Root-
trabalhado CC8 – Ter empatia
Bernstein
CC9 – Pensar de modo dimensional
CC10 – Criar modelos
CC11 - Brincar
CC12 - Transformar
CC13 - Sintetizar

88
Para todas as questões norteadoras aplicamos também a visualização gráfica
de histogramas de frequência expressando uma estatística descritiva dos
resultados encontrados. Finalmente, para a questão norteadora 3, além da
categorização temática estruturada segundo o Quadro 3, aplicamos também a
metodologia de nuvens de palavras (VASCONCELLOS-SILVA et al 2013) para
identificar os termos emergentes majoritariamente a partir de nuvens geradas
com as palavras-chave, com os títulos e com os resumos dos trabalhos
identificados na linha de Ciência e Arte. Usamos o quantitativo de, no máximo,
150 palavras por cada nuvem elaborada. Para Vasconcellos & Sawada (2018),
as nuvens de palavras podem

suplementar à análise de conteúdo, oferecer distanciamento suficiente


ao escrutínio isento conjugado ao envolvimento do pesquisador com
proferimentos que, na perspectiva das metanarrativas, configurariam
discursos e novos sentidos. Teriam a oferecer quadros conceituais
úteis à síntese, sistematização e compreensão enriquecida de um
conjunto de ideias que poderiam subsidiar proposições.
(VASCONCELLOS e SAWADA, 2018, p. 5)

Finalmente, para a quarta questão norteadora, analisamos o perfil de autores de


teses e dissertações estudadas pela sua inserção profissional declarada na
Plataforma Lattes, quanto à idade, sexo, nível de atuação em 2021 relativas aos
segmentos do Ensino.

4. Quantificando os dados levantados pela metodologia aplicada: o cenário


ganha a força dos números

4.1. Quais são as teses e dissertações produzidas no PPG-EBS


em/sobre/com e que se enquadram no espectro Ciência e Arte de 2005 a
2020?

Iniciamos por dimensionar os produção acadêmica do PPG-EBS em suas quatro


grandes linhas de pesquisa. Na Figura 1, observamos a distribuição dos 272
trabalhos dos egressos do PPG-EBS nas suas 4 linhas de pesquisa atuais,
considerando as autodeclarações, revisando as antigas linhas de pesquisa

89
segundo sua alteração para a configuração do Programa em 2020. Na linha de
pesquisa em Ciência e Arte identificamos um total de 23 em 272 (8%) trabalhos.

Figura 1: Distribuição dos trabalhos dos 272 egressos do PPG-EBS nas suas 4 linhas de pesquisa
atuais, considerando as autodeclarações. Fonte: Relatórios anuais do PPG-EBS/ Plataforma Sucupira e
Secretaria Acadêmica do IOC

No entanto, seguindo a questão norteadora 1 e a classificação com uma visão


ampliada da linha de pesquisa em Ciência e Arte, adotando-se ao menos 2
critérios de inclusão previstos, identificamos mais 67 trabalhos (24,64%) que
podem ser caracterizados como em/sobre/com Ciência e Arte, totalizando 90
trabalhos, listados nominalmente no Anexo 1. A partir desta identificação,
passamos a fazer todas as demais análises com dois subgrupos: os 23
autodeclarados na linha de pesquisa em Ciência e Arte e os 67 identificados por
nós como também aderentes à essa linha em função dos critérios ampliados
utilizados, totalizando o corpus de análise do trabalho com 90 teses e
dissertações entre as 272 teses e dissertações do PPG-EBS (33%).
O estudo das estratégias e linguagens artísticas utilizadas nos trabalhos para
caracterizá-los como pertencentes ao campo de Ciência e Arte gerou os
resultados mostrados na Tabela 1 e na Figura 2.

90
Tabela 1: Número de trabalhos adotando as estratégias/linguagens artísticas identificadas
Linha Ciência Linha Total
e Arte ampliada (100%)
E1= Histórias em Quadrinhos 0 5 (100%) 5
E7= Imagens (Cinema/Vídeo/Fotografia/ WEB) 7 10 (59%) 17
E3=Teatro/Poesia 3 2 (40%) 5
E5= Palhaçaria 1 0 1
E6=Música 4 1 (25%) 5
E8=Contação de Histórias/Rodas de Conversa 6 11 (65%) 17
E2=Artes Plásticas/Belas Artes 2 4 (65%) 6
E4=Artesanato 1 1 2
E10=Atividades Lúdicas não especificadas 14 50 (78%) 64
E9=Teoria 15 43 (74%) 58
E11=Encontros Científicos 2 7 (78%) 9

Figura 2: estratégias e linguagens artísticas identificadas nas Teses e Dissertações do PPG-EBS


no espectro Ciência e Arte.

Música, palhaçaria, teatro e poesia foram as linguagens mais claramente


autodeclaradas como pertencentes à linha de Ciência e Arte, enquanto todas as
demais linguagens apareceram frequentemente em trabalhos tanto
autodeclarados como incluídos no espectro, na linha ampliada, de Ciência e Arte.
Estes resultados confirmaram que os 63 trabalhos incluídos na linha ampliada
de Ciência e Arte de fato utilizavam linguagens artísticas em suas concepções e
propostas.
Do ponto de vista das Áreas de Conhecimento da CAPES em que os 90
trabalhos foram classificados pela sua maios aderência temática, também

91
verificamos distribuição similar nos autodeclarados Ciência e Arte e nos
classificados no espectro Ciência e Arte (Figura 3), ambos com trabalhos em
todas as seis áreas identificadas, sendo Educação, Biologia e Saúde as mais
frequentemente representadas, como esperado num Programa de Ensino em
Biociências e Saúde.

Figura 3: Áreas do Conhecimento de Concentração CAPES identificadas nas Teses e


Dissertações do PPG-EBS em/com/sobre Ciência e Arte.

Finalmente, para confirmar se todos os 90 trabalhos apresentavam


características que permitiriam a percepção de exercício de uma ou mais das 13
categorias cognitivas que são frequentemente encontradas nos processos
criativos de artistas e cientistas (ROOT-BERNSTEIN e ROOT-BERNSTEIN,
1999), verificamos que, com exceção de três categorias (brincar, criar modelos
e pensar com o corpo), as demais 10 categorias estavam majoritariamente
aparentes nos dois grupos estudados (Figura 4), com destaque para seis:
observar, reconhecer e formar padrões, estabelecer analogias, transformar e
sintetizar. Esses resultados também confirmaram que a classificação dos 67
trabalhos não autodeclarados na linha de ciência e arte, mas classificados no
espectro ciência e arte, segundo os critérios de inclusão utilizados, podiam ser
assim considerados.

92
Sintetizar 23
67
Transformar 23
63
Brincar 13
31
Criar modelos 22
61
Pensar de modo dimensional 16
54
Ter empatia 16
36
Pensar com o corpo 12
18
Estabelecer analogias 23
65
Formar padrões 23
66
Reconhecer padrões 23
66
Abstrair 23
59
Evocar Imagens - imaginar 21
60
Observar 23
67
0 10 20 30 40 50 60 70 80
23 trab. na Linha de Pesq Ciência e Arte 67 trab. no espectro Ciência e Arte

Figura 4: 13 categorias cognitivas identificadas nas propostas de Teses e Dissertações do PPG-


EBS em/com/sobre Ciência e Arte.

4.2. Como analisar os trabalhos que pudessem estar no espectro Ciência e


Arte em sua intensidade de termos e expressões, tornando-os passíveis de
serem categorizados como sendo do campo de pesquisa em questão?

Uma vez definidos os 90 trabalhos no espectro Ciência e Arte, no qual estão


incluídos os 23 trabalhos autodeclarados como pertencentes a linha de pesquisa
em Ciência e Arte, passamos a adotar seus títulos, palavras-chave e resumos
como unidades de análise para a abordagem qualitativa de categorização
temática (FONTOURA, 2011) e para a visualização de palavras mais frequentes,
utilizando a abordagem qualiquantitativa de nuvem de palavras. A análise deste
conteúdo através das nuvens de palavras possibilitou reconhecer contextos e
conexões entre as categorias que selecionamos para este estudo (BARDIN,
2001; VASCONCELLOS e SAWADA, 2018), que aparecem no Figura 5.

93
Figura 5: Nuvens de palavras de títulos, palavras-chave e resumos dos 90 trabalhos identificados,
mostrados à esquerda para os 67 trabalhos da linha de ciência e arte (espectro Ciência e Arte) e à direita
para os autodeclarados na linha de Ciência e Arte.

Observando as nuvens de palavras geradas por : (i) palavras-chave dos 23


trabalhos originalmente pertencentes a linha de pesquisa Ciência e Arte;
(ii) palavras-chave dos 67 trabalhos selecionados no espectro Ciência e Arte –;
(iii) títulos dos 23 trabalhos originalmente na linha de pesquisa Ciência e Arte;
(iv) resumos dos 67 trabalhos, e (v) resumos dos 23 trabalhos auto declarados
na linha de pesquisa Ciência e Arte, notamos a frequência dos mesmos termos,

94
tais como ensino, educação, alunos, ciência, arte, saúde, cinema, música,
aprendizagem, Chagas, social, cinema, pesquisa, oficinas e atividades. Essas
imagens qualitativas que expressam frequências quantitativas nos mostram a
relevância temática dos assuntos nos itens analisados, o que nos permitiu fazer
a inferência das expressões similares em trabalhos de linhas de pesquisa
diferentes (BARDIN, 2011).
Outras características identificadas no corpus da pesquisa (90 teses e
dissertações) também puderam ser descritas: dos 90 trabalhos no espectro
Ciência e Arte, os 23 autodeclarados na linha de pesquisa (Figura 6) e mais 31
(Figura 6), num total de 54 trabalhos, apresentavam produtos educacionais para
aplicação, indicando o potencial de natureza translacional desta linha de
pesquisa: da investigação básica à aplicação em ensino/educação. Abaixo, as
nuvens de palavras feitas com a descrição desses produtos educacionais,
incluindo a palavra oficina pois seu uso se enquadra na descrição básica das
atividades e tem grande destaque neste quadro de análise:

Figura 6 – Nuvem de Palavras com 23 trabalhos autodeclarados que apresentavam produtos


educacionais dentro dos 90 trabalhos selecionados no espectro Ciência e Arte

95
Figura 7 – Nuvem de Palavras com 31 trabalhos que apresentavam produtos educacionais dentro dos 90
trabalhos selecionados no espectro Ciência e Arte

As nuvens das Figuras 6 e 7 demonstram que atividades que envolvem aspectos


de arte, bem como aquelas que denotam características pertinentes à
abordagem em Ciência e Arte são presença comum nas diversas propostas
educativas dos trabalhos, representando a apropriação de Ciência e Arte pelos
autores. Essa apropriação se deve grandemente ao contato com o assunto
durante a pós-graduação e com o que os próprios alunos já carregavam em suas
bagagens educativas e culturais. Ostrower (2007), nos informa a respeito “não
há como a inspiração possa ocorrer desvinculada de uma elaboração já em
curso, de um engajamento constante e total, embora talvez não consciente”.

4.3. Que temas são abordados nas teses e dissertações produzidas no


PPG-EBS no espectro Ciência e Arte de 2005 a 2020?

Além das classificações em estratégia / linguagens, áreas de conhecimento e


categorias cognitivas, mostradas respectivamente nas Figuras 1 a 4, os 90
trabalhos selecionados foram classificados segundo o Tema / Assunto
Trabalhado e o Tipo de Atividade proposta/desenvolvida, como previsto no
Quadro 3. Cada trabalho selecionado teve uma ou mais classificações dentro de
cada categoria prevista, o que expressa sua interdisciplinaridade, característica

96
comum ao espectro Ciência e Arte. A Figura 7 mostra a diversidade temática
dos trabalhos em Ciência e Arte, e a Tabela 2 ordena os temas somados.

Figura 8 – Temas dos 90 trabalhos selecionados no espectro Ciência e Arte

Tabela 2: Número de trabalhos adotando os temas/assuntos identificados


Linha Ciência Linha ampliada Total
e Arte (100%)
Te5=Biologia geral 8 36 44
Te7=Saúde/Doença/Infecção 14 28 42
Te8=Cidadania/Vulnerabilidade 8 13 21
Te11=Literatura/Leitura 5 15 20
Te6=Física/Química 1 15 16
Te13=Arte/História 6 9 15
Te4=Natureza/Ecologia 2 12 14
Te1=Fiocruz/Manguinhos 10 3 13
Te9=Mulher/Gênero 3 3 6
Te10=Ficção Científica 5 1 6
Te12=Nutrição 1 2 3
Te3=Evolução 0 2 2
Te2=Reciclagem 0 2 2

Aos temas de biologia geral e saúde são majoritários, seguidos por


cidadania/vulnerabilidade, e literatura/leitura, todos com mais de 20 trabalhos
entre os 90 estudados.

97
Para completar as análises sobre o escopo dos 90 trabalhos estudados,
analisamos o tipo de atividade realizada/proposta nas diferentes teses e
dissertações em ciência e Arte, detectando com maior frequência levantamento
de dados, dinâmicas e oficinas de trabalho, seguidas por jogos, sítios web,
palestras e exposições.

Figura 9 – Tipos de atividades realizadas e/ou propostas nos 90 trabalhos selecionados no espectro
Ciência e Arte produzidos no PPG-EBS.

4.4. Quem são os autores, agora “alumni”, dessas teses e dissertações no


espectro Ciência e Arte e como se aplicam ao Ensino essas teses e
dissertações no espectro Ciência e Arte?

A coleta detalhada de dados pessoais nos permitiu traçar o perfil pessoal e


profissional dos egressos. As características dos autores e autoras dos 90
trabalhos estudados estão mostradas na Tabela 3.
Tabela 3: Número de trabalhos adotando os temas/assuntos identificados
Linha Ciência Linha Total
e Arte ampliada n=90
Sexo feminino 14 48 62
Sexo masculino 9 19 28
Idade: 29 a 39 anos 3 22 25
Idade: 40 a 50 anos 10 24 34
Idade: 51 a 61 anos 8 15 23
Idade: 62 a 81 anos 2 6 8
Nível de Atuação no Ensino 1- Superior 21 46 67
Nível de Atuação no Ensino 2- Ensino Médio 8 44 52
Nível de Atuação no Ensino 3- Educação Profissional/ Técnica 4 7 11
Nível de Atuação no Ensino 4- Ensino Fundamental 5 26 31
Nível de Atuação no Ensino 5- Educação Infantil 0 4 4

98
Observamos que o sexo feminino foi predominante sendo 68% dos autores do
total dos 90 autores e trabalhos selecionados. Os discentes do sexo masculino
produziram um terço dos 90 trabalhos.
Quanto a faixa etária, muito embora nosso levantamento tenha sido feito em
2021, percebemos que em grande maioria, os discentes estavam com idade
mediana, o que nos suscita uma série des questões sobre a formação de cada
um e que pode ser objetivo de estudo em próximos trabalhos.
O nível de atuação dos alumni nos mostra a procura de profissionais inseridos
no nível médio, em suas formações bem como aqueles que desenvolvem suas
atividades no nível superior. A formação acadêmica para um professor se torna
fundamental quando o coloca diante de um novo campo a ser explorado em
conhecimento e pesquisa, em uma troca fértil no processo ensino/aprendizagem
dele mesmo, professor. Nas palavras de Ens (2006),

[...] algumas das maneiras de se articular ensino e pesquisa [...]


possibilitam, ao futuro educador, construir e transformar a sua prática
pedagógica, tanto nos anos iniciais de profissionalização docente
como durante sua vida profissional e no processo de formação
continuada (Ens 2006, p. 14)
O MEC considera que

[...] além da formação em nível superior na área de atuação, é


desejável que os professores aprofundem seus conhecimentos por
meio de cursos de pós-graduação. Ao passar por esses cursos,
sejam eles stricto sensu ou lato sensu, os professores são expostos
a metodologias científicas, aprofundam seus conhecimentos,
ampliam seu olhar com relação à sala de aula e, consequentemente,
têm maior propensão a estimular o raciocínio científico em seus
alunos (Brasil. MEC, 2011, p. 93).

Dados como estes abordados nos quadros acima nos serve para a
categorização do banco de dados, com um perfil de quem é o alumni e em que
cenário ele se enquadra, ao procedermos a uma análise maior do cenário de
egressos e suas inserções. Uma abordagem quantitativa nos permite uma
aproximação com o objeto a ser avaliado e pode ser utilizada como um ponto de

99
partida para a avaliação nos programas ou sistemas (TANAKA e MELO, 2001).
O uso, em especial aqui, de uma abordagem mista de análise, quali e
quantitativa nos permitiu a identificação de um cenário e a compreensão da
importância do aprofundamento deste estudo.
Os estudos com métodos mistos podem proporcionar pesquisas de
grande relevância desde que os pesquisadores saibam identificar com
clareza as potencialidades e as limitações no momento de aplicar os
métodos em questão, considerando a natureza do objeto de estudo no
seu planejamento de pesquisa. (SANTOS et al, 2017, p.8)

1. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho cumprimos com os dois objetivos previstos. Em primeiro lugar,
confirmamos que Ciência e Arte é realmente um campo em formação, detectável
tanto pela declaração explícita de seus autores à essa linha de pesquisa, como
pela natureza dos trabalhos realizados em outras linhas do programa de pós-
graduação estudado, cujas dissertações e teses apresentam um perfil de
linguagens e estratégias, bem como de uso de categorias cognitivas que
permitem sua categorização no espectro Ciência e Arte, conceito que queremos
propor como fruto desta investigação. Em segundo lugar percebemos novas
concepções no campo de pesquisa em Ciência e Arte, que se aplica a uma
enorme diversidade de temas e a todos os níveis de ensino, e se mostra bastante
relevante no PPG estudado, contribuindo com 90 dos 272 trabalhos realizados,
33%, ou um terço de todas as produções do Programa em seus primeiros 18
anos de operação.
Essas considerações foram possíveis pela escolha de uso da abordagem
multireferenciada, a partir da leitura inicial dos resumos das teses e dissertações
a serem trabalhadas e que visavam inserir a Ciência como parte da Cultura
(REIS et al, 2006, MARKO e PATACA, 2019), como uma de suas manifestações
mais expressivas na configuração da contemporaneidade do assunto em
questão, Ciência e Arte. Partimos do pressuposto que os processos de criação
humana podem ganhar em riqueza e alcance metodológico se mergulharem na
complexidade de caminhos que se entrecruzam, iluminando-se a partir da
adoção de outras linguagens que possam veicular de modo inovador, conteúdo
específico à história ou à produção atual de distintos campos de saber.

100
Realizamos uma leitura dos resumos de cada produto acadêmico e observamos
o uso de recursos imaginativos da Arte, especialmente nas atividades ligadas ao
campo da investigação científica, que estimulavam criatividade nas analogias e
inferências. Indiretamente também desenvolvemos uma metodologia de análise
dos egressos, alumni, a partir do conteúdo expresso no resumo de seus
trabalhos finais, associando componentes quantitativos e qualitativos obtidos na
leitura com aplicação de análise clássica de conteúdo por categorização
semântica e associação a uma mineração do texto e formação de nuvens de
palavras. A nuvem de palavras dá a dimensão da diversidade semântica
encontrada no resumo, e as palavras mais expressas se sobressaem e podem
inclusive ser confrontadas com as palavras chaves dos trabalhos.
O poliglotismo cultural, habilidade de lidar e trabalhar com diversas culturas
(RICAURTE QUIJANO, 2014, p.35) e a inter e/ou transdisciplinaridade
observada nos trabalhos selecionados, permitiu observar que a ênfase no
conceitual e no imagético, e possibilitou trafegar entre Ciência e Arte, sob o arco
comum de questões pertinentes a nossa época e ao momento vivido quando da
elaboração dos trabalhos. Nicolescu (1999) nos explica que
A interdisciplinaridade tem uma ambição diferente daquela da
pluridisciplinaridade. Ela diz respeito à transferência de métodos de
uma disciplina para outra.... a interdisciplinaridade chega a contribuir
para o big-bang disciplinar.
A transdisciplinaridade como o prefixo “trans” indica, diz respeito àquilo
que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes
disciplinas e além de qualquer disciplina. Seu objetivo é a
compreensão do mundo presente para o qual um dos imperativos é a
unidade do conhecimento.
[...] a transdisciplinaridade se interessa pela dinâmica gerada pela ação
de vários níveis de Realidade ao mesmo tempo. [...] Embora a
transdisciplinaridade não seja uma nova disciplina, nem uma nova
hiperdisciplina, alimenta-se da pesquisa disciplinar que, por sua vez, é
iluminada de maneira nova e fecunda pelo conhecimento
transdisciplinar. Neste sentido, as pesquisas disciplinares e
transdisciplinares não são antagonistas, mas complementares.
(NICOLESCU 1999, p. 16)

101
Os trabalhos analisados no espectro Ciência e Arte produzidos no PPG-
EBS/IOC traduzem a construção deste novo campo que mobiliza diferentes
saberes e práticas de ensino. As práticas transdisciplinares que articulam
diferentes campos podem gerar novas tecnologias sociais e muitas podem se
transformar em políticas públicas. Buscamos o desenvolvimento de um quadro
conceitual que permita o aprofundamento teórico e possibilite
o diálogo entre os saberes respeitando a especificidade de cada
campo, pois dialogar implica em ouvir e respeitar o outro, aprender com
ele. Nossa proposta de conciliar arte e ciência vai ao encontro desta
necessidade de buscar novos rumos na educação e na formação
profissional, a partir da criação de instrumentos teóricos e estratégias
pedagógicas que facilitem e potencializem o aprendizado de ciências.
A aproximação com o campo da arte parece ser uma boa alternativa,
pois ela amplia a criatividade e a percepção e enriquece o ensino das
ciências. (Ferreira, 2010, p. 263)

A partir do balizamento das 13 categorias cognitivas propostas por Michèle e


Robert Root-Bernstein na obra “Centelha de Gênios” (1999), surgiram
indagações acerca dos modos e dos referencias através dos quais as teses e
dissertações se desenvolveram: o imagético, o lógico, o analógico, o objetivo e
o subjetivo, quer na Ciência, quer na Arte.
Neste trabalho, percebemos o aporte Ciência e Arte mesmo quando seus
autores não tinham a real dimensão desse conhecimento e abrangência. Não
nos restringimos somente a processos quantitativos para mensurar eficiência,
eficácia e efetividade. A articulação multireferenciada de abordagens quali e
quantitativas se mostrou útil para estudos de alumni, suas produções e sua
inserção profissional. Uma perspectiva concreta que se apresenta como
desdobramento é a análise do componente formativo em Ciência e Arte,
realizado neste PPG, que possivelmente influenciou para que tantos outros
trabalhos pudessem ser caracterizados como em/com/sobre Ciência e Arte
apesar de não se autodeclararem vinculados à essa linha de pesquisa. Outra
perspectiva é investigar se os autores continuaram a trabalhar com a abordagem
Ciência e Arte depois da obtenção de sua titulação, tema que pode ser abordado
pela análise continuada de seus currículos acadêmicos após a titulação.

102
2. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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carriers of hepatitis C. Interact J Med Res. 2013;2(2): e12.

ANEXO 1: Lista de publicações em Ciência e Arte consideradas no corpus do trabalho


* DO= Doutorado; MA= Mestrado Acadêmico; MP= Mestrado Profissional.

Título Ano de Autor/Autora Nível Estratégia/


defesa (*) Linguagem
Os objetos e os ambientes físicos para a
Saúde: Um olhar com Ciência e Arte sobre DO
2008 Elio Grossman E9, E10
os Laboratórios do Instituto Oswaldo Cruz -
Fiocruz
Identificação de oportunidades de
adequação epistemológica e didática de
Maura Ventura
professores de Ciências em experiências 2008 DO E10, E11
Chinelli
educativas não-formais: O caso dos museus
e centros de Ciências.
Produção e avaliação de estratégias Sonia Maria
educacionais para o treinamento de 2008 Ferraz Medeiros DO
E9, E10
profissionais de saúde de diferentes
categorias Neves
A literatura infantil na contextualização da Claudia Maria
parasitologia para a educação em saúde de 2008 Antunes Uchôa DO E10
crianças pequenas Souto Maior
A Arte da Palhaçaria como Proposta de
Marcus Vinícius
Tecnologia Social Para o Sistema Único de 2009 DO E5
Campos
Saúde
Arquitetura docente no curso de pedagogia:
dialogando em ciência e arte nas práticas de Gianine Maria De DO
2009 E9
formação em estágio supervisionado e Souza Pierro
museus
Reflexões sobre o Ensino de Anatomia
Marco Aurélio De
Humana: Subsídios para pensar sobre 2009 DO E9
Azambuja Montes
propostas de ensino aprendizagem
Desenvolvimento e avaliação de software
Antonio Augusto
para ensino de ciências: a farmacologia 2011 DO E7
Fidalgo Neto
como modelo de interdisciplinaridade.
Integrando a percepção de estudantes à
Thelma Lopes E3, E8, E10,
criação de peça teatral: uma alternativa de 2012 DO
Carlos Gardair E11
educação científica em diálogo com as artes.
Estudo das Convergências em Pesquisa e
Denise Figueira E8, E9, E10,
Ensino de Ciência e Arte a partir da análise 2012 DO
De Oliveira E11
Documental e Metodológica.
Marcelo Diniz
O uso da música popular brasileira como
2014 Monteiro De DO E6, E9, E10
estratégia para o ensino de ciências.
Barros
Sobre as Invisibilidades: a cientista em
Lêda Glicério
filmes de comédia utilizados no ensino de 2015 DO E7, E9, E10
Mendonça
Deontologia e Ética Farmacêutica
Ações Pedagógicas para a Educação Elienae Genesia
Ambiental: ampliando o espaço da ação 2015 DO E9, E10
Corrêa Pereira
docente.
Mediadores de centros e museus de ciência
brasileiros: quem são esses atores-chave na 2016 Chrystian Carletti DO E8, E9
mediação entre a ciência e o público?
O Ensino do Genoma Mediano por Filmes de Juliana Macedo
Ficção Científica em Escolas Públicas do 2017 Lacerda DO E7, E8, E9
Estado do Rio de Janeiro Nascimento
Prospecção de Materiais Educativos
Danielle Barros
Impressos sobre Saúde no Instituto Oswaldo 2017 E9
Silva Fortuna
Cruz e Desenvolvimento de Metodologia DO

106
para Avaliação de Materiais Através de
Oficinas Criativas de Fanzines e Quadrinhos
Diversidade Sexual, Escola e Família: 2017 Roberta Ribeiro
DO E9
contribuições para as práticas de ensino De Cicco
História em Quadrinhos no Ensino de Ana Paula Sodré
Química como Estratégia Didática para 2017 DO E1, E9, E10
Da Silva Estevão
abordagem do Tema "Lixo Eletrônico"
O Cinema de Ficção Científica para além
das Fronteiras Disciplinares: construindo Cilmar Santos De DO
2018 E7, E9, E10
saberes interconectados em práticas Castro
docentes
Da Piracema à Festa do Mandim: uma Italva Miranda Da DO
estratégia local para atender a parte 2018 E9, E10
Silva
diversificada do currículo do ensino médio
Interculturalidade e formação profissional de Alcilene Oliveira
Agentes Indígenas de Saúde a partir de 2018 DO E9
Alves
experiência do Alto Purus
Física em quadrinhos: uma metodologia de Eduardo Oliveira
utilização de quadrinhos para o ensino de 2018 DO E1, E9, E10
Ribeiro De Souza
física
Contribuições das imagens estroboscópicas Marco Adriano
e da videoanálise para a alfabetização 2018 DO E9, E10
Dias
científica.
A construção colaborativa da Proposta de
Ensino “Cidadania Ambiental em Cenas” DO E7, E8, E10
com temas socioambientais contextualizados Madalena De
2019
em filmes de Ficção Científica Mello E Silva
Jogo “Infectando”: uma abordagem lúdica e
Felipe Do Espírito E9, E10
contextualizada para o ensino de doenças 2019 DO
Santo Silva Pires
negligenciadas
Ciências Sob Tendas transformando a Gustavo Henrique
extensão em pesquisa: análise sobre a 2020 Varela Saturnino DO E9, E10
exposição, o mediador e o público Alves
Formação continuada de professores: 2005 Simone Pinheiro MA E10
analisando uma prática pedagógica a partir Pinto
de uma oficina de Astronomia
Biociências, computação e educação: O MA
cinema de ficção científica como instrumento Cilmar Santos De
2006 E7
de produção de conexões e Castro
questionamentos.
Oficinas teatrais: Estratégias educativas para MA
Denise Figueira
o diagnóstico de concepção e problemas 2006 E3
De Oliveira
sobre a prevenção da Dengue
O meio ambiente a partir da Arte de MA
Solange De E2
Krajcberg: Perspectivas educacionais em 2006
Souza Vergnano
Ciência e Arte
Estudo das concepções de alunos do ensino MA
Izabel Cristina
médio sobre o tema Dengue e elaboração 2006 E10
Nunes De Araújo
de estratégias educativas
Educação em meio ambiente e saúde: Um Maria De Lourdes MA
estudo sobre concepções e práticas no 2006 E9
Teixeira Barros
primeiro segmento do ensino fundamental
Participação de alunos de ensino médio em Cristiane MA
eventos científicos: Caso da RAIC/Bienal de 2006 E11
Nogueira Braga
Pequisa 2004 na Fiocruz
Saber sobre a vida: Conduzindo a 2006 Rafael Croitoru MA
E7
multiplicação da cidadania sobre rodas Azamor
O ABC na educação científica mão na Sandra Maria MA
massa: construindo uma proposta de 2006 Gomes de E9, E10
avaliação educacional com base em
pesquisa sobre a implementação do projeto Azevedo
Ateliê da Saúde: Experiência de Praxiterapia Márcia Franco Da MA
2006 E2, E4, E6,
com usuários do Instituto de Pesquisa
Silva E8, E10
Clínica Evandro Chagas - IPEC

107
Educação não-formal e a prevenção da MA
esquistossomose: A exposição de 2006 Andreia Alves E2, E9, E10,
malacologia do Museu Arqueológico de Soares E11
Central, Bahia
Antenas ligadas para preservar a Andrea Ribeiro MA
biodiversidade: Concepções alternativas no 2006 E2, E10
Dos Santos
ensino de Ciências
Modelos celulares no Ensino em Biologia: 2006 Leonaldo De MA
E10
Ensaio, avaliação e aplicação Oliveira Costa
Ciências e quadrinhos: Explorando as 2006 Cláudia Rosa MA E1, E10
potencialidades das histórias como materiais Lúcio Kamel
instrucionais'
Aplicação e avaliação de uma história em 2006 Rocio Karina MA E1, E8, E10
quadrinhos (HQ) para o ensino e a Saavedra Acero
divulgação de hanseníase nas escolas Cabello
Prevenção de esquistossomose no contexto 2006 Tatiana MA E8, E9, E10
escola: Avaliação de um jogo educativo Figueiredo de
(Sumidouro, RJ) Oliveira
A ciência e o cientista através da janela Silvania De Paula MA E3, E7, E9
mágica: Estudo de caso com o filme “Sonhos 2007 Souza Dos
Tropicais". Santos
Enfoque de ciência - tecnologia - sociedade MA
em mostra de projetos temáticos de alunos Rosangela Aquino
2007 E9, E11
do ensino técnico: resgate da memória Da Rosa
mediado por fotografia
Biologia interdisciplinar: avaliação do MA
ambiente multimídia como facilitador do
Fernanda Serpa
processo interdisciplinar de ensino 2007 E7
Cardoso
aprendizagem usando o tema proteínas
como modelo
Do lúdico ao científico: construção e MA
avaliação de módulos experimentais de Grazielle
2007 E10
óptica em museus de ciências e em Rodrigues Pereira
ambientes escolares
Metodologia participativa para a construção Cristiane Pereira MA
de recursos lúdicos e ensino sobre água e 2007 E10, E11
Ferreira
saúde
2007 Ana Cristina MA
“Vinte minutos para pensar ciências”' E7, E10
Parente Cruz
Interdisciplinaridade e meio ambiente: 2008 Taís Conceição MA
E9
caminhos que se cruzam Dos Santos
"A percepção infantil das questões 2008 Chrystian Carletti MA E2, E8, E9,
relacionadas à teoria da evolução: um E10, E11
estudo com
Cooperação ou Competição? Análise de MA
Leandra Marques
uma Estratégia Lúdica de Ensino de Biologia 2009 E10
Chaves Melim
para o Ensino Médio e o Ensino Superior
Jogos Educativos No Instituto Oswaldo Cruz: MA
Thiago Brum
Levantamento E análise Descritiva (1991- 2009 E9, E10
Teixeira
2007)
Quem Tecla? Pesquisa Exploratória Sobre O Ana Maria MA
2009 E7
Público Do Museu Virtual Invivo Meirelles Palma
Praça de Ciência Itinerante: avaliando 12 2010 Oneida Enne MA
E9, E10
anos de experiência
A visão de estudantes sobre drogas: Mariana Adade MA
Subsídios para ações orientadas pela 2012 Pampolha Da E8, E9, E10
redução de danos. Silva
O meio ambiente por alunos do ensino MA
fundamental, sua relação com o conteúdo de
Bianca Della
websites e a influência de atividades 2013 E9, E10
Líbera Da Silva
escolares baseadas na educação ambiental
crítica
Corpo, Sexualidade, Gênero e as Mediações Bartira Dos Reis MA
2013 E9
Culturais em revistas femininas juvenis: Rocha Cezar

108
possibilidades de uso para o ensino não-
formal.
Juliana Macedo MA
Conceito de Mutação Biológica: influências e 2013 Lacerda E9, E10
potencialidades no Ensino de Ciências.
Nascimento
Jogando água”: explorando as Elaine Cristina MA
potencialidades do jogo como material 2013 E9, E10
Pereira Costa
paradidático.
A disciplina de Ciência e Arte no IOC e a Anunciata Cristina MA
criatividade dos egressos através do estudo 2014 Marins Braz E9
de seus trabalhos finais. Sawada
Anna Elisa MA
Gênero, Ciência e TV: Representações dos
2014 Figueiredo E9
Cientistas no Jornal Nacional e no Fantástico
Pedreira
Física em quadrinhos: uma abordagem de 2014 Eduardo Oliveira MA
E1, E9, E10
ensino Ribeiro De Souza
O Sapo virou Príncipe: construção do Isabella De MA
conhecimento sobre a classe Amphibia a 2014 Oliveira Neves E9, E10
partir de contos infantis e sua importância no
ensino de ciências. Cabral
Elaboração e Avaliação de uma Atividade 2014 Georgianna Silva MA
E10
Didática Lúdica sobre Perfis Nutricionais. Dos Santos
Inovações Educacionais para o MA
Desenvolvimento do Tema de Doenças 2014 Felipe Do Espírito
E9, E10
Negligenciadas no Ensino Médio com Jogos Santo Silva Pires
e Oficinas Dialógicas.
Divulgação científica na internet: um estudo Mariana Rocha MA
de caso da Ciência Hoje das crianças on- 2015 E9, E10
Amarante Corrêa
line.
Seleção de textos históricos para a Maria Jose MA
abordagem de conceitos de evolução 2016 E9
Blondel Enrione
biológica para o ensino médio
Avaliação de estratégias cooperativas de Cássio Gomes MA
ensino a partir de um jogo de tabuleiro que 2016 E9, E10
Rosse
aborda as causas da obesidade
Ciência, Música e Ambiente: Experiências e MA
Giovanna Salazar
estratégias transdisciplinares no ensino 2018
Mousinho Bergo
básico integral modelo GEO E6, E9, E10
Desvendando o sangue com arte: Taiana Lílian MA
construção e avaliação da arte-instalação de 2018 E9, E10
Costa De Oliveira
uma artéria gigante num museu de ciências
"O Despertar de uma Paixão": o uso de um MA
filme pode contribuir no ensino da cólera e 2018 Daniela Frey E7, E9, E10
da teoria da evolução?
O corpo e suas Representações no Acervo Alessandra MA
Complementar do Programa Nacional do 2019 Moreira Pacheco E9
Livro Didático De Moraes
O processo criativo dos desenhistas de MA
Sergio Amarante
humor à luz das treze categorias cognitivas
2019 De Almeida E9, E10
de Robert Root-Bernstein & Michelle Root-
Magalhaes
Bernstein
O cinema como modalidade didática de MA
Maria Da Penha
educação alimentar e nutricional no 2019 E7, E9, E10
Martins Vido
Programa de educação de jovens e adultos
Vivendo com Chagas: Registro de histórias Fernanda MA
de vida e atividades de educação não formal 2019 Santana Pereira E8, E9, E10
com portadores de doença de Chagas Silva
As possibilidades do saber popular sobre MA
plantas para o ensino crítico de botânica: o 2019 Thiago Jose
E9, E11
que revela a pesquisa em eventos Jesus Rebello
acadêmicos?
Oficina Interativa Baseada na Educação Rayanne Maria MA
Ambiental Crítica no Museu Espaço Ciência 2019 E10
Jesus Da Costa
Viva do Rio de Janeiro

109
A classificação biológica nas salas de aula - 2019 Larissa Mattos MA E3, E8, E9,
modelo para um jogo didático Feijo E10
Registro acadêmico e visual do curso MA
"Falamos de Chagas com Cienciarte": Marcelo De E2, E4, E6,
2020
fortalecimento da mobilização social e da Oliveira Mendes E8, E10
cidadania.
A Música na Promoção da Saúde: um MA
diálogo entre performances musicais, a
Victor Ramos
metodologia da pesquisa baseada em arte e 2020 E6, E10
Strattner
a proposta de Oficinas Dialógicas de
Linguagem Musical.
Ação educativa em tuberculose envolvendo Andrea Da Silva MA
crianças e adolescentes com a forma ativa e 2020 E7, E8, E10
Santos
latente da doença e seus cuidadores
Identidade Masculina e o Cuidado à Saúde MA
entre Jovens: problematizações e reflexões 2020 Juan Da Cunha E7, E8, E9,
a partir do documentário “The Mask You Live Silva E10
In”
Equilíbrio ou Centro de Gravidade? Uma 2020 Sofia Castro MA
E8, E9, E10
proposta para alunos com deficiência visual Hallais
Uso De Cinema E Teatro: Desenvolvimento
De Roteiros De Estratégias De Ensino De Lêda Glicério
2010 MP E3, E7, E10
Boas Práticas De Fabricação Na Graduação Mendonça
Em Química
O tema “animais peçonhentos”: proposta de 2010 Juliana Meira MP
E9, E10
atividade lúdica no ensino de ciências. Diniz
Educação ambiental numa abordagem Mauro Benetti MP
interdisciplinar a partir da reutilização de 2010 E9, E10
Mallet
embalagens cartonadas longa.
crianças do Rio de Janeiro, Brasil " 2010 Leandro Layter MP E7, E9, E10
Xavier
Modelos de células interativos: facilitadores MP
na compreensão das estruturas celulares e Renata
no processo de inclusão de indivíduos com 2011 Guimarães E10
necessidades educacionais especiais Dümpel
visuais.
Elaboração de uma ferramenta lúdica sobre 2011 Viviane Abreu de MP E10
o tema dengue utilizando linguagem Andrade
computacional
Imunostase - Uma atividade lúdica para o 2012 Leandro de MP E8, E9, E10
ensino de Imunologia. Oliveira Costa
* DO= Doutorado; MA= Mestrado Acadêmico; MP= Mestrado Profissional.

110
Capítulo 4
Outras experiências de
formação na Área de Ensino
analisadas com abordagem
multireferenciada
O uso da abordagem multireferenciada para o estudo do campo Ciência
e Arte nos estimulou a aplicá-la em outros estudos relativos a publicações e
avaliações de Programas de Pós-Graduação. A colaboração na pesquisa do
INCT-Ensino relativamente aos objetivos de avaliação de processos formativos,
possibilitou o acesso a outras bases de dados similares à que geramos no
Capítulo 3, porém com outras finalidades. Assim, este capítulo teve três
objetivos, todos aplicando a abordagem multireferenciada:
f) Analisar a experiência do curso de Especialização em Ciência, Arte e
Cultura na Saúde do IOC-Fiocruz;
g) Analisar o histórico, situação e perspectivas dos cursos de doutorado
da Area de Ensino;
h) Analisar as experiências das Redes ativas na Area de Ensino:
REAMEC e Prof-EPT.
Estes 3 objetivos foram alcançados com a publicação de:
4.1. Ciência, Arte e Cultura na Saúde
https://www.revistas.udesc.br/index.php/arteinclusao/article/view/9853
4.2. Os doutorados na área de Ensino da CAPES: histórico, situação e
perspectivas
Capítulo 1 no livro: Ensino de Ciências e Matemática: o legado da
pesquisa em 10 anos de Doutorado
https://www.amazon.com.br/Ensino-Ci%C3%AAncias-Matem%C3%A1tica-
Pesquisa-Doutorado/dp/8546214026
4.3. Mestrado e doutorado em rede: a experiência na Área de Ensino com
as redes REAMEC e Prof-EPT
https://ojs.ifes.edu.br/index.php/ept/article/view/364

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Capítulo 5
Discussão

Iniciamos o projeto de doutorado, em 2017, buscando identificar as produções


acadêmicas de um novo campo que vinha nos instigando e nos envolvendo que
é o campo transdisciplinar CienciArte, no encontro de métodos e práticas das
diversas Ciências com métodos e práticas das diversas Artes. Mas percebemos
que realizar tal estudo seria muito mais do que um levantamento estatístico.
Tratava-se de um estudo mais complexo, no qual convergem e atuam dados e
componentes de diferentes escopos, que necessitavam de abordagem com
olhares sobre aspectos diversos e em várias dimensões, de maneira o mais
integral possível.
O conhecimento especializado é importante, mas muitas vezes pode restringir
horizontes se não for capaz de dar espaços e reconhecer novos padrões e
linguagens. Todavia, associações podem se originar no conhecimento pessoal
ou disciplinar, e assim, estudiosos e pesquisadores podem ver outras disciplinas
a partir de sua própria perspectiva. Tendo ciência e arte sempre em mente,
podemos chegar a uma terceira perspectiva para trazer à tona novos aspectos
e ilações.
Para Muller et al (2020),
a formação de um terceiro olhar a partir de ciência e arte, pode
fomentar um pensamento colaborativo no encontro de diferentes
perspectivas epistêmicas e domínios de estudo. O desafio é manter um
espaço aberto de diálogo entre os modos de pensamento científico e
artístico, em um ambiente que apoie as duas vias, superando assim
aspectos que se constituem em defesa contra o desconhecido ou o
novo.

Nesta pesquisa quisemos analisar teses e dissertações em Ciência e Arte dos


alumni de Pós-Graduações na área Ensino, e para isso fizemos um primeiro
recorte na produção da Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde –
IOC – Fiocruz, do qual somos igualmente alumni. Buscamos os processos
criativos nos trabalhos finais destes alumni. Buscamos os referenciais teóricos e
177
práticos para embasar a pesquisa, analisando cada perfil pessoal dos autores
destes trabalhos. Através das propostas em seus resumos, palavras-chaves e
autodeclarações no campo de estudo, tentamos perceber as inserções e
potencialidades da linha de pesquisa em Ciência e Arte. A pesquisa abriu
caminho para sua ampliação no futuro, ao pensar sobre a inserção profissional
e social e quais são as experiências docentes desses alumni - o que estão
fazendo, onde estão trabalhando, que meios e materiais didáticos utilizam. Mais:
deu continuidade a uma proposta de metodologia para uma análise da
abrangência do campo de pesquisa em Ciência e Arte em teses e dissertações,
a partir da experiencia na Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde –
IOC – Fiocruz.
No artigo sobre conexões em Ciência e Arte citamos que
O conhecimento é uma construção social que envolve diferentes
culturas - arte e ciência, o saber especulativo da filosofia, visões de
mundo muitas vezes divergentes, interesses e conflitos de classe,
relações de poder, crença, diferentes formas de coleta de informação
e inúmeros interesses políticos, econômicos, militares, posições
ideológicas, epistêmicas, envolvendo também o contexto social,
momento histórico e os conflitos acadêmicos e institucionais. As
divergências entre saberes disciplinares e propostas inter ou
transdisciplinares fazem parte desse cenário. Pensar a produção de
um conhecimento que articula arte e ciência significa navegar por este
mar de questões que se alinham em busca de respostas. (SAWADA
ET AL, 2017, p....)

Captar os conteúdos das produções dos egressos em suas teses e dissertações,


nos permitiria analisar se a contribuição na construção de conhecimento aparece
nos trabalhos finais. Poderíamos então perceber que mudanças ocorreram (ou
não) e avaliar a própria Área de Ensino, em si. Para tal, seria importante utilizar
a análise de conteúdo de Bardin, entre outros autores reconhecidos neste
campo, para buscar indicadores quali e quantitativos que permitam a inferência
de conhecimentos relativos às condições de produção / recepção nas
mensagens contidas nessas produções. Nos contatos com pesquisadores e
professores da Área percebemos uma grande demanda de dados mais acurados
sobre os resultados da formação de alunos nas pós-graduações e tal percepção
nos levou à necessidade de analisar os caminhos que foram sendo traçados.

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Os referenciais teóricos pesquisados nos deram a fundamentação necessária
para o desenvolvimento de uma base analítica dos trabalhos selecionados em
cada artigo mediante o cenário encontrado, bem como nos ajudou a desenvolver
ferramentas que permitiram essa análise. Essas ferramentas permitiram
descrever os pontos mais importantes de forma objetiva, sistemática e qualitativa
dos conteúdos presentes, de modo a categorizá-los e interpretá-los. Segundo
Minayo,
do ponto de vista operacional, a análise de conteúdo parte de uma
leitura de primeiro plano das falas, depoimentos e documentos, para
atingir um nível mais profundo, ultrapassando os sentidos manifestos
no material. Para isso, geralmente, todos os procedimentos levam a
relacionar estruturas semânticas (significantes) com estruturas
sociológicas (significados) dos enunciados e a articular a superfície dos
enunciados dos textos com os fatores que determinam suas
características: variáveis psicossociais, contexto cultural e processo de
produção de mensagem (Minayo, 2008).

Com nosso levantamento conseguimos compor uma base de dados que tornava
a pesquisa viável: reconhecemos quais eram os itens principais de discussão,
que tipo de abordagens utilizaríamos para cada análise e tentamos mapear os
embasamentos teóricos para tal.
Essa experiencia nos mostrou a enorme possibilidade de aplicações em diversas
pós-graduações e bases de dador nas quais estejam depositados materiais com
as mesmas características.
Fizemos busca no banco de dissertações e teses do portal capes, na plataforma
sucupira e em bases de dados que identificamos, para coletar teses e
dissertações muitas vezes dispersas pelas alterações sucessivas nas bases de
dados. Algumas vezes passamos por perda de dados. Os artigos procuraram
refletir cada característica especial das temáticas abordadas através do
levantamento desses dados levantados.
Procedemos a leitura de todos os resumos das teses e trabalhos, especialmente
com um olhar mais específico sobre os 90 trabalhos identificados como
aderentes e inseridos no espectro Ciência e Arte. Quando usamos o termo
“espectro Ciência e Arte” queremos nos referir a alguma coisa que designa, de
maneira mais geral, variadas e diferentes aspectos, formas e características que

179
se enquadram no campo de pesquisa, por estarem relacionadas com
manifestações e ou pontos importantes da construção acadêmica e do potencial
reconhecimento de seu perfil enquanto uma produção da área.
Uma etapa decisiva do estudo foi a escolha e definição dos critérios de inclusão
e exclusão: O que é Ciência e Arte? Como identificar suas características nas
272 publicações? Partindo do obvio, a autodeclaração quanto à identidade à
essa linha de pesquisa e/ou palavras chaves, resumos, títulos contendo o termo
“ciência e arte”, nossa maior dificuldade estava nos trabalhos que não atendiam
aos critérios propostos, pois eles se constituíam em ponto importante da análise
determinante de inclusão e exclusão em Ciência e Arte. Isso nos apurar o olhar
que, ao passar para uma leitura completa do trabalho para compor um melhor
panorama do trabalho.
Muitos trabalhos foram localizados nas bases de dados BVS e Bireme, e em
grande parte não possuíam suas próprias palavras-chave. Optamos por não usar
descritores dos produtos que estão nestas plataformas pois estes descritores
não eram dados fornecidos pelos autores, mas pelo próprio sistema das bases
que classifica os trabalhos quando ali são incluídos.
Elaboramos uma planilha onde foram colocados todos os dados que pudessem
auxiliar no futuro em um estudo de egressos e um possível acompanhamento
dos desdobramentos desse produto derivada da Pós-graduação. Todavia, nem
todas as colunas foram usadas como um item de análise, somente as que se
relacionavam diretamente às características escolhidas.
A abordagem das características implícitas de Ciência e Arte nas teses e
dissertações determinou que, ao longo dos anos, fosse acontecendo uma
ampliação de trabalhos com abordagens onde a criatividade e a ludicidade se
tornaram importantes. Este detalhe denota a importância e a influência do campo
de estudos e pesquisas em Ciência e Arte como um campo promissor no auxílio
à formação e ao desenvolvimento de educadores e suas práticas em sala de
aula.
Quando buscamos sistematizar a metodologia multireferenciada utilizada no
trabalho de mestrado (SAWADA, 2014) e publicada nos dois primeiros artigos
desta tese (Capítulo 1), percebemos que poderia ser mais útil do que apenas
para estudar o campo Ciência e Arte. Associar abordagens qualitativas como a
análise documental, a categorização temática e a elaboração de nuvens de
180
palavras com abordagens quantitativas como a estatística descritiva e a
distribuição de frequências, e até mesmo o georreferenciamento e o
mapeamento geográfico, criaria boas oportunidades de análises dos diferentes
recortes que nos interessaram com prioridades: o curso de especialização em
Ciência, Cultura e Arte na Saúde, os doutorados da Area de Ensino, e as Redes
de cooperação institucional que permitiram viabilizar uma intensa formação de
doutores em Ensino de Ciências e Matemática na Amazônia pelas universidades
públicas da região, e de mestres em Educação Profissional e Tecnológica pelos
Institutos Federais em todo o Brasil. Por um momento, chegamos a pensar em
fazer um estudo mais amplo de todos os egressos da Area de Ensino, mas os
recortes viabilizaram esse estudo.
Um ponto importante a se destacar na diferença dessa abordagem para as já
utilizadas em revisões integrativas está no fato de que as revisões também usam
definição de repositórios, de critérios de seleção (inclusão e exclusão) e buscam
reunir os resultados dos trabalhos para tirar conclusões sobre um determinado
tema. No caso buscamos ver um campo de investigação, e não um tema
específico a ser investigado. A reunião de características e de manifestações no
espectro Ciência e Arte, nos permitiu ir além do que a classificação acadêmica
entendia como sendo do campo de pesquisa, permitindo que desta forma
pudéssemos contribuir para melhor definir Ciência e Arte.
Conseguimos empreender uma significativa análise quantitativa e qualitativa de
diversos perfis de cursos de pós-graduação na área de Ensino suas estruturas
e resultados, através do levantamento de seu acervo documental a partir do que
consideramos suas fontes primárias que são seus produtos de conclusão de
curso, teses e dissertações.
No que concerne a Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde-IOC-
Fiocruz, conseguimos coletar, classificar e sistematizar todos os trabalhos finais,
identificando categorias similares. Estabelecemos uma metodologia própria
mediante a análise a qual nos propusemos, o que permitiu constatar que foi
estabelecido um diálogo entre os dois saberes, ciência e arte, muito além do que
estava originalmente classificado pelo próprio programa.
Constatamos que as categorias cognitivas propostas por Root-Bernstein (2001)
estavam presentes e se refletiam nos trabalhos finais, o que nos permitiu
classificar os trabalhos dentro do que chamamos espectro Ciência e Arte. Ao
181
lado disso, percebemos experiencias semelhantes de Ciencia e Arte em outras
pós-graduações (dados não mostrados), o que nos permitiu avaliar a
possibilidade da aplicação da metodologia proposta em outros cursos
semelhantes.
Desta forma, acreditamos que foram amplamente atendidos e contemplados. os
objetivos que listamos no início deste trabalho, investigar a presença de pesquisa
e produção acadêmica em Ciência e Arte na Fiocruz; identificar e aperfeiçoar
metodologias que pudessem ser usadas para a avalição de produtos
acadêmicos no campo de CienciArte em busca da construção de uma
metodologia mais específica e aprimorar a metodologia de análise desenvolvida
de forma a que ela possa atender a outros campos na área de ensino.
Os movimentos de Ciência e Arte desenvolvidos inserem questões na prática
docente dos que vivenciam essas atividades, quebrando o paradigma vigente da
separação entre as duas culturas e propiciando uma reintegração, com possíveis
ganhos em termos da qualidade de ensino. Todd Siler (2011) em seu artigo “The
ArtScience Program for Realizing Human Potential”, afirma que a proposta
Ciência e Arte, citada anteriormente, pode ser aplicada em diferentes processos
de produção de conhecimento, sejam eles artísticos e/ou científicos, pois trata-
se de um método inovador que permite pensar os processos de maneira criativa
e produzir um pensamento crítico que leve à solução de problemas reais.

Perspectivas

Um ponto importante a se destacar para o futuro será a verificação de como se


deu a construção das propostas reunidas nas teses e dissertações, sejam nas
produções teóricas em si ou na elaboração de oficinas ou materiais educacionais
diversos. Tendo em vista o volume significativo de trabalhos, cremos ser
necessário futuramente a formação de um grupo focal de teses e dissertações
onde se possa aprofundar a pesquisa sobre este assunto e verificar como estão
seus autores e suas produções.
Além disso, acreditamos que estudos sobre egressos, alumni, e seus trabalhos
finais e sequenciais, poderão esclarecer se os programas de pós-graduação em
ensino no país vêm cumprindo adequadamente a função de formar formadores
para a melhoria da educação e da pesquisa e se podemos gerar indicadores de
182
que isso esteja acontecendo. No transcorrer de nossas atividades percebemos
que o processo formativo tem o potencial para ser mais bem planejado e
articulado, gerando desta forma impactos mais relevantes e significativos. A
proposta de um estudo da formação na Pós-Graduação em Ensino no Brasil –
através de um estudo dos egressos de Programas de Mestrado e Doutorado da
Área de Ensino da CAPES se apresentava como um desafio inicial e impossível
de ser enfrentado no tempo de preparação da Tese, ainda mais impactada pelos
dois anos de pandemia de COVID-19 no Brasil e no mundo. Mas esse desafio
permanece atual e pensamos que a experiência adquirida com o estudo do
campo Ciência e Arte poderá ser transposta e adaptada para outros campos,
inclusive gerando indicadores qualiquantitativos sobre o impacto dos processos
formativos.
Com o foco ajustado a cada situação, além daquele já proposto, que era o estudo
de alumni e sua produção na conclusão do curso, aliaram-se outros fatores. A
partir do trabalho por nós desenvolvido no mestrado, formamos alguns grupos
de pesquisa e estudo com alunos em diversos níveis em nosso laboratório, o
LITEB – Laboratório de Inovações em terapias, Ensino e Bioprodutos. Estes
grupos tinham perfis diversos, mas sempre girando em torno de Ciência não só
pela história e tradição, já que o laboratório é o berço da pesquisa em Ciência e
Arte como pelo fato de que as pesquisas e as produções desses alunos estavam
diretamente ligadas ao campo de pesquisa. Isso está fartamente descrito em
textos por nós produzidos e que compõem o corpo desta pesquisa.
Ao lado disso, ao assumirmos a coordenação adjunta da Pós-graduação Lato
Sensu Ciência, Arte e Cultura na Saúde, ampliamos nosso olhar para uma série
de práticas que até então não era conhecida do meio acadêmico pois os alunos
do Lato sensu, em sua maioria, almejam ir para um curso de mestrado e poucos
trazem à luz, suas produções. Retomamos contato com pesquisadores de outros
países, tais como França, Japão e Estados Unidos, e com estudiosos no campo
de pesquisa, através dos encontros denominados Lasers Talks, da revista
Leonardo, publicação destinada a divulgação e pesquisa em Ciencia e Arte, do
Massachusetts Institute of Technology.
Olhando para o conjunto do caminho construído, começamos a perceber que o
nosso objeto de estudo durante o Mestrado, desde 2012, tinha uma abrangência
muito maior do que imaginávamos e que acabava por se converter em um campo
183
de estudos fértil, onde muitas áreas acadêmicas se inseriam com produções
facilmente identificáveis como sendo em Ciência e Arte. No entanto, essas
produções acadêmicas não se auto reconheciam como tal e era necessário
desenvolver uma metodologia própria para tornar mais fácil esta identificação.
Elaborar revisões sistemáticas e integrativas (ERCOLE et al, 2014) sobre a
produção do campo Ciência e Arte, contribuindo mais objetivamente para o
retrato atual do estado da arte destes conhecimentos (FERREIRA, 2002) será
uma das perspectivas concretas do presente trabalho.
A metodologia estado da arte ou estado do conhecimento é definida
como de caráter bibliográfico em que são mapeadas e discutidas
produções científicas referente a mesma temática. O objetivo dessa
metodologia é: responder que aspectos e dimensões vêm sendo
destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares, de que
formas e em que condições têm sido produzidas certas dissertações
de mestrado, teses de doutorado, publicações em periódicos e
comunicações em anais de congressos e de seminários (FERREIRA,
2002, p. 257).

Portanto, ao encerrar temporariamente este estudo, concluindo o Doutorado,


acreditamos ter ainda muitos caminhos a construir, para gerar o estado da arte
da pesquisa em Ciência e Arte no Brasil, nas Áreas de Ensino, Educação, Arte
bem como no movimento ArtScience mundial.

184
6.Referências Bibliográficas
Lista completa, incluindo Capítulos 1, 5 e todos os textos dos Capítulos 2,3 e,4.

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73312011000400019&lang=pt>
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