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EXCELENTÍSSIMO SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO DA COMARCA DE


BARIRI/SP

À MÃO

Marcos Pontes, advogado devidamente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil,


seção 0000, com escritório na Rua Campos Sales, nº 10, vem, respeitosamente, à presença
Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal e
artigo 647 e seguintes do Código de Processo Penal, impetrar ordem de

HABEAS CORPUS

Em favor de Maria Alice, brasileira, solteira, vendedora, residente Rua XV de


Novembro, nº 300, cidade de Bariri/SP, contra ato ilegal de ameaça por pratica do crime de
favorecimento pessoal, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

DOS FATOS

Maria Alice mantia relações amorosas com Cláudio, que é procurado pela polícia por
tráfico de entorpecentes – é considerado pelos policiais como chefe da “boca de fumo” da
“biqueira”, onde mora Maria. A autoridade policial que investiga o envolvimento de Cláudio
com o tráfico de drogas descobriu que Maria mantém relações amorosas com o mesmo e tem a
ameaçado de prisão por prática do crime de favorecimento pessoal, pois ela não informa o
paradeiro do amante (ela alega que desconhece). Cláudio vem se escondendo da polícia há mais
de 3 (três) meses.

ARGUMENTOS JURÍDICOS

Diante dos fatos expostos que envolve ameaças de prisão com base no art. 348, CP,
por parte da autoridade policial não há base legal, pois por mais que a impetrante favoreça seu
cônjuge, o parágrafo 2º deste mesmo artigo a isenta de pena, que definitivamente não é o caso,
porque a mesma não sabe onde ele se encontra.

Art. 348, §2, CP:

“Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é
cominada pena de reclusão:
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do
criminoso, fica isento de pena.”

Com essas ameaças de prisão que são claramente incabíveis, devemos nos valer da
nossa Carta Magna que diz, em seu artigo 5º, inciso LXVIII:

"Art.5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, e a propriedade, nos termos seguintes:

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar


ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder;"

Vejamos o que Fábio Roque diz: (Direito Penal Didático – Parte Especial 2020, Pg.
1165)

“O crime ocorre quando, por exemplo, auxilia um amigo ou conhecido a fugir da


polícia, dando-lhe guarida em sua própria residência.

Se a conduta disser respeito a ascendente, descendente, cônjuge ou irmã do criminoso


haverá uma isenção de pena. Como se vê, o Estado não exige do cidadão que delate seus
familiares mais próximos.”

Com todos os fatos narrados, conclui-se que a paciente não está favorecendo Cláudio.

PEDIDO
Por todo o exposto, tendo provado a procedência de seu justo receio, requer à Vossa
Excelência, a concessão do Habeas Corpus e a expedição de salvo conduto, preservando o
direito fundamental da liberdade física da paciente, nos termos do artigo 660, §4°, do Código de
Processo Penal, sendo feitas as comunicações necessárias à ilustre autoridade coatora e à
autoridade judiciária de plantão, tudo por ser de JUSTIÇA.

Nestes termos, Pede deferimento

Bariri, 01 de junho de 2021.

Advogada

OAB

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