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2 SERVO DE DEUS, FREI DANIELE NATALE E AS TRÊS HORAS NO PURGATÓRIO

“Onde você vai, eu também vou. Onde você está, eu também estou”
Padre Pio a Frei Daniele Natale

Descansa em paz, na igreja Santa Maria delle Grazie - a igreja de Padre Pio em
San Giovanni Rotondo - os restos mortais do Servo de Deus Frei Daniele Natale. Trata-se
de um filho espiritual muito amado de Padre Pio, falecido em 6 de julho de 1994 em fama
de santidade. Mesmo trilhando o caminho da perfeição, Frei Daniele vivencia, numa
experiência preternatural, as angústias do Purgatório e oferece-se para reparar em vida
os pecados que o teriam enviado para lá. Estive pesquisando esta história muito de perto,
quando rezei sobre seu túmulo em outubro de 2018 e em setembro de 2022.

Ao adentrar na igreja de Nossa Senhora das Graças, a maior, construída quando

Padre Pio ainda estava vivo, encontramos ao lado direito um pequeno recinto junto a
imagem de bronze do santo estigmatizado. Peregrinos e fiéis param em frente a estátua
de Padre Pio para registrar em seus smartphones este momento especial, porém, muitos
não sabem que a bela sala ao lado, acolhe na terra o corpo do homem que poderá ser o
próximo santo da região do Gargano.

Nascido com nome de arcanjo, Michele Natale encontra Padre Pio pela primeira
vez aos cinco anjos de idade, em 1924. Conta-se que a notícia do santo estigmatizado
que habitava a mesma cidade de Michelino 1 ganhara a atenção da criança que insistia
aos pais para conhecer a igreja de Santa Maria das Graças. Michelino é conduzido por
seu pai, Berardino Natale, ao encontro de Padre Pio, e quando ambos se vêm, o
capuchinho estigmatizado sussurra algo no ouvido de Michele, antes de um afetuoso
abraço. Este segredo permaneceu oculto, pois o garoto nunca revelou e tampouco
lembrou das palavras de Padre Pio.

Como toda criança que cresce numa cidade do interior, Michele Natale corria e
brincava livremente com seus irmãos e amigos em San Giovanni Rotondo. Sua família ,
composta de camponeses, era católica e piedosa, deixando como exemplo a prática da
oração diária; ao levantar e ao dormir, antes e depois das refeições. Michelino frequentou
a escola, mas devido a uma doença familiar, foi obrigado a abandonar os estudos depois
1 Michelino é apelido de Michele. Traduzindo para o português, Michele é Miguel, sendo Michelino para
Miguelino ou Miguelzinho.
do terceiro ano. Auxiliava o pai e o irmão mais velho nos trabalhos do campo, mas
destacava-se como pastor, tanto que para ajudar a família passou um tempo cuidando do
rebanho de seus vizinhos. Dizem que ficava horas admirando o presépio em época
natalina e cultivava o sonho de conduzir um rebanho à Gruta do Menino Jesus.

Frequentou a catequese e recebeu a Primeira Eucaristia. Participava das missas

dominicais com disciplina, e para se aproximar cada vez mais de Jesus crucificado,
cultivava a virtude da obediência, agindo com mansidão e piedade e resguardando-se na
pureza.

Michele Natale era uma alma sensível, que percebia na natureza a partícula da
divindade. Alguns acontecimentos eram vistos por ele como um sinal, do modo que certa
vez estava a observar um pássaro que há dias voava sobre si, pousando muito próximo
de onde se encontrava. Desta contemplação, apresentou-se em sua mente a cena do
batismo de Cristo no Rio Jordão 2. O fato foi precedido por um raio de luz que pairou sobre
sua cabeça, vindo da direção do convento dos capuchinhos. Interpretou que deveria se
assemelhar a Jesus: pobre, casto e obediente. 3 Confirmou este pensamento com um
fenômeno ocorrido durante a madrugada, dias depois do episódio. Acordara com as
batidas de mãos - toc toc - sobre a cômoda que ficava posicionada junto à sua cama.
Surpreso, desperta com uma belíssima voz que o aconselha:

4
- Segue-me na Ordem de São Francisco, entre os frades capuchinhos.
Temeroso e impressionado, Michele consegue responder formulando uma pergunta:
- Eu tenho que deixar as ovelhas, meu pai e minha mãe?
- Eu te darei a minha Mamãe como a sua mãe, que também é a Mãe de sua mãe e
de todos. Será para você mãe, professora, guia e defesa. Para tudo você poderá recorrer
a ela, não aos homens. Caso contrário, você ficará desapontado. 5 Respondeu a voz.

Estas foram as experiências decisivas que colocaram Michele Natale na jornada da

religiosidade.

2 No momento em que Jesus saída da água, João viu os céus abertos e descer o Espírito em forma de pomba
sobre ele. Marcos 1,10. Bíblia Sagrada Edição de Estudos. São Paulo: Editora Ave Maria, 2020.
3 PREZIUSO, Gennaro. Fr. Daniele Natale - una delle più belle figure di frade cappuccino. Edizione Padre
Pio da Pietrelcina: San Giovanni Rotondo, 2012.
4 IBIDEN, p. 69.
5 IBIDEN, p.69.
 Ingressa ao convento em Vico de Gargano, no ano de 1933, após uma bênção
especial de Padre Pio. Junto aos colegas, no coro da igreja conventual, consagra sua vida
inteira à Virgem Maria e prenuncia convicto em seu coração a frase “só quando estiver
morto sairei do convento”.
O jovem Michele sente-se em casa no convento e mostra-se útil aos frades
estando sempre disposto a ajudar, nos trabalhos mais simples e nos mais exigentes.
Cuidava do jardim, auxiliava na cozinha, empenhava-se à limpeza do convento e da
igreja. Chamava a atenção por sua postura obediente, altruísta e generosa. Ademais,
aproveitava o tempo também para estudar o catecismo e aprofundar o conhecimento do
Evangelho. Suas características chamaram a atenção para uma nova transferência e
ingressou ao noviciado com a certeza da vocação. No tempo da admissão na Terceira
Ordem Franciscana, recebe o hábito morrendo para o mundo e suas vaidades como
Michele, e renasce como Daniel. Frei Daniel Natale, que decidiu permanecer na condição
de irmão leigo a almejar cargos sacerdotais, acreditava que a santidade se dava não pela
condição de ser tornar um padre, mas pelo esforço em querer ser santo. Professou os
votos temporários e perpétuos da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos - Pobreza,
castidade e obediência. Passou por diversos conventos, inclusive cuidando e
acompanhando Padre Pio por inúmeras vezes, o que possibilitou receber sábios
conselhos e contar com a sua poderosa intercessão. Tornou-se seu filho espiritual.
Tentou se assemelhar às virtudes do capuchinho estigmatizado e fazer da sua vida uma
perfeita imitação quanto à oração, à obediência, à castidade e à humildade. Aproximou-se
tanto às características de Padre Pio que tomou o sofrimento para si como forma de
expiação de seus pecados e pelo amor em querer salvar muitas almas.

Frei Daniele Natale trabalhava de forma exaustiva. Caminhava pela cidade

angariando fundos para a manutenção do convento, encarregando-se de que nada
faltasse para os irmãos. Com o início da Segunda Guerra Mundial, Daniele fora
encarregado de cuidar dos objetos litúrgicos e paramentos sagrados, de enterrar os
mortos e tomar conta dos feridos, lavando e desinfetando as suas chagas. Este tempo foi
tão importante que desenvolveu uma afeição pelos sofredores, inclusive no pós-guerra.
Aproveitava parte das esmolas/liras recolhidas paro o convento para beneficiar os
acamados, e outra parte guardava para seu uso pessoal. Daniel, por um breve tempo,
acostumou-se a conviver com os doentes, mas não imaginava que um calvário o
esperava.
 No início no ano de 1952, quando Daniele morava no convento de Padre Pio,
começou a sentir fortes dores abdominais. Ao primeiro exame médico foi constatado algo
muito grave e descobriram no capuchinho um tumor dos mais agressivos. Os médicos
não deram esperança para cura, mas Padre Pio foi incisivo no aconselhamento “Opera!”
"Não importa o que o médico lhe disse: faça uma cirurgia, mas em Roma nesta clínica e
por este professor.”6 Com o olhar apreensivo, recebe um afeto do santo capuchinho: “Não
temas, estarei sempre contigo”. Obedecendo seu pai espiritual, toma o trem em direção a
Roma, mas sente que não viaja sozinho, a presença de Padre Pio é Constant durante o
trajeto. Daniele é internado em Roma na clínica Regina Elena e o procedimento é
agendado para às sete horas do dia seguinte, com o doutor Riccardo Moretti. 7 O relato
impressionante começa quando Daniele já está anestesiado, permanecendo consciente e
acordado, sente cada etapa da cirurgia. Os médicos e enfermeiros não percebem o que
está acontecendo.

O texto abaixo foi extraído do site italiano amigos do frei Daniele Natale, que
oferece a biografia e informações importantes deste Servo de Deus. E é o próprio Daniele
que relata a sua experiência, contida no livro Fra Daniele raccont le sue esperienze con
Padre Pio, di Padre Remigio Fiore cappuccino – Edizioni Frati Cappuccini 2001,
mencionado no site citado - www.amicidifradaniele.it

"Os médicos começaram a cirurgia e eu ouvia tudo o que diziam;

Sofri dores atrozes, mas não reclamei, pelo contrário fiquei feliz por suportar tanta dor que
ofereci a Jesus e percebi como todos aqueles sofrimentos tornaram minha alma cada vez
mais pura dos meus pecados. A certa altura adormeci. Quando recuperei a consciência,
disseram-me que estava em coma por três dias antes de morrer. Apresentei-me diante do
trono de Deus, vi Deus, não como um juiz severo, mas como um Pai afetuoso e amoroso.
Então compreendi que o Senhor fez tudo por meu amor, que cuidou de mim do primeiro
ao último momento de minha vida, amando-me como se eu fosse a única criatura
existente nesta terra. Percebi também, porém, que não só não retribuí esse imenso amor
divino, como o negligenciei completamente. Fui condenado a duas/três horas de
purgatório. "Mas como? - perguntei-me - apenas duas / três horas? E então poderei

6 PREZIUSO, Gennaro. Fr. Daniele Natale - una delle più belle figure di frade cappuccino. Edizione Padre
Pio da Pietrelcina: San Giovanni Rotondo, p. 126, 2012.
7 Riccardo Moretti, ao que tudo indica, era um homem de pouca fé e tampouco na santidade de Padre Pio.
Realizou a cirurgia de Daniele Natale sem acreditar que o paciente sobreviveria.
https://pt.aleteia.org/2017/11/03/o-amigo-do-padre-pio-que-voltou-a-vida-apos-3-horas-no-purgatorio/
Acessado em 27 de outubro de 2022.
permanecer para sempre perto de Deus Amor eterno?". Pulei de alegria e me senti como
uma criança favorita. A visão desapareceu e eu me encontrei no purgatório. As duas/três
horas de purgatório foram-me concedidas sobretudo por não ter feito o voto de pobreza,
por ter guardado para mim aquelas poucas liras, como disse antes. Senti dores terríveis
que ninguém sabia de onde vinham, as sentia intensamente. Os sentidos que mais
ofendiam a Deus neste mundo: os olhos, a língua... sentia com dores ainda maiores, e
era algo para não acreditar porque lá embaixo no purgatório, a gente se sente como se
tivesse um corpo e conhece/reconhece os outros como acontece no mundo. Enquanto
isso, apenas alguns momentos daquelas dores haviam passado e já me parecia que era
uma eternidade. Pensei então em ir a um irmão do meu convento pedir-lhe que rezasse
por mim que estava no purgatório. Aquele irmão ficou maravilhado porque ouviu a minha
voz, mas não podia ver a minha pessoa, e perguntou: "Onde estás? por que não te
vejo?". Insisti e, vendo que não tinha outro meio de alcançá-lo, tentei tocá-lo; contudo,
meus braços cruzavam-se sem tocar. Só então percebi que estava sem corpo. Contentei-
me em insistir que ele orasse muito por mim e fui embora. "Mas como? - eu disse a mim
mesmo - não deveriam ter sido apenas duas / três horas de purgatório? ... e já passaram
trezentos anos?". Pelo menos foi o que me pareceu. De repente apareceu-me a Bem-
Aventurada Virgem Maria e implorei-lhe, implorei-lhe dizendo: "Ó Santa Virgem Maria,
mãe de Deus, obtém do Senhor a graça de eu voltar à terra para viver e agir só por amor
a Deus!”. Também tomei consciência da presença do Padre Pio e implorei-lhe: "Por suas
dores atrozes, por suas feridas abençoadas, meu Padre Pio, rogai por mim a Deus para
que me liberte dessas chamas e me permita continuar o purgatório na terra " . Então não
vi mais nada, mas percebi que o Pai estava falando com Nossa Senhora. Depois de
alguns momentos, a Santíssima Virgem apareceu-me novamente: ela era a Madonna
delle Grazie, mas sem o Menino Jesus. Ela abaixou a cabeça e sorriu para mim. Nesse
preciso momento tomei posse do meu corpo, abri os olhos e estendi os braços. Então,
com um movimento brusco, me libertei do lençol que me cobria. Eu tinha ficado satisfeito,
tinha recebido a graça! Nossa Senhora tinha me ouvido. Imediatamente depois, aqueles
que me observavam e oravam por mim, apavorados, saíram correndo do quarto para
procurar enfermeiros e médicos. Em poucos minutos, a clínica estava em turbulência.
Todos acreditaram que eu era um fantasma e resolveram fechar bem a porta e
desaparecer por um certo medo de espíritos. Na manhã seguinte, levantei-me muito cedo
e sentei-me numa poltrona. Embora a porta estivesse cuidadosamente guardada, alguns
conseguiram entrar e me pediram para explicar o que havia acontecido. Para tranquilizá-
los, eu disse que o médico de plantão estava chegando, que iria contar o que havia
acontecido. Os médicos geralmente não chegavam antes das dez horas. Naquela manhã
ainda eram sete horas e eu disse aos presentes: "Olha: o médico está chegando, agora
está estacionando o carro naquele lugar". Mas ninguém queria acreditar em mim.
Retruquei: "Agora ele está atravessando a rua, veste o paletó no braço e passa a mão na
cabeça como se estivesse preocupado, não sei o que vai ser!. Mas ninguém deu crédito
às minhas palavras. Então eu disse: para que vocês acreditem que não estou mentindo,
confirmo que agora o médico está subindo no elevador e está prestes a bater na porta.
Assim que terminei de falar, a porta se abriu e o médico entrou para grande espanto de
todos os presentes. Com lágrimas nos olhos o médico disse: "Sim, agora eu acredito: eu
acredito em Deus, eu acredito na Igreja, eu acredito em Padre Pio…". Aquele médico,
que antes não acreditava ou cuja fé era água de rasas, confessou que naquela noite não
conseguiu dormir uma piscadela pensando na minha morte, que ele havia constatado
sem se dar uma explicação. Disse que, apesar do atestado de óbito que havia feito,
voltara para perceber o que havia acontecido naquela noite que lhe causara tantos
pesadelos, porque aquele morto (que era eu) não era um morto como os outros. Na
verdade, ele não estava errado!8

Daniele recuperou-se na casa paterna e aos poucos retomou às atividades

conventuais. Fora transferido de cidade algumas vezes, e como se não bastassem as
dificuldades por conta da doença, uma série de calúnias e acusações acompanhavam-no
durante o período do convalescer. Sofria pelas consequências da radioterapia e
quimioterapia, mas o pior sofrimento era ficar distante de seu Pai espiritual. Em suas
folgas, aproveitava cada oportunidade para se fazer presente na igreja Santa Maria delle
Grazie e oferecer cuidados ao santo capuchinho. Testemunhou fenômenos místicos,
como a coroação de espinhos em Padre Pio, rezou com ele e padeceu por ele. Ficou
inconsolável com a sua morte. Prometeu trabalhar pelos Grupos de Oração de Padre Pio
espalhados por toda Itália, testificando a magnifica vida e a obra do santo estigmatizado.
Extremamente generoso e solidário, havia sempre uma palavra de conforto em seus
lábios. Não media esforços para aconselhar os carentes com uma conversa fraterna ou
conduzir muitos fiéis para a reconciliação com Deus; angariou fundos para obras
assistenciais; pregou para os descrentes e empenhou-se em ser santo.

8 http://www.amicidifradaniele.it/sito/racconto-desempio/ acessado em 28 de outubro de 2022.

 Daniele viveu por mais quarenta anos após o primeiro câncer extraído na clínica
Regina Elena, mas fora acometido por novos tumores e doenças que o enfraqueceram
significativamente. Uma via de dores, perseguições e injustiça, semelhante a trajetória de
Padre Pio, assim o Servo de Deus cumpria a sua missão com obediência e humildade,
reparando a cada dor e tormento, o seu purgatório aqui na terra.

Sobre o processo de beatificação do Servo de Deus Daniele Natale.

"Fra Daniele logo será venerável, virtudes heróicas reconhecidas. Após a
aprovação de 22 de setembro de 2018, o decreto da Congregação para as Causas dos
Santos sobre: "A validade do inquérito diocesano, realizado na Cúria eclesiástica de
Manfredonia-Vieste-San Giovanni Rotondo, sobre a vida, as virtudes e também sobre a
fama de santidade e os sinais do Servo de Deus Daniele da San Giovanni Rotondo
(também conhecido como Michele Natale), religioso professo da Ordem dos Frades
Menores Capuchinhos”, foi finalmente notificado. Isso significa que Frei Daniele logo se
tornará venerável: no mesmo documento que sanciona a notificação do decreto, de fato,
lemos que nestes dias será designado um orador da Congregação para as Causas dos
Santos que será responsável por redigir a 'Positio super virtutibus', primeira fase
diocesana da canonização que terminará com a aprovação do Papa das virtudes heróicas
9
reconhecidas ao frade capuchinho.”
Recomendamos a todos os fiéis e devotos de Padre Pio que a partir desta leitura
rezem pela beatificação e canonização do Frei Daniele Natale, para que tenhamos em
breve mais um santo amigo intercedendo por nós no Reino dos Céus.

3,3 PADRE PIO E A INTERCESSÃO PELAS ALMAS DO PURGATÓRIO

9 http://www.amicidifradaniele.it/sito/fra-daniele-sara-presto-venerabile/ acessado em 28 de outubro de

2022.
 É sempre oportuno escrever sobre Padre Pio, o primeiro sacerdote estigmatizado da Igreja
Católica. E por mais que se leia sobre a sua vida extraordinária, seus carismas e os milagres
atribuídos a sua valorosa intercessão, somos surpreendidos ao descobrir que tudo o que já
sabemos a seu respeito, ainda é pouco. Um dos carismas que Deus entregou ao Padre Pio foi o
de socorrer as almas do Purgatório. Este fora mais um dom que Deus concedeu ao Capuchinho,
de viver experiências com muitas almas, contribuindo para que alcançassem a glória dos céus
com a sua mediação. Não bastava a Deus que Padre Pio se ocupasse em confessar fiéis em
intermináveis filas, que por dias aguardavam a reconciliação com os céus por intermédio do
capuchinho; os fenômenos da bilocação; a leitura de corações; a clarividência; as obras de
caridade; a conversão em massa; os sofrimentos físicos e morais para reparação dos pecados; os
sinais da Paixão; a transverberação; a inestimável intercessão; o dom da cura; o odor de
santidade; ele ainda seria um canal de graças para a libertação de inúmeras almas do Purgatório.

Considerado o maior santo dos últimos tempos, Francesco Forgione nasce em Pietrelcina,
uma comuna italiana na região da Campania, em 25 de maio de 1887. Desde criança
exteriorizava um amor predileto por Jesus Cristo e sua Mãe Maria, preferindo brincadeiras
solitárias e a reclusão, do que estar com os meninos de sua idade. Recebeu a coroação dos dons
já na primeira infância, visto que mantinha um relacionamento muito natural com seu anjo
guardião. As idas a igreja eram frequentes, pois participava da Santa Missa diariamente com sua
mãe. Seu ingresso à vida religiosa ocorre cedo em Morcone, aos dezesseis anos, na Ordem dos
Frades Menores Capuchinhos. Professa os votos de caridade, pobreza e obediência, alterando
seu nome de nascimento para frei Pio - piedoso - recebendo a ordenação sacerdotal em 1910 na
catedral de Benevento.

Logo nos primeiros anos após a ordenação, os problemas de saúde começaram a surgir,
obrigando-o a passar por muitos conventos que tentava se estabelecer. A recuperação dava-se,
muitas vezes, no ambiente familiar, e sob os cuidados de sua mãe convalescia da doença
respiratória que o acompanhou até o fim de seus dias. E em 1916, frei Pio ingressa no Convento
de Santa Maria das Graças dos Fades Menores Capuchinhos, na cidade de San Giovanni
Rotondo, e por lá permaneceu até sua morte datada em 23 de setembro de 1968.

Beneficiado por admiráveis dons, o virtuoso Padre Pio sofreu, em consequência,

perseguições físicas e espirituais. A obra de Deus se realizava pela doação de Padre Pio que se
entregava não só em dor, humilhação e sofrimento, mas sobretudo para o incontável número de
fiéis que o procurava para obtenção de graça, conversão e auxílio.

A sua relação com as almas do purgatório dá-se pelo testemunho de Alessio Parente,
frade capuchinho que, como poucos, teve a oportunidade de servir como sacristão durante as
Missas do santo estigmatizado e passou quatro anos acompanhando pessoalmente Padre Pio no
convento de Santa Maria das Graças.