Você está na página 1de 38

Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A.

Pomilio

7. FILTROS PASSIVOS E ATIVOS

São estudadas neste capítulo estruturas de circuitos capazes de mitigar o problema de


distorção de correntes e/ou tensões em sistemas elétricos. Inicia-se com os filtros passivos,
verificando alguns aspectos de seu dimensionamento, bem como problemas de uso em sistemas com
distorção de tensão e com harmônicos não característicos.
No que se refere aos filtros ativos, toma-se como base os conversores CC-CA operando com
Modulação por Largura de Pulso, conforme estudados em capítulo anterior, aproveitando-se sua
capacidade de sintetizar correntes ou tensões de formas quaisquer, seguindo uma referência
específica. Verifica-se a aplicação de técnicas diferentes para o controle de filtros ativos trifásicos.
São vistos filtros mono e trifásicos operando com o método da síntese de cargas resistivas. Na
seqüência são analisados filtros híbridos, os quais associam filtros passivos e ativos.
Faz-se também uma breve apresentação dos aspectos relacionados aos limites de harmônicas
de tensão e de corrente estabelecidos por diferentes normas.

7.1 Norma IEEE Std. 5191

Essa Norma estadunidense é bastante abrangente, tratando basicamente dos seguintes

• Definições e notação simbólica;


assuntos:

• Normas relacionadas e referências bibliográficas;


• Geração de harmônicas;
• Características de resposta do sistema;
• Efeitos das harmônicas;
• Compensação reativa e controle de harmônicas;
• Métodos de análise; medições
• Práticas recomendadas para consumidores individuais e para concessionárias;
• Metodologias recomendadas para avaliação de novas fontes harmônicas;
• Exemplos de aplicação.

Devido à extensão desses assuntos, destacam-se apenas os limites de correntes harmônicas


para o consumidor e limites de tensões harmônicas globais para o sistema (concessionárias).

a) Distorção Harmônica
Para consumidores, a Norma 519 estabelece limites de correntes harmônicas em função do
tamanho da carga em relação ao nível de curto-circuito local.

Tabela 7.1 - Limites de distorção da corrente para consumidores

Icc/Icarga h<11 11<h<17 17<h<23 23<h<35 35<h DDT


<20 4 2 1.5 0.6 0.3 5
20-50 7 3.5 2.5 1 0.5 8
50-100 10 4.5 4 1.5 0.7 12
100-1000 12 5.5 5 2 1 15
>1000 15 7 6 2.5 1.4 20

1
IEEE Std. 519 "IEEE Recommended Practices and Requirements for Harmonic Control in Electric Power Systems".
Edition Oct. 1991.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-1
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Para essa tabela valem as seguintes definições:

Valores em % da corrente nominal. h = ordem da harmônica.


Icc = corrente de curto-circuito. DDT = distorção de demanda total= DHT/Imax.

DHT (Distorção Harmônica Total) é definida como sendo a relação de valores eficazes (de
tensões ou correntes) :


⎛ Vh ⎞
DHT = ⎜ ⎟
2
50

h=2 ⎝ V1 ⎠

onde Vh = valor eficaz da tensão de ordem harmônica h;


V1 = tensão eficaz da fundamental.

A Norma 519 recomenda para as concessionárias os seguintes limites harmônicos por níveis
de tensão:

Tabela 7.2 Limites de distorção de tensão para o sistema

Nível de tensão Máximo individual Máxima DHT


< 69kV 3% 5%
69kV - 138kV 1.5% 2.5%
> 138kV 1% 1.5%

7.2 Norma IEC 61000-3-2: Limites para emissão de harmônicas de corrente (<16 A por fase)

Esta norma2, incluindo as alterações feitas pela emenda 14, de janeiro de 2001, refere-se às
limitações das harmônicas de corrente injetadas na rede pública de alimentação. Aplica-se a
equipamentos elétricos e eletrônicos que tenham uma corrente de entrada de até 16 A por fase,
conectado a uma rede pública de baixa tensão alternada, de 50 ou 60 Hz, com tensão fase-neutro
entre 220 e 240 V. Para tensões inferiores, os limites não foram estabelecidos, pois esta norma tem
aplicação principalmente na comunidade europeia, onda as tensões fase-neutro encontra-se na faixa
especificada.
Os equipamentos são classificados em 4 classes:

Classe A: Equipamentos com alimentação trifásica equilibrada; aparelhos de uso doméstico,


excluindo os da classe D; ferramentas, exceto as portáteis; “dimmers” para lâmpadas
incandescentes; equipamentos de áudio e todos os demais não incluídos nas classes
seguintes.

Classe B: Ferramentas portáteis.

Classe C: Dispositivos de iluminação.

Classe D: Computadores pessoais, monitores de vídeo e aparelhos de televisão. A potência ativa de


entrada deve ser igual ou inferior a 600W, medida esta feita obedecendo às condições de
ensaio estabelecidas na norma (que variam de acordo com o tipo de equipamento).

2
IEC 61000-3-2 “Limits for harmonic current emissions (equipment input current ≤ 16A per phase)”. 1995.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-2
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

A inclusão apenas destes aparelhos como classe D deve-se ao fato de seu uso se dar em larga
escala e ser difundido por todo sistema. Outros equipamentos poderão ser incluídos nesta categoria
caso passem a apresentar tais características.

Tabela 7.3 - Limites para os Harmônicos de Corrente

Ordem do Harmônico Classe A Classe B Classe C Classe D


n Máxima Máxima (>25W) (>75W,
corrente [A] corrente[A] % da <600W)
fundamental [mA/W]

Harmônicas Ímpares
3 2,30 3,45 30.FP 3,4
5 1,14 1,71 10 1,9
7 0,77 1,155 7 1,0
9 0,40 0,60 5 0,5
11 0,33 0,495 3 0,35
13 0,21 0,315 3 0,296

. ⋅ 0.225 ⋅
15<n<39 15 15 3 3,85/n
015
n n
Harmônicos Pares
2 1,08 1,62 2
4 0,43 0,645
6 0,3 0,45

7.3 Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST.


Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica ANEEL (2010)

No módulo 8 do PRODIST definem-se os fenômenos, caracterizam-se os parâmetros,


estabelecem-se as amostras e o modo de medir, o processo e periodicidade de coleta de dados e envio
à ANEEL das informações relativas à qualidade da energia e de seu fornecimento.
Os aspectos considerados da qualidade do produto em regime permanente ou transitório são:
a) tensão em regime permanente;
b) fator de potência;
c) harmônicos;
d) desequilíbrio de tensão;
e) flutuação de tensão;
f) variações de tensão de curta duração;
g) variação de frequência.

Em relação à distorção harmônica, os valores de referência estão indicados na Tabela 7.4.


Estes valores servem para referência do planejamento elétrico em termos de QEE e que,
regulatoriamente, serão estabelecidos em resolução específica, após período experimental de coleta
de dados. Devem ser obedecidos também os valores das distorções harmônicas individuais indicados
na Tabela 7.5.

Tabela 7.4 – Valores de referência globais das distorções harmônicas totais


http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-3
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

(em porcentagem da tensão fundamental)

Tabela 7.5 - Níveis de referência para distorções harmônicas individuais de tensão


(em percentagem da tensão fundamental)

7.4 Filtros passivos

A solução clássica para a redução da contaminação harmônica de corrente em sistemas


elétricos é o uso de filtros sintonizados conectados em derivação no alimentador.
A estrutura típica de um filtro passivo de harmônicos de corrente é mostrada na figura 7.1. As
várias células LC série são sintonizadas nas proximidades das frequências que se deseja eliminar, o
que, via de regra, são os componentes de ordem inferior. Para as frequências mais elevadas é usado,
em geral, um simples capacitor funcionando como filtro passa-altas. A carga considerada neste
exemplo é do tipo fonte de corrente e é similar à que se obtém com o uso de um retificador
tiristorizado trifásico, alimentando uma carga indutiva, como um motor de CC.
Na frequência da rede, os diferentes filtros apresentam uma reatância capacitiva, de modo que
contribuem para a correção do fator de potência (na frequência fundamental), supondo que a carga
alimentada seja de característica indutiva.
A distribuição da capacitância total entre os diferentes ramos pode ser feita de diversas
maneiras. A ref. 3 indica que a distribuição é indiferente, não afetando o comportamento do filtro. Em
4
a indicação é que a alocação seja proporcional à corrente total que deve fluir por cada ramo, ou seja,
depende do conteúdo espectral de uma determinada carga. Esta solução tenderia a equalizar as perdas

3
D. E. Steeper and R. P. Stratford: “Reactive compensation and harmonic suppression for industrial power systems using thyristor
converters”, IEEE Trans. on Industry Applications, vol. 12, no. 3, 1976, pp.232-254.
4
J.A. Bonner and others, (1995) “Selecting ratings for capacitors and reactors in applications involving multiple single-tuned filters”,
IEEE Trans. on Power Del., Vol.10, January, pp.547-555.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-4
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

pelos capacitores. Em 5 indicam-se divisões da capacitância total em função da ordem harmônica do


ramo do filtro, cabendo uma parcela maior ao filtro de 5ª harmônica em relação aos demais. A ref. 6
no entanto, mostra que a distribuição da capacitância afeta a capacidade global do filtro, embora não
seja possível generalizar uma solução, pois os diferentes métodos produzem resultados melhores ou
piores a depender de vários fatores, como o nível de curto-circuito local, a distorção presente na
tensão ou a existência de harmônicos não característicos.
Outro aspecto relevante é que os filtros não devem ser sintonizados exatamente nas
frequências harmônicas, pois, na eventualidade de que a tensão apresente-se com distorção, poderiam
surgir componentes muito elevadas de corrente. Também para a “dessintonia” existem diferentes
indicações. A norma IEEE 1531 (IEEE Guide for Application and Specification of Harmonic Filters,
IEEE Std 1531 – 2003) 7 indica que a dessintonia deve ser feita 6% abaixo da frequência harmônica.
A ref. 3 sugere que a sintonia seja feita 5% abaixo da harmônica. Já a ref. 8 indica um deslocamento
absoluto de 18 Hz para todos os ramos.
Os filtros usados nas simulações que se seguem tiveram a capacitância total distribuída
igualmente entre os três ramos sintonizados e uma parcela menor incluída no ramo passa-altas. O
fator de qualidade de cada ramo é de 20, o que é um valor típico para indutores com núcleo
ferromagnético. Dispositivos com núcleo de ar têm fator de qualidade superior. O ramo passa-altas
possui uma resistência de amortecimento. O ramo da 5ª harmônica foi sintonizado em 290 Hz
enquanto os demais os ramos foram dessintonizados em 20 Hz abaixo da harmônica.
O alimentador apresenta um nível de curto-circuito de 20 p.u. A impedância em série com a
fonte tem um papel essencial na eficácia do filtro. Observe que se for considerada uma fonte ideal,
qualquer filtro é indiferente, posto que, por definição, a impedância de uma fonte de tensão é nula.
Ou seja, o caminho preferencial para os componentes harmônicos da corrente da carga sempre seria a
fonte.
A carga apresenta fator de deslocamento de 0,866 e fator de forma de 0,95, configurando um
fator de potência de 0,82. Dada a simetria da forma de onda, não estão presentes as componentes
pares, assim como as múltiplas de ordem três.

.1 .25m

2.15m 1.05m 440u I1


+- 20u +- -
+
I3
0.19 .13 .085

150u 150u 150u

Figura 7.1 Filtragem passiva de corrente em carga não-linear.

A figura 7.2 mostra a resposta em frequência da tensão sobre a carga. A carga, dado seu
comportamento de fonte de corrente, é considerada um circuito aberto neste teste. Nota-se que nas
ressonâncias dos filtros, dado que a impedância vai ao mínimo, tem-se uma redução da tensão. Tem-
se ainda outras três ressonâncias série que surgem da combinação entre a reatância do alimentador e
cada um dos quatro ramos do filtro. Em tais frequências observa-se uma amplificação da tensão no
PAC. Caso existam componentes espectrais de tensão nestas frequências estas serão amplificadas.

5
S.M. Peeran, Creg W.P. Cascadden, (1995) “Application, design and specification of harmonic filters for variable frequency
drives”, IEEE Trans. on IA, Vol. 31, No. 4, pp. 841-847.
6
L. S. Czarnecki and H. L. Ginn III, “The Effect of The Design Method on Efficiency of Resonant Harmonic Filters”, IEEE Trans. on
Power Delivery.
7
IEEE 1531 “IEEE Guide for Application and Specification of Harmonic Filters”, IEEE Std 1531 – 2003.
8
R.L. Almonte and A.W.Ashley, (1995) “Harmonics at the utility industrial interface: a real world example”, IEEE Trans. on IA,
Vol. 31, No. 6, Nov. Dec., pp. 1419-1426.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-5
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Figura 7.2 Ganho (em dB) de tensão do filtro, em relação à tensão da fonte CA.

Na figura 7.3 tem-se a impedância vista pela carga. Neste teste a fonte de tensão é curto-
circuitada. Em baixa frequência, pode-se esperar que a corrente flua pela rede. Nas ressonâncias do
filtro, as respectivas componentes presentes na corrente da carga fluirão pelo filtro. No entanto, nas
frequências em que a impedância se eleva, eventuais componentes presentes na corrente da carga
produzirão distorções na tensão no barramento de instalação do filtro. Assim, do ponto de vista da
carga, o que se tem são ressonâncias paralelas entre os ramos do filtro e a reatância da rede.
Assim, pode-se concluir que a presença de vários filtros numa mesma rede produz
interferências mútuas. O comportamento de cada filtro pode ser influenciado pela presença dos
outros filtros e outras cargas.

Figura 7.3 Impedância vista pela carga.

A figura 7.4 mostra o sistema simulado, com uma carga não-linear, que absorve uma corrente
retangular. A ação do filtro permite compensar o fator de deslocamento, assim como reduzir o
conteúdo harmônico da corrente da rede em relação à da carga. A DHT da corrente da carga é de
29%, enquanto na rede tem-se 15%. Os espectros destas correntes são mostrados na figura 7.5. A
redução na componente fundamental deve-se à melhoria do fator de deslocamento.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-6
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Figura 7.4 Corrente da carga e corrente na fonte com filtragem passiva.

A figura 7.6 mostra a tensão no ponto de conexão da carga e seu espectro. Observem-se os
afundamentos na tensão quando há a variação acentuada da corrente da carga. Sem os filtros, a
distorção harmônica total da tensão no ponto de conexão da carga é de 13%. Com o filtro, o
afundamento não é compensado plenamente, mas a DHT se reduz para 8%. Mesmo com a atenuação
introduzida neste ramo passa-altas tem-se alguma oscilação em torno de 3 kHz, conforme se poderia
antever pelo resultado da figura 7.2. Verifica-se assim que o uso do filtro melhora não só a corrente
como a tensão, que é, na verdade, a grandeza elétrica que é compartilhada pelos usuários.

Figura 7.5 Espectro da corrente na carga (superior) e na rede (inferior).

a) b)
Figura 7.6 Tensão no barramento da carga e seu espectro: antes da conexão do filtro (a) e depois da
conexão do filtro (b).

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-7
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

7.4.1 Efeito de componentes não característicos da carga


“Harmônicos menores” são todas componentes espectrais presentes na tensão, assim como
aquelas devidas à carga e que não possuem um ramo sintonizado no filtro passivo9. Neste exemplo
incluem-se todas componentes que não as de 5ª, 7ª e 11ª ordem.
A presença de uma distorção na tensão pode ter um efeito muito danoso, uma vez que pode
encontrar no filtro sintonizado um caminho de mínima impedância, contribuindo para o surgimento
de uma elevada corrente naquela frequência que circula entre a fonte e o filtro, e que não é
proveniente da carga. Este efeito pode sobrecarregar o filtro. A figura 7.7 mostra o efeito de uma
distorção de 3% na 7ª harmônica na tensão da fonte. Observe-se que além da distorção ser visível na
tensão sobre o filtro, que se reduz para 1%, ocorre uma amplificação na corrente da fonte, a qual
assume um valor de 16% da componente fundamental, elevando a DHT da corrente de 8% para 22%.
Uma maneira de reduzir a interação entre filtros e a rede é fazer o acoplamento dos filtros
com o barramento através de uma indutância, procurando isolar eletricamente (em alta frequência) os
diversos sistemas. Esta solução, no entanto, é custosa e aumenta as perdas e a queda de tensão para a
carga. Além disso, tal indutância deve ser incluída no cálculo dos filtros, uma vez que ela altera as
ressonâncias do sistema.

Figura 7.7 Efeito de 3% de 7ª harmônica na tensão da rede.

7.4.2 Filtragem passiva em cargas tipo fonte de tensão


Os casos estudados anteriormente consideravam cargas com comportamento de fonte de
corrente, que são típicas em situações de acionamento de máquinas, por exemplo. Por outro lado, se
consideradas as fontes de alimentação com filtro capacitivo, a tensão na entrada do retificador é
imposta pelo capacitor do lado CC durante o intervalo de tempo em que os diodos estiverem em
condução 10. Esta situação é ilustrada pela figura 7.8.

9
L. S. Czarnecki, “Effect of minor harmonics on the performance of resonant harmonic filters in distribution systems”, IEE Proc. Of
Electric Power Applications, vil 144, no. 5, Sept. 1997, pp. 349-356.
10
F. Z. Peng, G-J. Su and G. Farquharson: “A series LC filter for harmonic compensation of AC Drives”. CD-ROM of IEEE
PESC’99, Charleston, USA, June 1999.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-8
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Ii Zi Ic Ii Zi Ic Zo

Vi Zf Zo Io Vi Zf Vo

If If

Figura 7.8 Filtro passivo em derivação para cargos tipo fonte de corrente e fonte de tensão.

Da figura 7.8 pode-se verificar que a relação entre a corrente enviada à carga e a corrente da
fonte CA é dada por um divisor de corrente. Nota-se aí a conclusão já apresentada, que a eficácia da
filtragem depende da impedância da rede. Num caso ideal em que Zi for zero, não ocorreria filtragem
alguma.

=
Ii Zf
Ic Z f + Zi
(7.1)

Já no caso de uma carga com comportamento de fonte de tensão, a eficácia do filtro LC,
conectado em paralelo com a carga, pode ser expressa por:

=
Ii Zf
Vo Z o Z i + Z o Z f + Z i Z f
(7.2)

É claro que a compensação depende tanto da impedância da carga quanto da fonte. No


entanto, se Zo for nula (a carga se comporta como uma fonte de tensão ideal), o filtro conectado em
paralelo é inútil. De maneira análoga, se a impedância da rede for nula, o efeito é o mesmo.
Em tais situações torna-se mais efetivo o uso de filtros conectados em série com a
alimentação, numa associação LC paralela, de modo a bloquear a passagem das parcelas das
correntes indesejadas, como mostra a figura 7.9. Nesta figura tem-se indicado um filtro sintonizado
na terceira harmônica e outro na quinta, incluindo um resistor de amortecimento. Tal resistor, embora
reduza a eficácia de filtro da quinta harmônica, garante o amortecimento necessário para as possíveis
ressonâncias série que podem ocorrer no circuito.
Resultados de simulação de um sistema alimentando um retificador monofásico com filtro
capacitivo estão indicados nas figura 7.10 e 7.11. No primeiro caso têm-se as formas de onda da
corrente da rede com um filtro em derivação e com filtro série, como o da figura 7.9.
Nota-se que o filtro derivação não é eficaz na filtragem (a reatância da rede e da carga é 10
vezes menor que a do filtro na frequência fundamental), enquanto na conexão em série tem-se uma
efetiva melhoria na forma de onda da corrente de entrada.

Zi L3 Lf Ic Zo
Ii

C3 Cf Rf
Vi V
o

Figura 7.9. Filtro passivo tipo série.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-9
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Figura 7.10 Formas de onda da corrente de entrada com carga tipo fonte de tensão para filtro em
derivação (superior) e filtro série (inferior).

Figura 7.11 Espectro da corrente de entrada para as correntes mostradas na figura anterior.

7.5 Filtros Ativos

A realização de um filtro ativo de potência utiliza a capacidade de um conversor CC-CA


produzir uma tensão ou corrente alternada com qualquer forma de onda. Obviamente tal capacidade
de síntese é limitada em termos de frequência a um valor de aproximadamente 1/10 da frequência de
comutação, admitindo-se ainda a existência de um filtro de saída que minimize a penetração de
componentes de alta frequência na rede elétrica.
A função dos inversores é fazer com que se produza uma corrente ou tensão que siga uma
dada referência, a qual está relacionada com as componentes da corrente (ou tensão) que se quer
compensar.
São possíveis implementações de filtros série ou filtros em derivação.

7.5.1 Filtro série


Neste caso, em geral, o objetivo é o de minimizar a distorção da tensão de alimentação de
uma carga, corrigindo as eventuais componentes harmônicas presentes na tensão da rede local. A
tensão produzida pelo filtro é de alguns porcento da tensão nominal da rede, enquanto a corrente que
o percorre é a própria corrente da carga. A figura 7.12 mostra um circuito de filtro série monofásico.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-10
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Rede
Referência
Tensão distorcida
Erro
PWM

D2 T2 D1 T1

Filtro
passa- Tensão de
Vs baixas compensação
Vcc

Tensão senoidal

D4 T4 D3 T3
Carga

Figura 7.12 Filtro série monofásico para compensação de tensão.

Na figura 7.13 tem-se uma forma de onda distorcida, por efeito da carga (“notches”) e pela
presença de distorção na rede (3% de 5ª harmônica). A atuação do filtro (iniciada no instante 50ms)
cancela o efeito da distorção harmônica e minimiza o afundamento da tensão, embora não o consiga
eliminar. A rede e a carga são as mesmas utilizadas nos exemplos dos filtros passivos em derivação.

Figura 7.13 Formas de onda na tensão sobre a carga e da tensão produzida pelo filtro série
(a partir de 50ms).

7.5.2 Filtro em derivação (shunt)


O objetivo de um filtro em derivação (“shunt”) é o de minimizar a distorção da corrente que
flui pela rede elétrica, conforme mostra a figura 7.14. O filtro deve ser capaz de injetar uma corrente
que, somada à corrente da carga, produza uma corrente “limpa” na rede. Na sequência deste capítulo
serão discutidos diferentes métodos para obter este comportamento. Note-se que o conversor CC-CA,
por não alterar a potência ativa pela rede, não necessita de uma fonte de potência no barramento CC.
A estabilização desta tensão pode ser feita contando apenas com um indutor (no caso de inversor tipo
fonte de corrente) ou um capacitor (para um inversor fonte de tensão).

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-11
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Rede
Rede Referência
Referência “senoidal)
(senóide) Corrente a
Erro
ser corrigida
PWM

PWM
D2 T2 D1 T1

Filtro
ir
passa-
Vs
if Vcc baixas
Filtro
Passivo
Icc Passa-baixas

ic
D4 T4 D3 T3
Carga
Carga

Figura 7.14 Filtros ativos tipo derivação, monofásicos.

A figura 7.15 mostra uma simulação de um filtro monofásico. A oscilação que se observa na
corrente da rede deve-se à presença do filtro de alta frequência colocado na saída do inversor e que
tem como função minimizar a injeção de componentes de alta frequência na rede.
10 5

0 0

10 5
10 15 20 25 30 10 15 20 25 30
t(ms) t(ms)

Figura 7.15 Filtragem ativa de corrente de carga não linear.

7.5.3 Local de instalação do filtro


A tabela 7.1 mostra o efeito da compensação da distorção harmônica da corrente produzida
por cargas não-lineares. Considera-se o uso de filtros ativos mono e trifásicos, assim como de pré-
conversores de fator de potência (PFC), que serão tratados em capítulo posterior. Um PFC tem como
propriedade fazer com que a corrente absorvida por qualquer aparelho apresente-se com elevado
fator de potência, ou seja, tenha baixa distorção harmônica.
Toma-se como exemplo uma instalação de 60kVA na qual há cargas lineares e não lineares
distribuídas em diferentes fases da rede e ambientes, como ilustram as figuras 7.16, 7.17 e 7.18 11.
Se a compensação é realizada em cada carga, por toda a rede circulará corrente senoidal e no
mínimo valor necessário para o fornecimento da potência ativa requisitada. Isto minimiza as perdas,
como se nota na tabela 7.1.

11
Fabiana Pöttker de Souza: “Correção de fator de potência de instalações de baixa potência empregando filtros ativos” Tese de doutorado,
UFSC, 2000.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-12
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Vs
zs is PCC

io io io io

if if if if

1φ 1φ 1φ 1φ
PFC PFC PFC PFC

io io io
io
if if if
if

1φ 1φ 1φ
PFC PFC PFC


PFC
io io io io

if if if if

1φ 1φ
PFC PFC
1φ 1φ
PFC PFC

Figura 7.16 Correção do fator de potência em cada carga individual.

Uma solução alternativa é a de fazer a compensação de um grupo de cargas, utilizando um


filtro ativo (monofásico, no exemplo). Nesta situação a corrente pela rede será senoidal após o filtro,
restando distorcida deste ponto até as cargas. A redução nas perdas é parcial, como se vê na tabela
7.1
Vs
zs is PCC

is is is is
1 2 3 4
1φ 1φ 1φ 1φ
APF APF APF APF
if io if io if io if
total 1 total 3 io
total 2 total 4

Figura 7.17 Correção do fator de potência por conjunto de cargas usando filtro ativo monofásico.

Uma compensação no secundário do transformador que alimenta toda a instalação permite


que a corrente no secundário seja corrigida. No entanto, a partir deste ponto a corrente por toda a
instalação continua distorcida, de modo que praticamente não ocorre redução das perdas, conforme
se nota na tabela 7.7.
A colocação de um filtro neste ponto se justificaria pelo aspecto de eventuais penalizações da
concessionária em virtude da elevada distorção da corrente ou da tensão no ponto de acoplamento
deste consumidor com a rede.
Vs
zs is PCC io
total

i
f

APF

Figura 7.18 Correção do fator de potência do total de cargas usando filtro ativo trifásico.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-13
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Tabela 7.6. Impacto da localização do dispositivo para correção do fator de potência na redução das
perdas 12.
Local de instalação Entrada do Saída do Conjunto Equipmentos
transformador transformador de cargas

Perdas totais sem 8148 8148 8148 8148


compensação (W)

Perdas totais com 8125 5378 4666 3346


compensação (W)

% de perdas depois da 13.54 8.96 7.78 5.58


compensação

Redução das perdas para 23 2770 3482 4802


uma carga de 60kVA (W)

% da redução das perdas/ 0.04 4.62 5.8 8.0


60kVA

Redução de custos 10 1213 1523 2101


(US$/ano)

7.6 Considerações sobre as teorias de potência e o método de compensação


No enfoque da aplicação de um filtro ativo, ou seja, quando se buscam medidas de variáveis
elétricas para identificar componentes nas correntes (ou tensões) que devam ser compensadas, deve-
se levar em conta qual o objetivo da compensação.
Os métodos de medida de potência que são baseados no domínio da frequência ou que apenas
tratem com valores médios (e não instantâneos) não possibilitam a identificação de grandezas
temporais, de modo que não se aplicam no caso de compensação de componentes harmônicas.
Consideremos, por exemplo, um alternador automotivo tipicamente produz uma tensão de
saída não senoidal (quase trapezoidal). A absorção de uma corrente com a mesma forma de onda
fornece um fator de potência unitário (simula uma carga resistiva), no entanto leva a um torque
pulsante no gerador. Por outro lado, a síntese de correntes como as obtidas com a aplicação da teoria
da potência instantânea, ao conduzirem à compensação de todas componentes da potência, exceto a
potência média, significam um torque constante para o alternador, o que, claramente, melhora sua
condição mecânica de funcionamento.
Pode-se considerar, alternativamente, que o objetivo da filtragem da corrente seja obter uma
forma de onda que siga a forma da tensão, ou seja, que o conjunto carga + filtro represente uma
carga resistiva, maximizando o fator de potência. Isso equivale a minimizar a corrente eficaz
absorvida da fonte, mantida a potência ativa da carga.
Outra possibilidade seria a de sintetizar uma corrente senoidal, mesmo na presença de
distorções na tensão. Este método apresenta alguns inconvenientes que são discutidos a seguir.
Caso o sistema apresente uma tensão senoidal e nenhuma não-linearidade, ambos os métodos
seriam idênticos. Como normalmente o sistema de alimentação apresenta distorções e a tensão nunca
é perfeitamente senoidal, sempre existirão elementos harmônicos capazes de excitar ressonâncias. Os
elementos que introduzem amortecimento no sistema são, essencialmente, as cargas, uma vez que as
perdas próprias das linhas e transformadores são baixas. Assim, um sistema sem carga tende a ver
amplificadas as possíveis ressonâncias presentes.
Quando um filtro ativo leva à absorção apenas de uma corrente senoidal, isto significa que a
rede vê uma carga aberta para as outras frequências, ou seja, a carga deixa de atuar como fator de
amortecimento para as eventuais ressonâncias do sistema.

12
T. Key and J-S Lai: “Costs and benefits of harmonic current reduction for switch-mode power supplies in a commercial office building”,
Proc. of IAS annual meeting, 1995, pp. 1101-1108.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-14
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Além disso, essa corrente senoidal absorvida não minimiza a corrente eficaz e,
conseqüentemente, não maximiza o fator de potência.
A defesa desta última técnica é feita com o argumento de que a absorção de correntes
senoidais melhoraria a forma da tensão da rede, mas isto nem sempre é verdade.
É bastante comum a presença de capacitores em uma rede de distribuição de energia, no lado
de baixa tensão, para a compensação do fator de deslocamento. Em tal situação ocorrerá uma
ressonância entre a capacitância e a reatância indutiva do alimentador. Para valores típicos, com a
elevação do fator de potência de 0,85 para 0,95, a ressonância se dá em torno da 11ª harmônica, mas
cada caso deve ser analisado em particular.
A figura 7.19 mostra resultados de simulação com ambos os métodos aplicados. A fonte de
entrada possui uma 9a harmônica com 1% de amplitude da fundamental. O indutor (20 mH) e o
capacitor (6,25uF) produzem uma ressonância nesta 9a harmônica. Quando se tem uma carga
resistiva, devido ao amortecimento introduzido, praticamente não se observa o efeito desta
harmônica, pois ela continua afetando as tensões em um nível muito baixo.
Quando se força a carga a absorver uma corrente apenas na frequência fundamental (50 Hz),
nota-se a ressonância e a consequente distorção na tensão.

200V

Na fonte Na carga
-200V
200V

-200V
20ms 30ms 40ms 50ms 60ms 70ms 80ms 90ms 100ms

Figura 7.19 Formas de onda e circuitos simulados para carga resistiva e "senoidal".

7.6.1 Considerações sobre três estratégias de controle de filtros ativos em derivação


Serão analisados na sequência resultados do emprego de uma estratégia de controle que
impõe uma corrente senoidal na rede (Síntese de Corrente Senoidal – SCS) 13, comparando seus
resultados com o método denominado Síntese de Carga Resistiva – SCR 14 e com outro chamado de
Síntese de Carga Resistiva Variável (SCRV) 15.
Para cada um destes métodos será verificado na sequência o comportamento de um filtro ativo
de potência (FAP) trifásico em situações transitórias da carga e para alimentação distorcida. A figura
7.20 mostra o sistema considerado.

13
Y. Komatsu, T. Kawabata, "A Control Method of Active Power Filter in Unsymmetrical an Distorted Voltage System", Proceedings
of the Power Conversion Conference, Nagaoka, Japan, Vol.1, August 1997, pp. 161-168
14
T. E. N. Zuniga and J. A. Pomilio: “Shunt Active Power Filter Synthesizing Resistive Load”. IEEE Trans. on Power Electronics, vol. 16,
no. 2, March 2002, pp. 273-278.
15
F. P. Marafão, S. M. Deckmann, J. A. Pomilio, R. Q. Machado: “Selective Disturbance Compensation and Comparison of Active Filtering
Strategies“, IEEE – International Conference on Harmonics and Quality of Power, ICHQP 2002, Rio de Janeiro, Brazil, October 2002.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-15
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

i i i
s pcc L

SOURCE

i
c Carga
Generic Load
Linear / Non-linear
genérica
Inductive Load

PFcap CDC

Active Filter

Figura 7.20 Sistema considerado para comparação dos métodos de controle do filtro ativo.

7.6.1.1 Síntese de corrente senoidal


Considere-se inicialmente uma carga não-linear alimentada a partir de uma rede senoidal,
equilibrada. A figura 7.21 mostra a ação do FAP (em 50ms) compensando as distorções, elevando o
fator de potência à unidade e eliminando a potência imaginária (conforme definida na Teoria da
Potência Instantânea) pela rede. Quando ocorre uma variação na carga, o sistema mantém a
compensação. Na tensão da rede nota-se a presença de uma pequena contaminação de alta frequência
devido ao fato da rede simulada não ser ideal, de modo que se observa no ponto de acoplamento o
efeito da comutação do conversor CC-CA.

Figura 7.21 Método SCS: De cima para baixo: Tensões no PAC, Correntes na rede, Potência ativa e
imaginária, Fator de potência.

Incluindo-se uma distorção de 3% na sétima harmônica e uma redução de 4% nas fases b e c,


tem-se os resultados mostrados na figura 7.22. A corrente na rede mantém-se senoidal após a atuação
do filtro. Como a rede apresenta-se senoidal e desequilibrada, tem-se uma parcela de potência
imaginária e a potência ativa não é constante. O fator de potência é praticamente unitário.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-16
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Figura 7.22 Método SCS com tensão distorcida e desequilibrada: De cima para baixo: Tensões no
PAC, Correntes na rede, Potência ativa e imaginária, Fator de potência.

Uma terceira situação considerada é a instalação de um banco de capacitores cuja função seria
a de correção do fator de potência. Este é um caso bastante comum em instalações elétricas
industriais. A presença deste banco capacitivo introduz uma ressonância com a reatância da rede.
Neste caso, tal ressonância encontra-se nas proximidades da 7ª harmônica, de modo que coincide
com a componente harmônica presente na tensão. A figura 7.23 mostra que ocorre uma amplificação
na distorção da tensão no PAC, a qual independe da atuação do FAP.

Figura 7.23 Método SCS com tensão distorcida e ressonância: De cima para baixo: Tensões no PAC,
Correntes na rede, Potência ativa e imaginária, Fator de potência.

Observa-se que a filtragem, que tem como meta final a melhoria da tensão no PAC, não
consegue atingir este objetivo, apesar de impor uma corrente senoidal na rede e elevar praticamente à
unidade o fator de potência.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-17
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

7.6.1.2 Síntese de carga resistiva


O mesmo procedimento foi seguido para verificar o comportamento do método da síntese de
carga resistiva. O sistema de controle, conforme será explicitado mais adiante neste capítulo, impõe
que a forma de onda da corrente seja idêntica à da tensão (daí o comportamento resistivo da carga, do
ponto de vista da fonte). A amplitude da corrente depende do balanço de potência, e é ajustada até
que a potência ativa absorvida da rede seja exatamente aquela consumida pela carga. Enquanto tal
situação de equilíbrio não se estabelece, a diferença instantânea é fornecida ou absorvida pelo
capacitor do barramento CC do inversor.
A figura 7.24 mostra a atuação do FAP para uma alimentação senoidal, simétrica e
equilibrada. A resposta transitória no ajuste da corrente é muito mais lenta do que a obtida no método
SCS. Resultam correntes senoidais e fator de potência unitário. Esta é uma estratégia que tem
dificuldade de acompanhar cargas que apresentem um comportamento dinâmico com variações em
curtos intervalos de tempo.
A figura 7.25 mostra o que acontece quando a tensão da rede apresenta-se distorcida e
desequilibrada. As correntes compensadas também apresentarão as mesmas distorções e
desequilíbrios presentes na tensão, o que leva a um fator de potência unitário, cancelando a parcela
não ativa da potência.
A figura 7.26 mostra o caso em que há ressonância entre a reatância da rede e o banco
capacitivo. Quando o filtro começa a atuar tem-se uma significativa redução na distorção na tensão
do PAC uma vez que o FAP, ao sintetizar um comportamento resistivo, atua como elemento
amortecedor da oscilação. Note-se ainda que a forma de onda da corrente segue a forma da tensão no
PAC. Também neste caso o fator de potência vai à unidade, anulando a potência não ativa. A
oscilação na potência ativa decorre dos produtos cruzados entre as componentes harmônicas de
tensão e de corrente.

Figura 7.24 Método SCR: De cima para baixo: Tensões no PAC, Correntes na rede, Potência ativa e
não ativa, Fator de potência.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-18
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Figura 7.25 Método SCR com tensão distorcida e desequilibrada: De cima para baixo: Tensões no
PAC, Correntes na rede, Potência ativa e não ativa, Fator de potência.

Figura 7.26 Método SCR com tensão distorcida, desequilibrada e ressonância: De cima para baixo:
Tensões no PAC, Correntes na rede, Potência ativa e não ativa, Fator de potência.

7.6.1.3 Síntese de carga resistiva variável


Este método determina as correntes de compensação com base no cálculo instantâneo de
proporcionalidade entre a potência ativa e uma norma que considera os valores instantâneos das
tensões 16 17. Em sistemas desequilibrados ou com harmônicas, tais valores são variáveis no tempo,
levando a um fator de relação entre tensão e corrente que também é variável, embora mantenha uma
característica resistiva.
A figura 7.27 ilustra a rápida resposta do método SCRV, sendo comparável ao da SCS.
Quando o sistema apresenta-se com tensões distorcidas e desequilibradas, o método faz com
que as correntes também sejam distorcidas, mas sejam equilibradas, resultando numa oscilação da
potência ativa, conforme mostra a figura 7.28.

16
S. M. Deckmann and F. P. Marafão, “Time based decompositions of Voltage, Current and Power Functions,” in Proc. 2000 IEEE
International Conference on Harmonics and Quality of Power, pp. 289-294.
17
F. P. Marafão and S. M. Deckmann, “Basic Decompositions for Instantaneous Power Components Calculation,” in Proc. 2000 IEEE
Industry Applications Conf. (Induscon), pp. 750-755.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-19
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Figura 7.27 Método SCRV: De cima para baixo: Tensões no PAC, Correntes na rede, Potência ativa
e não ativa, Fator de potência.

Figura 7.28 Método SCRV com tensão distorcida e desequilibrada: De cima para baixo: Tensões no
PAC, Correntes na rede, Potência ativa e não ativa, Fator de potência.

Quando se tem a presença da ressonância, também este método é capaz de atuar como
amortecedor, de modo análogo ao método SCR. No entanto, a corrente não apresenta a mesma forma
de onda da tensão, como se observa na figura 7.29. O fator de potência não é exatamente unitário por
causa das diferenças entre as formas de tensão e de corrente.
Considerando a velocidade de compensação, e o bom efeito sobre eventuais ressonâncias do
sistema, este é um método que se mostra conveniente para aplicação em um FAP.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-20
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Figura 7.29 Método SCRV com tensão distorcida, desequilibrada e ressonância: De cima para baixo:
Tensões no PAC, Correntes na rede, Potência ativa e imaginária, Fator de potência.

7.7 Filtro ativo monofásico operando com síntese de carga resistiva

Filtros ativos monofásicos podem ser utilizados na correção do fator de potência de cargas de
pequena e média potência. As aplicações restringem-se tipicamente a potências de 4 kVA (para
alimentação em 220V), dado que cargas maiores normalmente possuem entrada trifásica.
Filtragem ativa de uma carga única, ou um conjunto delas, é uma opção a se fazer a correção
do fator de potência no estágio de entrada de cada equipamento, utilizado os chamados pré-
conversores de fator de potência.
Conforme já foi visto em capítulo anterior, diferentes técnicas de modulação podem ser
empregadas para o acionamento do conversor de potência, normalmente um inversor. As mais usuais
são a MLP e a por histerese (quando se trata de controle de corrente).
O controle por histerese apresenta como grandes vantagens a robustez (insensibilidade à
variação de parâmetros) e resposta instantânea, ou seja, a corrente sintetizada está sempre
acompanhando a referência. Por outro lado, o fato da frequência de comutação ser variável faz com
que o projeto do filtro de saída (que atenua as componentes produzidas pela comutação) torne-se
mais difícil. Existem alternativas para a produção de um controle por histerese com frequência
constante 18 através da modulação da janela de histerese, mas isto envolve uma elaboração adicional
da estrutura de controle.
O controle MLP 19, por operar em frequência de chaveamento constante, permite um projeto
mais simples do filtro de saída. No entanto, se a forma de onda a ser compensada for muito rica em
componentes de alta frequência, o sistema terá dificuldades em compensar corretamente a onda
devido à atuação do filtro. Por outro lado, se a carga consumir uma corrente "suave", a resposta
poderá ser adequada.

18
L. Malesani, P. Mattavelli and P. Tomasin: "High-Performance Hysteresis Modulation Technique for Active Filters". Proc. Of
APEC '96, March 3-7, 1996, San Jose, USA, pp. 939-947.
19
H.-L. Jou, J.-C. Wu and H.-Y. Chu: "New Single-Phase Active Power Filter". IEE Proc. - Electric Power Applications, vol. 141, no.
3, May 1994, pp. 129-134.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-21
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

7.7.1 Estrutura de controle do filtro


A figura 7.30 mostra uma possível estrutura do sistema de controle para um filtro de acúmulo
capacitivo operando em MLP 20 21. A forma da referência da corrente é obtida da própria tensão. A
amplitude desta referência é modulada de modo a manter a tensão CC no valor desejado. O sinal do
erro da tensão CC, passado por um compensador tipo PI (que anula o erro em regime para uma
entrada constante) é uma das entradas do bloco multiplicador. Sendo um valor contínuo (que varia
muito mais lentamente do que a referência de corrente, que varia na frequência da rede), funciona
como fator de escalonamento da forma da corrente. A corrente da rede é realimentada, produzindo,
em relação à referência de corrente, um erro o qual, passando por um compensador (tipicamente tipo
P ou PI) produz a tensão de controle, que é comparada com a portadora MLP, gerando os pulsos para
o comando dos transistores.
Retornando à questão do controle da tensão VCC, consideremos este caso a título de exemplo.
Supondo que a tensão no barramento não se altere significativamente, a corrente absorvida pela carga
tem uma forma típica e estável. A diferença instantânea entre ir e ic deve fluir pelo filtro. Se a
amplitude da corrente da rede for tal que a potência ativa absorvida da rede for maior do que a
consumida pela carga, seu único caminho é circular pelo filtro ativo, acumulando energia na
capacitância (subindo a tensão). O erro de tensão eventualmente produzido leva, sendo multiplicado
pela "forma" da corrente, a uma redução da referência da corrente restabelecendo o balanço de
potência e, conseqüentemente, retornando ao valor correto de referência, VCC.

Rede ir ic Carga

sensor de if
corrente
Filtro de saída
Amostragem
da tensão
Inversor
Vcc
Comando
transistor
Gerador MLP
-
+

Condicionador Referência
de sinal Compensador de tensão
de corrente
Erro de corrente
- Compensador
+ de tensão (PI)
Referência de corrente
"Forma" da corrente

Figura 7.30 Diagrama de controle de filtro ativo em derivação pelo método da síntese de carga
resistiva.

Considerando o diagrama mostrado na figura 7.30 um dos blocos capaz de realizar esta
função é o chamado "condicionador de sinal", que atua na realimentação da corrente.

20
F. Pöttker and I. Barbi: "Power Factor Correction of Non-Linear Loads Employing a Single Phase Active Power Filter: Control
Strategy, Design Methodology and Experimentation". Proc. of the IEEE Power Electronics Specialists Conference - PESC'97, St.
Louis, USA, June 1997, pp. 412-417.
21
M. V. Ataíde e J. A. Pomilio: “Single-Phase Shunt Active Filter: a Design Procedure Considering EMI and Harmonics Standards”.
Proc. of IEEE International Symposium on Industrial Electronics, ISIE’97, Guimarães, Portugal, June 1997.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-22
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

O comportamento deste "condicionador" é vital para o bom desempenho do filtro. Dado que
ele atua sobre a forma real da corrente da linha, um bom resultado na compensação da corrente só
ocorre se o sinal realimentado for fiel à corrente da linha. Uma vez que, em princípio, deseja-se fazer
a compensação total das harmônicas, a faixa de passagem deste bloco deveria apresentar um ganho
constante e uma defasagem nula na faixa até 3 kHz (50a harmônica). Além desta frequência deve-se
atenuar o sinal de modo que, nas frequências de ressonância do filtro o ganho (em malha aberta) do
sistema seja menor do que 0dB (condição de estabilidade).
Via de regra esta não é uma condição simples de ser satisfeita, visto que para ter uma
atenuação adequada na frequência de chaveamento (digamos em 20kHz), a frequência de ressonância
do filtro de saída estará na faixa dos kHz, ou mesmo inferior, dependendo da ordem deste filtro.
O filtro de saída (tipicamente numa estrutura LC) deve ser de ordem mais elevada, o que vem
permitir usar componentes de menor valor (individualmente), e também produzir ressonâncias em
valores elevados de frequência.

7.7.2 Resultados experimentais


Os resultados a seguir foram obtidos em um protótipo de baixa potência. O filtro de saída é de
quarta ordem.
As figuras 7.31 mostram a tensão da rede e sua corrente, após a compensação e a corrente
absorvida pela carga. Esta carga é um retificador monofásico a diodos com um filtro C e LC,
respectivamente. As formas relativamente suaves da corrente são facilitadoras para uma correta
compensação.
Ao ser ligado o filtro observa-se uma efetiva melhora na corrente fornecida pela rede. Nota-se
que as distorções presentes na tensão também são observadas na corrente, indicando que o sistema
está se comportando como uma carga resistiva. Ocorre ainda uma diminuição nos valores de pico e
eficaz da corrente, uma vez que, para a mesma potência ativa, tem-se uma redução na potência
aparente.

Figura 7.31 Tensão (sup.- 150V/div.) e corrente (meio- 5A/div.) da rede após compensação. Corrente
da carga (inf. - 5A/div.). Horiz.: 5ms/div.

A diminuição no valor eficaz deveria ser proporcional (inversamente) ao aumento do fator de


potência. No entanto, como o filtro ativo apresenta perdas, a rede tem que fornecer uma potência
ativa suplementar. Este efeito é muito marcante em baixas potências. Quando se eleva a potência da
carga a parcela dissipada no inversor se torna relativamente menor, aumentando a eficiência do
sistema.
A figura 7.32 mostra os espectros da corrente da linha antes e depois da atuação do filtro.
Nota-se a expressiva melhoria, representada pela redução da amplitude das harmônicas. A
diminuição na 5a componente não é tão significativa porque esta é uma harmônica presente na tensão
e que, portanto, deve também surgir na corrente compensada.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-23
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Figura 7.32 Espectros da corrente da rede antes e depois da ação do filtro.

A figura 7.33 mostra a corrente de saída do inversor em três estágios de filtragem: antes de
passar pelo filtro passivo e em um estágio intermediário e na injeção na rede.
Um dos parâmetros a ser utilizado no dimensionamento deste filtro é respeitar os limites
impostos pelas normas de Interferência Eletromagnética (IEM) conduzida, uma vez que, do ponto de
vista da rede, o filtro faz parte da carga.
A figura 7.34 mostra os espectros, em alta frequência, da corrente que circula pela rede.
Indicam-se também os limites estabelecidos por normas para equipamentos de uso industrial,
científico e médico (ISM). Nota-se que os limites são respeitados, indicando a adequação do filtro
sob este aspecto.

Figura 7.33 Corrente de saída do inversor e após o primeiro estágio do filtro passivo.
Na primeira figura utiliza-se uma largura de faixa de 1 kHz na análise, a fim de ter uma
melhor definição de cada componente espectral, especialmente nas frequências mais baixas, para as

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-24
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

quais foi projetado o filtro. A banda de 9 kHz é a especificada na norma para medição entre 150 kHz
e 30 MHz. Ressalte-se que a IEM conduzida pode prover também do chamado ruído de modo
comum, que não é atenuado pelo filtro especificado. O resultado indicado foi obtido inserindo-se um
pequeno filtro capacitivo de modo comum (conectado entre as fases e o terra).
A figura 7.35 mostra a resposta do sistema a variações na carga. Nota-se que, ao ser
aumentada a corrente da carga o capacitor do barramento CC é descarregado, pois é dele que provém
a energia ativa consumida pela carga. Quando a malha de tensão identifica tal diminuição na tensão,
produz um aumento na referência da corrente, a fim de absorver da rede a maior potência ativa
exigida pela carga. Além disso, deve haver uma sobre-corrente que recarrega o capacitor,
recuperando sua tensão de operação. Situação análoga ocorre quando a carga é reduzida.
80 dB uV
80dB uV
M K R : 142 kH z
5 7 .1 d B u V

66dB uV C lass A L im it
60 dB uV
60dB uV

0 250kH z 500kH z 1 50 kH z 3 0M H z

a) b)
Figura 7.34 IEM conduzida: a)BW=1kHz, b)BW=9kHz.

Figura 7.35 Resposta da malha de tensão a uma variação na carga: tensão no barramento CC (sup. 50
V/div.) e corrente da rede (inf. 5 A/div.).

7.8 Filtro ativo trifásico sintetizando carga resistiva

É bastante conhecido o fato de se ter um significativo nível de distorção da tensão no ponto de


acoplamento comum (PAC) em redes que apresentam cargas que absorvam correntes com alta
distorção harmônica. A distorção na tensão depende fortemente da corrente de carga associada à
impedância da linha, além, obviamente, da distorção já presente na alimentação. O efeito da
distorção da tensão no PAC pode ser tal que afete equipamentos conectados nesse mesmo ponto.
A recomendação IEEE-519 22 estabelece para redes de baixa tensão uma Distorção
Harmônica Total aceitável de (DHT) 5%, limitando cada harmônica a 3% do valor da componente
fundamental. Este valor pode facilmente ser superado, especialmente se a corrente da rede estiver

22
Project IEEE-519, IEEE Recommended Practices and Requirements for Harmonic Control in Electric Power System, 1992

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-25
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

altamente distorcida como, por exemplo, na presença de cargas não lineares como são retificadores
com filtro capacitivo, tipicamente usados em aparelhos eletrônicos.
A ação de filtros em derivação não muda a corrente na carga, pois praticamente não modifica
a tensão no PAC. A ação do FAP permite suprir à carga toda a potência não ativa, incluindo os
componentes harmônicos e a potência reativa. Da rede se consome apenas a corrente associada à
potência ativa. Este fato maximiza o Fator de Potência (FP), já que implica no mínimo valor de
corrente pelo sistema, liberando a capacidade de transmissão para as linhas, mantida constante a
potência ativa na carga.
O filtro ativo trifásico apresentado utiliza a mesma estratégia de controle do filtro
monofásico, com as devidas adequações.
O diagrama de blocos do FAP trifásico, incluindo o sistema de controle proposto é mostrado
na Figura 7.36. O FAP é conectado a uma rede trifásica a três fios, na qual as tensões são distorcidas.
A estrutura permite realizar o controle do sistema trifásico, amostrando somente duas tensões
da rede e a tensão do barramento CC do inversor. A corrente de referência para as fases a e b são
obtidas por amostragem da tensão da rede (fase-neutro). Este sinal é multiplicado por um sinal CC,
dando como resultado a forma de onda e amplitude para as referências. A referência da fase c é
obtida pela soma invertida das outras duas referências.
A outra entrada dos multiplicadores recebe sinais vindos do controle da tensão do barramento
CC. Se esta tensão está no nível desejado, a saída do compensador PI não se altera, ficando
constantes as amplitudes das referências. De outra forma, tais referências são alteradas, em função do
eventual desequilíbrio na tensão CC.
A tensão CC deve ser maior do que a tensão pico da rede para permitir injetar a corrente
desejada através do filtro passivo, que conecta o inversor à rede. Este filtro passa baixas é composto,
no mínimo, por indutores mas, para melhorar sua capacidade de filtragem, pode ser feito de ordem
superior, contribuindo para minimizar a ondulação de alta frequência que seria injetada na rede.
Tensões CC elevadas são obtidas devido a um funcionamento tipo “boost”. Quando o FAP é
ligado, sendo a tensão CC abaixo de seu valor de trabalho, consome-se da rede uma corrente maior
que a exigida pela carga. A energia adicional é armazenada no capacitor CC, até atingir o nível
desejado. Neste ponto o controlador PI reduz a amplitude da corrente de referência e a corrente na
rede se torna aquela necessária prover a potência ativa à carga mais as perdas no FAP.
O inversor utiliza Modulação por Largura de Pulso. Esta escolha foi feita devido ao
conhecimento do espectro desta técnica, o que permite o adequado projeto do filtro passivo de saída a
fim de evitar instabilidades na operação do sistema. Este filtro pode ser dimensionado tomando por
base a atenuação necessária para que sejam respeitadas as limitações estabelecidas de interferência
eletromagnética conduzida em normas internacionais 23.
O filtro passivo utilizado não deve ser do tipo amortecido, uma vez que isto afetaria a
capacidade do sistema elevar a tensão no barramento CC. Esta ausência de amortecimento, por outro
lado, pode provocar instabilidades no sistema, precisamente na frequência de ressonância do filtro
passivo. Este fato pode ser evitado por meio de um adequado projeto da malha de controle da
corrente.
O circuito que faz a amostragem da corrente da rede deve ter uma característica passa-baixa, a
fim de amortecer efetivamente as ressonâncias do filtro passivo. Adicionalmente deve ter uma
resposta plana (em ganho e fase), na faixa das harmônicas (aproximadamente 2500 Hz), a fim de
permitir sua correta compensação. Isto significa que se a corrente na rede apresentar um conteúdo
harmônico fora desta faixa, não será possível uma compensação total.

23
International Electrotechnical Commission - IEC - International Special Committee on Radio Interference - CISPR 11: “Limits and
methods of measurement of electro-magnetic disturbance characteristics of industrial, scientific and medical (ISM) radio-frequency
equipment.”, 1990.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-26
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Figura 7.36 Diagrama de Blocos de Filtro Ativo de Potência trifásico usando controle por Síntese de
Carga Resistiva.

7.8.1 Resultados experimentais


Foi construído um protótipo de 1 kVA, 220 V. A tensão na rede local está tipicamente
distorcida com significativos componentes de 5a e 7a harmônicas. A DHT, no entanto, é menor que
3%, como é mostrada na Figura 7.37.
A Figura 7.38 mostra o caso de uma carga não-linear balanceada (retificador de 6 pulsos).
Depois da compensação, as correntes na rede são similares às respectivas tensões, incluindo as
distorções. As transições rápidas não são completamente compensadas devido à limitação da resposta
em frequência da malha de corrente.
O espectro da corrente de carga é mostrado na Figura 7.39. A DHT é 25%. Depois da atuação
do FAP a distorção na corrente da rede diminui significativamente produzindo uma DHT de 5,2%,
como mostrado na Figura 7.40. Note que o filtro ativo não é capaz de atenuar as harmônicas na faixa
acima dos 2 kHz.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-27
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Figura 7.37 Espectro da tensão da rede em vazio

Figura 7.38 Carga trifásica não linear balanceada: Acima : Tensão (500V/div.); Meio : Corrente de
linha (5 A/div.); Abaixo : Corrente de carga (5 A/div).

Figura 7.39 Espectro da corrente da fase a, antes da atuação do FAP.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-28
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

A Figura 7.41 mostra a resposta do FAP trabalhando com uma carga não-linear desbalanceada
(retificador monofásico). Também neste caso o FAP é capaz de compensar a carga, refletindo na rede
uma carga linear balanceada.

Figura 7.40 Espectro da corrente pela carga fase a, depois da atuação do FAP.

Figura 7.41 Carga não-linear monofásica: Acima: Tensão (500V/div.); Meio: Correntes de linha (1
A/div.); Abaixo: Corrente de carga (1 A/div)

A Figura 7.42 mostra o espectro da tensão antes da atuação do FAP. Neste caso a DHT é
significativamente alta (4,2%) e a distorção na tensão é evidente, incluindo uma importante 3a
harmônica.
Depois da compensação, a DHT é reduzida a 2,8%, que é aproximadamente o valor normal da
tensão de alimentação local., como mostrado na Figura 7.43.
O Fator de Potência medido foi de 0,995. A eficiência do FAP foi 96,5%, para uma
frequência de comutação de 20 kHz.
A Figura 7.44 mostra a resposta transitória da malha de tensão CC. Depois de uma variação
da carga de 50%, a tensão CC inicialmente diminui, uma vez que o inversor entrega energia à carga.
Depois que se detecta a variação da tensão CC, a corrente de referência aumenta, permitindo
absorver da rede a quantidade necessária de potência para alimentar a carga. Quando a carga diminui
acontece a situação inversa.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-29
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Figura 7.42 Espectro da tensão da rede com carga não-linear monofásica.

Figura 7.43 Espectro da tensão da rede depois da atuação do FAP

Figura 7.44 Variação da tensão no barramento CC.Acima: Tensão CC (100V/div) ; Abaixo:


Corrente na linha (2A/div)

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-30
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

7.8.2 Filtro Ativo Monofásico com Inversor Multinível


Quando se cogita a aplicação de um filtro ativo em uma rede de tensão mais elevada, ou
mesmo um FAP de maior potência, a opção por um inversor com modulação PWM talvez não seja a

• Limitação na frequência de comutação típica dos componentes de maior potência


mais indicada pelas seguintes razões:

• Elevado nível de interferência eletromagnética causada pela comutação;


(tensão e corrente);

• Filtros passivos com baixa frequência de corte, o que limita a resposta dinâmica do
FAP.

Uma alternativa é o uso de inversores multiníveis, os quais podem se apresentar em diversas


topologias, como mostra a figura 7.45, para inversores de 5 níveis de diferentes topologias.
Apesar da maior complexidade circuital, a possibilidade de operar diretamente em maiores
tensões fazem destas estruturas uma opção muito interessante para operação em derivação na rede
elétrica, mesmo na faixa de alguns kV.
Outra vantagem é a menor distorção na tensão de saída, o que permite uma significativa
redução na frequência de corte do filtro passivo de saída, com conseqüente aumento na resposta
dinâmica do FAP. A figura 7.46 mostra a tensão de saída em um inversor multinível do tipo cascata
assimétrica, com 19 níveis, sendo que apenas o nível de menor tensão opera em PWM.

Figura 7.45 Inversores multiníveis (5 níveis): Topologias Neutro Grampeado, Capacitor Flutuante e
Castaca simétrica.

Figura 7.46 Saída de inversor multinível (19 níveis com PWM), para referência senoidal.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-31
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

O uso deste conversor como FAP foi apresentado em 24, tendo sido desenvolvido um
protótipo monofásico, com inversor em cascata assimétrica, operando pelo método de síntese de
carga resistiva.
A figura 7.47 mostra o circuito de teste. Uma dificuldade adicional destes inversores é o
controle das tensões CC. No caso do inversor PWM convencional tem-se apenas uma tensão a ser
controlada. Nos multiníveis são diversas tensões que devem ser mantidas em seus valores de
referência, o que exige um maior esforço no desenvolvimento de algoritmos para tal função.
As figuras 7.48 e 7.49 mostram formas de onda experimentais em um protótipo de 1 kVA,
aplicado em uma rede de 127 V. Observe que a tensão de saída do inversor é já muito próxima de
uma senóide, diferindo, essencialmente, nos momentos em que há alteração da corrente da carga,
quando se faz necessária injeção de corrente com maior taxa de variação.

Figura 7.47 FAP monofásico com inversor multinível

Figura 7.48 Formas de onda do FAP multinível: Tensão da rede, tensão de saída do FAP, corrente da
carga e corrente da rede após compensação.

24
S. P. Pimentel: “Aplicação de Inversor Multinível como Filtro Ativo de Potência”, Dissertação de Mestrado, FEEC – Unicamp,
2006.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-32
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Figura 7.49 Formas de onda do FAP multinível no transitório de partida: Corrente no FAP e corrente
da rede.

7.9 Filtros híbridos

A fim de reduzir a potência a ser processada pelo filtro ativo, é possível utilizá-lo em
associação com filtros passivos, de maneira que a parte ativa deve atuar apenas sobre as componentes
não corrigidas pelo filtro passivo 25.
A figura 7.50 ilustra o princípio de um filtro híbrido monofásico. Na figura tem-se o esquema
geral, considerando a existência de uma fonte de tensão na frequência fundamental (Vs) e uma fonte
de tensão que representa a distorção harmônica da tensão (Vsh). A carga é modelada como uma fonte
de corrente (IL), a qual também possui componente harmônica (Ilh). Existe uma reatância da fonte,
(Zs) e um filtro LC série sintonizado na frequência da harmônica de interesse. O filtro ativo é
modelado como uma fonte de corrente.
Observe-se que a componente harmônica a ser drenada pelo filtro passivo não terá que
circular pelo filtro ativo, de modo que se tem uma redução na corrente eficaz a ser controlada pela
parte ativa. Entretanto, não há diminuição na tensão de projeto do filtro ativo. Além disso, o filtro
passivo não é capaz de atuar como amortecedor de eventuais ressonâncias entre ele próprio e a linha.
Is Zs

Vs (60Hz)

I
If L
Vsh

Figura 7.50 Esquema simplificado de filtro híbrido monofásico de corrente.

7.9.1 Filtro Híbrido Série


Na figura 7.51 tem-se uma alternativa topológica, na qual o filtro ativo é colocado em série
com um filtro passivo. Na verdade podem estar associados diversos filtros passivos, sintonizados ou
passa-altas.

25
N. Baldo, D. Sella, P. Penzo, G. Bisiach, D. Cappellieri, L. Malesani and A. Zuccato: "Hybrid Active Filter for Parallel Harmonic
Compensation". European Power Electronics Conference, EPE'93, Brighton, England, vol. 8, pp. 133-137

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-33
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

O sistema de controle do filtro ativo é tal que ele absorve uma componente de corrente na
frequência fundamental com tal valor que produza sobre a parte passiva do filtro uma queda de
tensão igual à tensão da rede, Vs, como indica a figura (b). Isto faz com que a tensão a ser suportada
pelo estágio ativo seja somente a tensão relativa às componentes harmônicas.
Além desta componente, o filtro absorve uma corrente igual ao conteúdo harmônico da carga,
de modo que pela fonte circule apenas uma corrente na frequência fundamental.
Na frequência de ressonância do filtro passivo a parte ativa deverá suportar uma tensão
aproximadamente igual à parcela distorcida da tensão da rede, caso exista, (figura (c)). Nas demais
frequências a tensão harmônica divide-se entre o filtro passivo e o ativo (figura (d)).
A figura 7.52 mostra o mesmo filtro passivo e carga utilizados na simulação anterior, mas
agora com a inclusão, em série, do filtro passivo (idealizado pela fonte de corrente controlada por
tensão – bloco G1). A referência da corrente tem a mesma forma da tensão no ponto de acoplamento.
A figura 7.53 mostra os resultados de simulação sem a inclusão de uma parcela de corrente na
frequência fundamental. Note, nas formas de onda intermediárias, que a corrente tem a mesma forma
e está em fase com a tensão. Repare que as ressonâncias do filtro passivo são completamente
amortecidas pela presença do filtro ativo, o qual impõe a corrente no ramo em derivação. Na parte
superior desta figura tem-se a tensão a ser suportada pelo filtro passivo, que é maior do que a própria
tensão da rede.

Is Zs Is Zs

Vs (60Hz) Vs (60Hz)

IL IL

Vsh (60Hz)
If Vfa=0 If

(a) (b)
Ish Zs Ish Zs

Vfp

I Lh I Lh

Vsh Vsh
Vfa~Vsh Ifh Vfa Ifh

(c) (d)
Figura 7.51 Princípio de operação de filtro híbrido de corrente: (a) Esquema geral;
(b) Operação na frequência fundamental; (c) Operação na frequência de sintonia do filtro;
(d) Operação nas demais harmônicas.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-34
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Figura 7.52 Filtro híbrido para compensação de corrente.

Figura 7.53 Formas de onda relativas a filtro ativo conectado em série com filtro passivo:
Tensão sobre os terminais do filtro ativo (superior); tensão e corrente no ponto de acoplamento
(intermediário); corrente na carga e no filtro ativo (inferior).

Inserindo-se uma parcela de corrente na frequência fundamental, consegue-se reduzir tal


tensão para valores que dependem apenas das componentes harmônicas. Isto é mostrado na figura
7.54. Ao adicionar-se esta parcela de corrente tem-se que o fator de potência não será mais unitário,
pois a corrente absorvida da rede estará adiantada em relação à tensão. Se tal defasagem for aceitável
(neste exemplo o fator de potência se reduz para 0,95), o ganho em termos do alívio nas
especificações do filtro ativo é significativo.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-35
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Figura 7.54 Formas de onda relativas a filtro ativo conectado em série com filtro passivo, incluindo
corrente de compensação de tensão: Tensão sobre os terminais do filtro ativo (superior); tensão e
corrente no ponto de acoplamento (intermediário); corrente na carga e no filtro ativo (inferior).

7.9.2 Filtro Híbrido em Derivação 26


Nessa topologia o filtro ativo é conectado em paralelo com o indutor do filtro passivo,
conforme ilustra simplificadamente a Figura 7.55. A idéia principal é que a queda de tensão no
capacitor reduza a tensão do inversor, enquanto que o indutor do filtro passivo desvia a corrente
harmônica ajustada. O objetivo é reduzir significativamente a potência processada pelo inversor que
realiza a parte ativa do filtro.

Figura 7.55 Diagrama simplificado de filtro híbrido em derivação.

A figura 7.56 ilustra a estrutura de controle 27 do sistema, na qual o inversor é comandado


como uma fonte de tensão controlada a partir de medições da corrente pelo alimentador. A meta é
minimizar as componentes harmônicas pela rede. A sintonia é garantida pela realimentação
adequadamente ponderada pelo ganho (blocos H, que operam no referencial girante dq), que produz
um ganho elevado nas frequências de sintonia desejadas (por exemplo, 5ª, 7ª, 11ª e 13ª), minimizando
a circulação de componentes espectrais de tais frequências pela rede, confinando-as à carga e ao
filtro.

26
Newton da Silva, “Contribuições ao Estudo, Projeto e Aplicação de Filtros Ativos Híbridos de Potência”, Tese de Doutorado,
FEEC/UNICAMP, 24 de fevereiro de 2012.
27
Asiminoaei, L.; Wiechowski, W.; Blaabjerg, F.; Krzeszowiak, T.and Kedra, B. “A New Control Structure for Hybrid Power Filter
to Reduce the Inverter Power Rating,” IEEE 32nd Annual Conference on Industrial Electronics, , pp. 2712-2717, Nov. 2006

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-36
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

AC Power Source PCC


Vp ω Rs Lsa isa vsa ila
Vp ω Rs Lsb isb vsb ilb
Vp ω Rs Lsc isc vsc ilc

Active Power Filter Cpa Cpb Cpc


Three-Phase Inverter iha ihb ihc
Vp= 180V Rfa Lfa iAa
vlpa
ω = 377rad/s Rfb Lfb iAb
L sa = L sb= L sc =0.53mH
vdc vlpb
CDC Rfc Lfc i Ac
Cpa= Cpb=Cpc= 100uF vlpc
Lpa= Lpb= L pc=2.8mH δ ipa ipb i pc
L fa = L fb = L fc =2.8mH vdc* + -
PI dc Lpa Lpb Lpc
PWM
R fa = R fb = R fc = 0.5Ω
PLL a b c
CDC=2800uF
ω dq abc Passive Tuned
iq id Filter
abc dq
dq
HAPF12
isa isd dq + + isqd + + ifq
abc HPF HAPF6
isb
isc dq isq HPF
dq
HAPF6 + isqh +
PIq
+ + + -
H
dq
APF
12 i*q

Figura 7.56 Princípio de operação de FAHP em derivação, controlado em tensão.

A parte passiva do filtro implica que, na frequência fundamental, haverá uma injeção de
potência reativa por conta do capacitor. A figura 7.57 mostra formas de onda relacionadas a uma
carga cujo fator de deslocamento da fundamental é unitário. O resultado é que a corrente resultante
na rede é senoidal, mas com fator de deslocamento significativo, devido à ação do capacitor.

Figura 7.57 À esquerda, corrente na fonte, na carga e no filtro. À direita, tensão e corrente na fonte.

O uso de um filtro passivo puro ou híbrido é indicado quando a carga apresenta um


comportamento indutivo (na frequência fundamental). Em tal situação, é possível ade3quar o
capacitor para a compensação de tal parcela de potência, ficando o restante do sistema de filtragem
por conta da minimização das harmônicas. Como ilustra a figura 7.58, quando isso acontece, além de
resultar uma corrente senoidal na fonte, o fator de potência se torna unitário.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-37
Eletrônica de Potência para Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica J. A. Pomilio

Figura 7.58. À esquerda, corrente na fonte, na carga e no filtro. À direita, tensão e corrente na fonte.

A figura 7.59 ilustra uma situação em que a fonte possui uma distorção (3%) na quinta
harmônica, que é a frequência de sintonia do filtro passivo. Nesse caso, sem atuação da parte ativa do
filtro, o filtro sintonizado oferece um caminho de mínima impedância nessa frequência, o que faz
com que pela fonte haja uma grande componente de 5ª harmônica. Ao se colocar em operação a parte
ativa do filtro, tal harmônica (juntamente com as demais) é minimizada. Conseqüentemente a tensão
no ponto de acoplamento do filtro híbrido torna-se com distorção similar à presente na fonte.

Figura 7.59. À esquerda, corrente na fonte (isa), na carga (ila), sem operação do filtro ativo. À direita,
tensão e corrente na fonte, com atuação do filtro ativo.

http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor 7-38

Você também pode gostar