De acordo com Kant, esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade que,
neste caso, é a incapacidade de pensar por si próprio, se não pelas ideias alheias. Por preguiça, medo ou covardia, o indivíduo prefere ser menor do que pensar e agir sem que haja intermédio de outro. O próprio homem tem culpa por sua menoridade, já que lhe é cômodo. Contudo, é difícil, para um homem em particular, desprender da menoridade, pois para ele se tornou quase uma natureza. É muito mais fácil que alguém pense por nós do que nós mesmos. “Se tenho um livro que faz as vezes de meu entendimento, um diretor espiritual que por mim tem consciência, um mico que por mim decide a respeito de minha dieta, etc., então não preciso esforçar-me eu mesmo. Não tenho necessidade de pensar, quando posso simplesmente pagar; outros se encarregarão em meu lugar dos negócios desagradáveis.” (KANT, 2005, p.64) Quanto mais o indivíduo é controlado por outro, mais difícil será ele sair de sua menoridade e alcançar o esclarecimento. Para isso é preciso de liberdade e que essa, é limitada por toda parte. Segundo Kant os homens só atingem o esclarecimento por meio do “uso público da razão”. “Ouço, agora, porém, exclamar de todos os lados: 'não raciocineis, mas pagai!' O sacerdote proclama: 'não raciocineis, mas crede!' (Um único senhor no mundo diz: 'raciocinai', tanto quanto quiserdes e sobre o que quiserdes, 'mas obedecei'!). Eis aqui, por toda parte a limitação da liberdade”. (KANT, 2005, p. 65) É ,justamente, o uso público da razão que nos é negado. O uso do raciocínio não é proibido, mas as ordens devem ser obedecidas. Apesar disso, Kant acredita que o homem, como membro da sociedade, pode raciocinar, expor suas ideias contra tais imposições. O homem tem o dever de passar ao público suas ideias sobre os erros das instituições. De forma resumida, podemos, facilmente, identificar a menoridade a que Kant se refere, na política ou na igreja (instituições citadas pelo filósofo em sua obra). Fazer uso de nossas próprias ideias, ou seja, nos livrarmos das amarras que nós mesmos colocamos, nos livraria da menoridade. Kant diz ainda que “vivemos em uma época de esclarecimento”. Ele desenvolveu esse raciocínio no século XVII, e o homem continua sujeito a menoridade, continua como um ser passivo na comunidade. Para mim, ainda vivemos em uma época de esclarecimento.
REFERÊNCIAS:
KANT, Imamnuel. O que é esclarecimento? 3 ed. Editora Vozes: Petrópolis, RJ. 2005.