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Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Escola de Negócios – Ciências econômicas.

PROVA DE FILOSOFIA:

TEMA: apresentar o esclarecimento como ferramenta de dissipar as limitações que


impomos a nós mesmos.

TESE: abordar demonstrações sobre a condição do período, esclarecido ou não,


com a condução do estado da minoridade ao esclarecimento.

NOÇÕES:

Esclarecimento: significa a saída do homem de sua minoridade, pela qual ele


próprio é responsável.

Minoridade: a minoridade é a incapacidade de se servir de seu próprio


entendimento sem a tutela de um outro. É a si próprio que se deve atribuir essa
minoridade, uma vez que ela não resulta da falta de entendimento, mas da falta de
resolução e de coragem necessárias para utilizar seu entendimento sem a tutela de
outro.

Uso público da razão: o uso público de nossa razão deve a todo momento ser
livre, e somente ele pode difundir o Esclarecimento entre os homens… no uso
público de sua razão, o padre desfruta de uma liberdade ilimitada de servir-se de
sua própria razão e de falar em seu próprio nome. Pois, querer que os tutores do
povo (nas coisas eclesiásticas) voltem a ser menores, é um absurdo que contribui
para a perpetuação dos absurdos.

Uso privado da razão: aquele que se é autorizado a fazer de sua razão em um


certo posto civil ou em uma função da qual somos encarregados. Ora, muitas
tarefas que concorrem ao interesse da coletividade (gemeinem Wesens) necessitam
de um certo mecanismo, obrigando certos elementos da comunidade a se
comportar passivamente, a fim de que, graças a uma unanimidade artificial, sejam
dirigidos pelo governo a fins públicos, ou pelo menos impedidos de destruí-los.
Nesse caso, com certeza, não é permitido argumentar (räsonieren). Deve-se
somente obedecer.

Tutores: a maior parte da humanidade (e especialmente todo o belo sexo)


considere o passo a dar para ter acesso à maioridade como sendo não só penoso,
como ainda perigoso, é ao que se aplicam esses tutores que tiveram a extrema
bondade de encarregar-se de sua direção. E é por isso que é tão fácil a outros
instituírem-se seus tutores.

Liberdade: esse Esclarecimento não exige todavia nada mais do que a liberdade; e
mesmo a mais inofensiva de todas as liberdades, isto é, a de fazer um uso público
de sua razão em todos os domínios. Em toda parte só se vê limitação da liberdade.

ARGUMENTOS:

Há na sociedade uma carência por tutela que, por comodismo ou covardia,


impede as pessoas de se tornarem esclarecidas. Immanuel Kant, enfatiza que a
preguiça coloca o homem em seu estado de minoridade e a existência de tutores
interessados nessa subordinação, o aprisiona. O ato de entregar a outros o uso de
sua própria razão permite que a doutrinação limite a liberdade e afunde o ser
humano no processo de fuga para a maioridade.

O ser humano está inserido em uma minoridade e aqueles que saem dela
são identificados como esclarecidos, ou seja, se tornam maiores de idade. Na
análise do autor, aqueles que estão na minoridade são controlados por um tutor
(naturaliter majorennes), ou seja, por um responsável para tomar decisões por eles
e quando esses saem dessa condição para ir para a maioridade, tomam suas
próprias decisões, trazendo para seu pensamento, Kant identificou que os menores
de idade são aquelas pessoas que não são esclarecidas, porém, todos estão em
processo de esclarecimento, apesar de ser uma era de pessoas não esclarecidas.
No processo de evolução para esse estado de maioridade, faz-se necessário o uso
da liberdade e da ousadia, uma vez que, é preciso abandonar a preguiça e a
covardia e iniciar a busca pelo seu processo de construção do pensamento crítico.
Ademais, o autor explicita que há pessoas que estão presas no estado de
minoridade, devido ao apego à ela em conjunto com ser refém de servir a um tutor,
como resultado, as pessoas não possuem autonomia com relação aos seus próprios
pensamentos. Basicamente, somos um povo que tem preguiça de pensar e por isso
“contratamos” esses tutores para pensar por nós e, como consequência, possuímos
um pensamento limitando a nossa visão crítica, ou seja, não possuímos
entendimento do próprio mundo em que vivemos.

Convidando o leitor, o autor utiliza o termo “Sapere aude!” que significa “Ouse
saber”, para que possamos ter uma visão e um posicionamento próprio a respeito
do mundo ao nosso redor, até mesmo questionar a nós mesmos. O mesmo diz que
a Igreja, o exército e o governo sempre foram limitadores quanto a questão de
domínio de pensamento, porém, não significa que ao questionar essas instituições,
o leitor estará negando a verdade — ou não — presente neles, mas sim, incitando
aos leitores a questionar os pensamentos impostos a eles por essas organizações
para confirmar que estão conformes à razão desses, ou seja, só aceitarem-os após
um processo de crítica e debate. Outrossim, Kant esclarece que a sociedade ainda
não está esclarecida, no campus da religião, ao ponto de não necessitar mais de
tutores, contudo, é imprescindível que haja cada vez menos obstáculos que limitem
o processo de evolução à maioridade. Tal enfoque à religião, deve-se ao fato de
que, na visão do autor, os supremos das ciências e das artes não possuem
interesse em tutorar seus “súditos”.

Anteriormente foi mencionado o debate, analisando isso, é inevitável não


mencionar o uso público e o uso privado da razão, o primeiro desses deve ser livre
e somente ele pode difundir o esclarecimento entre os homens, de acordo com o
texto, o homem que faz o uso dela está falando em nome de sua própria razão, ou
seja, falando e defendendo os seus próprios pensamentos, além disso, ele faz o
papel do sábio para o público; e o segundo deve ser limitado, ou seja, a pessoa não
é livre para falar o que pensa, mas sim, somente em obedecer à missão que lhe foi
estabelecida.

COMENTÁRIOS:
Claro que não é tão simples compararmos pensamentos de épocas
completamente distintas, mas por mais rara que seja a situação, esse campo se
manteve consolidado com o passar do tempo. Para a era atual, onde grande parte
dos ambientes busca prender e desviar a atenção, acaba-se passando mais
despercebido agir de acordo com ideais que nem visualizamos e seguimos a
“mentalidade de massa” frente a um desconhecido planejado por outrem.
Tendo em nosso leque de ações, a liberdade em pensamento alinhada com o
esclarecimento, ainda assim seria efetivo para o desprendimento da falsa
necessidade de andar no ritmo que não seja o seu próprio, retomando as mentes
pensantes por si e restaurando a visão crítica acerca do período em que vivemos.

A humanidade ainda está vivendo como se ela fosse menor de idade, as


pessoas não decidem sozinha, um guru, pastor, coach, Estado decide por elas.
Todavia, não trata-se de negar a Igreja, Estado e etc, trata-se de só os aceitarem se
estiverem de conformidade com sua razão, logo, só os aceitarem depois que passar
por um processo de crítica/debate. Tudo que vem a nós deve passar pelo tribunal da
razão, é como se a razão fosse um juiz que julgasse tudo que vem a nossa mente e
só posteriormente que ela se prova eu a obedecerei, isso é ser maior de idade, uma
pessoa esclarecida. Um dos aspectos mais contrários à nossa dignidade é a razão
monárquica, quando um gênio esclarecido diz ser dono de uma verdade superior
por saber mais e manda uma pessoa o obedecer por isso. É preciso usar a nossa
liberdade com coragem, ousadia e autonomia, se opondo ao achismo de outros.

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