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PROVA DE FILOSOFIA:
NOÇÕES:
Uso público da razão: o uso público de nossa razão deve a todo momento ser
livre, e somente ele pode difundir o Esclarecimento entre os homens… no uso
público de sua razão, o padre desfruta de uma liberdade ilimitada de servir-se de
sua própria razão e de falar em seu próprio nome. Pois, querer que os tutores do
povo (nas coisas eclesiásticas) voltem a ser menores, é um absurdo que contribui
para a perpetuação dos absurdos.
Liberdade: esse Esclarecimento não exige todavia nada mais do que a liberdade; e
mesmo a mais inofensiva de todas as liberdades, isto é, a de fazer um uso público
de sua razão em todos os domínios. Em toda parte só se vê limitação da liberdade.
ARGUMENTOS:
O ser humano está inserido em uma minoridade e aqueles que saem dela
são identificados como esclarecidos, ou seja, se tornam maiores de idade. Na
análise do autor, aqueles que estão na minoridade são controlados por um tutor
(naturaliter majorennes), ou seja, por um responsável para tomar decisões por eles
e quando esses saem dessa condição para ir para a maioridade, tomam suas
próprias decisões, trazendo para seu pensamento, Kant identificou que os menores
de idade são aquelas pessoas que não são esclarecidas, porém, todos estão em
processo de esclarecimento, apesar de ser uma era de pessoas não esclarecidas.
No processo de evolução para esse estado de maioridade, faz-se necessário o uso
da liberdade e da ousadia, uma vez que, é preciso abandonar a preguiça e a
covardia e iniciar a busca pelo seu processo de construção do pensamento crítico.
Ademais, o autor explicita que há pessoas que estão presas no estado de
minoridade, devido ao apego à ela em conjunto com ser refém de servir a um tutor,
como resultado, as pessoas não possuem autonomia com relação aos seus próprios
pensamentos. Basicamente, somos um povo que tem preguiça de pensar e por isso
“contratamos” esses tutores para pensar por nós e, como consequência, possuímos
um pensamento limitando a nossa visão crítica, ou seja, não possuímos
entendimento do próprio mundo em que vivemos.
Convidando o leitor, o autor utiliza o termo “Sapere aude!” que significa “Ouse
saber”, para que possamos ter uma visão e um posicionamento próprio a respeito
do mundo ao nosso redor, até mesmo questionar a nós mesmos. O mesmo diz que
a Igreja, o exército e o governo sempre foram limitadores quanto a questão de
domínio de pensamento, porém, não significa que ao questionar essas instituições,
o leitor estará negando a verdade — ou não — presente neles, mas sim, incitando
aos leitores a questionar os pensamentos impostos a eles por essas organizações
para confirmar que estão conformes à razão desses, ou seja, só aceitarem-os após
um processo de crítica e debate. Outrossim, Kant esclarece que a sociedade ainda
não está esclarecida, no campus da religião, ao ponto de não necessitar mais de
tutores, contudo, é imprescindível que haja cada vez menos obstáculos que limitem
o processo de evolução à maioridade. Tal enfoque à religião, deve-se ao fato de
que, na visão do autor, os supremos das ciências e das artes não possuem
interesse em tutorar seus “súditos”.
COMENTÁRIOS:
Claro que não é tão simples compararmos pensamentos de épocas
completamente distintas, mas por mais rara que seja a situação, esse campo se
manteve consolidado com o passar do tempo. Para a era atual, onde grande parte
dos ambientes busca prender e desviar a atenção, acaba-se passando mais
despercebido agir de acordo com ideais que nem visualizamos e seguimos a
“mentalidade de massa” frente a um desconhecido planejado por outrem.
Tendo em nosso leque de ações, a liberdade em pensamento alinhada com o
esclarecimento, ainda assim seria efetivo para o desprendimento da falsa
necessidade de andar no ritmo que não seja o seu próprio, retomando as mentes
pensantes por si e restaurando a visão crítica acerca do período em que vivemos.