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A LIQUIDEZ DOS ATIVOS DA ECONOMIA

O economista inglês John R. Hicks, em seu livro Critical Essays in Monetary


Theory, publicado pela editora da Universidade de Oxford em 1967, classificou
os ativos da economia, segundo os seus graus de liquidez, em três categorias:
Ativos plenamente líquidos. Incluem a moeda e quaisquer outros ativos que
possam, eventualmente, ser convertidos em moeda sem perda de tempo e a
uma taxa de conversão fixa e conhecida. Ativos plenamente líquidos são todos
aqueles objetos que são reserva de valor e que podem ser utilizados para
cumprir obrigações contratuais e realizar transações à vista. Por exemplo, os
depósitos à vista (que podem ser transferidos em pagamento através de
cheques ou com cartões de débito).
Ativos líquidos. Incluem, entre outros, títulos públicos, ouro e obras de arte.
Estes objetos são transacionados em mercados bem organizados, mercados
cujos local e horário de funcionamento são conhecidos e possuem uma
quantidade bastante ampla de potenciais demandantes. Quando um indivíduo
adquire um ativo líquido, é porque possui planos de revenda. Sabe que
incorrerá em algum custo de manutenção e/ou carregamento do ativo, mas
espera obter ganhos na venda do ativo que sejam superiores a esses custos.
Ativos ilíquidos. Os mais importantes são as máquinas (ativos de capital)
adquiridas pelas empresas e os bens duráveis demandados por consumidores.
As empresas demandam tais objetos porque esperam obter lucros
compensadores com a venda das mercadorias que suas máquinas produzem.
Os consumidores adquirem bens duráveis porque objetivam aumentar a sua
satisfação com o fluxo de serviços que tais objetos podem gerar durante
períodos mais longos. Quando um ativo ilíquido é adquirido, seu possuidor não
possui planos de revenda. Tais ativos são transacionados em mercados
pobremente organizados. Em geral, quando se consegue revendê-los, seus
preços estão muito aquém dos preços de aquisição. Paul Davidson, em seu
livro Money and the Real World, publicado pela Macmillan em 1972, ressaltou
que certamente as fronteiras entre essas classes de ativos não são claras,
absolutas e imutáveis ao longo do tempo. O grau de liquidez de um ativo
depende do grau de organização do mercado onde é transacionado, o que, por
sua vez, depende das características do mercado. As práticas sociais e a
existência de instituições determinam, em última instância, o grau de liquidez
de um ativo. A própria moeda pode deixar de ser considerada um ativo
plenamente líquido. Em economias com hiperinflações agudas, tal como a
alemã no início da década de 1920, a moeda nacional, o marco, deixou de ser
aceita como intermediária de trocas, reserva de valor e unidade de conta. A
moeda perdia liquidez na mesma velocidade em que a inflação aumentava. A
inflação alemã, apenas no mês de outubro de 1923, foi de aproximadamente
29.500%.

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