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ET720 – Sistemas de Energia Elétrica I

Capı́tulo 5 – Transformador de potência

Carlos A. Castro

DSE/FEEC/UNICAMP

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 1 / 224


1. Introdução

Transformador elevador
(step-up transformer)

Transformador abaixador
(step-down transformer)

Transformador regulador
(regulating transformer)

relação ≈ 1 : 1
nı́vel de tensão entrada-saı́da
(em fase)
defasagem entrada-saı́da
(defasador)

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1. Introdução

Transformadores de medição
transformador de corrente
transformador de potencial

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2. Vantagens do uso de transformadores

Exemplo – perdas
Considere o diagrama unifilar do circuito trifásico e seu respectivo circuito
por fase mostrados a seguir.

R X

0,2 Ω/fase I
∼ ∼ Vf 300 MW

17,3 kV
900 MW
fp = 1 Vf = 17,3
√ = 10 kV
3

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2. Vantagens do uso de transformadores

Exemplo – perdas
Perdas de potência ativa por fase na linha de transmissão:

Pp = R | I |2

Potência ativa por fase fornecida pela fonte:

Pφ = | Vf | | I | fp (fp ≈ 1)

= | Vf | | I | → | I |=
| Vf |

Note que considerou-se o fator de potência visto pela fonte como unitário,
ou seja, o efeito da reatância da linha foi desprezado.

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2. Vantagens do uso de transformadores

Exemplo – perdas
Coeficiente de perdas:

Pp R | I |2 R (Pφ / | Vf |)2 R Pφ
η= = = =
Pφ Pφ Pφ | Vf |2

ou seja, o coeficiente de perdas é inversamente proporcional ao quadrado


da tensão → quanto maior a tensão de transmissão, menor o coeficiente
de perdas → as perdas se tornam proporcionalmente menos importantes
em função do total de potência transmitida.
No caso do circuito trifásico:
 2
η = 0,2 · 300 · 106 / 10 · 103 = 0,6

logo, o coeficiente de perdas é de 60%.


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2. Vantagens do uso de transformadores

Exemplo – perdas
Considere agora que a transmissão é feita em um nı́vel de tensão dez vezes
maior, através da utilização de dois transformadores (um elevador e outro
abaixador, com rendimentos tı́picos):

17,3 kV 173 kV 173 kV 17,3 kV


0,2Ω/fase

ηT = 98% ηT = 98%
900 MW
fp = 1

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2. Vantagens do uso de transformadores

Exemplo – perdas
Coeficiente de perdas na linha de transmissão:

0,2 · 300 · 106


ηLT = = 0,006
(100 · 103 )2

ou 0,6%, ou seja, uma redução significativa (100 vezes menor).


Os transformadores inseridos no circuito também têm suas próprias
eficiências. Logo, sua utilização deve ser justificada se o coeficiente de
perdas total (linha + transformadores) for menor que os 60% calculados
sem os transformadores.

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2. Vantagens do uso de transformadores

Exemplo – perdas
Considere P como a potência por fase gerada na fonte de tensão:

P P′ P ′′ P ′′′

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2. Vantagens do uso de transformadores

Exemplo – perdas
Devido à presença do transformador elevador (cujo rendimento de 98% é
tı́pico para transformadores de potência), a potência que entra na linha é:

P ′ = 0,98 · P

Devido às perdas de potência ativa na linha, a potência que chega ao


transformador abaixador é:

P ′′ = (1 − 0,006) · P ′ = 0,994 · 0,98 · P = 0,9741 · P

Após computadas as perdas no transformador abaixador, a potência


entregue à carga é:

P ′′′ = 0,98 · P ′′ = 0,9546 · P

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2. Vantagens do uso de transformadores

Exemplo – perdas
O coeficiente total de perdas é:
 
P − P ′′′
ηtotal = = 0,0454
P

ou 4,54%, que é bem menor que no caso da transmissão a baixas tensões.

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2. Vantagens do uso de transformadores

Exemplo – condutores
Deseja-se transmitir uma potência de 50 MW com fator de potência de
0,85 indutivo por meio de uma linha de transmissão trifásica de 13,8 kV
com condutores de alumı́nio, desde a usina hidrelétrica, cuja tensão
nominal do gerador é 13,8 kV, até o centro consumidor situado a 100 km.
Admite-se uma perda de potência por efeito Joule de 2,5% na linha.

A corrente de linha é:


P 50 · 106
I =√ =√ = 2.461 A
3 · V · fp 3 · 13,8 · 103 · 0,85

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2. Vantagens do uso de transformadores

Exemplo – condutores
A perda potência na transmissão de 2,5% corresponde a 1.250 kW.
Tendo-se a corrente e a potência dissipada podemos determinar a
resistência de cada condutor por:

Pperdas 1,25 · 106


R= = = 0,0688 Ω
3 · I2 3 · 2.4612
Considerando que a resistividade do alumı́nio seja igual a
0,02688 Ω · mm2 /m, pode-se determinar o diâmetro do condutor a ser
utilizado por:
 2
ℓ ℓ d ℓ
R =ρ· → S =ρ· → π· =ρ·
S R 2 R
 1/2  3
1/2
4·ρ·ℓ 4 · 0,02688 · 100 · 10
d= = = 223,0 mm
π·R π · 0,0688
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2. Vantagens do uso de transformadores

Exemplo – condutores
Considere agora que a transmissão seja feita a um nı́vel de tensão de
138 kV. Seguindo os mesmos passos realizados anteriormente, obtém-se:

P 50 · 106
I =√ =√ = 246,1 A
3 · V · fp 3 · 138 · 103 · 0,85
Pperdas 1,25 · 106
R= = = 6,88 Ω
3 · I2 3 · 246,12
   1/2
4 · ρ · ℓ 1/2 4 · 0,02688 · 100 · 103
d= = = 22,3 mm
π·R π · 6,88

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2. Vantagens do uso de transformadores

Exemplo – condutores
Comparação entre os condutores:

13,8 kV

138 kV

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3. Transformador monofásico ideal

Descrição geral:

núcleo laminado de Fe-Si

i1 φ i2

+ +
Fonte v1 N1 N2 v2 Carga
− −

Primário Secundário
Alta/Baixa tensão Baixa/Alta tensão

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3. Transformador monofásico ideal

Hipóteses:
Não há perdas ôhmicas – a resistência dos enrolamentos é nula
Não há dispersão de fluxo magnético – todo o fluxo φ está confinado
no núcleo e é concatenado com ambas as bobinas
Não há perdas no núcleo – não há histerese nem correntes parasitas
A permeabilidade magnética do núcleo é infinita (µnucleo → ∞) – a
corrente necessária para criar o fluxo magnético no núcleo e, portanto,
a força magnetomotriz para magnetizar o núcleo, é desprezı́vel

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3. Transformador monofásico ideal

Circuito equivalente:

I1 I2

+ +

V1 V2

− −

N1 : N2

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3. Transformador monofásico ideal

Tensões e correntes são senoidais → V1 , V2 , I1 e I2 são fasores

Relações:

Tensões e correntes:
V1 I2 N1
= = =a
V2 I1 N2

em que a é a relação de transformação (relação de espiras)

Potências:
S1 = V1 I1∗ = V2 I2∗ = S2

pois não há perdas (potência de entrada igual à potência de saı́da)

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3. Transformador monofásico ideal

Impedâncias:

I1 I2

+ +

V1 Z1 V2 Z2

− −

N1 : N2

A transformação de impedâncias (impedâncias refletidas) é dada por:


V1 aV2 V2
Z1 = = = a2 = a 2 Z2
I1 I2 /a I2

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4. Transformador monofásico real

São consideradas:

Perdas ôhmicas nos enrolamentos


Perdas no núcleo (histerese e correntes parasitas)
Dispersão de fluxo
Corrente de magnetização

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4. Transformador monofásico real

Circuito equivalente:

Transformador real

r1 x1 x2 r2


+ I1 I1′ + + I2 +

V1 xm rc V1′ V2′ V2
Im Ic
− − − −

N1 : N2

Transformador ideal

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4. Transformador monofásico real

Parâmetros:

r1 , r2 – resistências que representam as perdas ôhmicas nos


enrolamentos (perdas cobre)
x1 , x2 – reatâncias que representam a dispersão de fluxo
rc – resistência que representa as perdas no núcleo (perdas ferro)
xm – reatância que representa a magnetização do núcleo

A relação de espiras é válida para:

N1 V′ I2
a= = 1′ = ′
N2 V2 I1

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4. Transformador monofásico real

Durante a operação em vazio:

I2 = 0 → I1′ = 0
Não há queda de tensão em r2 e x2 → V2′ = V2
A impedância equivalente do ramo paralelo (rc e xm ) é muito maior
que a impedância equivalente série (r1 e x1 ) → pode-se desprezar os
parâmetros série

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4. Transformador monofásico real

O circuito equivalente para o transformador em vazio fica:

I1′ = 0

I1 Iϕ I2
+ +

V1 xm rc V2
Im Ic
− −

N1 : N2

Transformador ideal

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4. Transformador monofásico real

A corrente no primário é:

i1 (t) = iϕ (t) = im (t) + ic (t)

e é pequena (da ordem de 5% da corrente nominal do transformador)

A tensão no secundário é :
V1
V2 =
a

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4. Transformador monofásico real

Devido às não-linearidades (saturação do material ferromagnético):

A corrente de excitação não é senoidal → representação fasorial não


pode ser usada

A corrente apresenta componentes harmônicas ı́mpares (3a., 5a. etc.):


iϕ (t) = I1 sen (ωt) + I3 sen (3ωt) + I5 sen (5ωt) + · · ·

A componente de 3a. harmônica é da ordem de 40% da corrente total

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4. Transformador monofásico real

Em geral, como iϕ é pequena, considera-se somente a componente


fundamental (60 Hz) e pode-se então utilizar notação fasorial:

I1 = Iϕ

e o diagrama fasorial fica:

V1
Ic

→ o transformador em
vazio apresenta um
fator de potência baixo

Im

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4. Transformador monofásico real

Na operação com carga:

I2 6= 0 → todos os parâmetros do circuito equivalente são considerados


Pode-se eliminar o transformador ideal refletindo as impedâncias do
replacements
enrolamento secundário e utilizando a relação de transformação para
tensões e correntes:
r1 x1 a2 x2 a2 r2


+ I1 I2 /a +

V1 xm rc aV2

Im Ic
− −

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4. Transformador monofásico real

Como Iϕ ≪ I1 pode-se desprezar os parâmetros shunt:

r1 + a2 r2 x1 + a2 x2

+ +
I1 = I2 /a

V1 aV2

− −

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4. Transformador monofásico real

Em geral para transformadores de potência (a partir de centenas de


KVA) as perdas ôhmicas também podem ser desprezadas:

x1 + a2 x2 = x

+ +
I1 = I2 /a

V1 aV2

− −

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4. Transformador monofásico real

Exercı́cios propostos

(1) , (2) , (14)

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5. Autotransformador ideal

Considere o transformador monofásico:


I1 I2

+ +

V1 V2 V1 = 120 V I1 = 6 A
V2 = 240 V I2 = 3 A
− −

N1 : N2

A potência aparente é:

S = V1 I1 = V2 I2 = 720VA

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5. Autotransformador ideal

Se for feita uma ligação fı́sica entre os enrolamentos primário e


secundário tem-se o autotransformador:

I2

+
A potência aparente nesse
N2 caso é:
I1 + I2

V1 + V2
S = V1 (I1 + I2 )
+ = (V1 + V2 ) I2 = 1080VA
V1 N1

− −

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5. Autotransformador ideal

O autotransformador transmite mais potência

A potência transmitida por efeito magnético é a mesma do


transformador

O adicional de potência é transmitido por meio da própria ligação


fı́sica entre os enrolamentos

Restrição: o autotransformador não pode ser usado quando a


separação fı́sica entre os enrolamentos for fundamental

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6. Autotransformador real

As perdas no autotransformador são do mesmo tipo das perdas do


transformador (cobre, ferro etc.)

Como as perdas são as mesmas (bobinas são as mesmas, núcleo é o


mesmo) → autotrafo apresenta maior rendimento (maior eficiência)

O rendimento depende da relação de transformação, como mostrará o


exemplo a seguir

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6. Autotransformador real

Exemplo – perdas
Na prática, o autotransformador é composto por um só enrolamento:

+ +

V1 V2
tap

− −

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6. Autotransformador real

Exemplo – perdas
Considere um autotransformador que alimenta uma carga de 800 V,
12,5 A a partir de uma fonte de 800 V:

12,5 A 12,5 A

+ +

800 V 800 V Carga

I ≈0
− −

Relação 1:1

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6. Autotransformador real

Exemplo – perdas
o autotransformador tem relação de transformação 1 : 1

toda a potência é transferida através da conexão elétrica e nada é


transferido via fluxo magnético

a corrente na bobina do autotrafo é a corrente de excitação, que é


muito baixa

potência de perdas ≈ 0 → eficiência de ≈ 100%

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6. Autotransformador real

Exemplo – perdas
Considere agora a mesma carga sendo alimentada por uma fonte de
1000 V:

10 A 12,5 A

+ +
200 V

1000 V 800 V Carga

2,5 A
− −

Relação 5:4

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6. Autotransformador real

Exemplo – perdas
a relação de transformação agora é 1000/800 = 5/4

a potência na carga é de 800 · 12,5 = 10 kVA

a potência na fonte deve ser também 10 kVA. Logo a corrente da


fonte é 10000/1000 = 10 A

a carga é conectada a 4/5 do enrolamento, sobrando 1/5 → as


tensões são divididas em 800 V e 200 V

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6. Autotransformador real

Exemplo – perdas
perdas na porção 1/5:

1
P1 = R · 102 = 20R
5

em que R é a resistência do enrolamento

perdas na porção 4/5:

4
P2 = R · 2,52 = 5R
5

as perdas totais são de 25R

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6. Autotransformador real

Exemplo – perdas
Considere agora a mesma carga sendo alimentada por uma fonte de
1600 V:

6,25 A 12,5 A

+ +

800 V
1600 V 800 V Carga

6,25 A
− −

Relação 2:1

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6. Autotransformador real

Exemplo – perdas
a relação de transformação agora é 1600/800 = 2/1

a potência na carga é de 800 · 12,5 = 10 kVA

a potência na fonte deve ser também 10 kVA. Logo a corrente da


fonte é 10000/1600 = 6,25 A

a carga é conectada a metade do enrolamento, sobrando a outra


metade → as tensões são divididas em 800 V e 800 V

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6. Autotransformador real

Exemplo – perdas
perdas na metade superior:
1
P1 = R · 6,252 = 19,53R
2

em que R é a resistência do enrolamento

perdas na metade inferior:


1
P2 = R · 6,252 = 19,53R
2

as perdas totais são de 39,06R → maiores que o caso anterior

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6. Autotransformador real

Exemplo – perdas
Conclusão: quanto mais distante a relação de transformação for de
1 : 1, maiores as perdas do autotransformador

Por isso eles são mais usados como autotransformadores reguladores

40

35

30

25
Perdas totais

20

15

10

0
1 1.5 2 2.5 3
Relação de transformação

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6. Autotransformador real

Exemplo – relações
Considere os autotransformadores mostrados a seguir.

Ie Is Ie Is

+ + + +
I1 N1 N1 I1

Ve Vs Ve Vs
N2 N2
I2 I2
− − − −

Abaixador Elevador

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6. Autotransformador real

Exemplo – relações
Para o autotrafo abaixador tem-se:
Ve Is N1 + N2
= = =a>1
Vs Ie N2

Considerando que R é a resistência total do enrolamento, as perdas são


dadas por:
N1 N2
P= RI 2 + RI 2
N1 + N2 1 N1 + N2 2
   
1 2 1 2 a−1 1 2
= 1− RIe + R (Is − Ie ) = RIe2 + R (a − 1) Ie2
a a a a
= RIe2 (a − 1)

Para a = 1 não há perdas e estas aumentam à medida que a se distancia


de 1 (neste caso a > 1 sempre)
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6. Autotransformador real

Exemplo – relações
Para o autotrafo elevador:
Ve Is N2
= = =a<1
Vs Ie N1 + N2
As perdas são:
N1 N2
P= RI12 + RI 2
N1 + N2 N1 + N2 2
 2
2 a−1
= (1 − a) RIs2 + aR (Is − Ie ) = (1 − a) RIs2 + aR Is2
a
 
1
= RIs2 −1
a

Para a = 1 não há perdas e estas aumentam à medida que a se distancia


de 1 (neste caso a < 1 sempre)
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7. Transformador trifásico

Banco trifásico (três transformadores monofásicos) ou transformador


trifásico (enrolamentos em um único núcleo):

H1 X1 a b c
a

H2 X2 H1 H2 H3

H1 X1
b
C
H2 X2

H1 X1 X1 X2 X3
c
A C B
H2 X2

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7. Transformador trifásico

Ambos os transformadores mostrados apresentam ligação Y-∆

Normalmente utiliza-se:

H – enrolamento de alta tensão

X – enrolamento de baixa tensão

O transformador de um só núcleo tem a vantagem de ser mais


compacto → menos material → mais barato

As ligações são internas → não há meio de alterá-la

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7. Transformador trifásico

O banco trifásico tem a vantagem da possibilidade de mudança das


ligações

Ligação Y -∆:

É utilizada em transformadores abaixadores [Sen] de tensão

Se
√a relação de espiras for a = N◦ 1 /N2 – relação de transformação é
a 3 e há uma defasagem de 30 entre as tensões de linha do
primário e secundário

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7. Transformador trifásico

Ligação ∆-Y :

É utilizada em trafos elevadores [Sen] / abaixadores [CPFL] de tensão

Se√a relação de espiras for a = N1 /N2 – relação de transformação é


a/ 3 e há uma defasagem de 30◦ entre as tensões de linha do
primário e secundário

Ligação ∆-∆:

Permite a ligação em ∆ aberto, ou V -V → caso em que se sabe que


a carga vai crescer no futuro → atende-se a carga atual em ∆ aberto
e fecha o ∆ (acrescenta terceiro transformador ao banco) quando
necessário

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7. Transformador trifásico

Ligação Y -Y :

Ligação raramente usada pois terceiras harmônicas de correntes de


excitação introduzem distorções nas formas de onda

Este problema pode ser contornado com o aterramento fı́sico dos


neutros dos enrolamentos

Pode-se contornar o problema também com a instalação de um


terceiro enrolamento, que pode ser usado para outras tarefas, como
alimentar a subestação, por exemplo

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7. Transformador trifásico

Exemplo – conexões
Considere três transformadores monofásicos (1φ) com relação de
transformação Vp /Vs = a. Monte bancos trifásicos (3φ) de
transformadores usando as várias ligações possı́veis e obtenha as relações
de transformação e defasagens entre tensões do primário e secundário.
Considere a sequência de fases ABC .

Tensões nos enrolamentos primários:


√ √
VAN = V ∠0◦ VAB = 3 V ∠30◦ (pois VL = 3 VF ∠30◦ )

VBN = V ∠ − 120◦ VBC = 3 V ∠ − 90◦

VCN = V ∠120◦ VCA = 3 V ∠150◦

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7. Transformador trifásico

Exemplo – conexões

A B a b
+ + + +
1 2 1 2
N n
Ligação Y -Y :
3 3

+ +

C c

VAN V √ V
=a → Van = ∠0◦ → Vab = 3 ∠30◦
Van a a
VAB
=a
Vab
 ∗
√ √ IA Vab IA 1
S = 3 VAB IA∗ = 3 Vab Ia∗ → = → =
Ia VAB Ia a
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7. Transformador trifásico

Exemplo – conexões
Ia

A B
+ + Iab
1 2 a +
IA N
Ligação Y -∆: 1
Ica 3 2 b
+
3 +
c Ibc
+

VAN V
=a → Vab = ∠0◦
Vab a
VAB √
= a 3 ∠30◦
Vab

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7. Transformador trifásico

Exemplo – conexões
As tensões do primário estão adiantadas de 30◦ em relação às do
secundário
 ∗
√ √ IA Vab IA 1
S= 3 VAB IA∗ = 3 Vab Ia∗ → = → = √ ∠30◦
Ia VAB Ia a 3

Y −∆

+ +

VAB ◦
a 3 · e j·30 : 1 Vab

A defasagem entre as correntes é − −


a mesma das tensões
1 ◦
IA √
a 3
· e j·30 : 1 Ia

sequência ABC

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7. Transformador trifásico

Exemplo – conexões
Considerando a sequência de fases ACB (trocando duas fases de
alimentação):
Ib

B A
+ + Iba
1 2 b +
IB N
1
Icb 3 2 a
+
3 +
c Iac
+

VBN V V
=a → Vab = − ∠ − 120◦ = ∠60◦
Vba a a
VAB √
= a 3 ∠ − 30◦
Vab
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7. Transformador trifásico

Exemplo – conexões
As tensões do primário estão atrasadas de 30◦ em relação às do secundário:
 ∗
√ √ IA Vab IA 1
S = 3 VAB IA∗ = 3 Vab Ia∗ → = → = √ ∠ − 30◦
Ia VAB Ia a 3

Y −∆

+ +

VAB ◦
a 3 · e −j·30 : 1 Vab

A defasagem entre as correntes é − −


a mesma das tensões
IA 1 ◦
Ia

a 3
· e −j·30 : 1

sequência ACB

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 60 / 224


7. Transformador trifásico

Exemplo – conexões
Ia

IA
a b
+ +
IAB 1 2
A +
Ligação ∆-Y : n
1
ICA 3 2 B
+ 3
+
C IBC
+


VAB 3V
=a → Van = ∠30◦
Van a
3V VAB a
Vab = ∠60◦ → = √ ∠ − 30◦
a Vab 3
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 61 / 224
7. Transformador trifásico

Exemplo – conexões
As tensões do primário estão atrasadas de 30◦ em relação às do secundário:

IA 3
= ∠ − 30◦
Ia a

∆−Y

+ +

VAB √a · e −j·30 : 1 Vab
3

A defasagem entre as correntes é − −


a mesma das tensões

IA 3 ◦
· e −j·30 : 1 Ia
a

sequência ABC

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7. Transformador trifásico

Exemplo – conexões
Considerando a sequência de fases ACB (trocando duas fases de
alimentação):
Ib

IB

b a
+ +
IBA 1 2
B +
n
1
ICB 3 2 A
+ 3
+
C IAC
+

√ √
VBA 3V 3V
= a → Vbn = − ∠ − 150◦ → Van = ∠ − 30◦
Vbn a a
3V VAB a
Vab = ∠0◦ → = √ ∠30◦
a Vab 3

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7. Transformador trifásico

Exemplo – conexões
As tensões do primário estão adiantadas de 30◦ em relação às do
secundário: √
IA 3
= ∠30◦
Ia a

∆−Y

+ +

VAB √a · e j·30 : 1 Vab
3

A defasagem entre as correntes é − −


a mesma das tensões

IA 3 ◦
· e j·30 : 1 Ia
a

sequência ACB

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 64 / 224


7. Transformador trifásico

Exemplo – conexões

IA Ia

A + IAB + Iab
a

1 1
ICA 3 2 B Ica 3 2 b
+ +
+ +
Ligação ∆-∆: C IBC c Ibc

VAB
=a
Vab

IA 1
=
Ia a

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7. Transformador trifásico

Exemplo – conexões
Para circuitos radiais, a consideração da defasagem de 30◦ entre tensões
de linha introduzidas pelas ligações Y -∆ e ∆-Y é irrelevante

Y -∆
138/13,8 kV

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7. Transformador trifásico

Exemplo – conexões
Para circuitos malhados, a defasagem faz grande diferença e deve
obrigatoriamente ser levada em consideração

Y -∆
138/69 kV

Y -∆
138/69 kV

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7. Transformador trifásico

Exemplo – operação
Obtenha a potência complexa fornecida por um gerador trifásico que
alimenta uma carga através de um banco de transformadores ideais e de
uma linha de transmissão. O banco de transformadores é formado por três
transformadores monofásicos de 20 MVA, 20/200 kV, ∆-Y . O circuito
equivalente por fase de linha de transmissão resume-se à impedância série
ZL = 0 + j 100 Ω. A tensão de linha na carga é de 340 kV e a carga
consome 30 MVA com fator de potência 0,8 atrasado.
Diagrama unifilar:

Gerador Trafo LT Carga


∆-Y

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 68 / 224


7. Transformador trifásico

Exemplo – operação
Circuito completo:
Gerador Trafo LT Carga
IA Ia
A a a′

1 ZL Zc

IAB 1

B b b′
N ∼ 3 n n′
2 ZL Zc

C c c′

3 ZL Zc

60 MVA

20/200 3 kV

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 69 / 224


7. Transformador trifásico

Exemplo – operação
Tensão de fase na carga:
340
Va′ n′ = √ ∠0◦ kV (referência angular)
3

Potência complexa por fase na carga:


30
Sc = ∠ cos−1 0,8 = 10 ∠36,87◦ MVA
3

Corrente pela linha de transmissão:


 
Sc ∗
Ia = = 50,94 ∠ − 36,87◦ A
Va ′ n ′

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7. Transformador trifásico

Exemplo – operação
Tensão de fase no lado de alta tensão do transformador:

Van = Va′ n′ + ZL Ia = 199,4 ∠1,17◦ kV

Tensão de linha no lado de alta tensão do transformador (considerando


uma sequência de fases ABC):
√ √
Vab = Van · 3 ∠30◦ = 199,4 · 3 ∠31,17◦ kV

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 71 / 224


7. Transformador trifásico

Exemplo – operação
Potência fornecida à carga e à linha de transmissão:
 
 
S = 3  Sc + SL 
|{z} |{z}
carga perdas na transmissão

= 3 Van Ia∗ = 30,47 ∠38,04◦ MVA

Como o gerador e o transformador são ideais, a potência fornecida pelo


gerador é S.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 72 / 224


7. Transformador trifásico

Exemplo – operação
Tensão de linha no lado da baixa tensão do transformador:
VAB 20
= → VAB = 19,94 ∠1,17◦ kV
Van 200

Relação entre as tensões de linha no primário e secundário do


transformador:
VAB 19,94 ∠1,17◦
= √
Vab 199,4 · 3 ∠31,17◦

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7. Transformador trifásico

Exemplo – operação
Logo:

primário secundário

VAB =
( 1
10 · √1
3
∠ − 30◦
) · Vab

rel. transf. ligação


monofásico ∆−Y

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7. Transformador trifásico

Exemplo – operação
Tensão de fase nos terminais no gerador:
VAB
VAN = √ ∠ − 30◦ = 11,51 ∠ − 28,83◦ kV (seq. fases ABC )
3

Corrente no enrolamento de baixa tensão do transformador:


IAB 200
= → IAB = 509,43 ∠ − 36,87◦ A
Ia 20

Corrente de linha pelo gerador:



IA = 3 IAB ∠ − 30◦ = 882,35 ∠ − 66,87◦ A

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 75 / 224


7. Transformador trifásico

Exemplo – operação
Potência complexa fornecida pelo gerador:

S = 3 VAN IA∗ = 30,47 ∠38,04◦ MVA !

Fator de potência visto pelo gerador:

fp = cos 38,04◦ = 0,788

Tensão de linha no gerador:



VL = 11,51 3 = 19,94 kV

É fácil verificar que se as defasagens de 30◦ não tivessem sido consideradas


no cálculo de VAN e IA , o resultado final (potência fornecida pelo gerador,
fator de potência visto pelo gerador, tensão de linha no gerador) teria sido
o mesmo.
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 76 / 224
8. Transformadores de três enrolamentos

Caso particular de transformador de múltiplos enrolamentos

Transformadores de três enrolamentos são bastante utilizados em


sistemas de potência
Estrutura básica:
I1 I2

N2 E2

E1 N1

N3 I3 E3

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8. Transformadores de três enrolamentos

Terceiro enrolamento:

Baixa tensão, baixa potência


Pode ser conectado a fonte suporte de potência reativa (condensador
sı́ncrono, reatores, capacitores)
Pode ser utilizado para a alimentação da subestação (carga)
Pode capturar componentes harmônicas e correntes de sequência zero
devido a desbalanceamentos de carga

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 78 / 224


8. Transformadores de três enrolamentos

Rede teste IEEE 14 barras

8
7

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 79 / 224


8. Transformadores de três enrolamentos

Configuração básica de um transformador de três enrolamentos:

I2
I1

N2 E2

E1 N1
N3 I3 E3

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 80 / 224


8. Transformadores de três enrolamentos

As relações entre tensões e correntes são obtidas utilizando-se o


mesmo raciocı́nio que para o transformador de dois enrolamentos

Para as tensões:
E1 E2 E3
= =
N1 N2 N3

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 81 / 224


8. Transformadores de três enrolamentos

Para as potências, considera-se:

potência de entrada = potência de saı́da (transformador ideal)

potência no enrolamento 1 = potência no enrolamento 2 + potência


no enrolamento 3

E1 I1 = E2 I2 + E3 I3
N2 N3
E1 I1 = E1 I2 + E1 I3
N1 N1
N1 I1 = N2 I2 + N3 I3

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 82 / 224


8. Transformadores de três enrolamentos

Escrevendo de outra maneira:


N1 N1
E1 = E2 = E3
N2 N3
= a2 E2 = a3 E3

N2 N3
I1 = I2 + I3
N1 N1
I2 I3
= +
a2 a3

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 83 / 224


8. Transformadores de três enrolamentos

Essas equações são atendidas pelo seguinte diagrama:

I2 /a2

I1

I3 /a3
a2 E2
E1
a3 E3

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 84 / 224


8. Transformadores de três enrolamentos

No caso de um transformador real → parâmetros série e shunt são


acrescentados ao diagrama:
Z2 I2 /a2

Z1
I1

I3 /a3
a2 E2
E1 rc xm Z3
a3 E3

Todos os parametros são vistos pelo lado 1, ou seja, as impedâncias


Z2 e Z3 são valores já refletidos para o lado 1 de acordo com a
relação de transformação
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 85 / 224
8. Transformadores de três enrolamentos

Os parâmetros shunt podem ser determinados através do ensaio de


circuito aberto → enrolamentos 2 e 3 em aberto, tensão nominal
aplicada ao enrolamento 1

Os parâmetros Z1 , Z2 e Z3 são determinados indiretamente, através


de ensaios de curto-circuito apropriados

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 86 / 224


8. Transformadores de três enrolamentos

Ensaios de curto-circuito:
Enrolamento 2 em curto, enrolamento 3 em aberto. Corrente nominal
no enrolamento 1 e determinação da impedância vista:

Z2

Z1

⇒ Z12 = Z1 +Z2
E1 Z3

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 87 / 224


8. Transformadores de três enrolamentos

Ensaios de curto-circuito (cont.):


Enrolamento 3 em curto, enrolamento 2 em aberto. Corrente nominal
no enrolamento 1 e determinação da impedância vista:

Z2

Z1

⇒ Z13 = Z1 +Z3
E1 Z3

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 88 / 224


8. Transformadores de três enrolamentos

Ensaios de curto-circuito (cont.):


Enrolamento 3 em curto, enrolamento 1 em aberto. Corrente nominal
no enrolamento 2 e determinação da impedância vista:

Z2

Z1

⇒ Z23 = Z2 +Z3
a2 E 2
Z3

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 89 / 224


8. Transformadores de três enrolamentos

As equações obtidas pelos ensaios de curto-circuito formam um


sistema de três equações e três incógnitas, cuja solução resulta em:

1
Z1 = (Z12 + Z13 − Z23 )
2
1
Z2 = (Z12 + Z23 − Z13 )
2
1
Z3 = (Z13 + Z23 − Z12 )
2

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 90 / 224


9. Transformadores com tap variável

A finalidade básica do transformador é a conversão de nı́veis de tensão


O transformador pode ter funções adicionais, como por exemplo o
controle de tensão (potência reativa)
Alguns transformadores têm relação de espiras variável:

posição máxima

posição nominal (tap nominal)

posição mı́nima

V1 V2

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 91 / 224


9. Transformadores com tap variável

A mudança da posição do tap pode ser manual ou automática, sem


ou com carga (on-load tap changer – OLTC )

O comutador de tap normalmente é localizado no lado de alta tensão


(pois as correntes são menores)

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 92 / 224


9. Transformadores com tap variável

Material complementar

On-load tap changer


mecânico (tap é mudado
sem interromper a
corrente):

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 93 / 224


9. Transformadores com tap variável

Material complementar
Enrolamento primário de um on-load tap changer ajustado na posição 2.
A corrente circula pela chave 2 e o resistor X está curto-circuitado:

A B C

replacements

8 8 8
7 6 7 6 7 6
5 4 5 4 5 4
3 2 3 2 3 2
1 1 1
Y X Y X Y X

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 94 / 224


9. Transformadores com tap variável

Material complementar
Suponha que se deseje mudar a posição do tap para 3. Inicialmente a
chave 3 é fechada. Esta operação não muda o circuito:

A B C

replacements

8 8 8
7 6 7 6 7 6
5 4 5 4 5 4
3 2 3 2 3 2
1 1 1
Y X Y X Y X

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 95 / 224


9. Transformadores com tap variável

Material complementar
A chave rotatória gira e a corrente passa a circular pela chave 2 e pelo
resistor X:
A B C

replacements

8 8 8
7 6 7 6 7 6
5 4 5 4 5 4
3 2 3 2 3 2
1 1 1
Y X Y X Y X

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 96 / 224


9. Transformadores com tap variável

Material complementar
A chave rotatória continua a girar e correntes passam a circular pelas
chaves 2 e 3, e pelos resistores X e Y:

A B C

replacements

8 8 8
7 6 7 6 7 6
5 4 5 4 5 4
3 2 3 2 3 2
1 1 1
Y X Y X Y X

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 97 / 224


9. Transformadores com tap variável

Material complementar
A chave rotatória continua a girar e a corrente passa a circular somente
pela chave 3 e pelo resistor Y:

A B C

replacements

8 8 8
7 6 7 6 7 6
5 4 5 4 5 4
3 2 3 2 3 2
1 1 1
Y X Y X Y X

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 98 / 224


9. Transformadores com tap variável

Material complementar
A chave rotatória continua a girar curto-circuitando o resistor Y. A
corrente passa a circular somente pela chave 3:

A B C

replacements

8 8 8
7 6 7 6 7 6
5 4 5 4 5 4
3 2 3 2 3 2
1 1 1
Y X Y X Y X

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 99 / 224


9. Transformadores com tap variável

Material complementar
Finalmente, a chave 2 é aberta:
A B C

8 8 8
7 6 7 6 7 6
5 4 5 4 5 4
3 2 3 2 3 2
1 1 1
Y X Y X Y X

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 100 / 224


9. Transformadores com tap variável

Tomando novamente o exemplo do transformador da subestação de


distribuição:

Distribuição
Transmissão

Carga

Restante
da rede

∼ Carga

Transformador
com tap variável

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 101 / 224


9. Transformadores com tap variável

Estrutura geral do transformador:

TC

∼ Carga

comutador de tap

+ − TP

retardo de tempo

V ajuste

relé regulador de tensão

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 102 / 224


9. Transformadores com tap variável

TC, TP – transformador de corrente, transformador de potencial,


para medição de corrente e tensão

V ajuste (tensão de referência, ponto de ajuste, centro de banda) –


tensão desejada no terminal do regulador ou em uma barra remota do
alimentador de distribuição

Largura de faixa – variação de tensão permitida entre a tensão de


referência e a tensão provocada pela carga. Exemplo: se a tensão é
especificada em 127 V e a margem é de 2 V, o regulador comutará o
tap para que a tensão esteja na faixa [125, 129] V. Isto evita o
excesso de acionamentos do comutador de tap

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 103 / 224


9. Transformadores com tap variável

Temporização (tempo morto) – tempo de espera (delay) para iniciar o


acionamento do comutador de tap. Com este ajuste evita-se a
atuação do comutador para pequenas e rápidas variações de tensão

temporização
atuação do
comutador de tap

largura
referência
de faixa

tempo

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 104 / 224


9. Transformadores com tap variável

Compensação por queda de tensão na linha (line drop compensation


– LDC) – compensa a queda de tensão da linha entre o regulador de
tensão e um centro de carga determinado, localizado a uma distância
elétrica do regulador (RL + j XL )

TC RL + j XL
∼ Carga

comutador de tap
replacements
+ − TP

retardo de tempo

V ajuste
R X I

relé regulador de tensão

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 105 / 224


9. Transformadores com tap variável

Autotransformadores reguladores de tensão:

RT

RT

banco de
capacitores

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 106 / 224


9.1. Transformadores com tap variável – Transformadores reguladores

Diagrama:
Van VAn = Van + ∆Va

∆Va
− +
a A

b B

c C

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 107 / 224


9.1. Transformadores com tap variável – Transformadores reguladores

Nota-se que o transformador série acrescenta ∆V ao valor da tensão


V (válido para as três fases)

A variação em geral é de ±10% → tap variável

A mudança de tap pode ser feita com o transformador energizado →


transformador com mudança de derivação (tap) sob carga ou TCUL –
tap changing under load ou LTC – load tap changing

Em geral a mudança de tap é automática e operada por motores que


atuam acionados por relés ajustados para manter a magnitude de
tensão em algum ponto da rede no nı́vel pré-estabelecido. Este ponto
da rede é normalmente o lado da carga do trafo

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 108 / 224


9.2. Transformadores com tap variável – Transformadores defasadores

Utilizado para o controle da defasagem entre as tensões no primário e


secundário

Ideia: controlar o fluxo de potência ativa por ele

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 109 / 224


9.2. Transformadores com tap variável – Transformadores defasadores

Van
Van + ∆Va

∆Va

Vbn Vbn + ∆Vb


∆Vc
∆Vb

Vcn Vcn + ∆Vc


Diagrama:
a ∆Va

n
∆Vb α
α
b c
∆Vc
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 110 / 224
9.2. Transformadores com tap variável – Transformadores defasadores

A tensão de saı́da da fase a é igual à tensão de entrada somada a


uma tensão ∆Va que é induzida pela tensão de linha Vbc , que por sua
vez é defasada de Va de um ângulo de 90◦

O transformador defasador introduz uma defasagem de α entre as


tensões de entrada e saı́da

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 111 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – modelo
Considere um transformador monofásico ideal de 4400/220 V, 22 kVA,
que alimenta carga nominal no lado de baixa tensão. Obtenha o circuito
em pu.

I1 I2

+ +

Fonte V1 V2 Carga

− −

4400/220 V

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 112 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – modelo
O circuito no qual o transformador está inserido tem dois nı́veis de tensão
→ isto sugere a divisão do circuito em duas áreas → os valores das tensões
de base das duas áreas podem ser escolhidos de maneira independente.

Área 1 Área 2

I1 I2

+ +

Fonte V1 V2 Carga
− −

4400/220 V

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 113 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – modelo
É vantajosa a escolha das tensões de base Vb1 e Vb2 tais que
Vb1 /Vb2 = a, onde a é a relação de transformação.

Como a potência de entrada é igual à potência de saı́da (desconsiderando


as perdas) → a potência de base deve ser igual para os dois lados.

Escolhendo:

Vb1 = 4400 V
Vb2 = 220 V
Sb = 22 kVA

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 114 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – modelo
As correntes de base são:

Ib1 = Sb /Vb1 = 5 A
Ib2 = Sb /Vb2 = 100 A

Como a mesma potência de base foi escolhida para os dois lados, as


correntes de base dos enrolamentos também seguem a relação
Ib1 /Ib2 = 1/a.

As impedâncias de base são:


2
Zb1 = Vb1 /Sb = 880 Ω
2
Zb2 = Vb2 /Sb = 2,2 Ω

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 115 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – modelo
Uma certa corrente no enrolamento de alta tensão pode ser expressa em
pu como:
I1 I2 /a I2 /a I2
i1 = = = = = i2
Ib1 Ib1 Ib2 /a Ib2

ou seja, as correntes em pu nos dois enrolamentos são iguais.

O mesmo vale para uma certa tensão no enrolamento de alta tensão:


V1 aV2 aV2 V2
v1 = = = = = v2
Vb1 Vb1 aVb2 Vb2

ou seja, as tensões em pu nos dois enrolamentos são iguais.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 116 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – modelo
No caso das impedâncias:

Z1 a 2 Z2
z1 = = 2
Zb1 Vb1 /Sb
a 2 Z2 a 2 Z2 Z2
= 2 2
= 2
= = z2
a Vb2 /Sb a Z b2 Z b2

ou seja, as impedâncias em pu também são iguais nos dois enrolamentos.

A conclusão é que o transformador representado em pu passa a ter uma


relação de transformação igual a um (grandezas iguais nos dois
enrolamentos) → em pu não há o efeito transformador, desde que os
valores de base sejam escolhidos convenientemente.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 117 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – operação
Considere o circuito monofásico contendo um transformador mostrado na
figura a seguir.
replacements
G TR LT C

G Gerador fonte ideal


LT Linha de transmissão rLT = 300 Ω, xLT = 900 Ω
C Carga 1 MVA, fp = 80% indutivo, 200 kV
TR Transformador 13,8/220 kV, 1,5 MVA, rT = 3%, xT = 8%

A carga está operando nas condições nominais. Calcule a tensão no


barramento do gerador, a corrente pelo circuito e a potência fornecida pelo
gerador.
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 118 / 224
10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – operação
O circuito é dividido em duas áreas, referentes aos dois lados do
transformador:
Área 1 Área 2

G TR LT C

Nota-se que os parâmetros do circuito equivalente do transformador já são


dados em pu (na verdade, são dados em valores percentuais), calculados
na base nominal do mesmo (tensões nominais, potência nominal).
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 119 / 224
10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – operação
Para o lado de baixa tensão do transformador (área 1) tem-se os seguintes
valores de base:

Vb1 = 13,8 kV Sb = 1,5 MVA

Para o lado de alta tensão do transformador (área 2), escolhe-se


convenientemente os seguintes valores de base:

Vb2 = 220 kV Sb = 1,5 MVA

Os valores de base de corrente e impedância para as duas áreas são:

2
Ib1 = Sb /Vb1 = 108,6957 A Zb1 = Vb1 /Sb = 126,96 Ω
2
Ib2 = Sb /Vb2 = 6,8182 A Zb2 = Vb2 /Sb = 32266,6667 Ω
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 120 / 224
10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – operação
Os parâmetros do transformador são:

rT = 0,03 pu xT = 0,08 pu

Como a linha de transmissão está na área 2, seus valores em pu são:


300
rLT = = 0,0093 pu
32266,6667
900
xLT = = 0,0279 pu
32266,6667

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 121 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – operação
O circuito em pu será:

Gerador Trafo Linha Carga

rT xT rLT xLT

∼ e i zc

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 122 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – operação
A magnitude de tensão e potência aparente na carga são:

| vC | = 200/220 = 0,9091 pu
| sC | = 1/1,5 = 0,6667 pu

e os respectivos valores complexos são:

vC = 0,9091 ∠0◦ pu
sC = 0,6667 ∠36,87◦ pu

onde se levou em conta o fator de potência da carga e assumiu-se a tensão


na carga como referência angular.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 123 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – operação
A corrente pelo circuito é dada por:
 ∗
sC
i= = 0,7334 ∠ − 36,87◦ pu
vC

As correntes nos lados de baixa e alta tensões do transformador são:

Ibaixa = 0,7334 · 108,6957 = 79,7 A


Ialta = 0,7334 · 6,8182 = 5 A

A tensão no barramento do gerador é dada por:

e = vC + (0,03 + 0,0093 + j 0,08 + j 0,0279) · i = 0,9807 ∠2,69◦ pu

ou 13,53 kV.
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 124 / 224
10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – operação
Finalmente, a potência fornecida pelo gerador é:

sG = e · i ∗ = 0,7192 ∠39,56◦ pu

o que corresponde a 1,08 MVA com um fator de potência visto pela fonte
de 77% indutivo.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 125 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – mudança de base


Considere o seguinte transformador monofásico:

20/440 kV

500 MVA

x = 5%

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 126 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – mudança de base


Os possı́veis modelos para o transformador são:

j X1 j X2

ou

modelo 1 modelo 2
Xi em Ω

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 127 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – mudança de base


A reatância do transformador (x = 5%) foi calculada com base nos valores
nominais.
Se for escolhido o modelo 1 (X referido ao lado de baixa tensão), tem-se
Vb2 = 20 kV e Sb = 500 MVA. Então:
2
Vb1 202
X1 = x Zb1 = x = 0,05 · = 0,04 Ω
Sb 500

Caso seja escolhido o modelo 2, ou seja, com X referido ao lado de alta


tensão, tem-se:
2
Vb2 4402
X2 = x Zb2 = x = 0,05 · = 19,36 Ω
Sb 500

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 128 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – mudança de base


A relação entre as reatâncias é:

X1 0,04 202
= = 0,002066 = = a2
X2 19,36 4402

Logo X1 = a2 X2 e os valores em pu são os mesmos, desde que valores de


base convenientes sejam escolhidos.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 129 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – mudança de base


Caso sejam escolhidos valores de base que não estejam relacionados com
os valores nominais do transformador, como:

Vb1 = 25 kV Sb = 250 MVA

então deve-se primeiro transformar a reatância em Ohms usando a base


original e voltar para pu considerando a nova base. Assim:

velho

velho 2 novo
Zb1 V Sb1
x novo = x velho novo = x velho b1

Zb1 Sb1velho novo 2
Vb1
 velho 2 novo
Vb1 Sb1
= x velho novo velho
Vb1 Sb1

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 130 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exemplo – mudança de base


Neste caso:
 2
novo 20 250
x = 0,05 · · = 0,016 pu
25 500

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 131 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exercı́cio
Repita o exemplo anterior, que contém o gerador que alimenta uma carga
através de uma linha de transmissão e transformador, considerando como
valores de base 1 MVA e 200 kV no lado da carga. Calcular também as
perdas de potência totais do conjunto transformador/linha de transmissão.
Observação: os valores que já estão em pu devem ser convertidos para as
novas bases.

Resposta: zT = 0,0242 + j 0,0645 pu; sG = 1,0787 ∠39,56◦ pu


(1,08 MVA); Perdas(T +LT ) = 32 + j 87 kVA (linha + transformador).

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 132 / 224


10. Transformador monofásico em pu

Exercı́cios propostos

(3)

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 133 / 224


11. Autotransformadores em pu

O procedimento de análise é idêntico ao do transformador

Basta escolher como tensões de base as tensões nominais do


autotrafo e a relação de tensões em pu será 1 : 1

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 134 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Dados de placa (nominais) do trafo monofásico:

V1 , V2 , S, zT (pu ou %, base nominal)

Dados de placa (nominais) do trafo trifásico:

V1L , V2L , S3φ , zT (pu ou %, de fase)

Ideia básica: escolher os valores de base iguais aos valores nominais


do trafo

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 135 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Considere um banco trifásico de transformadores ligado em Y-Y

Para cada trafo monofásico do banco tem-se: V1 , V2 , S, zT

Para o banco trifásico tem-se os seguintes valores de base:


Vb1 = VN1 = 3V1 Para as bases escolhidas, a impedância
√ do circuito equivalente do trafo trifásico
Vb2 = VN2 = 3V2
em pu é igual a zT
Sb = 3S = S3φ

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 136 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Considere agora um banco trifásico de transformadores ligado em Y-∆

Os valores de base para o banco são:


Vb1 = VN1 = 3V1 Novamente, a impedância do circuito
equivalente do trafo trifásico em pu é
Vb2 = VN2 = V2
igual a zT
Sb = 3S = S3φ

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 137 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 1
Considere o diagrama unifilar do circuito trifásico a seguir.

Vg 500 kV

∼ 9 MVA
Y-Y x = 1000 Ω fp = 1
10 MVA
15/500 kV
xT = 2%

Calcule a tensão Vg no barramento do gerador e o fator de potência visto


pelo gerador.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 138 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 1
Transformando o diagrama unifilar em um circuito trifásico tem-se:

XT 1 1 XL Pc

| Vg | V V 500 kV
XT 2 2 XL Pc

XT 3 3 XL Pc

Pc = 3 MW
XL = 1000 Ω
2 152
XT = · = 0,45 Ω
100 10
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 139 / 224
12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 1
O circuito por fase (tomando os enrolamentos 1) é:

XT XL

∼ 1 1 Vc P


√ √
15/ 3 : 500/ 3 kV
10/3 MVA

Área 1 Área 2

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 140 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 1
Para esse circuito tem-se:

Vc = 500/ 3 ∠0◦ kV (ref. angular)

Área 1 : Sb = 10/3 MVA → Zb1 = 22,5 Ω



Vb1 = 15/ 3 kV Ib1 = 384,9 A

Área 2 : Sb = 10/3 MVA → Zb2 = 25 kΩ



Vb2 = 500/ 3 kV Ib2 = 11,55 A

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 141 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 1
O circuito em pu fica:

xT xL vc = 1 ∠0◦ pu
3
+ + sc = = 0,9 ∠0◦ pu
i 10/3
∼ vg vc sc 1000
xL = = 0,04 pu
25000
− − 0,45
xT = = 0,02 pu
22,5

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 142 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 1
Portanto:

i = (sc /vc )∗ = 0,9 ∠0◦ pu (346,4 A no primário e 10,4 A no secundário)

vg = vc + j (xT + xL ) i = 1,0015 ∠3,1◦ pu

fp = cos (3,1◦ − 0◦ ) = 0,9985 (indutivo)

A tensão no barramento do gerador é igual a 8,7 kV (fase-neutro) e


15,02 kV (fase-fase).

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 143 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 1
Uma maneira mais direta de resolver o problema consiste em tomar como
valores de base as tensões de linha e a potência trifásica:

Vb1 = 15 kV
Vb2 = 500 kV
Sb = 10 MVA

2
Zb1 = Vb1 /Sb = 22,5 Ω
2
Zb2 = Vb2 /Sb = 25 kΩ
√ 
Ib1 = Sb / 3Vb1 = 384,9 A
√ 
Ib2 = Sb / 3Vb2 = 11,55 A

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 144 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 1
Circuito em pu (direto a partir do diagrama unifilar):

xT xL
xT = 0,02 pu
1000
+ + xL = = 0,04 pu
i 25000
∼ vg vc sc vc = 1 ∠0◦ pu
9
− − sc = = 0,9 ∠0◦ pu
10

e o procedimento de resolução é o mesmo que o anterior. Logo, para


problemas envolvendo transformadores trifásicos não é necessário obter o
modelo por fase, etc. Basta escolher os valores de base adequados.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 145 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 2
Resolva o mesmo problema do exemplo anterior, considerando agora o
transformador com ligação Y-∆ e sequência de fases ABC , ou seja:

Vg 500 kV


9 MVA
Y-∆ x = 1000 Ω fp = 1
10 MVA
15/500 kV
xT = 2%

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 146 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 2
O circuito é:

XT IB
B′
B Ia XL Sc
a a′
XT IA
A′
A + + 1
+ 1 2 Ica Ib
Iab b XL Sc
b′
N′ 3 + n′
Ibc
3 + Ic
XT IC 2 c XL Sc
C′ c′
+
C
n
N

em que Sc = 3 ∠0◦ MVA.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 147 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 2
 √
 Va′ n′ = 500/ √3 ∠0◦ kV
V ′ ′ = 500/√ 3 ∠ − 120◦ kV
 bn
Vc ′ n′ = 500/ 3 ∠120◦ kV

 ∗

 Ia = (Sc /Va′ n′ ) = 6 √3 ∠0◦ A
I = (Sc /Vb′ n′ )∗ = 6√ 3 ∠ − 120◦ A
 b
Ic = (Sc /Vc ′ n′ )∗ = 6 3 ∠120◦ A

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 148 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 2
Como, para a ligação Y-∆ e sequência de fases ABC , tem-se:
√ IL
IL = If 3 ∠ − 30◦ → If = √ ∠30◦
3


 Iab = 6 ∠30◦ A
I = 6 ∠ − 90◦ A
 bc
Ica = 6 ∠150◦ A

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 149 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 2
 √
 Van = Va′ n′ + jXL Ia = 500,32/ √3 ∠2,06◦ kV
V = Vb′ n′ + jXL Ib = 500,32/√ 3 ∠ − 117,94◦ kV
 bn
Vcn = Vc ′ n′ + jXL Ic = 500,32/ 3 ∠122,06◦ kV

 √ 
 Vab = 500,32 ∠32,06◦ kV VL = Vf 3 ∠30◦
V = 500,32 ∠ − 87,94◦ kV
 bc
Vca = 500,32 ∠ − 122,06◦ kV

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 150 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 2
A relação
√  de transformação de cada transformador monofásico é
15/ 3 /500, logo:

VA′ N ′ 15/ 3
= → VA′ N ′ = 8,67 ∠32,06◦ kV
Vab 500
e:

VB ′ N ′ = 8,67 ∠ − 87,94◦ kV
VC ′ N ′ = 8,67 ∠152,06◦ kV

 VA′ B ′ = 15,01 ∠62,06◦ kV
V ′ ′ = 15,01 ∠ − 57,94◦ kV
 BC
VC ′ A′ = 15,01 ∠ − 177,94◦ kV

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 151 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 2
Para as correntes de linha no primário:

IA 500
= √ → IA = 346,41 ∠30◦ A
Iab 15/ 3
e:

IB = 346,41 ∠ − 90◦ A
IC = 346,41 ∠150◦ A

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 152 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 2
As tensões de fase na fonte são:

VAN = VA′ N ′ + jXT IA = 8,67 ∠33,1◦ kV

e:

VBN = 8,67 ∠ − 86,94◦ kV
VCN = 8,67 ∠153,06◦ kV

 VAB = 15,02 ∠63,06◦ kV
V = 15,02 ∠ − 56,94◦ kV
 BC
VCA = 15,02 ∠ − 176,94◦ kV

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 153 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 2
A relação de transformação para o transformador é:

VA′ B ′ 15
= ∠30◦ (defasagem entre tensões do primário e secundário)
Vab 500

IA 500
= ∠30◦ (defasagem entre correntes do primário e secundário)
Ia 15

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 154 / 224


12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 2
Resolvendo o problema em pu com as bases 15 kV, 500 kV e 10 MVA,
tem-se o seguinte circuito:

xT xL

e j30 : 1
+ + + +
i1 ic
∼ vg v1 v2 vc sc

− − − −


em que o bloco e j30 : 1 = 1 ∠30◦ : 1 representa a defasagem introduzida
nas tensões e correntes em função do tipo de ligação.
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 155 / 224
12. Transformadores trifásicos em pu

Exemplo - trafo 2
Logo:

sc = 0,9 ∠0◦ pu
vc = 1,0 ∠0◦ pu
ic = (sc /vc )∗ = 0,9 ∠0◦ pu
v2 = vc + jxL ic = 1,0006 ∠2,06◦ pu
v1 = v2 ∠30◦ = 1,0006 ∠32,06◦ pu
i1 = ic ∠30◦ = 0,9 ∠30◦ pu

vg = v1 + jxT i1 = 1,0015 ∠33,1◦ pu

que equivale a 15,02 kV. Note que vg e i1 foram igualmente defasados de


30◦ . Assim, tem-se os mesmos valores de potência complexa, fator de
potência, etc.
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 156 / 224
12. Transformadores trifásicos em pu

Exercı́cios propostos

(6) , (8) , (9) , (4) , (5)

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 157 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Posição do tap é alterada → relação de transformação é alterada

Para a relação de transformação em pu continuar 1 : 1 os valores das


tensões de base devem ser alterados → não e desejável, pois implica
em um novo cálculo de vários parâmetros do circuito que está sendo
estudado

Ideia:

Escolher as tensões de base supondo que o tap está na posição nominal


(zero) → relação de tensão nominal do autotrafo
Manter as bases de tensão fixas e representar o autotrafo com tap fora
do nominal através de uma trafo com relação de espiras 1 : α, onde α é
variável. (tap na posição nominal → α = 1)

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 158 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Considere o transformador trifásico de tap variável mostrado a seguir

1 2

100 MVA

220/69 kV

xT = 8%

O comutador de tap é localizado no lado de alta tensão e tem 20


posições, com tap variando de ±5%
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 159 / 224
13. Transformadores com tap variável em pu

Tem-se a seguinte relação de transformação:


VN1 220
a= = = 3,1884
VN2 69

em que VN1 e VN2 são as tensões nominais nos dois lados do


transformador
Para a representação em pu, escolhem-se os valores de base:

Vb1 = VN1 = 220 kV


Sb = 100 MVA
Vb2 = VN2 = 69 kV

Considerando as tensões de base acima, no caso de tensões V1 e V2


nos dois lados do transformador, tem-se, em pu:
V1 a V2 V2
v1 = = = = v2
Vb1 a Vb2 Vb2
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 160 / 224
13. Transformadores com tap variável em pu

As impedâncias de base são:


2
Zb1 = Vb1 /Sb = 484 Ω
2
Zb2 = Vb2 /Sb = 47,61 Ω

Considerando que o tap esteja na posição nominal, tem-se:

1 2 1 2
220/69 kV 220/69 kV

ou
0,08 pu 0,08 pu

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 161 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Ou ainda:

1 2 1 2
220/69 kV 220/69 kV

ou
38,72 Ω 3,8088 Ω

em que:
 2
38,72 220
= 10,1659 =
3,8088 69

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 162 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Considere agora que o tap seja alterado para a posição −2

O transformador tem 20 posições de tap, sendo 10 acima e 10 abaixo


da posição nominal

Como a variação em cada caso é de 5%, então a posição −2


corresponde a −1% de variação na tensão

A nova relação de transformação será:

1 2

217,8/69 kV

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 163 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Como o enrolamento de alta tensão mudou (número de espiras


mudou), então a reatância de curto-circuito do transformador
também muda, ou seja, xT 6= 0,08 pu

Como as variações de tap são pequenas, as variações na reatância de


curto-circuito também são pequenas. Além disso, as variações de tap
podem ser frequentes, levando a mudanças frequentes na reatância de
curto-circuito

Desta forma, é usual considerar-se que a reatância de curto-circuito


em pu permanece a mesma, igual a seu valor nominal

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 164 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Para atender a consideração acima, e ainda atender a condição de


manutenção das tensões de base nos valores das tensões nominais, o
circuito do transformador a ser considerado é:

Vb1 = 220 kV Vb2 = 69 kV

1 2
217,8/69 kV

0,08 pu

ou seja, se a relação de transformação mudou, a reatância vista pelo


lado de alta tensão agora será diferente de 0,08 pu
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 165 / 224
13. Transformadores com tap variável em pu

A mudança da posição do tap resulta em:


N1 → N1 + ∆N1

Para uma mesma tensão V2 no enrolamento de baixa tensão, a nova


tensão no enrolamento de alta tensão será dada por:
N1 + ∆N1 N1 ∆N1
V1′ = V2 = V2 +V2
N2 N2 N2
| {z }
V1
 
∆N1 N2 ∆N1 ∆N1
= V1 + V2 = V1 + V1 = V1 1+
N2 N1 N2 N1
| {z }
V2

= V1 (1 + t) ← t = tap fora do nominal (off-nominal tap)

= V1 α

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 166 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Transformando em pu:

V1′ V1
= α
Vb1 Vb1
v1′ = v1 α

= v2 α (pois v1 = v2 )

No caso em análise:
∆N1
= t = −0,01
N1
α = 1 + t = 0,99

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 167 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

O circuito em pu fica:

Vb1 = 220 kV Vb2 = 69 kV

1 2
0,99 : 1

0,08 pu

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 168 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

O circuito equivalente do transformador com a reatância de


curto-circuito referida ao lado de alta tensão é:

1 2
0,99 : 1

0,0784 pu

pois 0,08 · (0,99)2 = 0,0784

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 169 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Vb1 = 220 kV Vb2 = 69 kV

1 2
217,8 : 69

0,08 pu

1 2
Uma maneira simples de 217,8 : 220 220 : 69

visualizar a transformação 0,08 pu


em pu do transformador
com o tap fora de sua 1 2
posição nominal é: 0,99 : 1 1:1

0,08 pu

1 2
0,99 : 1

0,08 pu

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 170 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Exemplo – modelo
Considere novamente o transformador trifásico de tap variável mostrado a
seguir.

1 2

100 MVA

220/69 kV

xT = 8%

O comutador de tap é localizado no lado de alta tensão e tem 20 posições,


com tap variando de ±5%. Represente o transformador em pu na situação
em que o tap está na posição +3.
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 171 / 224
13. Transformadores com tap variável em pu

Exemplo – modelo
Considere os valores de base iguais aos valores nominais do transformador:

Sb = 100 MVA
Vb1 = 220 kV
Vb2 = 69 kV

De acordo com as especificações do comutador de tap:

posição central → tap nominal

10 posições para variação de +5% → cada posição equivale a +0,5%

10 posições para variação de −5% → cada posição equivale a −0,5%

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 172 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Exemplo – modelo
O comutador de tap está na posição +3 → corresponde a uma variação no
número de espiras de +1,5%:
∆N2
= t = 0,015
N2
Logo:
α = 1 + t = 1,015

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 173 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Exemplo – modelo
O circuito do trafo em pu é:
0,08 pu

Vb1 = 220 kV
v1 v2 Vb2 = 69 kV
Sb = 100 MVA

1,015 : 1

Note que a reatância de dispersão foi colocada no lado de baixa tensão, já
que o comutador de tap está no lado de alta tensão.
Caso a reatância fosse colocada no lado de alta tensão (x1 ), esta teria que
ser recalculada em função da nova posição do tap:

x1 = 0,08 · 1,0152 = 0,0824 pu


Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 174 / 224
13. Transformadores com tap variável em pu

Exemplo – operação
Considere o circuito trifásico mostrado a seguir.

Vs V1 V2 Vc = 500 kV
LT LT

100 MVA
j 0,1 pu 120 MVA j 0,1 pu fp = 1
500 kV
xT = 12%

As duas linhas de transmissão são de 500 kV. A tensão no barramento de


carga é mantida constante em 500 kV. O transformador regulador tem tap
no lado da carga com 10 posições, variando de ±5%.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 175 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Exemplo – operação
1 Calcule a tensão Vs considerando que a posição do tap é a nominal.

Os valores de base são definidos como:

Sb = 100 MVA e Vb = 500 kV

Deve-se então corrigir o valor da reatância do transformador, pois o


valor fornecido foi calculado em outra base:
5002 100
xT = 0,12 · · = 0,1 pu
120 5002

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 176 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Exemplo – operação
E o circuito em pu fica:
vs v1 v2 vc = 1 ∠0◦ pu

j0,1 j0,1 j0,1 sc = 1 ∠0◦ pu

Dados da carga:

sc = 1 ∠0◦ pu
vc = 1 ∠0◦ pu (referência angular)

Corrente pelo circuito:

i = (sc /vc )∗ = 1 ∠0◦ pu


Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 177 / 224
13. Transformadores com tap variável em pu

Exemplo – operação
No secundário do transformador:

v2 = vc + j 0,1 i = 1 + 0,1 ∠90◦ = 1,005 ∠5,71◦ pu

No primário do transformador:

v1 = v2 + j xT i = vc + j 0,2 i = 1,02 ∠11,31◦ pu

Na fonte:

vs = v1 + j 0,1 i = vc + j 0,3 i = 1,044 ∠16,7◦ pu

que equivale a 522 kV.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 178 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Exemplo – operação
A potência entregue na barra é:

s = vs i ∗ = 1,044 ∠16,7◦ pu = 1 + j 0,3 pu

ou seja, 100 MW e 30 Mvar.

Note que a carga não consome potência reativa (fator de potência


unitário). Os 30 Mvar obtidos correspondem a perdas de potência nas
linhas de transmissão e transformador.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 179 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Exemplo – operação
2 Calcule a tensão Vs considerando agora que a posição do tap é +5%.

+5%

posição nominal (tap nominal)

Tem-se a seguinte situação:


V2

V1

Sendo N o número de espiras do enrolamento na situação de tap


nominal, tem-se na nova situação:
V1 N 1
= =
V2 N + 0,05N 1,05
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 180 / 224
13. Transformadores com tap variável em pu

Exemplo – operação
Portanto o circuito em pu fica:

vs v1 v2 vc = 1 ∠0◦ pu
v1′

j0,1 j0,1 1 : 1,05 j0,1 sc = 1 ∠0◦ pu

Corrente no lado da carga:

i = (sc /vc )∗ = 1 ∠0◦ pu

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 181 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Exemplo – operação
Tensão no secundário do transformador:

v2 = vc + j 0,1 i = 1 + 0,1 ∠90◦ = 1,005 ∠5,71◦ pu

Tensão no primário do transformador:

v1′ 1
=
v2 1,05
v2
v1′ = = 0,9571 ∠5,71◦ pu
1,05
i′
= 1,05
i
i ′ = 1,05 i = 1,05 ∠0◦ pu
v1 = v1′ + j xT i ′ = 0,9732 ∠11,87◦ pu
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 182 / 224
13. Transformadores com tap variável em pu

Exemplo – operação
Na fonte:
vs = v1 + j 0,1 i ′ = 1,0 ∠17,77◦ pu

que equivale a 500 kV. A potência entregue na barra é:


∗
s = vs i ′ = 1,05 ∠17,77◦ pu = 1 + j 0,32 pu

ou seja, 100 MW e 32 Mvar.

Note que a tensão na carga é mantida com uma tensão Vs menor,


porém, a injeção de potência reativa é maior.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 183 / 224


13. Transformadores com tap variável em pu

Exercı́cios propostos

(7)

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 184 / 224


14. Operação de transformadores em paralelo

Considere um sistema elétrico de potência que apresenta dois


transformadores conectados em paralelo.

1 2

11,9 : 34,5 kV

T1
Sistema
T2

A B 11,9 : 34,5 kV

chave

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 185 / 224


14. Operação de transformadores em paralelo

Para cálculos em por unidade, divide-se o circuito em duas áreas para


a definição dos valores de base:

área 1 área 2
replacements 1 2

11,9 : 34,5 kV

T1

T2

A B 11,9 : 34,5 kV

Vb1 = 11,9 kV Vb2 = 34,5 kV

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 186 / 224


14. Operação de transformadores em paralelo

Os valores das tensões de base são escolhidos de forma que a relação


entre eles seja igual à relação de transformação dos transformadores.
Em particular, foram escolhidas as próprias tensões nominais dos
transformadores. Em por unidade tem-se:

1 2

1:1

T1

T2

A B 1:1

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 187 / 224


14. Operação de transformadores em paralelo

Transformadores reais são representados pelas suas respectivas


reatâncias1 :

1 2

j x1

T1

T2

A B j x2

1
Para transformadores de potência as perdas ferro e de magnetização são desprezadas. As perdas cobre também são em
geral desprezadas.
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 188 / 224
14. Operação de transformadores em paralelo

Considere que o transformador T2 tenha a sua relação de


transformação aumentada para (12,5 : 34,5 kV), através de uma
mudança na posição do tap:

1 2

11,9 : 34,5 kV

T1

T2

A B
12,5 : 34,5 kV

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 189 / 224


14. Operação de transformadores em paralelo

Pode-se representar T2 da seguinte forma:

1 2

11,9 : 34,5 kV

T1

T2

A B 12,5 : 11,9 kV 11,9 : 34,5 kV

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 190 / 224


14. Operação de transformadores em paralelo

Dividindo o circuito em duas áreas:

área 1 área 2
1 2

11,9 : 34,5 kV

T1

T2

A B 12,5 : 11,9 kV 11,9 : 34,5 kV

Vb1 = 11,9 kV Vb2 = 34,5 kV

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 191 / 224


14. Operação de transformadores em paralelo

Em por unidade tem-se:

1 2

1:1

T1

T2

A B 1,05 : 1 1:1

12,5/11,9

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 192 / 224


14. Operação de transformadores em paralelo

Considerando as reatâncias dos transformadores:

1 2

j x1

T1

T2

A B 1,05 : 1 j x2

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 193 / 224


14. Operação de transformadores em paralelo

Verifica-se que o transformador com a posição do tap fora da nominal


deve ser representado em por unidade com uma relação (1,05 : 1) ou
(1 : 0,952)

Considere agora que a chave AB seja aberta:

1 2

j x1

vAB T1
+ −

V
T2

A B vx j x2
1,05 : 1
v1 v2

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 194 / 224


14. Operação de transformadores em paralelo

Devido à alteração na posição do tap de T2 , aparece uma tensão


sobre os terminais da chave:

vAB = vA − vB
= v1 − 1,05 vx
= v1 − 1,05 v2
= v1 − 1,05 v1
= −0,05 v1

A impedância vista pelos terminais A e B é:

zvista = j (x1 + x2 ) = zloop

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 195 / 224


14. Operação de transformadores em paralelo

Logo, tem-se:

zloop

A
+
∼ vAB V

B

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 196 / 224


14. Operação de transformadores em paralelo

Se a chave AB for novamente fechada, circulará uma corrente pelo


circuito:
zloop

A
+
∼ vAB iloop

B

A corrente vale:
vAB
iloop =
zloop

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 197 / 224


14. Operação de transformadores em paralelo

Voltando ao diagrama unifilar do circuito, tem-se:

1 2

j x1

T1
iloop

T2

A B 1,05 : 1 j x2

em que iloop é uma corrente de circulação

Ao alterar-se a posição do tap de T2 , apareceu uma corrente de


circulação, que é limitada pelas reatâncias dos transformadores
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 198 / 224
14. Operação de transformadores em paralelo

Sistemas de potência tı́picos são malhados, ou seja, existem vários


loops e caminhos paralelos para os fluxos de potência

Esta caracterı́stica confere maior flexibilidade de operação e


confiabilidade aos sistemas

Além disso, as tensões de transmissão e nı́veis de potência têm


aumentado ao longo dos anos, e os novos equipamentos são
conectados e operam juntamente com os equipamentos existentes

Assim, é natural que se encontre loops ou caminhos paralelos que


incluem transformadores

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 199 / 224


14. Operação de transformadores em paralelo

Cuidados especiais devem ser tomados durante a fase de projeto a fim


de evitar as correntes de circulação

A configuração que poderia ser chamada de normal conteria


transformadores em paralelo com as mesmas relações de
transformação

No entanto, há situações em que introduz-se alterações nas relações


de transformação2 a fim de atender requisitos especı́ficos de operação

2
Alterações na relação de transformação são obtidas através da mudança na posição dos taps dos transformadores.
Dependendo do tipo de transformador, essa alteração pode resultar em diferentes magnitudes de tensão (transformador
regulador) ou em defasagens entre as tensões (transformador defasador).
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 200 / 224
14. Operação de transformadores em paralelo

Exercı́cios propostos

(10) , (11) , (12) , (13)

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 201 / 224


15. Representação computacional do trafo com tap variável

Em algumas aplicações é interessante classificar linhas de transmissão


e transformadores em uma mesma classe de equipamentos → ambos
são ramos, conectam dois nós (duas barras) da rede

É conveniente representá-los por um mesmo modelo e tratá-los de


maneira idêntica

Exemplo: problema de fluxo de carga → resolução do circuito para


obtenção do seu estado de operação

Como a linha é representada por um modelo π → deve-se representar


o trafo também por um modelo π

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 202 / 224


15. Representação computacional do trafo com tap variável

Procedimento – considerar o seguinte transformador:

i1 i2
z

+ + +

s1 v1 s1′ v1′ v2 s2

− − −

1:α

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 203 / 224


15. Representação computacional do trafo com tap variável

Tem-se as seguintes relações:


v1′ 1
=
v2 α

s1′ + s2 = 0
s1′ = −s2
v1′ i1∗ = −v2 i2∗ = −α v1′ i2∗
i1
= −α
i2

As equações para as correntes são:


v1 − v1′ 1 1
i1 = = v1 − v2 (1)
z z αz
i1 1 1
i2 = − = − v1 + v2 (2)
α αz α2 z
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 204 / 224
15. Representação computacional do trafo com tap variável

Considere agora um modelo π para o trafo:

i1 is i2

+ z1 +

v1 ip2 z2 z3 ip3 v2

− −

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 205 / 224


15. Representação computacional do trafo com tap variável

Para o modelo π:

i1 = is + ip2
1 1
= (v1 − v2 ) + v1
z1 z2
i2 = −is + ip3
1 1
= − (v1 − v2 ) + v2
z1 z3

Reescrevendo de maneira apropriada:


 
1 1 1
i1 = + v1 − v2 (3)
z1 z2 z1
 
1 1 1
i 2 = − v1 + + v2 (4)
z1 z1 z3

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 206 / 224


15. Representação computacional do trafo com tap variável

Deve-se igualar os coeficientes das equações (1) com (3) e (2) com
(4):
1 1
− =−
z1 αz
1 1 1
+ =
z1 z2 z
1 1 1
+ = 2
z1 z3 α z

que resulta em:


z1 = αz
 
α
z2 = z
α−1
 2 
α
z3 = z
1−α
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15. Representação computacional do trafo com tap variável

Exemplo
Um autotransformador trifásico com comutador de tap apresenta os
seguintes dados de placa:

220/22 kV 300 MVA


x = 6% Comutador no lado de BT, ±20%, 10 posições

Obtenha o modelo π equivalente do transformador para que se tenha


tensões de 220 kV e 18,2 kV em vazio.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 208 / 224


15. Representação computacional do trafo com tap variável

Exemplo
Considerando os seguintes valores de base:

Sb = 300 MVA
Vb1 = 220 kV Vb2 = 22 kV

tem-se o seguinte modelo para o transformador:


x = 0,06

+ +

em que α representa a
v1 v2 posição do tap

− −

1:α

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Gerador sı́ncrono 209 / 224


15. Representação computacional do trafo com tap variável

Exemplo
Para o tap na posição nominal tem-se:

220/22 kV

Para as condições especificadas no problema, tem-se:

220/18,2 kV

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15. Representação computacional do trafo com tap variável

Exemplo
o que pode ser representado por:

220/22 kV 22/18,2 kV

Transformando os valores de tensão em pu:

1:1 1 : 0,8273 1 : 0,8273

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15. Representação computacional do trafo com tap variável

Exemplo
Como o comutador apresenta posições de tap discretas, deve-se escolher o
valor mais apropriado:

valor discreto mais próximo

1,00

1,12

1,20
1,04

1,16
1,08
0,80

0,92
0,84

0,96
0,88

0,8273
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15. Representação computacional do trafo com tap variável

Exemplo
O modelo π fica:

+ j0,0504 +

v1 −j0,3150 j0,2646 v2

− −

Como a tensão no secundário é menor que o valor nominal, o parâmetro z3


corresponde a um indutor.
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15. Representação computacional do trafo com tap variável

Exercı́cio
Repita o exemplo anterior considerando que deseja-se ter uma tensão de
25 kV no secundário do transformador.

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15. Representação computacional do trafo com tap variável

Exercı́cio
No caso do transformador do exemplo anterior, determine a maior tensão
possı́vel no secundário (em vazio) e o obtenha o modelo π correspondente
a essa situação.

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16. Fluxos de potência ativa e reativa em transformadores

Considere o modelo π do transformador:

Ek = Vk ∠θk Em = Vm ∠θm
Ikm y /α Imk

I2 I3
I1
α−1
 1−α

α y α2
y

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16. Fluxos de potência ativa e reativa em transformadores

As correntes são dadas por:

Ikm = I1 + I2
y α−1
= (Ek − Em ) + yEk
α  y α
= (y ) Ek + − Em
α

Imk = −I1 + I3
y 1−α
= − (Ek − Em ) + 2
yEm
 αy  y α
= − Ek + Em
α α2

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16. Fluxos de potência ativa e reativa em transformadores

Potência saindo do barramento k:



Skm = Ek∗ Ikm
h  y i
= Ek∗ yEk + − Em
α
1
= (g + jb) Vk2 − (g + jb) Vk Vm (cos θkm − j sen θkm )
α

Vk Vm
Pkm = gVk2 − (g cos θkm + b sen θkm )
α
Vk Vm
Qkm = −bVk2 − (g sen θkm − b cos θkm )
α

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16. Fluxos de potência ativa e reativa em transformadores

Potência saindo do barramento m:



Smk = Em∗ Imk
h y  y  i
= Em∗ − Ek + Em
α α
1 1
= 2 (g + jb) Vm2 − (g + jb) Vk Vm (cos θkm + j sen θkm )
α α

g 2 Vk Vm
Pmk = V − (g cos θkm − b sen θkm )
α2 m α
b Vk Vm
Qmk = − 2 Vm2 + (g sen θkm + b cos θkm )
α α

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16. Fluxos de potência ativa e reativa em transformadores

As perdas de potência podem ser calculadas por:

Pperdas = Pkm + Pmk

Qperdas = Qkm + Qmk

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Referências

A.L.M. França, notas de aula, 1989.

C.A. Castro, M.R. Tanaka, Circuitos de corrente alternada – um curso


introdutório, Unicamp, 1995.

A.J. Monticelli, A.V. Garcia, Introdução a sistemas de energia


elétrica, Unicamp, 1999.

J.D. Glover, M. Sarma, Power system analysis and Design,


PWS-Kent, 1989.

J.J. Grainger, W.D. Stevenson, Power System Analysis, McGraw-Hill,


1994.

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Referências

I.L. Kosow, Máquinas elétricas e transformadores, Globo, 1972.

O.I. Elgerd, Introdução à teoria de sistemas de energia elétrica,


Mc-Graw-Hill, 1981.

L.N. Padilha, Análise comparativa de estratégias para regulação de


tensão em sistemas de distribuição de energia elétrica na presença de
geradores distribuı́dos, Dissertação de Mestrado, Escola de
Engenharia de São Carlos/USP, 2010.

P.C. Sen, Principles of Electric Machines and Power Electronics,


Wiley, 1996.

CPFL, Transformadores de distribuição a seco – Padronização, 2008.

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Referências

en.wikipedia.org/wiki/Tap-changer. Último acesso em 24 mai 2013.

Maschinenfabrik Reinhausen GmbH (MR), On-Load Tap-Changers for


Power Transformers – A Technical Digest, disponı́vel em
www.reinhausen.com.

F. Sato, W. Freitas Filho, Análise de curto-circuito e princı́pios de


proteção em sistemas de energia elétrica: fundamentos e prática,
Elsevier/Campus, 2015.

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