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Experiência III
Obtenção Experimental dos Parâmetros do Circuito Equivalente do
Motor de Indução Monofásico – Ensaio com o Rotor Travado e Ensaio
a Vazio
1. Introdução
Um motor monofásico, como o nome indica, é projetado para operar a partir de uma
fonte monofásica de tensão. Usualmente existem enrolamentos bifásicos no estator,
espacialmente dispostos a 90 graus um do outro como no caso polifásico, mas ambos
conectados à mesma fonte de potência monofásica. Se as impedâncias das duas fases
possuem ângulos diferentes, as correntes estarão defasadas e um conjugado é desenvolvido
para partir e acionar o motor.
Uma vez que o motor começa a girar, a freqüência apresentada ao rotor pelo campo
de seqüência positiva (mesma direção de rotação do rotor) é sf (s é o escorregamento e f é
a freqüência), enquanto que a freqüência apresentada pelo campo de seqüência negativa é
( 2 − s) f , que é, portanto, superior à freqüência aplicada. As diferentes impedâncias
originadas a partir destas diferentes freqüências originam campos magnéticos de diferentes
amplitudes nas duas direções de maneira que existe torque mesmo sem um enrolamento
auxiliar. No entanto, na partida, as freqüências originadas pela seqüência positiva e
negativa são iguais ( s = 2 − s = 1) e assim, na ausência de um enrolamento estatórico
auxiliar não haverá torque líquido [1].
Fig. 2. Curvas de torque versus velocidade, velocidade do rotor, corrente no enrolamento auxiliar e no
enrolamento principal e torque eletromagnético para um motor de indução monofásico
com capacitor de partida [2], [3].
(a)
(b)
Fig. 3. Curvas de torque eletromagnético em função do tempo para o motor de indução monofásico de ½ hp
(a) e para o motor trifásico de 1 hp (b).
Experiência III – Lab. de Conv. Eletrom. de Energia B – Prof. N.SADOWSKI – GRUCAD/EEL/CTC/UFSC – 2005/2
Para a análise do motor monofásico alimentado por uma fonte de tensão monofásica
senoidal e funcionando em regime permanente utiliza-se o circuito elétrico equivalente do
motor mostrado na Fig. 4 onde é possível verificar-se a presença de elementos relativos aos
campos de seqüência positiva e negativa [4]. Neste esquema r1 e x1 são, respectivamente,
a resistência e a reatância de dispersão do estator. Já r2' e x2' representam a resistência e a
reatância do rotor, ambas referidas ao estator e xm é a reatância magnetizante.
Fig. 4. Circuito elétrico equivalente do motor de indução monofásico em regime permanente e alimentado por
tensão senoidal.
Quanto às perdas no ferro, elas são devidas à três componentes que são as perdas
por histerese, as perdas devidas às correntes induzidas (correntes de Foucault) e as perdas
excedentes ou anômalas. Assim, as perdas totais podem ser escritas como abaixo para o
caso de um dispositivo eletromagnético alimentado por tensões senoidais de freqüência f
[5]
α 2 2 1.5 1.5
PFe = C H Bm f + C F Bm f + C E Bm f [W / m 3 ] (1)
~ ~
magnetização Iφ 1 >> Iφ 2 pois na parte correspondente à seqüência negativa a impedância
r' x' x
série de 2 + j 2 é, por motivos construtivos, muito inferior à j m .
4 2 2
~ 1 xm ~ ~
Em virtude disto φ m1 = Iφ 1 , o fluxo gerado por Iφ1 (e a indução magnética
2πf 2
~ 1 xm ~
correspondente) é muito maior do que φ m2 = Iφ 2 , o fluxo gerado pela componente
2πf 2
de seqüência negativa fazendo com que seja basicamente o primeiro fluxo o responsável
pelas perdas magnéticas. Por este motivo a resistência de perdas no ferro é associada ao
circuito relativo à componente de seqüência positivo somente, como mostrado na Fig. 5 a
seguir. A sua inserção no circuito em paralelo com a reatância magnetizante não afetará o
~
raciocínio acima em relação à geração do fluxo φm1 pois r f é numericamente muito
superior à xm .
Fig. 5. Circuito elétrico equivalente do motor de indução monofásico em regime permanente e alimentado por
tensão senoidal, incluindo as perdas magnéticas.
x
rf j m ' '
2 >> r2 + j x2 (2)
x 2 2
rf + j m
2
e também que
x r2' x'
j m >> + j 2 (3)
2 2 2
P
rrt = r1 + r2' = rt (4)
I rt2
~ V
Z rt = rt (5)
I rt
~
xrt = x1 + x2' = Z rt − rrt (6)
3. Ensaio à Vazio
x r2' x'
j m >> + j 2 (7)
2 4 2
P0
θ = arccos (8)
V0 I 0
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~
e assim determinar-se Vab conhecendo-se os parâmetros determinados no ensaio a rotor
travado e os fasores tensão e corrente:
~ ~
Conhecendo-se Vab pode-se calcular a impedância Z ab entre os pontos a e b e
explicitar suas componentes real e imaginária
~
~ Vab ~ ~
Z ab = ~ = ℜe Z ab + jℑm Z ab (10)
I0
x
Esta mesma impedância pode ser escrita a partir de r f e de j m :
2
1 1 1 1 2
~ = +
x
= − j (11)
Z ab r f j m
rf xm
2
~
Por outro lado, explicitando 1 / Z ab em suas partes real e imaginária teremos:
~ ~
1 ℜe Z ab − jℑm Z ab
~ ~ = 2~ 2 ~
(12)
ℜe Z ab + jℑm Z ab ℜe Z ab + ℑm Z ab
~ 2 ~
ℜe2 Z ab + ℑm Z ab
rf = ~ (13)
ℜe Z ab
~ 2 ~
ℜe2 Z ab + ℑm Z ab
xm = 2 ~ (14)
ℑm Z ab
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4. Procedimento experimental
1) Ensaio a vazio
a) Aplicar tensão nominal (220 V entre fase e neutro) através do varivolt com o
enrolamento auxiliar ligado (coloque o interruptor na posição “fechado”).
b) Deixar o rotor acelerar.
c) Medir a potência ativa, a tensão (220 V) e a corrente a vazio, respectivamente
P0 ,V0 e I 0 .
d) Despreze as perdas por rotação.
Referências