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Editor
Edson Manoel de Oliveira Filho
Gerente editorial
Bete Abreu
Preparação de texto
Paula B. P. Mendes
Revisão
Ana Tavares
Luciane Helena Gomide
Diagramação
André Cavalcante Gimenez / Estúdio E
Pré-impressão e impressão
Cromosete Gráfica e Editora
Charles Taylor
Realizações
Editora
Agradecimentos
Meu agradecimento vai para Connie e Frank Moore, por sua ajuda na
discussão do projeto, e para Ruth Abbey e Wanda Taylor, por sua leitura
atenta do manuscrito. Sou grato a Eusebia da Silva por sua ajuda em
definir este e o projeto maior ao qual ele pertence.
SUMÁRIO
4 Para os absurdos desses cálculos, ver R. Bellah et. al., The Good Society.
Nova York, Knopf, 1991, p. 114-19.
5 Ibidem, capítulo 4.
A Ética da Autenticidade I Três Mal-estares
8 Hannah Arendt, The Human Condition. Garden City, NJ, Doubleday, Anchor
Edition, 1959, p. 83.
A Ética da Autenticidade I Três Mal-estares
embora não possa ser tão radical e total quanto os grandes teóricos
da revolução propunham.
(3) Isso nos leva ao nível político e às temidas consequências do
individualismo e da razão instrumental para a vida política. Uma de
las eu já introduzí. É a de que as estruturas e instituições da sociedade
industrial tecnológicas restringem severamente nossas escolhas, que
elas forçam tanto as sociedades quanto os indivíduos a atribuir um
peso à razão instrumental que, em uma deliberação moral séria, nós
jamais atribuiriamos, e que pode até ser altamente destrutiva. Um
caso em questão é a nossa dificuldade em enfrentar até mesmo amea
ças vitais oriundas de desastres ambientais à nossa vida, como a di
minuição da camada de ozônio. A sociedade estruturada em torno da
razão instrumental pode ser vista como impondo uma grande perda
de liberdade, no indivíduo e no grupo - porque não são somente nos
sas decisões sociais que são moldadas por essas forças. Um estilo de
vida individual também é difícil de sustentar contra a inclinação natu
ral. Por exemplo, o design de algumas cidades modernas torna difícil
seu funcionamento sem um carro, especialmente onde o transporte
público foi gradualmente destruído em favor do veículo privado.
Mas há outro tipo de perda de liberdade, que também foi am
plamente discutido, mais memoravelmente por Alexis de Tocque-
ville. Uma sociedade em que as pessoas acabam sendo o tipo de
indivíduo que é “fechado em seu próprio coração” é aquela em que
poucos vão querer participar ativamente no autogoverno. Eles pre
ferirão ficar em casa e desfrutar as satisfações da vida privada, con
tanto que o governo vigente produza os meios para tais satisfações
e os distribua abertamente.
Isso expõe o perigo de uma nova, especificamente moderna, for
ma de despotismo, que Tocqueville chama de despotismo “suave”.
Não será uma tirania do terror e da opressão como antigamente.
O governo será moderado e paternalista. Pode até manter formas
democráticas, com eleições periódicas. Mas, na realidade, tudo será
18 I 19
ritualidade exótica.
Mas há algo que não obstante quero me opor no impulso dos ar
gumentos que esses autores apresentam. Isso aparece claramente em
Bloom, talvez de maneira mais forte em seu tom de desprezo pela cul
tura que descreve. Ele parece não reconhecer que há um ideal moral
poderoso em trabalho aqui, não importa quão degradada e travestida
possa ser sua expressão. O ideal moral por trás da autorrealização é o
de ser fiel a si mesmo, em um entendimento especificamente moderno
do termo. Décadas atrás, isso foi definido brilhantemente por Lionel
Trilling em um livro influente, no qual ele capturava essa forma mo
derna e a distinguia das anteriores. A distinção é expressa no título
do livro, Sincerity and Authenticity,3 e seguindo seus passos usarei o
termo “autenticidade” para o ideal contemporâneo.
O que quero dizer com ideal moral? Quero dizer um quadro de
como seria um modo de vida melhor ou mais elevado, onde “melhor”
e “mais elevado” são definidos não em relação ao que possamos dese
jar ou precisar, mas sim oferecer um padrão do que devemos desejar.
A força de termos como “narcisismo” (no vocabulário de Lasch),
ou “hedonismo” (na descrição de Bell), é implicar que não há ideal
moral algum em curso aqui, ou, se há, na superfície, que deve ser
visto como uma película de autoindulgência. Como Bloom coloca,
' O individualismo tem sido usado, de fato, em dois sentidos bem diferentes.
Em um é um ideal moral, uma faceta do que venho discutindo. Em outro,
é um fenômeno amoral, algo como o que queremos dizer com egoísmo.
A ascensão do individualismo nesse sentido costuma ser um fenômeno de
repartição, no qual a perda de um horizonte tradicional deixa mera anomia
em seu despertar, e todos se afastam por si mesmos - por exemplo, em
algumas favelas desmoralizadas e impulsionadas pelo crime formadas por
camponeses recentemente urbanizados no Terceiro Mundo (ou na Manches-
ter do século XIX). É, com certeza, catastrófico confundir esses dois tipos
30 I 31
' “Jeder Mensch haat ein eigenes Mass, gleichsam eine eigne Stimmung al-
ler seiner sinnlichen Gefühlc zu einander.” Herder, Ideen, vii.I. In: Herders
Sàmtliche Werke, v. XIII. Ed. Bemard Suphan. Berlim, Weidmann, 1877-1913,
p. 291. 15 v.
38 I 39
mim mesmo, posso ter perdido a capacidade de ouvir essa voz inte
rior. E, assim, aumenta grandemente a importância desse autocontato
ao introduzir o princípio da originalidade: cada uma de nossas vozes
tem algo exclusivo a dizer. Não apenas não devo encaixar minha vida
às demandas da conformidade externa; não posso sequer encontrar o
modelo pelo qual viver fora de mim mesmo. Apenas posso encontrá-
lo dentro de mim.
Ser fiel a mim significa ser fiel a minha própria originalidade, e
isso é uma coisa que só eu posso articular e descobrir. Ao articular
isso eu também me defino. Estou realizando uma potencialidade que
é propriamente minha. Essa é a compreensão por trás do ideal moder
no de autenticidade e dos objetivos de autorrealização e autossatisfa-
ção nos quais são usualmente expressos. Esse é o pano de fundo que
confere força moral à cultura da autenticidade, incluindo suas formas
mais degradadas, absurdas ou triviais. É o que dá sentido à ideia de
“fazer suas próprias coisas” ou “encontrar sua própria realização”.
I 41
2 George Herbert Mead, Mind, Self and Society. Chicago, Chicago University
Press, 1934.
4 Ver Bakhtin, “The Problem of the Tcxt in Linguistics, Philology and the
Human Sciences”, in: Speeeh Genres and Other Late Essays, ed. Caryl
Emerson e Michael Holquist, Austin, University of Texas Press, 1986, p.
126, para este conceito de “superendereçado”, além de nossos interlocu
tores existentes.
44 I 45
Você não pode levar tudo consigo quando parte na jornada da meia-
idade. Você está indo embora. Afastando-se das exigências institucio
nais e da agenda de outras pessoas. Afastando-se das valorizações e
atribuições externas. Você está abandonando papéis e indo em direção
_______ _________
2 Gail Sheehy, Passages: Predictable Crises of Adult Life. Nova York, Bantam
Books, 1976, p. 364, 513 (itálico no original).
52 I 53
' R. Bellah et al. Observe a ligação entre esse tipo de individualismo e a justiça
processual cm Habits, p. 25-26
4 Discuti toda essa virada da cultura moderna extensamente em Sources ofthe
Self, em especial no capítulo 13.
A Ética da Autenticidade I A Necessidade de Reconhecimento
opção neutra de tratamento. Em português não temos tal opção neutra quando
se trata do estado civil; temos apenas “senhora” e “senhorita”. (N. T.)
A Ética da Autenticidade I A Necessidade de Reconhecimento
da saúde.1011
Entretanto, o tópico do reconhecimento recebe seu pri
meiro tratamento mais influente em Hegel.11
A importância do reconhecimento é agora universalmente reco
nhecida de uma forma ou de outra; em um plano pessoal, estamos
todos cientes de como a identidade pode ser formada ou malformada
em nosso contato com outros significantes. No plano social, temos
uma contínua política de reconhecimento igualitário. Ambos foram
moldados pelo crescente ideal da autenticidade, e o reconhecimento
desempenha um papel essencial na cultura que surgiu ao redor dela.
No nível pessoal, podemos ver quanto uma identidade original
precisa e é vulnerável ao reconhecimento dado ou sustentado por ou
tros significantes. Não é surpresa que, na cultura da autenticidade, os
relacionamentos sejam vistos como a chave da autodescoberta e da
autoconfirmação. Relacionamentos amorosos não são importantes
apenas em razão da ênfase geral na cultura moderna sobre as satisfa
ções da vida ordinária. Eles também são cruciais porque são a prova
da identidade gerada interiormente.
No plano social, a compreensão de que identidades são formadas
em diálogo aberto, não moldadas por um roteiro social predefinido,
fez a política do igual reconhecimento mais central e estressante. Na
realidade, elevou consideravelmente suas apostas. Reconhecimento
igual não é apenas o modo apropriado para uma saudável sociedade
democrática. Sua recusa pode infligir danos àqueles para os quais ele
uma forte aliança para com uma república cidadã ou qualquer outra
forma de sociedade política. Podemos “relaxar”, contanto que tra
temos todo mundo igualmente. De fato, pode até ser afirmado que
qualquer sociedade política fundamentada em alguma noção forte
de bem comum irá, por si mesma, por esse próprio fato endossar a
vida de algumas pessoas (aqueles que apoiam essa noção de bem co
mum) sobre os demais (aqueles que buscam outras formas de bem), e,
por isso, negar igual reconhecimento. Algo assim, vimos, é a premissa
fundamental de um liberalismo da neutralidade, o qual possui muitos
defensores hoje.
Mas isso é simples demais. Mantendo em mente o argumento
do capítulo anterior, temos de perguntar o que está envolvido em
reconhecer verdadeiramente as diferenças. Isso significa reconhecer
o valor igual de diferentes maneiras de ser. É este reconhecimento de
igual valor que uma política de reconhecimento identitário requer.
Contudo, o que fundamenta a igualdade de valor? Vimos anterior
mente que o mero fato de as pessoas escolherem diferentes maneiras
de ser não as faz iguais; tampouco o faz o fato de elas se encontrarem
nesses diferentes sexos, raças, culturas. A mera diferença não pode ser
em si mesma o fundamento do valor igualitário.
Se homens e mulheres são iguais, não é porque são diferentes,
mas porque passam por cima das diferenças de algumas propriedades,
comuns ou complementares, as quais são valiosas. Eles são seres ca
pazes de raciocinar, amar, recordar ou de reconhecer dialogicamente.
Unir-se em um reconhecimento mútuo de diferenças - isto é, do igual
valor de identidades diferentes - exige que compartilhemos mais do
que a crença nesse princípio; temos que compartilhar também alguns
padrões de valor que as identidades referidas conferem como iguais.
Deve haver algum acordo substancial sobre valor, ou então o princí
pio formal de igualdade será vazio e uma fraude. Podemos expressar
apoio ao reconhecimento igualitário, mas não compartilharemos uma
compreensão de igualdade a menos que compartilhemos algo mais.
A Ética da Autenticidade I A Necessidade de Reconhecimento
Até agora tenho sugerido uma maneira de olhar para o que foi
chamado de “a cultura do narcisismo”, a disseminação de uma pers
pectiva que torna a autorrealização o maior valor na vida e que pa
rece reconhecer poucas demandas morais externas ou comprometi
mentos sérios com os outros. O conceito de autorrealização aparece
nesses dois aspectos muito autocentrado, daí o termo “narcisismo”.
Estou dizendo que deveriamos ver essa cultura como refletindo par
cialmente uma ambição ética, o ideal de autenticidade, mas uma que
não permita em si seus modos autocentrados. Antes, tendo em mente
esse ideal, estes parecem modos desviantes e triviais.
Isso contrasta com outras duas maneiras comuns de olhar para
tal cultura. Estas a veem (a) como de fato fortalecida por um ideal
de autorrealização, embora esse ideal seja compreendido como tão
autocentrado quanto as práticas que derivam dele; ou (b) como so
mente a expressão de autoindulgência e egoísmo, isto é, não moti
vado por um ideal de forma alguma. Na prática, essas duas visões
tendem a se encontrar e tornar-se uma, porque o ideal suposto por
(a) é tão baixo e autoindulgente a ponto de tornar-se virtualmente
indistinguível de (b).
Agora (a) supõe, na verdade, que, quando as pessoas propõem
uma forma muito autocentrada de autorrealização, elas são bastante
impermeáveis às considerações dos últimos dois capítulos; ou porque
A Ética da Autenticidade I 0 Escorregar para o Subjetivismo
suas ambições nada têm a ver com o ideal de autenticidade que tenho
traçado, ou porque as visões morais das pessoas são independentes
da razão de qualquer maneira. Pode-se supô-los impermeáveis tanto
porque se pensa na própria autenticidade como um ideal muito bai
xo, uma invocação certamente mais tênue para a autoindulgência,
quanto porque, independentemente da natureza dos ideais contem
porâneos, se mantém uma visão subjetivista das convicções morais
como meras projeções que a razão não pode alterar.
De qualquer maneira, tanto (a) como, claro, a fortiori, (b) pintam
a cultura do narcisismo como plenamente em paz consigo mesma,
pois em qualquer leitura ela é em teoria exatamente o que é na prá
tica. Satisfaz as próprias aspirações e, assim, é impermeável à dis
cussão. Minha visão, pelo contrário, mostra que ela está repleta de
tensões, vive um ideal que não é inteiramente compreendido e que,
devidamente entendido, contestaria muitas de suas práticas. Aqueles
que o vivem, compartilhando de nossa condição humana, podem ser
lembrados daquelas características de nossa condição que mostram
serem essas práticas questionáveis. A cultura do narcisismo vive um
ideal que está sistematicamente vindo abaixo.
Mas, se estou certo, então esse acontecimento precisa de expli
cação. Por que ele vem abaixo de seu ideal? O que torna a ética da
autenticidade propensa a esse tipo de desvio para o trivial?
Naturalmente, em um nível, a motivação para a adoção de for
mas mais autocentradas pode ser clara o bastante. Nossos vínculos
com os outros, assim como exigências morais externas, podem estar
facilmente em conflito com nosso desenvolvimento pessoal. As de
mandas de uma carreira podem ser incompatíveis com as obrigações
para com nossa família, ou com a fidelidade à alguma causa maior ou
a um princípio. A vida pode parecer mais fácil se se puder negligen
ciar essas restrições externas. De fato, em certos contextos, nos quais
se luta para definir uma identidade frágil e conflituosa, esquecer as
restrições pode parecer o único caminho para a sobrevivência.
64 I 65
perante um mundo que não impõe norma alguma, pronto para des
frutar do “jogo livre”1 ou entregar-se a uma estética do self.1
2 Con
forme essa teoria “mais elevada” se infiltra na cultura popular da
autenticidade - podemos ver isso, por exemplo, entre estudantes,
que são a junção das duas culturas -, ela fortalece ainda mais os
modos autocentrados, dando-lhes certo revestimento de justificativa
filosófica mais profunda.
E, não obstante, tudo isso surge, quero afirmar, das mesmas fon
tes que o ideal de autenticidade. E como isso seria possível? A in
vocação da estética de Michel Foucault em uma entrevista anterior
nos aponta a direção correta. No entanto, para fazer as associações
inteligíveis aqui, temos de apresentar os aspectos expressivos do indi
vidualismo moderno.
A noção de que cada um de nós possui uma maneira original
de ser humano implica que devemos descobrir o que é sermos nós
mesmos. Mas a descoberta não pode ser feita através da consulta de
modelos preexistentes, por hipóteses. Por isso, pode ser feita apenas
articulando-a de novo. Descobrimos o que temos que ser em nós ao
nos tornarmos esse modo de vida, ao dar expressão em nosso discur
so e ações ao que é original em nós. A noção de que a revelação vem
' Discuti a relação entre essas duas idéias extensamente em Hegel, Cambridge,
Cambridge University Press, 1975.
74 I 75
1 Tentei desenvolver uma consideração mais completa disso, bem como outras
vertentes da identidade moderna, em Sources of the Self.
A Ética da Autenticidade I La Lotta Continua
pode ser deslocado, nunca de maneira definitiva, mas, pelo menos, para
algumas pessoas por algum tempo, de um jeito ou de outro. Através
de ações sociais, mudança política e do ganho de corações e mentes, as
formas melhores podem ganhar terreno, ao menos por um tempo. De
certo modo, uma sociedade genuinamente livre toma como sua auto-
descrição o slogan colocado adiante em um sentido bem diferente por
movimentos revolucionários como as Brigadas Vermelhas italianas: “la
lotta continua”, a luta continua - na realidade, para sempre.
Portanto, a perspectiva que estou propondo rompe em definitivo
com o pessimismo cultural que cresceu nas décadas recentes e que li
vros, como os de Bloom e de Bell, alimentaram. A analogia para nossa
época não é a do declínio do Império Romano, visto que decadência
e deslize para o hedonismo tornam-nos incapazes de manter nossa
civilização política. Isso não significa afirmar que algumas sociedades
não possam cair sem pestanejar na alienação e na rigidez burocrática.
E algumas podem de fato perder seu status de quase imperiais. O fato
de que os EUA correm o perigo de sofrer ambas essas mudanças nega
tivas talvez tenha aumentado, de maneira compreensível, a sustenta
ção do pessimismo cultural lá.2 No entanto, os EUA não são o mundo
ocidental, e talvez não devessem nem mesmo ser tomados como uma
entidade única, pois é uma sociedade imensamente variada, feita para
meios e grupos muito diferentes. Evidentemente, haverá perdas e ga
nhos, mas acima de tudo “la lotta continua”.
Quase desnecessário dizer, tampouco estou propondo a visão es-
pelho-imagem, um otimismo cultural do tipo popular nos anos 1 960,
i -----------------------------------------------------------------------------------------------------
2 “Quem, se eu gritasse, entre as legiões de anjos, me ouviria?”, Rainer
Maria Rilke, Elegias de Duino. Trad. Dora Ferreira da Silva. Rio de Janeiro,
Globo, 2001.
A Ética da Autenticidade I Linguagens Sutis
4 Assim, Wordsworth nos fala de como cie “tvould stand / If the night black-
ened ivith a coming storm, / Beneath some rock, listening to notes that are /
The ghostly language of the ancient earth / Or make their dim abode in distant
tuinds” (The Prelude, linhas 307-11). Em tradução livre: “permanecería / Caso
a noite enegrecida por uma tempestade que se aproxima / Embaixo de algum
refúgio, ouvindo as notas que são / A linguagem fantasmagórica da Terra antiga
/ Ou fazer sua morada sombria em ventos distantes”.
5 Charles Rosen e Henri Zerner, Romanticism and Realism. Nova York, Nor
ton, 1984, p. 58. Este capítulo (2) contém uma excelente discussão sobre a
aspiração romântica a um simbolismo natural.
6 Ibidem, p. 68ss.
Citado em Rosen e Zerner, op. cit., p. 67. Os autores relacionam isso a uma de
claração de Constable: “Para mim, pintar é apenas outra palavra para sentir”.
A Ética da Autenticidade I Linguagens Sutis
cidadã causada por seu sistema representativo cada vez menos fun
cional pode ser compensada pela grande energia de suas políticas de
interesse especial. O argumento também tem sido de que o estilo de
política torna os problemas mais difíceis de resolver. Decisões judi
ciais em geral são do tipo em que o vencedor fica com tudo; ou você
ganha ou você perde. Em particular, as decisões judiciais acerca de
direitos tendem a ser concebidas como questões de tudo ou nada.
O próprio conceito de um direito parece pedir por satisfação integral,
se for um direito em absoluto; se não, então nada. O aborto mais uma
vez pode servir como exemplo. Uma vez que o vemos como direito
do feto contra o direito da mãe, há poucos lugares entre a imunidade
ilimitada de um e a liberdade irrestrita do outro. A preferência por
ajustar as coisas de maneira judicial, ainda mais polarizada por cam
panhas de interesse especial rivais, corta efetivamente as possibilida
des de compromisso.2 Também podemos argumentar que ela torna
determinados problemas mais difíceis de resolver, aqueles que reque
rem um amplo consenso democrático acerca de medidas que também
envolverão algum sacrifício e dificuldade. Talvez isso seja parte do
problema norte-americano contínuo de entender sua situação eco
nômica em declínio através de alguma forma de política industrial
inteligente.3 Mas também me leva ao meu argumento, que é o de que
' Discuti isso extensamente em “Shared and Divergent Values”. In: Ronald
Watts e Douglas Brown (eds.), Options for a New Canada. Kingston, Queen’s
University Press, 1991.
118 1119
índice Remissivo
A e fragmentação, 112
aborto, 97, 113-16 e mobilidade, 66
acordo de Meech Lake, 118 e organização social, 78, 98-99,
agressividade veja ambiente 107-08
alta cultura, 67, 84 c razão instrumental, 96-97, 98,
ambiente 99-100, 103,116,118-19
desastres do, 18, 93 estabelecimento do, 116
e razão instrumental, 15, 93, 97 veja também fragmentação;
na arte, 89 individualismo
preservação do, 100-01, 111, 116 autenticidade
reivindicações do, sobre nós, 92-93 condenação da, um erro, 51, 78,
amor, 92-93 84, 95
e autorrealização, 41, 53 definição da, 73
e identidade, 44-45, 53, 57 degradação de, 25, 31-33, 39, 45-
veja também relacionamentos 46, 65-67, 77, 93
pessoais dialogicidade da, 42-43, 53
antropocentrismo e autorrealização, 25, 39, 63-66, 78
e atomismo social, 65-66 e criação, 70-74
e autenticidade, 67-68, 74-75 e diversidade, 46-47, 58
e horizontes de significado, 74-75 e explicação social científica, 29
e relações com o ambiente, 93, 94 e hedonismo, 25-26
Arendt, Hannah, 16-17 e horizonte de significado, 45,46-50,
Aristóteles, 28-29, 104 72-73,75-76
Artaud, Antonin, 72 e individualismo, 29, 35, 52, 79, 82
arte e liberalismo neutro, 27, 31
dialogicidade da, 44-45 e liberdade autodeterminante, 37-38,
e autenticidade, 72 48, 73-76
e mimesis, 69, 86-87 e narcisismo, 25-26, 45, 63-64, 67,
e poiesis, 69, 70 73, 77, 84
subjetivação do moderno, 85-92 e pós-modernismo, 74-75
artista, 44-45, 69 e razão instrumental, 29, 32
veja também arte e reconhecimento, 55, 57, 60, 73
atomismo social e relações instrumentais, 51, 58, 60,
e antropocentrismo, 65-66 81
e capitalismo de mercado, 111 e relativismo suave, 26-27, 31,46,47
A Ética da Autenticidade I índice Remissivo
Taylor, Charles
A ética da autenticidade / Charles Taylor ; tradução de
Talyta Carvalho. - São Paulo : É Realizações, 2011.
11-05832 CDD-126
• Os Intelectuais e a Sociedade
Thomas Sotvell
os incentivadores e críticos é
absolutamente bem-sucedida.”
Richard Rorty
Universidade da 'Virgínia
ISBN 978-85-8033-019-9