Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Arménio Rego
Miguel Pina e Cunha
Thomaz Wood Jr.
1
A minha irmã, Nélida, um manancial de generosidade.
Arménio Rego
2
AGRADECIMENTOS
3
APRESENTAÇÃO
Talvez tenha sido este o raciocínio feito pela coluna Schumpeter, que trata
de temas de gestão para a revista britânica The Economist. Em edição
publicada em novembro de 2009, a coluna defende os líderes pavões,
aqueles que podem adorar a ribalta, mas são também capazes de mobilizar
4
e mudar o estado das coisas. O autor menciona apenas pavões e seus
antípodas, os lideres discretos e apagados. Entretanto, a fauna corporativa é
muito rica em tipos exóticos. Sobra-lhe diversidade.
5
O águia maquiavélico simula a benevolência para seduzir suas presas.
Despreza os crédulos e não confia em ninguém. Considera a mentira e a
manipulação ferramentas usuais de gestão. Abraça com entusiasmo o
discurso ético, mas é um perito em atuar nas fronteiras (externas) da lei.
6
oportunidade de mirar-se no espelho. Para este espécime, o trabalho
constitui o meio para o culto de um certo estilo de vida, marcado por jogos
de golfe e almoços em restaurantes da moda.
7
Arménio Rego
Miguel Pina e Cunha
Thomaz Wood Jr.
8
OS CHEFES, EM 10 CITAÇÕES2
"Uma vez odiado o chefe, suas ações, sejam boas, sejam más, o
perseguem." (Tácito)
“Os chefes são como as nuvens: quando desaparecem, o dia fica lindo.”
(anônimo)
“A diferença entre um chefe e um líder é que o chefe diz ‘Vá!’, e o líder diz
‘Vamos!’.” (E. M. Kelly)
“Em casa eu sou o chefe; minha esposa é apenas a pessoa que toma
decisões.” (Woody Allen)
2
Fontes: SiteQuente (www.sitequente.com) e Thinkexist (http://thinkexist.com).
Acesso em 26 de fevereiro de 2010.
9
SUMÁRIO
Agradecimentos
Apresentação
Os chefes, em 10 citações
10
PRÓLOGO, EM CINCO TEMPOS
Vejamos cinco exemplos. Sugerimos ao leitor que, após ler cada um deles,
reflita sobre as questões colocadas. Advertimos que não há respostas
absolutamente certas, porém algumas alternativas poderão se mostrar mais
sensatas do que outras.
Caso 1
Como perder dois bilhões de dólares3
11
montagem, em 1999, a empresa viu-se forçada a abandonar o negócio. Para
aplacar a ira dos credores, Lee teve que desembolsar dois bilhões de
dólares. Ele disse então aos gestores que se sentia perplexo, por eles não
terem manifestado abertamente suas preocupações. Entender o estilo
centralizador e autoritário de gestão de Lee e a cultura submissa da empresa
ajuda a compreender os receios e hesitações de seus gestores.
Caso 2
Os riscos do negativismo
12
acreditando que não poderia mudar seu jeito de ser. Com o tempo, seu
desempenho caiu e ela perdeu novas oportunidades de promoção.
Caso 3
Diga-me a verdade, mas cuidado com o que diz!
Jonas acredita que o seu chefe é imaturo, um indivíduo para quem existem
apenas dois tipos de pessoas: os amigos, que estão incondicionalmente com
ele, nunca o criticam ou manifestam discordâncias; e os inimigos, que
“ousam” expor divergências. Esta constatação foi muito útil a Jonas.
Agora, ele raramente manifesta discordâncias. Ele dorme mais tranquilo,
13
trabalha melhor e não perde mais tempo tentando entender o
comportamento do chefe. Depois de algum tempo de convivência, Jonas se
tornou apreciado por Claudio. É claro que o chefe desconhece uma parte
importante da realidade da empresa – mas isso não preocupa Jonas. Afinal,
mesmo quando escuta opiniões francas, seu chefe não as leva em
consideração.
Caso 4
A importância de renovar a perspectiva
14
projeto. Frequentemente, interrompe Rosa e pede que ela “vá direto ao
ponto, sem rodeios”.
Caso 5
Relações perigosas
15
Fabio não tem mais qualquer dúvida de que Lílian sente prazer em magoar
as pessoas ao seu redor. Sua estratégia de sobrevivência passou a ser
manter a maior distância possível de Lílian. Porém, sua chefe sempre
demanda sua presença, mantendo-o em sua sala por períodos longos. Nos
escritório, começaram a circular boatos sobre a “relação especial” entre
Fabio e Lílian. Fabio, que é recém-casado, não sabe o que fazer: tem receio
de tratar do assunto diretamente com Lílian e até mesmo de se demitir, por
sentir que corre o risco de ter sua imagem no mercado de trabalho
prejudicada por Lílian.
Porque...
16
• Primeiro, porque os liderados constituem esmagadora maioria, e um dos
grandes desafios desse grupo é aprender a gerenciar seus chefes.
Para que...
17
Nesta obra, nutrimos algumas ambições. Desejamos que nosso esforço de
reflexão cumpra cinco objetivos:
• Segundo, que ajude os leitores a lidar de forma mais efetiva com todos
estes diferentes tipos de chefe.
Alerta 1
Se não pode mudar o chefe, mude a si mesmo
Este livro não tem a pretensão de mudar seu chefe. Também não é nosso
intento sugerir estratégias para realizar seus mais profundos desejos de
vingança ou controle absoluto sobre seu chefe. Nosso objetivo é aumentar a
18
compreensão dessa delicada relação, de forma que você possa reduzir os
eventuais efeitos de sua “toxidade” e explorá-la de forma mais construtiva.
Chefes não são, por definição, uma categoria nociva ao bem estar dos
liderados e prejudicial ao desempenho das equipes. Pode-se até afirmar que
chefes também são seres humanos, propensos a acertos e erros. A diferença
é que eles (e elas) foram imbuídos de poderes especiais, que eventualmente
estão além de suas competências. Então, com certa frequencia,
desenvolvem comportamentos patológicos, vitimando a si mesmos, aos
seus pares e, principalmente, aos seus chefiados.
Alerta 2
Chefes também precisam gerenciar seus chefes
19
Conforme registramos anteriormente, o foco deste nosso livro são os
liderados, esta enorme massa de profissionais que lutam e sofrem nas
organizações. Mas não podemos esquecer que muitos desses liderados são
também líderes. Eles se encontram no meio da pirâmide organizacional e
cumprem um duplo papel, de chefes e de chefiados. Além disso, muitos
profissionais que trabalham em organizações com estrutura matricial
respondem para múltiplos chefes, que eventualmente expressam demandas
conflitantes. Para tais profissionais, é essencial gerenciar relacionamentos e
expectativas. Eles (e elas) não atingirão seus objetivos sem conseguir a
cooperação de vastas redes de relações, que compreendem tantos chefes
quanto chefiados 4.
Alerta 3
Fique atento aos chefes “híbridos”
20
Alerta 4
Não culpe apenas o chefe
Alerta 5
Veja sempre o lado positivo
21
indefinidamente comportamentos torpes, mas implica em reconhecer as
ambiguidades da vida organizacional e cultivar certo grau de tolerância e
de paciência.
22
PARTE 1: 10 ESPÉCIMES DA FLORESTA CORPORATIVA
23
CAPÍTULO 1
O SERPENTE ENGRAVATADO
Um perfil ofídico
Ele (ou ela) não tem qualquer pudor em assumir o crédito por realizações
alheias. Seu desejo de vencer (a qualquer preço) é patológico. Não se
emociona com o sofrimento dos outros e não sente qualquer remorso pelo
dano que lhes possa causar. Aliás, magoar é um de seus jogos preferidos.
24
As relações sociais são um ponto forte de sua personalidade. Costuma
seduzir e conquistar, para depois humilhar e destruir. Nas rodas, costuma
ser o centro das atenções. Algumas vezes, seu charme hipnótico dá lugar a
fulminantes e inesperados ataques de raiva, deixando seus interlocutores
desconcertados.
• Pouco depois de Martin Davis ter ascendido ao lugar de topo da Gulf &
Western, um visitante lhe perguntou por que motivo metade do
escritório estava vazio no último andar do prédio da empresa em
5
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Battle_of_the_Overpass. Acesso em 8 de
março de 2010.
25
Manhattan, ao que o executivo respondeu, calmamente: ‘Esses eram
meus inimigos, e eu me livrei deles’.6
6
Veja o texto “Bosses from Hell”, publicado em Fast Company, 1 de Julho de 2005.
7
Kellerman (2004).
26
5. Seu chefe não pensa duas vezes antes de tomar decisões que podem
afetar negativamente a vida de seus liderados?
6. Seu chefe é incapaz de demonstrar compaixão pelos problemas de seus
liderados e ignora frequentemente os sentimentos alheios?
7. Seu chefe não demonstra remorso que suas decisões prejudicam clientes
ou comunidades inteiras?
8. Seu chefe costuma culpar os outros por erros que ele próprio cometeu?
9. Seu chefe menospreza outros chefes e costuma vangloriar-se da sua
capacidade de manipular outras pessoas?
10.Seu chefe reage de modo intimidador ou violento quando percebe que
não vai conseguir o que pretende?
27
4. Seja cauteloso. Os serpentes engravatados podem ser condenados por
seus comportamentos abusivos, mas tem lugar garantido em algumas
empresas, devido aos resultados que eventualmente alcançam.
5. Monitore o ambiente e busque aliados. Identifique colegas que
partilhem suas percepções e estabeleça com eles redes de confiança.
6. Prepare-se para enfrentar um jogo pesado. Não subestime a capacidade
que seu chefe tem e o tempo que dedica a orquestrar calúnias e puxar
tapetes.
7. Tome cuidado ao fazer denúncias contra o serpente engravatado.
Organizações comportam-se de forma estranha diante de mensageiros
de más notícias. A vítima pode ser você.
8. Tome cuidado com os asseclas. Os serpentes engravatados são seres
solitários, porém costumam se fazer rodear por bajuladores e pistoleiros
de aluguel.
9. Preserve sua saúde psíquica. Distancie-se emocionalmente de seu chefe.
Evite reagir aos seus eventuais ataques e provocações. Jamais se deixe
abalar.
10.Seja paciente. A experiência mostra que os serpentes engravatados não
têm vida longa nas empresas.
28
CAPÍTULO 2
O PAVÃO NARCISISTA
Um perfil exibicionista
O pavão narcisista é um ser dado a fantasias de poder. Ele (ou ela) adora
teorias conspiratórias: se algo o afastar de seus altos objetivos de carreira,
só pode ser obra de circunstâncias fortuitas ou ações orquestradas por seus
ardilosos inimigos. Este tipo de chefe não costuma assumir a
responsabilidade por fracassos. E, quando estes acontecem, não tem
dificuldade para encontrar bodes expiatórios. Afinal, os erros são sempre
obra dos outros.
29
A agenda do pavão narcisista está sempre preenchida. Sua predileção é por
atividades coletivas – uma série infindável de reuniões, almoços e eventos
–, que lhe permitem dar vazão à sua incontinência verbal. Seu ponto fraco é
a baixa capacidade de concentração. Diante de questões intrincadas e
análises mais profundas, ele (ou ela) entedia-se, boceja e irrita-se.
30
• Se houvesse um prêmio para reconhecer o mais narcisista entre todos os
pavões narcisistas, um sério candidato seria Larry Allison, da gigante
empresa de informática Oracle. Allison coleciona aviões, iates e carros-
esporte. Aos 56 anos, divorciou-se três vezes. Certa vez, tentou comprar
um caça MIG-29, porém foi barrado. Declarou que sua intenção era
quebrar a barreira do som acima da cada do rival Bill Gates, da
Microsoft. O biógrafo Mike Wilson cunhou a conhecida frase: “A
diferença entre Deus e Larry Ellison é que Deus não pensa que é Larry
Ellison”. Apesar das extravagâncias, Allison é respeitado como líder
carismático e sua sucessão é vista com preocupação pelo mercado
financeiro. 8
31
7. Seu chefe sente verdadeiro prazer em identificar erros alheios e eleger
responsáveis por iniciativas mal sucedidas?
8. Seu chefe costuma prestar mais atenção aos seus superiores do que aos
seus liderados?
9. Seu chefe considera que a principal função de seus colaboradores é
darem apoio incondicional a todas as suas iniciativas?
10.Seu chefe julga-se merecedor de tratamentos e de favores especiais?
32
5. Dê-lhe prioridade no palco. Abra e garanta espaço para sua atuação.
Pavões narcíseos podem se tornar intensamente frustrados e amargos
quando não podem se exibir para a audiência.
6. Comporte-se como coadjuvante. Nunca aja de modo que pareça
ameaçar seu chefe, o ator principal, a menos que você também seja um
pavão narcisista.
7. Evite confrontos e conflitos, mesmo se acreditar que a razão está do seu
lado. Pavões narcisistas têm enorme dificuldade para rever posições e
voltar atrás em decisões.
8. Nem pense em tentar mudar seu chefe. Pavões narcisistas consideram-se
sólidos, consistentes e imunes a mudanças.
9. Sustente suas posições com firmeza. Pavões narcisistas tendem a
massacrar interlocutores que consideram mais fracos.
10.Prepare-se para uma convivência de longo prazo. Os pavões narcisistas
estão em alta nas empresas, na mídia de negócios e no mercado
financeiro.
33
CAPÍTULO 3
O TOURO ENRAIVECIDO
Perfil bovino
Nas suas horas vagas, que não são poucas, o touro enraivecido se dedica a
espalhar boatos e fazer chantagem. Amante da tecnologia, adota o telefone
34
celular e o correio eletrônico para infernizar a vida de seus colaboradores: é
um mestre do cyberbullying.
35
falava ironicamente deles para colegas de outras unidades. Notou que,
apesar de doentia, a relação entre Benjamim e suas vítimas, se mantinha
ao longo do tempo, como se seus colegas fossem prisioneiros incapazes
de reagir ou escapar da situação. Sem saber como agir, João Henrique
passou a ser cauteloso com as informações que passava e a “filtrar” os
problemas antes de discuti-los com o chefe. Com o tempo, notou que
muitos colegas faziam o mesmo, informando apenas “boas notícias”
para Benjamim.
36
4. Seu chefe parece eleger vítimas, que persegue sem tréguas?
5. Seu chefe costuma atribuir tarefas árduas e sem sentido a alguns
liderados?
6. Seu chefe ironiza as propostas de alguns liderados, taxando-as de
fantasiosas, mal informadas ou estúpidas?
7. Seu chefe dissemina rumores e boatos sobre alguns liderados?
8. Seu chefe castiga de forma velada alguns liderados, reduzindo suas
atribuições e responsabilidades?
9. Seu chefe induz alguns liderados a cometer erros, para depois os
recriminar?
10.Seu chefe induz os colegas a se afastarem de suas vítimas, provocando
seu isolamento?
37
3. Aprenda a reconhecer os sinais de assédio. Se for capaz de reagir
rapidamente, poderá interromper o processo em uma fase inicial. À
medida que o processo avança, torna-se mais difícil conter o touro
enraivecido.
4. Não se intimide com os ataques. Evite desafiar abertamente seu chefe,
porém mantenha uma postura digna, mesmo diante de explosões de
raiva.
5. Não se rebele abertamente. Procure agir estrategicamente, buscando os
momentos e ações mais adequadas para tentar induzir mudanças.
6. Seja cauteloso e discreto. Evite comentar abertamente os problemas de
seu chefe com líderes da organização ou funcionários de outras áreas.
7. Meça suas ações e reações. Trabalhar constantemente sob pressão nos
leva a tomar decisões arriscadas e a cometer erros. Pense muito antes de
agir.
8. Não se isole. Touros enraivecidos podem criar um ambiente de mútua
desconfiança entre pares. Evite este efeito, conversando frequentemente
com colegas nos quais confie.
9. Evite expectativas irreais. Embora o comportamento do touro
enraivecido possa lhe parecer inaceitável, não se espante com a
passividade de colegas e a aceitação da organização.
10.Tenha um plano B. Alguns touros enraivecidos podem perder
completamente o controle. Prepare-se para lidar com situações-limite.
38
CAPÍTULO 4
O ÁGUIA MAQUIAVÉLICO
Perfil alado
39
Para atingir seus fins, não mede os meios. No fundo, e embora possa
declarar o contrário, o águia maquiavélico considera que a vida corporativa
incompatível com bons sentimentos. Ele (ou ela) não se cansa de apregoar
as virtudes da ética e da responsabilidade social. Porém, na prática, atua na
fronteira da lei e usa o discurso da moda apenas para promover sua imagem
e a imagem da empresa.
• “[P]arece-me muito mais seguro ser temido do que amado (…). Há uma
coisa que se pode dizer, de uma maneira geral, de todos os homens: que
40
são ingratos, mutáveis, dissimulados, inimigos do perigo, ávidos de
ganhar. (...). Os homens hesitam menos em prejudicar um homem que
se torna amado do que outro que se torna temido, pois o amor mantém-
se por um laço de obrigações que, em virtude de os homens serem maus,
se quebra quando surge ocasião de melhor proveito. Mas o medo
mantém-se por um temor do castigo que nunca nos abandona”.
• “[C]convém notar que se inspira ódio tanto por boas como por más
ações”.
• “Há, até, quem pense que um príncipe sensato deve, sempre que tenha
oportunidade, alimentar sutilmente algumas inimizades, a fim de que,
vencendo-as, faça jus a maiores louvores”.
41
puderem dizer a verdade, desaparece a deferência. Por isso, o príncipe
prudente deve recorrer a um terceiro meio e escolher no seu Estado
pessoas sensatas que serão as únicas às quais concederá a liberdade de
lhe dizerem a verdade, mas somente a verdade acerca do que lhes
perguntar e não de outras coisas”.
42
8. Seu chefe não se abala quando tem que distorcer a verdade ou mentir
para conseguir seus objetivos?
9. Seu chefe, no fundo, não acredita que as pessoas possam agir de forma
altruísta e desinteressada?
10.Seu chefe acredita que todos agiriam como ele, se tivessem a
oportunidade e o poder para fazê-lo?
Ao contrário dos demais espécimes tratados até este ponto do livro, o águia
maquiavélico pode ter um comportamento discreto, sendo reconhecido
apenas por quem o observa mais atentamente. Todas as organizações têm
águias maquiavélicos em posição de chefia, mas alguns deles passam
desapercebidos, sendo notados apenas quando atingem postos mais altos.
Se o chefe do prezado leitor é um águia maquiavélico, indicamos a seguir
dez medidas para facilitar esta delicada convivência:
43
5. Desconfie das conversas amáveis. Você pode estar sendo vítima de um
processo de manipulação.
6. Desconfie dos discursos politicamente corretos. Estes discursos podem
ser apenas uma ferramenta para que seu chefe atenda seus objetivos
pessoais.
7. Aja de forma estratégica. Pense em cada ação como um movimento em
um tabuleiro de xadrez.
8. Coloque-se no mesmo patamar. Mostre que você não é ingênuo e que
pode, se quiser, fazer o jogo de seu chefe.
9. Estabeleça alianças. Construa relações estáveis e de confiança na
organização. Esta condição o valorizará diante de seu chefe, fazendo
com que ele (ou ela) o reconheça como ator relevante do sistema.
10.Construa uma base de competências e realizações. Assim, estará
também mais seguro diante de seu chefe.
44
CAPÍTULO 5
O ENGUIA ESCORREGADIO
Perfil ensaboado
45
Outro traço característico desse espécime de chefe é a “fluidez”. O que o
enguia escorregadio afirma hoje não é o que afirmará amanhã. Suas
opiniões e posições são volúveis, e dependem das circunstâncias e dos
interlocutores. Tal característica eventualmente coloca seus liderados em
apuros, pois lhes é atribuída a culpa por ter seguido orientações que não são
mais válidas.
46
agradar a matriz, respondendo prontamente a tudo que era solicitado.
Evitava discordar, mesmo de pedidos absurdos, incoerentes com a
realidade local. Incapaz de dar orientações precisas a seus liderados,
adotava uma linguagem ambígua, cheia de princípios gerais e citações,
obrigando os diretores da empresa a adivinhar o que pretendia. Quando
estes acertavam e conseguiam bons resultados, Carlos Vitor
prontamente informava a matriz, assumindo a ação como sua iniciativa.
Porém, quando os resultados não eram o que esperava, e ele não os
podia esconder, informava a matriz, indicando o diretor “culpado” e
reclamando da dificuldade de encontrar pessoal qualificado no mercado
de trabalho. Em complemento, foi fortalecendo sua posição pela atuação
junto a órgãos de classe, comunidades e outros grupos de interesse,
públicos para os quais seu discurso vazio fazia grande efeito.
47
5. Seu chefe tem dificuldade para fazer trabalho real, destinando a maior
parte do seu tempo e reuniões e conversas?
6. Seu chefe recorre frequentemente a citações e idéias de Peter Drucker,
Stephen Covey e Ram Charam, mas raramente consegue explicar qual a
relação entre a citação e o assunto que está sendo tratado?
7. Seu chefe frequentemente ocupa parte considerável de reuniões de
trabalho com assuntos disparatados e discursos vazios?
8. Seu chefe costuma abrir eventos com discursos inspirados e citações
sofisticadas, que impressionam os desavisados, mas não passam de
cortina de fumaça?
9. Seu chefe evita se comprometer com as consequências de ações por ele
determinadas, quando os resultados são negativos ou ficam abaixo do
esperado?
10.Seu chefe costuma apontar seus liderados como culpados por executar
tarefas que ele mesmo solicitou, e que agora não reconhece?
48
2. Combata estrategicamente a ambiguidade. Evite pedir esclarecimentos
sobre tudo o que seu chefe diz. Identifique as questões prioritárias e
procure esclarecê-las.
3. Documente os pedidos e decisões. Peça que seu chefe envie por escrito
seu pedido ou ordem. Se não conseguir, escreva o que entendeu, detalhe
e escopo e peça que seu chefe faça a confirmação.
4. Use sua rede de relações. Diante de orientações duvidosas e estranhas,
chame seus colegas e liderados e procure explorar o verdadeiro sentido
do pedido.
5. Evite colocar seu chefe contra a parede. Aja no sentido (legítimo) de
melhor servir seu propósito, não de afrontá-lo por sua dificuldade para
passar diretrizes claras.
6. Seja cauteloso. Assuma suas responsabilidades, mas evite tornar-se alvo
de culpa por erros cometidos por seu chefe.
7. Filtre os pedidos de seu chefe. Considere que parte do discurso de seu
chefe destina-se apenas a legitimá-lo como líder, e não necessariamente
a gerar ações práticas.
8. Entre no jogo, mas com cuidado. Se o seu chefe gosta de citar autores
de livros populares de gestão, faça-o também. Mas garanta que suas
escolhas sejam melhores que as dele.
9. Não emule seu chefe. Se você também é chefe, evite copiar os
comportamentos de seu chefe com seus liderados. Ninguém merece ter
um enguia escorregadio como chefe.
10.Pratique o reforço positivo. Sempre que seu chefe conseguir escapar da
retórica vazia e dar instruções mais precisas, cumprimente-o e agradeça-
lo. Esta técnica funciona com cachorros e até baleias. Deve funcionar
também com enguias escorregadios.
49
CAPÍTULO 6
O PREGUIÇA PROCRASTINADOR
Perfil malemolente
50
Diante de pressões e pedidos urgentes, o preguiça procrastinador se
imobiliza. Odeia comprometer-se com responsabilidades e prazos. Seu
armário é o fiel depositário de relatórios inacabados, projetos congelados e
iniciativas pendentes. Para ele, é essencial dar tempo ao tempo. Diante de
desafios urgentes, privilegia a criação de comitês. Estes comitês, sob sua
orientação, desdobram-se em novos comitês, de forma que fique garantida
a impressão que muito se trabalha, embora nenhum resultado seja atingido.
51
floresta corporativa. O fato é que eles continuam firmes e fortes. As
mudanças no ambiente competitivo fizeram com que mudassem alguns de
seus modos, mas não alteraram seus valores e seus comportamentos
básicos. Vejamos um exemplo fictício, porém muito real.
52
Provavelmente, o prezado leitor está sendo chefiado por um preguiça
procrastinador.
1. Seu chefe adia seguidamente as decisões que tem que tomar?
2. Seu chefe responde às suas questões com outras questões, como se não
tivesse escutado as suas indagações?
3. Seu chefe demora semanas para responder a demandas que não
necessitam mais do que um minuto de reflexão?
4. Seu chefe considera que problemas urgentes são aqueles que precisam
ser resolvidos no prazo de um ano?
5. Seu chefe mantém em seus arquivos projetos e iniciativas propostas há
meses, e que nunca foram devidamente analisadas?
6. Diante de questões urgentes, seu chefe costuma afirmar que “é preciso
dar tempo ao tempo”?
7. Seu chefe acredita que muitos problemas se resolvem “por si só”, sem
que nada seja feito para solucioná-los?
8. Seu chefe é um mestre na realização de mudanças de fachada, aquelas
que ocorrem “para que tudo continue como sempre foi”?
9. Seu chefe é um ávido criador de comitês, reuniões e relatórios, todos de
utilidade duvidosa?
10.Seu chefe parece permanentemente ocupado, com a agenda lotada de
compromissos, embora seus liderados saibam muito bem que pouco
trabalho real é executado?
53
trabalho útil. Se este for o caso do prezado leitor, então registramos a seguir
dez sugestões para reduzir os efeitos negativos desta complicada relação:
54
10.Desenvolva e execute um plano B. Para muitos problemas, há rotas
alternativas de solução, que nem sempre dependem do superior
imediato. Explore estas rotas, sempre com cuidado para não atropelar
seu chefe.
55
CAPÍTULO 7
O BARATA BUROCRATA
Perfil kafkiano
Ele (ou ela) está sempre bem informado sobre normas, regras e
procedimentos. Conhece de cor as normas ISO e é capaz de citar de
memória os critérios adotados pelo Prêmio Nacional da Qualidade. De fato,
o barata burocrata não toma uma decisão ou dá um passo sem consultar
suas queridas normas.
56
Para o desespero de seus liderados e pares, o barata burocrata usa as
normas para resistir a novas idéias e a mudanças. Em reuniões de análise de
investimentos e discussão de novos projetos, sua presença é marcante: no
momento de ápice de energia e entusiasmo costuma pedir a palavra e
lembrar aos presentes, com total desenvoltura, os impedimentos normativos
que inviabilizam a implantação da proposta.
57
• Don Keough, ex-presidente da Coca Cola, mostra com crueza a
mentalidade e o comportamento dos burocratas11: “Eles [os burocratas]
nunca dizem não. Limitam-se a não fazer o que queremos que façam
quando o devem fazer. Quando ingressei na sede em Atlanta, verifiquei
que o pequeno tapete de um dos elevadores estava rompido e gasto. Por
conseguinte, pedi à [minha secretária] Florence para solicitar ao
departamento de manutenção que substituísse o tapete. Alguns meses
depois, disse-lhe que a substituição não havia sido feita. Respondeu-me
que o departamento estava realizando trabalhos de rotina, e que a
substituição estava agendada. Um ano depois, quando fui nomeado vice-
presidente da divisão, informei que o tapete ainda não havia sido
substituído. Disseram-me que estaria muito breve. Quando, dois anos
mais tarde, me mudei para os escritórios centrais da Coca-Cola, o tapete
ainda não havia sido substituído. O departamento de manutenção jamais
recusara o nosso pedido. Nunca ouvi um ‘não’. Contudo, o tapete nunca
foi substituído. Se você pretende impedir o verdadeiro progresso,
assegure-se de que os assuntos administrativos suplantem todos os
outros. Ame a sua burocracia.”
58
2. Seu chefe lembra em todas as ocasiões que é essencial seguir as normas,
as regras e os procedimentos?
3. Seu chefe é um entusiasta das normas ISO e vive a enaltecer as virtudes
do Prêmio Nacional da Qualidade?
4. Seu chefe costuma citar argumentos legais e recorrer a pareceres
jurídicos, mesmo nas matérias mais elementares?
5. Seu chefe parece apreciar mais seus liderados complacentes e
conformistas do que aqueles criativos e inovadores?
6. Seu chefe é detalhista, preocupando-se frequentemente com detalhes e
perdendo a visão mais geral das questões?
7. Seu chefe dá mais atenção a obediência às regras e aos procedimentos
do que ao atendimento de resultados?
8. Seu chefe acredita que os principais problemas da empresa serão
resolvidos se forem feitas descrições detalhadas de todos os processos e
for definida uma atribuição clara de responsabilidades?
9. Seu chefe acredita que a informação é uma ferramenta importante para
reproduzir em meio digital todos os seus arquivos e facilitar o acesso a
normas, processos e procedimentos?
10.Seu chefe acredita que a hierarquia é a pedra fundamental da
organização, que deve condicionar todo o funcionamento e todas as
decisões?
59
cair um barata burocrata, sugerimos que considere as dez sugestões a
seguir:
60
CAPÍTULO 8
O DIABO TASMANIANO
Perfil endiabrado
61
A retórica do diabo tasmaniano é agressiva. Ele (ou ela) costuma colocar-se
no púlpito ou no topo da mesa e atacar com gosto idéias, áreas e pessoas. E
o faz envolvendo os presentes, solicitando abruptamente posições e
distorcendo a seu favor as respostas. Por onde passa, deixa um rastro de
caos e mal estar.
62
nível de tensão. Os funcionários da clínica reclamam frequentemente
entre si do nível desnecessário de estresse e da dificuldade para realizar
seu trabalho. No entanto, sentem-se impotentes diante da vitalidade e da
energia de Suzana, sem coragem para expressar para ela seus pontos de
vista e suas preocupações.
63
10.Seu chefe às vezes parece dar grande atenção aos seus liderados, porém
no momento seguinte age da forma oposta, ignorando totalmente quem
está ao redor?
Para muitos de nós, o diabo tasmaniano é uma figura folclórica. Ele passa
por nós nos escritórios e nas reuniões de trabalho, mas logo desaparece.
Notamos seu comportamento exótico, porém logo o esquecemos como
mais um personagem da selva corporativa. No entanto, aqueles que
trabalham diretamente com ele podem viver em constante estado de alerta,
sempre esperando pelo próximo ataque. Se este for o caso do prezado
leitor, sugerimos que considere as dez medidas listadas a seguir:
1. Desconfie. Não acredite em tudo que o seu chefe diz, por mais enfático
que ele tenha sido. Provavelmente, depois de alguns dias, ele também
terá esquecido o que falou.
2. Não leve para o lado pessoal. O diabo tasmaniano não costuma ter
vítimas preferenciais. Suas explosões atingem quem está à sua frente no
momento.
3. Relaxe. Encare com humor os exageros e as declarações bombásticas de
seu chefe. Veja-o como um ator, a utilizar recursos de cena para causar
o maior impacto possível.
4. Evite o confronto. Se quiser contrapor algo que seu chefe diz, faça-o de
forma sutil e indireta, evitando colocá-lo contra a parede.
64
5. Prepare o palco. Quando houver oportunidade, convide seu chefe para
abrir reuniões e eventos, mas tome o cuidado de preparar-lhe o discurso.
Assim, o risco de um desastre será menor.
6. Respire fundo. Em momentos de descontrole de seu chefe, procure ficar
tranquilo e aguarde que a fúria se dissipe.
7. Coloque limites. Se o assunto for realmente relevante, cobre promessas
não cumpridas e mostre os riscos envolvidos.
8. Seja compreensivo. Procure ajudar seu chefe a entender os motivos de
suas explosões. Trate racionalmente os problemas e mostre sua real
dimensão.
9. Proteja-se das tempestades. Ao pressentir uma explosão de fúria, deixe
o ambiente ou estimule a audiência em outra direção.
10.Mantenha o bom humor. Trate os comportamentos escandalosos de seu
chefe e suas explosões com leveza e humor. Assim, amenizará a crise.
Mas cuidado com o uso da linguagem irônica, que pode aguçar ainda
mais a crise.
65
CAPÍTULO 9
O POODLE METRO-SEXUAL
Perfil canino
66
Como chefe, todas as suas decisões são pautadas pelo culto da imagem,
principalmente da própria imagem. Ele (ou ela) costuma escolher
colaboradores à sua imagem e semelhança, e lhes valoriza especialmente o
bem vestir, o conhecimento de vinhos e a prosa fútil. Seu trabalho é
pautado pela preparação de apresentações em PowerPoint. É da escolha de
figuras e fontes que nascem suas principais decisões. Para o poodle metro-
sexual, o maior sinal de sucesso é uma audiência deslumbrada com uma
boa sequência de slides e vídeos.
12 http://www.afr.com/home/login.aspx?ATL://20050408000015335542§ion=Boss
67
não apenas aceitável, mas quase requerido. Tudo faz parte da
reinvenção cultural do executivo, e vai muito além da permissão para
usar uma camisa cor-de-rosa para o escritório. É mais profundo do que o
verniz estético ou carismático. Cada vez mais se requer dos executivos
de hoje que sejam astutos e intuitivos, masculinos mas também
emocionalmente inteligentes. Muitos têm adotado comportamentos
tradicionalmente considerados como femininos e estão empenhados em
abandonar, no local de trabalho, o estereótipo agressivo e ameaçador.”
68
7. Seu chefe dedica parte considerável de seu tempo à preparação de suas
apresentações, esmerando no uso do PowerPoint, de vídeos, imagens e
outros recursos visuais?
8. Seu chefe sempre inclui Paris e Nova Iorque em suas viagens de
negócios?
9. Seu chefe tem ótimas relações com as áreas de marketing, comunicação
e relações institucionais?
10.Seu chefe tem relações difíceis com as áreas de produção, logística e
finanças?
69
5. Cuide de sua aparência. Reveja suas opções de compras e atualize-se.
Mas não exagere.
6. Aprimore suas competências. Faça um curso de vídeo e aprenda os
recursos mais sofisticados do PowerPoint. Mostre para seu chefe suas
novas capacidades.
7. Inicie uma atividade física ou esporte. Essa medida lhe trará benefícios
pessoais e facilitará o relacionamento com seu chefe. Mas atenção: evite
o futebol e a bocha; dê preferência para o golfe e o squash.
8. Una a imagem com a substância. Identifique como o estilo de seu chefe
pode afetar sua forma de gestão. Fomente os aspectos positivos, como a
abertura para a criatividade e a inovação.
9. Seja complementar. Identifique as deficiências e competências que seu
chefe não domina e procure ajudá-lo a fazer frente aos desafios.
10.Tolere a ambiguidade. Ambientes chefiados por poodles metro-sexuais
podem parecer superficiais, excessivamente fluídos e incoerentes.
70
CAPÍTULO 10
O CORUJA PSEUDO-INTELECTUAL
Perfil astuto
71
A “bagagem cultural” do coruja pseudo-intelectual foi desenvolvida ao
longo dos anos. Um M.B.A. despertou o seu apetite por idéias de impacto e
modelos de efeito. Um curso em Harvard e outro no Insead poliram sua
linguagem. Assinaturas das principais revistas de negócio atualizam
permanentemente seu repertório. A estante de seu escritório transborda
obras de auto-ajuda e manuais de gestão. Entretanto, a leitura, no mais das
vezes, restringe-se às orelhas dos livros.
72
às dezenas. No mesmo ano, é preciso obter as certificações ISO, colocar
a empresa entre as melhores para se trabalhar, obter selos verdes e
adotar as melhores práticas de governança. A equipe de recursos
humanos deverá implementar um sistema de comunidades de prática, a
área de novos produtos deverá gerar inovações de ruptura e a área de
marketing deverá realizar um grande projeto com redes sociais. Com
tanta novidade, sobra pouco tempo para o trabalho real, o que começa a
incomodar seus liderados e a preocupar o presidente da empresa.
73
6. Seu chefe não perde as edições anuais da ExpoManagement, voltando
sempre entusiasmado e cheio de idéias para novas iniciativas na
empresa?
7. Seu chefe mobiliza permanentemente seus liderados na implementação
de novas idéias e projetos, sem se ater para os recursos que serão
necessários ou sua adequação à realidade da empresa?
8. Seu chefe convida contadores de estórias e filósofos populares para
fazer palestras na empresa e, assim, “abrir a cabeça” dos colaboradores?
9. Seu chefe acredita que as boas idéias de gestão podem mudar o mundo e
deveriam ser implantadas em todo tipo de organização?
10.Seu chefe mobiliza a empresa para ganhar prêmios, obter selos e
participar de rankings?
74
4. Separe o joio do trigo. Procure conteúdo de qualidade, gerado por
pesquisas cuidadosas e consistentes. Evite autores da moda.
5. Adapte o estilo. Procure fundamentar suas propostas e projetos com
modelos, teorias e exemplos consistentes.
6. Seja paciente. Procure aprender algo com as palestras promovidas por
seu chefe.
7. Dose a crítica. Procure explorar com seu chefe a adequação dos
modelos e idéias que ele traz à realidade da empresa.
8. Faça sugestões. Indique textos, livros e palestras que possam interessar
ao seu chefe e à empresa.
9. Analise todo o contexto. Avalie as iniciativas de seu chefe além da
superfície. Fique atento à capacidade que estas iniciativas tem de
estimular o diálogo e as mudanças.
10.Alerte para os riscos. Mostre para seu chefe o impacto negativo que o
excesso de iniciativas pode trazer para a empresa, mas evite parecer
resistente.
75
PARTE 2: OUTROS ESPÉCIMES DA FLORESTA CORPORATIVA
76
CAPÍTULO 11
OS CHEFES ANSIOSOS, OS CHEFES BIPOLARES E OUTROS
TIPOS DIFÍCEIS
O ansioso
77
admiração; e de outro lado, sente o medo de ser humilhado, de não ser
aceito.
O deprimido
78
O bipolar
O masoquista
79
• Evite entrar no jogo. Não se entregue irrefletidamente as iniciativas de
seu chefe, sob o risco de se tornar você também um masoquista.
• Tente, na medida do possível, ajudar. Incentive seu chefe a evitar causas
perdidas e a abraçar projetos com maior possibilidade de sucesso.
• Procure estimular a auto-estima e a autoconfiança de seu chefe,
lembrando algumas de suas ações bem sucedidas.
O desonesto
O insensível
80
da empresa. Trata-os com frieza e não demonstra empatia, mesmo em
situações críticas.
O abusivo
O autista
81
O chefe autista vive em mundo próprio, isolado da realidade ao redor. Ao
ouvir verdades desagradáveis, decreta imediatamente a “morte do
mensageiro”. Cerca-se, o mais possível, de assessores submissos, que
dizem amém para todas as suas ordens.
O perfeccionista
82
• Peça clareza. Diante de pedidos de revisão de trabalhos e relatórios,
peça para que seja identificado exatamente o que precisa ser melhorado.
O inócuo
83
PARTE 3: AS AVES (TALVEZ) RARAS DA FLORESTA
CORPORATIVA
84
CAPÍTULO 12
OS CHEFES COMPETENTES
Perfil assertivo
Contra os mais céticos, os autores deste livro crêem que existe o tal
espécime. Talvez não exista na quantidade necessária para fazer frente à
robusta demanda das organizações, porém existe em número suficiente
para ser notado e caracterizado.
85
O chefe competente procura relacionar-se de forma direta e franca com
seus liderados. Ele (ou ela) fomenta e facilita o desenvolvimento de seus
colaboradores. Gosta de ouvi-los e estimula sua participação na gestão de
sua área ou empresa. Entretanto, não se furta em assumir sozinho
responsabilidades e riscos, quando julga necessário.
86
Trabalhar com um chefe competente é um desafio e uma oportunidade de
realização profissional. Para que as possibilidades se concretizem, é
relevante dar atenção a três aspectos: primeiro, as características e
necessidades do seu chefe; segundo, as suas próprias características e
necessidades; e terceiro, o relacionamento entre ambos. Listamos, a seguir,
sugestões para tratar cada uma dessas dimensões.
87
outros são mais “práticos” e preferem aprender com testes e erros.
Identifique as principais características de seu chefe e procure adequar-
se a elas.
88
• Peça ajuda. Se considerar oportuno e necessário, convide seu chefe para
ser seu mentor ou coach.
• Mostre solidariedade. Em momentos difíceis, ofereça ajuda e leve
sugestões pare resolver problemas prementes.
• Seja assertivo. Se perceber que seu chefe tomará uma má decisão, revele
de forma franca seus argumentos e explicite os riscos envolvidos.
• Aprenda a ouvir e analisar. Procure compreender as posturas e ações de
seu chefe dentro de seu contexto de atuação.
• Não confunda o indivíduo com o personagem. A chefia é um papel
atribuído, transitório, um papel com altos e baixos, nem sempre muito
popular.
89
EPÍLOGO: CHEFES NEURÓTICOS, LIDERADOS NERVOSOS
O segundo alerta é que muitos liderados são, eles próprios, tão ou mais
neuróticos ou tóxicos que seus chefes. De fato, não são poucos os casos de
chefes que se tornam eles próprios prisioneiros de relações patológicas com
liderados problemáticos.
90
Dessa forma, acima de tudo, pense antes de agir. Antes de fazer leituras
apressadas do seu chefe reflita sobre as seguintes questões, com as quais
finalizamos este livro:
91
10.Qual o meu limite? Quando devo desistir e simplesmente procurar outra
área ou outra organização para trabalhar? Ou quem sabe um negócio
próprio, no qual possa ser meu próprio chefe?
Enquanto o prezado leitor, que nos acompanhou fielmente até o final, pensa
nestas questões, comprometemo-nos a fazer o mesmo. Quem sabe, se
conseguirmos boas respostas, poderemos editar um segundo volume sobre
o mesmo tema: a difícil ciência (ou arte) de gerenciar o próprio chefe.
92
REFERÊNCIAS E INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
93
Test of a model. Organizational Behaviour and Human Decision
Processes, 58, 101-35.
Gabarro, J. J. & Kotter, J. P. (2005). Managing your boss. Harvard
Business Review, January, 92-99.
Granato, A. & Vernao, R. (2000). Manual do bajulador. Executive Digest,
Agosto, 83-84.
Harrison, A. F. & Bramson, R. M. (1984). The art of thinking. New York:
Berkley Books.
Hill, L. A. (2007). Becoming the boss. Harvard Business Review, January,
48-56.
Kellaway, L. (2002). Do you like me? Financial Times, March 18, 10.
Kellerman, B. (2004). Bad leadership. Boston, MA: Harvard Business
School Press.
Keough, D. R. (2008). The ten commandments for business failure.
London: Penguin.
Klenke, K. (2003). Gender influences in decision-making processes in top
management teams. Management Decision, 41(10), 1024-1034.
Lourenço, C. (2000). Larry Ellison, Mr. Bad Boy. Exame, 15 Novembro,
46-48.
Maccoby, M. (2000). Narcisistic leaders: The incredible pros, the inevitable
cons. Harvard Business Review, January-February: 69-77.
Maquiavel, N. (1976). O príncipe. Mem Martins: Publicações Europa-
América.
Mautone, S. (2006). Eles acham-se o máximo. Prémio, 29 de Setembro, 58-
59.
Paulhus, D. L. & Williams, K. M. (2002). The dark side of personality:
Narcissism, machiavellianism, and psychopathy. Journal of
Research in Personality, 36, 556-563.
94
Pfeffer, J. (1992). Managing with power. Boston, MA: Harvard Business
School Press.
Pfeffer, J. (1994). Gerir com poder. Lisboa: Bertrand Editora.
Querido, P. (2000). Mania das grandezas. Expresso Revista, 27 Maio, 38-
46.
Ray, J. J. & Ray, J. A. B. (1982). Some apparent advantages of subclinical
psychopathy. Journal of Social Psychology, 117, 135-142.
Rosenthal, S. A. & Pittinsky, T. L. (2006). Narcissistic leadership.
Leadership Quarterly, 17, 617-633.
Scott, G. G. (2006). A survival guide for working with bad bosses: Dealing
with bullies, idiots, back-stabbers, and other managers from hell.
New York: Amacom.
Useem, M. (2003). Leading your boss. The Economic Times, November 13
(http://leadership.wharton.upenn.edu/l_change/up_lead/ET_Nov_1
3_03.shtml)
Vasconcelos, A. (2004). Psicopatas de colarinho branco. Expresso Única, 4
de Dezembro, 106-108.
Wallace, M. & Baumeister, R.F. (2002). The performance of narcissists
rises and falls with perceived opportunity for glory. Journal of
Personality and Social Psychology, 82, 819-834.
Waters, R. (2004). PeopleSoft fires its chief executive. Financial Times,
October 2-3, p. 9.
Wayne, S. J. & Liden, R. C. (1995). Effects of impression management on
performance ratings: A longitudinal study. Academy of
Management Journal, 38, 232-260.
Willcocks, S. G. & Rees, C. J. (1995). A psychoanalytic perspective on
organizational change. Leadership and Organization Development
Journal, 16 (5), 32-37.
95
Zaleznik, A. (1970). Power and politics in organizational life. Harvard
Business Review, 48 (3), 47-60.
96
[TEXTO PARA A QUARTA CAPA]
97
SOBRE OS AUTORES
98
pesquisa os temas internacionalização de empresas brasileiras e indústrias
criativas. Sua prática de consultoria inclui a coordenação de projetos de
transformação organizacional e de estratégia empresarial. Ele publicou
mais de 50 artigos acadêmicos em revistas brasileiras e internacionais,
incluindo Organization, Academy of Management Executive e Journal of
Organizational Change Management, e 20 livros na área de gestão,
incluindo Organizações espetaculares, Fatos e Fábulas da Vida Executiva
e Mudança organizacional. O autor colabora desde 1996 com a revista
CartaCapital.
99