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Ana Patrícia Sampaio Pereira

Ana Priscila Sampaio Rebouças


Natarsia Camila Luso Amaral
Olenêva Sanches Sousa
Ana Patrícia Sampaio Pereira
Ana Priscila Sampaio Rebouças
Natarsia Camila Luso Amaral
Olenêva Sanches Sousa

São Luís
2022
Os materiais produzidos para os cursos ofertados na Plataforma Eskada e intermediados pelo UEMAnet/UEMA são licenciados nos termos da Licença Creative
Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhada, podendo a obra ser remixada, adaptada e servir para criação de obras derivadas, desde que com fins
não comerciais, que seja atribuído crédito ao autor e que as obras derivadas sejam licenciadas sob a mesma licença.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA

Reitor Professoras Conteudistas


Gustavo Pereira da Costa Ana Patrícia Sampaio Pereira
Ana Priscila Sampaio Rebouças
Vice-Reitor Natarsia Camila Luso Amaral
Walter Canales Sant´ana Olenêva Sanches Sousa

Pró-Reitora de Graduação Designer de Linguagem


Fabíola de Jesus Soares Santana Maria das Dores Coutinho Pereira, Ana Patrícia Sampaio
Introdução à Etnomatemática [e-Book]. / Ana Patrícia Sampaio
Núcleo de Tecnologias para Educação Designers Pedagógicas Pereira, Ana Priscila Sampaio Rebouças, Natarsia Camila Luso
Ilka Márcia Ribeiro S. Serra Érica Costa Sousa Amaral, Olenêva Sanches Sousa. – São Luís: UEMAnet, 2022.
Coordenadora Geral Lidiane Saraiva Ferreira Lima
66 f.

Coordenação do Setor Design Educacional Diagramação ISBN:


Cristiane Peixoto Nayana Gatinho da Silva 1.E-almanaque. 2.Educação. 3.Epistemologia. 4.Programa
Coord. Administrativa Tonho Lemos Martins Etnomatemática. I.Rebouças, Ana Priscila Sampaio I.Amaral,
Danielle Martins Leite Fernandes Lima Natarsia Camila Luso III. Sousa, Olenêva Sanches IV.Título.
Coord. Pedagógica Capa e Projeto Gráfico
CDU: 37.013
Nayana Gatinho da Siva
Olá!
Com carinho, elaboramos para você este e-book, pertinente ao curso Introdução à Etnomatemática: múltiplas
concepções no e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis. Assim, com base nos conteúdos do curso, este material visa
complementar suas aprendizagens da videoaula com uma leitura leve e dialógica.
Para tal, aqui você encontrará textos, com destaques em negrito no que lhes é mais relevante, além de referências,
atividades, informações extras sobre o assunto e sugestões de leituras, de sites, de vídeos etc. Para dar coerência à
proposta do curso, parte desse material será retirado do próprio e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis.
Nosso e-book divide-se em três módulos. No primeiro, você conhecerá melhor o Programa Etnomatemática, sua
contextualização no e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis, o seu proponente e principal organizador intelectual,
Ubiratan D’Ambrosio, e aprofundar-se-á nos seus princípios e aspectos epistemológicos, teóricos e práticos.
No segundo módulo, você conhecerá a estrutura do e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis, reconhecendo os seus
conteúdos, os múltiplos olhares e as concepções de Etnomatemática que compõem o documento. Já o terceiro
módulo, está voltado para a prática pedagógica. Neste você verá algumas possibilidades dessa área para a sala de
aula e terá acesso a espaços de divulgação da Etnomatemática no Brasil e no mundo.

As autoras
O e-Almanaque será a obra principal desse curso. Acesse o link https://sites.google.com/view/etnomatematicas na
Biblioteca Digital EtnoMatemaTicas (BDEm). Dessa forma, sempre que nos referirmos a ele você possa conhecer um
pouco mais sobre o assunto.

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MÓDULO 1 - O PROGRAMA ETNOMATEMÁTICA MÓDULO 3 - PRÁTICAS ETNOMATEMÁTICAS
E A DIVULGAÇÃO DO PROGRAMA NO BRASIL
1.1 Programa Etnomatemática: princípios e aspec-
E NO MUNDO
tos epistemológicos, teóricos e práticos................... 7
3.1 Possibilidades Etnomatemáticas para a
1.2 Ubiratan D’Ambrosio e o Programa Etnoma-
sala de aula............................................................... 44
temática....................................................................................... 19
3.2 Espaços de divulgação da Etnomatemática
Resumo......................................................................................... 21
no Brasil e no mundo................................................. 57
Referências................................................................................ 23
Resumo.............................................................................. 65
Referências...................................................................... 66
MÓDULO 2 - O E-ALMANAQUE ETNOMATEMA-
TICAS BRASIS
2.1 O e-Almanaque e o Programa Etnomatemá-
tica.................................................................................................. 26
2.2 Estrutura e concepções do e-Almanaque Et-
noMatemaTicas Brasis....................................................... 31
2.3 As múltiplas concepções e olhares de Etnoma-
temática que compõem o documento.................... 37
Resumo......................................................................................... 41
Referências................................................................................ 42
OBJETIVOS:
Conhecer os princípios e aspectos epistemológicos, teóricos e práticos do Programa
Etnomatemática no sentido de considerá-lo na orientação teórica de pesquisas e na concepção
de práticas pedagógicas;

Reconhecer a importância nacional e internacional de Ubiratan D’Ambrosio como


organizador intelectual do Programa Etnomatemática e pensador, pesquisador e educador
que exerceu grande influência na pesquisa e na Educação.

1.1 Programa Etnomatemática: princípios e aspectos epistemológicos, teóricos e


práticos
Quais princípios sustentam o Programa Etnomatemática?

O que faz do Programa Etnomatemática uma epistemologia geral?

Como a concepção etnomatemática pode fundamentar a pesquisa e prática?

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Caro(a) cursista,

Historicamente, fomos acostumados a ver a matemática como uma ciência pura, abstrata,
que existe dentro de uma lógica própria e tem uma importância inquestionável dada a sua ampla
aplicabilidade. Apesar de todo este destaque, na escola, ela é considerada uma disciplina difícil, cuja
aprendizagem é para poucos inteligentes e, consequentemente, é odiada pela maioria e se mostra
como grande responsável pela reprovação.

Paradoxalmente, parece haver um consenso na afirmação de que a matemática está em tudo, o


que nos leva a concluir que se faz matemática em todas as atividades humanas e, portanto, ela é
também um conhecimento comum a todos. Nesse sentido, como muitas vezes disse D’Ambrosio,
todos são matemáticos.

Como brasileiros, sabemos que nós sofremos as consequências da colonização europeia e que,
obviamente, foi a visão eurocêntrica que sempre nos apresentaram na escola, deixando de lado
aspectos importantes da história em geral e das ciências, inclusive da matemática. Resistência
e luta não faltam para corrigir os problemas sociais herdados dos colonizadores e para rever e
Sugestão de leitura reescrever a história do Brasil. No contexto da educação, as ações antirracistas têm possibilitado a
Para entender a relação entre valorização de nossas raízes não europeias.
matemática, a educação e o
sociocultural e sua essencia- Nesse contexto, o Programa Etnomatemática critica a posição hierarquicamente superior da
lidade para o Programa Et-
nomatemática, leia o artigo
cultura europeia, ou melhor, de uma cultura sobre as outras, e tem como um de seus princípios a
de D’Ambrosio, Sociedade, transculturalidade.
cultura, matemática e seu
ensino, de 2005, acessando: De certo modo, podemos dizer que o Programa Etnomatemática muito tem contribuído para
https://www.scielo.br/j/ep/a/
TgJbqssD83ytTNyxnPGBT- ampliar esta visão de mundo, ao ir de encontro a uma história e filosofia da matemática que se
cw/?lang=pt&format=pdf autodeterminaram iniciadas na Europa e ao se desenvolver a partir da relação do conhecimento
com o sociocultural.

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Saiba mais no e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis

O que tem mudado com essas resistências e lutas? De que modo o Programa Etnomatemática tem
contribuído? Leia o texto Etnomatemática como filosofia, de Eduardo Sebastiani Ferreira, da página 83 a 86 no
e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis.

Desde pequenininhos, quando entramos na escola, convivemos com um processo de ensino disciplinar
e aprendemos a julgá-lo como correto e mais adequado. Assim, parece-nos natural que tenhamos uma aula
de educação física, antes de duas horas-aula de matemática, quando somos obrigados a nos concentrar,
mesmo que ainda agitados e suados, e que as duas últimas horas-aula sejam de redação, quando podemos
até ser penalizados se ainda estivermos fazendo algo de matemática porque aquele horário foi destinado para
escrevermos sobre, por exemplo, “O Brasil e a Agenda 2030”.

Mesmo percebendo equívocos nessa organização escolar, muitas vezes achamos que o que vemos em
família, nas brincadeiras e convivência com os amigos, em nossas investidas sociais e culturais não fazem
parte do nosso processo de aprendizagem, e atribuímos à escola o papel mais relevante de nossa formação.

O Programa Etnomatemática questiona e critica a proposta de currículo compartimentalizado em


disciplinas e defende o trabalho com projetos. Desse modo, a realidade passa a fazer parte do currículo e
questões reais passam a ser consideradas no processo pedagógico. Por exemplo, ao invés de resolver uma
lista de exercícios com 20 questões relativas à aplicação da regra de três, a turma pode contribuir na constru-
ção da quadra de esportes que vai chegar para a escola. Ao invés de “fazer os gráficos das seguintes funções”,
os estudantes podem fazer um estudo de consumo doméstico ou da própria escola relativo ao uso de energia
elétrica, água, gás etc. Atentemos que a pandemia da Covid-19, apesar de ter afastado os estudantes das aulas
presenciais, obrigou-os à interpretação de dados reais que se alteravam a cada momento, veiculados na mídia.

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Veja como a questão abaixo, retirada da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), pode mobilizar
conhecimentos do currículo escolar, articulados a um contexto socioeconômico específico. Questões do
tipo podem ser aprofundadas em sala de aula para além de seus aspectos cognitivos, principalmente se
surgirem de situações reais, cujos problemas vivenciados (ou reconhecidos) sejam mobilizadores do desejo e
do sentimento de necessidade discentes de resolvê-los ou de contribuir para sua resolução.

Figura 1 - Questão do Enem 2021.

Fonte: INEP (2021).

As pesquisas que tomam como referência o Programa Etnomatemática têm sinalizado a riqueza pedagógica
nos diversos contextos socioculturais. No Módulo III, você poderá conhecer práticas pedagógicas orientadas
pelo Programa Etnomatemática desenvolvidas no Brasil e no mundo.

Nesse contexto, o Programa Etnomatemática assume também o princípio da transdisciplinaridade.

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De que modo a concepção transdisciplinar
se desenvolveu com o Programa Etnomatemática?
Ubiratan D’Ambrosio envolveu-se com questões Sugestão de leitura
maiores, mundiais, em defesa da paz, da justiça so- Quer entender mais sobre o assunto? Que tal adquirir os livros:

cial e da sustentabilidade. Participou ativamente de - Transdisciplinaridade, da editora Palas Athena, de D’Am-


brosio?
várias ações nacionais e internacionais. Neste sen-
tido, a editora Palas Athena lhe prestou uma home- - Rumo à Nova Transdisciplinaridade: Sistemas Abertos de
Conhecimento, da editora Summus, de Pierre Weil, Ubira-
nagem in memoriam publicando um dossiê de sua tan D’Ambrosio e Roberto Crema?
trajetória que você pode acessar em: https://www.
palasathena.org.br/ubiratan-dambrosio/.

Como essas questões maiores se relacionam com o Programa Etnomatemática? O próprio D’Ambrosio
esclarece essa relação no artigo Etnomatemática, justiça social e sustentabilidade, de 2018, que está disponível
em: https://www.scielo.br/j/ea/a/FTmggx54SrNPL4FW9Mw8wqy/?lang=pt.

Saiba mais no e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis

Você sabia que, em 1995, D’Ambrosio participava da organização Conferências Pugwash sobre Ciência e
Assuntos Mundiais, quando esta foi laureada com o Prêmio Nobel da Paz? Leia o artigo Pugwash Council e Paz
Mundial, escrito por D’Ambrosio, nas páginas 68 e 69 no e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis. Já ouviu falar do
chamado Manifesto de Russell-Einstein, de 1955? Confira a tradução feita por D’Ambrosio, da página 70 a 73 no
e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis.

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De acordo D’Ambrosio (2002, p. 25) diz que: “é resultado de um longo processo cumulativo, compre-
endendo os estágios de geração, organização intelectual, organização social e difusão”. Este processo é
dinâmico e sem fim. Obviamente, como as demais espécies, o ser (substantivo) humano busca a sobre-
vivência, mas, distintamente, também busca transcender. “Sobrevivência e transcendência constituem a
essência do ser (verbo) humano” (D’AMBROSIO, 2005, p. 108).

D’Ambrosio (2009, p. 27) chama de comportamento a interação do indivíduo com a realidade, a ação, o
fazer: “o comportamento é o substrato da ação comportamental [...] é a essência do estar vivo”. Desse entendi-
mento, ele sistematizou o “ciclo vital, no qual, a Realidade dá informações ao Indivíduo que as processa e define
estratégias de Ação (conhecimento) e insere novos fatos na Realidade”, e que pode ser visto em várias de suas
obras (D’AMBROSIO, 2013, p. 52).

No e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis, vamos diretamente às páginas 60 e 61 para ver a explicação de


D’Ambrosio sobre o esquema Ciclo Vital por ele desenhado? Observamos que a realidade, para ele, é o complexo
dos fatos e fenômenos, alguns “produzidos pela natureza e por indivíduos, acessíveis a todos pelos sentidos e
mais os fatos e fenômenos gerados por um indivíduo e acessíveis apenas ao indivíduo que os gerou” (D’AMBRO-
SIO, 2009, p. 61)

Diante do que vimos sobre o Programa Etnomatemática até agora, entendemos, com D’Ambrosio (2011a,
p. 80) que a: “arrogância da certeza” veio como consequência da “crença na regularidade dos fenômenos e do
comportamento”, que levou ao entendimento da ciência moderna “como o corpus de conhecimentos, explica-
ções e práticas que se desenvolveram a partir do século XVI nos países europeus” (p. 80). No entanto, quando
buscamos “entender os fenômenos e o comportamento em toda sua complexidade [reconhecemos a] “incapa-
cidade de conhecimento total” [...] “humildade da busca” (D’AMBROSIO, 2011a, p. 81).

Voltemos à página 60 do e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis e atentemos à seguinte afirmação de


D’Ambrosio (2011a, p. 60): “matemáticas em todas as culturas e tempos são estratégias de observação e sele-
ção, comparação, classificação, ordenação, medição e quantificação, inferência” (p. 60). Nesse sentido, a palavra

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Etnomatemática expressa um conceito, considerando os três termos que a compõem: etno como distintos
contextos, matema como entender, explicar, comparar, classificar… e tica como técnicas, artes, estratégias.

Então, temos o conceito de Etnomatemática como um princípio importante do Programa Etnomate-


mática, haja vista que seus estudos se voltam para as ticas de matema em distintos etnos, nos vários tempos
e espaços: Etno+Matema+Tica.

Coerentemente ao que vimos anteriormente, D’Ambrosio (2013) preocupava-se com o risco de uma
proposta epistemológica limitar a Etnomatemática a uma explicação final. Como ele esclarece, conforme
e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis (2020, p. 17), sua insistência na “denominação Programa Etnomatemá-
tica visa evidenciar que se trata de “entender a aventura da espécie humana na busca de conhecimento e na
adoção de comportamentos”.

Nesse sentido, o esquema do Ciclo Vital, que representa um processo individual, incorporou outros
entendimentos sobre o processo de geração, organização intelectual e social e difusão do conhecimen-
to, considerando a ação do poder, ampliando-se para o Ciclo do Conhecimento (grifo nosso). Concorda-
mos com D’Ambrosio (2013, p. 9) que: “é evidente a dimensão política da etnomatemática” (grifo nosso).

No e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis, vamos às páginas 74 a 76. Ao observarmos o esquema Ciclo


do Conhecimento, na pág. 74, havemos de concordar que este ciclo é permanente, representa a própria
vida em seu processo dinâmico e que deve ser considerado de forma integral. Uma síntese da dinâmica
deste ciclo apresenta-se do seguinte modo:

a realidade [entorno natural e cultural] informa [estimula, impressiona] indivíduos e povos que em consequência
geram conhecimento para explicar, entender, conviver com a realidade, e que é organizado intelectualmente,
comunicado e socializado, compartilhado e organizado socialmente, e que é então expropriado pela estrutura
de poder, institucionalizado como sistemas [normas, códigos], e mediante esquemas de transmissão e de
difusão, é devolvido ao povo mediante filtros [sistemas] para sua sobrevivência e servidão ao poder (p. 74).

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Conforme a dinâmica exposta, uma atenção especial é demandada a nós, educadores. É preciso muita
criticidade ao conceber o planejamento e desenvolver o processo pedagógico para que não façamos do
nosso trabalho mais um instrumento de servidão ao poder, oferecendo apenas o filtrado pelo poder para
esta finalidade, e, consequentemente, negando aos estudantes uma perspectiva integral de formação, tam-
bém o pleno exercício da cidadania.

Até aqui, vimos dois conceitos que não são próprios do Programa Etnomatemática - Transdisciplina-
ridade e Transculturalidade -, mas eles são princípios fundamentais deste programa. E vimos três conceitos
que lhe são próprios e que foram considerados por Sousa (2016, p. 125) como conceitos essenciais: “o próprio
nome do Programa, Etno+Matema+Tica, o Ciclo Vital e o Ciclo do Conhecimento [tendo em vista a] ênfase
nos aspectos epistemológicos-cognitivos da Teoria Geral do Conhecimento” (p. 125). Para a autora: “a cons-
ciência da base biológica do Ciclo Vital, que é a base vital do Ciclo do Conhecimento, que é o núcleo firme do
Programa de Pesquisa Etnomatemática, é a força para arriscarmos empreendimentos pedagógicos orientados por
essa Teoria Geral do Conhecimento” (SOUSA, p. 252).

Nessa pesquisa, Programa Etnomatemática: interfaces e concepções e estratégias de difusão e populari-


zação de uma teoria geral do conhecimento, orientada por D’Ambrosio e Sousa (2016) explora possibilidades
conceituais etnomatemáticas de interfaces entre a educação matemática e a educação em geral. Identifica
vários conceitos, que podem ser considerados próprios do Programa, e os nomeia de conceitos-chave etno-
matemáticos.

Nas obras analisadas, Etno+Matema+Tica, Ciclo Vital e Ciclo do Conhecimento foram os conceitos-cha-
ve que mais ocorreram, cujos entendimentos devem ser princípios para teorias e práticas fundamentadas
e/ou orientadas pelo Programa Etnomatemática. Daí, como já vimos, ela os considera conceitos essenciais
etnomatemáticos. No entanto, há muitos outros conceitos-chave que podem ser ditos etnomatemáticos e
outros que servem de princípios ao Programa, a exemplo dos cinco, abaixo, que escolhemos para ilustrar/
representar o seu conjunto conceitual.

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Ética da diversidade

D’Ambrosio (2007, p. 18, grifos do autor) diz que:

“devemos subordinar o sistema de valores a uma ética maior [...] que cruze culturas e que coloque priori-
dade na sustentação do triângulo da vida”. A ética da diversidade - ancorada em “respeito pelo outro com
todas as suas diferenças; [...] solidariedade com o outro [...]; COOPERAÇÃO com o outro [...]” - conduz à
paz, e atingi-la é o objetivo maior da Educação.

Literacia-materacia-tecnoracia

D’Ambrosio (2005, p. 118) traz uma definição bem ampla de currículo como “a estratégia da ação educa-
tiva”, baseado nos instrumentos socioculturais necessários à sobrevivência e transcendência - literacia, mate-
racia e tecnoracia - que representam, respectivamente os instrumentos comunicativos, analíticos e materiais.
Ao introduzir esses conceitos e “propor uma nova conceituação de currículo”, ele acredita “estar respondendo
às necessidades de uma civilização em mudança” (D’AMBROSIO, 2005 , p. 119).

Dinâmica do Encontro (cultural)

Ninguém vive só! Como já vimos, carregamos e compartilhamos conhecimentos, seguindo o Ciclo
do Conhecimento, e também aspectos culturais. Na republicação de um artigo de 2003-2004, D’Ambrosio
(2011b, p. 208) ressalta o processo de interação dinâmica em que há no encontro de indivíduos e grupos, a
Dinâmica do Encontro, que, “na maioria dos casos, o resultado é a geração de novas formas culturais”. Ele
considera duas fortes relações: as intraculturais, dentro de uma mesma cultura, e as interculturais, envolven-
do culturas distintas. Para ele, “nas relações intra e interculturais reside o potencial criativo da espécie [...] na
diversidade cultural reside o potencial criativo da humanidade” (D’AMBROSIO, 2011b, p. 208). No entanto, nes-

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ses encontros, ele alerta que o “resultado pode ser o predomínio de uma forma sobre outra, algumas
Sugestão de leitura vezes a substituição de uma forma por outra e mesmo a supressão e a eliminação total de alguma
forma” (D’AMBROSIO, 2011b, p. 208).
Quer conhecer uma leitura
diferente da história da ciên-
Na perspectiva do Programa Etnomatemática, conhecimento é saber e fazer, tendo em vista que
cia a partir do encontro do
Velho e do Novo Mundo no se faz o que se sabe e se sabe o que se faz. Isso é relevante, especialmente para nós, como brasileiros
século XVI? Acesse o artigo
colonizados por europeus, para que não julguemos conhecimento apenas o acadêmico, o escolar, e
de 2009, A dinâmica cultural
no encontro do Velho e do utilizemos o termo “saber” para todos os demais, julgando-os de menor valor ou importância. D’Am-
Novo Mundo, de D’Ambro-
brosio (2011b, p. 209) explica que essa distinção decorre da ciência moderna, que se impôs “como
sio: http://www.ea-journal.
com/art/A-dinamica-cultu- uma forma de conhecimento racional [...] e como o substrato de uma tecnologia eficiente e fascinan-
ral-no-encontro-Velho-No-
te”, quando se definiram “conceituações estruturadas e dicotômicas do saber [conhecimento] e do
vo-Mundo.pdf
fazer [habilidades]”.

Para D’Ambrosio (2009b, p. 4), “o fenômeno da dinâmica cultural é fundamental”. Buscando rein-
terpretar a história da ciência, ele conclui que “como um organismo, as culturas estão em permanente
transformação [...] sujeita a uma dinâmica muito complexa e constitui um dos temas mais intrigantes
na moderna historiografia das ciências” (D’AMBROSIO, 2009b, p. 4).

Educação para a Paz

D’Ambrosio (2011b) expecta uma nova organização da sociedade, de Paz total, decorrente da
Educação e de esforços para o avanço científico e tecnológico. Para ele, “só se justifica insistirmos em
Educação para todos se for possível conseguir, através dela, melhor qualidade de vida e maior dig-
nidade da humanidade como um todo, preservando a diversidade, mas eliminando a desigualdade
discriminatória” (D’AMBROSIO, 2011b, p. 204).

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D’Ambrosio (2001, p. 16) reconhece que a nossa estrutura social atual impõe a necessidade e a
Sugestão de vídeo conveniência “de ensinar aos dominados a língua, a matemática, a medicina, as leis do dominador [...]”.
Como D’Ambrosio se envol- O que ele “questiona é a agressão à dignidade e à identidade cultural daqueles subordinados a essa
veu em ações para a Paz? estrutura”.
Em 2021, no evento Ubiratan
D’Ambrosio: pessoa, contri- Considerando quatro dimensões da Paz total - Paz Interior, Paz Social, Paz Ambiental e Paz Militar
buições e memória, já men-
cionado, formou-se uma me- -, D’Ambrosio (2001, p. 1) entende que: “falar em humanidade é procurar atingir um estado de PAZ”
sa-redonda, Educação para (p. 1), que “depende essencialmente de cada indivíduo se conhecer e se integrar na sua sociedade, na
a Paz: o engajamento socio-
político transdisciplinar de humanidade, na natureza e no cosmos” (D’AMBROSIO, 2001, p. 4).
Ubiratan D’Ambrosio”, com
cinco de seus amigos, pes-
quisadores e empreendedores
de ações para a Paz. Assista a Gaiolas Epistemológicas
essa emocionante mesa-re-
donda, no canal do YouTube
VEm Brasil - EtnoMatemaTi- Gaiolas epistemológicas é uma metáfora criada por D’Ambrosio para ilustrar a condição do co-
cas Brasis: https://youtu.be/ nhecimento no modelo disciplinar ainda adotado nas ciências, na escola. Ele explica que vê “as disci-
laDNQhW8LQ0.
plinas como o habitat de conhecimento “engaiolado” pela sua fundamentação, por métodos espe-
cíficos para lidar com questões bem definidas e com código linguístico próprio, inacessível aos não
iniciados” (D’AMBROSIO, 2016, p. 229).

Embora julgue a organização disciplinar “insuficiente para a busca de novos conhecimen-


tos”, vale salientar que sua crítica reside no fechamento das gaiolas e na “submissão total aos pre-
ceitos, regras, objetivos, métodos rígidos das disciplinas”, pois reconhece, em D’Ambrosio (2016, p.
229), que: “a metodologia de trabalho das disciplinas tem seus benefícios.. Esclarece que defende a
abertura das portas das gaiolas, “para entrar e sair livremente. Essa liberdade tem como contrapartida
bom senso e autenticidade”.

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Como vimos nesta seção, a adoção do Programa Etnomatemática como orientação para a pes-
Sugestão de leitura quisa e prática - pedagógica e sociocultural - implica a adoção de princípios que ainda representam
resistências na academia, na escola, na sociedade, como a transdisciplinaridade e a transculturalidade.
Como passear no viveiro e
possibilitar a liberdade das Obviamente, esses princípios, também suas resistências, se refletem no conjunto conceitual que sus-
gaiolas epistemológicas? Leia tenta o seu caráter de epistemologia geral.
o texto completo de D’Am-
brosio (2016), A Metáfora das
Assim, é impossível a adoção de Etnomatemática se não a vemos como Etno+Matema+Tica, ou
Gaiolas Epistemológicas e
uma Proposta Educacional, seja, como conhecimento em geral e não apenas como conhecimento matemático. Dessa visão é
acessando: https://periodi-
que podemos conceber a disciplina matemática como uma etnomatemática, cujo etno é a academia,
cos.ufms.br/index.php/ped-
mat/article/view/2872/2234. a escola.

Além disso, podemos também conceber que todas as técnicas/artes/habilidades de lidar/en-


tender/explicar… nos seus distintos contextos socioculturais, utilizadas pelos seres humanos para a
sua sobrevivência e transcendência, são importantes. Isso inviabiliza o desculpar-se de quem faz ou
pesquisa educação pela ingenuidade ou desatenção às ações do poder sobre todo o corpus de co-
nhecimento, alimentando um trabalho pedagógico de formação de cidadãos para a subserviência e
negando o acesso amplo aos instrumentos socioculturais vigentes, que representam o trivium litera-
cia-materacia-tecnoracia.

Enfim, adotar o Programa Etnomatemática como orientação requer do pesquisador e do educa-


dor coragem e determinação para ver e ir além, ampliando seus objetivos para questões maiores de
cada ser humano e da humanidade, como justiça social, ética da diversidade e paz total.

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1.2 Ubiratan D’Ambrosio e o Programa Etnomatemática
Qual a importância do pensamento d’ambrosiano?

Por que o Programa Etnomatemática de D’Ambrosio se expandiu tanto?

Figura 2 - Ubiratan D’Ambrosio Como já vimos no tópico anterior, Ubiratan D’Ambrosio


foi o proponente do Programa Etnomatemática, organizando-o
intelectualmente como um programa de pesquisa e como uma
epistemologia geral, isto é, uma teoria geral do conhecimento.

Ubiratan, filho de Nicolau e Albertina D’Ambrosio, nasceu


em 08 de dezembro de 1932, na cidade de São Paulo. Nessa
cidade, cursou a educação básica e superior, formando-se em
Matemática (Bacharelado e Licenciatura). Entre 1958 e 1963,
realizou doutorado em Ciências Matemáticas na Escola de En-
genharia de São Carlos, da USP. Em julho de 1958, casou-se
com Maria José Janinni Silva, com quem teve os filhos Bea-
triz Silva D’Ambrosio (1960–2015) e Alexandre Silva D’Ambrosio
(1962–) (NOBRE, 2021).

Na década de 1960, mudou-se com a família para os Es-


tados Unidos, para realizar seu pós-doutorado na Universida-
Fonte: Amaro fotografia; Grupo de Amigos do de de Brown. Nesse país, permaneceram por quase dez anos,
Ubi (2016). atuando como professor em diferentes universidades. Tal ex-
periência lhe permitiu o contato com diferentes sistemas de
conhecimento, dentre eles, o de Bamako, capital do Mali, fun-
damental para a estruturação da proposta que aqui discutimos.
Em 1972, retornam ao Brasil.

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No e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis, conferimos algumas in-
formações sobre sua atuação profissional do Brasil:
D’Ambrosio lecionou no programa de História da Ciência da Pon-
tifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), sendo professor
credenciado no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Edu-
cação da Universidade de São Paulo (USP); professor do Programa
de Pós-Graduação em Educação Matemática do Instituto de Geo-
ciências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho (UNESP). [...] Professor do Programa de Pós-gra-
duação em Educação Matemática da Universidade Anhanguera
(UNIAN) em São Paulo (E-ALMANAQUE, 2021, p. 44).

Seus estudos partiram da matemática e se desenvolveram para


o reconhecimento de suas relações com a história, a antropologia, a
filosofia, as ciências cognitivas, dentre outras. Em decorrência, des-
tacou evidências do sociocultural dessas relações no conhecimento
matemático e as implicações pedagógicas, também sociais, ambien-
tais e políticas. Desse modo, o Programa Etnomatemática expandiu-se
mundialmente como teoria de fundamentação de pesquisas das mais
diversas áreas e contextos.
Acompanhe um pouco dessa história na HQ ao lado.
Ubiratan D’Ambrosio faleceu aos 88 anos, em maio de 2021. Deixou
como legado uma comunidade de pesquisadores e educadores, em to-
dos os cantos do mundo, nos assumimos como etnomatemáticos e atu-
amos sob a orientação teórica do Programa Etnomatemática. Como tal,
independentemente da concepção adotada, da área de conhecimento e
do contexto de nossa atuação, multiplicamos, defendemos e ampliamos Fonte: e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis (2020, p. 161).
sua proposta de uma educação para a paz.

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Neste módulo, vimos o Programa Etnomatemática e refletimos acerca da possibilidade de utilizar seus
princípios e aspectos epistemológicos em nossas pesquisas e práticas pedagógicas.

Este programa de pesquisa de caráter transcultural e transdisciplinar considera o conhecimento a partir


de uma relação vital e continuamente dinâmica do indivíduo com a realidade - o Ciclo Vital. Este se insere
em uma relação sociocultural, decorrente da comunicação, e política, decorrente da ação do poder na ins-
titucionalização e difusão dos filtrados de conhecimento que garantam a sua manutenção e a subserviência
do povo a ele - o Ciclo do Conhecimento. Além disso, a palavra EtnoMatemáTica compõe-se de três termos
que a conceituam como uma teoria geral do conhecimento: artes, técnicas, modos, habilidades… (ticas) de
compreender, explicar, lidar com ... (matema) nos diversos e distintos contextos (etnos).

O pesquisador e o educador que desejem orientar etnomatematicamente seus estudos e/ou práticas de-
vem atentar, dentre outros, à importância: da ética da diversidade; de um currículo cujos projetos considerem
instrumentos socioculturais comunicativos (literacia), analíticos (materacia) e materiais (tecnoracia); de dialo-
gar e conviver com outros das outras áreas, outros interesses, buscando o não aprisionamento em uma gaiola
epistemológica; da educação integral, da educação para a sustentabilidade, para a justiça social e para a paz.
Obviamente, devem atentar, também, às responsabilidades e às lutas imbuídas desses objetos investigativos e
intencionalidades pedagógicas.

O organizador intelectual do Programa Etnomatemática foi o pensador, pesquisador e educador brasi-


leiro, Ubiratan D’Ambrosio (1932-2021), que difundiu bem suas ideias e atuou dentro e fora de várias “gaiolas
epistemológicas’’. Hoje, etnomatemática é reconhecida mundialmente como referência para diversas áreas de
conhecimento e manifestações socioculturais e políticas.

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Visão eurocêntrica - visão/interpretação de conhecimento, de comportamento, de mundo e de ser humano
que tem como centro, como padrão, a Europa, os europeus e sua cultura.

Transculturalidade - qualidade do que é transcultural, isto é, que vai além de uma cultura específica ou de
várias culturas, que envolve ou que atravessa e transcende culturas.

Transdisciplinaridade - qualidade do que é transdisciplinar, isto é, que vai além de uma disciplina específica
ou de várias disciplinas, que envolve ou que atravessa e transcende disciplinas.

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