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O Altar: mesa do sacrifício de comunhão

Quando entramos dentro de uma igreja, qual é o centro para o qual deve convergir o
nosso olhar? Para esta pergunta não existe uma única resposta. Podemos dizer que
depende! Depende daquele que for o motivo que nos leva a edifício. Quando vamos
num contexto de oração pessoal, fora da liturgia, o centro é o sacrário! Nele está a
presença sacramental de Jesus, no Pão Eucarístico. Essa presença é assinalada por uma
lâmpada, cuja luz, de preferência feita de fogo, nos ajuda a centrar o coração em Deus,
que, mesmo de forma invisível, preenche a totalidade do espaço.
Contudo, quando o motivo que nos leva à igreja é uma celebração comunitária, de modo
especial a eucaristia, ainda que num primeiro momento façamos a nossa oração diante
do Santíssimo Sacramento, o centro deixa de ser o sacrário e passa a ser o altar. O altar
é o símbolo do próprio Jesus que nos congrega para a celebração do memorial da sua
Páscoa, a sua paixão, morte e ressurreição. O altar, símbolo de Cristo, o sacerdote, a
vítima e o próprio altar, tem dois significados fundamentais e complementares que
nunca podemos esquecer:
Por um lado, evoca a dimensão convivial da eucaristia instituída pelo próprio Jesus no
contexto de uma refeição, a última ceia. Nela Jesus dá-se em alimento a cada um de nós
e faz-nos participantes da sua vida e da sua intimidade. Nela, Jesus faz-nos compreender
que somos irmãos e que Deus nos convida a todos a sentarmo-nos à mesma mesa da
eucaristia, que antecipa a mesa do Céu, a Jerusalém Celeste. Na eucaristia não podemos
deixar de nos sentirmos irmãos e em comunhão uns com os outros.
Por outro lado, o altar é também o lugar do sacrifício; ele é símbolo do calvário e da
própria cruz, onde Cristo se dá totalmente, e até ao fim, por fidelidade ao projeto do Pai
e por amor a toda a humanidade. Jesus confere à última ceia uma dimensão memorial,
isto é, de fazer presente um acontecimento fundamental: o mistério pascal. Por isso, o
altar deve também manifestar esta dimensão sacrifical essencial da liturgia. No passado,
muitas vezes o altar assumia a forma também de um túmulo para ser sinal do sacrifício
de Cristo.
Assim, diz o Catecismo da Igreja Católica que «o altar, à volta do qual a Igreja se
reúne na celebração da Eucaristia, representa os dois aspetos de um mesmo mistério: o
altar do sacrifício e a mesa do Senhor, e isto, tanto mais que o altar cristão é o símbolo
do próprio Cristo, presente no meio da assembleia de seus fiéis, ao mesmo tempo como
vítima oferecida para a nossa reconciliação e como alimento celeste que se nos dá»
(CIC 1383)
Sendo o elemento fundamental da celebração da eucaristia, o altar é revestido de uma
dignidade que deve ser respeitada, quer pela reverência que a ele devemos ter, quer
ainda pelos materiais com os quais ele é edificado. Quanto à reverência, esta manifesta-
se pela forma como o veneramos com uma inclinação quando passamos diante dele
(exceto quando no seu eixo se encontra o sacrário; nesta circunstância, fora da
eucaristia, em vez da inclinação, genufletimos ao Santíssimo Sacramento presente no
tabernáculo); manifesta-se também pela forma como o mantemos limpo e bem enfeitado
e quando não fazemos dele um suporte ou uma bancada para toda a espécie de coisas,
mas simplesmente o indispensável para a celebração da missa. A dignidade do altar é
também expressa na nobreza do material com que é edificado, normalmente de pedra ou
de uma madeira nobre, que pode ser enriquecida com qualquer tipo de pintura.
Estabelecem ainda as normas da Igreja que este altar deve ser fixo ao chão, como forma
de expressar a exclusividade da sua função.
Por tudo isto, somos convidados a centrar o nosso olhar neste sinal que está na nossa
igreja e a reconhecer que sobre ele se faz presente o sacramento maior do amor de Deus,
o Mistério Pascal, pelo qual o Senhor Jesus nos salva, congrega, alimenta e nos faz
antecipar a alegria plena no reino dos céus.

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