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25-37 - considerando:
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questão a qual Jesus foi indagado. Em partes, isso se deve ao fato de que, o
diálogo que Jesus mantém com o intérprete da lei é relativamente curto e a
parábola, por sua vez, é relativamente longa. Contudo, ao descolar uma
resposta da pergunta que a originou podemos incorrer no erro de dar ao texto
um sentido que ele não tem ou usá-lo como resposta a perguntas cujas quais
ele nunca se prestou a responder. Nesse sentido, ao encararmos esse texto,
não podemos perder de vista a pergunta, ou as perguntas, melhor dizendo, que
motivaram Jesus a se utilizar da referida parábola para respondê-las.
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Considerando a lei, Ibn al-Tayyib sugere outro aspecto possível
dos antecedentes do texto. Ele afirma que provavelmente os
doutores da lei estavam pouco à vontade com a atitude de Jesus
a respeito da lei. De fato, pelo menos alguns rabis de maior
projeção (como acabamos de notar) afirmavam que a vida era
conseguida guardando-se a lei. Mas eles estavam ouvindo
ruídos perturbadores desse jovem rabi. Ele cria ou não que a
herança de Israel se fazia disponível através da observância da
lei? Ibn al-Tayyib propõe que o “teste” era descobrir uma
resposta para esta pergunta (Ibn al-Tayyib apud Bailey, idem.)
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Num segundo momento, após ter sido elogiado por Jesus e ter sido
instado a seguir a Lei para herdar a vida eterna, o doutor da lei faz uma segunda
pergunta, a qual vai desencadear na parábola contada por Jesus:
O doutor da lei não sabe que somente por misericórdia ele pode
viver e herdar a vida eterna. Ele não quer viver por misericórdia.
Ele nem sabe o que é isso. Ele de fato vive por algo bem
diferente de misericórdia; pela sua própria intenção e
capacidade de se apresentar como um homem justo diante de
Deus (Karl Barth, apud Bailey, opus cit., 82).
Dos gentios, com quem não temos guerra, bem como os que
são guardadores de ovelhas entre os israelitas, e outros
semelhantes, não devemos planejar a morte; mas se correrem
qualquer perigo de morte, não somos obrigados a livrá-los; por
exemplo, se algum deles cair no mar, você não precisa tirá-lo;
pois está escrito: “Não te levantarás contra o sangue do teu
próximo”; mas tal pessoa não é o teu próximo”. (John Lightfoot
apud Bailey, 1985, p. 83).
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Ocorre que, diferentemente do que havia ocorrido na primeira pergunta,
Jesus agora lhe contará uma parábola, que Uwe Wegner vai chamar de
“narrativa de exemplo” (Uwe Wegner apud Marcelo Carneiro. Caminhos,
Revista de Ciências da Religião, Ed. Puc-GO, v. 17, n. 3, p. 128, jul/dez. 2019).
A narrativa se encontra nos versos 30-35 de Lc 10, e nela Jesus apresenta
quatro personagens, um homem que foi assaltado, ferido e deixado semimorto,
um Sacerdote, um Levita e um Samaritano.
[...] o ferido não está morto. Toda essa discussão opera com
contraposição antijudaica das concepções judaicas hostis à
vida de pureza/impureza ao amor cristão pelo ser humano.
(Schottroff apud Carneiro, opus cit. p. 132.
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salteadores, os quais lhe roubaram tudo. Podemos, e isso sim é válido, inferir
que tudo é tudo, ou seja, todos os seus pertences, incluindo a sua roupa,
deixando-o totalmente despojado. Partindo-se desse pressuposto, Kenneth
Bailey nos ensina que:
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reação do doutor da lei e dos demais que estavam ouvindo essas palavras. O
que, afinal, significou para eles ouvir tudo isso. E fazendo isso, podemos
compreender o impacto que essa história deve ter em nossas vidas nos dias
hoje.
A Mishna, obra rabínica também conhecida como Torah Oral diz que:
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Aquele que come o pão dos samaritanos é como aquele que
come a carne de suínos (Mishna Shebiith 8.10, Danby, 49).
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odiado pode entender inteiramente a coragem de Jesus em
fazer o desprezado samaritano aparecer como moralmente
superior aos líderes religiosos do auditório. Assim, Jesus atinge
um dos sentimentos de ódio mais profundos do auditório, e
dolorosamente o expõe. (Bailey, 1985, p. 92-93).
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precisa muito esforço para rememorar casos de ódio entre “cristãos” católicos
e evangélicos, preconceitos entre reformados e pentecostais.
Entretanto, não podemos ser levianos em dizer que nós mesmo faríamos
ou fazemos diferente. Assim, a pergunta que ecoa também é proposta por
Bailey:
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