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Tese de Doutorado
Por
Natal
Setembro de 2021
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Ronaldo Xavier de Arruda - CCET
RN/UF/CCET CDU 53
Natal
Setembro de 2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA TEÓRICA E EXPERIMENTAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA
Doutor em Física
Comissão Examinadora
——————————————– ——————————————–
Prof. Dr. Valério Marra Prof. Dr. Jailson Alcaniz
——————————————– ——————————————–
Prof. Dr. Léo Gouvêa Medeiros Prof. Dr. Raimundo Silva Junior
——————————————–
Prof. Dr. Riccardo Sturani
Examinador interno(Presidente)-IIP/UFRN
• Adotamos nesta tese a velocidade da luz como sendo c=1, nesta representação
comprimento tem dimensão de tempo.
• Adotamos a assinatura da métrica em 4 dimensões como sendo (-1,+1,+1,+1),
nesta representação o intervalo do tipo tempo ds2 < 0 que descreve a trajetória da partícula
dentro do cone de luz.
• O tensor métrico gµν é simétrico de rank (0,2) e que se transforma segundo uma
transformação de coordenadas:
0 ∂xλ ∂xω
gµν = gλω
∂xµ0 ∂xν 0
• Definindo a conexão métrica:
1
Γµνκ = g µλ (∂ν gλκ + ∂κ gλν − ∂λ gνκ )
2
µ
Rνκλ = ∂κ Γµνλ − ∂λ Γµνκ + Γρνλ Γµρκ − Γρνκ Γµρλ
7
Sumário
1 Introdução 10
4 Princípios da Cosmologia 45
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.2 Métrica de FLRW . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.2.1 Redshift . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.2.2 Relação Redshift-Distância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.2.3 Equações de Friedmann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.3 O Modelo ΛCDM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
5 Medindo a constante de Hubble usando as Sirenes Negras 59
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
5.2 Método . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
5.2.1 Função do Prior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
5.2.2 Sensitividade do Detector . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5.2.3 Verossimilhança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.2.4 Posterior para N Eventos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
5.2.5 Casos Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
5.3 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
5.4 Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
6 Considerações Finais 81
Referências Bibliográficas 83
Apêndices 89
A Detalhes da Derivação Completa para a Fórmula do Quadrupolo . . . . . . . . 90
A.1 Relações da Fórmula de Quadrupolo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
A.2 Propiedades do tensor Λ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
A.3 Derivação da Variação Temporal da Frequência da Onda Gravitacional . 93
B Equações de Einstein na Decomposição SVT . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
C Detalhes sobre a derivação dos Potenciais Escalares . . . . . . . . . . . . . . . 99
D Ajuste do Parâmetro C para a Taxa de Formação de Estrelas . . . . . . . . . . 102
Capítulo 1
Introdução
10
Capítulo 1. Introdução 11
ao considerar uma situação mais realista com um tensor energia-momento das fontes, a
perturbação gravitacional pode ser dividida em graus de liberdade radiativos e não radiativos
[6]. A parte radiativa satisfaz uma equação do tipo onda que oscila e decai com a distância.
Enquanto que a parte não-radiativa obedece a uma equação semelhante à equação de Poisson e
explicita a perturbação gravitacional inteiramente em termos da fonte. Os modos longitudinais
são determinados pela massa M, pressão P e momento angular L. A variação temporal dessas
quantidades produz uma variação no campo gravitacional, que resulta em um efeito memória
no detector. O efeito memória é uma alteração permanente no detector depois da perturbação
gravitacional ter passado por ele [7]. Desse modo, investigamos um efeito memória advindo
dos modos longitudinais.
Baseado no argumento acima, analisamos um modelo simples que descreve uma
fonte astrofísica com toda a massa concentrada em repouso em t < 0 e para t = 0 decompõe-
se subitamente numa casca esférica de energia em expansão. No tensor de Riemann, temos
explicitamente as contribuições tanto da parte radiativa como a dos modos longitudinais, e
consequentemente essas resultam numa contribuição na equação do desvio da geodésica. A
contribuição da parte escalar dos modos longitudinais decai como δ(t)O r12 e resulta ao fazer
a integração na equação da geodésica num efeito memória de velocidade. Esse efeito causa
um desvio permanente entre duas partículas de teste com velocidade constante não nula, após a
perturbação ter passado. A outra contribuição derivada aqui é da ordem θ(t)O r13 , no qual é
uma contribuição referente ao efeito de maré da fonte estática. Mais detalhes sobre esse efeito
advindo da parte escalar da perturbação gravitacional são dados no capítulo 3.
Na segunda parte desta tese, fizemos uma aplicação cosmológica usando as
detecções de ondas gravitacionais. O modelo cosmológico padrão atual é o ΛCDM que descreve
um universo preenchido de matéria escura fria em expansão acelerada, que é dominada pela
constante cosmológica Λ [8]. As observações atuais estão de acordo com o modelo teórico,
contudo temos um quebra-cabeça cosmológico em relação as medidas da constante de Hubble
H0 [9]. Há uma inconsistência entre as medições advindas da Radiação Cósmica de Fundo e as
Velas Padrões em Cosmologia [10].
Neste contexto, temos um outro observável astrofísico proveniente das ondas
gravitacionais, sistemas como esses nos fornece uma informação direta da distância de
luminosidade dL . Em Cosmologia, há uma relação entre dL e o redshift (z) que usamos para
13
Capítulo 2. Os Fundamentos da Teoria de Ondas Gravitacionais 14
deveriam ter a mesma origem [13]. Para isso, vamos considerar novamente o experimento
mental: na primeira situação, o observador está sendo impulsionado por uma força constante
com aceleração igual a ~g relativo a um referencial inercial e na segunda situação, temos o
observador em repouso em um campo gravitacional. Uma vez que, o observador realize
qualquer experimento localmente, não irá distinguir entre as duas situações, em outras palavras,
um referencial linearmente acelerado é equivalente a um referencial em um campo gravitacional
[3].
A igualdade entre o referencial acelerado e um campo gravitacional é válida para
pequenas regiões do espaço, ou seja, para um evento local. Quando consideramos eventos
não locais, uma característica do campo gravitacional surge [13]. Voltemos ao exemplo do
referencial acelerado, em um experimento não local, em que dois corpos caem em cada
extremidade de uma caixa sob a ação de um campo gravitacional, temos então uma diferença
sutil em que as trajetórias dos corpos convergem para o centro devido a inomogeneidade do
campo gravitacional 2.1.
Figura 2.1: Diferença entre referencial inercial não local versus campo gravitacional [13].
d2 xµ
= 0, (2.1)
dλ2
onde a equação resulta numa reta, desse modo temos a Relatividade Especial. Considerando
agora sob o efeito de um campo gravitacional, devemos generalizar a equação (2.1), desse
onde é usado a notação compacta dos índices2 . Note que recuperamos a Relatividade Especial
[12] quando o Γ vai a zero, em outras palavras, o campo gravitacional induz um termo de
curvatura na equação da trajetória da partícula.
A descrição quantitativa da gravidade pode ser obtida fazendo uma generalização
para espaço-tempo curvo e no limite para pequenas regiões recuperamos a teoria especial [2].
Na Relatividade Especial, a quantidade relacionada a fonte é representada pelo tensor energia-
momento Tµν em que sua conservação é dada por [3]:
∂µ T µν = 0, (2.4)
onde a generalização, assim como foi feito para a equação da trajetória, para espaços curvos é
adicionando o fator Γ na derivada, desse modo, temos:
∇µ T µν = 0, (2.5)
onde ∇µ é a derivada covariante. O termo induzido de curvatura na equação (2.2) pode ser
reescrito em termos do tensor de Riemann Rµνρσ [3]. O tensor de Riemann é obtido em termos
da segunda derivada em relação ao tensor métrico gµν . No caso sem fonte gravitacional, a
curvatura é nula e desse modo recaímos na Relatividade Especial, logo o tensor Rµνρσ = 0
pode ser reescrito utilizando geometria diferencial [3]:
Rµν = 0,
2
Por exemplo, em três dimensões espaciais podemos expressar ∂i V i = ∂x V x + ∂y V y + ∂z V z .
Gµν = 0, (2.6)
onde Gµν = Rµν − 21 gµν R onde R é o escalar de Ricci. E temos que o Tensor de Einstein é
covariante ∇µ Gµν = 0. A conexão entre geometria e fonte do campo gravitacional se dá através
da igualdade entre as quantidades definidas [2, 3, 13]:
onde |hµν | 1. A perturbação da métrica hµν produz uma suave perturbação no espaço-tempo
plano, a condição usada na expansão nos diz que o campo gravitacional é fraco [6]. Além disso,
chama-se teoria linearizada porque mantém apenas os termos lineares na perturbação da métrica
nas equações de Einstein.
A Relatividade Geral é invariável sob transformação geral de coordenadas do tipo
xµ (x0 ) → xµ (x) que garante a transformação do tensor gµν sob coordenadas, mas a separação
em (2.3) não a respeita [5]. As perturbações métricas não são invariantes sob uma transformação
geral de coordenadas, embora possamos fazer uma transformação infinitesimal do tipo:
a equação acima preserva a condição |hµν | 1, pois |∂µ ξν | é da mesma ordem de h [5].
Substituindo a expansão (2.9) no tensor de Einstein Gµν = Rµν − 12 gµν R, tomando apenas os
termos lineares, resulta em:
1
Gµν = (∂σ ∂ν hσµ + ∂ σ ∂µ hνσ − hµν − ∂µ ∂ν h − ηµν ∂σ ∂ ρ hσρ + ηµν h),
2
onde usamos o tensor métrico de Minkowski ηµν para baixar e subir os índices e h = ηµν hµν
é o traço da perturbação. Reduzimos a expressão acima usando o traço-reverso da perturbação
h̄µν = hµν − 21 ηµν h [6], em que os termos com traço são cancelados e as equações completas
E temos outra condição advinda da escolha de gauge do hµν , similarmente ao que é feito no
caso do eletromagnetismo [5, 6, 16]4 . A condição de gauge de Lorentz é dada por:
Devemos verificar que a condição acima é preservada para uma transformação de coordenadas,
µ
então generalizando o calibre de Lorentz para uma coordenada arbitrária x0 (x), devemos
considerar uma transformação geral h̄0µν . A transformação de coordenadas do traço-reverso
da perturbação utilizando a relação (2.14) é:
o ponto aqui é encontrar uma condição sob o vetor de campo ξµ no qual preserva a condição do
gauge de Lorentz para o h̄0µν [5], a expressão acima se reduz para:
então, temos uma função ξµ que preserva a condição sob a condição do gauge de Lorentz.
Aplicando a condição de Lorentz a expressão (2.12), conseguimos reduzir as equações
linearizadas de Einstein, resulta em:
se considera um observador muito afastado da fonte [16], além de termos dez componentes
da perturbação hµν que são reduzidas a seis quando utilizamos a transformação de calibre
[5]. E tomando o lado direito relacionado ao tensor Tµν , temos uma equação proveniente da
conservação do tensor energia-momento:
∂ ν Tµν = 0, (2.17)
que difere da teoria completa da Relatividade Geral por uma derivada covariante, essa equação
é obtida da teoria linearizada. Das seis componentes restantes do hµν , apenas duas são
polarizações do campo gravitacional que obedecem a equação da onda. Fazendo uma ressalva
ao caso do eletromagnetismo em que temos quatro componentes do Aµ , uma componente é
reduzida por escolha de gauge, uma refere-se a um potencial colombiano, e apenas duas são
graus radiativos [16]. Com a teoria da onda gravitacional é semelhante, no entanto, ligeiramente
mais trabalhosa. Na seção seguinte, vamos derivar explicitamente a parte radiativa desta teoria.
h̄µν = 0, (2.18)
a equação acima descreve uma perturbação métrica h̄µν que se propaga com a velocidade da
luz, mas como iremos mostrar, apenas duas componentes obedecem a uma equação do tipo
onda. A parte radiativa está implicitamente escondida em hµν , e podemos derivar uma forma
explícita utilizando a transformação de coordenadas, a condição de gauge e a solução de vácuo.
A solução de vácuo para uma coordenada geral h̄0µν = 0, resulta [5]:
onde para preservar a condição de Lorentz ∂ µ h̄µν = 0 desde que a derivada parcial ∂ µ comuta
com o operador , tomamos o segundo termo da equação acima como sendo zero, resulta em:
ξµν = 0, (2.19)
∂ 0 h00 = 0
isso significa que h00 é constante no tempo. Essa parte está relacionada com o potencial
Newtoniano, e para o tratamento da radiação gravitacional este termo é zero. Agora utilizando
a relação (2.7) para ν = j, temos ∂ j hij = 0, que é a parte puramente espacial de hµν e
resulta numa componente nula na direção de propagação da onda, reunindo todas as condições
obtemos:
hµ0 = 0,
hii = 0, (2.20)
∂ j hij = 0,
5
Transverse Traceless do Inglês.
∂µ F µν = 4πJ ν , (2.22)
uma transversa ∂i Āi = 0 e uma componente longitudinal e esta é uma parametrização única.
Assumindo o mesmo argumento de (2.23), nós podemos expressar a fonte J µ como sendo:
com o vínculo ∂i J¯i = 0. Expressando a equação (2.22) em termos do potencial vetor Aν , temos:
e
Ȧ0 + ä = −4πj. (2.28)
h0i = βi + ∂i b, (2.29)
1 1
hij = hTijT 2
− 2ψδij + (∂i Fj + ∂j Fi ) + ∂i ∂j − δij ∇ e,
2 3
com os vínculos dados pelas divergências dos vetores ∂i βi = 0 e ∂i Fi = 0, pela parte
sem traço δ ij hTijT = 0 e divergência do tensor ∂ j hTijT = 0. Reunindo as componentes
temos: quatro escalares φ, b, ψ e e, quatro componentes de dois vetores transversos βi e Fi
e duas componentes de um tensor transverso sem-traço hTijT , logo temos dez componentes
independentes da perturbação [6].
Do mesmo modo que fizemos essa decomposição para o lado esquerdo das equações
linearizadas, podemos aplicar a decomposição acima para o lado direito relacionado com o
tensor energia-momento, desse modo, temos[6]:
T00 = ρ,
T0i = Si + ∂i S, (2.30)
1 1 2
Tij = pδij + σij + (∂j σi + ∂i σj ) + ∂i ∂j − δij ∇ σ,
2 3
1
Ψe ≡ψ + ∇2 e,
6
Φ ≡φ + b + ė,
(2.32)
1
Vi ≡βi − Ḟi ,
2
hTijT ≡hTijT ,
calculando a forma explícita para as equações de Einstein em termos das expressões definidas
acima, temos:
∇2 ψ e =4πGN ρ,
∇2 Φ =4πGN (ρ + 3p − 3Ṡ),
(2.33)
∇2 Vi = − 16πGN Si ,
Usando a transformação de gauge reduzimos as dez componentes do hµν em seis graus físicos
são eles: 2 escalares Φ e ψ e , duas componentes de um vetor transverso Vi e duas componentes
de um tensor transverso sem traço hTijT . As equações obtidas acima estão relacionadas com
as partes radiativas e não-radiativas do campo gravitacional, e como esperado apenas a parte
transversa sem-traço obedece a uma equação do tipo onda, que no limite de vácuo é recuperada
a equação da onda obtida na ultima seção. As componentes longitudinais φ, ψ e e Vi obedecem a
uma equação semelhante à Poisson. Além disso, a contribuição no detector dessas quantidades
podem ser expressas na equação do desvio da geodésica obtida na teoria da Relatividade Geral,
temos [2, 5, 14]:
ẍi = −R0j0
i
xj , (2.34)
a equação acima descreve como a separação xj entre duas partículas teste é afetado pelo efeito
da curvatura ao qual é quantificado pelo tensor de Riemann, enquanto que o lado direito da
equação é dado por [6]:
e 1 1
Ri0j0 = δij ψ̈ + ∂i ∂j Φ + ∂j V̇i + ∂i V̇j − ḧij . (2.35)
2 2
9
Os cálculos estão detalhados no Apêndice B.
a equação acima pode ser resolvida pelo método da função de Green [5], onde temos uma
equação do tipo:
x G(x − x0 ) = δ 4 (x − x0 ) (2.37)
em que o índice "x"representa a derivada com respeito a mesma variável, se a função de Green
é uma solução da equação acima [5], logo podemos usar:
Z
h̄µν (x) = −16πGN d4 x0 G(x − x0 )Tµν (x0 ) (2.38)
1
G(x − x0 ) = − 0
δ(tret − t0 ), (2.39)
4π|~x − ~x |
onde tret = t − |~x − ~x0 | é o tempo retardado, substituindo a expressão acima em (2.38),
encontramos: Z
1
h̄µν (t, ~x) = 4GN d 3 x0 Tµν (t − |~x − ~x0 |, ~x0 ), (2.40)
|~x − ~x0 |
a expressão (2.40) é escrita em termos do tensor traço-reverso h̄µν = hµν − 12 ηµν h, no entanto
podemos encontrar uma expressão em termos da parte tranversa sem-traço usando um projetor.
Primeiramente, definimos o seguinte tensor [5]:
onde Pij é um projetor. É transverso ni Pij = 0 e o traço Pii = 2, além que o produto entre
um projetor e um vetor arbitrário seleciona as componentes transversas desse vetor. Podemos
definir um tensor projetor dado por [5]:
1
Λij,kl (n) = Pik Pjl − Pij Pkl , (2.42)
2
onde escrevemos a parte transversa sem-traço em termos das componentes espaciais do hµν . É
utilizada aqui uma decomposição geral, em que utilizamos um projetor e reescrevemos qualquer
projeção simétrica do tensor hµν em uma parte transversa sem-traço. Seguindo o procedimento,
a equação (2.40) reescrita em termos da parte transversa sem-traço é dada por:
Z
1
hTijT (t, ~x) = 4GN Λij,kl d 3 x0 0
Tkl (t − |~x − ~x0 |, ~x0 ). (2.44)
|~x − ~x |
A expansão multipolar consiste em expandir a expressão acima assumindo que ~x0 << ~x e
v << 1, onde v é a velocidade típica do sistema gravitacional. Essa aproximação é válida
quando se pretende encontrar a contribuição do potencial a uma distância muito grande quando
comparada ao tamanho da fonte, e o movimento orbital do sistema possui uma velocidade não-
relativística. Logo, temos [15]:
" 0 0 0 2
#
1 1 n i xi 1 ni nj (3xi xj − r0 δij )
' 1+ + ,
|~x − ~x0 | r r 2 r2 r2
∞
(2.45)
1 ∂n
X
0 0
T (t − |~x − ~x |, ~x ) = n
T (t − r, ~x ) (r − |~x − ~x0 |)n ,
0
n=0
n! ∂t
GN
h+ = (Q̈11 − Q̈22 ),
r (2.49)
2GN
h× = Q̈12 ,
r
onde consideramos um sistema binário com massas m1 e m2 parametrizado por uma órbita
circular xi0 e xj0 que emite radiação e µ ≡ m1 m2
(m1 +m2 )
é a massa reduzida desse sistema. Desse
11
Ver mais detalhes no Apêndice A.2.
modo, as coordenadas do plano da órbita em x-y podem ser expressas por [5]:
z0 (t) =0,
onde a matriz de rotação R representa uma rotação no eixo z por um ângulo φ e a rotação no
eixo x por um ângulo θ. A transformação entre os dois referenciais será dada por [5]:
GN h
h+ (t, θ, φ) = Q̈11 (cos2 φ − sen2 φcos2 θ) + Q̈22 (sen2 φ − cos2 φcos2 θ)
r
−Q̈33 sen2 θ − Q̈12 sen2φ(1 + cos2 θ) + Q̈13 senφsen2φ
i
+Q̈23 cosφsen2θ (2.56)
GN h
h× (t, θ, φ) = (Q̈11 − Q̈22 )sen2φcosθ + 2Q̈12 cos2φcosθ
r i
−2Q̈13 cosφsenθ + 2Q̈23 senφsenθ
4GN 2 2 1 + cos2 θ
h+ = µωs R cos(2ωs tret + 2φ),
r 2 (2.58)
4GN 2 2
h× = µωs R cosθsen(2ωs tret + 2φ),
r
podemos ainda encontrar uma relação entre o R e a frequência angular orbital [2]. Esta relação
é obtida igualando a força gravitacional de Newton e a força centrípeta, desse modo, podemos
12
Mais detalhes ver exercício 2 do capítulo 3 na referência [5].
escrever [5]:
GM
ωs2 = , (2.59)
R3
onde M = m1 + m2 , introduzindo a massa chirp [5], definido por:
(m1 m2 )3/5
Mc ≡ , (2.60)
M 1/5
1 + cos2 θ
4 5/3 2/3
h+ = (GN Mc ) (πfgw ) cos(2πfgw tret + 2φ),
r 2 (2.61)
4
h× = (GN Mc )5/3 (πfgw )2/3 cosθsen(2πfgw tret + 2φ).
r
4
h+ (t) = (GN Mc )5/3 (πf )2/3 cos(φ(t)), (2.62)
r
2(GN Mc )5/3
Z
h̃+ (f ) = dt(πf )2/3 (eiφ(t) + e−iφ(t) )e−2πif t , (2.63)
r
2(GN Mc )5/3
Z
h̃+ (f ) = dt(πf )2/3 (ei(φ(t)−2πf t) + e−i(φ(t)+2πf t) ),
r
onde substituímos cos(φ(t)) pela expressão em termos das exponenciais complexas. Apenas a
exponencial positiva resulta em uma contribuição no resultado final. No intuito de obter uma
expressão analítica da polarização da onda gravitacional em termos da variação da frequência
com o tempo, iremos utilizar o Método da Fase Estacionária [20]. Este método consiste em
expandir uma função ao redor de um máximo onde define-se o ponto de retorno como sendo
φ(t∗ ) = f . Então, tomando a expansão de Taylor do expoente da expressão em (2.63) em torno
de t∗ até a segunda ordem, obtemos:
2(GN Mc )5/3
Z
φ̈ 2
2/3 iφ(t∗ )−2πf t∗
h̃+ (f ) = (πf ) e dtei 2 (t−t∗ ) ,
r
s (2.64)
2(GN Mc )5/3 2π i(φ(t∗ )−2πf t∗ −π/4)
h̃+ (f ) = (πf )2/3 e ,
r φ(t¨∗ )
df 96π
= η(πGN M )5/3 f 11/3 , (2.66)
dt 5
1/2
(GN Mc )5/6 −2/3 −7/6 1 + cos2 θ
5
h̃+ (f ) = π f eiφ(t) , (2.67)
24 r 2
1/2
(GN Mc )5/6 −2/3 −7/6
5
h̃× (f ) = π f cosθeiφ(t)+iπ/2 . (2.68)
24 r
3.1 Introdução
As detecções das ondas gravitacionais inauguraram a possibilidade de estudar a um
nível fundamental a teoria da Relatividade Geral, além de abrir uma nova janela para estudos de
fontes astrofísicas1 . A expansão em momentos multipolares a partir do limite de campo fraco
carrega uma assinatura da radiação gravitacional, uma parte desses multipolos é responsável
pela parte oscilatória. Enquanto que a energia e o momento conservado do sistema estão ligados
a parte não oscilatória do campo gravitacional.
Neste trabalho, estudamos o efeito memória na parte não-radiativa do campo
gravitacional e os seus efeitos no detector. O efeito Memória na radiação gravitacional é um
deslocamento permanente entre duas partículas teste depois da perturbação gravitacional ter
passado pelo detector [23]. Em princípio, esse efeito pertence a um amplo grupo de efeitos,
1
Com a detecção das ondas gravitacionais surgem novos vínculos associados a população de binárias e dessa forma
abre a possibilidade de estudar como eventos astrofísicos desse tipo evoluem no tempo cósmico [22].
35
Capítulo 3. Efeito de Memória não-Radiativo da Onda Gravitacional 36
denominados efeitos "hereditários", pois indicam que tal parte do campo gravitacional depende
de toda a história da fonte [7]. Os efeitos hereditários na radiação gravitacional podem ser
divididos em dois tipos. Primeiro, um que depende da distribuição do tensor energia-momento
na forma linear [24] e na forma não linear [25] ao qual provoca um efeito de memória. O
segundo tipo é apelidado de cauda (tail em inglês) e pode ser produzido tanto devido ao
repique no processo de produção de radiação gravitacional, quanto na própria radiação da onda
gravitacional, esse segundo tipo é não-linear. A memória gravitacional foi inicialmente estudada
por Zeldovich e Polnarev [26] usando a teoria de perturbação e mais tarde por Christodoulou
[25] usando a Relatividade Geral não linear e mais recentemente por Favata em [27]. O efeito
memória resulta numa mudança cumulativa na distância entre duas partículas de teste após a
onda ter passado, em comparação com a sua posição antes da perturbação gravitacional.
Na teoria de perturbação, pode-se decompor a perturbação métrica em duas partes,
uma parte radiativa que oscila e decai com a distância e a outra que é longitudinal onde é
completamente determinada pelas propriedades da fonte [6]. Em princípio, a onda gravitacional
causa uma oscilação na separação de deslocamento das partículas livres que regressa à sua
posição original, mas essa representação não é completamente verdadeira [23]. No detector,
após a onda gravitacional ter passado, mantém a informação sobre a fonte relacionada com a
memória. Num trabalho recente [28], foi demonstrado que a solução retardada de uma partícula
em movimento numa geodésica nula produz uma contribuição que decai numa ordem de O(1/r)
na equação de desvio da geodésica e esse resultado é relacionado com o efeito memória.
A contribuição no detector referente ao efeito memória advindo da parte radiativa
pode ser analisada da seguinte forma. Vamos considerar uma equação de desvio da geodésica
de duas partículas livres com uma separação entre elas dado por Di [28]:
D̈i = R0j0
i
Dj , (3.1)
onde a separação entre as partículas teste é quantificado pelo tensor de Riemman Ri0j0 . Uma
característica do efeito de memória da radiação gravitacional é a solução para a perturbação
da métrica que resulta num termo proporcional a δ̇(t), onde δ(t) é uma Delta de Dirac. Uma
dupla integração da (3.1) resulta numa contribução proporcional a D(t) de uma função θ(t)
de Heaviside. E por esse motivo resulta num deslocamento permanente como um chute na
separação entre as duas partículas teste [28]. Enquanto que analisando diretamente o tensor
de Riemann, temos uma segunda derivada da parte transversa sem traço ḧTijT da perturbação
gravitacional. A integração dessa parte radiativa da métrica na equação de desvio da geodésica,
assume os seguintes valores assintóticos [23]:
onde tomando a diferença entre os valores (+∞, −∞) da perturbação gravitacional, esta
diferença não resulta em zero, ou seja, permanece guardado uma memória (informação) da
onda gravitacional que passou.
No outro limite mostrado no mesmo trabalho do Tolish [28] sobre o efeito memória,
foi analisada uma solução de uma partícula em movimento sob uma geodésica nula. Em
particular, a solução retardada considera uma fonte inicialmente em repouso para um ponto
de observação fixo t0 , e após um tempo t > 0 decompõe em numa partícula com energia E.
Tomando o limite de t0 → ∞, esse pode ser pensado como uma partícula que se move sobre
uma geodésica nula para sempre, o tensor de Riemann ganha uma contribuição que cai numa
ordem de O(1/r2 ). Os autores concluem que não existe qualquer efeito de memória associado a
este limite. Além disso, a perturbação da métrica tem um fator de δ̈(t), logo a integração resulta
num termo proporcional à δ(t) na equação de desvio da geodésica [28].
Os modos longitudinais estão relacionados com as componentes não-radiativas de
um campo gravitacional, como foi mostrado na seção 2.4 do referente capítulo. A perturbação
métrica tem componentes que obedecem a equações do tipo Poisson, e mostramos que o
tensor de Riemann tem uma contribuição que provém dessas partes da perturbação. Em nosso
primeiro trabalho, revisamos as soluções retardadas para a emissão da radiação gravitacional.
Analisamos as soluções do campo gravitacional em torno de uma fonte que emite radiação
por tempo finito, mostramos que se obtém uma contribuição do tipo velocidade permanente
na equação de desvio da geodésica na ordem de O(1/r2 ) (sendo r a distância entre fonte e
observador), diferente do deslocamento permanente. Na seção seguinte, apresentamos o método
utilizado no artigo [21].
3.2 Método
O principal objetivo neste capítulo é analisar os efeitos advindos da parte não-
radiativa do campo gravitacional. Estes termos podem ser isolados tomando a decomposição
SVT explicada no último capítulo. Temos então duas funções escalares ψ e e Φ e duas
componentes de um vetor transverso Vi definidas como quantidades invariantes de gauge. Estas
quantidades obedecem a equações do tipo Poisson e são expressas:
∇2 Ψe =4πGN ρ,
∇2 Vi = − 16πGN Si .
Quando encontramos a solução para as equações acima, podemos encontrar expressões das
quantidades ψ e , Φ e Vi , e consequentemente expressá-las no tensor Riemann. Iremos aqui
estudar os efeitos advindos das componentes escalares da perturbação gravitacional.
Para determinar completamente as componentes escalares ψ e e Φ teremos que usar
a conservação do tensor energia-momento ao nível linear ∂µ T µν = 0, para ν = 0:
∇2 S = ρ̇, (3.3)
3.3 Resultados
A situação astrofísica que iremos modelar representa uma fonte que emite radiação
gravitacional e consequentemente transporta informações sobre os modos longitudinais. Dessa
forma carrega uma assinatura da evolução temporal dos modos não-radiativos da perturbação
gravitacional. Algumas fontes reais podem representar esse modelamento, como por exemplo
eventos de sistemas de binárias [4] e em mecanismos de Supernova [29].
Para a nossa situação física vamos modelar um sistema com massa total M em
repouso em t = 0 e para t > 0 toda essa massa é convertida numa casca esférica que se expande
a velocidade da luz. A componente T00 do tensor energia-momento pode ser expresso por [21]:
M
T00 (t, ~x) = (1 − Θ(t))M δ 3 (~x) + ∆(t − r) (3.5)
4πr2
dΘ
onde r = |~x| e Θ(t) sendo uma função suave de Heaviside com ∆(t) ≡ dt
. O primeiro termo
na equação (3.5) representa essa massa inicialmente em repouso, enquanto que o segundo termo
descreve uma casca esférica que se expande. A casca esférica resulta em um termo de pressão
no tensor energia-momento, dado por:
M
p= ∆(t − r). (3.6)
12πr2
∞
∆(t − r0 )
Z
M
S= dr0 , (3.7)
4π r r02
desta forma temos ρ, p e S. Assim encontrando a solução da parte escalar utilizando as seguintes
equações4 :
∇2 ψ e = 4πGN ρ
∇2 Φ = 4πGN (ρ + 3p − 3Ṡ)
3
Mais detalhes no Apêndice C.
4
Os cálculos detalhados esão descritos no Apêndice C.
assim resulta: Z ∞
e GN M Θ(t − r0 ) 0
ψ =− + GN M dr ,
r r r02
Z ∞ (3.8)
Θ(t − r0 ) r2
GN M
Φ=− + GN M 02
2 − 3 02 dr0 ,
r r r r
ou de maneira equivalente, onde fazendo uma integração por partes:
Z ∞ 0
e GN M GN M 0 ∆(t − r )
ψ =− + Θ(t − r) − GN M dr ,
r r r r0
Z ∞ 0
(3.9)
0 ∆(t − r )
r 2
e
Φ − ψ =GN M dr 1− 0 .
r r0 r
Essas são as expressões da solução para o modelamento usado dos potenciais na teoria
linearizada. Em particular, tomando os limites para t r e t r nas expressões acima,
obtemos:
GN M
ψ e (t r) = Φ(t r) = − ,
r (3.10)
GN M
ψ e (t r) = Φ(t r) = − ,
t
onde utilizamos que o limite da função de Heaviside Θ(t r) → 0, enquanto que para
Θ(t r) → 1 e dessa forma resulta nas expressões em (3.10). O observador localizado a
uma distância t r experimenta um potencial Newtoniano constante de massa M localizada
em r = 0. A concha esférica inicia expandindo-se até cruzar em t = r e o observador para
t r experimenta um potencial Newtoniano que decai com (1/t). A representação simbólica
desses limites estão representados na Fig 3.1. Esse resultado nos mostra que a parte escalar
da perturbação gravitacional nos limites para +∞ e −∞ recupera o potencial Newtoniano, em
outras palavras, os graus físicos da parte escalar da perturbação gravitacional estão relacionados
diretamente ao potencial Newtoniano. O intuito aqui neste capítulo é analisar os efeitos da
variação temporal dessas quantidades escalares no detector.
Substituindo as contribuições escalares ψ e e Φ em (3.9) no tensor de Riemann5 ,
obtemos:
i
R0j0 =ψ̈ e δji + Φ,ij ,
xi xj GN M
xi xj GN M
(3.11)
i i i
R0j0 = δj − 2 ∆(t − r) + δj − 3 3 (1 − Θ(t − r)),
r r2 r r3
5
Mais detalhes no Apêndice C.
os resultados acima serão susbtituídos na equação do desvio da geodésica, primeiro vamos fazer
uma análise de cada termo. O primeiro termo em (3.11) proporcional a ∆(t), onde integrando
na equação de desvio da geodésica resulta em uma velocidade permanente v i , ou seja, em um
termo do tipo memória de velocidade no detector. Comparando com o a literatura, esse termo
obtido é diferente do efeito de memória do deslocamento por algumas razões. Primeiramente,
o efeito derivado aqui é obtido a partir dos modos longitudinais [21], enquanto que o efeito
do deslocamento permanente é obtido usando a parte radiativa do campo gravitacional [27]. E
quantitativamente são efeitos diferentes no detector, a memória de velocidade é proporcional a
˙
∝ ∆(t), enquanto que a memória de deslocamenteo é proporcional a derivada temporal ∝ ∆(t).
A dependência com a distância até a fonte do que é obtido aqui varia inversamente com o
quadrado da distância, enquanto o outro varia inversamente com a distância. Notemos também
o segundo termo em (3.11) da ordem de 1/r3 , esse termo é uma contribuição das forças de
maré para o limite estático e é proveniente do potencial produzido por uma fonte de massa M
estática no limite para t >> r, no qual é esperado para o limite Newtoniano. Na próxima seção
analisamos a detectabilidade deste efeito.
3.4 Discussão
Um ponto interessante é o primeiro termo em (3.11), podemos analisar a
possibilidade de detectar este efeito. Calculando a integral do desvio da geodésica, em torno
de pequenos intervalos em t ' r, esse limite de integração significa o momento onde a concha
esférica em expansão atravessa o detector em t = r, dessa forma temos:
xi xj GN M j
i
i
∆Ḋ = δj − 2 D, (3.12)
r cr2
onde a velocidade da luz c foi recolocada, e Dj é a separação entre duas partículas de teste, a
situação física é que o observador-fonte irá experimentar um desvio na velocidade entre as duas
GN M
partículas teste proporcional à ∼ cr2
D [21].
Para quantificar a detectabilidade do efeito é conveniente introduzir a transformada
de Fourier da perturbação métrica h̃(f ) e a densidade de ruído espectral Sn (f ) do detector
que está relacionada com a capacidade de detecção dos detectores de ondas gravitacionais.
Utilizamos a relação sinal-ruído (SNR)6 para medir qualquer efeito significativo no detector. A
densidade de ruído espectral Sn (f ) é definida por [5]:
1
< ñ∗ (f )ñ(f 0 ) >= δ(f − f 0 ) Sn (f ), (3.13)
2
onde < ... > é a média sobre muitas realizações do ruído ñ(f ) no domínio das frequências. A
razão sinal-ruído SNR ao quadrado é dada por:
∞
|h̃(f )|2
Z
2
SN R = 4 df , (3.14)
0 Sn (f )
GN M
h̃vk (f ) ∼ , (3.15)
c(2πf r)2
6
SNR→ Signal to Noise Ratio do Inglês.
e usando a relação acima podemos estimar o parâmetro de amplitude adimensional f h̃vk , temos
então: −1 −2
−27 M f r
hc = f h̃vk ' 2 × 10 , (3.16)
M 10−4 Hz rGC
em que rGC ∼ 8kpc é a distância ao centro galáctico.
Consideramos uma fonte otimista localizada no centro da nossa galáxia ao qual
libera uma massa solar M = M . A possibilidade de detecção para esse sistema é avaliada
para futuros detectores de ondas gravitacionais na Fig. 3.2. No gráfico, comparamos o
√
parâmetro adimensional f h̃vk (em linha marrom) com algumas densidades espectrais de ruído
de detectores de ondas gravitacionais.
SKA
10 13 LISA
Decigo
BBO
1/2)
10 17 ET
Detector noise vs. signal (Hz
rGC
10 21
10 25
10 29
10 33
√
Figura 3.2: Em linha marrom o parâmetro adimensional f h̃vk do efeito de memória de
velocidade em comparação com algumas densidades espectrais de ruído de futuros detectores
de ondas gravitacionais: LISA [30],BBO [31],ET [32],DECIGO [33], SKA [34].
4.1 Introdução
O objetivo da Cosmologia é o estudo do Universo e desse modo obter a descrição
quantitativa e a evolução temporal do Cosmos como um todo [8]. Para construir uma teoria
completa do Universo devemos associar o modelo teórico com as observações. A teoria
que serve como base para os estudos em Cosmologia é a Relatividade Geral que descreve
como a quantidade de matéria e energia relaciona-se com a geometria [14]. Enquanto que
as observações auxiliam com o modelo teórico proposto.
Alguns modelos cosmológicos foram propostos até se obter o modelo mais aceito
usado hoje. Assim, faremos um breve apanhado histórico de modelos sugeridos e suas
principais características. Com o advento da Relatividade Geral proposto por Einstein em 1915
[1], inaugurou-se a possibilidade de sugerir modelos que descrevessem a dinâmica temporal
do Universo. Em 1917, o mesmo Einstein propôs um Universo estático, finito e com uma
geometria espacial esférica, e que em dado momento a força gravitacional iria retrair um
Universo preenchido de matéria [35]. Para fazer esse contrabalanço o Einstein adicionou
45
Capítulo 4. Princípios da Cosmologia 46
uma força misteriosa, denominada de Λ1 , que fazia esse trabalho repulsivo contra a força da
gravidade e assim ajustaria as equações de modo a ter um universo estático.
No mesmo ano da proposta de Einstein, de Sitter sugeriu um modelo com curvatura
espacial nula, isento de matéria e que aceleraria a uma taxa constante [36]. Em 1922 e 1924
A. Friedmann propõe em dois artigos três soluções para um universo em expansão com as
respectivas curvaturas espaciais positiva, plana e negativa. Anos mais tarde, G. Lemaître
recalcula a solução encontrada por Friedmann onde propõe uma solução com o Universo em
um estado inicial de alta densidade de energia. E de maneira independente, H. P. Robertson
descobre as mesmas soluções encontradas por Friedmann [35]. O modelo de Friedmann,
Lemaître e Robertson previa um universo em expansão, e conseguentemente fazia previsões
sobre como a luz de uma galáxia chegaria até uma galáxia distante com o comprimento de onda
deslocado para o vermelho.
A comprovação de um Universo em expansão foi obtida por Vesto Slipher [37] e
Edwin Hubble [38]. Slipher utilizando do efeito Doppler analisou a luz proveniente de estrelas
e nebulosas e notou que a maioria das galáxias estavam se afastando da Terra com velocidade
na ordem de até centenas de km/s [39]. E o Hubble analisando o movimento de galáxias e a luz
proveniente das mesmas, mediu a velocidade de recessão e as suas respectivas distâncias. Ele
notou que essas duas quantidades obedecem a uma relação, dada por:
v = H0 r, (4.1)
estado inicial quente e denso foi evoluindo e conforme o Universo se expandia as densidades
de matéria e radiação decaiam com o tempo assim como a temperatura também o faz.
As medidas da expansão do Universo e o modelo cosmológico proposto não eram
suficientes para garantir um estado inicial denso e quente do Universo. Em 1946, o Gamow
sugere que uma radiação produzida em determinado momento na evolução poderia ser detectada
como prova do Big Bang [42]. Na evolução temporal do Universo há um momento que as
densidades de radição e matéria se igualam e num tempo cósmico após, há um desacoplamento
dos fótons com a matéria e assim produziria uma radiação residual na ordem de temperatura dos
5 Kelvin. E em 1965, uma descoberta acidental foi feita por dois engenheiros Robert Wilson e
Arno Penzias, enquanto tentavam isolar um ruído que vinha de todas as direções do céu [43].
No artigo, eles não citam a origem cosmológica dessa radiação2 , que foi um indício crucial
para aceitar o modelo do Big Bang. Vale uma ressalva histórica, o Wilson e o Penzias apenas
publicaram o artigo devido a conhecerem o trabalho do James Peebles e colaboradores, onde
explicam a origem dessa radiação. E em comum acordo, Peebles e colaboradores3 publicam um
artigo intitulado "Radiação Cósmica de Corpo Negro"[44], no qual mostra que essa radiação
residual obedece a Lei de Planck de um corpo negro. Atualmente, com a análise dos dados
do satelíte COBE (Cosmic Background Explorer), o valor de temperatura mais preciso dessa
radiação é da ordem de 2.7 Kelvins [45].
Outros dois fatos observacionais do Universo são a Matéria Escura e a Energia
Escura. Inicialmente, a Matéria Escura4 foi proposta como uma explicação para a massa faltante
em rotação de galáxias [46]. Outra maneira de detectar indiretamente é por meio do efeito das
lentes gravitacionais [47], além de ter um papel crucial no processo de evolução do Universo
responsável pelas Oscilações Acústicas dos Bárions [48] e referente as anisotropias observadas
na Radiação Cósmica de Fundo [49]. A Energia Escura seria a componente responsável pela
expansão acelerada. A observação crucial foi a expansão acelerada do Universo foi descoberta
por Riess e colaboradores em 1998 [50] e também nos trabalhos de Permultter e colaboradores
[51]. As observações foram feitas utilizando Supernovas do tipo Ia, conhecidas como Velas
Padrões na Cosmologia. E atualmente segundo a análise dos dados do Satelíte Planck [52],
2
E muito menos fazem menção ao trabalho do Gamow.
3
O Peebles e colaboradores publicam o artigo após o trabalho do Wilson e Penzias.
4
A razão deste nome é porque a Matéria Escura não emite luz, os seus efeitos podem ser observados em interações
gravitacionais.
dr2
2 2 2 2 2
ds = −dt + a(t) + r dΩ , (4.2)
1 − kr2
com assinatura (−1, +1, +1, +1), em que a(t) é o fator de escala e k representa a curvatura
espacial. É comum reescrever as expressões acima[53], em que redefinimos a coordenada radial
√
dr ≡ dχ 1 − kr2 , resulta em:
onde para diferentes valores de k representa uma geometria do universo. Para k < 0 representa
o universo aberto com curvatura negativa, o valor para k = 0 representa uma geometria plana e
aberta e o valor para k > 0 representa um universo fechado com geometria esférica. E a função
Imaginemos uma rede com pontos fixos [8] representando a malha do espaço-tempo. Nessa
malha medimos as distâncias físicas entre dois pontos fixos. A malha representa o Universo e
conforme vai se expandindo a distância física entre os pontos aumenta à medida que a expansão
continua. Em Cosmologia, é necessário definir o referencial comóvel que está junto com o
fluxo da expansão [53]. Desse modo, temos a distância comóvel constante que faz parte do
referencial que está se expandindo, e temos a distância própria que evolui com o tempo. Além
disso, podemos reescrever a métrica de FLRW em termos do tempo conforme, obtemos:
R
em que o tempo conforme é η = dt/a(t) e dt é a diferencial do tempo próprio. Essa expressão
será útil ao analisarmos a propagação da luz.
4.2.1 Redshift
situação. Uma fonte emite uma onda clássica para o tempo físico dado por ∆t1 , e o tempo
de detecção no observador é determinado por ∆t0 . O tempo físico é diferente na dinâmica do
Universo devido a existir um "atraso"entre a emissão e a detecção. Tomando o tempo conforme
definido anteriormente para a métrica FLRW em (4.5), temos [53]:
onde o tempo conforme é o mesmo, tomando a velocidade da luz c = 1 temos que λ1 = ∆t1 e
λ0 = ∆t0 , desse modo podemos expressar o redshift z:
a(t0 )
1+z = , (4.8)
a(t1 )
para determinar o z devemos obter a dinâmica do fator de escala a(t), ou seja, determinar a
dinâmica do Universo e obter o a(t) [54]. Expandindo o fator de escala a(t) em uma série
Taylor em torno de t0 [14]:
1
a(t) = a(t0 ) − (t0 − t)ȧ(t0 ) + (t0 − t)2 ä(t0 ) · · ·
2
1 2 2
a(t) = a(t) 1 − (t0 − t)H(t0 ) − (t0 − t) q(t0 )H (t0 ) · · · (4.9)
2
em que reescrevemos as quantidades H(t) e q(t) expressas por:
ȧ(t)
H(t) ≡ ,
a(t)
(4.10)
ä(t)a(t)
q(t) ≡ − 2 ,
ȧ (t)
distância [53]:
z ' H0 d, (4.11)
em que usamos para fontes astrofísicas próximas t0 − t como sendo a distância física.
z
dz 0
Z
χ(z) = , (4.12)
0 H(z 0 )
onde utilizamos a troca de variável entre o fator de escala a(t) e o z como sendo a(t) = 1/(1+z).
A expressão acima descreve como a distância comóvel χ, que não é um observável, evolui com
o redshift. Tomemos a seguinte situação de uma fonte que emite ondas eletromagnéticas de
modo que podemos medir um fluxo F [14]:
L
F = , (4.13)
4πd2L
A = 4πχ2 , (4.14)
enquanto que o fóton observado num tempo cósmico to sua frequência é deslocada por um fator
de escala, ou em termos do redshift como sendo [14]:
νe
νo = , (4.15)
(1 + z)
logo a expressão para o fluxo F (to ) em termos da frequência observada, onde a luminosidade
L é reescrita em termos do quadrado da frequência, dessa forma temos [14]:
L(te )
F (to ) = , (4.16)
4πχ2 (1 + z)2
dL
χ(z) = , (4.17)
(1 + z)
z
dz 0
Z
dL (z) = (1 + z) , (4.18)
0 H(z 0 )
∇µ Tµν = 0, (4.20)
ρ̇ + 3H(ρ + p) = 0, (4.21)
a expressão acima será útil para determinar as componentes de matéria e de energia, e como
cada uma evolui com o redshift (ou fator de escala). Calculando as componentes G00 e Gij do
tensor de Einstein usando a métrica FLRW e combinando com o tensor energia-momento em
(4.19), obtem-se as equações de Friedmann [53]:
8πGN k
H2 = ρ − 2,
3 a (4.22)
ä 4πGN
=− (ρ + 3p),
a 3
ρm ∝ a−3 , (4.25)
5
Alguns modelos alternativos propõem o ω com a dependência do redshift. z, contudo este não é o foco do trabalho
aqui.
6
Os neutrinos possuem massa desprezível.
onde a matéria é composta por bárions (prótons e nêutrons) [8], e uma matéria invisível
conhecida como Matéria Escura que interage apenas gravitacionalmente. Para o caso da
radiação, assumindo um gás relativistico [53] com ω = 1/3, temos para a radiação:
ρr ∝ a−4 . (4.26)
A radiação refere-se a partículas sem massa como fótons e neutrinos. Enquanto que a
componente relacionada com a curvatura evolui com ω = −1/3 obtendo um ρk ∝ a−2 .
A última e mais estranha componente responsável pela expansão acelerada do Universo é a
Energia Escura e age com uma pressão negativa com ω = −1, que resulta:
ρ Λ ∝ a0 , (4.27)
esse resultado significa que esta componente é constante no tempo. Agora que definimos como
evoluem as componentes de densidade de energia, podemos reescrever a expressão (4.22) em
termos de parâmetros de densidade. A definição em termos de densidade crítica atual [53]:
3H02
ρcrit,0 = , (4.28)
8πGN
ρa,0
Ωa,0 ≡ , (4.29)
ρcrit,0
z
dz 0
Z
(1 + z)
dL (z) = , (4.31)
H0 0 E(z 0 )
H(z) p
E(z) ≡ = Ωr (1 + z)4 + Ωm (1 + z)3 + Ωk (1 + z)2 + ΩΛ . (4.32)
H0
Figura 4.1: Medidas de Supernova Tipo IA: Uma outra evidência para um universo atual em
expansão acelerada [53].
Figura 4.2: Medidas de H0 [56], onde temos uma tensão entre as medidas locais e as medidas
advindas do Satelíte Planck [52].
redshifts advindo das medições de Supernova, por exemplo, provém um valor maior do que é
obtido nas medidas provenientes da Radiação Cósmica de Fundo [52]. Essa discrepância pode
resultar em duas possibilidades. A primeira, o Modelo Cosmológico Padrão está parcialmente
errado ou temos erros sistemáticos advindo de outras medições para baixos redshifts. Vale
a pena mencionar, num recente artigo Riess e colaboradores verificam que não existem erros
sistemáticos das medições de estrelas do tipo Cefeida8 , logo não contribuem para resolver a
tensão existente de H0 [59]. As Ondas Gravitacionais fornecem uma medição de distância
a partir da amplitude, além disso, é independente de modelo, ou seja, possuem um erro
sistemático diferente dos outros observáveis [4]. As ondas gravitacionais podem desempenhar
um papel crucial entre medidas para baixos e altos redshifts devido a distribuição dos eventos
astrofísicos [22]. Sobre este enfoque, no próximo capítulo, propomos um método para estimar
H0 utilizando ondas gravitacionais.
8
São estrelas que possuem um brilho característico diretamente proporcional ao período de revolução dela [58].
Neste capítulo, falamos do segundo trabalho desta tese [60], no qual fizemos uma
aplicação em Cosmologia. A aplicação consiste em estimar o valor da constante de Hubble H0
utilizando detecções de ondas gravitacionais, em que não temos a contraparte eletromagnética
explicitamente. Começamos com uma introdução, onde faremos comentários breves sobre
outros métodos para a medição de H0 encontrados na literatura. Depois explicamos o método
utilizado aqui, por fim apresentamos os resultados e as discussões.
5.1 Introdução
Em Cosmologia, há uma importante relação entre distância de luminosidade dL e
o redshift z. Nessa relação, há um fator de proporcionalidade denominada de constante de
Hubble H0 [61]. A constante de Hubble H0 é um parâmetro crucial da Cosmologia, pois com
esse parâmetro medimos a taxa atual de expansão, além de obtermos a idade do Universo. O
quebra-cabeça cosmológico envolvendo a tensão em H0 é um problema para os cosmólogos,
devido à diferença entre as medidas do satélite Planck [52], e as medidas da colaboração de
Supernovas do SHOES [56]. As medidas do satélite Planck são dependentes do modelo ΛCDM,
enquanto que as medidas locais de supernovas são independentes de modelo cosmológico. A
tensão chega a um valor de 4, 5σ [62] e sugere uma razão para explorar o modelo ΛCDM, ou
então ter de propor uma nova física para além desta.
59
Capítulo 5. Medindo a constante de Hubble usando as Sirenes Negras 60
ondas gravitacionais assumindo alguns pressupostos para melhor vincular H0 , a previsão foi
que com poucas centenas de eventos puderam estimar a constante de Hubble com uma precisão
de 5%. Analogamente num trabalho recente, os autores estimaram obter a precisão da medição
do H0 em que utilizaram dados simulados com diferentes abordagens, como, por exemplo,
considerando a incerteza sobre o redshift e o conhecimendo prévio da localização do evento a
partir do aglomerado de galáxias [67].
Neste capítulo, melhorando a metodologia apresentada no recente artigo [68],
propomos um método para medir H0 que não é baseado em catálogos de galáxias ou
associado com a contraparte eletromagnética do evento. O procedimento consiste em quebrar
a degenerescência entre H0 − z assumindo uma função de probabilidade de distribuição dos
eventos com base na população em termos do redshift de sistemas astrofísicos de binárias. Em
particular, eventos desse tipo são denominados de Sirenes Padrões Negras.
Em princípio, utilizamos a informação sobre os dados LIGO/Virgo em um recente
artigo [69] para impor alguns vínculos sobre o sistema astrofísico e encontrar de que maneira
a população dos eventos pode ser distribuída. A distribuição dos eventos é restringida pela
sensibilidade do detector. Desse modo, simulamos como os sistemas são distribuídos em termos
da distância, em que variamos os parâmetros da fonte e marginalizamos para obter a distribuição
considerando as sensibilidades dos detectores de segunda geração 2G LIGO/Virgo [4] e de
terceira geração 3G Einstein Telescópio [32]. Utilizamos essa distribuição convolvida com a
taxa astrofísica de eventos em que obtemos uma distribuição de probabilidade dos eventos em
termos do redshift de modo que teremos a informação sobre o z de maneira independente.
O método Bayesiano é utilizado para prever quantas injeções/eventos serão
necessários para obter H0 com determinada precisão, com base na distribuição proposta teórica
de binárias de buracos negros. Em particular, o método aqui proposto executando um processo
de Monte Carlo, obtém uma precisão de H0 com erro padrão de 3% tomando em torno
de O(104 ) eventos, em que essa quantidade é esperada para detectores da terceira geração.
A distribuição dos eventos convolvida com a taxa astrofísica de binárias pode nos fornecer
vínculos sobre as propriedades populacionais das binárias [69], e desse modo podemos testar
modelos populacionais com as futuras detecções. Seguindo o cronograma, apresentamos o
método na seção seguinte.
5.2 Método
O objetivo principal neste trabalho é inferir a constante de Hubble usando o método
das Sirenes Padrões Negras. Adotamos o modelo ΛCDM como padrão na Cosmologia. A
relação entre o redshift z e distância de luminosidade dL em termos do parâmetro de Hubble
H(z) é dada por [53]:
z
dz 0
Z
(t) (1 + z)
dL (z) = , (5.1)
H0 0 E(z 0 )
onde o sobrescrito (t) refere-se ao valor téorico. Com o parâmetro de densidade Ωm + ΩΛ = 1
e E(z):
H(z) p
E(z) ≡ = Ωm (1 + z)3 + 1 − Ωm . (5.2)
H0
Iremos utilizar aqui a análise Bayesiana [70], desse modo devemos construir a função da
posterior. Primeiramente, podemos considerar um único evento de coalescência3 , o sistema
astrofísico de binária contribui com as medições da distância de luminosidade dL , a função
posterior f sobre os parâmetros cosmológicos H0 , Ωm e z é expressa da seguinte forma:
onde assumimos que o prior dos parâmetros H0 and Ωm são independentes desde que sejam
obtidos de maneira independente. Sobre a função do prior, iremos trabalhar aqui com dois
tipos: o uniforme e o gaussiano. O uniforme é dado como sendo igualmente distribuído
entre os valores da distribuição. Enquanto que o prior gaussiano o parâmetro é distribuído
obedecendo a uma função gaussiana com um valor médio e um desvio padrão bem definidos.
O conhecimento sobre o parâmetro Ωm foi obtido de maneira independente usando um prior
advindo das medições de Supernova do PHANTEON dataset [71], em que a função Gaussiana
é dada por:
(Ωm − Ωpm )
p(Ωm ) ∝ exp − 2
, (5.5)
2σm,p
com os respectivos valores Ωpm = 0.298 e σm,p = 0.022. A constante de Hubble é o principal
parâmetro da inferência, então colocamos o conhecimento a priori o menos informativo possível
com H0 igualmente distribuído entre os seguintes valores:
constante se H ∈ [20, 140] km s−1 Mpc−1
0
p(H0 ) ∝ , (5.6)
0 outros valores
por ano [72]. Vale uma ressalva, o método aqui baseia-se sem qualquer informação sobre
a contraparte eletromagnética associada ao evento astrofísico ou que envolva o catálogo de
galáxias (real ou simulado). Inicialmente, modelamos o prior sobre o redshift como o seguinte:
(t)
onde A(H0 , Ωm ) é uma constante de normalização, dC refere-se a distância comóvel e Rm (z)
é a taxa astrofísica de coalescência. A função f (dC (t) ) refere-se a uma função de corte, no
qual depende da sensibilidade do detector e iremos explicá-la em mais detalhes nas subsecções
seguintes. Vamos por parte, a taxa de fusão nos fornece uma informação do número de
coalescência por tempo do detector e por redshift, a expressão geral é dada por [73]:
τ dNm
Rm ≡ , (5.8)
dtd dz
seguindo o artigo do Vitale [73], podemos reescrever a expressão acima em termos da taxa
volumétrica de fusão no referencial da fonte, obtendo assim:
τ 1 dV τ
Rm (z) = R (z), (5.9)
1 + z dz m
dV 4π d2L
= ,
dz H(z) (1 + z)2
3 Z z 2 (5.10)
dV 4π 1 dz 0
= 0
.
dz E(z) H0 0 E(z )
Modelamos o Rτm ao qual é definido como sendo a taxa de formação volumétrica de binárias e
depende do parâmetro τ . Esse parâmetro é a média da distribuição do atraso entre a formação
das binárias e a taxa de coalescências, em que escrevemos da seguinte maneira :
∞
t(zf ) − t(z)
Z
1 dt
Rτm (z) = dzf Rf (zf )exp − , (5.11)
τ z dzf τ
a expressão acima é uma distribuição de Poisson com uma média característica τ . Outra
hipótese que consideramos é a formação volumétrica de binárias sendo proporcional a taxa
de formação de estrelas no mesmo redshift, desse modo temos [73]:
dNf
Rf (zf ) ≡ ∝ ψ(zf ), (5.12)
dV dtf
esta suposição significa que não estamos considerando o atraso temporal entre a formação
estelar e a formação de binárias. Em princípio, adotamos a formação estelar proveniente de
Madau e Dickinson [72], dada por:
(1 + z)2.7 −1 −3
ψ(z) = 0.015 M yr M pc . (5.13)
1+z 5.6
1+ C
Com C = 2.9, além disso adotamos o prior como sendo plano para o parâmetro τ , dado por:
constante se τ ∈ [0, t (H , Ω )]
0 0 m
p(τ ) ∝ , (5.14)
0 outros valores
onde t0 é a idade do universo. Podemos considerar um prior uniforme sobre τ tal que tenha
uma dependência com a taxa de fusão R(z), expressado por:
Z ∞
τ
Rm (z) = dτ p(τ )Rm (z). (5.15)
0
Da formação estelar até a coalescência temos que considerar os seguintes processos. O primeiro
processo é a formação estelar, o segundo processo é formação das binárias e o terceiro processo
é a coalescência. Entre o primeiro e o segundo processo é um tempo muito pequeno quando
comparado ao terceiro processo4 . Por isso consideramos a taxa de formação de estrelas
proporcional a taxa de formação das binárias, enquanto que na fase de coalescência modelamos
segundo uma distribuição de Poisson com uma média representada pelo parâmetro τ .
Um outro ponto importante é sobre a taxa de formação de estrelas, num artigo
recente [74] foi mostrado que usando uma função diferente da Madau e Dickinson expressa em
(5.13) na análise bayesiana produzia um viés (bias) estatístico nas medições de H0 . Contudo,
4
O tempo entre a formação estelar e a formação das binárias está na ordem dos milhões de anos, enquanto que
entre a formação das binárias e a coalescência está na ordem dos bilhões de anos.
10 21
2G
3G
10 22
1/2)
Sn (Hz
10 23
10 24
10 25
100 101 102 103
f (Hz)
Figura 5.1: Densidade de ruído espectral da colaboração LIGO/Virgo para segunda geração
(2G) [76] e terceira geração (3G) do ET [77].
O sinal produzido pelo sistema astrofísico que chega ao equipamento tem um limiar
inferior determinado pela relação sinal-ruído, dada pela expressão [5]:
"Z #1/2
∞
|h̃(f )|2
SN R = 2 df , (5.16)
0 Sn (f )
onde h̃+,× (f ) são as duas polarizações no domínio das frequências, F+,× (α, δ, ψ) são funções
que dependem dos ângulos que se referem à localização no céu (α, δ) e a polarização da onda
ψ. As expressões analíticas das polarizações h̃+,× (f ) são escritas como [5]:
1/2
π −2/3 5/6 −7/6 1 + cos2 ι
5
h̃+ = M f eiφ(f ) ,
24 dL (z) 2
1/2 (5.18)
π −2/3 5/6 −7/6
5
h̃× = M f cosιeiφ(f )+iπ/2 ,
24 dL (z)
o valor limite entre as duas distribuições em mth = 40M . A razão entre as massas do sistema
(dada pelo raio de massa q = m2 /m1 ) é assumida com uma distribuição plana em p(q) entre
(0.1, 1) em que consideramos um corte na massa secundária inferior a 1.5M .
Já a terceira geração é sensível a uma massa total do sistema ∼ O(104 )M ,
onde consideramos uma janela na distribuição de massa primária de binárias de buracos
negros entre 80M e 120M massas solares, essa diferença é devido à instabilidade de
supernova para produção de pares elétron e pósitron [78]. Então, para detectores de terceira
geração a distribuição de massa é completamente desconhecida, por esta razão assumimos uma
distribuição logarítmica uniforme no prior p(m1 ) ∝ 1/m1 entre (1.5, 80)M em que repetimos
a distribuição da função p(q) da segunda geração. Enquanto que entre (120, 104 )M assumimos
a razão entre as massas para uma região distribuída com a probabilidade de p(q) ∝ q 1/2 .
Simulamos sistemas de binárias utilizando a sensibilidade do detector para cada
5
Este é um aspecto importante porque a segunda geração é sensível à massa total do sistema ∼ O(100)M .
ruído LIGO/ET com limiar SN R > 8. E assim obter a f (dC t ), por fim determinar o prior total.
As amostras utilizadas nas simulações são resumidas na tabela seguinte:
cut(2G) cut(3G)
com valores ajustados dC = 320M pc e dC = 7.9Gpc. No caso 2G, apenas as fontes
com redshift próximo são visíveis, consequentemente a medida que a distância aumenta, o
número de detecções diminui exponencialmente. O caso 3G é um pouco diferente, existe uma
grande variedade de eventos para pequenos redshifts. A dependência no numerador da massa
chirp redshifted (1+z)5/6 cancelando o denominador de dc (1+z), desse modo o comportamento
da distribuição decai d−1
C (1 + z)
−1/6
(com uma dependência muito fraca em z) e conforme o
redshift aumenta gradualmente o valor de dC torna-se aproximadamente constante a ∼ 12Gpc.
Além disso, note-se a dependência da massa redshifted chirp com o redshift na expressão do
sinal-ruído, onde utilizamos aqui os valores fiduciais assumindo o modelo ΛCDM para H0 f id =
69.32km/M pc/s e Ωm f id = 0.293. Os ajustes normalizados para cada função são mostrados
nas Fig. 5.2 e Fig. 5.3, e notemos a diferença entre as duas distribuições.
lin
0.007 2G
0.006
0.005
0.004
0.003
0.002
0.001
0.000
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Dc (Mpc)
0.000200 fit
3G
0.000175
0.000150
0.000125
0.000100
0.000075
0.000050
0.000025
0.000000
2000 4000 6000 8000 10000 12000
Dc (Mpc)
5.2.3 Verossimilhança
onde mostramos na Fig. 5.4 algumas funções de distribuição de probabilidade para eventos reais
de ondas gravitacionas obtidas do LIGO/Virgo. Note que cada evento tem um erro relativo σ
onde τ é a média da distribuição poissoniana além disso é um parâmetro que não estamos
interessados em medí-lo diretamente. Ao considerar agora N eventos {dL,i } para a equação
acima, obtemos:
N Z
Y
f (H0 , Ωm , τ |dL,i ) ∝ p(H0 )p(Ωm )p(τ ) × dzi p(zi |H0 , Ωm , τ )L(dL,i |H0 , Ωm , zi ), (5.22)
i
onde para cada ponto no espaço dos parâmetros (H0 , Ωm , τ ) faremos uma integral sobre o
redshift numericamente para obter a posterior f.
Vamos tomar alguns limites do método para uma análise completa do problema
sobre a inferência estatística.
1. Baixo redshift
Um ponto de vista interessante é considerar o caso para baixo redshift. Para este
limite, assumimos o valor de z → 0, o que resulta o prior sobre o redshift como sendo:
z→0
p(z|H0 , Ωm ) ∝ d2L , (5.23)
o resultado acima é devido o volume comóvel resultar em dV /dz ∼ d2L neste limite. Enquanto
que as funções Rf (z) e Rm (z) são aproximadamente constantes e a função f (dC ) vai para um.
Um aspecto interessante sobre esse caso para baixo redshift é porque não há maneira de quebrar
a degenerescência entre o H0 − z, a função do prior proposto não tem informação sobre o valor
de z (ou sobre alguma informação Cosmológica), depende apenas da distância de luminosidade
dL e esta informação é fornecida pelas observações das ondas gravitacionais.
2. Erro Negligenciável da Distância de Luminosidade
σL
Para este limite, tomamos que a relação dL
→ 0, isso resulta que a função de
Verossimilhança torna-se uma função Delta de Dirac. Logo, explicitando o lado direito derivado
na última subseção usando a expressão (5.22), resulta em:
n Z
(t)
/dL cut
Y
f (H0 , Ωm , τ |{dL,i }) ∝p(H0 )p(Ωm )p(τ ) τ
dzi ARm (zi )e−dL δ(dL,i − dL (t) (H0 , Ωm , zi )),
i=1
n (t)
Y cut ∂z
f (H0 , Ωm , τ |{dL,i }) ∝p(H0 )p(Ωm )p(τ ) τ
ARm (zi , H0 τ, Ωm )e−dL,i /dL ∂d (t) ,
i=1 L
(5.24)
onde utilizamos as propriedades da função Delta de Dirac. Nesse limite, o termo que depende
da sensitividade do detector não possui qualquer informação cosmológica.
3. Números Infinitos de Eventos
O método Sirenes Negras tem dois pontos onde se deve ter cuidado ao executar o
processo de Monte Carlo. Esses estão relacionados com o problema de inferência, um ponto
é a incerteza sobre σL proveniente da distância de luminosidade. Segundo ponto, o método é
limitado pelo número finito n que provém das observações. Além disso, podemos provar que
n
Y
f (H0 , Ωm , τ |{dL,i }) ∝ f (dL,i |H0 , Ωm , τ ), (5.25)
i
onde o lado direito da expressão acima é a distribuição teórica em que na troca de variáveis o
Jacobiano é absorvido. Analisando a expressão acima é mostrado que no limite quando n → ∞
a probabilidade da posterior é maximizada, isso significa que recuperamos os valores fiduciais
dos parâmetros iniciais.
4. Modelo Teste
Para compreender melhor o limite com n → ∞, tomemos um simples modelo que
representa o prior sobre o redshift dado por:
3
z 2 −z/zf −cz/H0 dL cut
c 1
p(z|H0 ) = + e e , (5.26)
H0 dcut
L zf 2
H0 dL cut H0 d¯L
lnf (H0 , {dL,i }) =3nln +1 −n ,
czf czf
H0 dL cut
H0 3zf zc c
=3nln +1 −n , (5.27)
czf czf zf + zc H0 f id
H0 dL cut
H0 zc
=3n ln +1 − ,
czf H0 f id zf + zc
p(z|H0 )
2.0
Rm ∝ z2 e-z/zf
1.5 exp(-dLt /dLcut )
p(z|H0 ,τ)
0.5
0.0
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
z
Figura 5.5: Modelo teste da expressão em (5.26) representado pela linha em azul com dL cut =
700M pc, a linha vertical em cinza representa o z médio.
1 ∂ 2 lnL(θα )
lnL(x; θα ) ≈ lnL(θ̂α ) + (θα − θ̂α )(θβ − θ̂β ), (5.29)
2 ∂θα ∂θβ
onde x são os dados e θα são os parâmetros. A primeira derivada é zero calculada no ponto
máximo e o segundo termo da expressão acima, com um sinal de menos, é definido como sendo
6
Um grande número de injeções no processo estatístico.
0.8 p(z|H0 )
Rm ∝ z2 e-z/zf
0.6 exp(-dLt /dLcut )
p(z|H0 ,τ)
dLcut =4.0 Gpc
0.4
0.2
0.0
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
z
Figura 5.6: Modelo teste da expressão em (5.26) representado pela linha em azul com dL cut =
4000M pc, a linha vertical em cinza representa o z médio.
∂ 2 lnf (dcut
L )
2
= −3n , (5.33)
∂H02 (H0 dcut
L + czf )
2
7
Esta será útil para mostrar alguns resultados na próxima seção.
substituindo a expressão acima na (5.31) para encontrar o erro relativo do parâmetro H0 , temos:
com zc = zf /H0 dL cut e note a dependência em n. Tomando o limite de n indo para um número
infinito de eventos o erro associado ao H0 vai a zero. O processo estatístico para a posterior
neste caso é mostrada na Fig. 5.7.
zs =0.5, dcut 3
L =700 Mpc, n=10 , σH0 =5.2 km/s/Mpc
zs =0.5, dcut 4
L =4.0 Gpc, n=10 , σH0 =0.62 km/s/Mpc
1.0
0.8
posterior
0.6
0.4
0.2
0.0
0.55 0.60 0.65 0.70 0.75 0.80 0.85
h
Figura 5.7: Previsão do modelo usado nesta subseção, note que conforme o número de injeções
cresce melhor vinculamos o valor do H0 . Enquanto que o dcut
L está relacionado diretamente com
o número de observações, em outras palavras quanto maior o dcut
L maior o número de eventos
para o mesmo redshift.
A modelagem aqui tratada assume um modelo simples que nos fornece uma
previsão. Os gráficos de probabilidade da posterior mostrada na Fig. 5.7 nos diz que ao
aumentar o número de observações diminui o erro relativo do parâmetro, claro que nesta
aproximação não consideramos a degenerescência entre os parâmetros H0 , Ω e τ . Na secção
seguinte, mostraremos alguns resultados para uma previsão mais realista.
5.3 Resultados
Vamos resumir o método aplicado neste trabalho e apresentar alguns resultados.
Com base na análise Bayesiana, queremos inferir a constante de Hubble H0 utilizando as ondas
gravitacionais advindas de sistemas astrofísicos de binárias. Assumimos o modelo ΛCDM onde
temos uma relação entre a distância de luminosidade dL e o redshift z com a constante de
Hubble sendo o fator de proporcionalidade entre essas duas quantidades. O método Sirenes
Negras consiste em obter a informação do redshift (já que as ondas gravitacionais nos fornecem
informações sobre o dL ) extraída de uma distribuição teórica da população de eventos para
assim relacionar essa distribuição com a função da posterior e assim obter com quantas injeções
podemos obter H0 com determinada precisão.
A fim de obter o prior sobre o redshift, simulamos sistemas de binárias em torno de
106 eventos e encontramos um dcut
C que se refere a detectores da segunda e terceira geração. A
são utilizadas para obter a distribuição normalizada dos eventos8 . O comportamento analítico da
distribuição cresce com z 2 para pequeno redshift e consequentemente para alto z decai devido à
sensibilidade do detector e ao número de fontes diminuir, a distribuição total normalizada com
τ = 5Gyr é mostrada na Fig. 5.8.
250
200
a.u.
150
100
50
0
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
z
Figura 5.8: Distribuição dos eventos normalizados para segunda e terceira geração (linhas
laranja e verde respectivamente) e a taxa de formação (linha azul).
8
Para derivar em termos de redshift z fazer uma transformação de dc para z.
O prior total substituindo na relação (5.22) onde fizemos uma integração numérica,
ou seja, para cada injeção do evento a integração será resolvida e depois somada sobre todo
o número N para obter a posterior. De modo que, a análise de Monte Carlo nos fornece uma
estimativa de quantas detecções futuras advindas da terceira geração poderão ser utilizadas
para obter H0 com determinada precisão. O gráfico do corner mostra uma projeção sobre
as funções de distribuição de probabilidades em termos dos parâmetros da inferência. Para o
nosso problema, temos o espaço dos parâmetros com valores fiduciais H0f id = 69.3km/M pc/s,
Ωm = 0.293 e τ = 5Gyr representados pelas linhas verticais. Os resultados da simulação para
N = 103 e N = 203 são mostrados na Fig. 5.9 com um erro relativo σdL de 5%.
O processo de Monte Carlo pode por vezes sobrecarregar o processo computacional
devido a injeção de mais eventos utilizando o método proposto. No entanto, existe uma
forma alternativa analisando a função de probabilidade, chamada Estimativa de Máxima
Verosimilhança (MLE) [79]. De forma semelhante, para obter a máxima posterior (como
fizemos para o modelo considerado em (5.34)) podemos utilizar a matriz de Fisher para obter a
matriz de covariância e depois adquirir as regiões elípticas. A relação entre a matriz de Fisher e
a matriz de covariância bidimensional é dada por [79]:
σx2 σxy
F −1 = , (5.35)
σyx σy2
onde "a"e "b"são o semi-eixo maior e o semi-eixo menor e θ é o ângulo com o eixo "x". Logo, os
resultados com diferentes números de injeções são expressos na seguinte tabela 5.1 e o gráfico
com 1 σ de contorno na Fig. 5.10. Vale ressaltar que o viés (bias) é a diferença entre o valor
esperado de uma variável aleatória e o valor do modelo real (em termos estatísticos) [70]. Além
disso, note que recupera o valor fiducial de H0 e τ dentro da região de 1σ de confiança, onde
esses dois parâmetros são correlacionados entre si.
σH0 /H0
# injs
σdL /dL = 5% σdL /dL =
10%
10,000 4.9% 12.1%
20,000 3.0% 7.6%
40,000 2.7% 6.5%
Tabela 5.1: Previsão dos vínculos relativos sobre o H0 para a terceira geração de detectores de
ondas gravitacionais.
#injs: 20k
#injs: 10k
12
10
0.35
0.30
m
0.25
5.4 Discussão
As observações de ondas gravitacionais inauguraram uma nova oportunidade para
explorar o atual modelo cosmológico padrão. Em primeiro lugar, nos fornece informações
sobre a distância de luminosidade no qual é independente de modelo, pois possuem um
erro sistemático diferente dos outros observáveis utilizados até o presente momento. Em
segundo lugar, podem desempenhar um papel fundamental na determinação dos parâmetros
cosmológicos nas medidas tanto para altos como baixos redshifts devido a distribuição dos
1 -contour
6.00
5%
5.75 10%
40000
20000
5.50 10000
inj
5.25
(Gyr)
5.00
4.75
4.50
4.25
4.00
66 68 70 72 74
H0(km/sec/Mpc)
Figura 5.10: Regiões de 1σ utilizando o método das matrizes de Fisher, no nosso problema
consideramos os parâmetros H0 e τ da matriz bidimensional.
sistemas binários.
O problema cosmológico envolvendo a tensão em H0 é um problema em aberto na
Cosmologia. Os métodos na literatura atual envolvendo as Sirenes Padrões consistem em duas
maneiras para se obter a informção do redshift. Uma dessas envolve a técnica que consiste em
combinar as detecções de ondas gravitacionais de binárias de estrelas de nêutrons e a contraparte
eletromagnética associada ao evento. A outra maneira, chamado de Sirenes Escuras, consiste
em combinar os eventos e determinar a contraparte eletromagnética com o catálogo disponível
de galáxias.
Neste trabalho, propomos outro método, apelidado de Sirenes Negras, que
consiste em construir uma distribuição teórica de sistemas de binárias, e nos fornece uma
forma alternativa de obter informações desconhecidas sobre o redshift do sistema astrofísico
associado, levando em conta a sensibilidade do detector. Baseado na Estatística Bayesiana,
fazemos previsões sobre a quantidade do número de observações terão que ser realizadas para
obter uma certa precisão na determinação de H0 . Os resultados até ao momento são descritos na
última secção, onde se obtém uma precisão na determinação de H0 com 40.000 eventos9 com
9
No qual se espera com detectores de terceira geração.
um erro de 2%. Além que esse valor encolhe ao passo que aumentamos o número de injeções.
Outro aspecto interessante que pode ser analisado é o de testar a distribuição dos eventos no
futuro com o prior sobre o redshift construído aqui neste trabalho.
Sobre as perspectivas futuras, podemos usar o método utilizando os catálogos de
galáxias sintéticas da referência [80] que têm informações completas em comparação com as
galáxias reais.
81
Capítulo 6. Considerações Finais 82
4 ABBOTT, B. P. et al. Observation of gravitational waves from a binary black hole merger.
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12 EINSTEIN, A. Zur elektrodynamik bewegter körper [adp 17, 891 (1905)]. Annalen der
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83
Referências Bibliográficas 84
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Review X, APS, v. 9, n. 1, p. 011001, 2019.
67 GRAY, R. et al. Cosmological inference using gravitational wave standard sirens: A mock
data analysis. Physical Review D, American Physical Society (APS), v. 101, n. 12, Jun 2020.
ISSN 2470-0029. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1103/PhysRevD.101.122001>.
89
90
T 0k xj + T 0j xk = (T 0l xj xk ),l + Ṫ 00 xj xk , (1)
1 ij k l 1
(T x x ),ij = T kl + T̈ 00 xk xl − (Ṫ 0k xl + Ṫ 0l xk ), (2)
2 2
tomando o lado direito da equação (1), temos:
=(T 0l xj xk ),l + Ṫ 00 xj xk
=T 0j xk + T 0k xj + (T 0l ),l xj xk + Ṫ 00 xj xk
(3)
=T 0j xk + T 0k xj − Ṫ 00 xj xk + Ṫ 00 xj xk
=T 0j xk + T 0k xj
1
=T kl + T̈ 00 xk xl − (Ṫ 0k xl + Ṫ 0l xk )
2 (4)
1
=T kl − (Ṫ j0 ),j + [(T jk ),j xl + (T jl ),j xk ]
2
1
= (T ij xk xl ),ij ,
2
1 ij k l 1 1
= [(T ),i x x ],j + [T kj xl ],j + [T lj xk ],j ,
2 2 2 (5)
1 ij
kl
=T + (T ),ij x x + (T ),i x + (T il ),i xk ,
k l ik l
2
1
=T + (−Ṫ j0 ),j xk xl + [(T ik ),i xl + (T il ),i xk ],
kl
2
e note que a última linha na equação acima é a mesma equação em (4). Vamos mostrar agora
a fórmula do Quadrupolo, a integral sobre todo o volume usando o teorema de Stokes é zero
devido a conservação, temos então:
Z
d3 x0 (T 0l xj xk ),l =0,
Z (6)
d3 x0 (T ij xj xk ),ij =0,
Assumindo a direção de propagação em ẑ, com o sistema localizado nos eixos x-y.
O tensor projetor Λ assume a seguinte forma:
1
Λij,kl Akl =[Pik Pjl − Pij Pkl ]Akl ,
2 (10)
1
=(P AP )ij − Pij T r(P A),
2
enquanto que a parte do traço é simplesmente Pij T r(P A) = (A11 +A22 )Pij . Deste modo temos
que a expressão em (10) assume a seguinte forma:
(A11 − A22 )/2 A12 0
Λij,kl Akl = −(A11 − A22 )/2 0 , (13)
A21
0 0 0
dE 1
= < ḣ2+ + ḣ2x >, (14)
dAdt 16πGN
onde < ... > é a média sobre todas as frequências angulares orbitais, reescrevendo em termos
do quadrupolo, onde explicitamos em termos do fluxo de energia:
... ...
Z
dE GN dΩ
= Λij,kl < Qij Qkl >, (15)
dt 2 4π
explicitamos o tensor Λ em termos das componentes dos vetores normais, após esse
procedimento usamos o resultado logo acima para calcular a integral em dΩ de maneira que
obtemos [5]:
... ...
dE GN 1
= < Qij Qij > δik δjl − δij δkl ,
dt 5 3
(17)
dE GN ... ...
TT TT
= < Qij Qij >,
dt 5
sendo que QTijT = Qij − 31 Qij Qkl . Usando a parametrização circular no plano x-y, obtemos:
1
Qxx =µx2 = µr2 cos(2ωt),
2
1
Qxy =µxy = µr2 sin(2ωt), (18)
2
1
Qyy =µy 2 = − µr2 cos(2ωt),
2
dE 32GN ω 6 µ2 r4
= , (19)
dt 5
µ
para o problema de dois corpos devemos usar a relação η = M
, tal que µ é a massa reduzida,
isolando ω e M da Lei de Kepler v 2 = (ωr)2 = GN M/r, e substituindo na equação acima,
resulta [5]:
dE 32 η 2 c5 v 10
= . (20)
dt 5 GN
Agora encontrando como a frequência da onda gravitacional evolui com o tempo, a frequência
é dada por fgw = ω/π, e usando a terceira Lei de Kepler ω = v 3 /GN M , então a frequência:
v3
fgw = , (21)
πGN M
dfgw 3v 2 v̇
= , (22)
dt πGN M
Ė
v̇ = − ,
ηM v
(23)
32 ηv 9
v̇ = − ,
5 GN M
dfgw 96π
= η(πGN M )5/3 f 11/3 , (24)
dt 5
a equação acima, além da amplitude obtida, é uma outra medida de utilidade para a análise de
dados.
h00 =2φ,
b0 =b − Ċ − ξ0 ,
1
ψ 0 =ψ + ∇2 C, (27)
3
e0 =e − 2C,
h‘TijT = hTijT ,
1
ψ e ≡ψ + ∇2 e,
6
Φ ≡φ + b + ė,
(28)
1
Vi ≡βi − Ḟi ,
2
hTijT ≡hTijT .
E analogamente ao que foi feito para a perturbação, podemos decompor o tensor energia-
momento da seguinte maneira [6]:
T00 =ρ,
para ν = 0:
−ρ̇ + ∇2 S = 0,
∇2 S = ρ̇, (30)
para ν = j:
∂ 0 T0j + ∂ i Tij = 0,
3 3
∇2 σ = − p + Ṡ, (31)
2 2
∇2 σi = 2Ṡi . (32)
1
− (h̄µν + ηµν ∂ ρ ∂ σ h̄ρσ − ∂µ ∂α h̄αν − ∂ν ∂α h̄αµ ) = 8πGN Tµν , (33)
2
Encontrando G0i ;
1
− (h0i − ∂0 ∂α h̄α0 ) = 8πGN T0i ,
2
1 2
∇2 βi − 4∂i ψ̇ − ∇2 Ḟi − ∂∇2 ∇2 ė = −16πGN (Si + ∂i S),
2 3
tal que a componente 0i resulta em duas equações, uma parte vetorial:
2 1
∇ βi − Ḟi = −16πGN Si ,
2
∇2 Vi = −16πGN Si , (35)
em uma equação vetorial que usando a conservação do Tµν é a mesma da equação em (35). E
por último resulta em uma equação tensorial dada por:
onde usando as definições feitas nas expressões em (28). Reunindo as equações de Einstein em
termos das quantidades invariantes de gauge, temos [6]:
∇2 ψ e =4πGN ρ,
∇2 Φ =4πGN (ρ + 3p − 3Ṡ),
(39)
2
∇ Vi = − 16πGN Si ,
M
ρ(t, r) = (1 − Θ(t))M δ 3 (~x) + ∆(t − r), (40)
4πr2
onde Θ(t) e ∆(t − r) são funções suaves da Heaviside e da Delta de Dirac respectivamente,
com o termo de pressão dado por:
M
p= . (41)
12πr2
queremos obter a parte escalar das duas primeiras equações em (40), o intuito é resolver
integrais do tipo:
Z
−2 1 1
∇ f (r) = − d3 x0 f (r0 ) ,
4π |~x − ~x0 |
Z ∞ Z π
1 0 0 02 sinθdθ
=− (2π) dr f (r )r 2 0 2 0 1/2
,
4π 0 0 (r + r − 2rr cosθ)
(42)
1 ∞ 0 0 r0
Z
=− dr f (r ) [|r + r0 | − |r − r0 |] ,
2 0 r
Z r Z ∞
1 0 0 02
=− dr f (r )r − dr0 f (r0 )r0 .
r 0 r
Para determinar completamente a parte escalar falta determinar S, usando a expressão derivada
acima, encontramos:
Z
1 ρ̇
S =− d3 x0 ,
4π |~x − ~x0 |
!
∆(t) M M 1 r 0˙
Z Z ∞ ˙ − r0 )
∆(t
= − dr ∆(t − r0 ) + dr0 , (43)
4π r 4π r 0 r r0
M ∞ 0 ∆(t − r0 )
Z
= dr ,
4π r r 02
cálculos.
Z Z Z
ρ
3 0 3 0 p Ṡ
Φ = − GN d x 0
− 3GN d x 0
+ 3 d3 x0 ,
|~x − ~x | |~x − ~x | |~x − ~x0 |
0 Z ∞
3 0 M ∆(t − r )
Z Z
GN M 3 0 1 M
= − (1 − Θ(t)) + dx 2 − 3GN d x dr00 ∆(t − r00 ),
r 0
4πr |~x − ~x | 0 0
|~x − ~x | r0 2πr002
(45)
vamos por partes, as duas primeiras expressões para o potencial Φ são similares aos cálculos
feitos para encontrar ψ e . Vamos resolver em detalhe a última integral, onde denominaremos de
(I):
Z Z ∞
1
3 0 M
(I) = − 3GN d x dr00 ∆(t − r00 ),
0
|~x − ~x | r0 2πr003
Z r 02 Z ∞ 00 Z ∞ Z ∞ 00
0r 00 ∆(t − r ) 0 0 00 ∆(t − r )
(I) = − 6GN M dr dr + 6G N M dr r dr ,
0 r r0 r003 r r0 r003
Z r00 02 Z r 00 Z r 02 Z ∞ 00
0r 00 ∆(t − r ) 0r 00 ∆(t − r )
(I) = − 6GN M dr dr − 6G N M dr dr ...
0 r 0 r003 0 r r r003
Z r00 Z ∞ 00 Z ∞ Z ∞ 00
0 0 00 ∆(t − r ) 0 0 00 ∆(t − r )
... − GN M dr r dr − 6G N M dr r dr
0 r0 r003 r r0 r003
Z ∞
∆(t − r0 ) r2
GN M
(I) = + 2 (Θ(t − r) − Θ(t)) − GN M dr0 3 − .
r r r0 r 02
(46)
Substituindo o resultado acima na equação (46), obtemos Φ explicitamente:
∞
− r0 ) r2
Z
GN M 0 ∆(t
Φ = −(1 − Θ(t − r)) − GN dr 2 − 02 , (47)
r r r0 r
derivada do ψ e :
Z ∞ ˙ − r0 )
∆(t
ψ̈ =e
dr0 ,
r r 02
Z ∞ 0
(48)
∆(t − r) 0 ∆(t − r )
= − 2 dr ,
r2 r r 03
e tomando o gradiente do Φ:
∞
∆(t − r0 )
Z
GN M GN M M
Φ ,i
=xi 3 − xi 2 ∆(t − r) − xi 3
Θ(t − r) − 2GN M ∂ i
dr0 ,
r r r r r0
Z ∞ 0 Z ∞ 0
i 0 ∆(t − r ) 2 i 0 ∆(t − r )
= + 2GN M x dr + GN M r ∂ dr ,
r r03 r r 03
Z ∞ 0
,i i GN M GN M 0 ∆(t − r )
Φ =x − Θ(t − r) 3 + 2GN M dr ,
r3 r r r 03
xi xj xi xj δji
,i i
Φj =GN M δj − 3 5 (1 − Θ(t − r)) − GN M ∆(t − r) 4 − 2GN M Θ(t − r) 3 ,
r r r
(49)
e finalmente obtemos todas as contribuições escalares do tensor de Riemman e assim podemos
calcular as contribuições na equação do desvio da geodésica mostrada em detalhes no capítulo
2.
0.007 + 0.27(z/3.7)2.5
ψRE (z) = 6.4
+ 0.003 M yr−1 M pc−3 , (50)
1 + (z/3.7)
as duas funções estão plotadas na Fig. 1, note que as duas taxas são quantitativamente diferentes
onde o pico das respectivas funções ocorrem em redshifts diferentes. Na Fig. 2 expressa que a
taxa de formação de estrelas de Madau e Dickison é ajustada com o parâmetro C = 4.5, desse
modo as duas taxas são quantitativamente iguais. Logo, adicionamos no problema de inferência
o parâmetro C de modo que não temos interesse em medí-lo diretamente (do mesmo modo com
o parâmetro τ ).
0.30
DM
RE
0.25
0.20
0.15
0.10
0.05
0.00
0 2 4 6 8 10
z
Figura 1: Gráfico das funções da taxa de formação de estrelas de Madau e Dickson (linha azul)
vs Robertson e Ellis (linha laranja).
0.7
DM
0.6 DM4.5
RE
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0.0
0 1 2 3 4 5
z
Figura 2: Comparação das taxas de formação de estrelas em linha azul a expressão em (5.13),
em laranja a mesma expressão (Madau e Dickison) com um valor ajustado para o C = 4.5 e em
verde a expresão de Robertson e Ellis.
#injs: 20k
#injs: 10k
12
10
0.35
0.30
m
0.25
4.8
4.6
C
4.4
4.2
4.0