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NATAL - RN
M ARÇO -2012
C ARLOS A LEXANDRE A MARAL A RAÚJO
NATAL - RN
M ARÇO -2012
Para Pessoas Especiais:
i
A GRADECIMENTOS
À Deus.
Aos meus pais, Luiz Carlos Tavares Costa Araújo e Antonia Amaral Araújo, pela
criação, amor e carinho que sempre me deram, fazendo com que eu me transforma-se num
homem digno e honesto.
À Vera Lúcia Barbosa pela amizade e carinho que tem comigo e com os meus
pais.
À minha namorada, Aline Rodrigues Mendes Vieira, que me deu muito apoio,
amor e carinho, além de ter tido muita paciência nos meus momentos de estresse.
À todos os professores do IFMA, campus São Luís - Monte Castelo, que con-
tribuíram durante a minha graduação.
ii
“A imaginação é mais importante que o conhecimento.
Conhecimento auxilia por fora, mas só o amor socorre por
dentro. Conhecimento vem, mas a sabedoria tarda.”
(Albert Einstein)
iii
R ESUMO
iv
A BSTRACT
v
LISTA DE FIGURAS
2.1 Cristal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.4 Cristais Fotônicos Naturais. (a) Borboleta, (b) besouro e (c) peixe. . . . . . . . . . . . 11
2.7 Estrutura de bandas de um cristal fotônico tridimensional com rede cúbica de face
centrada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.9 Estrutura de bandas de um cristal fotônico com rede cúbica de face centrada inver-
tida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.10 Cristal fotônico tridimensional com rede cúbica de face centrada invertida. . . . . . 16
vi
3.3 Onda num meio dielétrico com perdas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.2 Ñ H
Representação do tripleto E, Ñ eS
Ñ em materiais com índice de refração positivo e
negativo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.4 Ampliação da Figura 4.1 para a região 17.34 THzB ω B 26.01 THz e 0.0 B kx dA B 0.25. 54
4.7 Estrutura de banda polaritônica plotada como uma função do vetor de onda no
plano reduzido Kx kx L~2π . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.8 Distribuição das larguras de bandas dos polaritons de fônons, para kx dA 0.5,
como uma função do número da geração n. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.9 representação log-log da largura total das regiões permitidas ∆ versus o número
de Fibonacci Fn , para três valores diferentes do vetor de onda no plano adimen-
sional kx dA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
vii
5.4 Modo TE (ondas eletromagnéticas com polarização s) do espectro de emitância
como uma função da frequência ω (em THz) e do ângulo de incidência θ na estru-
tura quasi-periódica de Fibonacci (nona geração). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
viii
SUMÁRIO
1 Introdução 1
2 Cristais Fotônicos 7
2.1 Cristal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.5.6 Dispersão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
ix
3.2 Propagação das Ondas: Equações de Maxwell . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Referências bibliográficas 79
Apêndice 98
x
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Richard P. Feynman
1
Capítulo 1. Introdução 2
contamos com uma coleção de materiais totalmente artificiais com uma gama enorme
de propriedades mecânicas, graças aos avanços em pesquisas científicas que refletiram
melhoras substanciais em vários ramos da indústria, onde podemos destacar a metalurgia
e a cerâmica [1].
Desde o século XX, o nosso controle sobre os materiais aumentou tanto que já
podemos manipular suas propriedades elétricas. Os avanços na física de semicondutores
nos permitiram adequar as propriedades de condução de certos materiais, dando início a
revolução do transistor na eletrônica. A partir da utilização de novas ligas e cerâmicas,
cientistas têm desenvolvido, por exemplo, materiais supercondutores a altas temperaturas
e outros materiais exóticos que poderão servir como base para futuras tecnologias.
Nas últimas décadas, surgiu um novo desafio para a ciência: controlar as pro-
priedades ópticas dos materiais. Vários dispositivos tecnológicos, vistos apenas em filmes
de ficção, se tornariam realidade se conseguíssemos desenvolver materiais que respon-
dessem às ondas de luz da seguinte maneira: refletindo-a perfeitamente, em alguns inter-
valos de frequências, ou confinando-a dentro de um determinado volume. Atualmente,
os cabos de fibra óptica, que simplesmente guiam a luz, estão revolucionando a indústria
de telecomunicações. Além disso, com o desenvolvimento de novos materiais ópticos,
teríamos muitos avanços na fabricação de lasers, na computação de alta velocidade e no
campo da espectroscopia, só para citar alguns exemplos de áreas que seriam diretamente
beneficiadas.
A discussão feita até aqui suscita o seguinte questionamento: que tipo de material
pode nos proporcionar o controle completo sobre a propagação da luz? A resposta dessa
pergunta é o objeto de estudo desta tese. Faremos uma abordagem teórica de um disposi-
tivo óptico capaz de controlar a propagação da radiação eletromagnética. Esse disposito
é conhecido na literatura como Cristal Fotônico. Ele tem o comportamento análogo ao
controle que o cristal eletrônico impõem ao movimento dos elétrons. O cristal fotônico
é uma estrutura que apresenta uma periodicidade bem definida no índice de refração,
podendo ser unidimensional, bidimensional e tridimensional. De modo análogo ao que
ocorre num semicondutor é formada uma estrutura de bandas devido à periodicidade do
índice de refração.
Ele consiste em dois ou mais materiais dielétricos dispostos num padrão quasi-periódico
com simetria não cristalográfica [2]. Recentemente, tem sido demonstrado que estruturas
qiasi-cristalinas são promissoras na construção de materiais que possuem band gaps fotôni-
cos [3–6].
Fl F l 1 F l 2 , (1.2)
F l 1
τl , (1.3)
F l 2
F l 3
τl 1 , (1.4)
F l 2
1
τl 1 , (1.5)
τ l 1
τ 1 τ 1 (1.6)
º
1
que tem como uma das soluções τ 2 1 5. Assim, encontramos a razão áurea no
Capítulo 1. Introdução 5
nosso modelo de quasi-cristal fotônico. Daqui pra frente, vamos utilizar o termo cristal
fotônico tanto para as estruturas periódicas quanto para as estruturas quasi-periódicas de
Fibonacci.
Esta tese está estruturada em seis capítulos. Este primeiro buscou apresentar,
brevemente, a evolução histórica das ações humanas no que diz respeito à manipulação
dos recursos naturais, desde a pré-história até os dias atuais, com o objetivo de atender
suas necessidades em cada período histórico. Também, fizemos uma breve descrição so-
bre os cristais fotônicos, os quasi-cristais e a sequência quasi-periódica de Fibonacci. No
segundo capítulo, apresentamos um estudo comparativo entre o cristal eletrônico, que
possui uma teoria bem consolidada, e o cristal fotônico. Em seguida, apresentaremos
a evolução histórica no estudo dos cristais fotônicos, suas propriedades e algumas apli-
cações tecnológicas.
permissividade elétrica ω é caracterizada por uma função dielétrica dependente das
frequências dos polaritons de fonons, enquanto para a permeabilidade magnética µω
temos uma função dependente da frequência tipo Drude. Da mesma forma que um cristal
fotônico unidimensional, este meio efetivo em camadas, chamado cristal polaritônico, nos
permitem o controle da propagação eletromagnética, gerando regiões denominadas de
band gaps polaritônicos. Os espectros de emitância serão determinados por meio de um
modelo teórico bem conhecido baseado na segunda lei de Kirchoff, combinado com o for-
malismo da matriz-transferência. Por fim, no sexto capítulo, faremos as considerações
finais e apresentaremos algumas sugestões de possíveis extensões deste trabalho.
CAPÍTULO 2
CRISTAIS FOTÔNICOS
Stefan F. Preble
Nas últimas décadas, a Física procura encontrar uma resposta para a seguinte
questão: que tipo de material pode proporcionar o controle completo sobre a propagação
da luz? Para solucionar esse problema vários pesquisadores têm feito analogias com os
estudos, bem sucedidos, sobre os materiais eletrônicos. Esses estudos descrevem o com-
portamento dos elétrons dentro dos sólidos cristalinos. Porém, antes de entender essa
dinâmica deve-se compreender o que é um cristal.
2.1 Cristal
7
Capítulo 2. Cristais Fotônicos 8
Logo depois, o britânico Willian Henry Bragg (1862-1942) e seu filho William
Lawrence Bragg (1890-1971), nascido na Austrália, demonstraram uma relação matemática
que estabelece a condição para que ocorra interferência construtiva entre as ondas espa-
lhadas pelos pontos da rede cristalina. Essa relação passou a ser conhecida como lei de
Bragg, fundamental para o estudo de estruturas cristalinas com o uso da difração de raios
X.
(a) (b)
Figura 2.2: (a) Representação esquemática do experimento da difração de raios X. (b) Figura de
difração.
(Figura 2.3), a diferença de percurso entre os raios refletidos por planos vizinhos é 2d sin θ,
onde θ é o ângulo de incidência. Os raios refletidos pelos diferentes planos interferem
construtivamente quando a diferença de percurso é igual a um número inteiro n de com-
primentos de onda λ, ou seja, quando
A lei de Bragg é satisfeita apenas para comprimentos de onda λ B 2d. Embora a reflexão
de cada plano seja especular, apenas para alguns valores de θ as reflexões de todos os
planos paralelos se somam em fase para formar um feixe difratado intenso. Essa lei é
consequência da periodicidade da rede cristalina.
potencial periódico da rede sem sofrer dispersão (embora eles sejam espalhados por de-
feitos e impurezas).
a microscopia eletrônica [11]. Suas imagens revelam que as asas dessa borboleta con-
têm uma intricada estrutura nanométrica de cristais fotônicos naturais. Uma variedade
surpreendente de estruturas fotônicas naturais estão sendo descobertas não apenas nas
borboletas, mas também em outros insetos, pássaros e peixes (Figura 2.4).
Figura 2.4: Cristais Fotônicos Naturais. (a) Borboleta, (b) besouro e (c) peixe.
Figura 2.5: Cristal fotônico (a) unidimensional, (b) bidimensional e (c) tridimensional.
Apesar dos cristais fotônicos terem chamado atenção apenas nas últimas décadas
do século XX, o primeiro estudo relacionado a possibilidade de controlar a propagação da
luz, utilizando uma estrutura periódica, foi publicado em 1887 [15]. Nesse trabalho, Lord
Rayleigh (1842 – 1919) investigou a propagação de ondas eletromagnéticas num mineral
cristalino que possui planos periódicos. Esses planos organizam-se numa estrutura unidi-
mensional, que proíbem a propagação das ondas, causando um estreito gap na estrutura
de bandas (band gaps). Esse gap depende do ângulo devido à diferentes periodicidades
experimentadas pela luz em uma incidência não-normal. Isso resulta numa variedade de
cores refletida pelo material, uma para cada ângulo de incidência. Um efeito similar é
responsável pelas cores iridescentes que aparecem na natureza.
Quase cem anos depois, em 1972, Bykov [16] publicou um artigo descrevendo
a possibilidade de utilizar estruturas periódicas para o controle da emissão espontânea.
No entanto, os primeiros trabalhos que contribuíram efetivamente para o progresso das
pesquisas em cristais fotônicos foram os de Yablonovitch [17] e John [18] em 1987. Esses
trabalhos dedicaram-se as possibilidades de modificação da emissão espontânea e con-
trole da propagação da radiação usando estruturas periódicas bidimensionais e tridimen-
sionais. Esta generalização que inspirou o nome Cristal Fotônico. Eles foram os pioneiros
na utilização de ferramentas do Eletromagnetismo Clássico e da Física do Estado Sólido
no estudo dessas estruturas. Após a publicação desses artigos, o número de trabalhos
dedicados a física e tecnologia dos cristais fotônicos aumentou consideravelmente.
Como pode ser visto a partir da Figura 2.7, a primeira banda encontra-se dentro
da faixa de frequência relativa de 0 0.8 (em unidades de 2πc/a, onde a é o parâmetro
de rede do cristal e c é a velocidade da luz). A segunda coincide com a primeira banda
nas seções do vetor de onda Γ L e Γ X, nos intervalos de frequência 0 0.7 e 0 0.79,
respectivamente. Além disso, dentro de todas as faixas de frequência investigadas há pelo
Capítulo 2. Cristais Fotônicos 14
Figura 2.7: Estrutura de bandas de um cristal fotônico tridimensional com rede cúbica de face
centrada.
Em 1992, H.S. Sozuer and J.W. Haus [20] calcularam a estrutura de bandas do
cristal fotônico com rede cúbica de face centrada invertida (também conhecida como opala
invertida) que é apresentada na Figura 2.9. O termo opala invertida significa que ao invés
de esferas dielétricas colocadas no ar, a rede cúbica de face centrada invertida consiste de
um número de cavidades esféricas separadas por defletores com maior índice de refração
(veja Figura 2.10). Verificou-se que essas estruturas têm gap fotônico completo para valores
relativamente altos do índice de refração do material. A estrutura de bandas da opala
invertida (Figura 2.9) tem gap fotônico completo entre a oitava e nona bandas.
Capítulo 2. Cristais Fotônicos 15
Figura 2.8: Estrutura de bandas de um cristal fotônico tridimensional com rede diamante.
Figura 2.9: Estrutura de bandas de um cristal fotônico com rede cúbica de face centrada invertida.
Em 2000, foi obtido o primeiro cristal fotônico tridimensional que apresentava gap
fotônico completo próximo do infra-vermelho [22]. Esse cristal fotônico era constituído
por esferas de silício arranjadas numa rede diamante.
Capítulo 2. Cristais Fotônicos 16
Figura 2.10: Cristal fotônico tridimensional com rede cúbica de face centrada invertida.
Desde 1987 e até 2005 mais de dez mil obras impressas (livros, artigos, etc) dedi-
cadas aos cristais fotônicos e dispositivos baseados em cristais fotônicos foram publicadas.
No entanto, boa parte desses trabalhos dedicaram-se ao estudo de fibras microestrutu-
radas que possuem propriedades únicas, com a possibilidade de modificar parâmetros e
características dentro de uma larga faixa de frequência, e cristais fotônicos unidimensio-
nais produzidos na forma de lasers com refletores de Bragg distribuídos ou na forma de
fibras com rede (ou grade) de Bragg.
Assim, existe uma forte analogia entre a Física dos Cristais Fotônicos e a Física do
Estado Sólido, tanto do ponto de vista teórico quanto do ponto de vista matemático.
Capítulo 2. Cristais Fotônicos 18
onda correspondente não pertence ao intervalo cujos valores são reais. Ela possui um
vetor de onda imaginário k2 . A parte imaginária do vetor de onda corresponde a uma
atenuação da radiação ou o seu aumento. No caso da figura Figura 2.11, k2 corresponde a
uma atenuação. A radiação com frequência pertencente a este intervalo será refletida pela
estrutura. No entanto, uma vez que a atenuação tem uma valor finito, antes de sofrer a
reflexão a radiação penetra um pouco na estrutura.
Uma das aplicações mais pesquisadas é a fibra de cristal fotônico, que é uma nova
classe de guias de ondas ópticos. Sabe-se que as fibras ópticas desempenham um papel
importante na comunicação moderna. Uma fibra óptica tradicional consiste em um núcleo
central e um revestimento que o envolve. A luz é guiada no núcleo ao longo da fibra óptica
por reflexão interna total, pois o índice de refração do núcleo é maior do que o índice de
refração do revestimento. A fibra de cristal fotônico tem um núcleo e um revestimento
Capítulo 2. Cristais Fotônicos 20
O outro tipo são as fibras com gap fotônico relatadas por Knight [25] e Cregan [26].
Elas são diferentes das fibras ópticas tradicionais. O núcleo é preenchido pelo ar e o índice
de refração efetivo do revestimento é maior do que o do ar. Assim, a orientação da luz é
explicada pelos fenômenos associados ao gap fotônico em detrimento da reflexão interna
total. Isso minimiza os efeitos de perda, as não-linearidades indesejadas e quaisquer out-
ras propriedades indesejáveis do material [1].
Fibras de cristais fotônicos podem ser superiores às fibras clássicas porque elas
podem ter menos atenuação, transmitir a luz com potência óptica muito maior, terem
menores perdas e podem ser usadas em um número crescente de aplicações em diversas
áreas [27].
Mekis [28] e experimentalmente por Lin [29]. Uma vez que as linhas de transmissão têm
ramos (ou divisores) nos circuitos integrados, os guias de ondas também terão ramos
nos circuitos fotônicos integrados. Um ramo para esse tipo de circuito foi simulado por
Fan [30] e outro foi realizado experimentalmente por Lin [31].
Limitadores de potência óptico podem ser usados para evitar danos em sensores
ópticos devido à radiação de alta intensidade. Também, são utilizados na normalização
da intensidade de fontes na entrada de circuitos ópticos. O seu princípio consiste no
crescimento da reflectância da estrutura de cristal fotônico não-linear com a intensidade
da radiação. Com isso, a intensidade de saída permanece constante.
2.5.6 Dispersão
dispersão cromática causada pela variação gradual do índice de refração aparente, de-
vido a curvatura da banda fotônica. Isso pode ser interpretado como efeito prisma, isto
é, como uma mudança no diâmetro das linhas de iso-frequência dentro da estrutura de
bandas. Se os contornos da iso-frequência mudar sua forma com a frequência, a dis-
persão pode aumentar sua magnitude consideravelmente. Essa propriedade dispersiva
ultra-forte, chamada de efeito super prisma, permite a construção de filtros ópticos com-
pactos que são altamente atraentes para aplicações em multiplexadores, utilizados como
divisores de comprimentos de onda.
A luz emitida ou espalhada por um objeto não inclui apenas ondas de propa-
gação, mas também as ondas evanescentes, que carregam os subcomprimentos de onda
dos detalhes do objeto. As ondas evanescentes decaem em qualquer meio com índice de
refração positivo, de modo que elas não podem ser coletadas no plano da imagem por
uma lente convencional, resultando numa imagem de difração limitada. Uma solução
é utilizar lentes fabricadas com metamateriais que têm índice de refração negativo. As
primeiras ideias sobre a possibilidade de um meio com índice de refração negativo surgi-
ram a partir do trabalho teórico de Veselago [136] em 1967. Porém, os metamateriais só
foram efetivamente construídos no inicio deste século [137, 183].
lente com refração e frente de fase reversa ambas negativa, levando a mudança de fase
zero no plano da imagem. Ao recuperar completamente tanto as ondas de propagação
quanto as evanescentes em fase e amplitude, uma perfeita imagem é criada. Um esquema
representando a suposta imagem de uma super lente é mostrada na Figura 2.12.
Figura 2.12: Microscópio baseado no efeito de super lente e um exemplo de imagem de alta
resolução.
A luz lenta (slow light) é outra aplicação importante que vem sendo amplamente desen-
volvida [143–145]. Esse fenômeno tem chamado a atenção de vários pesquisadores nos
últimos anos, pois oferece outro nível de controle sobre as interações entre a luz e matéria.
Capítulo 2. Cristais Fotônicos 26
Ela emprega a capacidade que os cristais fotônicos possuem de ter uma velocidade de
grupo ultra-baixa para comprimentos de onda específicos. Os dispositivos baseados no
efeito de luz lenta podem ser utilizados como roteadores fotônicos em redes ópticas trans-
parentes, microlaser com baixo volume modal, linhas ópticas de atraso, etc.
Edmund Whittaker
Até a primeira metade do século XVIII, muitos cientista imaginavam que a luz
fosse constituída por um feixe de minúsculas partículas (chamada de corpúsculos) emi-
tidas pelas fontes de luz. Essa ideia vem dos atomistas. Eles acreditavam na natureza
corpuscular das imagens que chegavam aos olhos, imaginando que estas se formavam a
partir de um feixe de partículas do ar, existente entre o objeto e o observador, que atingia
a retina.
27
Capítulo 3. Fundamentos de Óptica Ondulatória 28
Contudo, a natureza ondulatória da luz não é suficiente para explicar tudo. Di-
versos efeitos associados com a emissão e com a absorção da luz revelam a sua natureza
corpuscular, no sentido que a energia transportada pela onda luminosa é concentrada em
pacotes discretos conhecidos como fótons. Os aspectos ondulatórios e corpusculares da
luz aparentemente contraditórios foram conciliados desde 1930 com o desenvolvimento
da eletrodinâmica quântica, uma teoria que explica simultaneamente esses dois aspectos.
Porém, a propagação da luz pode ser descrita melhor usando-se um modelo ondulatório.
As distâncias entre átomos, que compõem o meio, são um dos pontos chaves na
caracterização do meio quando interage com a luz. Em dispositivos ópticos e estruturas
ópticas a espessura das camadas, no caso das estruturas organizadas em camadas, ou o
tamanho dos elementos, no caso dos cristais fotônicos, podem ser comparáveis com o
comprimento de onda da radiação. Nesses casos, a interação da luz com o meio pode
ter efeitos diferentes, como a transparência, reflexões total ou parcial, refração. Em meios
ópticos usados na tecnologia das ondas de luz, a distância entre os átomos é da ordem de
1 nm que é pequeno comparado ao comprimento de onda da luz usada nas comunicações
ópticas (esses comprimentos variam de 0.8 a 1.6 µm). Assim, o meio óptico pode ser
considerado homogêneo. Além disso, em muitos casos, o meio pode assumir um caráter
isotrópico e invariante no tempo. Em geral, as propriedades de um meio óptico podem
ser descritas pela permissividade , permeabilidade µ e condutividade σ.
Capítulo 3. Fundamentos de Óptica Ondulatória 29
Em casos especiais, um meio óptico tem resposta não-linear para uma influência
externa. Efeitos não-lineares tipo geração de segundo harmônico, efeito Kerr, solitons e
formação de vórtices, etc., desempenham um papel mais importante na optoeletrônica
avançada e nos cristais fotônicos.
Figura 3.1: Representação da radiação na óptica geométrica (a) e na óptica ondulatória (b).
Ñ
∂D
Ñ
©
Ñ
H JÑ , (3.2)
∂t
Ñ
©
Ñ
D ρ, (3.3)
Ñ
©
Ñ
B 0, (3.4)
Ñ
©
∂
x̂ ∂x ŷ
∂
∂
ẑ ∂z ,
∂y
Ñ eB
nético, respectivamente. D Ñ são o deslocamento elétrico e a indução magnética.
Ñ
© JÑ
∂ρ
∂t ,
Ñ
© ©
Ñ
H 0.
No caso de meios não condutores como a sílica ou outro material utilizado para
guiar ondas em dispositivos passivos, tais como fibras ópticas ou guias de ondas planares,
JÑ 0eρ 0. As densidades de fluxo estão relacionadas aos vetores dos campos pelas
relações:
Ñ
D 0 EÑ PÑ , (3.5)
Capítulo 3. Fundamentos de Óptica Ondulatória 32
Ñ
B Ñ M
µ0 H Ñ, (3.6)
Ñ
ópticas M 0 por causa da natureza não magnética do vidro de sílica. O produto das
constantes 0 e µ0 é igual a
0 µ0 1~c2 , (3.7)
1 Ñ Ñ
SÑ E B, (3.8)
µ0
que é chamado de vetor de Poynting. Essa expressão é um produto vetorial, e desde que
o campo magnético é perpendicular ao campo elétrico, SÑ será perpendicular a E,
Ñ ao plano
No vácuo, não existe meio. Como um resultado, não existe polarização induzida
ou corrente. Em outras palavras, PÑ e JÑ são iguais a zero. Portanto, as equações de Maxwell
se reduzem a
Ñ
∂B
Ñ
© EÑ , (3.9)
∂t
Ñ
∂D
Ñ
©
Ñ
H , (3.10)
∂t
Ñ
©
Ñ
D 0, (3.11)
Ñ
©
Ñ
B 0. (3.12)
Ñ
∂B ∂2 Ñ
Ñ Ñ
© © EÑ Ñ
© 0 µ0
E, (3.13)
∂t ∂t2
onde
Ñ 2
Ñ ∂B
∂t
∂ Ñ Ñ ∂ Ñ Ñ ∂ Ñ
©
∂t © µ0 H µ0 ∂t © H 0 µ0 ∂t2 E.
Capítulo 3. Fundamentos de Óptica Ondulatória 34
Ñ
© © Ñ EÑ Ñ ©
© Ñ EÑ ©2 EÑ ©
2 Ñ
E. (3.14)
Aqui,
2 ∂2 ∂2 ∂2
©
∂x2 ∂y 2 ∂z 2
Ñ
© EÑ ©
Ñ
Ñ 0 D Ñ
Ñ D
0 © 0.
2 Ñ 1 ∂2 Ñ
© E E 0. (3.15)
c2 ∂t2
ω2
kx2 ky2 kz2 . (3.17)
c2
O significado físico da solução dada por (3.16) pode ser entendido da seguinte
forma. Primeiro, vamos considerar o caso especial quando kx ky 0. Nesse caso o
argumento (kÑ rÑ ωt) reduz-se a
Capítulo 3. Fundamentos de Óptica Ondulatória 35
kz z ωt kz z kωz t.
Isso significa que a onda E é uma onda propagando-se na direção positiva de kÑ com
velocidade ω
kz . Da mesma forma, E representa uma onda propagando-se na direção ne-
Ñ Em geral, quando todos os componentes do vetor de onda são diferentes de
gativa de k.
zero, a onda propaga-se na direção de kÑ com a velocidade da luz. O caso especial é impor-
tante para a compreensão da propagação das ondas e para aplicações práticas da solução
da equação de onda (3.15) quando o campo tem apenas um componente. Essa solução é
chamada de ondas planas. Esse caso é descrito como
Quando assume-se que uma frente de onda é uma linha ao longo da crista da
Capítulo 3. Fundamentos de Óptica Ondulatória 36
onda, então essas frentes de ondas são linhas ou superfícies de fase constante, definidas,
simplesmente, pela equação kÑ rÑ constante. Para a propagação da luz em uma dimensão,
ao longo da direção x, o número de ondas escalar é dado por
ω 2π
kx . (3.19)
c λ
PÑ Ñ
0 χE, (3.21)
polarização é uma convolução da transformada de Fourier de χω com E t. Isso reflete
o fato de que os dipolos dentro do material não podem responder instantaneamente ao
campo aplicado, levando às relações de Kramers–Kronig ou relações de dispersão.
Ñ
D 0 EÑ PÑ Ñ
0 E, (3.22)
onde
1χ (3.23)
Para um campo eletromagnético num meio dielétrico sem corrente, pode-se rees-
crever a equação (3.10) utlizando a equação (3.22)
Ñ
∂ EÑ
Ñ
© H 0 . (3.24)
∂t
2 Ñ ∂ 2 EÑ
© E 0. (3.25)
c2 ∂t2
1 ∂2
©2
v 2 ∂t2 ΨÑ
r , t ,
Capítulo 3. Fundamentos de Óptica Ondulatória 38
Ñ
∂D ∂ JÑ ∂ Ñ
JÑ
Ñ
D E , (3.26)
∂t ∂t iω ∂t
Em geral, r, ω é complexo. Sua parte real e sua parte imaginária correspondem
ao índice de refração η e ao coeficiente de absorção α, respectivamente. Por definição,
tem-se [150]
2
n iαc~2ω . (3.27)
1~2
η 1 Reχ , (3.28)
α ω ~ncImχ, (3.29)
Capítulo 3. Fundamentos de Óptica Ondulatória 39
2 Ñ 1 ∂2 Ñ ∂2 Ñ
© E E µ0 P. (3.30)
c2 ∂t2 ∂t2
Ẽ Ñ
r, ω S EÑ Ñ
r, t expiωtdt (3.31)
ω2
Ñ Ñ
© © Ẽ Ñ
r, ω Ẽ, (3.32)
c2
Ñ
r, ω 1 χ̃Ñ
r, ω (3.33)
onde χ̃Ñ
r, ω é a transformada de Fourier temporal de χÑ
r, t. Em termos da frequência, a
Capítulo 3. Fundamentos de Óptica Ondulatória 40
2
© Ẽ n2 ω k02 Ẽ 0, (3.34)
k0 ω ~c 2π ~λ0 (3.35)
Isso significa que a onda plana tem uma frequência constante. Essa onda de fre-
quência constante é chamada de onda monocromática e também de onda contínua. Nesse
caso, a velocidade de fase é definida como
ω0
vf . (3.38)
β
a onda está. Na verdade, ela está em toda parte. Por outro lado, para duas ondas planas
com uma pequena diferença na frequência e no número de onda, tem-se
∂ω
vg . (3.42)
∂β
Por fim, pode-se concluir que cada componente com frequência diferente viaja
com a mesma velocidade vg . Em outras palavras, o pacote de ondas ou a sua amplitude
viaja na velocidade de grupo vg .
CAPÍTULO 4
John Pendry
42
Capítulo 4. Polaritons de Fônons em Cristais Fotônicos na Faixa de Frequência de
Terahertz 43
uma resposta eficaz no caso dos metamateriais. Já nos cristais fotônicos, grande parte das
propriedades mais interessantes ocorrem quando o comprimento de onda é, aproximada-
mente, duas vezes o valor do período.
4.1 Introdução
segue a regra da mão esquerda, como mostra a Figura 4.2 (para uma revisão do assunto,
veja [151]).
Figura 4.1: Propagação esquemática da onda em materiais com índice de refração positivo e ne-
gativo.
Ñ H
Figura 4.2: Representação do tripleto E, Ñ e S
Ñ em materiais com índice de refração positivo e
negativo.
imageamento THz e espectroscopia THz [162, 163]. As aplicações na faixa de THz variam
a partir de estudos de excitações coerentes em heteroestruturas de semicondutores (ou
de outros materiais) utilizadas para diagnóstico médico e sistemas tridimensionais de
imagens usados no monitoramento de processos industriais. A capacidade de visualizar
diretamente os campos de polariton através de imagens do espaço real, de gerar arbi-
trariamente formas de ondas THz através da utilização de formas de ondas ópticas feitas
temporalmente e/ou espacialmente, e de fabricar elementos funcionais integrados para
orientação e controle do polariton através de máquinas a laser produz uma plataforma
polaritônica THz (a contrapartida da fotônica no regime de THz) que permite o proces-
samento de sinais avançados e aplicações na espectroscopia. Aqui, polaritônico THz des-
creve a área na qual os portadores de sinal não são as correntes elétricas alternadas nem
as ondas eletromagnéticas puras. Esses portadores de sinais são representados pelos po-
laritons de fônons [164].
Neste capítulo, será apresentado um estudo do gap polaritônico, que surge a par-
tir da propagação de uma excitação de polaritons de fônons no intervalo de frequência
de THz, em estruturas periódicas e quasi-periódicas compostas de camadas alternadas de
materiais com índice de refração positivo (SiO2 ) e materiais com índice de refração nega-
tivo (metamaterial). A escola da faixa de frequência em THz se justifica porque os modu-
ladores THz de última geração baseados em estruturas semicondutoras têm a propriedade
desejável de serem banda larga, que é extremamente relevante na interligação na faixa de
THz, mas, infelizmente, eles geralmente exigem temperaturas criogênicas [166]. Portanto,
a melhoria das características de desempenho é bem-vinda para aplicações práticas, e de
fato uma das possíveis aplicações do modelo apresentado neste capítulo é um eficiente
dispositivo ativo que pode ser projetado para operar na frequência de THz.
ωL2 ω
A ª , (4.1)
ωT2 ω
F ω2
µA 1 , (4.2)
ω 2 ω02
onde ωL (ωT ) é a frequência longitudinal (transversal) dos fônons ópticos, ω0 é a frequência
de ressonância e F é um fator geométrico. Os parâmetros físicos utilizados aqui são ω0
7.85 THz, F 0.56 [168], ωL 28.82 THz e ωT 8.67 THz [169]. Os campos elétrico e
magnético na camada j são dados por (polarização p)
Ñ x, y, z
H 0, Hyj , 0 expikx x iωt. (4.4)
j
Capítulo 4. Polaritons de Fônons em Cristais Fotônicos na Faixa de Frequência de
Terahertz 48
n n
Exj z α1j expkzj z α2j expkzj z , (4.5)
n n
Ezj z ikx ~kzj α1j expkzj z α2j expkzj z , (4.6)
n n
Hyj z iω0 A ω ~kzj α1j expkzj z α2j expkzj z , (4.7)
onde
¢̈
¨ kx2 j µj ω 2 ~c2 1~2 if kx A j µj 1~2 ω ~c,
kzj ¦ (4.8)
¨
¤̈
i j µj ω 2 ~c2 kx2 1~2 if kx @ j µj 1~2 ω ~c.
Aqui, kx é o vetor de onda comum no plano, ω é a frequência angular e c é a velocidade
da luz no vácuo.
< n =
@ α1j A
n
Sαj e @ A, (4.9)
@ n A
@ α2j A
> ?
onde o termo comum expkzA nL foi abandonado, e utilizando as condições de contorno
de Maxwell nas interfaces z nL dA e z n 1L, encontra-se, na forma de matriz, as
seguintes equações para as amplitudes dos campos eletromagnéticos
n n
MA SαA e NB SαB e, (4.10)
n n1
MB SαB e NA SαA e, (4.11)
onde (j A ou B)
fj f¯j
Mj , (4.12)
fj ~Zj cos θj f¯j ~Zj cos θj
1 1
Nj . (4.13)
1~Zj cos θj 1~Zj cos θj
Capítulo 4. Polaritons de Fônons em Cristais Fotônicos na Faixa de Frequência de
Terahertz 49
»
Aqui, Zj µj ~j é a impedância do meio j e cosθj ηω 1 η 2 ω 2 kx2 c2 1~2 , com ηj sendo
o índice de refração do meio j. Também,
n1 n
SαA e T SαA e, (4.15)
onde λ ξA ξC ~ξA ξC . Aqui, ξA A ~kzA , ξC C ~kzC , com kzC sendo um número
real puro dado por kzC kx2 C ω 2 ~c2 1~2 . Além disso, a constante β deve ser escolhida
para cumprir a exigência Re(β A 0 com a finalidade de originar modos de superfície
evanescente.
Capítulo 4. Polaritons de Fônons em Cristais Fotônicos na Faixa de Frequência de
Terahertz 50
Esse método algébrico pode ser estendido para estruturas quasi-periódicas, con-
siderando a matriz-transferência T adequada. Uma vez que essa matriz-tranferência é
determinada, deve-se utilizar as equações (4.16) e (4.17) para encontrar os espectros dos
modos de volume e superfície, respectivamente.
Por outro lado, a relação de recursão da matriz-transferência (4.18) pode ser con-
siderada como um sistema dinâmico discreto (mapeamento). Como TSn é uma matriz 2 2
real com determinante unidade, três números reais são necessários para especificar TSn .
Consequentemente, a equação (4.18) é um mapeamento de seis dimensões. Uma cons-
tante de movimento existe para esse mapa e a dimensionalidade é realmente reduzida
para cinco. Um mapeamento de cinco dimensões é um problema muito complicado para
se estudar. No entanto, existe um teorema fundamental [170] que permite, apenas, o es-
tudo de um sistema bidimensional para determinar o espectro. Além disso, o reduzido
sistema dinâmico determina a dinâmica completa do sistema. O teorema pode ser resu-
mido da seguinte forma. Considere um conjunto de matrizes TSn que satisfaz a condição
TSn1 TSn1 TSn . Então,
Portanto, definindo
xn 1~2T r TSn , (4.20)
Capítulo 4. Polaritons de Fônons em Cristais Fotônicos na Faixa de Frequência de
Terahertz 51
As condições iniciais para este reduzido sistema sub-dinâmico podem ser tomadas como
onde r1 ZA cosθA ~ZB cosθB . Definindo um vetor tridimensional rÑn xn , yn , zn xn , xn1 , xn2 ,
rÑ1 x 1 , y 1 , z 1 . (4.26)
O mapeamento definido pela equação (4.21) tem uma constante de movimento [170, 171]
Através de uma substituição direta, fazendo uso da equação (4.21) juntamente com as
condições iniciais, dadas pela equações (4.22)-(4.24), pode-se mostrar que I é indepen-
dente de n e é dado por
I fA f¯B
2 2
f¯A2 fB2 r1 r11 2 2r1 r11
2
f B f¯B2 fA2 f¯A2 r1 2 r1 r11 2 r11 2r1 r11 2 ~32 1. (4.29)
Com o conhecimento do traço do mapa dado pela equação (4.21), as condições iniciais
[equações (4.22)-(4.24)] e a restrição Sxn S @ 1, consegue-se determinar, alternativamente, o
Capítulo 4. Polaritons de Fônons em Cristais Fotônicos na Faixa de Frequência de
Terahertz 52
Figura 4.4: Ampliação da Figura 4.1 para a região 17.34 THzB ω B 26.01 THz e 0.0 B kx dA B 0.25.
O modo de superfície superior (S4) está na região de alta frequência, cuja in-
clinação é ligeiramente negativa em todos os intervalos de frequência (modo atrasado),
partindo da linha da luz ω ckx e tendendo a ω 28.09 THz para altos valores de kx dA .
O último ramo de volume (B4) tem o mesmo perfil parabólico encontrado nos modos de
volume de polaritons de fônons em altas frequência para materiais com índice de refração
positivo [161].
quando kx dA aumenta. Observe que esse comportamento não tem uma contrapartida de
um material com índice de refração positivo. Além disso, a divisão do modo de superfície
S3 não é um artefato numérico, tendo alguma semelhança com o encontrado para o caso
dos polaritons de plasmons, anteriormente estudados por Vasconcelos et al [165].
Figura 4.5: Espectro de frequência do gap polaritônico considerando um cristal fotônico quasi-
periódico da quarta geração da sequência de Fibonacci.
Capítulo 4. Polaritons de Fônons em Cristais Fotônicos na Faixa de Frequência de
Terahertz 56
2.19 sendo o índice de refração para o SiO2 (j B), respectivamente (esses parâmetros
Capítulo 4. Polaritons de Fônons em Cristais Fotônicos na Faixa de Frequência de
Terahertz 57
Figura 4.6: Espectro do gap polaritônico contra o vetor de onda adimensional de Bloch QL para
a razão das espessuras dB ~dA 3.90, considerando a quinta geração da super-rede polaritônica
quasi-periódica de Fibonacci.
onde dA 8µm, ηA 8.8, ηB 2.19 e L Fn1 dA Fn2 dB , com Fn sendo a énesima geração
do número de Fibonacci.
Figura 4.7: Estrutura de banda polaritônica plotada como uma função do vetor de onda no plano
reduzido Kx kx L~2π
frequências permitidas (bandas de passagem), onde S1~2T rT S B 1, como uma função
do número da geração da estrutura quasi-periódica para um valor fixo de kx dA 0.5,
como retrata a Figura 4.8. Ela mostra a distribuição da largura das bandas de frequências
proibidas e permitidas, como uma função do número da geração n, até a décima segunda
geração da sequência de Fibonacci, considerando kx dA 0.5. Isso significa uma célula
unitária com 144 blocos de construção A e 89 blocos de construção B totalizando 233.
Nota-se que, como já era esperado, para grandes valores de n, as regiões de bandas per-
mitidas tornam-se cada vez mais estreitas, indicando uma maior localização dos modos
de volume. Na verdade, a largura total ∆ das regiões de energias permitidas, que é a
medida de Lebesgue do espectro de energia [175], diminui com o número da geração de
Fibinacci n com a lei de potência ∆ Fnδ . Aqui, o expoente δ (a constante de difusão do
espectro) é uma função do vetor de onda no plano kx dA . Esse expoente pode indicar o
grau de localização da excitação [176]. A Figura 4.9 mostra uma gráfico log-log dessa lei
de potência para três valores diferentes de kx dA , a saber, 0.25, 0.35 e 0.45.
Figura 4.8: Distribuição das larguras de bandas dos polaritons de fônons, para kx dA 0.5, como
uma função do número da geração n.
Capítulo 4. Polaritons de Fônons em Cristais Fotônicos na Faixa de Frequência de
Terahertz 60
Figura 4.9: representação log-log da largura total das regiões permitidas ∆ versus o número de
Fibonacci Fn , para três valores diferentes do vetor de onda no plano adimensional kx dA .
CAPÍTULO 5
Max Planck
5.1 Introdução
61
Capítulo 5. Band Gaps Omnidirecionais na Faixa de Terahertz em Cristais Polaritônicos
Quasi-periódicos 62
físicos, tais como os plasmons de superfície [177], aumento da cavidade ressonante [178],
reflexão de Bragg [179] e modificação da densidade de estados fotônica [180]. Dentre
estes materiais artificiais destacam-se os metamateriais. Eles são fabricados para terem
propriedades que não podem ser encontradas na natureza. As propriedades dos meta-
materiais derivam da sua estrutura, usando pequenas inomogeneidades para criar com-
portamentos macroscópicos efetivos [181]. Existem muitos tipos de metamateriais [182]
(a palavra meta, que vem do Grego, significa depois ou além). Desses, os mais conheci-
dos são os metamateriais eletromagnéticos que possuem índice de refração negativo, que
foram inspirados pelo trabalho pioneiro de Veselago [136] e efetivamente realizados no re-
cente trabalho experimental de Smith et al [183]. Esse material tem propriedades exóticas,
como refração negativa na lei de Snell, radiação Cherenkov invertida, etc.
Por outro lado, desde a descoberta dos quasi-cristais por Shechtman et al. [7], que
teve seu trabalho reconhecido recentemente com o prêmio Nobel 2011, as propriedades
físicas de uma nova classe de cristais artificiais, chamadas de estruturas quasi-periódicas,
têm atraído muita atenção, principalmente nas últimas duas décadas. Estes quasi-cristais
são formados pela superposição de dois (ou mais) períodos incomensuráveis, que po-
dem ser definidos como sistemas intermediários entre um cristal periódico e o sólido
Capítulo 5. Band Gaps Omnidirecionais na Faixa de Terahertz em Cristais Polaritônicos
Quasi-periódicos 63
amorfo aleatório [188]. Evidências experimentais para a compreensão desta nova classe
dos cristais foram dadas pelas referências [189] e [161]. Além disso, o conceito de band
gaps foi estendido para estruturas quasi-periódicas [165]. Estes estudos têm mostrado
que as propriedades dinâmicas de sistemas quasi-periódicas em diferentes substratos
têm características comuns, tais como um espectro fractal tipo Cantor das excitações ele-
mentares e seu espectro de transmitância. Portanto, a emitância dessas microestruturas
quasi-periódicas é particularmente atraente para aplicações e para estudar o aspecto frac-
tal (auto-similaridade, por exemplo), devido à possibilidade deste ser realizado experi-
mentalmente. Por isso, o vasto campo de aplicações na frequência de THz, entre a alta
frequência eletrônica (até cerca de 100 GHz) e a baixa frequência óptica (até cerca de 10
THz), tem estimulado intensa investigação devido às aplicações potencias, incluindo ima-
gens, segurança, espectroscopia e comunicação [190–193].
A estrutura quasi-periódica de Fibonacci pode ser gerada pela sua regra de in-
flação, como se segue: A AB e B A. Aqui, A (espessura dA ) e B (espessura dB ) são
blocos de construção modelando as camadas SiO2 e metamaterial polaritônico, respecti-
vamente. Alternativamente, a estrutura de Fibonacci pode ser crescida justapondo os dois
Capítulo 5. Band Gaps Omnidirecionais na Faixa de Terahertz em Cristais Polaritônicos
Quasi-periódicos 65
A01C AN
1C
MCA MA MAB MB MBS MS MSC , (5.1)
A02C 0
Capítulo 5. Band Gaps Omnidirecionais na Faixa de Terahertz em Cristais Polaritônicos
Quasi-periódicos 66
onde
1 1 Zα ~Zβ 1 Zα ~Zβ
Mαβ , (5.2)
2 1 Zα ~Zβ 1 Zα ~Zβ
expikγ dγ 0
Mγ , (5.3)
0 expikγ dγ
com kγ ηγ ω ~c.
As matrizes das equações 5.1, 5.2 e 5.3 foram obtidas para o caso de uma incidên-
cia normal. Para uma incidência obliqua, precisamos substituir Zα Zα ~ cos θα para po-
larização s ou modo transversal elétrico (TE), e Zα Zα cos θα para polarização p ou modo
transversal magnético nas matrizes de interface Mαβ , bem como ηγ ηγ cos θγ para am-
bas polarizações TE e TM nas matrizes de propagação Mγ . Aqui θα (θγ ) é o ângulo de
incidência do feixe de luz na camada α (γ), com relação ao eixo z.
RR R2 RR R2
RR M21 RRR RR 1 RRR
R RR RR e T RR RR , (5.4)
RR R RR R
RR M11 RRR RR M11 RRR
R R R R
E ω Aω 1 R ω T ω . (5.5)
Desta forma, considerando-se as equações (5.1), (5.4) e (5.5), podemos calcular a emitância
para qualquer sistema de multicamadas com um substrato absorvente.
2 2
ωLO ω
TO
B ω 0 1 , (5.6)
ωT2 O ω 2 iΓω
A permeabilidade magnética µω pode ser definida como uma função tipo Drude
[206]:
Capítulo 5. Band Gaps Omnidirecionais na Faixa de Terahertz em Cristais Polaritônicos
Quasi-periódicos 68
F ω2
µ B ω 1 . (5.7)
ω 2 ω02 iΓω
Figura 5.2: Propagação esquemática da onda em materiais com índice de refração positivo e ne-
gativo.
As figuras 5.3, 5.4 e 5.5 mostram o espectro de emitância (E ω, θ) calculado para
as sequências periódica e quasi-periódica como uma função da frequência ω e do ângulo
de incidência θ θC (C é o vácuo de onde vem o feixe de luz). Estamos levando em
consideração a mesma polarização, ou seja, modo TE ou polarização s, em duas situações
distintas: o caso periódico (Figura 5.3), e a nona geração da sequência quasi-periódica de
Fibonacci (Figura 5.4), respectivamente. Podemos perceber facilmente que a dependência
Capítulo 5. Band Gaps Omnidirecionais na Faixa de Terahertz em Cristais Polaritônicos
Quasi-periódicos 69
angular, para o caso periódico, apresenta um band gap bem definido, com um espectro
mais uniforme que no caso quasi-periódico. Observamos que (ver Figura 5.3 existem dois
band gaps omnidirecionais (região de gap onde a emitância é zero, independentemente do
ângulo de incidência). O primeiro é caracterizado pelo intervalo de frequência 231.68 @
ω @ 284.79 THz, para θ 0X , e pela estreita região caracterizada por 1.495 @ ω @ 2.2 THz,
para θ 90X , demonstrando que a largura do band gap depende fracamente do ângulo. O
segundo band gap omnidirecional está em uma região de frequência muito estreita 153.94 @
ω @ 161.64 THz. Por outro lado, na região de frequência 0 @ ω @ 153.94 THz, temos uma
suave dependência com o ângulo, indo do topo central do espectro em ω 15.39 THz,
θ 0X e E ω, θ = 0.6, para a parte inferior do espectro, em ω 153.94 THz.
Figura 5.3: Modo TE (ondas eletromagnéticas com polarização s) do espectro de emitância como
uma função da frequência ω (em THz) e do ângulo de incidência θ numa estrutura periódica.
Figura 5.4: Modo TE (ondas eletromagnéticas com polarização s) do espectro de emitância como
uma função da frequência ω (em THz) e do ângulo de incidência θ na estrutura quasi-periódica de
Fibonacci (nona geração).
Figura 5.6: Modo TM (ondas eletromagnéticas com polarização p) do espectro de emitância como
uma função da frequência ω (em THz) e do ângulo de incidência θ numa estrutura periódica.
De uma maneira geral, o caso periódico mostra uma diferença qualitativa entre
as polarizações s e p, o que significa que os espectros são muito sensíveis à geometria da
estrutura. Além disso, a estrutura quasi-periódica apresenta um espectro mais fragmen-
tado em comparação ao caso periódico, devido ao seu maior grau de desordem. Em todos
os casos estudados nas figuras com modos TE e nas figuras com modos TM, em relação
à dependência dos espectros de emissão com o ângulo de incidência θ, podemos inferir
que todos os espectros são simétricos em torno de θ 0X , que era esperado visto que a
emitância térmica Eω, θ é uma função par de θ. Além disso, a emitância térmica Eω, θ
é nula para θ 90X , o que significa que não temos propagação de ondas eletromagnéticas
através da estrutura de multicamadas.
Capítulo 5. Band Gaps Omnidirecionais na Faixa de Terahertz em Cristais Polaritônicos
Quasi-periódicos 73
Figura 5.7: Modo TM (ondas eletromagnéticas com polarização p) do espectro de emitância como
uma função da frequência ω (em THz) e do ângulo de incidência θ na estrutura quasi-periódica de
Fibonacci (nona geração).
Capítulo 5. Band Gaps Omnidirecionais na Faixa de Terahertz em Cristais Polaritônicos
Quasi-periódicos 74
75
Capítulo 6. Considerações Finais e Perspectivas 76
Mostramos que os band gaps omnidirecionais, que estão num intervalo bem definido
no regime de THz, independem da polarização (s ou p) no caso periódico, bem como no
caso quasi-periódico. Ele está compreendido no intervalo de frequência 250 B ω B 300
THz (veja figuras 5.3, 5.4, 5.6 e 5.7). Por outro lado, analisando a estrutura dos band gaps,
podemos concluir que a estrutura de multicamada quasi-periódica revela-se melhor para
o desenvolvimento de um bom filtro óptico na faixa de THz, quando comparada com a
estrutura periódico. De modo geral, temos que o caso periódico mostra apenas uma difer-
ença qualitativa entre as polarizações s e p, em regiões fora do gap omnidirecional, o que
significa que os espectros são muito sensíveis à geometria da estrutura. Além disso, a
Capítulo 6. Considerações Finais e Perspectivas 77
1. investigar os band gaps da propagação dos polaritons de excitons, que são modos mistos
caracterizados pelo acoplamento da radiação eletromagnética com a par elétron-buraco, numa
estrutura fotônica;
5. Estudar os modos de defetos inseridos tanto em cristais fotônicos periódicos quanto nos
quasiperiódicos em modelos que utilizem os polaritons de fonons e os polaritons de excitons.
Capítulo 6. Considerações Finais e Perspectivas 78
Por fim, esperamos que o nosso trabalho teórico, acerca da propagação da radi-
ação eletromagnética em estruturas fotônicas, inspirem muitos trabalhos experimentais
que verifiquem os resultados apresentados aqui, ajudando-os a construir novos disposi-
tivos baseados em cristais fotônicos periódicos e quasi-periódicos.
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