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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo
Secretaria de Controle Externo da Defesa Nacional e da Segurança Pública

TC 027.973/2022-0
Tipo: Representação (com pedido de medida
cautelar)
Unidade jurisdicionada: Polícia Rodoviária
Federal
Representante: Ministério Público junto ao
Tribunal de Contas da União
Advogado ou Procurador: não há.
Interessado em sustentação oral: não há.
Proposta: diligência. Indeferimento da
cautelar.

INTRODUÇÃO
1. Trata-se de representação do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União
(MPTCU), na qual o Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado (peça 1) postula a apuração de
suposta omissão da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no combate aos bloqueios nas vias federais
realizados por caminhoneiros descontentes com o resultado das eleições presidenciais de 2022, em
ação de possível afronta à democracia.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
2. Inicialmente, deve-se registrar que a representação preenche os requisitos de
admissibilidade constantes do artigo 235, c/c o artigo 237, parágrafo único do Regimento Interno do
Tribunal de Contas da União (RI/TCU), haja vista a matéria ser de competência do Tribunal,
referir-se a responsável sujeito a sua jurisdição, estar redigida em linguagem clara e objetiva, conter
nomes legíveis, qualificações e endereços do representantes, bem como encontrar-se acompanhada
do indício concernente à irregularidade ou ilegalidade (peça 1).
3. O MPTCU possui legitimidade para representar ao Tribunal, consoante o disposto no
artigo 237, inciso I, do RI/TCU.
4. Conforme dispõe o art. 103, § 1º, in fine, da Resolução TCU 259/2014, verifica-se a
existência do interesse público no trato da suposta irregularidade e/ou ilegalidade, pois eventual
omissão da PRF, por inação dos seus dirigentes e agentes de fiscalização, na desobstrução das
rodovias federais vai de encontro a competências constitucionais e legais que lhe foram incumbidas,
nos termos da Lei 9.503, de 23/9/1997, e Decreto 1.655, de 3/10/1995, como, entre outras, reprimir
crimes, realizar o patrulhamento ostensivo com o objetivo de preservar a ordem, a incolumidade das
pessoas, o patrimônio da União e de terceiros, bem como assegurar a livre circulação nas rodovias e
estradas federais.
5. Dessa forma, a representação poderá ser apurada, para fins de comprovar a sua
procedência, nos termos do art. 234, § 2º, segunda parte, do RI/TCU, aplicável à espécie,
de acordo com o parágrafo único do art. 237 do mesmo RI/TCU.
EXAME TÉCNICO
I - Preâmbulo
6. Os bloqueios de rodovias federais iniciaram-se logo após a confirmação do resultado das
eleições presidenciais do dia 30/10/2022 (2º turno), com a vitória do candidato Luiz Inácio Lula da
Silva (PT).
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7. Conforme noticiou o G1, até por volta de 21h40 da segunda-feira (31/10), eram 338
pontos de protestos em vários estados, entre os quais: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas
Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, São Paulo, Tocantins, Amazonas, Acre, Roraima, Maranhão, Amapá, Paraíba,
Piauí, Sergipe e Pernambuco. No Distrito Federal, manifestantes interditaram um trecho da BR-251i.
8. Comunicado da PRF, emitido na tarde de segunda-feira, dia 31/10, dava conta de 102
bloqueios e 134 interdições em rodovias federais, totalizando 236 pontos de manifestações
bolsonaristas contrários à vitória de Lula.
9. Na noite do dia 31/10, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), determinou, no âmbito da ADPF 519 Distrito Federal, à PRF e às polícias militares dos estados
que tomassem ações imediatas para desobstruir as vias ocupadas ilegalmente. Às 23h59 do dia
1º/11/2022, o STF, em sessão virtual, formou maioria para confirmar a decisão individual do relator.
10. Levantamento da PRF apontou, às 16h30 de terça-feira (1º/11), 235 ocorrências pelo país,
sendo 156 interdições e 79 bloqueios, e que, no mesmo horário de quarta-feira (2/11), somavam-se
146 ocorrências em rodovias federais, 119 interdições e 27 bloqueios, uma redução de quase 38% de
um dia para o outroii.
11. Na quinta-feira, dia 3/11/2022, às 15h51, a PRF, com dados atualizados, informou que
ainda permaneciam 32 interdições e bloqueios nas estradas federais do Brasil, ocorrências que
atingiam sete estados. Mato Grosso liderava na quantidade de vias total ou parcialmente interditadas,
com nove situaçõesiii. À noite do dia 3/11, todas as rodovias federais do país estavam livres de
bloqueios, mas existiam interdições em 24 rodovias, anunciou a PRFiv.
II – Síntese das alegações do MPTCU
12. Com base em notícias veiculadas na mídia e vídeos postados em redes sociais, o MPTCU
aponta suposta omissão da PRF no cumprimento de suas obrigações constitucionais e legais, ao não
atuar para desbloquear pontos de vias federais tomados por caminhoneiros e manifestantes favoráveis
ao presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas urnas na eleição do último dia 30/10/2022.
13. A PRF, além de supostamente se omitir na tomada de providências, os seus dirigentes e
agentes fiscalizadores estariam sinalizando apoio aos caminhoneiros, ao não desmontar os bloqueios
nas estradas, em possível descumprimento de decisão do STF. A Corte, em sessão virtual
extraordinária na madrugada de terça-feira, dia 1º/11/2022, formou maioria para referendar
determinação do ministro Alexandre de Moraes para que a PRF desobstruísse todas as rodovias
bloqueadas.
14. O MPTCU, diante do exposto, postulou ao Tribunal:
a) proceda a adoção das medidas de sua competência necessárias a conhecer e avaliar os
procedimentos que vêm sendo adotados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) com vistas a
combater os bloqueios nas estradas feitos pelos caminhoneiros em descontentamento aos
resultados das eleições presidenciáveis de 2022, diante de indícios de (a) omissão de atuação do
órgão; (b) descumprimento de ordem judicial; (c) incentivo e fomento aos embaraços ocasionados
em possíveis atitudes antidemocráticas de agentes do órgão;
b) a se confirmar os indícios supramencionados no item (a), proceda a abertura de
responsabilização dos agentes envolvidos na cadeia decisória da Polícia Rodoviária Federal com
relação a suposta omissão, bem como dos agentes operacionais envolvidos no fomento e incentivo
das atitudes antidemocráticas dos caminhoneiros e;
c) fazendo-se presentes, no caso ora em consideração, o fumus boni iuris e o periculum in mora,
determine, em caráter cautelar, a imediata determinação para que o Diretor-Geral da Polícia
Rodoviária Federal (PRF) apresente ao Tribunal de Contas da União as medidas adotadas com
fito de desobstruir as rodovias ocupadas pelos caminhoneiros em protesto pelo resultado das
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eleições.
III. Análise dos pressupostos para adoção de medida cautelar
15. Conforme previsto no art. 276 do Regimento Interno do TCU, o relator poderá, em caso
de urgência, de fundado receio de grave lesão ao Erário, ao interesse público, ou de risco de ineficácia
da decisão de mérito, de ofício ou mediante provocação, adotar medida cautelar, determinando a
suspensão do procedimento impugnado, até que o Tribunal julgue o mérito da questão. Tal
providência deverá ser adotada quando presentes os pressupostos da plausibilidade jurídica e do
perigo da demora.
III.1 Perigo da demora
16. O MPTCU postulou determinação ao diretor-geral da PRF para que apresente ao TCU “(...)
as medidas adotadas com o fito de desobstruir as rodovias ocupadas pelos caminhoneiros em protesto
pelo resultado das eleições”.
17. A medida demandada diz respeito à apresentação de informações pelo dirigente da PRF,
aspecto que toca apenas reflexamente o bem jurídico a ser tutelado, que consiste na atuação legal,
legítima, célere e adequada da PRF, no sentido de desobstruir as vias federais, garantindo a livre
locomoção de pessoas no território nacional, direito constitucional insculpido no art. 5º, inc. XV, da
Constituição Federal.
18. Caso a PRF, por hipótese, não apresente as informações tempestivamente, isso não afetará a
possibilidade de o TCU apurar e eventualmente aplicar as sanções cabíveis. Nesse sentido, entende-se
que não está caracterizado o perigo da demora, ao não prejudicar a atuação desta Corte de Contas.
19. Ressalta-se, ademais, a deliberação do STF no âmbito da ADPF 519 Distrito Federal, na qual
se determinaram providências imediatas para desobstruir as vias federais à PRF e às polícias militares
estaduais, no âmbito de suas respectivas competências. A deliberação prevê, ainda, multa pessoal e
prisão em flagrante no caso de descumprimento por parte do diretor-geral da PRF.
III.2. Perigo da demora reverso
20. Como não está caracterizado o perigo da demora, é despicienda a avaliação do perigo da
demora reverso.
III.3. Plausibilidade jurídica
21. Ao analisar os elementos apresentados pelo representante, observa-se a necessidade de
aprofundamento da avaliação da atuação da PRF e dos seus agentes, a fim de verificar eventual omissão
no cumprimento dos papéis legais e constitucional do órgão.
22. A despeito disso, o pedido de medida cautelar está reflexamente - pois consiste em apresentar
informações – consubstanciado no objeto da demanda do MPTCU, ao solicitar, ainda, a apuração de
eventual omissão da PRF e a responsabilização dos dirigentes e agentes.
23. Assim, como a diligência a ser proposta ao TCU suprirá a demanda por informações,
entende-se que o pedido de medida cautelar deve ser indeferido, por não atender aos pressupostos legais.
IV – Análise das alegações
24. Os bloqueios das vias federais impuseram, além de transtornos, danos variados, inclusive
econômicos, à coletividade desde o último domingo (30/11/2022). A motivação das manifestações,
que envolvem caminhoneiros e outros apoiadores do candidato derrotado nas eleições Jair Bolsonaro,
é o questionamento da lisura e da integridade do resultado do processo eleitoral, amplamente
reconhecido por todos os atores institucionais envolvidos, diante da sua conformidade às práticas e
às regras legais e constitucionais aplicáveis.
25. Conforme noticiado na imprensa, os bloqueios e as interdições das vias federais tiveram
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início ainda no domingo, dia 31/10, alcançaram importância no dia 1º/11(terça-feira) e começaram a
perder fôlego a partir do dia 2/11 (quarta-feira).
26. As alegações do MPTCU apontam para uma suposta omissão da PRF, atribuída aos seus
dirigentes e operacionais, no desbloqueio das vias federais.
27. Dois vídeos publicados nas redes sociais, situações reportadas na mídia, apontam a
omissão de agentes, que sugerem cumprir ordens superiores. Em um deles, com imagens que seriam
de Palhoça, na Grande Florianópolis/SC, o PRF afirma que “(...) a única ordem que nós temos é para
estar aqui com vocês”v. Em outro, o agente afirma que “(...) até agora, até esse momento, não chegou
nenhuma ordem quer da chefia, quer do Judiciário para desobstruir (...)”vi.
28. Importante ressaltar que compete à PRF, nos termos do art. 20, incisos I, II, III e IV da
Lei 9.503/1997, entre outras atribuições, cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito;
realizar o patrulhamento ostensivo, com o objetivo de preservar a ordem, incolumidade das pessoas,
o patrimônio da União e de terceiros; executar a fiscalização de trânsito, aplicar penalidades e as
medidas administrativas cabíveis; e assegurar a livre circulação nas rodovias federais.
29. No âmbito da ADPF 519 Distrito Federal, em decisão de 31/10/2022, posteriormente
confirmada pelo Plenário do STF, o ministro Alexandre de Moraes menciona possível passividade de
agentes da Polícia Rodoviária Federal em face de manifestações interruptivas de vias públicas
federais. Aponta que a obstrução de vias públicas federais desnatura o direito de reunião, é motivada
por uma pretensão antidemocrática, impeditiva de posse do presidente eleito por meio de atos
ilegítimos e violentos como seria uma absolutamente impensável intervenção militar.
30. O ministro Alexandre de Moraes conclui que:
Em que pese o exercício do poder de polícia ser da competência de vários dos órgãos públicos
envolvidos, como as Polícia Rodoviária Federal e Polícias Militares, o que lhe permitiria o
emprego do desforço necessário para a livre circulação de bens e pessoas, é também inegável
conforme os vídeos citados, que a PRF não vem realizando sua tarefa constitucional e legal.
31. Diante desse quadro, o ministro Alexandre de Moraes determinou imediata tomada de
providências pela PRF e pelas polícias militares estaduais, no âmbito de suas respectivas atribuições,
com o objetivo de desobstruir todas as vias públicas que, ilicitamente, estejam com seu trânsito
interrompido. Além disso, em razão da omissão e inércia apontada, fixou multa horária, de caráter
pessoal, bem como afastamento do diretor-geral da PRF e prisão em flagrante por crime de
desobediência, caso não adotadas as medidas necessárias de desobstrução.
32. A partir do dia 2/11/20222, a decisão do STF começou a surtir efeito com a redução dos
pontos de interdição e bloqueios nas vias federais.
33. As informações reportadas dão conta de que o Supremo Tribunal agiu oportunamente
para conter o crescimento e desarticular o movimento antidemocrático de interdição e bloqueio nas
vias federais. No dia 3/11/2022, não havia mais bloqueios, apenas 24 interdições. Além disso, o
Ministério Público Federal requisitou, no dia 2/11/2022, a abertura de inquérito contra o diretor-geral
da PRF para investigar possíveis crimes praticados no desempenho da função e na repressão de
bloqueios criminosos das rodovias federaisvii.
34. Considerada a independência das instâncias penal, civil e administrativa; faz-se
necessário, no âmbito do controle externo, avaliar se houve efetivamente, na ação administrativa, de
emprego dos recursos públicos e da aderência da ação às normas pertinentes, omissão de agentes
públicos (e até incentivo a atos ilegais) no cumprimento dos seus deveres e obrigações, desvirtuando
o papel atribuído na Constituição e na lei à PRF. Busca-se, com isso, verificar o atendimento do
interesse público, bem como identificar e processar eventuais desvios de finalidade.
35. Nesse sentido, propõe-se a realização de diligência à PRF para que apresente/esclareça a
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este Tribunal:
a) documento com o planejamento das ações operacionais da PRF para os dias 30/9, 1º/10
e 2/10/2022 (eleição 1º turno) e com as ações efetivamente realizadas, informando ademais:
a.1) número de efetivo de pessoal disponível, por cidade/estado/área de abrangência;
a.2) número de efetivo de pessoal dedicado às ações operacionais, por cidade/estado/área
de abrangência;
a.3) gasto realizado com as operações, discriminando custo de pessoal específico e a
respectiva rubrica, em separado, e outras despesas;
a.4) instância de aprovação e nomes dos agentes públicos responsáveis pela aprovação do
plano de ações.
b) documento com o planejamento das ações operacionais da PRF para os quatro dias
seguintes ao dia 2/10/2022 (eleição 1º turno), isto é, 3/10, 4/10, 5/10 e 6/10, se houver, e com as ações
efetivamente realizadas, informando ademais:
b.1) número de efetivo de pessoal disponível, por cidade/estado/área de abrangência;
b.2) número de efetivo de pessoal dedicado às ações realizadas, por cidade/estado/área de
abrangência;
b.3) gasto realizado com as operações, discriminando custo de pessoal específico e a
respectiva rubrica, em separado, e outras despesas;
b.4) instância de aprovação e nomes dos agentes públicos responsáveis pela aprovação de
eventual plano de ações;
c) documentos com o planejamento das ações operacionais da PRF para os dias 28/10,
29/10 e 30/10/2022 (eleição 2º turno) e com as ações efetivamente realizadas, informando ademais:
c.1) número de efetivo de pessoal disponível, por cidade/estado/área de abrangência;
c.2) número de efetivo de pessoal dedicado às ações de desobstrução de vias federais, por
cidade/estado;
c.3) gasto realizado com as operações, discriminando custo de pessoal específico e a
respectiva rubrica, em separado, e outras despesas;
c.4) instância de aprovação e nomes dos agentes públicos responsáveis pela aprovação do
plano de ações;
c.5) números, discriminados, de bloqueios e interdições, por via federal,
cidade/estado/área de abrangência/ponto de interrupção, e número de agentes da PRF em atuação
efetiva na desobstrução, conforme balanço final da PRF do dia;
d) documento com o planejamento das ações operacionais da PRF para os quatro dias
seguintes ao dia 30/10/2022 (eleição 2º turno), isto é, dia 31/10, 1º/11, 2/11, 3/11/2022, e com as
ações efetivamente realizadas, informando ademais:
d.1) número de efetivo de pessoal disponível, por cidade/estado/área de abrangência, nos
dias 31/10, 1º/11, 2/11, 3/11/2022;
d.2) número de efetivo de pessoal dedicado às ações de desobstrução de vias federais, por
cidade/estado/área de abrangência, discriminado nos dias mencionados;
d.3) gasto realizado com as operações, discriminando custo de pessoal específico e a
respectiva rubrica, em separado, e outras despesas, discriminado nos dias mencionados;
d.4) instância de aprovação e nome dos agentes públicos responsáveis pela aprovação do
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mencionado plano de ações e pelas operações efetivas realizadas nos dias mencionados;
e) número de efetivo de pessoal disponível, por cidade/estado/área de abrangência, por
turno e dia, entre 24/9 e 4/11/2022;
f) a atuação da PRF, apontando os elementos comprobatórios, nos dias 30/10/2022 e
quatro dias seguintes (31/10, 1º/11, 2/11 e 3/11), considerando os vídeos que vieram a público nas
redes sociais com comportamento dos agentes públicos, e a decisão do STF que reputou, a priori,
omissa, ilegal e inconstitucional a atuação do órgão e de seus agentes;
g) as medidas adotadas e a adotar para apurar eventual ação ilegal de seus dirigentes e
agentes operacionais, apontando os elementos comprobatórios;
h) demais esclarecimentos que considerar pertinentes tendo em vista os fatos e pedidos
formulados na representação do MPTCU, em especial o apontamento de suposto descumprimento de
decisão do Supremo Tribunal Federal.
CONCLUSÃO
36. A representação do MPTCU deve ser conhecida, por preencher os requisitos previstos no
artigo 235, c/c o artigo 237, parágrafo único do RI/TCU.
37. No que tange ao requerimento de medida cautelar, entende-se que deve ser indeferido,
considerando a inexistência dos pressupostos para sua concessão.
38. Considerando a gravidade dos eventos antidemocráticos e a sua dimensão, e a eventual
omissão da PRF e de seus dirigentes e agentes, propõe-se realizar diligência ao órgão, nos termos a
seguir.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
45. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
45.1. conhecer a presente representação, com fundamento nos artigos 235 e 237, inciso I e
parágrafo único, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União (RI/TCU) e no art. 103, §1º,
da Resolução TCU 259/2014;
45.2. indeferir o pedido de cautelar, por não estarem presentes os pressupostos legais, conforme
previsto no artigo 276 do RI/TCU;
45.3. diligenciar, com fundamento no art. 157 do RI/TCU, a Polícia Rodoviária Federal para
que apresente ao Tribunal, no prazo de quinze dias, as seguintes informações, esclarecimentos e/ou
documentos:
a) documento com o planejamento das ações operacionais da PRF para os dias 30/9, 1º/10
e 2/10/2022 (eleição 1º turno) e com as ações efetivamente realizadas, informando ademais:
a.1) número de efetivo de pessoal disponível, por cidade/estado/área de abrangência;
a.2) número de efetivo de pessoal dedicado às ações operacionais, por cidade/estado/área
de abrangência;
a.3) gasto realizado com as operações, discriminando custo de pessoal específico e a
respectiva rubrica, em separado, e outras despesas;
a.4) instância de aprovação e nomes dos agentes públicos responsáveis pela aprovação do
plano de ações.
b) documento com o planejamento das ações operacionais da PRF para os quatro dias
seguintes ao dia 2/10/2022 (eleição 1º turno), isto é, 3/10, 4/10, 5/10 e 6/10, se houver, e com as ações
efetivamente realizadas, informando ademais:
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b.1) número de efetivo de pessoal disponível, por cidade/estado/área de abrangência;

b.2) número de efetivo de pessoal dedicado às ações realizadas, por cidade/estado/área de
abrangência;
b.3) gasto realizado com as operações, discriminando custo de pessoal específico e a
respectiva rubrica, em separado, e outras despesas;
b.4) instância de aprovação e nomes dos agentes públicos responsáveis pela aprovação de
eventual plano de ações;
c) documentos com o planejamento das ações operacionais da PRF para os dias 28/10,
29/10 e 30/10/2022 (eleição 2º turno) e com as ações efetivamente realizadas, informando ademais:
c.1) número de efetivo de pessoal disponível, por cidade/estado/área de abrangência;
c.2) número de efetivo de pessoal dedicado às ações de desobstrução de vias federais, por
cidade/estado;
c.3) gasto realizado com as operações, discriminando custo de pessoal específico e a
respectiva rubrica, em separado, e outras despesas;
c.4) instância de aprovação e nomes dos agentes públicos responsáveis pela aprovação do
plano de ações;
c.5) números, discriminados, de bloqueios e interdições, por via federal,
cidade/estado/área de abrangência, e número de agentes da PRF em atuação efetiva na desobstrução,
conforme balanço final da PRF do dia;
d) documento com o planejamento das ações operacionais da PRF para os quatro dias
seguintes ao dia 30/10/2022 (eleição 2º turno), isto é, dia 31/10, 1º/11, 2/11, 3/11/2022, e com as
ações efetivamente realizadas, informando ademais:
d.1) número de efetivo de pessoal disponível, por cidade/estado/área de abrangência, nos
dias 31/10, 1º/11, 2/11, 3/11/2022;
d.2) número de efetivo de pessoal dedicado às ações de desobstrução de vias federais, por
cidade/estado/área de abrangência, discriminado nos dias mencionados;
d.3) gasto realizado com as operações, discriminando custo de pessoal específico e a
respectiva rubrica, em separado, e outras despesas, discriminado nos dias mencionados;
d.4) instância de aprovação e nome dos agentes públicos responsáveis pela aprovação do
mencionado plano de ações e pelas operações efetivas realizadas nos dias mencionados;
d.5) números, discriminados, de bloqueios e interdições, por via federal,
cidade/estado/área de abrangência, e número de agentes da PRF em atuação efetiva na desobstrução,
conforme balanço final da PRF por cada dia mencionado;
e) número de efetivo de pessoal disponível, por cidade/estado/área de abrangência, por
turno e dia, entre 24/9 e 4/11/2022;
f) a atuação da PRF, apontando os elementos comprobatórios, nos dias 30/10/2022 e
quatro dias seguintes (31/10, 1º/11, 2/11 e 3/11), considerando os vídeos que vieram a público nas
redes sociais com comportamento dos agentes públicos, e a decisão do STF que reputou, a priori,
omissa, ilegal e inconstitucional a atuação do órgão e de seus agentes;
g) as medidas adotadas e/ou a adotar para apurar eventual ação ilegal de seus dirigentes e
agentes operacionais, apontando os elementos comprobatórios.;
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h) demais esclarecimentos que considerar pertinentes tendo em vista os fatos e pedidos

formulados na representação do MPTCU, em especial o apontamento de suposto descumprimento de
decisão judicial;
45.4. encaminhar cópia da representação do MPTCU ao Procurador-Geral da República e ao
Presidente do Supremo Tribunal Federal.

SecexDefesa, DT3, em 9 de novembro de 2022.

(Assinado eletronicamente)
Angerico Alves Barroso Filho
AUFC – Mat. 2.884-3
Diretor

i
Informação obtida no G1, acessada no dia 3/11/2022, às 18h30:
https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2022/noticia/2022/10/31/caminhoneiros-fecham-rodovias-contra-resultado-das-
urnas-apos-derrota-de-bolsonaro.ghtml
ii
Informação obtida na CNN Brasil, acessada no dia 3/11/2022, às 19h6: https://www.cnnbrasil.com.br/live-
update/politica/as-ultimas-noticias-sobre-os-bloqueios-nas-rodovias-por-apoiadores-de-bolsonaro-2/
iii
Informação obtida no sítio do Uol Notícias, acessado no dia 3/11/2022, às 19h11:
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/11/03/bloqueios-rodovias-3-de-novembro-balanco-prf.htm.
iv
Informação acessada em 4/11/2022, às 10h9: https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2022-11/todas-rodovias-
federais-do-pais-estao-livres-de-bloqueios-diz-PRF
v
Vídeo acessado em 4/11/2022, às 8h30: https://www.youtube.com/watch?v=qc9fK122pqg
vi
Vídeo acessado em 4/11/2022, às 8h30: https://www.youtube.com/watch?v=Ajj3gB2_lzA
vii
Informação acessada em 4/11/2022, às 10h13: https://www.mpf.mp.br/df/sala-de-imprensa/noticias-df/mpf-pede-abertura-
de-inquerito-contra-diretor-geral-da-prf