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Cultura Religiosa

BUDISMO
Uma religião e filosofia baseada nos ensinamentos deixados por Siddhartha
Gautama, objetivando o fim do ciclo de sofrimento.

Por Prof. Ronaldo Steffen

História
A Índia antes do budismo

O
mundo à época do nascimento de Siddartha era de mudanças. Por volta de 1500 a.C., a Índia
passou a ser influenciada pela religião védica, trazida pelos guerreiros arianos. Possivelmente
o processo sincrético ocorrido entre os arianos e os não-arianos tenha originado o hinduísmo
após séculos de evolução. Essas mudanças teriam ocorrido entre os anos 1000 a.C. e 200 a.C. Além
das revoltas filosóficas contra o vedismo e o bramanismo, duas religiões surgiram na Índia: o jainismo
e o budismo. Acresce que nesse tempo surgiram duas grandes escolas
filosóficas: a Ajivakas, ou nihilistas, e a Lokayatas, ou materialis-
tas. Posteriormente, essas duas escolas opuseram-se ao hindu-
ísmo. Popular também à época do nascimento de Siddartha
era um movimento denominado Sâmara, uma espécie de
contracultura dos mendicantes religiosos, que optaram
pela renúncia ao mundo. Todos esses movimentos surgi-
ram no exato momento em que o ambiente da Índia era
um campo fértil para novas idéias.
Num período posterior, provavelmente entre 1000
a.C. e 500 a.C., surgiram os Upanishads, escritos em for-
ma de diálogos entre o mestre e o discípulo. É nesse perío-
do que é introduzida a noção de Brahman, a força espiritual
essencial sobre a qual se baseia todo o universo. É por
essa razão que se diz que todos nascem do
Brahman, vivem no Brahman e retornam
ao Brahman por ocasião da morte.

Estátua monumental de Buda


em Kamakura - Japão
Budismo
Imagem 9: Zastavki

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O nascimento e vida de

Imagem 11: Travels Talash


Siddartha
O príncipe Siddartha cresceu em meio à for- A Árvore da Ilumi-
nação, venerada
tuna e ao luxo. Seu pai ouvira uma profecia de
por monges bu-
que seu filho ou seria um poderoso governan- distas, tem sido
te, ou abandonaria por completo o mundo. Esta por séculos um lo-
última opção ocorreria caso o príncipe testemu- cal de constante
nhasse as mazelas e o sofrimento das pessoas. peregrinação.
Para evitar essa situação, tentou proteger seu fi- “caminho do meio”, a meditação. Após seis anos
lho, mantendo-o recluso aos limites do palácio e de meditação ascética, aos 35 anos, chega à ilu-
cercado de delícias e diversões. Casou-se jovem minação (bodhi), à margem de um afluente do
com uma prima e mantinha um harém de dan- rio Ganges. Agora era um buda, um iluminado.
çarinas. Alcançara a percepção de que todo o sofrimento
Aos 29 anos, Siddartha experimenta uma do mundo é causado pelo desejo. É apenas su-
situação que mudaria por completo sua vida primindo o desejo que o homem pode escapar de
palaciana. Embora proibido pelo pai, arriscou- outras encarnações e atingir a realidade última: o
se a sair do palácio e viu, pela primeira vez, um nirvana. Encontrara para si uma saída para a su-
velho, um homem doente e um cadáver em de- peração do sofrimento. Passo seguinte, Siddartha
composição. A contradição se interpôs quando, decide compartilhar sua percepção.
a seguir, viu um asceta com uma expressão de À época, Benares era um grande centro re-
radiante alegria. Percebeu que a vida de riqueza ligioso. É para lá que se dirige. Faz sua primeira
e prazer não traduz uma existência plena e com pregação e desencadeia o que se denomina de
sentido. Questionou-se sobre a possibilidade de rodas de instrução. Monges mendigos tornam-se
haver algo que ultrapassasse a velhice, a doença seus discípulos e por aproximadamente 40 anos o
e a morte. Percebeu-se tocado por um profundo seguem pelo Nordeste da Índia. Seus seguidores,
sentimento de compaixão pelas pessoas e por um desde o princípio, dividem-se em dois grupos: os
chamado a fim de libertá-las do sofrimento. Ato leigos e os monges.
contínuo, renuncia à vida prazerosa do palácio,
a sua esposa e filho e parte para uma vida de Por volta dos 80 anos, adoece e despede-se
andarilho. de seus discípulos. Daí para frente eles poderiam
contar somente com o darma (“instrução”) que
Da vida de abundância passa aos extremos Siddartha lhes havia dado nos anos anteriores.
dos exercícios ascéticos. Come cada vez me-
nos; chega a alimentar-se apenas com um grão Uma vez que o budismo surge dentro do
de arroz por dia. O que esperava conseguir era o contexto hinduísta como um caminho individu-
domínio do sofrimento. Sem resultado, adota o al para a libertação dos renascimentos, é natural
que muitos de seus ensinamentos estejam marca-
Imagem 10: Cláudia Pastorius

Dukkha é mais dos por esse pensamento. Destacam-se, de modo


que sofrimento: especial, os pensamentos referentes às doutrinas
refere-se à ausên- do renascimento, do carma e da libertação (ou
cia de perfeição
salvação).
universal

Deuses
Buda não negou a existência dos deuses. To-
Budismo

davia, acreditava que esta era transitória, assim


como a existência humana. Embora eles vives-

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sem mais tempo que os seres humanos, também físicos que alteram o ser humano de momento a
estavam atrelados ao ciclo de renascimentos e em momento. Tudo é transitório.
nada podiam ajudar os seres humanos a se redi-
mirem de tal ciclo.
Outro aspecto a ressaltar diz respeito à ado-
Vida e morte
ração de demônios, espíritos e outras divindades.
Todos são seres vivos e, se cultuados de modo A lei do carma
correto, podem trazer vantagens para a vida neste
mundo. Para Siddartha, o Buda, o ser humano é es-
cravizado por uma série de renascimentos. Como
todas as ações têm conseqüências, o princípio
Ser humano propulsor que está por detrás do ciclo nascimen-
to-morte-renascimento são os pensamentos dos
seres humanos, suas palavras e seus atos (carma).
“Aquilo que você planta é o A idéia básica consiste em que tudo o que fi-
que colhe.” O ser humano é zemos em determinada vida, ainda que passada,
dono de seu destino: o que repercute e alcança-nos no presente. As ações de
uma vida estendem-se a outra. O ser humano irá
pensa e faz é determinante
colher no presente aquilo que plantou no passa-
de seu futuro cósmico. do. Não há “destino cego” nem “divina providên-
cia”. Daí a impossibilidade de escapar do carma.
Enquanto houver um carma, o ser humano está
Para o hinduísmo, originalmente, todo ser fadado a renascer e manter-se preso à existência
humano, bem como todo o universo, possui uma humana, não transcendendo. Em razão disso, tor-
única alma (atmã), que sobrevive de uma existên- na-se imperiosa a busca por uma saída que seja
cia a outra e é idêntica, total ou parcialmente, ao capaz de produzir a libertação humana.
Transcendente universal (Brahman).
Buda rompe essa lógica. Nega que o ser As quatro nobres verdades
humano tenha alma e rejeita a existência de um
espírito universal. A alma é fugaz e fruto da ig- sobre o sofrimento
norância humana, que promove o desejo, funda-
O denominado Sermão de Benares, que
mental para a criação do carma individual.
apresentou as quatro verdades sobre o sofrimento
Nessa dimensão, o budismo entende a vida humano, ocorreu depois que Siddartha obteve o
humana como uma série de processos mentais e estado de iluminação.

As quatro nobres verdades sobre o sofrimento


1 Tudo é sofrimento
2 A causa do sofrimento é o desejo
3 O sofrimento cessa quando o desejo cessa
4 O desejo cessa seguindo-se o caminho das 8 vias:
1 Entendimento justo 5 Sustento de vida justa
Budismo

2 Resolução justa 6 Esforço justo


3 Palavra justa 7 Pensamento justo
4 Conduta justa 8 Meditação justa

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1 Tudo é sofrimento – Para o budismo,


o sofrimento implica algo mais do que
aqui e agora e, por isso, nirvana não é um
estado futuro. Simplesmente é o estado
mero desconforto físico e psicológico. em que o desejo cessa completamente.
Toda a existência é manchada pelo so-
frimento, pois tudo é passageiro. Quem
não percebe isso é cego. Isso, no entanto,
4 O desejo cessa seguindo-se o caminho
das oito vias – São elas:
não significa que o budismo negue toda a 1 Entendimento (ou percepção/vi-
felicidade material e mental. A felicidade são) justo: para conhecer a natureza
pode ser encontrada em muitos setores e a origem do sofrimento, a cessação
da vida, como na família, e em muitas do sofrimento e o caminho que con-
coisas que estão à volta do ser humano. duz para a cessação do sofrimento.
Porém, nada disso vai durar para sempre. 2 Resolução justa: renunciar à mate-
rialidade presente no mundo e não
2 A causa do sofrimento é o desejo – O
desejo é o mesmo que ânsia. Há três tipos prejudicar ou odiar o semelhante.
de desejos: desejo pela sensualidade, de- 3 Palavra justa: abster-se da mentira
sejo por ser/existir e desejo por não ser/ ou da calúnia, da injúria e dos me-
não existir. Resumida e metaforicamente, xericos.
significa prender-se a algo no curso da Conduta justa: abster-se de tirar a
4
existência como se ele fosse absoluta- vida, roubar e praticar a luxúria.
mente substancial para o ato de existir. É
o desejo que produz a existência conti- 5 Sustento de vida justo: abster-se de
nuada e a necessidade do renascimento. pegar ou comercializar armas, con-
Não é a transitoriedade da felicidade que sumir álcool e tóxicos e de qualquer
causa o sofrimento, mas a atitude frente a outra atividade que possa trazer pre-
ela, como o apego e a ignorância. juízo a outros.
6 Esforço justo: é a vontade necessá-
3 O sofrimento cessa quando o desejo
cessa – A experiência de interrupção do ria para estancar as más qualidades
que afloram à mente, eliminar todas
sofrimento é tão real quanto a própria ex-
as que ali ainda estão e desenvolver
periência do sofrimento. À interrupção bons estados mentais.
do sofrimento dá-se o nome de nirvana.
O nirvana é a cessação de mudança. O 7 Pensamento justo: ter consciência
nirvana pode apenas ser experimentado, do seu próprio corpo, dos sentimen-
mas não descrito. Resumidamente pode tos e das atividades da mente.
ser definido como a cessação dos apegos 8 Meditação justa: é quando, priva-
ou dos desejos e certamente não é iden- do de luxúria e disposições erradas,
tificado com o céu. O nirvana não é um a serenidade interna é desenvolvida
lugar real ou metafórico. Em vez disso, o por meio da prática de meditação.
pressuposto é que a dor e a cessação da Esta é a atividade que, em última
dor são duas experiências reais realizadas análise, conduz ao nirvana.

Analise os oito caminhos


como uma proposta de
conduta ética e tire suas
próprias conclusões.
Para pesquisar e confrontar:
Como o cristianismo explica o
Budismo

sofrimento?
Nirvana e céu são a mesma coisa?

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Ética

Imagem 12: Neatorama Cachefly


Com a decisão de Buda, depois de alcançar
a iluminação, de tornar-se guia do ser humano,
passam a ser fundamentais para o budismo o
amor e a compaixão. Não só as ações, mas tam-
bém os sentimentos e os afetos são importantes.
A caridade realizada não apenas afeta aos outros,
mas contribui para enobrecer o próprio caráter de
quem a pratica.
Nessa dimensão, o budismo tem cinco re-
gras de conduta:
O Caminho ao Nirvana: é como se os desejos fossem
As 5 regras de conduta do Budismo sendo apagados

• Com relação às criaturas vivas: evitar


toda maldade. Principais tendências
• Evitar o roubo. Os pensamentos de Buda foram transmiti-
dos oralmente. O resultado foi o surgimento de,
• Não ser sexualmente promíscuo. pelo menos, 18 escolas diferentes. As escolas re-
• Falar apenas a verdade. lacionadas a seguir representam apenas as mais
importantes ramificações do budismo no mundo
• Evitar o uso de álcool e drogas. moderno.
Budismo Theravada – É a mais antiga es-

Mundo
cola da tradição budista. Defende que cada ser
humano é responsável sozinho pela sua própria
iluminação. Apenas poucos alcançam esse esta-
No mundo tudo é transitório. Nada é defi- do. A sabedoria e a disciplina são virtudes valio-
nitivo e, por isso, essa transitoriedade deve ser sas. Os rituais não são fundamentais, e sim a de-
abandonada para evitar-se todo e qualquer de- voção. Está presente no Sri Lanka, na Tailândia,
sejo. Notemos, no entanto, que, quando se fala em Mianmar, em Laos e no Camboja.
em abandonar a transitoriedade da materialida-
Budismo Mahayana – É o budismo das
de constante no mundo, o que se tem em mente
pessoas comuns. Enfatiza que qualquer pessoa
é o apegar-se a essa materialidade como se ela
pode alcançar o estado de iluminação que liberta.
fosse capaz de resolver os problemas da natureza
A compaixão e o amor pelos menos afortunados
humana. A única saída para a transitoriedade do
são mais importantes que a sabedoria.
mundo é o nirvana.
Budismo Zen – É um amálgama da escola
Uma vez que o nirvana é o oposto direto do
Mahayana com o taoísmo. Zen é o caminho da
ciclo de renascimentos, e uma vez que ele não
iluminação por meio da meditação e da vida sim-
pode ser comparado a nada neste mundo, só é
ples, evitando as teorias abstratas e favorecendo a
possível dizer que o nirvana não é. Alcançá-lo só
experiência direta de um espírito “vazio” e aber-
é possível por meio do estado de iluminação e de
to. Há duas grandes escolas: a Rinzai Zen, que
nada adiantam, por si sós, as boas obras.
dá ênfase à iluminação espontânea, e a Soto, que
Embora o mundo não tenha autonomia, seja enfatiza a concentração espiritual e corporal dis-
transitório e pleno de sofrimento, este é o espaço ciplinada na meditação. As escolas Zen também
dado e no qual o ser humano pode chegar à liber-
Budismo

enfatizam a pintura, a caligrafia e até a cerimô-


tação plena dos renascimentos. nia do chá como expressões de um vínculo não
interpretado com a natureza. Tornou-se popular

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de um bodhisattva, e cada dalai-lama sucessivo


no Ocidente a partir da década de 1950, com o é a reencarnação do anterior. A partir do século
surgimento dos movimentos holísticos. XVII, o Dalai-Lama passou a ser também o lí-
Budismo da Terra Pura – É o culto de um der secular do Tibete, até o país ser ocupado pela
buda ou bodhisattva que vive numa terra pura, China, em 1959, quando o Dalai-Lama passou a
celestial. Seus devotos procuram renascer na Ter- viver em exílio.
ra Pura, onde alcançarão a iluminação libertado- No Brasil, como podemos ver a seguir, po-
ra. dem ser identificadas três grandes escolas bu-
Budismo Nichiren – Também conhecido distas. Devemos levar em conta que cada escola
como Seita do Lótus, ensina que o budista verda- pode estar subdividida em vários grupos.
deiro é o que segue os ensinamentos contidos no
Sutra do Lótus, escritura do século I d.C. A ênfa-
se é que Buda é eterno e cósmico, manifestando-
As três tradições fundamentais
se incessantemente em budas terrenos. O maior
As diversas escolas budistas existentes po-
grupo dessa tendência é o Nichiren Shoshu.
dem ser agrupadas em três tradições fundamen-
Budismo tibetano – Também conhecido tais. Ainda na Índia, desenvolveram-se diferentes
como lamaísmo, adota a doutrina do bodhisattva correntes com interpretações específicas dos en-
e o caminho gradual rumo ao estado de ilumina- sinamentos de Buda. Desse budismo primitivo,
ção por meio de rígidas disciplinas monásticas. sobrevive até hoje a tradição Theravada. Simul-
O grupo mais importante nessa tendência é de taneamente, a doutrina de Buda correu a Ásia e
Gelugpa, fundado em fins do século XIV d.C. foi adaptada a diferentes culturas. O resultado é
Seu líder espiritual é o Dalai-Lama (“guru ocea- a diversidade.
no”), cuja sabedoria é profunda e ampla como o
mar. O Dalai-Lama é considerado a encarnação

As 3 grandes escolas budistas


Região de *Grupos Membros Alguns líderes
Início Filosofia
Consolidação no Brasil no Brasil no Brasil

Theravada Séc IV a.C. Sul da Ásia (Sri A figura do “veículo pequeno” resume o espírito da 5 Menos de Pushwelle
(Hinayana) Lanka, Tailân- tradição Theravada, também chamada de Hinayana. Cada 1 mil Vipasse
dia, Mianmar, um é responsável por guiar o próprio barco. Sozinho,
Laos, Camboja) o praticante busca a auto-iluminação por meio da
meditação e de uma conduta condizente com a doutrina
de Buda.

Mahayana Séc. I a.C. Norte da Ásia A tradição Mahayana pode ser simbolizada pela figura do 85 Cerca de Monja Sinceri-
(China, Coréia, “veículo grande”. O fiel não apenas busca a própria ilumi- 220 mil dade e Monja
Japão) nação como pode contribuir para que todos a sua volta Coen
evoluam espiritualmente. O bodhisattva (ser iluminado) é
o timoneiro em um barco com muitos passageiros

Vajarayana Séc. VII Tibete Os primeiros missionários a visitar o Tibete tiveram de 45 Cerca de Lama Michel e
d.C. incorporar algumas práticas xamânicas da população na- 3 mil Segyu Rinpoche
tiva. A tradição Vajrayana, ou “veículo diamante” combina
a ética Mahayana com doutrinas esotéricas do Tantrismo
Budismo

*Números aproximados
Consultoria: Prof. Frank Usarski, programa de pós-graduação em Ciências da Religião da PUC de São Paulo.
Fonte: Revista Isto É, 2003.

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Perfil do Budismo
Fundador: Siddartha Gautama, identificado por seus seguidores como Sakyamuni
(pertencente ao clã dos Sakya), Buddha (“o iluminado”) ou Bhagavat (“senhor”). É
tido como o quarto dos cinco budas encarnados. Não há certezas quanto a sua data
de nascimento, mas as biografias mencionam datas desde 624 a.C. até 410 a.C.
Acredita-se que o local de nascimento tenha sido no reino dos Sakyas, na cidade de
Kapilavastu, próxima à fronteira atual entre a Índia e o Nepal.

Ano de fundação: Varia entre o sec. V e VI a.C., conforme se julga a data de nascimen-
to de Siddartha.

Textos sagrados e reverenciados: os ensinamentos de Buddha não foram original-


mente escritos por ele, mas transmitidos oralmente por seus seguidores. Ao surgi-
rem os primeiros escritos, duas formas podem ser identificadas: o cânone sulista
de Pali, da tradição Theravada (escrito no Sri Lanka por volta do século I a.C.), e o
cânone nortista sânscrito, da tradição Mahayana. O cânone de Pali é composto por
três obras (pitaka):

a) Sutra: os discursos de Buddha;

b) Vinaya: as origens das regras da disciplina monástica;

c) Abdhidharma: tratados escolásticos sobre a psicologia e a filosofia budis-


tas. Já o cânone de tradição Mahayana crê que as doutrinas primeiras são
incompletas e necessitam ser aperfeiçoadas com os tratados interpreta-
tivos.

Estatística: atualmente é um dos quatro maiores grupos de tradição religiosa. Os


números correspondentes a essa afirmação são difíceis de serem comprovados em
vista das diversas escolas budistas. Hoje é muito difundido no Sri Lanka e no Sudoes-
te da Ásia, embora esteja também presente na China, na Coréia e no Japão. Os dados
mais recentes indicam cerca de 360 milhões de adeptos da fé budista.
Budismo

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