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BUDISMO
Uma religião e filosofia baseada nos ensinamentos deixados por Siddhartha
Gautama, objetivando o fim do ciclo de sofrimento.
História
A Índia antes do budismo
O
mundo à época do nascimento de Siddartha era de mudanças. Por volta de 1500 a.C., a Índia
passou a ser influenciada pela religião védica, trazida pelos guerreiros arianos. Possivelmente
o processo sincrético ocorrido entre os arianos e os não-arianos tenha originado o hinduísmo
após séculos de evolução. Essas mudanças teriam ocorrido entre os anos 1000 a.C. e 200 a.C. Além
das revoltas filosóficas contra o vedismo e o bramanismo, duas religiões surgiram na Índia: o jainismo
e o budismo. Acresce que nesse tempo surgiram duas grandes escolas
filosóficas: a Ajivakas, ou nihilistas, e a Lokayatas, ou materialis-
tas. Posteriormente, essas duas escolas opuseram-se ao hindu-
ísmo. Popular também à época do nascimento de Siddartha
era um movimento denominado Sâmara, uma espécie de
contracultura dos mendicantes religiosos, que optaram
pela renúncia ao mundo. Todos esses movimentos surgi-
ram no exato momento em que o ambiente da Índia era
um campo fértil para novas idéias.
Num período posterior, provavelmente entre 1000
a.C. e 500 a.C., surgiram os Upanishads, escritos em for-
ma de diálogos entre o mestre e o discípulo. É nesse perío-
do que é introduzida a noção de Brahman, a força espiritual
essencial sobre a qual se baseia todo o universo. É por
essa razão que se diz que todos nascem do
Brahman, vivem no Brahman e retornam
ao Brahman por ocasião da morte.
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O nascimento e vida de
Deuses
Buda não negou a existência dos deuses. To-
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sem mais tempo que os seres humanos, também físicos que alteram o ser humano de momento a
estavam atrelados ao ciclo de renascimentos e em momento. Tudo é transitório.
nada podiam ajudar os seres humanos a se redi-
mirem de tal ciclo.
Outro aspecto a ressaltar diz respeito à ado-
Vida e morte
ração de demônios, espíritos e outras divindades.
Todos são seres vivos e, se cultuados de modo A lei do carma
correto, podem trazer vantagens para a vida neste
mundo. Para Siddartha, o Buda, o ser humano é es-
cravizado por uma série de renascimentos. Como
todas as ações têm conseqüências, o princípio
Ser humano propulsor que está por detrás do ciclo nascimen-
to-morte-renascimento são os pensamentos dos
seres humanos, suas palavras e seus atos (carma).
“Aquilo que você planta é o A idéia básica consiste em que tudo o que fi-
que colhe.” O ser humano é zemos em determinada vida, ainda que passada,
dono de seu destino: o que repercute e alcança-nos no presente. As ações de
uma vida estendem-se a outra. O ser humano irá
pensa e faz é determinante
colher no presente aquilo que plantou no passa-
de seu futuro cósmico. do. Não há “destino cego” nem “divina providên-
cia”. Daí a impossibilidade de escapar do carma.
Enquanto houver um carma, o ser humano está
Para o hinduísmo, originalmente, todo ser fadado a renascer e manter-se preso à existência
humano, bem como todo o universo, possui uma humana, não transcendendo. Em razão disso, tor-
única alma (atmã), que sobrevive de uma existên- na-se imperiosa a busca por uma saída que seja
cia a outra e é idêntica, total ou parcialmente, ao capaz de produzir a libertação humana.
Transcendente universal (Brahman).
Buda rompe essa lógica. Nega que o ser As quatro nobres verdades
humano tenha alma e rejeita a existência de um
espírito universal. A alma é fugaz e fruto da ig- sobre o sofrimento
norância humana, que promove o desejo, funda-
O denominado Sermão de Benares, que
mental para a criação do carma individual.
apresentou as quatro verdades sobre o sofrimento
Nessa dimensão, o budismo entende a vida humano, ocorreu depois que Siddartha obteve o
humana como uma série de processos mentais e estado de iluminação.
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sofrimento?
Nirvana e céu são a mesma coisa?
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Ética
Mundo
cola da tradição budista. Defende que cada ser
humano é responsável sozinho pela sua própria
iluminação. Apenas poucos alcançam esse esta-
No mundo tudo é transitório. Nada é defi- do. A sabedoria e a disciplina são virtudes valio-
nitivo e, por isso, essa transitoriedade deve ser sas. Os rituais não são fundamentais, e sim a de-
abandonada para evitar-se todo e qualquer de- voção. Está presente no Sri Lanka, na Tailândia,
sejo. Notemos, no entanto, que, quando se fala em Mianmar, em Laos e no Camboja.
em abandonar a transitoriedade da materialida-
Budismo Mahayana – É o budismo das
de constante no mundo, o que se tem em mente
pessoas comuns. Enfatiza que qualquer pessoa
é o apegar-se a essa materialidade como se ela
pode alcançar o estado de iluminação que liberta.
fosse capaz de resolver os problemas da natureza
A compaixão e o amor pelos menos afortunados
humana. A única saída para a transitoriedade do
são mais importantes que a sabedoria.
mundo é o nirvana.
Budismo Zen – É um amálgama da escola
Uma vez que o nirvana é o oposto direto do
Mahayana com o taoísmo. Zen é o caminho da
ciclo de renascimentos, e uma vez que ele não
iluminação por meio da meditação e da vida sim-
pode ser comparado a nada neste mundo, só é
ples, evitando as teorias abstratas e favorecendo a
possível dizer que o nirvana não é. Alcançá-lo só
experiência direta de um espírito “vazio” e aber-
é possível por meio do estado de iluminação e de
to. Há duas grandes escolas: a Rinzai Zen, que
nada adiantam, por si sós, as boas obras.
dá ênfase à iluminação espontânea, e a Soto, que
Embora o mundo não tenha autonomia, seja enfatiza a concentração espiritual e corporal dis-
transitório e pleno de sofrimento, este é o espaço ciplinada na meditação. As escolas Zen também
dado e no qual o ser humano pode chegar à liber-
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Theravada Séc IV a.C. Sul da Ásia (Sri A figura do “veículo pequeno” resume o espírito da 5 Menos de Pushwelle
(Hinayana) Lanka, Tailân- tradição Theravada, também chamada de Hinayana. Cada 1 mil Vipasse
dia, Mianmar, um é responsável por guiar o próprio barco. Sozinho,
Laos, Camboja) o praticante busca a auto-iluminação por meio da
meditação e de uma conduta condizente com a doutrina
de Buda.
Mahayana Séc. I a.C. Norte da Ásia A tradição Mahayana pode ser simbolizada pela figura do 85 Cerca de Monja Sinceri-
(China, Coréia, “veículo grande”. O fiel não apenas busca a própria ilumi- 220 mil dade e Monja
Japão) nação como pode contribuir para que todos a sua volta Coen
evoluam espiritualmente. O bodhisattva (ser iluminado) é
o timoneiro em um barco com muitos passageiros
Vajarayana Séc. VII Tibete Os primeiros missionários a visitar o Tibete tiveram de 45 Cerca de Lama Michel e
d.C. incorporar algumas práticas xamânicas da população na- 3 mil Segyu Rinpoche
tiva. A tradição Vajrayana, ou “veículo diamante” combina
a ética Mahayana com doutrinas esotéricas do Tantrismo
Budismo
*Números aproximados
Consultoria: Prof. Frank Usarski, programa de pós-graduação em Ciências da Religião da PUC de São Paulo.
Fonte: Revista Isto É, 2003.
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Perfil do Budismo
Fundador: Siddartha Gautama, identificado por seus seguidores como Sakyamuni
(pertencente ao clã dos Sakya), Buddha (“o iluminado”) ou Bhagavat (“senhor”). É
tido como o quarto dos cinco budas encarnados. Não há certezas quanto a sua data
de nascimento, mas as biografias mencionam datas desde 624 a.C. até 410 a.C.
Acredita-se que o local de nascimento tenha sido no reino dos Sakyas, na cidade de
Kapilavastu, próxima à fronteira atual entre a Índia e o Nepal.
Ano de fundação: Varia entre o sec. V e VI a.C., conforme se julga a data de nascimen-
to de Siddartha.
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