Terceira Civilização - Edição 534 - 09/02/2013 - pág.
46 - Estudo
Terceira Civilização - Estudo
Budismo Nitiren: sabedoria para a felicidade
da humanidade
Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku
Ikeda
Trechos da carta
“O Kalpa da Diminuição”
A época atual é tal que nem as escrituras
não budistas, os sutras Hinayana, os sutras
Mahayana nem o veículo único do Sutra de
Lótus têm qualquer efeito. A razão disso é
que a dimensão da avareza, da ira e da
estupidez presentes no coração das
pessoas é igual à superioridade da
bondade do Honrado pelo Mundo de
Grande Iluminação. (...) A grande proporção
da avareza, da ira e da estupidez no
coração das pessoas no mundo impuro
dos Últimos Dias está além do controle de
qualquer homem digno ou sábio.
Isso porque, embora o Buda tenha curado
a avareza com o remédio da meditação
sobre a mesquinhez do corpo, tenha
curado a ira com a meditação sobre a
compaixão por tudo e tratado a estupidez
com a meditação sobre a cadeia de doze
elos da causalidade, ensinar essas
doutrinas agora torna as pessoas ainda
piores e faz com que aumente a sua
avareza, ira e estupidez. (...)
Agora, na era maléfica dos Últimos Dias, o
grande mal gerado no mundo religioso em
relação às doutrinas é, na verdade, maior
que a maldade do mundo secular. Quando
as pessoas de hoje, que não têm
consciência disso, se esforçam para
cultivar raízes com o bem e o justo,
ocorrem ainda mais eventos que levam à
ruína do mundo. Embora superficialmente
possa parecer que apoiar os sacerdotes da
Tendai, da Verdadeira Palavra e de outras
escolas do presente seja um ato de bem,
na realidade, é um grande mal que
ultrapassa até mesmo os cinco pecados
capitais e os dez maus atos.
Por essa razão, a fim de que a paz reine
nesta época, se existir no mundo um
homem com sabedoria igual à do Honrado
pelo Mundo de Grande Iluminação, se ele
se unir a um governante digno como o rei
Sen’yo e, juntos, se dedicarem a pôr um
fim a esses atos de “bem” e cometerem o
“grande mal” de censurar, banir, suprimir os
donativos ou mesmo decapitar as pessoas
das oito escolas que são julgadas como
homens de sabedoria, então a época
poderá ser pacificada até certo ponto.
Isso é explicado no primeiro volume do
Sutra de Lótus, que diz: “O verdadeiro
aspecto de todos os fenômenos somente
pode ser compreendido e partilhado entre
budas”. Na frase “consistência do início ao
fim”, “início” refere-se à raiz do mal e à raiz
do bem, e “fim” indica o resultado do mal e
o resultado do bem. Aquele que despertou
completamente para a natureza do bem e
do mal, de suas raízes aos seus ramos e às
suas folhas, é chamado Buda. (...) O Sutra
de Lótus afirma: “[As doutrinas que eles
pregam (...)] nunca serão contrárias ao
Maria José Costa Lourenço (69630-7) / pág. 1.

[verdadeiro] aspecto”. Tient’ai comentou
sobre isso, dizendo que “assuntos
seculares da vida ou do trabalho nunca são
contrários ao verdadeiro aspecto”. Uma
pessoa sábia não é aquela que pratica o
Budismo afastado do mundo secular, mas
sim alguém que conhece profundamente
os princípios que regem este mundo.
Quando a dinastia Yin tornou-se corrupta e
as pessoas estavam sofrendo, T’ai-kung
Wang surgiu no mundo e decapitou o rei
Chou do Yin, pondo fim à miséria do povo.
Quando o segundo imperador da dinastia
Ch’in forçou as pessoas a saborear
amarguras, Chang Liang apareceu e
restaurou a ordem do mundo,
permitindo-lhes provar o sabor da doçura.
Embora esses homens tenham vivido
antes da introdução do Budismo, eles
ajudaram as pessoas como emissários do
Buda Sakyamuni, o senhor dos
ensinamentos. E, embora os adeptos das
escrituras não budistas não tivessem
consciência disso, a sabedoria desses
homens incorporava a essência da
sabedoria do Budismo. (...)
Um grande mal prenuncia a chegada de
um grande bem. Se todo o Jambudvipa for
atirado ao caos, não poderá haver
nenhuma dúvida de que [esse sutra será]
“amplamente propagado por todo o
Jambudvipa” [o mundo inteiro] (END, v. VI,
p. 160-162).
Explanação
Certo dia, meu mestre, Jossei Toda, e eu
estávamos conversando sobre a missão da
Soka Gakkai de propagar amplamente a
Lei Mística, e eu lhe perguntei por que era
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importante empenhar-se na fé com o
espírito de “não poupar a própria vida”1
ensinado no Sutra de Lótus. Ele respondeu:
“No nosso planeta, as pessoas se matam
em guerras; nossa economia é baseada na
sobrevivência do mais forte, e não
necessariamente leva à felicidade; vários
líderes da sociedade, que pela lei
deveriam ajudar os outros, em vez disso,
muitas vezes menosprezam e exploram as
pessoas. E o mesmo tipo de coisa
acontece em áreas como política, ciência e
religião. Isso se chama de carma da
humanidade, mas a sociedade é complexa
e cheia de contradições. Em nenhum lugar
encontramos o caminho fundamental para
a felicidade de todas as pessoas.
“Somente o Budismo Nitiren estabelece os
meios para transformar fundamentalmente
o nosso carma. Ele ensina o caminho da
eternidade, felicidade, verdadeiro eu e
pureza,2 o caminho da realização
duradoura e satisfação. Não há caminho
mais elevado na vida que esse. É por isso
que, se der o seu máximo pela causa da fé,
você jamais se arrependerá”.
Profundamente emocionado com as
palavras de Toda Sensei, renovei minha
determinação de dar tudo de mim,
prosseguindo por esse inigualável
caminho na vida, assim como ele ensinou.
Não há maneira mais emocionante,
gratificante ou significativa para viver que
se dedicar à nobre causa de concretizar a
felicidade de toda a humanidade.
O escrito “O Kalpa da Diminuição”, que
vamos estudar agora, afirma que pôr em
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prática os ensinamentos do Budismo
Nitiren constitui o “caminho fundamental
para a felicidade de todas as pessoas”.
O “kalpa da diminuição”3 refere-se a um
período no qual a energia vital das pessoas
diminui tanto espiritual como fisicamente,
devido aos Três Venenos — avareza, ira e
estupidez4 —, que se intensificam em sua
vida. A era atual em que nos encontramos
é considerada como pertencente ao kalpa
de diminuição.
Em tal época, a sabedoria do Budismo
Nitiren é indispensável se quisermos viver
com força e integridade, sem sermos
afetados pelos Três Venenos, e alcançar a
verdadeira felicidade. Isso porque o
Budismo Nitiren oferece profundas e
perspicazes reflexões sobre como
podemos superar a ilusão interior —
caracterizada pelos Três Venenos, que são
a principal causa de infelicidade.
Acredita-se que “O Kalpa da Diminuição”
tenha sido escrito após a morte do
sacerdote leigo Takahashi Rokuro Hyoe,5
seguidor de Nitiren Daishonin, que viveu na
província de Suruga (atual Shizuoka), e
endereçado a alguém próximo a ele.
Alguns estudiosos sugerem que fora
enviado a um membro da família ou
parente de Takahashi, que era praticante
em Suruga (alguém como o sacerdote
leigo de Nishiyama,6 por exemplo). Em
todo caso, a partir do conteúdo da carta,
que estabelece claramente a essência dos
problemas que o país enfrenta, é provável
que o destinatário deste Gosho tenha sido
um membro da classe guerreira.
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Acredita-se, também, que ele tenha sido
escrito por volta de 1276, algum tempo
depois da primeira invasão mongol
(ocorrida em 1274).
O sacerdote leigo Takahashi foi um
seguidor de firme fé que buscou
sinceramente o ensinamento de Daishonin.
Na carta, Daishonin diz que gostaria de
realizar pessoalmente uma cerimônia em
memória de Takahashi diante de seu
túmulo. Mas, durante o período Kamakura,
a província de Suruga era governada
diretamente pelo clã Hojo [cujos membros
eram hostis aos ensinamentos de
Daishonin pelo fato de seguirem outras
escolas budistas da época]. E se viajasse
até lá, diz ele, certamente causaria
problemas para seus discípulos que
moravam na região; em vez disso, decidiu
enviar um discípulo em seu nome para
recitar o Jigague,7 seção em verso contida
no 16º capítulo do Sutra de Lótus,
“Revelação da Vida Eterna do Buda”, diante
do túmulo de Takahashi (cf. END, v. VI, p.
162).8
Daishonin sempre demonstrava extrema
preocupação com a segurança e o
bem-estar de seus discípulos.
Naquele tempo, uma sensação de crise
iminente tomava conta da nação, assim
como o temor que se espalhou diante da
possibilidade de outro ataque Mongol, que
destruiria o Japão. As pessoas sentiam
enorme ansiedade, e não sabiam aonde ir.
O governo militar de Kamakura ordenou
que a Verdadeira Palavra e outras escolas
budistas orassem pela derrota do inimigo,
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e que a população também acreditasse
firmemente nessas orações. Todas as
escolas cumpriram essa ordem na
esperança de ganhar um prêmio oficial por
seus esforços. Diz-se que mesmo os não
budistas e mestres religiosos e da
adivinhação também teriam participado.
Em outras palavras, os governantes, os
religiosos e o povo estavam com muito
medo e cheios de incertezas — era o
epítome de uma nação condenada cuja
população estava controlada pela avareza,
ira e estupidez.
Nesta carta, Nitiren Daishonin descreve
como a influência negativa dos Três
Venenos havia se intensificado na vida das
pessoas nos Últimos Dias da Lei, como
resultado do abuso e da apropriação por
parte dos mestres de várias escolas
errôneas sobre a sabedoria do grande bem
exposta nos sutras pelo Buda Sakyamuni.
Esse grave erro da calúnia, de confundir e
corromper os ensinamentos do Buda,
afirma Daishonin, foi o principal motivo
pelo qual a nação foi lançada à ruína.
Em tal ambiente, escreveu ele, mesmo a
sabedoria do grande bem de Sakyamuni
não pode suportar a magnitude da
avareza, da ira e da estupidez das pessoas
dos Últimos Dias da Lei. Nenhum dos
ensinamentos do Buda, nem a sabedoria
dos ensinamentos Hinayana e Mahayana,
nem mesmo do veículo único9 do Sutra de
Lótus são eficazes contra elas.10 Assim,
tratava-se também de um momento de
urgente crise para o próprio Budismo.
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No entanto, Daishonin transmitiu a
poderosa convicção de que esse era
exatamente o tempo para um “sábio”,
possuidor da sabedoria do grande bem
como a do Buda Sakyamuni, aparecer e
trabalhar em conjunto com um “digno
governante” pela erradicação do errôneo e
finalmente concretizar a ampla
propagação da Lei em todo o mundo.
Podemos interpretar isso no sentido de
que a sabedoria do ensinamento correto
do Budismo, por meio dos esforços de
pessoas sábias, pode se manifestar na
sociedade como uma força que beneficie a
todos e levante uma grande onda de
mudanças positivas. Sua posição é de que
este é o único caminho para libertar a
humanidade do flagelo da avareza, da ira e
da estupidez nos Últimos Dias da Lei.
Na carta “O Objeto de Devoção para a
Observação da Mente”, Nitiren Daishonin
também discorre como os quatro líderes
dos Bodhisattvas da Terra11 aparecem na
forma de sábios praticantes budistas e
governantes dignos.12
Em “O Kalpa da Diminuição”, Daishonin
afirma que uma pessoa verdadeiramente
sábia no mundo do Budismo é aquela que
pratica o ensinamento correto na
sociedade, a fim de concretizar a felicidade
de todas as pessoas (cf. END, v. VI, p.
161).13
Neste escrito, Daishonin explica que o
ensinamento correto do Budismo que
oferece a sabedoria para a cura dos Três
Venenos e para a concretização da
felicidade de todos os povos e da paz em
toda a terra, que o Sutra de Lótus revela, é
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a verdadeira intenção ou o propósito da
pregação do Buda.
O povo dos maléficos Últimos Dias da Lei,
no entanto, perdeu de vista a intenção
fundamental articulada nesse sutra. E, em
vez disso, abraçou os ensinamentos
parciais ou provisórios do Buda, que
depois se transformaram em influências
nocivas que apenas exacerbam a avareza,
a ira e a estupidez no coração das pessoas.
É neste momento então que uma sábia
pessoa surgiu e corajosamente tomou as
medidas para se alcançar o objetivo
original do Budismo de capacitar todas as
pessoas a atingir a iluminação. Essa pessoa
possuía a verdadeira sabedoria do
ensinamento correto do Budismo e o
poder para implementar essa sabedoria na
sociedade beneficiando a todos.
“O Kalpa da Diminuição” identifica Nitiren
Daishonin como essa pessoa
verdadeiramente sábia que surge nos
Últimos Dias da Lei e tem a dedicação, a
prática e a liderança para orientar todas as
pessoas à genuína felicidade e para
concretizar a ampla propagação da Lei
Mística.
A época atual é tal que nem as escrituras
não budistas, os sutras Hinayana, os sutras
Mahayana nem o veículo único do Sutra de
Lótus têm qualquer efeito. A razão disso é
que a dimensão da avareza, da ira e da
estupidez presentes no coração das
pessoas é igual à superioridade da
bondade do Honrado pelo Mundo de
Grande Iluminação. (...) A grande proporção
da avareza, da ira e da estupidez no
coração das pessoas no mundo impuro
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dos Últimos Dias está além do controle de
qualquer homem digno ou sábio.
Isso porque, embora o Buda tenha curado
a avareza com o remédio da meditação
sobre a mesquinhez do corpo,14 tenha
curado a ira com a meditação sobre a
compaixão por tudo15 e tratado a
estupidez com a meditação sobre a cadeia
de doze elos da causalidade,16 ensinar
essas doutrinas agora torna as pessoas
ainda piores e faz com que aumente a sua
avareza, ira e estupidez (...) (END, v. VI, p.
160).
A intensidade de Três Venenos nos
Últimos Dias da Lei
Nesta carta, Daishonin indica que os Três
Venenos — avareza, ira e estupidez — são
o mal fundamental que enfraquece a
vitalidade das pessoas ou a energia vital e
que, pelo fato de esses venenos se
intensificarem nos Últimos Dias da Lei, a
influência da “sabedoria do mal” veio a
superar a “sabedoria do bem” do Budismo
(cf. END, v. VI, p. 159).
O Buda Sakyamuni expôs diversos
ensinamentos para se superar os Três
Venenos. Nitiren Daishonin explica que, na
era impura dos Últimos Dias da Lei, o mal
no coração das pessoas decorrente desses
venenos aumentou a um ponto que não se
consegue mais superar esses Três
Venenos por meio dos ensinamentos de
qualquer homem digno ou sábio.
Por exemplo, em épocas anteriores, as
pessoas seguiam o ensinamento do Buda
de que a avareza pode ser superada por
meio da meditação sobre a mesquinhez do
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corpo, a ira por meio da meditação sobre a
compaixão por tudo, e a estupidez
meditando-se sobre a cadeia de doze elos
da causalidade. Porém, Daishonin explica
que nos Últimos Dias não apenas essas
práticas se tornaram ineficazes, mas
também têm o efeito contrário de
intensificar a avareza, a ira e a estupidez
das pessoas. Em outras palavras, tentar
tratar os males nocivos sem entender suas
causas fundamentais só os faz piorar.
Daishonin declara que, nos Últimos Dias da
Lei, os Três Venenos não podem ser
controlados nem mesmo pela sabedoria
do grande bem de Sakyamuni. Isso
porque, embora as pessoas sigam os
ensinamentos de Sakyamuni, seu apego
aos meios parciais ou às doutrinas
provisórias lhes faz perder de vista todos
os objetivos fundamentais da Iluminação
Universal e da superação do sofrimento,
que são a verdadeira intenção do Buda.
Nos Últimos Dias da Lei, diz Nitiren
Daishonin, esses ensinamentos de
Sakyamuni já não têm o poder de agir
positivamente para espalhar a sabedoria
do Budismo nem de revitalizar a vida das
pessoas e da sociedade como um todo.
Quando começamos e entender
profundamente a intenção do Buda a
respeito da Iluminação Universal, exposta
no Sutra de Lótus, percebemos quanto é
importante cada um desenvolver todo o
potencial e agir em prol do Kossen-rufu,
fazendo a luta da revolução humana se
expandir de uma pessoa para outra.
Conheci muitos dos principais pensadores
do mundo e conversei com eles, e a
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maioria concorda que a solução
fundamental para as crises que
enfrentamos em nosso mundo deve, no
fim, começar pela transformação interna
dos próprios seres humanos.
Naturalmente, também precisamos agir
concreta e rapidamente para lidar de
forma efetiva com os muitos problemas
que nos afligem.
A esse respeito, é fundamental que
economistas, legisladores, educadores e
líderes de todos os campos estejam
verdadeiramente comprometidos com o
bem-estar das pessoas e se esforcem de
forma concentrada para conjugar sua
criatividade e sabedoria para esse fim.
Num nível ainda mais profundo, no
entanto, a humanidade está em busca de
meios filosóficos e práticos para aniquilar
os enraizados impulsos da ilusão da
avareza, da ira e da estupidez. E é
imperativo que nós, como seres humanos,
mudemos.
Agora, na era maléfica dos Últimos Dias, o
grande mal gerado no mundo religioso em
relação às doutrinas é, na verdade, maior
que a maldade do mundo secular. Quando
as pessoas de hoje, que não têm
consciência disso, se esforçam para
cultivar raízes com o bem e o justo,
ocorrem ainda mais eventos que levam à
ruína do mundo. Embora superficialmente
possa parecer que apoiar os sacerdotes da
Tendai, da Verdadeira Palavra e de outras
escolas do presente seja um ato de bem,
na realidade, é um grande mal que
ultrapassa até mesmo os cinco pecados
capitais17 e os dez maus atos.18
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Por essa razão, a fim de que a paz reine
nesta época, se existir no mundo um
homem com sabedoria igual à do Honrado
pelo Mundo de Grande Iluminação, se ele
se unir a um governante digno como o rei
Sen’yo19 e, juntos, se dedicarem a pôr um
fim a esses atos de “bem” e cometerem o
“grande mal” de censurar, banir, suprimir os
donativos ou mesmo decapitar as pessoas
das oito escolas [budistas]20 que são
julgadas como homens de sabedoria,
então a época poderá ser pacificada até
certo ponto (cf. END, v. VI, p. 160-161).
Uma pessoa sábia e um digno
governante agindo em conjunto pelo
bem-estar das pessoas
Nesse trecho, Nitiren Daishonin afirma que
as maldades no mundo do Budismo
causam mais danos e sofrimentos para o
povo que ações maléficas na esfera
secular. Ele acusa as escolas budistas do
Japão daquela época de defenderem
ensinamentos errôneos que contribuem
para a desgraça do povo. Essas escolas,
segundo ele, eram culpadas pela calúnia à
Lei, indo contra a intenção do Buda
estabelecida no Sutra de Lótus — isto é,
não acreditavam no ensinamento de que
todas as pessoas têm o potencial de atingir
a iluminação.
O desejo inicial do Buda Sakyamuni era
permitir que todos os seres humanos
atingissem o estado de Buda, como
expresso de forma sucinta em seu grande
juramento contido no Sutra de Lótus de
“fazer todas as pessoas iguais a mim, sem
qualquer distinção entre nós” (LSOC, cap. 2,
p. 70 [LS, cap. 2, p. 36]).
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A essência desse ideal budista é para
reconhecermos que todos podem
evidenciar sua infinitamente nobre
natureza de Buda e, com base nisso,
respeitarmo-nos uns aos outros e construir
uma sociedade pacífica.
A rigor, os ensinamentos pré-Sutra de
Lótus também elucidavam, pelo menos
parcialmente, esse ideal de respeito pela
dignidade humana. Em sua essência, a
sabedoria do Budismo como um todo
deveria se tornar uma fortaleza da religião
humanística a contribuir da mais variada
forma em prol da humanidade.
Infelizmente, durante a época de Nitiren
Daishonin, as escolas budistas haviam
perdido de vista a verdadeira intenção do
Buda e os ideais fundamentais do
Budismo. Elas se apegavam aos
ensinamentos parciais ou transitórios dos
sutras expostos antes do Sutra de Lótus.
Além disso, no processo de proclamar os
ensinamentos de suas próprias escolas
como a verdade última do Budismo, eles
caluniavam o Sutra de Lótus e rejeitavam a
sabedoria do Buda que ensina o respeito
por todos os seres humanos.
O clero dessas escolas demonstrava
características de “sacerdotes arrogantes”
e “falsos sábios arrogantes” — dois dos
Três Poderosos Inimigos21 (sendo o
terceiro os “fiéis leigos arrogantes”). Eles
nutriam profunda inimizade com Daishonin,
o devoto do Sutra de Lótus, muito
semelhante aos quatro tipos de crentes
(monges, monjas, leigos e leigas), que
perseguiram o Bodhisattva Jamais
Desprezar22 no Sutra de Lótus.
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Os seguidores leigos de várias escolas
budistas, no entanto, foram enganados
pela autoridade dos sacerdotes religiosos
e a aparência de respeitabilidade deles, e
não conseguiam enxergar a realidade.
Como resultado, embora achassem que
acumulavam boas causas por meio de sua
prática budista, estavam de fato se
embebendo assustadoramente do veneno
da calúnia contra a Lei. Era como se o que
acreditavam ser o remédio da cura fosse,
na verdade, uma substância venenosa.
Esse é o significado de “o grande mal
surge menos do erro secular que [do erro]
relacionado com as doutrinas do mundo
religioso” (END, v. VI, p. 160).
Daishonin indica que a única forma de
solucionar essa situação seria uma pessoa
sábia, que possui a sabedoria do
ensinamento correto do Budismo, e um
digno governante se unirem para pôr um
fim a esse grande mal.
Uma pessoa sábia que possuísse a
“sabedoria como a do Honrado pelo
Mundo de Grande Iluminação [Buda
Sakyamuni]” (END, v. VI, p. 160) e fosse
capaz de reconhecer calúnia contra a Lei
cometida pelas escolas budistas errôneas
daquele tempo e discernir sobre a
verdadeira natureza de seus sacerdotes,
de combater esse mal, e restaurar o ideal
de respeito por todas as pessoas, o
objetivo primeiro do Budismo.
Uma pessoa sábia que, junto com um
digno governante de excelente senso de
justiça sobre o certo e o errado, se
empenha para repudiar os ensinamentos
errôneos que conduzem as pessoas ao
sofrimento. Esse seria o caminho para
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realmente conduzir todas as pessoas à
iluminação e criar uma sociedade segura e
próspera.
Uma verdadeira pessoa sábia nos Últimos
Dias da Lei deve incorporar não somente a
sabedoria do grande bem do ensinamento
correto do Budismo, mas também deve
ser capaz de detectar as ações da
maldade, lutar contra elas e batalhar para
libertar as pessoas da prisão dos
ensinamentos falsos.
Nitiren Daishonin levantou-se como essa
pessoa sábia e se dedicou a essa luta sem
poupar a vida. Estava determinado a
denunciar para o povo do Japão a terrível
natureza da calúnia contra a Lei. Mesmo
sofrendo grandes perseguições,
pessoalmente, Daishonin continuou
denunciando os sacerdotes da época
como personificações da maldade que
estava destruindo o Budismo.
Mas a época apenas fez crescer a
escuridão à medida que a escola Tendai —
que originalmente se baseava no Sutra de
Lótus e deveria proteger seu ensinamento
— passou a adotar práticas com rituais de
magia da Verdadeira Palavra que visava o
lucro imediato, esquecendo-se
completamente da intenção do Buda
ensinada no Sutra de Lótus.
Esses acontecimentos levaram Daishonin a
bradar pela necessidade de lutar de forma
inflexível e incansável contra aqueles que
tentavam destruir o espírito do Sutra de
Lótus, de respeito por todas as pessoas.
Nesta carta, ele chega a ponto de sugerir
“censurar, banir, suprimir os donativos, ou
mesmo decapitar as pessoas” (END, v. VI,
Maria José Costa Lourenço (69630-7) / pág. 8.

p. 161).
Claro que Nitiren Daishonin falava de
forma figurada, e não com o desejo real de
que os sacerdotes fossem decapitados. Na
realidade, ele — que tomava medidas pela
felicidade das pessoas e de uma
sociedade pacífica com o risco de perder a
vida — estava sendo atacado, exilado, tinha
o apoio negado e era ameaçado de
execução, tanto pelas autoridades e como
pelas pessoas em geral.
Nesse contexto, seu apelo pelo uso de
medidas aparentemente draconianas fora
concebido como uma severa repreensão
às autoridades, que estavam dispostas a
tomar duras medidas contra Daishonin em
vez de mirar o alvo correto.
Ele alertava os líderes da nação, que
deveriam ser o esteio e a bússola das
pessoas, na tentativa de despertá-los para
o fato de que o país estava destinado à
ruína a menos que eles distinguissem
corretamente o bem e o mal, o verdadeiro
e o falso. E protestou para que governo se
comportasse como um “digno governante”
que atendesse uma pessoa sábia.
Aqui, o “digno governante” representa uma
entidade da sociedade capaz de
reconhecer uma pessoa sábia. Por
exemplo, hoje, em uma sociedade
democrática, o “digno governante”
corresponde aos cidadãos do povo,
possuidores de sabedoria. A sabedoria de
cada cidadão é vital para se edificar uma
sociedade paz e tranquilidade.
Quando as pessoas crescem mais sábias e
mais fortes, os ideais da dignidade da vida
Terceira Civilização - Edição 534 - 09/02/2013 - pág. 46 - Estudo
e da absoluta importância da paz se
tornam mais amplamente aceitos e
predominantes na sociedade. E isso faz
com que mais pessoas rejeitem as ideias
egocêntricas que dão origem à
discriminação e à guerra que infligem tanto
sofrimento.
As próprias pessoas devem se esforçar
para evitar que as funções negativas da
vida se manifestem e imperem. Pode-se
dizer que a construção de uma rede de
pessoas dedicadas ao genuíno bem é o
equivalente contemporâneo do
surgimento de uma pessoa sábia e de um
digno governante.
A fim de criar essa sociedade, é
fundamental difundir amplamente os
princípios filosóficos da dignidade da vida,
do respeito por todas as pessoas e da
construção da paz.
Nós, como praticantes do Budismo Nitiren,
temos a missão e a responsabilidade social
de conscientizar os outros por meio do
poder das palavras, do diálogo e das
ideias, e concretizar uma sociedade
pacífica e próspera. Acredito firmemente
que nossos incessantes esforços para este
fim estão em profunda consonância com o
princípio da mudança baseada em derrotar
o mal para realizar o bem elucidado neste
escrito.
Isso é explicado no primeiro volume do
Sutra de Lótus, que diz: “O verdadeiro
aspecto de todos os fenômenos somente
pode ser compreendido e partilhado entre
budas”. Na frase “consistência do início ao
fim”, “início” refere-se à raiz do mal e à raiz
do bem, e “fim” indica o resultado do mal e
Maria José Costa Lourenço (69630-7) / pág. 9.

o resultado do bem. Aquele que despertou
completamente para a natureza do bem e
do mal, de suas raízes aos seus ramos e às
suas folhas, é chamado Buda. (...) O Sutra
de Lótus afirma: “[As doutrinas que eles
pregam (...)] nunca serão contrárias ao
[verdadeiro] aspecto”.23 Tient’ai comentou
sobre isso, dizendo que “assuntos
seculares da vida ou do trabalho nunca são
contrários ao verdadeiro aspecto”. Uma
pessoa sábia não é aquela que pratica o
Budismo afastado do mundo secular, mas
sim alguém que conhece profundamente
os princípios que regem este mundo.
Quando a dinastia Yin tornou-se corrupta e
as pessoas estavam sofrendo, T’ai-kung
Wang24 surgiu no mundo e decapitou o rei
Chou do Yin, pondo fim à miséria do povo.
Quando o segundo imperador da dinastia
Ch’in25 forçou as pessoas a saborear
amarguras, Chang Liang26 apareceu e
restaurou a ordem do mundo,
permitindo-lhes provar o sabor da doçura.
Embora esses homens tenham vivido
antes da introdução do Budismo, eles
ajudaram as pessoas como emissários do
Buda Sakyamuni, o senhor dos
ensinamentos. E, embora os adeptos das
escrituras não budistas não tivessem
consciência disso, a sabedoria desses
homens incorporava a essência da
sabedoria do Budismo (...) (END, v. VI, p.
161).
Conhecer as causas fundamentais e
as manifestações do bem e do mal
Nessa passagem, Daishonin indica que
uma pessoa verdadeiramente sábia, nos
Últimos Dias da Lei, não só conhece as
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raízes ou as causas fundamentais do bem
e do mal, mas também seus ramos e suas
folhas, isto é, suas inumeráveis
manifestações ​no mundo real. Ele diz que
tal pessoa tem um profundo
conhecimento sobre os princípios budistas
e sobre os assuntos seculares, aliado a um
bom domínio dos princípios pelos quais o
mundo é governado. Em outras palavras, a
partir da perspectiva do ensinamento de
Nitiren Daishonin, uma pessoa sábia é
aquela que pode transformar a realidade
baseando-se na sabedoria do Budismo.
Nesse trecho de “O Kalpa da Diminuição”,
Daishonin refere-se às doutrinas do
“Verdadeiro Aspecto de Todos os
Fenômenos”27 e “Três Mil Mundos num
Único Momento da Vida”28 expostas no
Sutra de Lótus. O “Verdadeiro Aspecto de
Todos os Fenômenos” é a realidade do
mundo exatamente como a sabedoria do
Buda a compreende. A sabedoria do Buda
compreen­de o verdadeiro aspecto não
somente dos fenômenos visíveis, externos,
mas também da boa e má condição da
vida dos seres vivos nos Dez Mundos e as
causas por trás delas.
Quando se encontra mesmo com uma
única pessoa, um buda pondera sobre a
verdadeira realidade da condição de vida
dela, a bondade ou maldade contidas em
seu coração, seus sofrimentos e suas
alegrias, as causas que a levaram à
infelicidade e ao infortúnio.
Ao agir assim, um buda pode captar com
precisão o que a pessoa necessita fazer
para transformar positivamente seu estado
de vida e, depois, prega com benevolência
o ensinamento que ajudará a libertá-la do
Maria José Costa Lourenço (69630-7) / pág. 10.

sofrimento — um ensinamento concebido
para inspirar cada indivíduo a se lançar em
sua própria transformação interior.
Dito de outra forma, um buda é aquele que
conhece profundamente a raiz do bem
(natureza fundamental da iluminação) e a
raiz do mal (escuridão fundamental ou
ignorância), bem como os galhos e folhas
que brotam dessas raízes (as diversas
manifestações do bem e do mal, do
sofrimento e da alegria, em meio à
realidade da sociedade). O Budismo, por
sua própria natureza, é uma religião para
transformação que possibilita a cada
pessoa libertar-se do ciclo negativo,
direcionando-a para o caminho do bem.
Nesse trecho, Nitiren Daishonin cita uma
passagem do 19º capítulo do Sutra de
Lótus, “Os Benefícios do Mestre da Lei”:
“[As doutrinas que eles pregam (...)] nunca
serão contrárias ao [verdadeiro] aspecto”
[LSOC, cap. 19, p. 304 (LS, cap. 19, p. 263)], e
cita ainda os comentários de Tient’ai sobre
esta afirmação: “Os assuntos seculares da
vida ou do trabalho nunca são contrários
ao verdadeiro aspecto” (END, v. VI, p. 161).
Em outro escrito, “O Presente de Arroz”, no
qual Daishonin cita a mesma observação
de Tient’ai, consta: “O verdadeiro caminho
da vida se encontra neste mundo secular.
(...) O Sutra de Lótus explica que, no final,
as questões seculares são todas do
Budismo” (END, v. I, p. 431-432).
Os assuntos da vida diária, sem exceção,
são em si o Budismo. A luz da sabedoria do
Budismo brilha em meio à escuridão do
nosso conturbado e atormentado mundo,
oferecendo coragem, esperança e acerca desse princípio são geralmente
Terceira Civilização - Edição 534 - 09/02/2013 - pág. 46 - Estudo
confiança. Assim como Daishonin afirma
claramente neste trecho do escrito: “Uma
pessoa sábia não é aquela que pratica o
Budismo afastado do mundo secular, mas
sim alguém que conhece profundamente
os princípios que regem este mundo”
(END, v. VI, p. 161).
O Budismo não existe separado da
sociedade. Alguém verdadeiramente sábio
é aquele que age para contribuir com a
sociedade e guiá-la numa direção positiva
por meio dos poderes da sabedoria e
benevolência budistas. Enquanto isso, uma
sociedade dotada da sabedoria do
Budismo florescerá e prosperará.
A SGI empreende firmes esforços,
seguindo o correto caminho de que “a fé é
igual à vida diária” e que “o Budismo se
manifesta na sociedade”. Com base na
convicção de que uma religião separada
da realidade é uma religião morta, temos
sistematicamente enfatizado a importância
da vida diária e da sociedade.
Muitas pessoas, no entanto, ainda veem o
Budismo e os assuntos seculares
separados. O fundador da Soka Gakkai,
presidente Tsunessaburo Makiguti,
escreveu:
“Mesmo os mais eminentes estudiosos,
exceto um número extremamente
pequeno de líderes religiosos com boa
compreensão, não conseguem entender o
princípio da vida da ‘consistência do início
ao fim’ (LSOC, cap. 2, p. 57 [LS, cap. 2, p.
24]), que significa que o Budismo abrange
todos os assuntos seculares. Mesmo
aqueles que têm compreensão teórica
Maria José Costa Lourenço (69630-7) / pág. 11.

incapazes de incorporá-lo em sua vida.
“Consequentemente, nas mais de uma
dúzia de séculos que se passaram desde a
transmissão dos ensinamentos budistas no
Japão, o Budismo e os assuntos seculares
foram tratados completamente
independentes e distintos.
“Mas quando nossos membros
demonstram a validade desse princípio,
pondo-o em prática, e quando a suprema
Lei da vida pela qual a humanidade anseia
— isto é, a Lei Mística para alcançar a
iluminação — torna-se facilmente acessível
a todos, então as pes­soas naturalmente
desejarão compartilhar seus benefícios
com todos e ajudá-los a alcançar a
felicidade absoluta”.29
Uma inabalável convicção nos princípios
de que “a fé é igual à vida diária” e
“Budismo se manifesta na própria
sociedade” é o ponto de partida da fé da
Soka Gakkai e da força motriz para todas
as nossas atividades. A prova real de pôr
em ação os ensinamentos do Budismo na
sociedade que Makiguti Sensei esperava
foi comprovada pelas experiências de
nossos membros nos últimos oitenta anos.
“A menos que o espírito humano seja
fundamentalmente transformado por uma
revolução religiosa, o caos nos assuntos
humanos nunca será sanado”,30 assim
escreveu Makiguti Sensei logo que iniciou
o grande desafio para transformar a
sociedade. Essa é a eterna prática do
Budismo Nitiren, orientada pelo princípio
do “Estabelecimento do Ensino Correto
para a Paz da Nação”.
Terceira Civilização - Edição 534 - 09/02/2013 - pág. 46 - Estudo
O que devemos lembrar, acima de tudo, é
o espírito de grande benevolência de
Nitiren Daishonin, que se recusa a ignorar o
sofrimento das pessoas e suas angústias —
um espírito que é eloquentemente
elucidado no início de sua “Tese sobre o
Estabelecimento do Ensino Correto para a
Paz da Nação” (END, v. 1, p. 9).
Nesse trecho de “O Kalpa da Diminuição”,
Daishonin estende seu olhar humanista até
mesmo aos sofrimentos do povo chinês
antes da introdução do Budismo na China.
Ele se refere às histórias de T’ai-kung
Wang e Chang Liang, que derrotaram os
governantes que causavam sofrimento aos
seus povos durante as dinastias Yin e
Chou, respectivamente. Obviamente, uma
vez que o Budismo ainda não havia
chegado da Índia, nenhum dos dois
conhecia os ensinamentos de Sakyamuni.
No entanto, Nitiren Daishonin atribuiu os
esforços deles em nome do bem-estar das
pessoas ao fato de serem “emissários do
Buda Sakyamuni, o senhor dos
ensinamentos” e que “a sabedoria desses
homens incorporava a essência da
sabedoria do Budismo” (END, v. VI, p. 161).
As palavras de Daishonin indicam que o
aspecto do mundo do estado de Buda está
manifesto, e que a sabedoria do Budismo
brilha em qualquer esforço pelo bem-estar
dos outros, em manifestar sinceramente a
sabedoria para abrir o caminho da
felicidade para todas as pessoas e
estabelecer uma sociedade pacífica.
Com base numa interpretação mais ampla,
isso significa que, para atacar a causa do
sofrimento das pessoas, é indispensável a
construção de uma rede de bem que
Maria José Costa Lourenço (69630-7) / pág. 12.

proteja o bem-estar das pessoas. Essa é a
essência do humanismo do Budismo
Nitiren.
A SGI se empenha em amplas atividades e
intercâmbios pela promoção da paz,
cultura e educação. O Budismo é um
ensinamento que existe para a felicidade
das pessoas. Essa é a sua própria base.
Devemos, portanto, ter uma firme posição
contra as forças autoritárias que buscam
subverter os ideais humanistas do
Budismo Nitiren e tentam, ainda,
transformá-lo numa religião que sirva não
apenas para o próprio bem, como também
exploram as pessoas.
Um grande mal prenuncia a chegada de
um grande bem. Se todo o Jambudvipa for
atirado ao caos, não poderá haver
nenhuma dúvida de que [esse sutra será]
“amplamente propagado por todo o
Jambudvipa [o mundo inteiro]”31 (END, v.
VI, p. 162).
Um grande mal prenuncia um grande
bem
O desenvolvimento de uma sociedade
depende de quais ideais e filosofias são
cultivados pelas pessoas que nela vivem.
A sociedade da época de Daishonin
recusou-se a reconhecer as verdades que
ele apresentou. Ela tolerava a difamação
da Lei que acarretava o sofrimento que se
abateu sobre o povo. Uma sociedade
como essa, que concedeu legitimidade às
escolas budistas errôneas que ignoravam a
felicidade das pessoas ou somente fingiam
trabalhar por isso, era difícil de prosperar
de forma sólida.
Terceira Civilização - Edição 534 - 09/02/2013 - pág. 46 - Estudo
Mas a luz da sabedoria do ensinamento
correto do Budismo revela seu verdadeiro
valor em tempos de grandes tumultos.
Nitiren Daishonin acreditava que a hora
mais escura da noite era o prelúdio de uma
madrugada de oportunidades do despertar
das pessoas para a mudança, um
momento decisivo.
“Um grande mal prenuncia a chegada de
um grande bem” (END, v. VI, p. 162),
escreveu Nitiren Daishonin. Na prática, ele
afirmava: “Não há necessidade de
pessimismo. Eu, Nitiren, possuindo a
sabedoria do sol como a do Buda, surgi em
resposta a esse tempo obscuro. Um
grande mal prenuncia a chegada do
grande bem do Kossen-rufu”. Quão
inspirados e encorajados devem ter ficado
os discípulos de Daishonin por sua resoluta
convicção!
Nitiren Daishonin também escreveu: “Se
todo o Jambudvipa for atirado ao caos, não
poderá haver nenhuma dúvida de que
[esse sutra será] amplamente propagado
por todo o Jambudvipa [o mundo inteiro]”
(END, v. VI, p. 162). É claro que o Budismo
Nitiren não defende de modo algum a
visão do fim do mundo, mas seu objetivo é
acabar com o sofrimento das pessoas e
capacitá-las a alcançar a felicidade no
mundo real.
Em especial, pelo fato de os Últimos Dias
da Lei ser um tempo de desafios
aparentemente insolúveis, podemos agir
para transformar as circunstâncias,
derrubando as perversas práticas do
passado, fazendo reavaliações radicais e
revelando a fonte para encontrar soluções
Maria José Costa Lourenço (69630-7) / pág. 13.

de mudança.
Essa completa transformação, muito
naturalmente, encontrará resistência,
porém é a única maneira de abrir um novo
caminho para o futuro. O Budismo Nitiren é
o ensinamento do inabalável compromisso
com a transformação positiva da realidade
— um ensinamento que torna possível
transformarmos este conturbado mundo
saha num reino de paz e felicidade, sem
falta.
Em outras palavras, a luta de uma pessoa
sábia é a chave para se alcançar o
Kossen-rufu.
Em seu escrito, “O Grande Bem e o Grande
Mal”, Daishonin declara:
“Quando um grande mal ocorre, um
grande bem o sucederá. Como a pior
calúnia já predomina em todo país, a Lei
Suprema se propagará sem falta. O que
qualquer dos senhores tem a reclamar?
Apesar de não ser o venerável
Mahakashyapa,32 deve pular de alegria.
Embora não seja Shariputra,33 deve
levantar-se e dançar. Quando o princípios humanísticos do Budismo, de
Bodhisattva Práticas Superiores emergiu
da terra, ele não veio dançando?” (END, v.
V, p. 255)
Nitiren Daishonin encoraja seus seguidores
dizendo que agora é a hora de seguir em
frente com elevado espírito, de forma
renovada, alegre e dinâmica.
A marca de um ensinamento
transformador está no seu poder de ajudar
as pessoas a transformar um grande mal
em um grande bem, movendo-se na
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direção da esperança, felicidade,
segurança e paz.
Certa vez, Toda Sensei escreveu:
“A civilização e o progresso científico
deveriam contribuir para fortalecer as
nações e o povo, mas, até agora, a
humanidade vem concentrando toda a sua
energia nas lutas e disputas entre nações,
levando-nos na direção oposta da paz.
Quanto maiores os avanços tecnológicos
que temos em nosso dia a dia, mais
autoritários nos tornamos. Quanto mais
civilizados ou culturalmente desenvolvidos
somos, mais arrogantes ficamos. Tanto a
avançada tecnologia como a noção de
civilidade parecem contribuir para nos
tornarmos não só autoritários e arrogantes,
como também invejosos e covardes. O
que, então, poderia ser a força motriz para
a paz e felicidade na Terra? Tem de ser a
religião”.34
As atividades da SGI, seguindo o grande
Caminho do Budismo se manifesta na
própria sociedade, oferecem uma brilhante
luz da esperança para a propagação dos
estabelecimento do ensino correto para
paz da nação.
Uma vez que o Budismo
É inseparável
Dos assuntos da sociedade,
Nós nos esforçamos
Com revigorada alegria,
Dia após dia.
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 Terceira Civilização - Edição 534 - 09/02/2013 - pág. 46 - Estudo

VI, p. 162).

9. Veículo único: Também conhecido como um veículo, veículo único do Buda, veículo
(Daibyakurengue, único do estado de Buda ou supremo veículo. Refere-se ao maior e mais verdadeiro

ensinamento do Buda que pode conduzir todas as pessoas à iluminação; em outras

edição de fevereiro de 2011.) palavras, o Sutra de Lótus.

10. Nitiren Daishonin escreveu: “A época atual [dos Últimos Dias da Lei] é tal que nem as

Notas: escrituras não budistas, os sutras Hinayana, os sutras Mahayana nem o veículo único do

1. O 13º capítulo do Sutra de Lótus, “Devoção Encorajadora”, fala sobre “nunca poupar Sutra de Lótus têm qualquer efeito. A razão disso é que a dimensão da avareza, da ira e

nossos corpos ou nossa vida” (LSOC, cap. 13, p. 229 [LS, cap. 13, p. 191]) na busca pelo da estupidez presentes no coração das pessoas é igual à superioridade do [da sabedoria

ensinamento do Budismo e em sua propagação. do] Honrado pelo Mundo de Grande Iluminação [Buda Sakyamuni] em bondade” (END, v.

2. Eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza são conhecidos como as quatro virtudes. VI, p. 160).

Descrevendo as nobres qualidades da vida do Buda, as quatro são explicadas da 11. Quatro Líderes dos Bodhisattvas da Terra: Também chamados Quatro Bodhisattvas

seguinte forma: “eternidade” significa imutável e eterno, “felicidade” significa ou Quatro Grandes Bodhisattvas. Seus nomes são Práticas Superiores, Práticas

tranquilidade que transcende todo sofrimento, “verdadeiro eu” significa a verdadeira e Ilimitadas, Práticas Puras e Práticas Firmemente Estabelecidas. Eles são os líderes dos

intrínseca natureza, e “pureza” significa estar livre da ilusão ou conduta equivocada. incontáveis bodhisattvas que surgem da terra, em resposta ao chamado de Sakyamuni

3. Kalpa da diminuição: Período no qual a duração da vida humana diz-se diminuir. No no 15º capítulo do Sutra de Lótus, “Emergindo da Terra”. No 21º capítulo do Sutra de

kalpa da continuação — que corresponde ao segundo estágio dos quatro ciclos da Lótus, “Os Poderes Místicos do Buda”, Sakyamuni transfere a essência do Sutra e confia

formação, continuação, declínio e desintegração, a existência humana repete um ciclo a propagação deste a esses bodhisattvas após a sua morte.

de diminuição e de aumento gradativos da sua expectativa de vida. Qualquer período de 12. Por exemplo, Nitiren Daishonin escreveu: “No tempo para a prática do Chakubuku [isto

diminuição é chamado kalpa da diminuição. Qualquer dos períodos em que a duração é, nos Últimos Dias da Lei] os Quatro Bodhisattvas aparecem como dignos governantes

da vida humana aumenta é denominado kalpa do aumento. Diz-se que Sakyamuni que repreendem e convertem os governantes ignorantes” (WND, v. 1, p. 37).

surgiu no presente kalpa da continuidade, no nono kalpa da diminuição 13. Nitiren Daishonin afirma: “Uma pessoa sábia não é aquela que pratica o Budismo

4. Três Venenos — avareza, ira e estupidez: São os males fundamentais inerentes à vida afastado do mundo secular, mas sim alguém que conhece profundamente os princípios

que dão origem ao sofrimento humano. No Tratado sobre a Grande Perfeição da que regem este mundo” (END, v. VI, p. 161).

Sabedoria do renomado estudioso Mahayana Nagarjuna, os Três Venenos são 14. Meditação sobre a mesquinhez do corpo: Consiste na prática da meditação destinada

considerados a fonte de todas as ilusões e de todos os desejos seculares. Os Três a superar a ânsia e a ganância. Um dos cinco tipos de meditação ou práticas

Venenos são assim chamados porque contaminam a vida das pessoas e trabalham para meditativas para aquietar a mente e eliminar a ilusão. Os cinco tipos de meditação são:

impedir que seu coração e sua mente se voltem para a bondade. (1) meditação sobre a mesquinhez do corpo, (2) meditação sobre a compaixão, (3)

5. Takahashi Rokuro Hyoe [n.d.]: Também conhecido como o sacerdote leigo Takahashi, meditação sobre a origem dependente, (4) meditação sobre o discernimento correto do

foi um discípulo de Nitiren Daishonin que viveu em Kajima, distrito de Suruga (atual mundo fenomenal, e (5) meditação da contagem da respiração.

cidade de Fuji, no centro de Shizuoka). Ele se converteu ao Budismo Nitiren por meio do 15. Meditação sobre a compaixão: Consiste na prática da meditação destinada a eliminar

sobrinho de sua esposa, Nikko Shonin, discípulo e sucessor de Daishonin. Uma carta de a raiva e o ódio. Ela é um dos cinco tipos de meditação.

Nitiren Daishonin endereçada a Takahashi confiava a ele a responsabilidade da 16. Meditação sobre os dozes elos da causalidade: Também conhecida como meditação

propagação na localidade onde morava, o que indica que ele teria a confiança de sobre os doze elos da origem dependente; e ela é um dos cinco tipos de meditação que

Daishonin e foi um líder entre os fiéis leigos em Fuji. consistem na prática meditativa que visa eliminar a insensatez ou a ignorância. Os dozes

6. Sacerdote leigo de Nishiyama [n.d.]: Seguidor de Nitiren Daishonin, que viveu na Vila de elos da causalidade é uma doutrina do início do Budismo que mostra a relação causal

Nishiyama em Fuji, no distrito de Suruga. É destinatário de uma série de cartas de entre a ignorância e o sofrimento. O Buda Sakyamuni disse ter exposto este ensinamento

Daishonin. em resposta à pergunta “por que as pessoas têm de sofrer com o envelhecimento e a

7. Jigague: Refere-se ao trecho em verso do 16º capítulo do Sutra de Lótus, “Revelação morte”. Cada elo é uma causa que leva à próxima.

da Vida Eterna do Buda”, que é recitado na segunda parte do Gongyo, ou a liturgia da 17. Cinco pecados capitais: São os cinco delitos mais graves no Budismo, e suas

SGI. Inicia com o trecho Ji–ga–tôku bú’ rai (em português, desde que atingi o estado de explicações variam de acordo com os sutras e tratados. A definição mais comum

Buda) e termina com Mai ji–sa–zê–nen. I–ga–lhô–shu–jô–. Tôku nhu–mu jô–dô–. Sôku consiste em: (1) matar o próprio pai, (2) matar a própria mãe, (3) matar um arhat (4), ferir

jô–ju bú’ shin (Medito constantemente: como posso conduzir as pessoas ao caminho um Buda, e (5) causar desunião na Ordem Budista. Diz-se que aqueles que cometem

supremo e fazer com que adquiram rapidamente o corpo de um buda?) (LSOC, cap. 16, p. qualquer desses cinco pecados capitais caem invariavelmente no inferno de incessantes

270-273 [LS, cap. 16, p. 229-32]). sofrimentos.

8. Nitiren Daishonin escreveu: “Decidi enviar [um sacerdote que é meu discípulo] Acharya 18. Dez maus atos: Males enumerados nas escrituras budistas. São os três males físicos

Daishin para visitar o túmulo do falecido sacerdote leigo [Takahashi]. No passado, pensei de matar, roubar e a má conduta sexual; quatro males verbais de mentir, bajular ou

que, se houvesse pessoas na região de Kanto, que tinham ouvido esse ensinamento, eu discursar de forma indiscriminada e irresponsável, difamar, e trapacear, e os três males

iria até as suas sepulturas e pessoalmente recitaria os versos do capítulo “Revelação da mentais da avareza, da ira e da estupidez, ou abraçar de pontos de vistas equivocados.

Vida Eterna do Buda” do Sutra de Lótus. Se eu fosse até lá na atual circunstância, no 19. Rei Sen’yo: De acordo com o capítulo “Nobres Práticas”, do Sutra do Nirvana, refere-se

entanto, toda a província saberia no mesmo dia, e isso provavelmente causaria um ao nome do Buda Sakyamuni quando ele era rei em uma existência anterior. Esse

tumulto que alcançaria Kamakura. Mesmo que as pessoas tenham uma fé inabalável, capítulo descreve rei Sen’yo como o governante de um grande reino que tinha profunda

aonde quer que eu vá, as pessoas desse lugar devem temer os olhos dos outros” (END, v. reverência com o grande veículo, ou sutras Mahayana. Em seu coração, ele era puro e

Maria José Costa Lourenço (69630-7) / pág. 15.

 Terceira Civilização - Edição 534 - 09/02/2013 - pág. 46 - Estudo

bom, livre de maus pensamentos, inveja ou mesquinharia. E continuou a fazer 30. Traduzido do japonês. MAKIGUTI, Tsunessaburo. Makiguti Tsunessaburo Shingenshu

oferecimentos aos brâmanes por doze anos. Certo dia, quando ouviu os brâmanes [Seleção de Citações de Tsunessaburo Makiguti]. Takehisa Tsuji. (Ed.). Tóquio:

difamarem os ensinamentos de grande veículo, ele os condenou à morte para proteger Daisanbunmei-sha, 1979. p. 211.

os ensinamentos. Devido a esse ato, o sutra diz que ele nunca ficou exposto ao perigo de 31. Daishonin se refere à passagem do 28º capítulo do Sutra de Lótus, “Encorajamento ao

cair no inferno. Nitiren Daishonin se refere a ele nesse Gosho, não no sentido de tolerar o Bodhisattva Mérito Universal”: “Após o Tathagata [Aquele que Assim Chega] ter entrado

assassinato dos caluniadores, mas para reforçar a importância de uma atitude rigorosa em extinção, farei com que ele [o Sutra de Lótus] seja amplamente propagado por todo

pela proteção da Lei correta. Jambudvipa [o mundo inteiro] e verá que nunca chegará ao fim” (LSOC, cap. 28, p. 363

20. Essa passagem corresponde às oito principais escolas budistas do Japão antes do [LS, cap. 28, p. 322]).

período Kamakura (1185–1333). São elas: Tesouro da Análise do Dharma; 32. Mahakashyapa: Um dos dez maiores discípulos de Sakyamuni. Era conhecido como o

Estabelecimento da Verdade; Preceitos; Características do Dharma; Três Tratados; mais importante em práticas ascéticas [austeridades]. Após a morte de Sakyamuni,

Guirlanda de Flores; Tendai; e Verdadeira Palavra. As seis primeiras escolas floresceram serviu como chefe da Ordem Budista, e diz-se ter sido o primeiro dos sucessores do

no período Nara (710–794), enquanto a Tendai e Verdadeira Palavra ganharam destaque Buda.

durante o período Heian (794–1185). 33. Shariputra: Um dos dez maiores discípulos de Sakyamuni. Era conhecido como o

21. Três Poderosos Inimigos: Três espécies de pessoas arrogantes que perseguem os que primeiro em sabedoria e compreensão acerca da verdadeira intenção da pregação do

propagam o Sutra de Lótus na era maléfica após a morte do Buda Sakyamuni, descritos Buda.

numa seção do verso de vinte linhas do 13º capítulo do Sutra de Lótus, “Devoção 34. Traduzido do japonês. TODA, Jossei. Jossei Toda Zenshu [Coletânea de Escritos de

Encorajadora”. O Grande Mestre Miao-lo (711–782), da China, resume os Três Poderosos Jossei Toda]. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, v. 1, p. 21, 1981.

Inimigos como pessoas leigas arrogantes, sacerdotes arrogantes e sábios falsos e

arrogantes.

22. Bodhisattva Jamais Desprezar: Está descrito 20º capítulo do Sutra de Lótus,

“Bodhisattva Jamais Desprezar”. Este bodhisattva — Sakyamuni em uma vida anterior —

curva-se em reverência a todos que encontra. No entanto, ele era atacado por pessoas

arrogantes, que o desafiavam com paus e bastões e atiravam-lhe pedras. O sutra

explica que sua prática de respeitar a natureza de Buda dos outros se tornou a causa

para ele atingir o estado de Buda. Aqueles que perseguiram Jamais Desprezar caíram no

inferno de incessante sofrimento, mas, devido à ligação que formaram com o Budismo

por meio de suas ações, depois de terem expiado seus crimes, uma vez mais

encontraram-se outra vez com o Bodhisattva Jamais Desprezar e foram capazes de

atingir o estado de Buda.

23. De O Profundo Significado do Sutra de Lótus.

24. T’ai-kung Wang era um general que atuou como mestre e assessor de Po Hsi, o

conde do Ocidente (mais tarde, conhecido como o rei Wen da dinastia Chou da China).

Dizem que suas estratégias capacitaram o filho de Hsi Po, o rei de Wu, a derrubar o rei

Chou da Dinastia Yin (Shang), que personificava um mau governante, e assim

estabeleceu a dinastia Chou.

25. O segundo imperador da dinastia Ch’in da China refere-se a Hu Hai (229–207 a.C.). Um

governante fantoche, era controlado pelo funcionário eunuco Chao Kao, que, para

realizar suas próprias ambições, teria forçado Hu Hai a cometer suicídio.

26. Chang Liang (168 a.C.) foi um estadista e estrategista que ajudou Liu Pang, mais

tarde, conhecido como Imperador Kao-tsu, com a derrubada da dinastia Ch’in e o

estabelecimento da dinastia Han da China.

27. Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos: Refere-se à realidade última ou verdade

suprema que permeia todos os fenômenos e que não se separa deles. Por meio da

explicação dos Dez Fatores da Vida, o segundo capítulo do Sutra de Lótus, “Meios”,

esclarece que todas as pessoas são inerentemente dotadas com o potencial para se

tornar budas, e, na verdade, elas podem ativar e manifestar esse potencial.

28. Três Mil Mundos num Único Momento da Vida: Doutrina desenvolvida por Tient’ai da

China, com base no Sutra de Lótus. O princípio de que todos os fenômenos estão

contidos num único momento da vida, e que um único momento da vida permeia os três

mil domínios da existência, ou o mundo fenomenal inteiro.

29. Traduzido do japonês. MAKIGUTI, Tsunessaburo. Makiguti Tsunessaburo Zenshu

[Coletânea de Escritos de Tsunessaburo Makiguti]. Tóquio: Daisanbunmei-sha, v. 10, p. 27,

1987.

Maria José Costa Lourenço (69630-7) / pág. 16.