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Terceira Civilização - Edição 582 - 11/02/2017 - pág.

30 - Série

Terceira Civilização - Série

Desvendando os mistérios da vida e da


morte — Introdução - parte 2
A iluminação é o objetivo da prática budista. celestiais (alegria). Acreditava-se que o
Evidenciar a natureza de buda inerente à própria mundo particular ou o domínio no qual
vida é a solução fundamental não só para os pessoas não iluminadas nasciam era
quatro sofrimentos universais — nascimento, determinado pelo que tinham feito em
envelhecimento, doença e morte —, mas existências passadas e que elas repetiam
também, de forma ampla, para todos os outros sem parar o ciclo de nascimento e morte
sofrimentos. nesses seis caminhos. Mesmo se
nascessem no mundo mais elevado dos
A segunda parte da introdução do livro seres celestiais, não permaneceriam nele
Unlocking the Mysteries of Birth and Death por muito tempo; quando a boa sorte se
[Desvendando os Mistérios da Vida e da Morte], esgotasse, o indivíduo voltaria a um
de autoria do presidente da SGI, Dr. Daisaku domínio inferior.
Ikeda, trata do princípio budista dos “dez
mundos” — a evolução de uma abordagem A transmigração nos seis caminhos é
filosófica que esclarece a verdadeira natureza comparada a se deslocar de andar em
das questões fundamentais da existência andar dentro de um prédio de seis andares
humana — e da visão de Nichiren Daishonin todo fechado. O pavimento
sobre religião — a percepção de que a solução correspondente ao mundo dos seres
para essas questões primordiais se encontra na celestiais está no topo; e abaixo estão os
fé correta. pisos que representam os outros mundos
até chegar ao mundo do inferno no térreo.
Introdução — parte 2 Cada andar está ligado aos demais. As
pessoas estão confinadas nesse edifício,
Os “dez mundos” subindo e descendo para sempre. Mesmo
que encontrem acomodação nos andares
Para correta compreensão da visão budista superiores — nos mundos dos seres
da vida, o conceito dos “dez mundos” celestiais e dos seres humanos —, não
(jikkai, em japonês) é indispensável. Os seis podem permanecer lá indefinidamente.
primeiros dos dez mundos derivam da
noção dos seis caminhos ou mundos Mas os povos da Índia antiga detestavam
(shad-gati, em sânscrito; Roku-do, em esse pensamento de ciclo interminável
japonês), um antigo modelo indiano sobre que implicava um mundo instável e
transmigração: esses seis caminhos são os efêmero e desejavam se livrar da
mundos do inferno, dos espíritos famintos influência do carma que os amarrava ao
(fome), dos animais (animalidade), dos plano mundano. Eles procuraram uma
asura (ira), dos seres humanos maneira de escapar desse ciclo, e
(tranquilidade ou humanidade) e dos seres Shakyamuni, ao expor as “quatro nobres

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verdades” e o “caminho óctuplo”, lhes animalidade; a perversidade, o mundo dos


ofereceu a promessa de uma saída. Ou, asura; a alegria, o mundo dos seres
pelo menos, deu a impressão de fazer isso. celestiais; e a tranquilidade, o mundo dos
O que parecia uma saída para a seres humanos.1
transmigração ao longo dos seis caminhos
era, na realidade, uma porta que levava à Enquanto permanecemos entre os seis
verdade budista. caminhos, somos na maioria das vezes
controlados pelas circunstâncias mutáveis
Nosso mundo é em si manifestação dos do nosso ambiente. No entanto, mesmo
seis caminhos. Tentar escapar dele é inútil transmigrando nos seis mundos, se
e não leva à iluminação. Entretanto, essa conseguirmos alcançar a sabedoria e a
era uma questão além da compreensão do percepção necessárias para compreender
povo, e assim, como um recurso, a verdadeira natureza de nossa vida,
Shakyamuni no início ensinou que as manifestamos a vida do estado de buda —
pessoas poderiam escapar do ciclo de a suprema joia nas profundezas do nosso
nascimento e morte, extinguindo tanto o ser. Para fazer isso, temos de empreender
desejo como a vida em si. árduos esforços para acessar essa
condição de vida mais elevada, que
O budismo refinou o conceito dos seis transcende os seis mundos inferiores. O
caminhos, explicando que eles existem budismo identifica três outros mundos
não apenas como mundos exteriores, mas entre os seis inferiores e a condição de
também como estados interiores. Por buda: os mundos dos ouvintes da voz
exemplo, o mundo dos animais representa, (erudição), dos que despertaram para a
de um lado, os animais ou seu mundo e, ao causa (autorrealização) e dos bodisatvas.
mesmo tempo, a condição de vida na qual
nós, seres humanos, somos motivados O mundo dos ouvintes da voz é uma
unicamente por desejos instintivos. condição na qual, por meio do aprendizado
Resumindo essa visão dos seis caminhos, e do estudo, despertamos para a
no século 13 o mestre budista japonês, impermanência de todas as coisas. O
Nichiren Daishonin, de quem falaremos mundo dos que despertaram para a causa
adiante, escreveu: é uma condição na qual percebemos a
impermanência de todas as coisas por
Quando observamos o rosto de alguém meio de nossa própria observação de
em momentos diferentes, vemos que fenômenos naturais, como o definhar e o
algumas vezes essa pessoa está alegre; murchar das flores ou das folhas caídas. O
em outras, irada e, em outras, tranquila. Em mundo dos bodisatvas é uma condição em
certas circunstâncias, percebemos que o que, por meio da compaixão, nos
rosto de uma pessoa reflete ganância; em dedicamos a ajudar os outros com ações
outras, estupidez; e em outras, altruísticas em prol dos demais. Sobre
perversidade. O ódio indica o mundo do essas três condições, Daishonin escreveu:
inferno; a ganância, o mundo dos espíritos
famintos; a estupidez, o mundo da

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O fato de que todas as coisas neste mundo em vez de pobreza, saúde em vez de
são transitórias está perfeitamente claro doença e paz em vez de conflito são
para nós. A razão disso não seria porque os alguns exemplos de felicidade relativa —
mundos dos dois veículos [dos ouvintes da uma felicidade que depende de
voz e dos que despertaram para a causa] determinadas condições. No momento em
estão presentes no mundo humano? Até que uma delas desaparece, nossa
um terrível criminoso ama sua esposa e felicidade é quebrada; e, se a perda é séria,
filhos. Ele também possui dentro de si uma chegamos ao desespero. Assim, não
parte do mundo de bodisatva.2 importa quão plenamente possamos ser
dotados de riqueza, de segurança
O décimo mundo financeira, de uma família feliz e de um
bom trabalho, tal felicidade não é eterna.
Se somarmos os três estados de vida Além disso, mesmo nos sentindo bem, ao
superiores aos seis inferiores, temos, compararmos nossa situação favorável
obviamente, nove condições diferentes, com as circunstâncias melhores das outras
variando entre os mundos do inferno e dos pessoas, podemos sentir inveja ou ciúme,
bodisatvas. Juntos, eles são chamados e isso nos conduz novamente à
nove mundos e constituem as condições infelicidade. Tal finitude e incerteza são
variáveis dos mortais comuns. Além inerentes à felicidade mundana e
desses nove, inatos a todos os mortais caracterizam a vida neste mundo.
comuns, há o estado mais elevado da vida,
que incorpora as “quatro virtudes A felicidade absoluta do mundo dos
iluminadas” — eternidade, felicidade, budas, entretanto, não é afetada por
verdadeiro eu e pureza — isto é, o mundo mudanças ou dificuldades circunstanciais.
dos budas, um estado que existe apenas Embora essa felicidade não implique
como um potencial na vida das pessoas a ausência de sofrimentos e problemas, ela
menos que essa condição seja indica a posse de uma energia vital
desenvolvida por meio da prática do vibrante e robusta e de abundante
budismo. Quando manifestamos esse sabedoria para desafiarmos e superarmos
grande potencial, os nove estados de vida todos os sofrimentos e dificuldades que
dos mortais comuns não se extinguem, possamos encontrar. Ao fazermos dessa
como tradicionalmente se pensava; em condição a nossa, vivemos com inabalável
vez disso, todos ficam sob a influência do convicção. O mundo dos budas é também
mundo dos budas. Desse modo, os nove caracterizado por profunda compaixão
estados contribuem simultaneamente de pelos outros e ilimitada sabedoria. Na
várias maneiras para a construção da verdade, todos os elementos que nos
felicidade de nós próprios e dos outros. permitem levar uma vida verdadeiramente
humana estão contidos no mundo dos
Em resumo, o mundo dos budas é a budas.
condição de felicidade absoluta e
indestrutível. A felicidade “normal”, ao Revelar e incorporar este supremo estado
contrário, é a felicidade relativa. Riqueza de vida é chamado de “atingir” o estado de

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buda, o objetivo final da prática budista. No Japão do século 13, Nichiren Daishonin
Ainda assim, objetivar unicamente nossa divulgou essas ideias, que hoje são
própria iluminação não está de acordo praticadas por milhões de pessoas em
com o caminho nem com o espírito do cerca de 200 nações. No entanto, apesar
budismo. O Budismo Mahayana expõe a dessa ampla difusão, muitas pessoas ainda
importância de ensinarmos e encorajarmos sabem pouco ou mesmo nada a respeito
outras pessoas a buscar a iluminação e de de seus ensinamentos.
nos dedicarmos à prática budista em união
com os demais — ou seja, devemos No passado, os ensinamentos de
praticar para nós mesmos e em prol dos Daishonin também foram mal aplicados e
outros. Esses dois aspectos da prática até explorados, como no caso das
budista são reciprocamente necessários autoridades militares do Japão, que os
entre si como as asas de um pássaro. Os classificaram como ultranacionalistas e
esforços para melhorar a sociedade e o superpatriotas. Hoje, alguns rotulam seus
meio ambiente, portanto, derivam ensinamentos como exclusivistas e
naturalmente de nossos esforços internos sectários. Porém, isso não é verdade.
para alcançar o mundo dos budas.
Nichiren Daishonin viveu durante um
Na visão budista, a vida e seu ambiente período de agitação social. Desastres
são fundamentalmente inseparáveis. naturais, epidemias, fome e ameaça de
Assim, na medida em que os budistas invasão estrangeira aterrorizavam o povo
tentam atingir sua própria iluminação, japonês. Daishonin era enfático no sentido
também se esforçam continuamente para de que tais problemas recaíam sobre o
levar paz e prosperidade às suas país porque os mestres budistas de seu
respectivas sociedades e países — na tempo não entenderam nem ensinaram o
verdade, ao mundo inteiro. Estabelecer paz significado do Sutra do Lótus. Ele redigiu
global duradoura e prosperidade é o vários discursos e cartas explicando seus
objetivo essencial da propagação do pontos de vista, criticou vigorosamente o
budismo. governo e outros mestres budistas,
despertando a animosidade, que o fez ser
Manifestar a própria natureza de buda exilado por duas vezes.
inerente então fornece a solução
fundamental não só para os “quatro Qualquer religião afirmará a absoluta
sofrimentos universais” — nascimento, correção de seus ensinamentos.
envelhecimento, doença e morte —, mas Precisamente por essa razão, a religião
também de forma mais ampla para todos pode facilmente levar as pessoas a se
os outros sofrimentos. desviarem. Reconhecendo plenamente
essa questão, Nichiren Daishonin lutou
A abordagem de Nichiren para refutar os aspectos da religião que
Daishonin sobre religião impedem as pessoas de entrar no caminho
do completo despertar, sem atacar os
seguidores de escolas budistas específicas

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nem simplesmente tentando expandir sua desenvolver plenamente o poder positivo


própria escola. da vida humana. Seu ensinamento
transcende os limites estreitos de uma
A crítica de Nichiren Daishonin a esses única escola. É uma religião para toda a
aspectos é resumida em quatro máximas, humanidade.
que apontam quatro desequilibrados
arquétipos religiosos e representam uma Nam-myoho-renge-kyo
crítica religiosa racional que identifica
estritamente fontes de presunção e Nichiren Daishonin escreveu:
autoritarismo religiosos. A religião se torna
desequilibrada, explicou Daishonin, pela “As quatro faces [da Torre de Tesouro]
ênfase dogmática de qualquer um dos representam os quatro sofrimentos —
seguintes conceitos: nascimento, envelhecimento, doença e
morte. Esses quatro aspectos da vida
Buscar a salvação somente por meio do dignificam a torre de nossa vida. Ao recitar
poder externo de um ser absoluto. o Nam-myoho-renge-kyo durante o
nascimento, o envelhecimento, a
Buscar a iluminação somente pela enfermidade e a morte, as fragrâncias das
percepção direta da própria mente e se quatro virtudes [eternidade, felicidade,
contentar com essa autoiluminação. verdadeiro eu e pureza] vão exalar [de
nossa vida].”3
Beneficiar-se nesta vida por meios ocultos.
A Torre de Tesouro, imagem que aparece
Permitir-se ser controlado por preceitos ou no Sutra do Lótus, é uma enorme torre
padrões. adornada com sete tipos de tesouros. Ela
representa a nobre dignidade da vida
O ensinamento perfeitamente equilibrado humana e simboliza a vida daqueles que
não sucumbe a qualquer um desses manifestam seu estado de buda inato.
extremos. Em vez disso, ele expõe a fusão Nichiren Daishonin ensinou que, ao
dos poderes interior e exterior como meio recitarmos Nam-myoho-renge-kyo,
para transformar a vida do indivíduo, bem transformamos os “quatro sofrimentos” nas
como suas circunstâncias. Uma religião “quatro virtudes” que emanam das
plenamente desenvolvida, tal como a profundezas do nosso ser.
concebida por Daishonin, é
completamente ponderada, incorporando O Nam-myoho-renge-kyo, tal como
harmoniosamente as características veremos adiante, indica a Lei suprema da
fundamentais da religião sem preconceitos vida e do universo e, portanto, constitui a
nem distorções. causa para todos os seres se tornarem
iluminados.
O significado moderno das quatro
máximas de Nichiren Daishonin não Mais especificamente, Nam é uma
consiste em simplesmente refutar as expressão de devoção, e
escolas budistas japonesas, mas em

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Myoho-renge-kyo, o título do Sutra do do desejo e da ilusão. O Buda descobriu


Lótus, é usado como um nome para a que é impossível, contudo, transmitir
realidade fundamental. Daishonin completamente esta verdade a outras
interpretou o Sutra do Lótus, na sua pessoas por meio de palavras. Assim,
totalidade, como um esclarecimento do enquanto expunha seus ensinamentos,
Nam-myoho-renge-kyo. Shakyamuni ajudou seus discípulos a
compreendê-los completamente
Somente esse sutra refuta a noção de que prescrevendo vários tipos de práticas.
Shakyamuni primeiro alcançou a
iluminação como Sidarta na Índia no século Do mesmo modo, hoje nós atingimos a
4 a.C., revelando, em vez disso, que ele iluminação apenas por nos dedicarmos
tinha realmente se tornado buda desde o assiduamente à prática budista. Por essa
passado inconcebivelmente remoto. Esse razão, tanto a prática como o estudo são
ensinamento aponta para a verdade de igualmente indispensáveis. É impossível
que o mundo dos budas existe atingir a iluminação unicamente praticando
eternamente na vida de todas as pessoas. a meditação ou somente estudando os
Em outras palavras, atingir o estado de ensinamentos budistas — ambos são
buda não exige que nos tornemos seres necessários.
extraordinários, mas sim que apenas nos
esforcemos para manifestar nossa No Sutra do Lótus, Shakyamuni expôs a
natureza de buda inerente. verdade suprema da vida. Embora ele
tenha usado milhares de palavras para
O objetivo máximo do budismo é permitir descrevê-la, nenhuma palavra ou frase
que todos os seres humanos reconheçam pode defini-la claramente. Shakyamuni
a verdadeira natureza da vida. Essa esperava que seus discípulos e futuros
verdade, embora referida em muitos seguidores percebessem essa verdade por
sutras, não pode ser plenamente revelada meio da devoção às práticas que ele havia
em palavras. O próprio Shakyamuni prescrito. Tais práticas requerem tremenda
concretizou isso não por meio de palavras, paciência e esforços, que, por sua vez,
mas por se devotar a muitos tipos de exigem uma postura completamente
práticas como a meditação sob uma árvore crente e confiante no Buda e em seus
conhecida originalmente como pippala ensinamentos. Mas seguir esse caminho
(pipala) ou ashvattha que, após a envolve renunciar à vida secular e devotar
iluminação do Buda, passou a ser chamada todo o tempo à prática budista. Por esse
de árvore bodhi [iluminação em sânscrito] motivo, durante séculos, as únicas pessoas
ou árvore bo. que podiam se engajar plenamente na
prática budista eram monges, sacerdotes e
No entanto, antes de “atingir” a iluminação, monjas. Os leigos apoiavam financeira e
Shakyamuni possuía em sua vida tanto a materialmente, criando assim bom carma
verdade suprema quanto a sabedoria para para si mesmos, mas geralmente não
percebê-la em si próprio. O que ele fez foi esperavam alcançar a iluminação em sua
evidenciá-las, libertando-se das amarras presente existência.

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Nagarjuna, Tiantai e outros estudiosos


Nichiren Daishonin cristalizou, de forma budistas.
universalmente acessível, a verdade
suprema exposta no Sutra do Lótus, O significado do budismo reside tanto na
abrindo o caminho para todas as pessoas descoberta da natureza de buda em todos
alcançarem a iluminação ou o mundo dos os seres como no estabelecimento de um
budas. Ele tornou isso possível, método prático para evidenciá-lo, para que
esclarecendo em palavras a verdade os seres humanos obtenham o máximo
suprema da vida — a Lei do significado de sua vida. Essa reforma do
Nam-myoho-renge-kyo. Essa frase mundo humano interior — o que nós, na
incorpora os dois aspectos essenciais do Soka Gakkai, chamamos de revolução
budismo: a suprema verdade e a prática humana — é especialmente relevante para
que desenvolve a sabedoria para realizar a civilização contemporânea, que há muito
essa verdade. Daishonin ensinou seus está presa numa espécie de areia
seguidores a acreditar na suprema movediça espiritual. Escapamos desse
verdade expressa pelo atoleiro ao invocarmos o supremo
Nam-myoho-renge-kyo e a recitar essa potencial humano disponível em cada um
frase. O Nam-myoho-renge-kyo de nós.
representa assim o objetivo da prática — o
objetivo de Shakyamuni e de todos os Creio que, ao examinarmos a vida do ponto
outros budas também — e, ao mesmo de vista do budismo, compreendemos a
tempo, é o meio para alcançá-lo. verdadeira natureza dos problemas
fundamentais da existência e percebemos,
Minha convicção é de que Shakyamuni e por nós mesmos, o caminho para
Nichiren Daishonin se iluminaram com a solucioná-los.
mesma verdade. Assim, seus
Notas:
ensinamentos possuíam diferenças por
1. O Objeto de Devoção para Observar a Mente (CEND, v. I, p. 375).
causa da época em que cada um viveu, o 2. Ibidem.

público, a cultura em que estavam 3. HORI, Nichiko. (Ed.). Nichiren Daishonin Gosho Zenshu. Tóquio: Soka Gakkai, 1952. p.

inseridos e em outros elementos. A 740.

iluminação deles é verdadeiramente


universal, e toda a humanidade pode
compartilhar essa iluminação pela
realização da correta prática budista. Basta
dizer que os ensinamentos de Daishonin
contêm a essência de todos os
ensinamentos do budismo. Esses vários
ensinamentos, entretanto, foram expostos
pela primeira vez por Shakyamuni e mais
tarde difundidos por seus sucessores.
Assim sendo, neste livro eu me refiro aos
ensinamentos de Shakyamuni, Daishonin,

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