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ESTUDO
Nichiren Daishonin afirma que: “Nem a terra pura nem o inferno existem fora
de nós, ambos se encontram apenas em nosso coração. Aquele que
desperta para isso é chamado de buda, e aquele que ignora é chamado de
mortal comum” (CEND, v. I, p. 477).
A seguir, vamos descrever cada um dos dez mundos. Em relação aos seis
caminhos inerentes à nossa vida, Daishonin escreveu em O Objeto de
Devoção para Observar a Mente: “Quando observamos o rosto de alguém em
momentos diferentes, vemos que, algumas vezes, essa pessoa está alegre;
em outras, irada e, em outras, tranquila. Em certas circunstâncias,
percebemos que o rosto de uma pessoa reflete ganância; em outras,
estupidez; e em outras, perversidade. O ódio indica o mundo de inferno; a
ganância, o mundo dos espíritos famintos; a estupidez, o mundo da
animalidade; a perversidade, o mundo dos asura; a alegria, o mundo dos
seres celestiais; e a tranquilidade, o mundo dos seres humanos” (Ibidem, p.
375).
Com base nessa frase dos escritos, vamos descrever cada um dos seis
caminhos.
Mundo do inferno
Mundo dos ouvintes da voz e mundo dos que despertaram para a causa
O mundo dos ouvintes da voz e o mundo dos que despertaram para a causa
são conhecidos como dois veículos. Correspondem aos estados de erudição
e de autorrealização, respectivamente, e são condições de vida que podem
ser conquistadas com a prática do budismo Hinayana. O mundo dos
ouvintes da voz corresponde a uma condição de vida, o estado de erudição,
de iluminação parcial alcançada ouvindo os ensinamentos do Buda. O
mundo dos que despertaram para a causa se refere a uma condição de vida,
o estado de autorrealização, também de iluminação parcial sobre o budismo,
porém, alcançada por si só com base na observação de diversos
fenômenos. Essa iluminação parcial dos dois veículos corresponde à
percepção sobre a impermanência ou a transitoriedade da vida. Com o
passar do tempo, tudo o que existe no universo sofre transformações e
acaba em extinção. Na condição de vida dos dois veículos, a pessoa
ultrapassa o apego às coisas transitórias, com uma visão objetiva tanto de si
própria como do mundo e com a consciência de que tudo está em constante
transformação até a extinção.
Explanação
Aqueles que mais sofreram têm o direito de ser mais felizes. O povo mais
desprezado e oprimido tem o direito de entoar a canção do triunfo com
maior orgulho. O Budismo de Nichiren Daishonin existe para realizar essa
grande transformação e para cada pessoa, que vem sofrendo por seu
destino, abrir o caminho de sua felicidade eterna. Essas são as convicções
que gravei no fundo do coração como discípulo de unicidade do meu
venerado mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda.
Trecho 1 do escrito
O que se torna visível nesse espelho cristalino é a vida de cada um que está
se empenhando e lutando fervorosamente para alcançar a felicidade neste
mundo saha11 infestado de sofrimentos de nascimento, envelhecimento,
doença e morte. Essa é a vida da “possessão mútua dos dez mundos”12 que
todas as pessoas, indistintamente, manifestam.
Todos são a entidade da “possessão mútua dos dez mundos”
Trecho 2 do escrito
Nichiren Daishonin aponta: “A doutrina dos três mil mundos num único
momento da vida começa com o conceito da possessão mútua dos dez
mundos” (CEND, v. I, p. 233).
A “possessão mútua dos dez mundos” é o alicerce da doutrina dos “três mil
mundos num único momento da vida”. Em particular, Daishonin afirma [em A
Seleção do Tempo]: “Ele [buda Shakyamuni] também expôs a doutrina dos
três mil mundos num único momento da vida, explicando que os nove
mundos contêm o potencial para o estado de buda e que este contém os
nove mundos”16 (Ibidem, p. 563). O ensinamento de que pessoas comuns
nos nove mundos possuem o estado de buda e de que o Buda que atingiu a
iluminação também possui as condições de vida dos nove mundos constitui
o ponto mais importante do Sutra do Lótus. Da perspectiva dos mortais
comuns, em particular, o princípio de que “os nove mundos contêm o
potencial para o estado de buda” é a chave para se atingir o estado de buda.
Trecho 3 do escrito
O “estado de bodisatva que existe em nossa vida” (Ibidem), por sua vez,
representa uma condição de vida dedicada eternamente em prol da
felicidade do próximo. Da mesma maneira, os “bodisatvas tão numerosos
quanto as partículas de pó de mil mundos, que emergiram da terra” (Ibidem),
simbolizam a condição de vida palpitante de energia dos discípulos do Buda
do remoto passado que se empenham eternamente por seu mestre e por
todos os seres vivos.
É uma religião que torna as pessoas fortes e sábias, inabaláveis diante das
tempestades da vida como reis leões. É uma religião que faz cada pessoa
evidenciar o brilho da dignidade suprema e seu ilimitado potencial florescer
à plenitude.
Quando cada cidadão comum, cada ser humano, despertar para o potencial
ilimitado que possui, poderá utilizar ao máximo suas abundantes
capacidades inerentes. Esse “empoderamento do ser humano” constitui um
dos temas mais importantes do século 21.
O sol do budismo do povo irradia sua luz, fazendo brilhar novamente na vida
sofrida de pessoas de qualquer parte do mundo.
Meu venerado mestre lutou com todas as suas forças para eliminar a
miséria e o sofrimento da face da Terra. Seguindo os passos dele, vamos
dar nova partida com renovada determinação, plantando as sementes da
paz da Lei Mística em todos os lugares que pudermos, concedendo a luz da
esperança àqueles com quem nos encontrarmos, ampliando as ondas
douradas do kosen-rufu, propagando-as de uma pessoa a outra.
Vamos atuar com o sol do “tempo sem início” brilhando em nosso coração.
As pessoas não existem por causa da religião. É a religião que existe para as
pessoas. A religião existe para a felicidade das pessoas. Interpretar esse
princípio ao contrário leva tudo à insanidade. Apontando para o fato de que
aí se encontrava o erro fundamental do clero, e visualizando o futuro,
Shin’ichi Yamamoto afirmou:
A predição feita sobre Daishonin não era outra senão o “retorno do budismo
para o oeste”, o que atualmente a Soka Gakkai está transformando em
realidade. Se a Soka Gakkai não tivesse surgido e propagado amplamente a
Lei Mística para o mundo, as palavras de Daishonin teriam sido
consideradas uma mentira.
(...)
Pres. Ikeda: Pouco antes de falecer, meu mestre disse: “O mundo é o seu
palco. Vá e percorra o mundo!” Venho me dedicando de corpo e alma para
realizar seus anseios.
(...)
Os jovens estão sempre movendo a época; estão sempre criando uma nova
época. Meu único desejo é que vocês realizem infalivelmente esta grande e
nobre missão [do kosen-rufu].
Notas:
9. Os cem mundos e os mil fatores são princípios componentes dos “três mil
mundos num único momento da vida”, um sistema filosófico estabelecido
por Tiantai com base no Sutra do Lótus. “Cem mundos” indicam a
“possessão mútua dos dez mundos” — o princípio de que cada um dos dez
mundos, do mundo do inferno ao mundo dos budas, possui dentro de si o
potencial para todos os dez, perfazendo, assim, cem mundos possíveis.
Cada um desses cem mundos, por sua vez, abarca os dez fatores —
aparência, natureza, entidade, poder, influência, causa interna, relação, efeito
latente, efeito manifesto e sua consistência do início ao fim — constituindo,
assim, “mil fatores”. Em contraste com os “três mil mundos num único
momento da vida”, que abrangem tudo no universo, tanto sensíveis como
insensíveis, os “cem mundos e mil fatores” referem-se somente aos seres
sensíveis, pois não incluem o domínio do ambiente ou o dos seres
insensíveis.
10. O Objeto de Devoção para Observar a Mente foi redigido por Nichiren
Daishonin no quarto mês de 1273, enquanto estava exilado na Ilha de Sado.
Nesse escrito, ele esclarece que o Nam-myoho-renge-kyo é a Lei
fundamental para se atingir o estado de buda nos Últimos Dias da Lei.
12. “Possessão mútua dos dez mundos”: Princípio que expõe que cada um
dos dez mundos contém o potencial de todos os dez. “Possessão mútua”
significa que a vida não se fixa a um ou a outro dos dez mundos, mas pode
manifestar qualquer um dos dez — do mundo do inferno ao mundo dos
budas — a qualquer momento. O ponto importante desse princípio reside no
fato de que todos os seres, em qualquer um dos nove mundos, possuem a
natureza de buda. Depreende-se disso que as pessoas abrigam o potencial
para manifestar o estado de buda, e o Buda também possui os nove mundos
e, nesse sentido, não é separado ou diferente dos mortais comuns.
13. WHITMAN, Walt. By Blue Ontario’s Shore [Às Margens do Ontário Azul]. In:
Leaves of Grass [Folhas de Relva]. Nova York: J. M. Dent and Sons, 1968. p.
294.
14. Rei Yao e rei Shun: Também conhecidos como imperador Yao e
imperador Shun. Dois dos cinco imperadores, sábios governantes lendários
da China antiga, altamente respeitados pelo povo por sua liderança
exemplar. O imperador Yao abdicou ao trono em benefício de Shun, um
pobre camponês antes chamado Chonghua, que se extremava em devoção
filial. O imperador Shun, por sua vez, abdicou ao trono em benefício de Yu,
notável engenheiro que obteve êxito em proteger o país da inundação e
demonstrou grande devoção filial em relação ao pai.
16. “Nove mundos”: Nove dos “dez mundos”; os outros mundos além do
mundo dos budas, ou estado de buda. Os nove mundos contrapõem-se ao
mundo dos budas para indicar o domínio da ilusão e impermanência.
17. Isso se refere ao Buda eterno que despertou para a Lei suprema,
incorpora essa Lei e emprega livremente seus benefícios. “Tempo sem
início” não indica um ponto específico no distante passado, mas a
eternidade.
20. Ibidem.
21. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas
de Josei Toda]. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, v. 4, p. 333, 1989.
24. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas
de Josei Toda]. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, v. 3, p. 430, 1991.