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E agora?
Caro leitor, sabe quando alguém lhe faz Porém, não consigo me livrar do
aqueeela pergunta? É... é isso mesmo que você sentimento de culpa, da sensação de que
está pensando... aquela pergunta sobre algum estou traindo o Deus que até então estava
conceito budista ou sobre a visão budista seguindo.
perante assuntos do cotidiano. E, então, você
pensa: “E agora?”. O Budismo de Nitiren Daishonin em
momento algum fala em Deus.
Por isso, a TC resolveu “dar uma mãozinha”. Criou
esta seção e convidou seis pessoas para Em que, afinal, os budistas acreditam?"
participar. A cada edição, um de nossos
convidados responderá à pergunta enviada por E. M., São Paulo, SP.
você, leitor. Se preferir, não se identifique; envie
apenas a questão, as iniciais de seu nome, E agora, Antonio Nakamura?
cidade e estado em que reside para:
Estimado leitor, agradeço profundamente
Terceira Civilização seção E agora? por sua questão, bastante recorrente entre
os que iniciam a prática budista.
Rua Tamandaré, 1.007,
Vou procurar oferecer uma resposta
Liberdade, São Paulo, SP simples e clara, com base em
conhecimentos e experiências adquiridos
CEP 01525-001 com a prática budista.
Com o tempo, entre prática das orações O budismo não afirma e nem nega a
(Gongyo e Daimoku) e participação nas existência de Deus. Uma explicação
atividades, notei que um sentimento de objetiva sobre isso é que o budismo surgiu
liberdade começava a se manifestar em cerca de meio milênio antes do
minha vida. De fato, ao analisar o porquê cristianismo. A base dogmática do
do medo, do receio de “estar pecando”, cristianismo é o judaísmo, a mais antiga
percebi que tudo era conseqüência do das três religiões monoteístas (judaísmo,
próprio ensinamento cristão sobre punição. cristianismo e islamismo), que acreditam
Tudo o que aprendia nos princípios na teoria criacionista e, portanto, no “Deus
budistas se encaixava nessa mudança de Criador”, conforme exposto no Livro do
conceito. Ficava fascinado com as Gênesis da Bíblia. Embora na literatura
interpretações e explanações que recebia sobre o budismo encontremos o termo
dos meus dirigentes da época. Aos “deuses budistas”, não se refere ao plural
poucos, o sentimento de culpa foi de Deus; é apenas um ajuste da semântica,
substituído por uma alegria imensa — para traduzir termos originais das
minha mente se tornava clara. linguagens veda, sânscrita (da Índia antiga),
chinesa e japonesa.
Compreendi que o “Deus” que eu buscava
fora, no alto do firmamento, se encontrava No estudo da origem das diversas
em mim mesmo, no meu interior. Quando religiões, deparamo-nos com um ponto
percebi isso, o sentimento de culpa comum de que os seres sempre buscam o
transformou-se num misto de alívio e retorno à sua origem. Daí o termo “religião”,
prazer. O estudo sobre a Lei Mística, do latim religare, que significa religar-se a
uma entidade.
nota