Terceira Civilização - Edição 566 - 10/10/2015 - pág.
42 - Estudo
Terceira Civilização - Estudo
[34] As Barragens da Fé
Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku
Ikeda
Acredite no seu infinito potencial e
fortaleça sua fé mais do que
nunca!
Trecho da carta
As Barragens da Fé
Em sua carta, a senhora [monja leiga
Sennichi] pergunta como o efeito cármico
varia de acordo com o grau de calúnia
contra o ensinamento correto. Para
começar, o Sutra do Lótus foi exposto para
conduzir todos os seres vivos ao caminho
do buda. No entanto, somente aqueles que
possuem fé neste sutra atingem o estado
de buda. Aqueles que o caluniam caem na
grande cidadela do inferno de incessantes
sofrimentos. (...)
Mesmo entre os que abraçam o Sutra do
Lótus, poucos o mantêm de forma
inabalável tanto em mente como em ação.
Poucos são os praticantes capazes de
manter esse sutra. Mas aqueles que
conseguem fazê-lo não terão um efeito
cármico grave mesmo que tenham
cometido calúnias menores contra esse
sutra. Sua firme fé expia suas calúnias,
assim como uma grande torrente extingue
pequenas chamas.
O Sutra do Nirvana diz: “Se mesmo um
bom monge vir alguém destruindo o
ensinamento e ignorá-lo, falhando em
repreendê-lo, expulsá-lo ou puni-lo por
seu mau ato, deve compreender que esse
monge está traindo o ensinamento do
Buda. Mas, se ele expulsar o destruidor da
Lei, repreendê-lo ou puni-lo, então, ele é
meu discípulo e um verdadeiro ouvinte da
voz”.
Essa advertência me encorajou a
denunciar a calúnia à Lei, apesar das várias
perseguições que enfrentei, pois eu teria
me tornado um inimigo do ensinamento do
Buda se não fizesse isso. (CEND, v. I, p. 653)
***
Fortaleça sua fé mais do que nunca.
Aquele que ensina os princípios do
budismo às pessoas está fadado a ser
odiado por homens e mulheres,
sacerdotes e monjas. Deixe que os outros
digam o que quiserem. Confie sua vida aos
ensinamentos dourados do Sutra do Lótus,
do buda Shakyamuni, de Tiantai, Miaole,
Dengyo e Zhangan. Esse é o significado da
expressão “praticar de acordo com os
ensinamentos do Buda”. No Sutra do Lótus
consta: “Se, nesta era temível, alguém for
capaz de pregar este sutra, mesmo por um
instante, [essa pessoa merecerá receber
oferecimentos de todos os seres celestiais
e humanos]”. Essa passagem explica que
na era maléfica dos Últimos Dias da Lei,
quando as pessoas malignas manchadas
pelos três venenos predominam, todo
aquele que crê no ensinamento correto e o
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mantém, mesmo que por curto período de
tempo, receberá oferecimentos dos seres
humanos e celestiais.
Deve fazer agora um grande juramento e
orar por sua próxima existência. Se a
senhora desacreditar ou caluniar o
ensinamento correto, o mínimo que seja,
certamente cairá na grande cidadela do
inferno de incessantes sofrimentos.
Imagine um barco navegando em alto-mar.
Mesmo que o barco seja de construção
sólida, se uma fenda se abrir e a água
começar a infiltrar nele, todos os que estão
a bordo naufragarão juntos. Apesar de a
barragem entre os campos de arroz ser
resistente, se uma formiga cava um orifício
de um lado a outro, com o tempo, a água
escoará e esvaziará o arrozal. Tire do barco
de sua vida a água salgada da calúnia e da
descrença, e solidifique as barragens de
sua fé. Se o crime de um seguidor for leve,
ignore-o e conduza essa pessoa para que
obtenha benefícios. Se for grave,
encoraje-a a fortalecer a fé para que possa
apagar as consequências de seu crime.
A senhora é, de fato, uma mulher
extraordinária por solicitar-me
esclarecimento sobre os efeitos dos vários
graus de calúnia. Em todos os aspectos, a
senhora é admirável como a filha do rei
dragão, quando ela diz: “Revelo as
doutrinas do grande veículo para resgatar
os seres vivos do sofrimento”. No Sutra do
Lótus consta: “Se alguém for capaz de
perguntar sobre seu significado, isso será,
de fato, algo difícil!”. Há pouquíssimas
pessoas que perguntam sobre o
significado do Sutra do Lótus. Esteja
sempre determinada a denunciar a calúnia
contra o ensinamento correto com o
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máximo de sua capacidade. É realmente
maravilhoso que a senhora esteja me
ajudando a revelar meus ensinamentos.
(CEND, v. I, p. 654-655)
Explanação
Em um dia claro, na Califórnia, em
fevereiro de 1990, conversei com o
jornalista americano Norman Cousins
(1915––1990).1 Jamais me esquecerei das
suas palavras naquela ocasião,
transmitindo sua crença na importância de
superar os sentimentos de impotência e
cinismo que podem se enraizar no
coração: “Qual é a maior tragédia humana?
Não é a morte propriamente dita. A
verdadeira tragédia é a morte em vida —
embora seu corpo sobreviva, algo
importante dentro de você pereceu”.2
Esse “algo importante dentro de você” que
o Dr. Cousins se refere poderia ser
resumido como uma sólida crença no
incrível potencial interior.
O Dr. Cousins continuou, com uma sincera
mensagem aos jovens:
Por termos nascido como ser humano,
compartilhamos uma nobre missão. Isso é
acreditar nas pessoas e confiar uns nos
outros. Quando, por exemplo, estamos
diante de uma inevitável tragédia, e
mesmo que percamos o sentido da vida,
temporariamente, não devemos jamais nos
esquecer do comportamento original do
ser humano, de acreditar nas pessoas.
O que importa é a forma como afirma e
valoriza o insubstituível dom da vida.
Nunca deve desvalorizar a vida e os
Leandro Marques de Pina (816312-0) / pág. 2.

sentimentos dos outros. Os objetivos
supremos de cada um devem ser
mutuamente aceitos — e nunca deve
abandonar este mais nobre sentimento
humano, a confiança.3
Respeito e confiança nos seres
humanos
A essência do Budismo Nichiren é o
respeito e a confiança nos seres humanos,
junto com a crença no potencial infinito e
preciosidade da vida. Por nossa forte fé
nos ensinamentos de Nichiren Daishonin,
avançamos com alegria pelo caminho
repleto de esperança da revolução
humana — caminho da transformação
pessoal interior conduzindo a mudança do
mundo ao nosso redor.
Todos os seres humanos têm dentro de si
o mais nobre estado de buda e possuem o
poder e a sabedoria para conquistar a
felicidade para si e para os outros. Duvidar,
negar e fechar os olhos para esse rico
potencial inerente é a origem da
descrença e da impotência que lança uma
sombra sobre a sociedade
contemporânea.
A refutação de Nichiren Daishonin aos
ensinamentos errôneos que “caluniam a
Lei” também foi uma manifestação dessa
luta contra o erro fundamental da
descrença no potencial positivo dos seres
humanos. Nesta edição, vamos estudar o
escrito de Nichiren Daishonin As Barragens
da Fé para aprender sobre como se
esforçar na prática budista com inabalável
convicção na nobreza da vida humana.
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Em sua carta, a senhora [monja leiga
Sennichi] pergunta como o efeito cármico
varia de acordo com o grau de calúnia
contra o ensinamento correto [do Sutra do
Lótus]. Para começar, o Sutra do Lótus foi
exposto para conduzir todos os seres vivos
ao caminho do buda. No entanto, somente
aqueles que possuem fé neste sutra
atingem o estado de buda. Aqueles que o
caluniam caem na grande cidadela do
inferno de incessantes sofrimentos. (...)
Mesmo entre os que abraçam o Sutra do
Lótus, poucos [seguidores] o mantêm de
forma inabalável tanto em mente como
em ação. Poucos são os praticantes
capazes de manter esse sutra. Mas
aqueles que conseguem fazê-lo, não terão
um efeito cármico grave mesmo que
tenham cometido calúnias menores contra
esse sutra. Sua firme fé expia suas
calúnias, assim como uma grande torrente
extingue pequenas chamas. (CEND, v. I, p.
653)
A iluminação de todas as pessoas é a
mensagem essencial do Sutra do
Lótus
Daishonin escreveu essa carta no nono
mês de 1275, no Monte Minobu4 para a
monja leiga Sennichi,5 uma de suas
discípulas da Ilha de Sado. Cerca de
dezoito meses tinham se passado desde
que Nichiren Daishonin havia sido
perdoado e retornado de seu exílio.6
Parece que, nesse dado momento, seus
seguidores de Sado estavam preocupados
com os efeitos da calúnia contra a Lei.
Em outra carta [intitulada O Significado de
Caluniar a Lei], Daishonin oferece a
Leandro Marques de Pina (816312-0) / pág. 3.

seguinte definição: “Caluniar a Lei significa
se voltar contra a Lei” (WND, v. 2, p. 262). O
que isso abrange, especificamente, é
difamar, depreciar ou rejeitar o Sutra do
Lótus, o correto ensinamento do budismo
que revela o desejo fundamental do Buda
pela iluminação de todas as pessoas.
A monja leiga Sennichi, seu marido
Abutsu-bo e a maioria dos discípulos de
Nichiren Daishonin em Sado tinham sido
seguidores da escola budista Nembutsu
(Terra Pura),7 cujos ensinamentos
depreciavam o Sutra do Lótus [e sugeria
que as pessoas comuns não podiam atingir
o estado de buda nesta existência]. Como
resultado, apesar de terem encontrado
Daishonin e agora abraçarem a fé no Sutra
do Lótus, muitos deles ainda tinham
dúvidas sobre se realmente seriam
capazes de atingir o estado de buda.
Podemos supor que os discípulos de
Nichiren Daishonin [da Ilha] de Sado
estivessem lutando com a incapacidade
de se libertar completamente dos
costumes e crenças predominantes na
época. Como tinham aceitado há pouco
tempo os ensinamentos de Nichiren
Daishonin, também podem ter tido
diferentes opiniões sobre a natureza exata
da prática correta. Além disso, podem ter
se perguntado como poderiam apoiar e
incentivar da melhor forma os
companheiros praticantes que estavam
enfrentando diversos problemas. É Em outras palavras, tudo começa a partir
possível supor que Sennichi, ao fazer esta
pergunta sobre o efeito cármico como
resultado de diferentes graus de calúnia,
não estava apresentando apenas suas
próprias dúvidas, mas também falava
pelos discípulos de Nichiren Daishonin [da
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Ilha] de Sado em geral.
Em resposta, Daishonin primeiro esclarece
a premissa básica de que o propósito do
Sutra do Lótus é ensinar o caminho pelo
qual todas as pessoas podem atingir a
iluminação. Ele diz: “Para começar, o Sutra
do Lótus foi exposto para conduzir todos
os seres vivos ao caminho do buda” (CEND,
v. I, p. 653).8 Todas as pessoas terem a
capacidade para a iluminação significa que
possuem a nobre natureza de buda e o
infinito potencial que ela representa. Isso
significa, simplesmente, que não importa
quão profundo seja o sofrimento que uma
pessoa esteja enfrentando atualmente, ela
tem dentro dela o poder de se libertar
desse sofrimento e tornar-se feliz.
Qualquer discussão sobre caluniar a Lei
que negligencie essa premissa
fundamental será essencialmente sem
sentido.
O Sutra do Lótus, como Nichiren Daishonin
salienta aqui, ensina que todas as pessoas
têm o potencial para o estado de buda. É
importante, portanto, dissipar as nuvens
escuras da ilusão e da dúvida e acreditar
sinceramente nesta verdade fundamental.
Se assim fizermos, nossa iluminação estará
garantida. Se, no entanto, duvidamos e
caluniarmos este ensinamento do Sutra do
Lótus, diz Daishonin, cairemos no inferno
de incessante sofrimento (cf. Ibidem).
da questão principal de saber se
acreditamos ou não na dignidade e no
valor da nossa própria vida e da vida dos
outros.
Leandro Marques de Pina (816312-0) / pág. 4.

A Lei Mística é a espada afiada que
corta as amarras do carma
A monja leiga Sennichi e Abutsu-bo
arriscaram a vida para proteger Nichiren
Daishonin, o devoto do Sutra do Lótus, que
estava “praticando de acordo com os
ensinamentos do Buda”9 (cf. LSOC, cap. 21,
p. 316 [LS, cap. 21, p. 274]) (CEND, v. I, p.
654). Nesta carta, podemos concluir que
ele os considera como uns dos poucos
“[que abraçam o Sutra do Lótus e o]
mantêm de forma inabalável tanto em
mente como em ação” ou “praticantes
capazes de manter esse sutra” (cf. Ibidem,
p. 653).
Em seguida, Daishonin afirma que tais
seguidores ou praticantes, embora possam
cometer ligeira calúnia contra a Lei, não
sofrerão efeito cármico grave por sua forte
fé e por suas calúnias serem pequenas (cf.
Ibidem). Se sua crença fundamental no
Gohonzon é firme e inabalável, tal como a
pontaria de um mestre arqueiro que nunca
erra, não há nada a temer. Na era impura
dos Últimos Dias da Lei, que é repleta de
calúnia contra a Lei, uma pessoa de forte
fé não se influenciará ou se desviará por
tais influências negativas. Eles então serão
capazes de expiar suas graves ofensas
“assim como uma grande torrente estingue
pequenas chamas” (Ibidem), escreve
Daishonin.
Esse princípio também se aplica a nós.
Uma vez que abraçamos a fé na Lei
Mística, não importa quanto caluniamos o
ensinamento correto no passado, o carma
negativo que cometemos por isso não nos
atormentará para sempre, porque a fé na
Lei Mística é como uma espada poderosa
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que corta até mesmo as amarras mais
pesadas do carma.
No Japão, após a Segunda Guerra Mundial,
havia incontáveis pessoas desesperadas,
lamentando o peso do infortúnio e
desprovidas de qualquer esperança pelo
futuro. Os membros da Soka Gakkai
lançaram-se entre essas pessoas que
sofriam e encorajaram-nas. Eles
asseguraram-lhes que poderiam superar
seu carma por meio da prática do Budismo
de Nichiren Daishonin, e percorrer o
caminho da felicidade ao lado deles. Ao
abraçarem a fé na Lei Mística, como
resultado, inúmeros indivíduos voltaram a
sorrir e recuperaram a esperança e a
autoconfiança. Eles dissiparam as trevas da
escuridão fundamental10 da ignorância
que os impedia de acreditar em seu infinito
potencial. E despertaram para a profunda
crença em seu próprio estado de buda — a
crença de que todas as pessoas o
possuem inerentemente nas profundezas
de sua vida.
Especificamente falando, todos nós, antes
de praticar o Budismo de Nichiren
Daishonin, provavelmente, mesmo sem
conhecê-lo, acumulamos o carma de
caluniar ou desacreditar no ensinamento
do Sutra do Lótus da infinita dignidade dos
seres humanos. Mas, desde o primeiro
momento em que abraçamos a fé na Lei
Mística, somos capazes de nos desfazer
das amarras do carma e alcançar uma
liberdade comparável a elevar-se
livremente pelos vastos céus.
O Sutra do Nirvana11 diz: “Se mesmo um
bom monge vir alguém destruindo o
ensinamento [correto] e ignorá-lo, falhando
Leandro Marques de Pina (816312-0) / pág. 5.

em repreendê-lo, expulsá-lo ou puni-lo
por seu mau ato, deve compreender que
esse monge está traindo o ensinamento do
Buda. Mas, se ele expulsar o destruidor da
Lei, repreendê-lo ou puni-lo, então, ele é
meu discípulo e um verdadeiro ouvinte da
voz”.12
Essa advertência me encorajou a
denunciar a calúnia à Lei, apesar das várias
perseguições que enfrentei, pois eu teria
me tornado um inimigo do ensinamento do
Buda se não fizesse isso. (CEND, v. I, p. 653)
Refutar a calúnia contra a Lei
Esse trecho cita uma passagem do Sutra
do Nirvana que Daishonin normalmente
menciona em seus escritos, descrevendo
três respostas à calúnia contra a Lei:
repreensão, expulsão ou punição.
Aplicando essa passagem na própria vida,
Daishonin diz que, a fim de não se tornar
um “inimigo do ensinamento do Buda”, ele
lutou e se pronunciou contra a maldade de
caluniar a Lei, embora soubesse que,
como resultado, seria perseguido (cf.
Ibidem).
Retomando a ideia apresentada no início
desta carta, caluniar a Lei é o que faz com
que as pessoas fiquem impotentes e
neguem seu infinito potencial. A luta contra
a calúnia à Lei é a essência do espírito de
Nichiren Daishonin de realizar o Terra”15 (Ibidem).
shakubuku, isto é, de refutar o errôneo e
revelar a verdade.
Foi com esse espírito que Daishonin,
impulsionado por seu desejo de conduzir
todas as pessoas à felicidade, manteve sua
corajosa luta contra a natureza demoníaca
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que lança as pessoas à miséria e à
desgraça. O espírito imutável e
fundamental de uma verdadeira religião do
povo deve ser o de questionar e derrotar a
maldade que quer destruir a bondade
inata e o potencial positivo das pessoas.
Com base nesse fundamento, a prática
real de refutar a calúnia contra a Lei não
deve ser dogmática. Nesta carta, Nichiren
Daishonin apresenta à monja leiga Sennichi
importantes pontos de vista sobre como
lidar com a calúnia.
Primeiro, ele afirma que há graus de
gravidade em caluniar a Lei, e oferece
exemplos concretos de maneiras de lidar
com a calúnia de forma flexível adequada
à situação.
Daishonin escreve: “No entanto, a calúnia
pode ser leve ou grave e, eventualmente,
devemos desconsiderá-la em vez de
atacá-la. As escolas Palavra Verdadeira13 e
Tendai14 caluniam o Sutra do Lótus
[afirmando que ele é inferior ao Sutra
Mahavairochana] e deveriam ser refutadas
com rigor. Todavia, sem uma grande
sabedoria é difícil distinguir corretamente
as doutrinas dessas escolas dos
ensinamentos que Nichiren propaga. Por
isso, algumas vezes, evitamos atacá-las,
assim como fiz no tratado Estabelecer o
Ensinamento Correto para a Pacificação da
Ele então passa a afirmar: “Quando o crime
de uma pessoa é leve, algumas vezes a
advertência é necessária; porém, outras
vezes, é desnecessária, pois existem
pessoas capazes de corrigir a si próprias
sem a necessidade de lhes chamarem a
Leandro Marques de Pina (816312-0) / pág. 6.

atenção. Quando for preciso, repreenda a
pessoa pela calúnia, de forma que ambas,
a senhora e essa pessoa, possam evitar as
consequências do crime. Em seguida, deve
perdoá-la” (Ibidem, p. 654).
A sabedoria ensinada no Budismo de
Nichiren Daishonin não é rígida e inflexível.
É importante que a repreensão à calúnia
contra a Lei surja do espírito de compaixão.
Daishonin adverte: “Nossa atitude de ver,
ouvir e nada fazer para deter a calúnia, que
poderia ser evitada se a refutássemos
abertamente, destrói nossas virtudes inatas
da visão e audição, além de ser total falta
de benevolência” (Ibidem, p. 653). Em
outras palavras, a repreensão à calúnia
contra a Lei nunca deve ser feita a partir da
raiva ou do antagonismo; ela deve ser
motivada por um sentimento de grande
compaixão, o desejo de impedir que a
pessoa caia em um estado de sofrimento e
infelicidade.
Daishonin cita ainda duas passagens das
Anotações sobre o Sutra do Nirvana do
grande mestre Zhangan:16 “Se um
indivíduo carece de benevolência para
corrigir seu amigo, na verdade, está agindo
como seu inimigo” (Ibidem, p. 654); e
“Aquele que livra o ofensor do mal está
agindo como pai para essa pessoa”
(Ibidem). É com esse espírito que os
mestres e discípulos Soka, do presidente
fundador Tsunesaburo Makiguchi em
diante, têm lutado contra o mal da calúnia
contra a Lei que traz sofrimento para as
pessoas. Também é por isso que nós da
SGI denunciamos profundamente as
graves transgressões da seita Nikken
contra o espírito e os ensinamentos de
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Nichiren Daishonin, transgressões que
depreciam e oprimem as pessoas.
O verdadeiro repúdio à calúnia contra a Lei
é a prática de vencer a natureza
demoníaca que causa sofrimento às
pessoas. Dissipando as trevas do grande
mal, a luz do grande bem resplandecerá.
A chave está em nossa atitude
fundamental na fé
Nesse aspecto, não há nenhuma fórmula
rígida e rápida quando se trata da
advertência sobre a calúnia contra a Lei.
Também não é algo a que podemos
aplicar teorias abstratas.
O matemático e filósofo francês Blaise
Pascal (1623–1662) criticou o elaborado
sistema de “precedentes para a
consciência” estabelecido pela Igreja
Católica da sua época. Os precedentes
para a consciência eram um conjunto de
regras preestabelecidas para agir com
“boa consciência” em todas as situações
possíveis. Pascal denunciou o dogmatismo
hipócrita que esses chamados
precedentes incentivavam. Ele acreditava
que proteger o indivíduo do processo de
pensar profundamente sobre o bem e o
mal impedia o desenvolvimento e o
exercício da sua consciência e bússola
moral interna. Como observei quando
abordei sobre Pascal em minha primeira
palestra na Universidade Harvard (em
1991), o autoquestionamento, a
contemplação e a introspecção são
medidas importantes de uma religião para
o bem da humanidade.17
Leandro Marques de Pina (816312-0) / pág. 7.

Nesta carta, Nichiren Daishonin igualmente
diz que é errado julgar, mesmo entre os
seus discípulos, a natureza da fé de uma
pessoa com base em apenas aparências
externas. A esse respeito, ele menciona o
sacerdote leigo Ichinosawa,18 outro
residente de Sado (cf. Ibidem). Embora ele
pareça ter aceitado intimamente os
ensinamentos de Nichiren Daishonin,
comportava-se publicamente como se
fosse um seguidor do Nembutsu. Como
consequência, Daishonin estava
preocupado com o que aconteceria a esse
indivíduo em sua próxima existência.
Na Carta para o Sacerdote Leigo
Ichinosawa, endereçada à esposa do
sacerdote leigo e escrita no quinto mês de
1275, poucos meses antes de As Barragens
da Fé, Nichiren Daishonin diz que tinha
enviado “um cópia completa do Sutra do
Lótus, em dez volumes”19 para um
membro da família do sacerdote leigo (cf.
CEND, v. I, p. 554).20 Ele assim o fez, ao
que parece, porque essa pessoa
aparentava estar mais profundamente
atraída pelo sutra do que o próprio
sacerdote leigo. Daishonin, sem dúvida,
esperava que esse membro da família
compartilhasse a mensagem do sutra com
o sacerdote leigo e, assim, iria orientá-lo
para a correta fé na Lei Mística.
Daishonin não estabeleceu qualquer
critério formal e codificado para
determinar arbitrariamente que palavras
ou ações constituem calúnia contra a Lei.
Em vez disso, enfatizou a importância de
analisar a atitude fundamental daquele
indivíduo, discernir se no fundo de seu
coração, violou ou manteve o espírito do
Sutra do Lótus de respeito pela vida e
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dignidade humana.
Nossos pensamentos mais íntimos nem
sempre ficam claramente evidentes em
nossa aparência e comportamento
exterior. Nossa sutil determinação
fundamental (ichinen), no entanto, pode ter
um tremendo impacto sobre nossa fé em
longo prazo. Por isso é muito importante
que nossa determinação fundamental
esteja imbuída de pura e sincera fé. Se
assim for, está garantido que antingiremos
o estado de buda.
Fortaleça sua fé mais do que nunca.
Aquele que ensina os princípios do
budismo às pessoas está fadado a ser
odiado por homens e mulheres,
sacerdotes e monjas [que rejeitam o
ensinamento correto]. Deixe que os outros
digam o que quiserem. Confie sua vida aos
ensinamentos dourados do Sutra do Lótus,
do buda Shakyamuni, de Tiantai,21
Miaole,22 Dengyo23 e Zhangan.24 Esse é o
significado da expressão “praticar de
acordo com os ensinamentos do Buda” [cf.
LSOC, cap. 21, p. 316 (LS, cap. 21, p. 274)].
No Sutra do Lótus consta: “Se, nesta era
temível, alguém for capaz de pregar este
sutra, mesmo por um instante, [essa
pessoa merecerá receber oferecimentos
de todos os seres celestiais e humanos]”
[LSOC, cap. 11, p. 220 (LS, cap. 11, p. 181)].
Essa passagem explica que na era
maléfica dos Últimos Dias da Lei, quando
as pessoas malignas manchadas pelos três
venenos [da avareza, ira e estupidez]25
predominam, todo aquele que crê no
ensinamento correto e o mantém, mesmo
que por curto período de tempo, receberá
oferecimentos dos seres humanos e
celestiais [isto é, será elogiado e apoiado
Leandro Marques de Pina (816312-0) / pág. 8.

pelas funções protetoras do universo e
pelas pessoas da sociedade]. (CEND, v. I, p.
654)
Praticar de acordo com os
ensinamentos do buda e com a
unicidade de mestre e discípulo
Aqui, Daishonin exorta a monja leiga
Sennichi, que firmemente o apoiou e o
ajudou enquanto ele estava exilado na Ilha
de Sado, para fortalecer a sua fé “mais do
que nunca” e a continuar se esforçando
incansavelmente em prol do budismo.
O nobre espírito de Sennichi, que foi tão
cordialmente elogiada por Daishonin,
sempre me faz lembrar dos nossos
dedicados membros pioneiros que, ao
mesmo tempo em que superavam
inúmeros desafios, continuavam a lutar
pelo kosen-rufu, sem lamentar a vida.
Ao mesmo tempo, uma vez que o budismo
é uma batalha contra as funções
demoníacas, Daishonin também está
advertindo a Sennichi a não se descuidar
ou negligenciar sua prática budista. Depois
da partida de Nichiren Daishonin [da Ilha]
de Sado e seu retorno a Kamakura,
Sennichi e seu marido, Abutsu-bo,
mantiveram-se firme na fé, erguendo
bravamente a bandeira do kosen-rufu em
Sado. Não é difícil imaginar, então, que os
“três poderosos inimigos” — pessoas leigas
arrogantes, sacerdotes arrogantes e sábios
falsos arrogantes26 — surgiram e
começaram a perseguir e atacar os
discípulos de Daishonin naquele local.
Daishonin estava ciente de quão aflitos
seus seguidores estavam por esses
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ataques. Ele encoraja Sennichi com as
seguintes palavras: “Deixe que os outros
digam o que quiserem” (CEND, v. I, p. 654),
exortando-a a se manter confiante e
imperturbável diante do que estava
acontecendo. Makiguchi sensei sublinhou
fortemente essa frase em especial em sua
cópia do Gosho.
A perseguição que seus discípulos
estavam enfrentando definitivamente lhes
permitiria diminuir sua retribuição cármica
pelas causas negativas que fizeram no
passado.27 Uma passagem do Sutra do
Nirvana que Daishonin leu com a própria
vida diz: “(...) é pelo benefício obtido por
proteger a Lei que essas pessoas podem,
nesta existência, amenizar os sofrimentos
ou as retribuições” (Ibidem, p. 321). E, de
fato, a compaixão do budismo é tão vasta
e abrangente que mesmo aqueles que
criticaram e atacaram os discípulos de
Nichiren Daishonin, no devido tempo,
poderiam atingir a iluminação por meio de
sua relação inversa, ou tambor venenoso,
com o ensinamento correto.28
Não temos nada a temer ou nos
preocupar. “O ferro, quando aquecido e
forjado, torna-se uma excelente espada”
(Ibidem, p. 320), escreve Daishonin. Da
mesma forma, todos os nossos
sofrimentos e dificuldades nos permite
edificar um indestrutível eu, tal qual um
diamante, e desenvolver a força para
romper as correntes do nosso carma e
viver uma vida de completa liberdade.
Para conquistar isso é preciso que “confie
sua vida aos ensinamentos dourados”
(Ibidem, p. 654) — outra passagem
sublinhada por Makiguchi sensei. O que
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precisamos fazer é confiar e conduzir divindades benevolentes não deixariam de

completamente nossa vida de acordo com
as palavras do Sutra do Lótus e de
Daishonin. Sempre que lia os escritos de
Nichiren Daishonin, Toda sensei dizia:
“Como são verdadeiros, como são
verdadeiros! Como somos felizes por
termos estes ensinamentos!”.
Aqueles que confiam completamente sua
vida às palavras douradas dos
ensinamentos estão praticando
exatamente como instruído. O próprio
Daishonin é um exemplo perfeito disso, e
incentiva a monja leiga Sennichi a se juntar
a ele e também a ser uma pessoa que
pratica de acordo com os ensinamentos do
Buda por toda a vida.
auxiliar e proteger tais pessoas. Isso está
garantido pela passagem do sutra e por
Daishonin.
Seguindo a mensagem de Nichiren
Daishonin: “Deixe que os outros digam o
que quiserem”, vamos avançar com
entusiasmo e coragem, com um espírito
tão brilhante e vasto como o céu claro e
azul.
Em minha juventude, logo após a reunião
com Toda sensei, compus este poema:
Ardente de esperança,
Enfrento as ondas bravias.

A unicidade de mestre e discípulo e a luta Embora esteja vestido

compartilhada de mestre e discípulo são
cruciais. pobremente,

No final do 11º capítulo do Sutra do Lótus, E mesmo que os outros

“Surgimento da Torre de Tesouro”,
encontramos as seguintes palavras: “Se, zombem de mim
nessa era temível, alguém for capaz de
pregar este sutra, mesmo por um instante, Ou me ridicularizem,
[essa pessoa merecerá receber
Eu manterei a coragem.
oferecimentos de todos os seres celestiais
e humanos]” [LSOC, cap. 11, p. 220 (LS, cap.
Apenas me observem vencer!
11, p. 181)]. Na era maléfica dos Últimos
Dias da Lei, a sociedade está repleta de
Digo a mim mesmo:
pessoas corruptas manchadas pelos três
venenos da avareza, ira e estupidez (cf.
“Primeiro, trabalhe duro
CEND, v. I, p. 654). Manter a Lei Mística e ter
a coragem de compartilhar com os outros;
Com toda sua vigorosa força.
falar mesmo que apenas algumas palavras
sobre o correto ensinamento do budismo,
Mesmo que alguns
como expressão da própria fé — são ações
verdadeiramente nobres de um bodisatva. o desprezem,
Como resultado, as divindades celestiais e

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Sorria sempre. sólida, se uma fenda se abrir e a água

começar a infiltrar nele, todos os que estão
Com o coração a bordo naufragarão juntos. Apesar de a
barragem entre os campos de arroz ser
ardente, resistente, se uma formiga cava um orifício
de um lado a outro, com o tempo, a água
Avance firme e seguro escoará e esvaziará o arrozal. Tire do barco
de sua vida a água salgada da calúnia e da
Pelo caminho descrença, e solidifique as barragens de
sua fé. Se o crime de um seguidor for leve,
que escolheu”. ignore-o e conduza essa pessoa para que
obtenha benefícios. Se for grave,
Sorrindo com ardor encoraje-a a fortalecer a fé para que possa
apagar as consequências de seu crime.
E serenidade,
(CEND, v. I, p. 654)

Diante da árdua
Solidificar as barragens da fé

estrada à minha frente,

“Deve fazer (...) um grande juramento”
(Ibidem), escreve Daishonin. Para seus
E hoje novamente,
discípulos, naquela época, o grande
juramento era principalmente atingir o
Eu avançarei —
estado de buda nesta existência. Ele
estava clamando a seus discípulos a
Contemplando o céu,
praticar firmemente até o fim da vida na
presente existência e atingir a iluminação.
Que está no alto

Mas, ao mesmo tempo, em vários escritos

de um futuro
Cheio de esperança.
Estou muito feliz que muitos jovens
estejam me seguindo com esse espírito.
Deve fazer agora um grande juramento e
orar por sua próxima existência. Se a
senhora desacreditar ou caluniar o
ensinamento correto, o mínimo que seja,
certamente cairá na grande cidadela do
inferno de incessantes sofrimentos.
Imagine um barco navegando em alto-mar.
Mesmo que o barco seja de construção
Daishonin descreve o grande juramento
como se tratando não apenas de atingir a
própria iluminação, mas também sobre a
propagação do Sutra do Lótus e
permitindo assim que os outros a atinjam a
iluminação. No Ongui Kuden [Registro dos
Ensinamentos Transmitidos Oralmente],
Nichiren Daishonin afirma: “O ‘grande
juramento’ se refere à propagação do
Sutra do Lótus [Nam-myoho-renge-kyo]”
(OTT, p. 82).
Daishonin alerta que duvidar ou caluniar o
ensinamento correto impedirá que a

Leandro Marques de Pina (816312-0) / pág. 11.


pessoa desfrute de boas circunstâncias em
sua próxima existência. Dessa maneira, as
consequências do erro da escuridão
fundamental ou ignorância encobrem sua
vida. A fé é a força essencial para dissipar
essa escuridão e fazer o sol do estado de
buda surgir em seu coração.
Nessa parte, Daishonin observa que, se um
navio tiver uma rachadura, ainda que
pequena, acabará afundando. A referência
às barragens entre campos de arroz é a
fonte do título desta carta. Embora tais
barragens possam ser resistentes, se
houver mesmo um orifício feito por uma
formiga, a água escoará e as plantas de
arroz morrerão, diz Daishonin. O foco é que
o menor buraco em um navio
aparentemente resistente ou em uma
barragem pode levar a sua destruição
definitiva (cf. CEND, v. I, p. 654).
No budismo, o “buraco” da dúvida ou da
descrença é invisível. Isso é o que o torna
tão perigoso. Essa é também a razão pela
qual devemos estar em constante alerta
contra essa dúvida. É vital nos mantermos
firmes em nossa fé enquanto vivermos,
sem importar o que aconteça. Para isso,
devemos continuar lutando junto com a
SGI e jamais nos desviar do caminho de
mestre e discípulo. Devemos também
proteger firmemente a união harmoniosa
da nossa preciosa organização de
praticantes. “Tire do barco de sua vida a
água salgada da calúnia e da descrença, e
solidifique as barragens de sua fé” (Ibidem),
insiste Daishonin.
Não avançar é o mesmo que retroceder. É
por isso que precisamos ultrapassar a
estagnação e a inércia e avançar
Terceira Civilização - Edição 566 - 10/10/2015 - pág. 42 - Estudo
continuamente, dia após dia. Como
Nichiren Daishonin escreve: “Fortaleça sua
fé dia após dia, mês após mês. Se
enfraquecer mesmo um pouco, demônios
se aproveitarão” (END, v. I, p. 304).
O budismo é uma luta sem fim contra a
escuridão fundamental, a ignorância
arraigada que tenta bloquear ou excluir o
potencial infinito da vida. Quando
esquecemos essa luta interior, estamos
envoltos em sofrimento decorrente dessa
ignorância, nós nos “movendo da
escuridão para a escuridão” (WND, v. II, p.
838).
Esta é a essência da advertência contra a
descrença e a calúnia contra o
ensinamento correto do budismo.
A senhora é, de fato, uma mulher
extraordinária por solicitar-me
esclarecimento sobre os efeitos dos vários
graus de calúnia [contra a Lei]. Em todos os
aspectos, a senhora é admirável como a
filha do rei dragão,29 quando ela diz:
“Revelo as doutrinas do grande veículo
para resgatar os seres vivos do sofrimento”
[LSOC, cap. 12, p. 227 (LS, cap. 12, p. 188)].
No Sutra do Lótus consta: “Se alguém for
capaz de perguntar sobre seu significado,
isso será, de fato, algo difícil!” [cf. LSOC,
cap. 11, p. 219 (LS, cap. 11, p. 180)] Há
pouquíssimas pessoas que perguntam
sobre o significado do Sutra do Lótus.
Esteja sempre determinada a denunciar a
calúnia contra o ensinamento correto com
o máximo de sua capacidade. É realmente
maravilhoso que a senhora esteja me
ajudando a revelar meus ensinamentos.
(CEND, v. I, p. 654-655)
Leandro Marques de Pina (816312-0) / pág. 12.

O espírito de procura de um único
indivíduo leva ao avanço de muitos
Na conclusão, Daishonin elogia a monja
leiga Sennichi novamente por perguntar
sobre os “efeitos dos vários graus de
calúnia”, dizendo que ela é tão “admirável
como a filha do rei dragão”, que no 12º
capítulo do Sutra do Lótus, “Devadatta”,
abriu o caminho para a iluminação de
todas as mulheres (cf. CEND, v. I, p. 654). A
filha do rei dragão declarou: “Revelo as
doutrinas do grande veículo para resgatar
os seres vivos do sofrimento” (LSOC, cap.
12, p. 227 [LS, cap. 12, p. 188]). Ao citar essa
passagem, Nichiren Daishonin sugere que
Sennichi não faça essa pergunta apenas
por si mesma, mas também para que
todos os discípulos de Daishonin da Ilha de
Sado avancem infalivelmente no caminho
da fé ao longo da vida. A resposta dele
demonstra sua profunda confiança e
apreço pela monja leiga que abertamente
lhe perguntou sobre algo que a estava
incomodando e a seus companheiros
praticantes.
Meu mestre, o segundo presidente da
Soka Gakkai, Josei Toda, também realizava
regularmente sessões de perguntas e
respostas, e elogiava os membros por suas
questões. E disse muitas vezes aos líderes
que se sentissem à vontade para ir até ele
e perguntar-lhe o que quisessem. Não
importava quanto estivesse ocupado, ele
sempre ficava feliz em receber perguntas
difíceis, e pensava bastante e tinha muito
cuidado em respondê-las.
Perguntas conduzem ao progresso.
Quando dúvidas são esclarecidas, uma
certeza refrescante é firmada. Receber
Terceira Civilização - Edição 566 - 10/10/2015 - pág. 42 - Estudo
uma resposta que satisfaça
completamente nos permite praticar com
alegria e autoconfiança. É importante que
nossos harmoniosos encontros da SGI
continuem a avançar de forma vibrante
baseados no diálogo que corresponda
plenamente ao espírito de procura das
pessoas.
Acreditar na própria vida
No trecho final desta carta, Nichiren
Daishonin diz a Sennichi: “Esteja sempre
determinada a denunciar a calúnia contra o
ensinamento correto com o máximo de
sua capacidade. É realmente maravilhoso
que a senhora esteja me ajudando a
revelar meus ensinamentos” (CEND, v. I, p.
655). Ele, com compaixão, expressa seu
apreço a essa sincera discípula por se
juntar a ele na luta em prol do kosen-rufu.
Não há nada mais alegre ou maravilhoso
do que mestre e discípulo lutarem juntos
para iluminar a escuridão da sociedade
com a luz da verdade.
Uma famosa passagem de Ongui Kuden
afirma: “A grande alegria [é] a que se
experimenta quando se compreende pela
primeira vez que desde o início é um buda.
O Nam-myoho-renge-kyo é a maior de
todas as alegrias” (OTT, p. 211-212). No
momento em que dissipa a escuridão da
calúnia e da descrença e compreende a
verdade sobre a própria vida, a esperança
ilumina seu ser como o sol. Isso é “a maior
de todas as alegrias”.
Nossa própria vida é o tesouro mais
importante, contudo, muitas vezes,
procuramos por tesouros fora de nós
Leandro Marques de Pina (816312-0) / pág. 13.

mesmos. Por quê? Porque a nossa crença
nos seres humanos é fraca. Porque não
acreditamos em nós mesmos. Estas são as
fontes de tanto caos e discórdia no mundo
de hoje.
Acredite em sua própria vida! Ela é a fonte
de insuperável poder!
Um memorável diálogo entre professor e
aluno está registrado nos Analetos de
Confúcio. Um dos discípulos do antigo
filósofo chinês confessou que, ao mesmo
tempo que gostava de estudar o caminho
do mestre, sentia que não tinha forças para
segui-lo. Confúcio respondeu que, embora
fosse verdade que alguém sem forças
para seguir o caminho pudesse desistir no
meio dele, ele, o discípulo, tinha desistido
antes mesmo de começar.30
Toda sensei incentivava os jovens a
acreditar em si mesmos. Todos nós temos
um infinito potencial. Somos todos
entidades da Lei Mística, que é a chave
para a vitória absoluta em todas as esferas.
Assim sendo, os jovens da SGI devem
despertar uma fé forte, fazer surgir de
dentro de si o poder ilimitado do Buda, o
rei leão, e viver a vida com alegria e
disposição.
Em fevereiro, 55 anos atrás [em 1958,
pouco antes de falecer], Toda sensei
confiou a mim seu desejo acalentado de
expansão da Soka Gakkai para 3 milhões
de famílias. Inspirado pelo vigor da
juventude dos membros que se
levantaram para se juntar a mim nesta luta,
copiei em meu diário uma linha dos
Analetos de Confúcio, muitas vezes citada
por Toda sensei: “Deve-se considerar os
Terceira Civilização - Edição 566 - 10/10/2015 - pág. 42 - Estudo
jovens com respeito”.31
Tenho agora, mais uma vez, a mesma
convicção, ao observar o notável
crescimento dos nossos dedicados
membros da Divisão dos Jovens.
Meus jovens amigos, demonstrem a paixão
e a energia da juventude, permitam que
seu verdadeiro brilho interior resplandeça
e, no palco de sua missão, atue alegre e
livremente para conduzir felizes e
vitoriosas vidas.
(Daibyakurenge, edição de fevereiro
de 2013.)
Notas:
1. Durante um longo período, como editor da Saturday Review, Cousins fez importantes
contribuições para a paz e o intercâmbio cultural internacional. O presidente Ikeda e ele
reuniram-se duas vezes, a última em 23 de fevereiro de 1990, em Los Angeles.
Publicaram um diálogo intitulado Sekai Shimin no Taiwa [Diálogo entre os Cidadãos do
Mundo].
2. Traduzido do japonês. Extraído de um artigo sobre o encontro de fevereiro de 1990
entre o presidente Ikeda e Norman Cousins, Seikyo Shimbun, 25 de fevereiro de 1990.
3. Ibidem.
4. Monte Minobu: Localizado na atual província de Yamanashi. Nichiren Daishonin viveu
lá durante os últimos anos de sua vida, desde maio de 1274 até setembro de 1282, pouco
antes de sua morte. Quando estava no Monte Minobu, ele se dedicou à orientação de
seus discípulos, à coordenação dos esforços de propagação e a escrever tratados
doutrinários.
5. Monja leiga Sennichi: Esposa do Abutsu-bo (m. 1279) e discípula de Nichiren Daishonin.
Seu marido e ela viviam na Ilha de Sado. Suas origens não são claras. De acordo com
um relato, a monja leiga Sennichi era serviçal de uma dama da corte que acompanhava
o aposentado imperador Juntoku, quando ele foi banido para Sado após a Rebelião de
Jokyu, em 1221. Outra explicação mais provável diz que ela era nativa da ilha. Enquanto
Nichiren Daishonin estava exilado na Ilha de Sado, no final de 1271, o marido dela,
Abutsu-bo, e ela se converteram ao seu ensinamento. O casal visitava Daishonin com
frequência em sua pequena moradia, em Tsukahara, na ilha e lhe fornecia comida,
materiais de escrita, e outras necessidades. Seu apoio continuou por mais de dois anos,
até o seu perdão em 1274. Depois de Daishonin se mudar para o Monte Minobu, a monja
leiga Sennichi pediu que seu marido fosse visitá-lo e levasse oferecimentos em três ou
mais ocasiões.
6. Exílio em Sado: Nichiren Daishonin foi exilado na Ilha de Sado entre o décimo mês de
1271 e o terceiro mês de 1274. Quando o sacerdote Ryokan do templo Gokuraku-ji de
Kamakura foi derrotado por Daishonin num debate público para orar por chuva, ele
espalhou falsos rumores sobre Daishonin, usando a influência que tinha sobre as
esposas e viúvas de altos funcionários do governo. Isso levou a um confronto entre
Leandro Marques de Pina (816312-0) / pág. 14.
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Nichiren Daishonin e Hei no Saemon, vice-chefe de polícia, que o prendeu e arquitetou atacaram o Japão em 1274, e depois uma segunda vez em 1281.

um plano para executá-lo em Tatsunokuchi, no nono mês de 1271. Quando a tentativa de 16. Zhangan (561–632): Discípulo e sucessor de Tiantai. Registrou as explanações de

execução falhou, as autoridades o condenaram no mês seguinte ao exílio na Ilha de Tiantai e, mais tarde, compilou-as em três obras: Profundo Significado do Sutra do Lótus,

Sado, o que equivalia a uma sentença de morte. No entanto, quando se cumpriram as Palavras e Frases do Sutra do Lótus e Grande Concentração e Discernimento. Dentre as

previsões de Nichiren Daishonin sobre conflitos internos e invasão estrangeira, o governo obras de autoria própria incluem: Anotações sobre o Sutra do Nirvana e Profundo

emitiu um perdão (no terceiro mês de 1274) e ele retornou a Kamakura. Significado do Sutra do Nirvana.

7. Escola Nembutsu: Também conhecida como escola Terra Pura. Termo genérico para 17. IKEDA, Daisaku. The Age of Soft Power [A Era do Soft Power]. A New Humanism: The

as escolas budistas no Japão que ensinam que se deve buscar renascer na Terra Pura, University Addresses of Daisaku Ikeda [Um Novo Humanismo: Discursos de Daisaku

praticando o Nembutsu, ou recitando o nome do buda Amida, ou seja, entoando a frase Ikeda em Universidades]. Nova York: Weatherhill, 1996. p. 204-205.

Namu Amida Butsu (“Homenagem ao buda Amida” ou “Eu me refugio no buda Amida”). 18. Sacerdote leigo Ichinosawa (m. 1278): Sacerdote leigo da escola budista Terra Pura

Aqui, a Terra Pura refere-se a Terra Pura da Perfeita Felicidade do buda Amida. (Nembutsu). No quarto mês de 1272, quando ainda estava exilado em Sado, Daishonin foi

8. No segundo capítulo do Sutra do Lótus, “Meios Apropriados”, o buda Shakyamuni transferido de Tsukahara para o relativo conforto da propriedade de Ichinosawa.

afirma: “(...) o que há muito tempo venho acalentando, agora se cumpriu. Converti todos 19. Os dez volumes do Sutra do Lótus consistem em oito volumes do Sutra do Lótus

os seres vivos e os conduzi ao caminho do buda” (LSOC, cap. 2, p. 70 [LS, cap. 2, p. 36]). propriamente ditos, mais dois sutras relacionados a ele, conhecidos como o Sutra dos

9. No 21º capítulo do Sutra do Lótus, “Os Poderes Sobrenaturais d’Aquele que Assim Infinitos Significados e o Sutra Mérito Universal.

Chega”, o Buda afirma: “Após Aquele que Assim Chega entrar em extinção, você deve 20. Na carta, Daishonin expressa seu receio em confiar uma cópia do Sutra do Lótus a

aceitar, manter, ler, recitar, explanar, propagar e transcrevê-lo [o Sutra do Lótus] uma pessoa como Ichinosawa, cujo comprometimento com a fé era duvidoso. Porém, diz

firmemente, e praticá-lo como orientado” (LSOC, cap. 21, p. 316 [LS, cap. 21, p. 274]). A que se sente impelido a fazê-lo em virtude de uma promessa anterior. Ele escreve para a

frase “praticá-lo como orientado” é normalmente reformulada indiretamente como esposa do sacerdote leigo: “[enviei] uma cópia completa do Sutra do Lótus, em dez

“prática de acordo com o ensinamento do Buda”, e assim por diante. volumes. Como a avó do sacerdote leigo demonstra ser mais sincera e séria em seu

10. Escuridão fundamental: A ilusão inerente à vida mais profundamente arraigada, que interesse pelo sutra do que o próprio sacerdote, confio-lhe essa cópia em benefício dela”

dá origem a todas as demais ilusões. A incapacidade de ver ou reconhecer a verdade, (CEND, v. I, p. 554).

sobretudo, a verdadeira natureza da própria vida e da vida de todas as outras coisas. No 21. Tiantai (538–597): Também conhecido como o grande mestre Tiantai ou Zhiyi.

Ongui Kuden [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente], Nichiren Daishonin Fundador da escola Tiantai na China. Suas explanações foram compiladas em obras

afirma: “Aceitar e defender essa Lei original [Nam-myoho-renge-kyo] é a expressão das como Profundo Significado do Sutra do Lótus, Palavras e Frases do Sutra do Lótus e

palavras ‘crença’ ou ‘fé’. A palavra ‘fé’ é a espada afiada com a qual se enfrenta e vence Grande Concentração e Discernimento. Ele propagou o Sutra do Lótus na China, e

a escuridão fundamental” (OTT, p. 119-120). apresentou o princípio dos “três mil mundos num único momento da vida”.

11. Sutra do Nirvana: Compilação dos ensinamentos expostos por Shakyamuni pouco 22. Miaole (711–782): Também conhecido como grande mestre Miaole. Foi patriarca da

antes de morrer. Ensina que o corpo do darma do Buda é eterno, que todas as pessoas escola Tiantai na China. É reverenciado como o restaurador da escola. Seus comentários

possuem a natureza de buda e que mesmo os icchantika — pessoas de descrença sobre as três principais obras de Tiantai são intitulados como Anotações sobre “Profundo

incorrigível — podem atingir o estado de buda. Significado do Sutra do Lótus”, Anotações sobre “Palavras e Frases do Sutra do Lótus”, e

12. Ouvinte da voz (Skt. shravaka): Nome de um discípulo do buda Shakyamuni. Aquele Anotações sobre “Grande Concentração e Discernimento”.

que ouve a pregação do Buda e se esforça para atingir a iluminação. 23. Dengyo (767–822): Também chamado Saicho. Fundador da escola Tendai (Tiantai) no

13. Escola Palavra Verdadeira: Escola budista no Japão, estabelecida por Kobo (774-835), Japão. Muitas vezes referido como grande mestre Dengyo. Ele refutou os erros das seis

que segue as doutrinas esotéricas contidas no Sutra Mahavairochana e no Sutra da escolas Nara — as escolas estabelecidas da época — e se dedicou a elevar o Sutra do

Coroa de Diamantes. A expressão “palavra verdadeira” origina-se do termo sânscrito Lótus e estabelecer uma plataforma de ordenação Mahayana no Monte Hiei.

“mantra” (“palavra secreta”, “fórmula mística”). Na escola Palavra Verdadeira, isso indica 24. Veja nota 16.

as palavras atribuídas ao buda Mahavairochana. 25. “Três venenos” — avareza, ira e estupidez: São os males fundamentais inerentes à

14. Sob as ordens do seu terceiro sacerdote chefe Jikaku (794–864), que estudou vida que dão origem ao sofrimento humano. No Tratado sobre a Grande Perfeição da

Budismo Esotérico e doutrina Tiantai na China, a escola Tendai no Japão — que Sabedoria de Nagarjuna, renomado estudioso Mahayana, os “três venenos” são

originalmente defendia a supremacia do Sutra do Lótus — incorporou o budismo considerados a fonte de todas as ilusões e de todos os desejos seculares. Os “três

esotérico em suas doutrinas originais. Isso foi chamado de Esoterismo Tendai, venenos” são assim chamados porque contaminam a vida das pessoas e trabalham

diferentemente do Esoterismo Palavra Verdadeira de Kobo. Jikaku adotou a ideia de que para impedir que seu coração e sua mente se voltem para a bondade.

o Sutra Mahavairochana era superior ao Sutra do Lótus em termos de prática. 26. “Três poderosos inimigos”: Três categorias de pessoas que perseguem aqueles que

15. Estabelecer o Ensinamento Correto para a Pacificação da Terra: Tratado de propagam o Sutra do Lótus após a morte do Buda, conforme descrito no 13º capítulo do

advertência que Nichiren Daishonin enviou a Hojo Tokiyori, regente retirado, mas que Sutra do Lótus, “Encorajamento à Devoção”. O grande mestre Miaole da China os

ainda era a figura mais influente do clã governante, no décimo sexto dia, no sétimo mês resumiu como: pessoas leigas arrogantes, sacerdotes arrogantes e sábios falsos

de 1260. Nela, Daishonin prevê que, a menos que o ensinamento correto do Sutra do arrogantes.

Lótus fosse seguido, o país, no futuro próximo, sofreria as calamidades de conflitos 27. Diminuir a retribuição cármica: Esse termo, que significa literalmente, “transformar o

internos e invasões estrangeiras — as únicas entre as “três calamidades e sete desastres” pesado e recebê-lo de forma leve”, aparece no Sutra do Nirvana. “Pesado” se refere ao

que ainda não haviam assolado o Japão. Suas previsões se tornaram realidade quando carma negativo acumulado ao longo de incontáveis vidas no passado. Como benefício

a calamidade do conflito interno ocorreu sob a forma do chamado Rebelião de por proteger o correto ensinamento do budismo, podemos receber a retribuição cármica

Fevereiro, em 1272, e a calamidade da invasão estrangeira ocorreu quando os mongóis relativamente leve nesta vida, expiando assim o carma pesado que provavelmente nos

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afetaria negativamente não só nesta existência, mas nas próximas existências também.

28. Relação do tambor venenoso: Relação inversa ou formada pela rejeição. Uma

relação estabelecida com o Sutra do Lótus pela oposição ou pela calúnia contra ele.

Mesmo que uma pessoa se oponha ao Sutra do Lótus quando este é ensinado,

constituirá uma relação com ele em virtude da oposição e, consequentemente,

manifestará o estado de buda. “Tambor venenoso” é um tambor mitológico, encharcado

de veneno. A expressão é uma referência à declaração que consta no Sutra do Nirvana

de que, quando o tambor é tocado, todos aqueles que ouvem seu som morrem, até

mesmo os que não estão prestando atenção nele. De modo semelhante, quando o

ensinamento correto é pregado, tanto aqueles que o abraçam como os que são contra

ele recebem igualmente as sementes do estado de buda, e mesmo os que se opõem

atingirão a iluminação. Com base nessa analogia, a “morte” que resulta do ato de ouvir o

ensinamento correto é a morte da ilusão ou dos desejos mundanos. Essa metáfora é

usada para ilustrar o benefício de existir até mesmo uma relação inversa com o budismo.

29. Filha do rei dragão: Também conhecida como menina-dragão. Filha de 8 anos de

Sagara, um dos oito reis dragões que habitavam o palácio no fundo do mar. De acordo

com o 12º capítulo do Sutra do Lótus, “Devadatta”, a menina-dragão concebe o desejo

da iluminação ao ouvir o bodisatva Manjushri pregar o Sutra do Lótus no palácio do rei

dragão. Então, ela aparece na frente da assembleia do Sutra do Lótus e

instantaneamente atinge o estado de buda em sua presente forma. A iluminação da

menina-dragão é o modelo para a iluminação das mulheres e revela o poder do Sutra do

Lótus para permitir que todas as pessoas igualmente atinjam o estado de buda da forma

como elas são.

30. The Analects of Confucius [Analetos de Confúcio]. Tradução de Simon Leys. Nova

York: W. W. Norton and Company, 1997. p. 26.

31. Ibidem, p. 42.

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