Você está na página 1de 16

Facultad de Psicología y Ciencias Sociales

Doctorado en Psicología

Figuras Parentais Negligentes e o Desenvolvimento das Habilidades


Sociais na Infância

Artigo Científico apresentado à Universidade


de Flores como exigência curricular para
aprovação no Curso de Doutorado em
neuropsicologia.

Doctoranda: B. ENGELKE LUDOGERO, CATHARINE


2

RESUMO

Trata-se de estudo sobre as Figuras Parentais Negligentes e o Desenvolvimento


das Habilidades Sociais na Infância. O estudo sobre o referido tema se dá pela
importância em compreender mais sobre o estilo parental negligente e o impacto
causado no desenvolvimento das habilidades sociais na infância, contribuindo para
o crescimento científico, pessoal e profissional sobre o assunto. Os objetivos
específicos visam: identificar a função parental no desenvolvimento de habilidades
sociais; analisar os cuidados parentais e problemas de comportamento na infância;
explicar a função parental no contexto familiar; explicar a negligência parental no
contexto familiar. A questão norteadora versará sobre: “Qual o impacto causado no
desenvolvimento das habilidades sociais na infância quando se tem um estilo
parental negligente?” A metodologia adotada será de levantamento bibliográfico e
baseado na experiência vivenciada pelo autor por ocasião da realização de uma
revisão integrativa, no qual se inclui: introdução, revisão de literatura, metodologia
e conclusão. Concluiu-se que para que os pais conheçam bem seus filhos, é
necessário que não negligenciem os aspectos afetivos. É importante refletir sobre a
importância da afetividade.

Palavras chave: psicologia, negligência parental, habilidades sociais.


3

ABSTRACT

This is a study of Neglecting Parental Figures and the Development of Social Skills
in Childhood. The study on this topic is due to the importance of understanding
more about negligent parenting style and the impact on the development of social
skills in childhood, contributing to the scientific, personal and professional growth on
the subject. The specific objectives aim to: identify the parental function in the
development of social skills; analyze parental care and behavior problems in
childhood; explain parental function in the family context; explain parental neglect in
the family context. The guiding question will be: "What is the impact on the
development of social skills in childhood when having a negligent parenting style?"
The methodology adopted will be bibliographic survey and based on the experience
lived by the author when conducting an integrative review, which includes:
introduction, literature review, methodology and conclusion. It was concluded that
for parents to know their children well, they must not neglect the affective aspects. It
is important to reflect on the importance of affectivity.

Keywords: psychology, parental neglect, social skills.


4

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................5
2. ASPECTOS GERAIS SOBRE FAMÍLIA...........................................................................6
3. FIGURAS PARENTAIS......................................................................................................8
4.FATORES RELEVANTES NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES
SOCIAIS.................................................................................................................................11
5. CONCLUSÃO....................................................................................................................13
6. REFERÊNCIAS.................................................................................................................15
5

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo tem por objeto o estudo sobre as Figuras Parentais Negligentes e o
Desenvolvimento das Habilidades Sociais na Infância. Ao contextualizar o tema em apreço,
verificou-se que as pessoas passam boa parte de suas vidas investindo em inúmeras maneiras
de relacionamento interpessoal, seja ela no contexto familiar, escolar/acadêmico,
profissional.
Para Santos & Wachelke (2019), estudos recentes têm sido realizados no intuito de
compreender as relações formadas entre pais e filhos e o impacto dos estilos parentais no
desenvolvimento psicossocial, eis que é na infância e adolescência, onde estão presentes
inúmeras adaptações e mudanças nas habilidades interpessoais. Por tal motivo, torna-se
fundamental um ambiente familiar que proporcione amparo e orientação ante a
complexidade das emoções experimentadas.
Ainda para os autores acima, a presença de relações familiares com dificuldades na
imposição de limites para o comportamento da criança e do adolescente pode influenciar
diretamente no preparo satisfatório desse período, ocasionando certos comportamentos de
risco. As atitudes dos pais adotadas na educação dos filhos pode ser encarada como estilo
parental, representando a maneira pela qual os pais lidam com as questões disciplinares,
hierárquicas e emocionais na relação com os filhos.
De acordo com Benchaya et. al. (2011) foi indicado um método de estilos parentais
baseado em teorias, chamadas de exigência (demandingness) e responsividade
(responsiveness). A exigência parental abrange as atitudes dos pais que tem por objetivo
controlar e monitorar o comportamento dos filhos, estabelecendo-lhes limites e regras.
Estilos parentais que exibem níveis baixos de responsividade e de expressão afetiva e
de controle, sem revelar qualquer interesse nas atividades, companhias e inquietações dos
filhos, são chamados de negligentes. Esses tendem a serem frios, distantes, despreocupados
e a não comprometer-se. Mantém relações por reação e não por princípios. Não corrigem
seus filhos até se sentirem obrigados e irritados. É inconsistente e imprevisível para
disciplinar e duro e abusivo quando está fora de controle. (BENCHAYA et. al. 2011)
Segundo Alvarenga; Weber; Bolsoni-Silva (2016), os estilos parentais negligentes
eles são insensíveis e não afetuosos, impõem regras insuficientes. Esses tipos de pais tendem
a evitar os problemas colocados por seus filhos e acabam com comportamentos que
dificultam seu desenvolvimento. A supervisão e monitoramento quase não existem, mas
6

quando as crianças emitem comportamentos considerados inadequados, os pais aplicam um


castigo aversivo inconsistentemente.
Conforme aduzido por Novak e Pelaez (2004), os negligentes são descritos como
pais frios porque ignoram ou interpretam mal os sinais importantes de seus filhos que
poderiam levar ao reforço, apresentando um modelo de extinção para comportamentos
apropriados. Os adolescentes criados nesse estilo parental são mais propensos a terem
problemas de internalização e externalização e, certamente, habilidades sociais gravemente
comprometidas.
A justificativa em se estudar sobre o tema se dá pela importância em compreender
mais profundamente sobre o estilo parental negligente e o impacto causado no
desenvolvimento das habilidades sociais na infância. E desta forma contribuir para o
crescimento científico, pessoal e profissional sobre o assunto. Os objetivos específicos
visam: identificar a função parental no desenvolvimento de habilidades sociais; analisar os
cuidados parentais e problemas de comportamento na infância; explicar a função parental no
contexto familiar; explicar a negligência parental no contexto familiar.
A questão que norteará o desenvolvimento da presente pesquisa propende entender
“Qual o impacto causado no desenvolvimento das habilidades sociais na infância quando se
tem um estilo parental negligente?”
Trata-se de um estudo realizado por meio de levantamento bibliográfico e baseado na
experiência vivenciada pelo autor por ocasião da realização de uma revisão integrativa, no
qual se inclui: introdução, revisão de literatura, metodologia e conclusão.

2. ASPECTOS GERAIS SOBRE FAMÍLIA

A família é o centro onde nascem e crescem novos membros da sociedade, é com ela
que aprendemos a respeitar, ter compromisso e disciplina. Nela que esses membros recebem
seus primeiros ensinamentos de como conviver na sociedade. Uma família que tem atenção
e paciência com seus membros tem mais facilidade em preparar esse indivíduo para o
mundo, pois o papel da família vai além de ensinar a ele o que é errado e certo. Maurício
Knobel (1992) nos mostra que:
A família é um grupo primário e natural da sociedade, nos quais o ser
humano vive e consegue se desenvolver. Na interação familiar, que é
prévia e social (porém determinada pelo meio ambiente) configura-se bem
precocemente a personalidade determinando-se as características sociais,
éticas, morais e cívicas dos integrantes da comunidade adulta.
7

A palavra família decorre do latim “famulus”, que significa escravos, servidores ou


doméstico. Para a sociologia, família é conceituada como um conjunto de pessoas unidas por
um laço de parentesco, por afinidade ou então consanguíneo. Os pais ensinavam situações
do cotidiano e suas histórias aos filhos, e isto era passado de gerações para gerações. Esta
educação acontecia em casa ou nas comunidades em que viviam.
No passado os pais exerciam ao máximo sua autoridade na educação dos seus filhos
isto fazia parte de uma tradição familiar que era respaldada pela situação da composição
familiar onde os pais trabalhavam e as mães ficavam em casa com essa responsabilidade. A
transformação familiar e social que exige que tanto o pai quanto a mãe estejam no mercado
de trabalho fez com que essa tradição fosse mudada e que o tempo passado com seus filhos
fosse diminuindo assim, hoje é possível ver pais que se intimidam diante do poder crescente
dos seus filhos e por isso eles se desobrigaram de “educar”
Hodiernamente, a família nuclear, tornou-se modelo de estrutura familiar na maioria
das sociedades industrializadas, caracterizado pela divisão dos papéis de homem e mulher,
de pais e filhos, seguindo uma hierarquia de poder típica do seu funcionamento. Esta forma
irrompe com modos e costumes de épocas anteriores, isolando a família em seu lar, onde o
marido/pai passa a ser o provedor do sustento da família; e a mulher, a responder pela vida
doméstica e pela educação dos filhos, a qual se constitui na principal preocupação do casal
(SIQUEIRA, 2009). Desta forma, como visto, a família nuclear veio sendo, ao desses anos,
tratado como referência de organização familiar, cujo enfoque prioritário estava na sua
composição econômica e não na qualidade das relações afetivas entre seus membros.
Gomes (1994) rejeita a hipótese de um arquétipo abalizado em um determinado
padrão de organização. Não sendo superado esse modelo, as experiências das famílias que
fogem a esse tipo podem não ser legitimadas. Tais valores conservadores e de crenças
familiares tradicionais impostas pela sociedade influenciam a vida dos indivíduos, que, uma
vez não empregado esse “modelo familiar”, pode-se levar ao sofrimento psíquico. Poder,
então, apropriar-se dessas múltiplas configurações familiares é dar lugar, no social, para algo
que extravasa um padrão ideal de família, legitimando a vivência de cada grupo familiar,
com suas peculiaridades e diversidades.
Já para Costa (2005), a denominação “família” tem alcunhado instituições e
agrupamentos sociais diversos entre si, do ponto de vista de sua estrutura e funções. Deste
modo nota-se que o entendimento moderno de família não está mais ligado necessariamente
à concepção de família nuclear, composta de mãe, pai e filhos, seguindo o modelo
8

tradicional patriarcal. O modelo familiar tem se expandido à medida que se busca


compreender as mais diferentes formas de relações entre os seus membros.
Siqueira (2009) assevera que na família urbana de nível socioeconômico
desfavorecido a predominância de um modelo matrifocal, aquele que se organiza em torno
da mulher, quando não há um companheiro, podendo, contudo, assumir uma forma
patriarcal, quando há um companheiro presente. O núcleo familiar, nessa perspectiva atual,
passa a ser constituído pela mulher e seus filhos, não se desfazendo com a saída do homem.
A família se constitui a partir da decisão de algumas pessoas de conviverem, assumindo o
compromisso de uma ligação duradoura entre si, incluindo uma relação de cuidado entre
adultos e deles com as crianças. O cuidado das crianças, entretanto, recai sobre a mulher,
com quem os filhos possuem uma ligação mais intensa. A pobreza, a monoparentalidade, o
desemprego, a baixa escolaridade dos cuidadores, as práticas educativas coercitivas, a
hostilidade nas relações familiares, a presença de doença física e/ou mental, a família
numerosa, entre outros fatores associados, dificultam a tarefa de cuidar dos filhos, colocando
em risco o desenvolvimento e o bem-estar das crianças e dos adolescentes.
Para Saraiva (2002), a falta de recursos materiais básicos está presente em famílias
com precárias condições de estrutura, o que tem como um de seus resultados a comum
situação de negligência em relação à educação dos filhos ou ao seu abandono. Esses
aspectos podem levar à institucionalização dessas crianças e adolescentes, visto que a
família, nessas condições, não desempenha o papel de cuidadora, fornecedora de apoio e
proteção, apresentando inúmeros fatores de risco.

3. FIGURAS PARENTAIS

Alvarenga (2001) aduz que as práticas parentais estão diretamente relacionadas a


comportamentos delineados por conteúdos específicos e por objetivos de socialização.
Apesar dos pais ou cuidadores oferecerem práticas parentais padronizadas, pode-se observar
que cada criança é capaz de assimilar de maneira diversa o conteúdo recebido.
Denham, (1998); Parke et al., (2006) posicionam a família como um primeiro
contato de mundo experimentado por um recém-nascido, um contexto primário de cuidados
e afetos da criança, onde se estabelecem as relações iniciais, cujos pais desempenham
diversas funções como estabelecimento de regras sociais, estratégias de sobrevivência e
socialização da criança, são verdadeiros modelos que servem de base para a elaboração da
9

criança com o mundo exterior e interior em formação do sujeito. Os pais utilizam as mais
diversas estratégias de acordo com as situações.
Chora, Mara et al (2019) corrobora com tal entendimento enfatizando que as figuras
parentais recorrem a práticas de socialização baseados em modelos como modelagem ou
expressividade emocional, oferecendo à criança elementos sobre a natureza, causas,
comportamentos e vocabulário associados a uma emoção.
Já os estilos parentais constituem um conjunto de atitudes dos pais ou cuidadores,
dentro de um clima emocional, em que se expressam os comportamentos dos pais, que
incluem as práticas parentais e outros aspectos da interação pais-filhos que possuem um
objetivo definido, tais como: tom de voz, linguagem corporal, descuido, mudança de humor
além daqueles relacionados a socialização, visando apenas, reforçar os comportamentos
percebidos como adequados e reprimir os inadequados. (NUNES; PINHEIRO MOTA Apud
BAUMRIND; YUSUF & SIM, 2017).
Segundo Wood, McLeod, Sigman, Hwang e Chu (2003) o estilo parental teria a
capacidade de causar influência ao desenvolvimento no quesito das competências sociais e
cognitivas, já que cada estilo educativo está imbuído de valores, comportamentos e normas.
Tais autores relacionaram três tipos de pais: os pais rejeitados, subdivididos em pais
ativamente rejeitadores e pais indiferentes; os casualmente autocráticos e casualmente
indulgentes e os aceitadores, subdivididos em pais aceitadores democráticos, aceitadores
indulgentes, e aceitadores democrático-indulgentes.
Baumrind (1966) desenvolvedora do que se denomina estilos parentais, relacionou
três estilos: Autoritativo, autoritário e permissivo, estudando o comportamento, maneira de
agora e pensar, características dos cuidadores e dos filhos e as consequências na formação
da personalidade e das habilidades das crianças sob a tutela de cada estilo.
O estilo autoritativo, cuja maneira de educar é através do direcionamento das
atividades infantis de maneira racional e orientada, se utilizam do diálogo, buscando
entender a lógica da criança que resulta em comportamentos, exercendo firme controle nos
pontos de divergência, colocando sua perspectiva de adulto, respeitando os interesses e
peculiaridades dos filhos.
Já os pais de estilo autoritário, para a referida autora, modelam, controlam e avaliam
o comportamento da criança de acordo com regras de conduta rígidas, demonstram baixo
suporte e elevada punição como forma de controle de comportamentos e atitudes, o que
resulta em uma restrição a autonomia e expressão emocional e comportamental das crianças,
10

que em geral, tinham temperamento infeliz, pareciam distantes, hostis, ansiosas e com pouco
controle sobre suas próprias emoções negativas.
Por fim, Baumrind (1966), aponta o estilo permissivo, cujo comportamento não-
punitivo e receptivo diante dos desejos e ações da criança são traços marcantes, possuem
elevada responsividade e aceitação do ponto de vista da criança, cuja evitação na assunção
de um papel orientador deste cuidador leva a uma baixa imposição de regras e limites,
apesar de ofertarem muito apoio e atenção emocional aos filhos. Em suas pesquisas
observou que essas crianças, em sua maioria, eram teimosas, provocadoras, rebeldes e
incapazes de regular a maior parte das emoções que enfrentavam.
Posteriormente, Maccoby e Martin (1983) acrescentaram o estilo indulgente, que
possuem dificuldade de impor limites e são pouco exigentes, tolerantes e bastante afetivos,
cujos filhos costumam ter boa auto-estima, porém traços de agressividades podem estar
presentes; e o estilo negligente, cujo o egocentrismo é característica presente, eles não se
interessam pela educação dos filhos, essas crianças, com certa frequência, tendem a um
comprometimento no desenvolvimento psicológico que prejudica as atividades acadêmicas e
sociais, com aumento de somatização, depressão, agressividade.
Os autores se basearam nos protótipos de Baumrind e os reorganizaram através da
observação de duas dimensões: exigência e responsividade. Os pais autoritários, que são
exigentes e nada responsivos, apresentam um desequilíbrio com relação a aceitação das
exigências dos filhos, dos quais buscam uma inibição das demandas dos mesmos.
Por outro lado os pais indulgentes são responsivos e não exigentes e os pais
autoritativos são exigentes e responsivos, ou seja, há um equilíbrio na balança, há relação de
reciprocidade, os filhos devem responder às exigências e expectativas dos pais, mas estes
também assumem a responsabilidade de responderem, dentro de suas possibilidades, aos
pontos de vista e exigências coerentes dos filhos.
Enquanto os pais negligentes são não exigentes e nem responsivos, tendem a
orientar-se pela esquiva de situações incômodas, o que os faz responder imediatamente aos
desejos das crianças, com intuito de fazer cessar o inconveniente.
Um grande parêntese se faz necessário para distinguir e dirimir qualquer dúvida a
respeito da diferença um estilo parental negligente da negligência abusiva, esta última
considerada uma forma de violência contra criança. A negligência como sinônimo de maus
tratos acontece quando o responsável- cuidador, se omite da obrigação de de cobrir as
11

necessidades básicas, sejam as físicas, sociais, psicológicas e/ou intelectuais (ROIG &
OCHOTORENA, 1993).
Quanto ao estilo parental negligente aa atitudes e comportamentos desses pais são
negativas quantos ao desempenho de seus papéis de pais e a longo prazo, todos os
componentes do papel parental tendem ao declínio, às vezes a supressão, resultando numa
disfuncionalidade do sistema. (MACCOBY & MARTIN, 1983).
Ao buscar mecanismos de assistência, as figuras parentais, através de um constante
encorajamento da expressão das emoções da criança, desenvolve um maior ajustamento
psicossocial, visando acessar maneiras adequadas no manejo das emoções e dos níveis mais
altos de competência emocional ao nível da regulação, expressão e compreensão
(DENHAM, 1998; DENHAM et al., 2007; ROOT& RUBIN, 2010 apud CHORA, MARA et
al).
Lautrey 1989, apud Martinho, 2010, corroborando o conceito ligado à ideia de
autoridade e de regras enfatiza a estruturação familiar como uma fator indispensável
componente na estruturação da personalidade das crianças, salientando que existem três
hipóteses: ausência de estruturação pelo absentismo de mandamentos; disposição inflexível
com regras estabelecidas por uma das partes e exigência do seu cumprimento e estruturação
maleável, caracterizado pela flexibilidade na fixação e adimplemento das regras.
A condição desta estrutura familiar depende das práticas educativas, cuja falta de
estruturação dos vínculos dos pais e da educação parental rígida a educação observamos o
autoritarismo e na estruturação flexível a norma educativa é democrática ou autoritativa-
recíproca. Todavia, não se pode afirmar que se trata de relação estritamente de causa-efeito.
O estudo dos estilos parentais no relacionamento de pais-filhos, pode evitar um
possível risco de uma apreciação errônea acerca de analogias diretas entre atuações remotas
no que concerne a conduta das figuras parentais e traços dos filhos. Comportamentos
específicos de pais, como violência física, podem resultar em consequências para o
desenvolvimento das crianças; porém, observar qualquer atitude isoladamente pode levar a
uma compreensão falha. (DARLING, 1999).

4. FATORES RELEVANTES NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES


SOCIAIS
São consideradas habilidades sociais, segundo Del Prette, Z. A. P. (2005),
autocontrole, expressividade emocional, civilidade, assertividade, empatia, aprendizagem,
12

autoconhecimento, solução de problemas interpessoais e habilidades acadêmicas, cada uma


primordial dentro do contexto para que foi desenvolvida em crianças.
Para o autor citado acima, o autocontrole consiste em dar ao indivíduo o suporte de
conseguir lidar com sentimentos que trazem desconforto, expressando-o de maneira
educada, quando não for tolerável, entretanto sem prejudicar sua autoestima.
Já a civilidade para Del Prette, Z. A. P. (2005), denota-se o respeito as regras
impostas para que haja controle social do indivíduo, objetivando uma convivência pacífica,
utilizando de boas maneiras para interagir, com cunho de dar sociabilidade em todas as
esferas da vida civil.
Em relação a assertividade, este autor refere-se a adequação da criança no meio,
utilizando o momento oportuno para se manifestar, respaldado pelo bom senso no uso de
argumentação em discussões contrárias a sua percepção.
A empatia, tange a habilidade de gerenciamento de emoções em relação ao próximo,
como reação de solidariedade em meio a ocasião desfavorável ao outro.
Uma pesquisa Segundo Boas e Bolsoni-Silva (2010), foi realizada uma pesquisa que
constata que mães que não impuseram limitação as manifestações de vontade de seus filhos
apresentaram crianças com comportamentos problemáticos. Entretanto, as mães que se
dispuseram a ter maior comunicação com seus filhos, obtiveram um melhor repertório
social.
Outro dado importante dessa mesma pesquisa dos autores citados é a relevância que
os problemas conjugais possuem no desenvolvimento das habilidades sociais das crianças.
Del Prette, Z. A. P. (2005), vai dizer que o ser humano tem seu início de vida
marcado pela relação interpessoal com aqueles que exercem o papel de figuras parentais.
Onde tal relação é marcada pela descoberta de habilidades estimuladas de acordo com o
desenvolvimento pessoal de cada indivíduo que se torna referência. A partir disso, a
infância/adolescência é o período onde são desenvolvidas as habilidades.
Pereira (2014 apud NUSKE, 2015), vai trazer a importância do apoio das figuras
parentais em relação ao filho, no caso de separação, onde se deveria preservar a estrutura
familiar, e fazer com que a criança entenda que o fim do relacionamento dos pais, não é o
fim da família, mas sim uma transformação de família nuclear, para família binuclear.
De acordo com Oliven (2010 apud NUSKE, 2015) vale ressaltar o prejuízo de
quando um dos membros do casal não aceita o fim do relacionamento, trazendo discórdias
do outro genitor e da criança, podendo até começar com um processo judicial, este
13

comportamento se dá ao desejo de vingança. De prejudicar o outro, usando o próprio filho


(a).
Molinari & Trindade, (2014, p. 24) vai dizer que para esse genitor, o que está em
jogo, não é o bem-estar desta criança, mas o seu próprio ego. A satisfação de magoar o
outro. Sem perceber que com isso, trás grandes danos para a própria criança que está no
meio desta separação. Alguns comportamentos que podem ser citados como consequência
dessa negligência é a conduta antissocial do indivíduo afetado na escola.

5. CONCLUSÃO

O afeto, carinho e amor são cuidados essenciais a serem ofertados à uma criança logo
em seus primeiros anos de vida, quando isto, não é repassado a uma criança, então chegamos
à conclusão de uma carência afetiva, que podem ser manifestadas desde a ausência física de
ambos os pais, tanto por maltrato, desgosto, depressão, negligência, rejeição ou abandono.
O amor dos pais, independente se são divorciados ou não é um ato de grande
importância na vida de uma criança, tanto como a alimentação e a educação, para que ocorra
de forma simplificada o desenvolvimento mental, emocional e físico.
Podemos dizer que família é uma instituição social, composta por mais de uma
pessoa física, que se igualam no propósito de desenvolver, entre si, a solidariedade nos
planos assistenciais e da convivência ou simplesmente descendem uma da outra ou de um
tronco comum. Ao lado da grande-família, formada pelo conjunto de relações geradas pelo
casamento, ou por outras entidades familiares, existe a pequena família, configurada pelo pai,
mãe e filhos.
A privação do carinho dos pais, e de sua família ou de seus responsáveis por um
longo período de tempo, pode desencadear sérios problemas, definindo como a privação de
diversos atos de uma criança, desde o carinho e amor de pais com o seu filho.
Os pais antes de planejar em se ter um filho e a construção de uma família, devem
estar plenamente consciente do seu fundamental papel na vida da criança, pois o amor não se
implora, é algo espontâneo, pois os pais precisam ter o pensamento que eles enviaram uma
vida ao mundo, que trata-se de um ente vulnerável que precisa de ambos os genitores e do
carinho mais puro e sincero.
Em consequência do aspecto mencionado, teve-se durante toda à pesquisa a
preocupação em discutir a influência da afetividade na infância, no qual ela é desenvolvida,
apresentando os seus sintomas, e como os pais ou seus responsáveis podem os ajudar tendo
14

um elemento facilitador e motivador desse processo. Na qual a família é um ambiente repleto


de interações sociais, fundamentada principalmente na relação entre pais e filho.
A preocupação quanto a questão da afetividade não fundamenta-se em discutir os
aspectos afetivos como determinantes no processo de aprendizagem, mas como um fator
facilitador em como trabalhar com a interação entre pais e filho, buscando contribuições para
que os laços afetivos sejam de relações mais agradáveis.
Como visto, a negligência pode ser entendida como uma situação de constante omissão
para com a criança ou adolescente que coloque em risco seu desenvolvimento. Para que os pais
conheçam bem seus filhos, é necessário que não negligenciem os aspectos afetivos. É
importante refletir sobre a importância da afetividade em uma casa de nos anos iniciais da
vida, de modo que os filhos possam ser compreendidos, aceitos e respeitados, de modo que
os pais ou familiares possam entender seus sentimentos. É preciso ter sensibilidade para
ouvi-los, dialogar com eles e apoiá-los para que busquem superar as suas dificuldades.
Por meio dos aspectos fundamentados nas discussões dos autores e revisão
bibliográfica, conclui-se que a afetividade manifestada na relação entre pais e filho constitui
elemento inseparável no processo de construção do conhecimento e habilidades sócias da
criança.
15

6. REFERÊNCIAS

ALVARENGA, P. A.; WEBER, L.; BOLSONI-SILVA, A. Cuidados parentais e


desenvolvimento socioemocional na infância e na adolescência: uma perspectiva
analítico-comportamental. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v.
18, n. 1, p. 4-21, 10 jun. 2016.

BAUMRIND, D. (1966). Effects of authoritative parental control on child behavior.


Child Development, 37 (4), 887‒907.

BENCHAYA, Mariana C et al. Pais não autoritativos e o impacto no uso de drogas: a


percepção dos filhos adolescentes. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre v. 87, n. 3, p. 238-
244, June 2011. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?scrip t=sci_arttext&pid=S
002175572011000300010&lng=en&nrm. Acesso em 10.02.2022.

CHORA, Mara etal. Um olhar sobre o papel do pai na compreensão emocional das
crianças: Os estilos parentais e práticas de socialização das emoções
negativas. Psicologia, Lisboa, v. 33, n. 1, p. 19-32, ago.  2019   Disponível em
<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S087420492019000100002&lng=pt&nrm=iso>.Acesso
em 02.02.2022. 

DARLING, N (1999) Parenting style and its correlates. ERIC Digest EDO-PS-99-3,
Clearinghouse on Elementary and Early Childhood Education. University of Illinois, Illinois
DEL PRETTE, Z. A. P., & Del Prette, A. (2005). Psicologia das habilidades sociais na
infância: Teoria e Prática. (1 ed.). Petrópolis: Vozes.

DENHAM, S. A. (1998). Emotional development in young children. New York: The


Guilford Press.

DOS SANTOS, Erika Borges; WACHELKE, João. Relações entre habilidades sociais de
pais e comportamento dos filhos: uma revisão da literatura. Pesqui. prát. Psicossociais. 
São João del-Rei ,  v. 14, n. 1, p. 1-15, mar.  2019.   Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-89082019000100012
&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 10.02. 2022.

MACCOBY, E. & MARTIN, J. (1983). Socialization in the context of the family:


Parentchild interaction. Em E.M. Hetherington (Org.), Handbook of child psychology, v.
4. Socialization, personality, and social development (4ª ed., pp. 1-101). New York: Wiley.

MARTINHO, L. V. F. (2010). O papel da educação parental no comportamento anti-


social dos adolescentes. (Dissertação de Mestrado), Faculdade de Psicologia e Ciências da
16

Educação da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal. Disponível em:


https://estudogeral. sib.uc.pt/handle/10316/14232.
NOVAK, G., & PELÁEZ, M. (2004). Child and adolescent development: a behavioral
systems approach. Califórnia: Sage Publications.

NUNES, FILIPA; PINHEIRO MOTA, CATARINA. Parenting Styles and Dimensions


Questionnaire - Adaptação da Versão Portuguesa de Heterorrelato. Rev. colomb.
psicol., Bogotá ,  v. 27, n. 1, p. 117-131,  June  2018 .   Available from
<http://www.scielo.org.co/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S012154692018000100117&lng=en&nrm=iso>. Acesso em
10.01.22.  http://dx.doi.org/10.15446/rcp.v27n1.64621.

NUSKE, João Pedro Fahrion; GRIGORIEFF, Alexandra Garcia. Alienação parental:


complexidades despertadas no âmbito familiar. Pensando fam.,  Porto Alegre ,  v. 19, n.
1, p. 77-87, jun.  2015 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1679494X2015000100007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 
10.02.2022.

PARKE, R., Simpkins, S., MCDOWELL, D., Kim, M., Killian, C., Dennis, J., Flyr, M.,
Wild, M., & Rah, Y. (2006). Relative contributions of families and peers to children’s
social development. In P. K. Smith & C. H. Hart(Eds.), Blackwell handbook of childhood
social development(pp.156‒204). Oxford, UK: Blackwell Publishing.

ROIG, A. M. & Ochotorena, J. P. (1993). Maltrato y abandono en la infancia. Barcelona:


Mariínez Roca

SANTOS, Erika Borges dos. WACHELKE, João. Relações entre habilidades sociais de
pais e comportamento dos filhos: uma revisão da literatura. (2019). Disponível em
http://seer.ufsj.edu.br/index.php/revista_ppp/article/view/2964 Acesso em 10.02.2022.

SIQUEIRA, Aline Cardoso et al. Percepção das figuras parentais na rede de apoio de
crianças e adolescentes institucionalizados. Arq. bras. psicol., Rio de
Janeiro, v.61, n.1, p.176-190, abr. 2009. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S180952672009000100017&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 
02.02.2022.

WOOD JJ, McLeod BD, Sigman M, Hwang WC, Chu BC (2003) Parenting and childhood
anxiety: theory, empirical findings, and future directions. J Child Psychol Psychiat
44:134–151

Você também pode gostar