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Ademir Carmo da Cruz

Cordelista do Junco
Me chamo Ademir da Cruz

Autoras: Na zona rural morei

Guiado por muita luz

Foi lá que trabalhei


Maiara Silva de Paula
Estudei por poucos anos
Ananda Camyle Oliveira Santos Mas não desanimei

Dhiana Silva Santos Sampaio


Foi ali naquela casa
Kailane Oliveira Santos
Longe do hospital

Uma parteira me extraiu

Uma loucura coisa e tal


Escrevemos este cordel em Nascida de Adenizia da Cruz
homenagem ao nosso cordelista do
Uma mãe especial
Junco, Sr. Ademir Carmo da Cruz, que
nos deu uma lição de vida para nunca
desistirmos dos nossos sonhos e Aos 8 anos de idade
possibilitou que conhecêssemos a Comecei a escrever
beleza, as emoções e a experiência de
Mesmo com ingenuidade
escrever cordel.
Eu nunca deixei de crer

Venci as adversidades

Sem meus cordéis esquecer


Obrigada, Sr. Ademir!
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Eu também era Termino esse cordel

Menino trabalhador E te deixo um recado

Desde criança ajudava meu pai Se você tá estudando

Ao me chamar, respondia sim, senhor Já é meio caminho andado

Labutava no cabo da inchada Siga rumo aos seus sonhos

Nem me importava com calor E não pare até realizá-lo

Pra mim aquilo era vida

Ajudar me dava vigor

O cansaço não me vencia

Muito menos a dor

Pois independente de tudo

Eu ajudava com amor

A casinha era simples

Na fazenda caldeirão

Era um local humilde

Onde houve modificação

A paisagem mui bela

Me gerava grande emoção

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E tudo o que eu via A vida era alegre

Transformava em cordel O sentimento era bom

Garanto a vocês As arvores tinham cor

Que é de ir ao céu Os pássaros tinham som

Cada estrofe é verdadeira Minha terra tem valor

São histórias de tirar o chapéu Lá descobri meu dom

Agora que cresci Nos tempos de chuva

Continuo a transcrever Localizavam-se pingueiras

Versos e estrofes no papel Os balde nois pegava

Pra que as pessoas possam ler Pra tampar as buraqueiras

Assim mostrar minhas obras Numa vida tão humilde

E meu talento conhecer Mas uma família verdadeira

Desde cedo A proteção era cancela

Trabalhei como lavrador Lá que tudo começou

Hoje, além de cordelista Onde minha vida era bela

Também dirijo trator E meus pais me amou

E sonho cursar história Iluminados pela luz da vela

Como ensino superior Foi onde tudo me ensinou

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O nosso chão era cimento Eu disse: certo

O nosso teto de madeira E meu cordel eu fiz

Riámos a todo momento Ganhei em primeiro lugar

De nossas brincadeiras Pense num dia feliz

Fazia piada até do sofrimento Depois continuei a escrever

Era diversão de várias maneiras Como eu sempre quis

Lá na roça labutava O primórdio da minha inspiração

Pra semear nossa terra Foi a minha desilusão

Na seca o solo gritava Meu término de primeiro amor

Parecia estar em guerra Fiz cordel com muita dor

Mas o amor que lá brotava Foi a minha motivação

Era forte igual pedra Pelo menos me ensinou

A vegetação era bela Na minha infância

E digo-lhe de passagem Tudo era motivo de escrever

Quem nunca viu ela Não entendia que era cordel

Marque logo sua viagem Escrevia sem saber

Lá tem mato de verdade Expressava meus sentimentos

Muito linda é a paisagem Como forma de lazer

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Era preciso muito esforço Ali eu muito fiz

Para eu estudar Lutando em toda vida

Pedalava 4 quilômetros Vivi o que sempre quiz

A fim de me educar Temendo a despedida

Pois sabia que no final Sair de onde era feliz

Eu iria me recompensar E a alegria era sem medida

Com 34 primaveras Essas pedras coloridas

Pro Estadual me direcionei Guardam consigo memórias

A professora Neide de Misael Suas cores são tão lindas

Me ajudou e sei E englobam minha história

Que se não fosse por ela Mesmo com idas e vindas

Eu desistia de vez Permanecem com sua glória

Em um evento em Jacobina Meu tanque minha reserva

Ela me apresentou O meu pote saciador

Demonstrei o meu talento O que mata minha sede

Ela, o amor E que lava minha dor

Me pediu para produzir Também molha a plantação

E nunca me abandonou Nasce o fruto e a flor

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Nos meus anos de vida
Quando voltei pro meu lugar
Trabalhei e estudei
Em não parar de vez pensei
Na escola Leolino de Junco
Decidi continuar
Foi onde iniciei
E pro quarto ano voltei
Onde fiz o fundamental
Para eu me formar
Mas lá não fiquei
Mais um sonho que realizei

Saí da escola
Em 2016 meu primeiro livro lancei
Pois tive que trabalhar
O nome era “Sonho de um lavrador”
Ajudando meu pai
Que com pequenos cordéis lancei
Na inchada a plantar
Desenvolvia o meu livrinho
Também com o gado
Com muito amor e carinho
Que comida tinha que dar
Logo não parei

Com 30 anos de idade


Em 2019 no Estadual de junco terminei
Por necessidade passei
Pensei Meu Deus o que farei
Precisei mudar de cidade
Com certeza de escrever pararei
Pra São Paulo embarquei
Mas quando menos esperei
Mas fiquei com saudade
Meus cordéis lancei
E pra Jacobina voltei
Depois que os estudos acabei
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