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APOSTILA DE HIST. GERAL PRÉ-VESTIBULAR COLÉGIO INTEGRADO PROF.

THIAGO VERONEZZI

A Colonização nas Américas e o Mercantilismo.

Quando Cristóvão Colombo chegou à América, em 12 de Outubro de 1492, esse continente


era habitado por cerca de 80 milhões de pessoas. Essa população era composta por diferentes
sociedades, cada uma com sua própria língua, costumes e modo de vida. Elas estavam organizadas
de diferentes maneiras, desde pequenos grupos habitando as florestas tropicais até grandes impérios,
como o dos incas e o dos astecas, formados por milhões de pessoas.
Para a população nativa da América, a chegada dos europeus representou uma verdadeira
catástrofe. Pelo caminho aberto por Colombo, vieram conquistadores ávidos por riquezas,
principalmente ouro e prata. Na busca pelo enriquecimento rápido, esses conquistadores deixaram
um rastro de devastação e sofrimento.

O “achamento” da América no final do século XV abriu para a Europa uma série de


possibilidades de exploração de riquezas. Para os Estados europeus do século XVI, colonizar uma
determinada região era povoá-la a fim de explorar suas riquezas. Era necessário ordenar a
exploração e, para isso, foi criado o sistema colonial, organizado de acordo com os pressupostos do
mercantilismo (Metalismo, doutrina da balança comercial favorável, protecionismo alfandegário,
intervenção do Estado na economia e posse de colônias).

Mercantilismo

O mercantilismo correspondeu à política e à prática econômica do Estado absolutista. Suas


origens remontam à formação dos Estados Nacionais, quando da progressiva centralização do
poder, atingindo a plenitude com o absolutismo da Idade Moderna.
A aliança entre reis-burgueses visava ao enriquecimento da burguesia e a fortalecimento
político-econômico do Estado em sua marcha rumo ao Absolutismo.
Para que esses objetivos fossem alcançados, foram estabelecidos princípios e medidas que
constituíram o Mercantilismo. Esse conjunto de práticas e ideias econômicas vigorava nos séculos
XVI e XVIII.

Os Princípios Mercantilistas:

 Balança comercial favorável: o intervencionismo absolutista tinha por meta que as


exportações, fossem sempre superiores às importações, visando um saldo positivo no
comércio com outras nações para viabilizar o entesouramento do Estado;
 Exclusivismo comercial: ou seja, monopólio concedido pelo rei a determinadas
companhias privilegiadas, em troca de pagamento;
 Intervenção do Estado na economia: política de proteção à indústria nacional,
mediante a cobrança de altas taxas sobre os produtos importados. A política
protecionista impedia também a exportação de matéria-prima que pudesse favorecer
a indústria estrangeira;

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 Metalismo: o ideal que norteava as práticas econômicas era que a riqueza de um país
devia ser igual à quantidade de metais preciosos que conseguisse acumular;
 Protecionismo: era a prática tarifária que encarecia os produtos importados,
protegendo e estimulando a produção interna.

As práticas Mercantilistas:

 Metalismo ou Bulionismo: desenvolvido na Península Ibérica, considerava que a


riqueza de um Estado dependia da quantidade de metais (ouro e prata) que ele
possuísse. Dessa maneira, o objetivo principal era a acumulação de metais;
 Colbertismo: mercantilismo francês, que incentivava a produção manufatureira,
especialmente de artigos de luxo, para manter a balança comercial favorável.
Caracterizou-se ainda pela criação de companhia de comércio e pelo
desenvolvimento interno, como forma de compensar a escassez de áreas coloniais;
 Mercantilismo inglês: era comercialista e industrialista; consistia em promover a
riqueza do Estado pelo volume de transações comerciais lucrativas. A saída de
metais deveria ser compensada com a entrada de capitais oriundos da compra e
venda de mercadoria.
 Países Baixos: desenvolveram um tipo misto de mercantilismo através da indústria
de pesca e de refinarias de açúcar.

A organização do colonialismo era feita pelo pacto colonial, um conjunto de normas


estabelecidas pela metrópole que ordenava a vida nas colônias. Seu princípio fundamental era o
exclusivismo comercial: o monopólio do Estado metropolitano sobre a comercialização das
riquezas de suas colônias. Essa foi a base que permitiu o funcionamento do sistema de exploração
implantado na América.
A colônia funcionava como um complemento da economia metropolitana e deveria fornecer
à metrópole artigos que tivessem boa aceitação no mercado europeu, como os gêneros tropicais, e,
na medida do possível, metais preciosos. Em contrapartida, a metrópole comprometia-se a vender
aos colonos produtos europeus e, o que era mais importante, mão-de-obra escrava para a agricultura
de exploração.
Na Europa, naquele período, desenvolvia-se o capitalismo comercial, sistema que tem nos
lucros do comércio a principal fonte de reprodução do capital, o que explica tão severo controle
sobre essa atividade econômica. O pacto colonial, portanto, impedia que os países estrangeiros
comprassem produtos coloniais e obrigava a colônia a produzir o que era de interessa da metrópole.

Após as guerras de conquista, os sobreviventes foram incorporados ao processo de


colonização. Os colonizadores se apossaram das terras, escravizaram os indígenas e impuseram a
eles suas leis e sua cultura. Além disso, a fome, a violencia e as doenças causaram a morte de
milhões de nativos de grandes riquezas que, no entanto, foram distribuídas de maneira desigual.
As consequências desse encontro, como as desigualdades e as injustiças sociais, deixaram
marcas profundas presente até hoje, principalmente nas sociedades da América Latina.

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América Espanhola

Período das conquistas: do “achamento” até 1530. O acontecimento mais relevante dessa
fase foi a destruição dos grandes impérios americanos (Inca, Asteca e Maia).
Período da colonização: de 1530 ao início do século XIX. Etapa em que as terras coloniais
foram administradas exclusivamente pela Coroa espanhola.

Período das conquistas:

O principal objetivo dos exploradores europeus na América era encontrar ouro. Desde
Colombo, esse era o propósito que animava os espanhóis e irem para o “Novo Mundo”. A busca
pelo ouro também foi um dos principais motivos que levou ao extermínio dos habitantes dessas
ilhas.
Na região da América explorada inicialmente pelos espanhóis viviam nações bem
estruturadas, com grande contingente populacional, algumas muito bem armadas e com exércitos
treinados nas lutas de conquista dos territórios vizinhos. Diante da barreira que essas sociedades
poderiam representar, colocando-se entre os espanhóis e os metais que vieram extrair, o governo
castelhano incentivou a prática da conquista, entregando a particulares a tarefa de dominar as
nações ameríndias.
Os conquistadores, ou adelantados, aportaram aqui com um pequeno exército contratado,
pólvora e armas de fogo. Para compensar a inferioridade numérica, aproveitaram-se de disputas
internas e exploraram crenças religiosas e outros elementos das culturas nativas para facilitar a
conquista. Eram em sua maioria homens de poucos recursos econômicos, que viam na tomada da
América uma possibilidade de enriquecimento.
Hernán Cortez, que derrotou a Confederação Asteca, e Francisco Pizarro, conquistador do
Império Inca, foram dois típicos representantes desse grupo violento e cruel, que usava a
justificativa da expansão da fé cristã como pretexto para massacrar os povos americanos.

A exploração começou com a pilhagem de objetos de ouro e prata que estavam em poder
dos índios; em seguida foi implantada e sistematizada a extração mineral usando a mão-de-obra
indígena. Durante essa fase da colonização, os índios trabalharam sob o regime de escravidão e do
trabalho compulsório da encomienda. A escravidão foi proibida em 1530, mas no tempo que durou
provocou a morte da maior parte dos homens escravizados.
O sistema de encomienda era um direito adquirido pelo conquistador em razão dos serviços
prestados à Coroa espanhola. Por esse direito, o conquistador recebia “em encomenda” uma
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comunidade indígena, que era seu dever defender e à qual tinha a obrigação de ensinar o
catolicismo; em troca, o encomendero exigia o pagamento de tributos em espécie e em trabalho. O
valor dos tributos cobrados era tão alto que o nível de exploração de equiparava ao da escravidão.
Essa relação era regulamentada pelas capitulaciones, documentos firmados entre a Coroa e os
adelantados. Contratos onde figuravam claramente os deveres e obrigações das partes contratantes.
Como não havia autoridade que controlasse a ação dos conquistadores, os abusos de poder
eram a regra geral. Em um primeiro momento, o governo espanhol apoiou essas atitudes, pois era
do seu interesse a repressão contra os grupos que resistiam de forma mais violenta à exploração
colonial. Com o passar do tempo, todavia, cresceu a preocupação com excessiva autonomia dos
adelantados. Para solucionar a questão foram criadas leis que ordenavam a conquista e impunham a
vontade real na colônia.

A administração real espanhola:

No início do século XVI, a Coroa espanhola começou a estruturar um sistema administrativo


colonial com o objetivo de retomar dos conquistadores o controle sobre a América. Em 1503, foi
criada a Casa de Contratação, o primeiro órgão de administração colonial totalmente vinculado à
Coroa espanhola e responsável por todas as atividades comerciais da colônia, recolhia o quinto e
redigia os pressupostos legislativos. Adotou-se o sistema de porto único. Durante o século XVI,
toda mercadoria proveniente das terras americanas desembarcava no porto fluvial de Sevilha e,
partir do século XVII, no porto de Cádiz.
O Conselho das Índias era o órgão responsável pela aplicação das leis criadas pela Coroa
para ordenar a vida na América. Além de fiscalizar o cumprimento das determinações reais,
também tinha a tarefa de proteger os índios contra a escravização e de funcionar como Tribunal de
Apelação. O Tribunal de Apelação correspondia ao Poder Judiciário. No âmbito regional, o poder
era exercido pelos cabildos, órgãos semelhantes às Câmaras Municipais, responsáveis pela justiça
local e pelo recolhimento dos impostos da região. Seus componentes, os corregidores, eram
membros das oligarquias regionais que se formaram na América. A instituição do Vice-Reinado,
em 1529, foi o último ato da Coroa para acabar com o poder dos conquistadores. O vice-reinado
centralizava as decisões na colônia e representava o poder do rei espanhol.
A colônia espanhola foi dividida em Vice-Reinados e Capitanias Gerais. Os Vice-Reinos
representavam a extensão colonial do poder do rei de Espanha; o vice-rei deveria ser uma pessoa de
total confiança do rei e era escolhido, geralmente, entre as famílias aristocráticas espanholas. Sua
administração era fiscalizada e seu poder era limitado pela Audiencia. No século XVIII existiam
quatro Vice-Reinos na América:
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Vice-Reino da Nova Espanha: ocupava a região que atualmente corresponde ao México e à


Costa Oeste dos EUA. Juntamente com o Peru era o mais importante centro colonial, devido à
extração de prata;
Vice-Reino de Nova Granada: região que atualmente corresponde à Colômbia, ao Panamá
e ao Equador. Sua principal atividade econômica era o apresamento de índios para abastecer de
mão-de-obra a atividade mineradora;
Vice-Reino do Peru: compreendia a região onde hoje estão Peru e Bolívia. A grande
quantidade de metais preciosos dessa região, sobretudo a prata de Potosí, fez desse Vice-Reino a
mais importante área de exploração colonial da América;
Vice-Reino do Rio da Prata: corresponde à região onde hoje estão Argentina, Paraguai e
Uruguai. Teve grande importância econômica na produção de erva-mate e na pecuária.
Subordinadas aos Vice-Reinos, existiam quatro unidades administrativas menores, as
Capitanias Gerais: Guatemala, Venezuela, Cuba e Chile.
A estratégia da Coroa para impor o poder real sobre os conquistadores deu certo, e a
América espanhola passou a ser governada por um sistema muito semelhante ao que imperava na
metrópole: poder real absoluto amparado pela Igreja Católica, que, na Idade Moderna, sobretudo
depois da Reforma Protestante, teve a Espanha como grande aliada política.

A Sociedade da Hispano-América: a sociedade colonial era formada pelos privilegiados e não-


privilegiados, senhores e dominados. Havia uma minoria branca privilegiada, e a massa indígena,
mestiça e negra, sem privilégios, funcionando como mão-de-obra.

a) Chapetones: brancos nascidos na Espanha, ocupavam os cargos mais importantes na


administração, na justiça, nas forças militares e até eclesiásticas;
b) Criollos: brancos nascidos na América, proprietários de terras e minas. Formavam a
verdadeira aristocracia colonial, mas eram excluídos do comércio externo e ocupavam
cargos secundários na colônia.
c) Mestiços: filhos de brancos com indígenas, exerciam funções intermediárias entre os
dirigentes e a massa populacional. De maneira geral, ocupavam cargos de capatazes,
artesãos e administradores.
d) Indígenas: maioria da população, constituíam a base de sustentação da empresa colonial.
Embora sua escravização fosse proibida, eram obrigados ao trabalho forçado através da
“mita” e da “encomienda”.
e) Negros: vindos da África através dos traficantes de escravos, predominavam nas Antilhas,
desenvolvendo atividades agrícolas e domésticas. Eram desprovidos de quaisquer direitos.
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Economia:

Os fundamentos da organização econômica da América espanhola foram orientados pela


lógica mercantilista da expansão comercial e marítima europeia. Essa lógica era movida pela
associação de interesses de particulares, aos da monarquia, que desejavam enriquecer e fortalecer o
Estado absolutista.
Após os combates iniciais e a pilhagem das sociedades conquistadas, os espanhóis
organizaram a extração do ouro e da prata, pautados pelo princípio mercantilista do Metalismo. A
exploração mineral foi a atividade colonial mais lucrativa.
A mineração de metais preciosos exerceu importante função nas atividades econômicas. As
regiões produtoras desses metais tornaram-se verdadeiros polos de crescimento. A prata era
encontrada em grande quantidade no México e na atual Bolívia, na região de Potosí.
A necessidade de alimentos, tecidos e animais de tração provocou a necessidade de
economias complementares. Assim, em algumas regiões desenvolveram-se em função da pecuária e
da agricultura praticadas em grandes propriedades visando o consumo local, mas principalmente a
exportação. Foi o caso de Cuba. A pecuária assumiu grande importância na região platina.
As atividades eram executadas pela maioria indígena e, em alguns locais, pelos negros
africanos1. O trabalho indígena era obtido através:

 da Mita: já utilizada pelos incas e correspondente ao cuatequil asteca. Consistia no


aproveitamento da mão-de-obra indígena, especialmente nas atividades mineradoras,
durante quatro meses. O trabalho era obrigatório e remunerado, e funcionava através
de sorteio, levando o índio a retirar-se de sua comunidade.
 da Encomienda2: de origem espanhola, consistia na concessão feita pelo rei a
indivíduos (encomenderos) que podiam exigir dos nativos a prestação de serviços
por eles devidos como súditos reais. Eram serviços executados geralmente na
agricultura, não remunerados, em troca de proteção material e espiritual.

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A maioria desses escravos foi enviada para as regiões antilhanas, onde predominou o cultivo de cana-de-açúcar.
Porém, esse tipo de mão-de-obra também foi utilizado em outras regiões da América Espanhola, nas quais trabalhavam
principalmente como serviçais domésticos, pedreiros e carregadores de mercadorias pesadas.
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Por causa dos problemas que provocou, o sistema de encomienda passou a ser combatido pelo Estado espanhol e por
religiosos. Desse modo, apesar de não acabar totalmente, no final do século XVI essa modalidade de trabalho já não
tinha muita importância.

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Com o declínio da atividade mineradora no século XVIII, os principais centros coloniais


deslocaram-se para os vice-reinos do Prata e de Nova Granada, onde desenvolveram atividades
agropastoris.

Universidades:

No século XVI foram fundadas Universidades, sendo a primeira a de São Domingos (1538);
logo surgiram as de São Marcos de Lima, México e Bogotá.

A presença da Igreja:

Na colonização da América, a Igreja esteve bastante presente. Seu poder era submetido ao
Estado metropolitano por causa do regime do padroado. A origem do padroado é do final da
Reconquista Ibérica, quando bulas papais foram emitidas para definir a responsabilidade da Coroa
em expandir a fé cristã pelas terras retomadas dos muçulmanos. Ao ser transposto para a América, o
padroado fez com que todas as ações da Igreja devessem ser aprovadas pelo rei espanhol.

América Inglesa

O palco da colonização inglesa no território americano foi a América do Norte. Esta


colonização foi bastante diversa das outras pois teve caráter de povoamento.
Devido a problemas internos que a Inglaterra enfrentava no século XVI, tais como o
processo de consolidação do poder real, as lutas religiosas e a instabilidade social gerada com a
concentração das propriedades, as viagens inglesas ficaram resumidas ao reconhecimento do litoral
norte da América. A Inglaterra ainda buscava outro caminho marítimo para as Índias, ao norte do
continente americano.
Dessa forma, no século XVI, a expansão ficou limitada a expedições esporádicas, como a
Humphrey Gilbert e de Walter Raleigh, que fundou núcleos de povoamento na Virgínia, mas sem
resultados imediatos.
No século XVII, durante o governo da dinastia Stuart, teve início uma imigração em massa
para as terras americanas que, de certa forma, apresentou-se como uma solução para o governo
(instabilidade social) e para os pequenos proprietários.
O impulso colonizador tardio foi bastante rápido, para isso contribuindo:

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 o fenômeno dos cercamentos dos campos na Inglaterra, que provocou a expulsão dos
camponeses para as cidades, que não tinham atividades capazes de absorver tal mão-
de-obra disponível. Esse excedente populacional acabou sendo levado para as
colônias geralmente na condição de “servos por contrato”;
 a ação das companhias de comércio: foram as Companhias de Londres e de
Plymouth que fundaram as primeiras colônias;
 as perseguições político-religiosas na Inglaterra, movidas pelo governo e pela Igreja
Anglicana contra as seitas protestantes que imigraram.

A América colonial inglesa apresentou entre suas colônias grande diversidade político-
administrativa, mas também grandes diferenças socioeconômicas. Dessa forma, as colônias (13 às
vésperas da emancipação) desenvolveram-se de maneira diferente.

Colônias do Norte

Nova Hampshire, Massachusetts, Rhode Island, Connecticut.


Em seu conjunto eram conhecidas como Nova Inglaterra. Essas colônias estabeleceram-se
numa faixa estreita de terra, num terreno pedregoso, com rios não navegáveis em todo o percurso e
inverno rigoroso. Por isso, desenvolveram pequenas fazendas cultivadas pelos próprios
proprietários e suas famílias, com produção diversificada de milho, alfafa, centeio, cevada, frutas e
pecuária. Das florestas retiravam a madeira e o alcatrão para a construção de navios.
Os invernos rigorosos não permitiam uma agricultura intensiva e a economia não
comportava o trabalho escravo.
Logo, o mar ofereceu sustento através da pesca, da indústria naval e do comércio.
Assim, foi-se desenvolvendo a atividade marítima que propiciou o surgimento de cidades
costeiras importantes, como por exemplo Boston, que mantinham relações comerciais com a
Europa, Antilhas, África e as Colônias do Sul. Tais atividades permitiram a acumulação de capitais
na região e o desenvolvimento de uma burguesia interessada em expandir seus negócios.
A mão-de-obra utilizada foi a “servidão por contrato”, camponeses ingleses que, sem
recursos, viajavam para a América alugando sua força de trabalho, em troca das despesas da
viagem.

Colônias do Centro
Nova York, Nova Jersey, Pensilvânia, Delaware.

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Nelas se estabeleceram, além de ingleses, holandeses, suecos, irlandeses e escoceses.


Criaram uma agricultura comercial (milho, centeio, aveia, cevada e principalmente trigo).
Também criaram um ativo comércio de peles, dedicaram-se à construção de navios e ao
comércio.
Como as do Norte, as colônias centrais experimentaram, desde o início, atividades
manufatureiras.

Colônias do Sul
Maryland, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia.
Em regiões de extensas planícies e clima propício, nelas se desenvolveram uma agricultura
extensiva de produtos tropicais (anil, arroz, tabaco). Grandes propriedades monocultoras
(“plantations”) onde se avultava a mão-de-obra escrava negra africana.

Entre vários problemas internos e externos, a Inglaterra permitiu às suas colônias uma
relativa autonomia. As treze colônias apresentaram logo diferenças: as do Norte e as do Centro
foram colônias de povoamento, e as do sul foram colônias de exploração, vivendo da exportação
de produtos agrícolas.

Administração colonial

Desde o século XVII, encontramos três tipos de colônias:

 colônias de companhias de comércio, cujos governadores e membros das


assembleias locais eram eleitos pelos colonos. Eram típicas do Norte;
 colônias de proprietários, cujos governadores eram indicados pelos proprietários;
 colônias régias, cujos governadores eram escolhidos diretamente pelo rei da
Inglaterra.
A partir do século XVIII, a maioria das colônias passou a pertencer à Coroa. Apesar da
relativa autonomia, os colonos não possuíam representação no Parlamento inglês. Mas, em
compensação, não se sentiam obrigados ao pagamento dos impostos votados pelo Parlamento. Dai a
frase que ficou célebre durante o processo de independência: “Sem representação, não há taxação”.
Nos centros urbanos litorâneos, foram criadas Universidades como as de Yale e Harward,
que formavam uma elite intelectual sempre atenta às transformações que aconteciam na Europa.

O Comércio Triangular
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Ocupada com seus problemas internos e com as guerras europeias, a Inglaterra acabou
“negligenciando o pacto colonial” o que, de certa forma, foi uma “negligência salutar” para as
colônias, especialmente as do Norte e do Centro, que além do comércio internacional, efetuavam as
chamadas rotas interoceânicas, através do “comércio triangular”.

Colonização francesa

As tentativas mais sérias ocorreram na época de Colbert. A colonização do Canadá e da


Luisiânia não foi bem sucedida. Foi, principalmente, caracterizada pelo extrativismo, comércio de
peles com os indígenas e agricultura de subsistência.
A colonização francesa verdadeiramente de desenvolveu nas Antilhas, na época de Colbert,
montada sobre uma economia escravagista, uma agromanufatura açucareira e tráfico negreiro.
A maior prosperidade da economia antilhana ocorreu no princípio do século XVII.
Com a Guerra dos Sete Anos, a França, derrotada, entregou o Canadá para a Inglaterra, além
de Granada, São Vicente e Tobago, na América Central. No princípio do século XIX, a Luisiânia
foi vendida aos EUA.

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